Milícia da imaculada___________________________________________________________ MARIA, A VIRGEM OFERENTE. 4.1. Vejamos que nos diz a MC: “Maria é, enfim, a Virgem oferente. No episódio da apresentação de Jesus no Templo (cf. Lc 2,22-35), a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, descobriu, para além do cumprimento das leis respeitantes a oblação do primogênito (cf. Ex 13,11-16) e à purificação da mãe (cf. Lv 12,68), um mistério "salvíflco" relativo à história da Salvação, precisamente: e em tal mistério realçou a continuidade da oferta fundamental que o Verbo encarnado fez ao Pai, ao entrar no mundo (cf. Hb 10,5-7); viu nele proclamada a universalidade da Salvação, porque Simeão, ao saudar no menino a luz para iluminar as nações e a glória de Israel (cf. Lc 2,32), reconhecia n'Ele o Messias, o Salvador de todos; entendeu aí uma referência profética à Paixão de Cristo: é que as palavras de Simeão, as quais uniam num único vaticínio o Filho, "sinal de contradição" (Lc 2,34), e a Mãe, a quem a espada haveria de trespassar a alma (cf. Lc 2,35), verificaram-se no Calvário. Mistério de salvação, portanto, que nos seus vários aspectos, orienta o episódio da apresentação no Templo para o acontecimento "salvífico" da Cruz. Mas a mesma Igreja, sobretudo a partir dos séculos da Idade Média, entreviu no coração da Virgem Maria, que leva o Filho a Jerusalém "para oferecê-lo ao Senhor" (cf. Lc 2,22), uma vontade oblativa, que transcendia o sentido ordinário do rito. Dessa intuição temos um testemunho na afetuosa apóstrofe de São Bernardo: "Oferece, Virgem santa, o teu Filho e apresenta ao Senhor o fruto bendito do teu ventre. Sim! Oferece a hóstia santa e agradável a Deus, para reconciliação de todos nós!"(40) Esta união da Mãe com o Filho na obra da Redenção (LG 57) alcança o ponto culminante no Calvário, onde Cristo "se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha" (Hb 9,14), e onde Maria esteve de pé, junto à Cruz (cf. Jo 19,25), "sofrendo profundamente com o seu Unigênito e associando-se com ânimo maternal ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da vítima que ela havia gerado" (LG 58), e oferecendo-a também ela ao eterno Pai.(41) Para perpetuar ao longo dos séculos o Sacrifício da Cruz, o divino Salvador instituiu o Sacrifício eucarístico, memorial da sua Morte e Ressurreição, e confiou-o à Igreja, sua Esposa (SC 47), a qual sobretudo ao domingo, convoca os fiéis para celebrar a Páscoa do Senhor, até que Ele torne (SC 102 e 106): o que a mesma Igreja faz em comunhão com os Santos do céu e, em primeiro lugar, com a bemaventurada Virgem Maria,(42) de quem imita a caridade ardente e a fé inabalável.” 4.2. Analise Bíblica. Podemos dizer que o amor se nutre de muita dor e esta foi a atitude de Maria. Portanto vejamos as referencias bíblicas respeito a esta atitude. Uma primeira que podemos mencionar seria Lc 2, 22-35, a apresentação de Jesus no Templo, a qual foi realizada conforme a lei do Senhor e para oferecer um sacrifício; mas no final vemos na frase de Simeão o destino de Maria: “Uma espada transpassará tua alma”. Agora bem, o outro relato a ser citado seria o que podemos encontrar em Jo 19, 25-27, episodio de Maria aos pés da cruz, que em Jo tem uma importância central e mesmo www.miliciadaimaculada.org.br________________________________________________ 1 Milícia da imaculada___________________________________________________________ culminante. Tanto mais que se trata da “hora” suprema, tão falada e tão suspirada por Jesus: a hora da exaltação na cruz. Maria, portanto, aparece em Jo como uma figura altíssima, pois que é posta no pico mais alto de seu Evangelho. 4.3. A voz do Magistério. LG 57 e 58. 4.4. A Teologia. A oferta em Maria, não é passiva, externa, simplesmente humanitária. Ligada ao Senhor, ela este espiritualmente cravada na cruz, oferecendo-se ao Pai, juntamente com seu Filho, através dele, Maria é a Virgem que oferece a que se havia entregado inteiramente nos momentos jubiloso da Anunciação e, agora, nos momentos dolorosos volta a testemunhar seu amor total doando a si mesma. A espada que atravessa o seu coração não é resistente. Entrega o que lhe é mais querido: seu próprio Filho e, com ele, se imola como vitima do amor. Podemos dizer que Maria mesma oferece o sacrifício de Jesus. A palavra stabat denota, enfaticamente, o comportamento de Maria: de pé, sem capengar e sem desmaiar. Ela esta junto à cruz, ferida profundamente em seu coração de mãe, mas altiva e forte em sua entrega. É a primeira e mais perfeita seguidora do Senhor porque, com maior intensidade do que ninguém toma sobre si o peso da cruz e a carrega com amor íntegro. O tempo da provação e da dor - tempo difícil para todo homem - se torna para Maria um tempo de entrega filial e heróica. É chagada a hora da fidelidade, da ratificação solene de seu primeiro sim. Em Maria se encarna a atitude central na vida de Jesus: “Pai, não se faça a minha vontade, mas que a tua seja feita”. Essa é sua alegria e seu alimento ainda que na dor. 4.5. Padre Kolbe: o homem da oferta total “Maria, é, enfim, a Virgem oferente”48. E também Padre Kolbe foi o homem oferente; um sofrimento que o golpeava no corpo martirizado, que o humilhava quando exprimia os seus grandiosos ideais. O homem que se sujeitava aos cansaços desumanos e aceitava sorrindo os golpes mais cruéis, só porque era sacerdote, polonês, e porque tinha, até quando foi possível, a coroa do rosário entre as mãos. Os testemunhos que revelam a característica da oferta, isto é, do total abandono sereno e confiante na bondade de Deus e na sua vontade, são numerosíssimos, porque esta foi a atitude de fundo de toda a sua vida e também o segredo da sua inacreditável fecundidade apostólica. Por exemplo, quando comenta com a mãe o abandono da Ordem por parte do irmão Franco, assim se exprime: “Pobre Franco... Foi ele o primeiro a pedir para ser recebido na Ordem...Estávamos juntos quando nos aproximamos pela primeira vez da santa Comunhão, no sacramento www.miliciadaimaculada.org.br________________________________________________ 2 Milícia da imaculada___________________________________________________________ da Crisma, juntos na escola, juntos no noviciado, juntos fizemos a profissão simples... Franco, ele mesmo me atraiu com o seu exemplo a este porto de salvação; eu quis sair e dissuadir também a ele para não iniciar no noviciado... Mas, então... Todo dia, no “momento” da santa Missa, o ofereço à Imaculada e confio (como também tu mamãe) que antes e depois Ela obterá piedade da misericórdia de Deus ”. Freqüentemente, durante os Exercícios espirituais, Padre Kolbe evidenciou o valor do sofrimento vivido e oferecido no anonimato, para ser mais conforme a Cristo e a Cristo Crucificado: “Sofre e trabalha, quanto mais possível, no anonimato e somente para Deus! Todo dia, repetidas vezes e nos momentos difíceis, fixa o teu olhar no Crucifixo, imerso na mais extrema pobreza, nos maiores sofrimentos e desprezado por todos, e aprende a imitar Jesus nu, enquanto te encontres em tais tribulações e desilusões... Ama Deus por Deus mesmo, sofre e trabalha para Ele com todos e tudo, esteja sempre com Ele (recolhimento), porque também Ele faz assim”. E ao irmão Alfonso recomenda: “Oferece-te inteiramente a Ela, que é a nossa Mãezinha celeste, e desse modo poderás superar facilmente todas as dificuldades e ... te tornarás santo, um grande santo”. Em Zakopane, durante repetidos e prolongados períodos de cura da tuberculose, Padre Kolbe deixa com serenidade a direção da M.I. e do próprio jornal, abandonando-se à vontade da Imaculada e oferecendo-lhe tudo: “Estou nas montanhas para recuperar a saúde... Devo caminhar pouco e devagar, devagar, permanecer muitas horas sentado e deitado ao ar livre e estar disposto a viver fora do convento como um exilado...”; “se cumpra a vontade de Deus, seja que o mal permaneça, seja que se agrave, seja que se alivie ou que desapareça totalmente”. “Conformando-me ao desejo do Padre Provincial, aqui não me ocupo da causa da Milícia da Imaculada, não organizo nada, mesmo que mais de uma vez venha uma forte tentação... ajo, portanto como um simples membro da Milícia...”. Está convencido, de fato, que “no desencorajamento se pode e se deve rezar, mas, sobretudo é indispensável submeter-se à vontade de Deus... oferecer-se a Nossa Senhora Imaculada, como uma criança às melhores das mães; recorrer com simplicidade a Ela em todas as preocupações, sofrimentos e tentações e Ela nos acompanhará felizmente ao longo desta breve vida”. “Abandona-te cada dia sempre mais nas mãos de Jesus e da Imaculada. Não te aflijas por causa das contrariedades e das dificuldades, mas deixa cada coisa à Imaculada. Ela pode tudo: fará aquilo que quiser”. “Tenho tantas preocupações na mente, mas tudo inutilmente, porque tão logo as confiei à Imaculada, Ela resolve rapidamente uma depois da outra”. Estas disposições constantes do seu espírito e da sua vontade explicam também a sua serenidade, fortaleza e generosidade também no campo de extermínio nazista. Muitos seriam os testemunhos nesse sentido, lógicas premissas daquele gesto heróico, daquela oferta suprema da própria vida, que o colocará na história como mártir de Auschwitz. “O servo de Deus suportava as duras condições da prisão (de Pawiak) muito generosamente e com fortaleza, a ponto de ser para todos nós um modelo e um exemplo. Suportou com calma e dignidade as humilhações dos SS provocadas principalmente por causa da sua veste religiosa. Nunca o ouvi lamentar-se seja por causa das pancadas que www.miliciadaimaculada.org.br________________________________________________ 3 Milícia da imaculada___________________________________________________________ das humilhações. “O sacrifício de Padre Kolbe provocou uma grande impressão nas mentes dos prisioneiros, porque no campo não apareciam manifestações de amor ao próximo; um prisioneiro recusava dar ao outro prisioneiro um pedaço de pão, e aqui, aconteceu que um tinha ofertado a própria vida por um outro prisioneiro desconhecido dele”. O fato de Padre Maximiliano ter se oferecido por outro prisioneiro despertou a admiração e o respeito dos prisioneiros, enquanto provocou a consternação entre a autoridade do campo... Foi o único caso no qual um prisioneiro sacrificasse voluntariamente por um outro a própria vida. Terminada a chamada os condenados foram conduzidos para o bunker para morrerem de fome”. Ele foi um homem consumado por um amor sem limites: “Não há maior amor do que este: dar a vida pelos próprios amigos”(Jo 15, 13). O segredo do seu constante e crescente heroísmo no amor, foi a sua consagração sem limites à Imaculada. Pe. Júlio Caprani Missionário da Imaculada Pe.Kolbe www.miliciadaimaculada.org.br________________________________________________ 4