Boa Vontade e a realidade efetiva de uma regra prática pura Mairon Roberto Reis Santos* * é aluna de Filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz _______________________________________________________________________________ O trabalho a ser apresentado tem o objetivo de tecer algumas considerações sobre a filosofia moral kantiana, mais exatamente no que se refere ao conceito de boa vontade e à realidade efetiva de uma regra prática pura. Para tanto, no decorrer do mesmo, é preocupação sempre presente a tarefa de deixar devidamente esclarecidas, primeiro, a noção que o filósofo alemão defende sobre a ideia de uma vontade boa, portanto, qual sua forma e conteúdo, segundo, como se estabelece a relação entre a lei a priori da razão (a lei moral) com a vontade de seres racionais, criados e não santos (o homem). Para Kant, a realidade efetiva de uma boa vontade, que não passa, no nível das intenções, de agir sempre segundo máximas universalizáveis, portanto, máximas que prescrevem fins que são ao mesmo tempo deveres, está condicionada a duas tarefas exigidas pelo imperativo categórico, constitutivo da razão, graças ao qual esta contém um fundamento prático em si mesmo, a saber, checar as máximas subjetivamente assumidas mediante o princípio de universalização, tendo o conceito de liberdade como o catalisador que permite tal checagem. Esta tarefa é denominada de síntese discursiva e seu produto é o conhecimento do dever; enquanto que a outra tarefa consiste em querer praticar o que o dever ordena. Sendo assim, fica claro que esta outra tarefa consiste numa síntese entre as máximas do dever com a vontade. O catalisador aqui é o sentimento moral, que consiste na receptividade do agente em sentir dor ou prazer na realização ou não do dever. Esta síntese é denominada de acional. Evidentemente que teremos de adentrar na explicação de alguns conceitos relacionados com nossa proposta de trabalho, porém apenas enquanto sua explicação é relevante para o fim aqui perseguido, por exemplo, o conceito de sentimento moral, liberdade e dever. Por fim, é sabido que Kant defende a ideia de uma lei a priori da razão, cuja adoção faz de uma vontade boa em si mesma. Nosso propósito aqui é simplesmente explicitar as condições de sua possibilidade.