UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA ÊNFASE ELETROTÉCNICA RAFAEL IVAN HARTMANN MARCOS CESAR MUNIZ PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM CONVERSOR CC-CA TRIFÁSICO PARA ACIONAMENTO E CONTROLE ESCALAR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO UTILIZANDO DSP CURITIBA 2007 RAFAEL IVAN HARTMANN MARCOS CESAR MUNIZ PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM CONVERSOR CC-CA TRIFÁSICO PARA ACIONAMENTO E CONTROLE ESCALAR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO UTILIZANDO DSP Trabalho apresentado na disciplina de Projeto Final de Curso II como requisito parcial para a conclusão do Curso de Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica – do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Eduardo Félix Ribeiro Romaneli, Dr. Coorientador: Prof. Joaquim Eloir Rocha, Dr. CURITIBA 2007 2 RAFAEL IVAN HARTMANN MARCOS CESAR MUNIZ PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM CONVERSOR CC-CA TRIFÁSICO PARA ACIONAMENTO E CONTROLE ESCALAR DE VELOCIDADE DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO UTILIZANDO DSP Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Eletricista pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 13 de novembro de 2007. --------------------------------------------------------------- Prof. Paulo Sérgio Walênia, Esp. Coordenador de Curso Engenharia Industrial Elétrica – ênfase Eletrotécnica --------------------------------------------------------------- Prof. Ivan Eidt Colling, Dr. Responsável pelos Projetos Finais Engenharia Industrial Elétrica – ênfase Eletrotécnica BANCA EXAMINADORA: --------------------------------------------------------------- Prof. Eduardo Félix Ribeiro Romaneli, Dr. Orientador --------------------------------------------------------------- Prof. Joaquim Eloir Rocha, Dr. Co-orientador --------------------------------------------------------------- Prof. Antônio Carlos Pinho, Dr. --------------------------------------------------------------- Prof. Alexandre Ferreira Lobo, M.Eng. 3 Aos nossos pais: Ivan Levino Hartmann e Maria Helena Hartmann Guiomar Muniz Sobrinho e Aparecida Perandré Muniz 4 AGRADECIMENTOS À esposa, namorada e familiares pela força e tempo concedido à realização deste trabalho. Aos professores Eduardo Romaneli e Joaquim Rocha pela prestatividade, empenho e confiança. Aos professores Walter Sanches, Roger Gules e Ivan Colling pelas valiosas dicas e sugestões. Aos Engenheiros Danilo e Gisely Adur, que forneceram a placa de suporte do DSP 56F8013. Aos colegas Rafael Christiano, Diego, Helton, Rodrigo e Lucy pelas oportunas contribuições. A empresa NHS Sistemas Eletrônicos LTDA pelo empréstimo do laboratório, equipamentos e componentes. A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para o nosso desenvolvimento possibilitando que alcançássemos a formação de Engenheiros Eletricistas. 5 “Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento, porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata e melhor a sua renda do que o ouro mais fino.” (Provérbios 3.13,14) 6 RESUMO A utilização de inversores de freqüência nas indústrias tem se tornado muito comum devido às vantagens obtidas na relação custo benefício quando aplicados em conjunto com motores de indução trifásicos, se comparados com o custo de manutenção dos motores de corrente contínua. Este trabalho apresenta o conversor CC/CA usado para acionamento e controle escalar de velocidade de um motor de indução trifásico como uma alternativa de baixo custo, fácil implementação e com plataforma de alta tecnologia. Utilizou-se o conversor CC/CA trifásico com topologia Half-Bridge tipo 180º por apresentar um excelente aproveitamento das chaves semicondutoras, além de garantir uma forma de onda de saída estável e independente do tipo de carga e cuja freqüência pode ser controlada. A implementação do conversor de tensão foi feita através do uso do controlador digital de sinais do fabricante Freescale 56F8013, que realiza o acionamento e o controle de velocidade do motor, o monitoramento e o controle dos dispositivos de chaveamento e a interface dos circuitos lógicos e de potência do sistema. Para isso foi desenvolvido um protótipo completo do conversor, incluindo a concepção e a construção de uma placa de circuito impresso e o desenvolvimento de um código de programa para controle da tensão e freqüência aplicadas ao motor. Para melhor compreensão dos conceitos e resultados obtidos este trabalho também faz uma revisão bibliográfica sobre os conversores CC/CA trifásicos, os métodos de acionamento e controle de velocidade, a modelagem dos motores de indução trifásicos e sobre a técnica de modulação por largura de pulso. Ao final deste trabalho é possível verificar os resultados experimentais obtidos na simulação e testes em um motor de indução trifásico de 0,33CV, demonstrando a validade e as vantagens de sua aplicação. 7 ABSTRACT The use of frequency inverters in industries has became very commom because of his cost and benefit advantages when they are used with three-phase induction motors, comparing with the maintenance cost of continuous current motors. This work presents the DC/AC used for start up and scalar speed control of the threephase motor as a low cost alternative, easy implementation and in a high technology platform. It was used the three-phase DC/AC converter Half-Bridge 180º topology for the excellent performance of semiconductor switches, the guarantee of stable output waveform independently from the load type and that its frequency can be controlled. The implementation of this converter was made by the Freescale Digital Signal Processor 56F8013 responsible for the start up and speed control of the motor, the monitoring and the switches devices control and the logic and power circuit interface. It was developed a complete prototype of this converter, including the conception and the printed circuit board construction and the code program development for the voltage and frequency control applied for the motor. For better concept and obtained results comprehension this work shows a bibliographic revision about three-phase DC/AC converters, the start up and speed control methods, the modeling of three-phase induction motors and about the pulse width modulation technique. At the end of this work is possible to check the experimental results obtained in the simulations and tests of a 1/3 HP three-phase motor induction, showing the validity and its application advantages. 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Sigla Descrição ADC Analog Digital Converter - Conversor analógico para digital AGU Address Generation Unit - Unidade de geração de endereços CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua CLP Controlador Lógico Programável CNC Comando Numérico Computadorizado CPU Central Processing Unit - Unidade central de processamento DCM Discontinuous Conduction Mode – Modo de condução descontínuo DMA Direct Memory Access – Acesso direto à memória DSC Digital Signal Controler – Controlador digital de sinais DSP Digital Signal Processor - Processador digital de sinais ICC Corrente de Curto Circuito IHM Iterface Homen Máquina LQFP Low-profile Quad Flat Pack MAC Multiplicação-acumulação MIPS Milhões de instruções por Segundo. MIT Motor de Indução Trifásico PWM Pulse Width Modulation, Modulação por largura de pulso RAM Random Access Memory ULA Unidade Lógico-Aritmética 9 LISTA DE SÍMBOLOS Símbolo Descrição D Diodo Er Valor eficaz da tensão induzida no rotor por fase er Tensão induzida por fase do rotor Ir Corrente do rotor p Número de pólos Pc Perdas no material ferromagnético Pg Potência presente no entreferro da máquina Po Potência de saída Pi Potência de entrada Pr Perdas no cobre P Potência ativa Q Potência reativa Rm Resistência relativa as perdas no ferro da máquina Rr Resistência do enrolamento Rs Resistência de perda no estator R Resistência s Escorregamento sm Escorregamento ao máximo torque S Potência aparente S Chave semicondutora T Período de chaveamento Td Torque desenvolvido Ts Torque de partida Tmm Torque de carga t Tempo em segundos Xm Reatância de magnetização Xr Reatância de dispersão o rotor Xs Reatância de dispersão no estator Zi Impedância de entrada do motor δ Posição relativa do rotor φ Fluxo magnetizante θs Ângulo entre tensão e corrente 10 θm Defasagem entre tensão e corrente na entrada ω Freqüência angular em rad/s ωb Velocidade base ωm Velocidade angular do rotor ωs Velocidade Síncrona η Rendimento LISTA DE FIGURAS Figura 1.1: Circuito de potência do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º (BARBI & MARTINS, 2005)........................................................................................................................................................................18 Figura 1.2: Diagrama de seqüência de chaveamento do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º (BARBI & MARTINS, 2005)................................................................................................................................19 Figura 1.3: Curva torque x velocidade (POMILIO, 2006)................................................................................20 Figura 1.4: Curva torque x velocidade (POMILIO, 2006)................................................................................21 Figura 2.1: Formação de campo girante (POMÍLIO, 2006)..............................................................................31 Figura 2.2: Campo girante em máquina de 4 pólos (POMÍLIO, 2006)............................................................31 Figura 2.3: Modelos circuitais para motor de indução (POMÍLIO, 2006)......................................................32 Figura 2.4: Modelo simplificado, por fase, de motor de indução (POMÍLIO, 2006)......................................34 Figura 2.5: Característica torque x velocidade de máquina de indução (POMÍLIO, 2006)..........................36 Figura 2.6: Característica torque- escorregamento desprezando Rs (POMÍLIO, 2006)...............................39 Figura 2.7: Fator de potência do motor (POMÍLIO, 2006)...............................................................................39 Figura 2.8: Característica torque x velocidade em função da resistência de rotor (POMÍLIO, 2006).........43 Figura 2.9: Controle de velocidade em função da resistência da armadura (POMÍLIO, 2006)....................43 Figura 2.10: Características torque x velocidade (POMÍLIO, 2006)...............................................................44 Figura 2.11: Controle da tensão do estator (POMÍLIO, 2006).........................................................................44 Figura 2.12: Curvas características torque x velocidade para tensão do estator variável (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002)......................................................................................................................................45 Figura 2.13: Característica torque x velocidade com controle da freqüência (POMÍLIO, 2006).................47 Figura 2.14: Característica torque x velocidade com controle de tensão x freqüência (POMÍLIO, 2006)...48 Figura 2.15: Acionamento de máquina de indução com fonte de tensão (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002)........................................................................................................................................................................49 Figura 2.16: Característica torque x velocidade com acionamento por controle de corrente (POMÍLIO, 2006)........................................................................................................................................................................51 Figura 2.17: Curvas características torque-velocidade para controle da corrente (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002)...........................................................................................................................................................52 Figura 2.18: Acionamento da máquina de indução do tipo fonte de corrente (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002)...........................................................................................................................................................53 Figura 2.19: Variável controlada em função da freqüência (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002)..............53 11 Figura 2.20: Estrutura básica de sistema para acionamento em corrente de máquina CA (POMÍLIO, 2006)........................................................................................................................................................................55 Figura 2.21: Estrutura básica do inversor trifásico de tensão (BARBI & MARTINS, 2005)........................56 Figura 2.22: Inversor trifásico de tensão com diodos de roda livre (BARBI & MARTINS, 2005)...............56 Figura 2.23: Circuito de potência do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º(BARBI & MARTINS, 2005)........................................................................................................................................................................58 Figura 2.24: Diagrama de seqüência de chaveamento do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º(BARBI & MARTINS, 2005)........................................................................................................................58 Figura 2.25: Diagrama de comando do inversor trifásico de tensão tipo 180º(BARBI & MARTINS, 2005)........................................................................................................................................................................60 Figura 2.26: Inversor trifásico de tensão tipo 180º(BARBI & MARTINS, 2005)...........................................60 Figura 2.27: Principais formas de onda (BARBI & MARTINS, 2005)............................................................61 Figura 2.28: Controle da corrente na carga com abertura e fechamento do interruptor..............................62 Figura 2.29: Tensão média obtida a partir do controle de abertura e fechamento da chave.........................63 Figura 2.30: Ciclo ativo.........................................................................................................................................63 Figura 2.31: Controle da potência pelo ciclo ativo.............................................................................................64 Figura 2.32: Locked Anti-phase PWM..................................................................................................................65 Figura 2.33: Geração de pulsos de comando do inversor (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002)..................66 Figura 2.34: Sobre modulação do PWM Senoidal (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002).............................67 Figura 2.35: Nos intervalos tr e tf o dispositivo gera calor em boa quantidade..............................................68 Figura 2.36: Limites de Operação........................................................................................................................70 Figura 2.37: Instrução MAC aplicada ao cálculo de um filtro digital (FREESCALE, 2006a)......................73 Figura 2.38: Encapsulamento e pinagem do DSP56F8013 (FREESCALE, 2006b)........................................76 Figura 2.39: Aplicação do driver..........................................................................................................................77 Figura 2.40: Diagrama do driver IR2130............................................................................................................79 Figura 2.41: Circuito simulado no software........................................................................................................80 Figura 2.42: Correntes e tensão de linha obtida na simulação..........................................................................82 Figura 2.43: Formas do sinal de PWM complementares...................................................................................82 Figura 3.1: Diagrama em blocos do conversor CC-CA trifásico......................................................................84 Figura 3.2: Esquema da pinagem do DSP...........................................................................................................85 Figura 3.3 – Esquema da pinagem do IR2130....................................................................................................87 Figura 3.4: Estágio de potência............................................................................................................................88 Figura 3.5: Acionamento reostato........................................................................................................................89 Figura 3.6: Alimentação da etapa lógica.............................................................................................................90 Figura 3.7: Circuito de inicialização do DSP......................................................................................................91 Figura 3.8: Pull Up do driver…………………………………………………………………..……………….91 Figura 3.9: Circuito de ganho...............................................................................................................................92 Figura 3.10: Circuito de Boot_Strap....................................................................................................................92 Figura 3.11: Circuito de acoplamento.................................................................................................................93 Figura 3.12: Filtro e grampeador.........................................................................................................................94 12 Figura 3.13: Acionamento do relé........................................................................................................................94 Figura 3.14: Circuito conversor CA-CC.............................................................................................................95 Figura 3.15: Circuito para recepção de amostras..............................................................................................95 Figura 3.16: Fonte auxiliar...................................................................................................................................96 Figura 3.17: Encoder.............................................................................................................................................96 Figura 3.18: Acionamento do ventilador.............................................................................................................97 Figura 3.19: Resistores de gate e diodo..............................................................................................................104 Figura 3.20: Diagrama em blocos da fonte auxiliar.........................................................................................106 Figura 3.21: Estrutura de entradas e saídas do programa..............................................................................112 Figura 3.22: Fluxograma do software................................................................................................................114 Figura 3.23: Fluxograma do software................................................................................................................115 Figura 3.24: Esquema do teste da etapa lógica utilizando o KIT MC56F8013DEMO..................................116 Figura 3.25: Formas de onda obtidas no KIT MC56F8013.............................................................................116 Figura 3.26: Placa de adaptação do DSP 56F8013...........................................................................................117 Figura 3.27: Transformador da fonte auxiliar 16V +16V...............................................................................118 Figura 3.28: Layout da placa principal – Toplayer...........................................................................................119 Figura 3.29: Layout da placa principal – BottomLayer .................................................................................119 Figura 3.30: Placa montada................................................................................................................................120 Figura 3.31: Placa motor.....................................................................................................................................120 Figura 3.32: Ensaio prático do protótipo..........................................................................................................121 Figura 3.33: Ensaio prático do protótipo..........................................................................................................121 Figura 3.34: Tensões de linha a 65 Hz...............................................................................................................122 Figura 3.35: Tensões de linha em relação às respectivas freqüências ajustadas...........................................123 Figura 3.36: Gráfico que relaciona a tensão e a freqüência...........................................................................125 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Chaves eletrônicas pesquisadas........................................................................................................71 Tabela 2.2: Drivers pesquisados...........................................................................................................................78 Tabela 3.1: Sinais de saída do DSP......................................................................................................................86 Tabela 3.2: Sinais de entrada no DSP..................................................................................................................86 Tabela 3.3: Entradas do driver IR2130...............................................................................................................87 Tabela 3.4: Saídas do driver IR2130....................................................................................................................88 Tabela 3.5: Determinação das bitolas dos fios..................................................................................................108 Tabela 3.6: Parâmetros da fonte auxiliar..........................................................................................................109 Tabela 3.7: Resumo dos eventos do software....................................................................................................113 Tabela 3.8: Relação V/f.......................................................................................................................................124 13 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO GERAL.....................................................................................................................17 1.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................17 1.2 PROBLEMA.............................................................................................................................................19 1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................................................................23 1.4 OBJETIVO GERAL...............................................................................................................................23 1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................................................24 1.6 MÉTODO DE PESQUISA..................................................................................................................24 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO........................................................................................................25 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................................26 2.1 MOTOR DE INDUÇÃO.......................................................................................................................26 2.2 APLICAÇÕES DO MOTOR DE INDUÇÃO................................................................................29 2.3 VANTAGENS DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO......................................................29 2.4 MODELAGEM DA MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA...............................................30 2.5 ACIONAMENTO DO MOTOR DE INDUÇÃO..........................................................................30 2.6 MÉTODOS DE CONTROLE DE VELOCIDADE DE UM MOTOR DE INDUÇÃO...42 2.6.1 CONTROLE PELA RESISTÊNCIA....................................................................................................42 2.6.2 CONTROLE PELA TENSÃO DE ALIMENTAÇÃO DO ESTATOR.............................................43 2.6.3 CONTROLE PELA VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA......................................................................46 2.6.4 CONTROLE DA TENSÃO E DA FREQUÊNCIA.............................................................................48 2.6.5 CONTROLE DA CORRENTE.............................................................................................................50 2.6.6 CONTROLE DE TENSÃO, FREQUÊNCIA E CORRENTE...........................................................53 2.7 INVERSORES..........................................................................................................................................54 2.7.1 INVERSORES DE CORRENTE..........................................................................................................54 2.7.2 INVERSORES DE TENSÃO.................................................................................................................55 2.7.2.1 INVERSOR DE TENSÃO TRIFÁSICO TIPO 120º.......................................................................57 2.7.2.2 SEQUÊNCIA DE FUNCIONAMENTO.........................................................................................57 2.7.2.3 INVERSOR DE TENSÃO TRIFÁSICO TIPO 180º.......................................................................59 2.7.2.4 SEQUÊNCIA DE FUNCIONAMENTO.........................................................................................59 2.7.2.5 INVERSOR PWM...........................................................................................................................62 14 2.8 MODULAÇÃO.........................................................................................................................................62 2.8.1 PWM SENOIDAL..................................................................................................................................65 2.8.2 VANTAGENS DO INVERSOR PWM.................................................................................................67 2.8.3 DESVANTAGENS DO INVERSOR PWM.........................................................................................69 2.9 DISPOSITIVOS PARA CHAVEAMENTO...................................................................................69 2.10 PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS – DSP.......................................................................72 2.10.1 DSP – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS........................................................72 2.10.2 APRESENTAÇÃO DO FREESCALE DSP56F8013........................................................................74 2.10.3 VISÃO GERAL DO NÚCLEO 56800/E ............................................................................................74 2.10.4 PERIFÉRICOS.....................................................................................................................................75 2.10.5 MEMÓRIA............................................................................................................................................75 2.10.6 ENCAPSULAMENTO E PINAGEM.................................................................................................76 2.10.7 PROGRAMAÇÃO DO MC56F8013...................................................................................................76 2.11 DRIVER...................................................................................................................................................77 2.12 SIMULAÇÃO.........................................................................................................................................80 2.13 CONCLUSÕES......................................................................................................................................83 CAPÍTULO 3 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL........................................................................84 3.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................84 3.2 DIAGRAMA DE BLOCOS DO CIRCUITO.................................................................................84 3.3 CIRCUITOS..............................................................................................................................................85 3.3.1 DSP – BLOCO DE CONTROLE DIGITAL E LÓGICA DE COMANDO......................................85 3.3.2 DRIVER IR2130.....................................................................................................................................87 3.3.3 ESTÁGIO DE POTÊNCIA....................................................................................................................88 3.3.4 ACIONAMENTO DO REOSTATO.....................................................................................................89 3.3.5 ALIMENTAÇÃO DA ETAPA LÓGICA.............................................................................................90 3.3.6 CIRCUITO DE INICIALIZAÇÃO DO DSP.......................................................................................91 3.3.7 CIRCUITO PULL-UP DO DRIVER....................................................................................................91 3.3.8 CIRCUITO DE GANHO.......................................................................................................................92 3.3.9 CIRCUITO DE BOOT_STRAP............................................................................................................92 3.3.10 CIRCUITO DE ACOPLAMENTO DO SINAL DE FAULT ENTRE O DRIVER E O DSP.......93 3.3.11 FILTRO E GRAMPEADOR DAS AMOSTRAS DE CORRENTE E TENSÃO...........................94 3.3.12 CIRCUITO PARA ACIONAMENTO DO RELÉ.............................................................................94 3.3.13 CIRCUITO CONVERSOR CA-CC....................................................................................................95 3.3.14 CIRCUITO PARA RECEPÇÃO DAS AMOSTRAS........................................................................95 3.3.15 FONTE AUXILIAR CC.......................................................................................................................96 3.3.16 CIRCUITO PARA ENCODER...........................................................................................................96 3.3.17 CIRCUITO PARA ACIONAMENTO DO VENTILADOR.............................................................97 15 3.4 MEMÓRIA DE CÁLCULO.................................................................................................................98 3.4.1CONVERSOR CA-CC............................................................................................................................98 3.4.1.1 DETERMINAÇÃO DO FILTRO CAPACITIVO...........................................................................98 3.4.1.2 DETERMINAÇÃO DOS DIODOS DE RETIFICAÇÃO...............................................................99 3.4.2 CONVERSOR CC-CA TRIFÁSICO..................................................................................................102 3.4.2.1 DIMENSIONAMENTO DAS CHAVES......................................................................................102 3.4.2.2 DIMENSIONAMENTO DOS RESISTORES DE GATE.............................................................103 3.4.2.3 CIRCUITO DE BOOT_STRAP....................................................................................................104 3.4.3 FONTE AUXILIAR..............................................................................................................................106 3.4.3.1 DETERMINAÇÃO DO TRANSFORMADOR DA FONTE........................................................106 3.4.4 CONVERSOR CA-CC DA FONTE AUXILIAR..............................................................................108 3.4.4.1 REGULADOR 15V.......................................................................................................................111 3.4.4.2 REGULADOR 3,3V......................................................................................................................111 3.5 PROGRAMA IMPLEMENTADO NO DSP 56F8013.............................................................112 3.6 MONTAGEM DO PROTÓTIPO.....................................................................................................117 3.6.1 PLACA DE SUPORTE PARA O DSP................................................................................................117 3.6.2 TRANSFORMADOR DA FONTE AUXILIAR................................................................................118 3.6.3 LAYOUT DA PLACA PRINCIPAL...................................................................................................119 3.6.4 PLACA MONTADA.............................................................................................................................120 3.6.5 DADOS DE PLACA DO MOTOR......................................................................................................120 3.6.6 ENSAIO PRÁTICO DO PROTÓTIPO EM BANCADA.................................................................121 3.7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS..............................................................................................122 3.7.1 FORMAS DE ONDA RELACIONANDO A TENSÃO E A FREQUÊNCIA.................................122 3.7.2 VALORES OBTIDOS NA PRÁTICA RELACIONANDO A TENSÃO E A FREQUÊNCIA.....124 3.7.3 GRÁFICO DA CURVA V/F................................................................................................................125 3.8 CONCLUSÃO........................................................................................................................................126 CAPÍTULO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................127 5 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................129 APÊNDICES....................................................................................................................................................130 APÊNDICE 1 – ESQUEMÁTICO COMPLETO DO CIRCUITO.............................................130 ANEXOS...........................................................................................................................................................131 ANEXO 1 – FOLHA DE DADOS DO DRIVER UTILIZADO...................................................131 ANEXO 2 – FOLHA DE DADOS DO MOSFET UTILIZADO..................................................132 16 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO GERAL 1.1 INTRODUÇÃO Os motores de indução, devido a sua grande simplicidade, robustez e baixo custo, são os motores mais utilizados, sendo adequados para quase todos os tipos de máquinas acionadas encontradas na prática. Seu princípio básico de funcionamento se baseia no campo girante, que surge quando um sistema de correntes alternadas é aplicado no estator. Operam normalmente com velocidade constante, que varia em função da carga mecânica aplicada ao eixo devido ao escorregamento, ao número de pólos e da freqüência fundamental da tensão de alimentação. O grande inconveniente é que, em grande parte das aplicações, necessita-se do ajuste da velocidade e esta é de complexa implementação se comparado com o motor de corrente contínua, cujo método de controle é a variação da tensão média aplicada à armadura. As estratégias de controle mais utilizadas nos conversores são: Controle escalar: baseia-se no conceito original do conversor de freqüência: impõe no motor uma determinada tensão/freqüência, visando manter a relação V/f constante. O controle é realizado em malha aberta e a precisão da velocidade é função do escorregamento do motor, que varia em função da carga, já que a freqüência no estator é imposta. O controle escalar é o mais utilizado devido à sua simplicidade e de que na maioria das aplicações não requer alta precisão e/ou rapidez no controle de velocidade (WEG, 2006). Controle vetorial: possibilita atingir um elevado grau de precisão e rapidez no controle do torque e da velocidade do motor. O controle decompõe a corrente do motor em dois vetores: um que produz o fluxo magnetizante e outro que produzem torque, regulando separadamente o torque e o fluxo (WEG, 2006). As principais diferenças entre os dois tipos de controle são que o controle escalar só considera as amplitudes das grandezas elétricas instantâneas (fluxos, correntes e tensões), referindo-as ao estator, e seu equacionamento baseia-se no circuito equivalente do motor, ou seja, são equações de regime permanente. Já o controle vetorial admite a representação das grandezas elétricas instantâneas por vetores, baseando-se nas equações espaciais dinâmicas da 17 máquina, com as grandezas referidas ao fluxo enlaçado pelo rotor, ou seja, o motor de indução é visto pelo controle vetorial como um motor de corrente contínua, havendo regulação independente para torque e fluxo (WEG, 2006). Com o advento da eletrônica de potência, foi possível construir conversores que possam manipular os parâmetros elétricos aplicados ao motor de indução e, conseqüentemente, variar sua velocidade sem comprometer o torque. O conversor CC-CA trifásico tipo 120º embora não seja o modo de operação tão empregado quanto o tipo 180º é uma opção capaz de desempenhar de forma eficaz o controle escalar de um motor de indução trifásico. A estrutura de potência é a mesma do inversor trifásico tipo 180º, com a única diferença que cada chave controlada conduz por apenas 1/3 do período de operação do conversor, ou seja, 120º. Por essa razão o nome de inversor trifásico tipo 120º. Desse modo, há um intervalo de 60º entre os comandos de duas chaves controladas pertencentes a um mesmo braço do inversor. Por conseguinte, em qualquer instante de tempo somente duas chaves controladas estarão conduzindo, uma do grupo positivo (S1, S2, S3) e outra do grupo negativo (S4, S5, S6). Os comandos das chaves controladas de um dado braço são defasados de 120º em relação aos comandos dos braços vizinhos (BARBI & MARTINS, 2005). Há seis seqüências de operação em um período da forma de onda de tensão alternada de saída. Em cada seqüência duas chaves controladas permanecem em condução, conectando dois dos terminais de carga aos terminais da fonte de alimentação CC, enquanto o terceiro terminal permanece flutuando. Figura 1.1- Circuito de potência do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º (BARBI & MARTINS, 2005). A cada intervalo de 60º uma chave controlada é colocada em condução, obedecendo a uma seqüência apropriada a fim de gerar um sistema de tensões trifásicas balanceadas defasadas de 120º. A freqüência de chaveamento define a freqüência de tensão de saída. A 18 Figura 1.2 apresenta, na forma de diagrama, a seqüência de chaveamento do inversor trifásico de tensão em ponte tipo 120º representado na Figura 1.1. Verifica-se pelo diagrama de seqüência de chaveamento da Figura 1.2 que a possibilidade de curto-circuito neste modo de operação é muito remota, dado o fato que há um intervalo relativamente grande de T/6, ou seja, 60º. Entre a ordem de bloqueio de uma chave e a ordem de entrada em condução de outra chave, ambas pertencentes ao mesmo braço do inversor. Essa característica representa uma grande vantagem deste tipo de controle. Como cada chave controlada conduz por apenas 120º elas são, portanto, menos utilizadas quando comparadas com as do inversor tipo 180º. Essa técnica representa um meio simples de redução da tensão na carga sem alterar a tensão de entrada (BARBI & MARTINS, 2005). Figura 1.2 - Diagrama de seqüência de chaveamento do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º (BARBI & MARTINS, 2005). 1.2 PROBLEMA Devido aos processos que envolvam controle de velocidade, aliado a viabilidade econômica e confiabilidade, tem surgido à necessidade de implementação de dispositivos ativos que venham a controlar a velocidade dos motores de indução. A grande desvantagem do motor de indução trifásico reside na dependência entre torque e fluxo magnético. 19 A relação entre torque e fluxo é obtida pela expressão (1.1): T = K1 ⋅ Φ m ⋅ I 2 (1.1) Sendo: T – Torque ou conjugado disponível na ponta do eixo [N.m]; K1 – Constante (depende do material e do projeto da máquina); m – Fluxo de magnetização [Wb]; I2 – Corrente rotórica [A] (depende da carga). Variando-se apenas a tensão, varia-se a velocidade, entretanto, o fluxo varia e, conseqüentemente, o torque. A velocidade de rotação mecânica e o fluxo magnetizante são expressos através das expressões (1.2) e (1.3) respectivamente. A Figura 1.3 relaciona o torque e velocidade para diferentes tensões aplicadas ao estator do motor de indução. Figura 1.3 – Curva Torque x Velocidade (POMILIO, 2006). Sendo: Td – Torque desenvolvido [N.m]; Vs – Tensão aplicada no estator [V]; wm – Velocidade de rotação mecânica [rpm]; ws – Velocidade do campo girante [rpm]. 20 n= 120 ⋅ f 1 ⋅ (1 − s ) p (1.2) Sendo: n – Velocidade de rotação mecânica [rpm]; f1 – Freqüência fundamental da tensão de alimentação [Hz]; s – Escorregamento; p – Número de pólos. Φm = K2 ⋅ V1 f1 (1.3) Sendo: m – Fluxo de magnetização [Wb]; K2 – Constante (depende do material e do projeto da máquina); V1 – Tensão estatórica [V]; f1 – Freqüência fundamental da tensão estatórica [Hz]. Analisando a expressão (1.3), é possível obter um fluxo magnetizante constante mantendo-se a relação V1/f1 constante. Como conseqüência, consegue-se o controle da velocidade com torque constante (1.1). A velocidade é alterada em função da freqüência f1 (1.2) imposta pelo conversor. A tensão V1 é, também, alterada de tal forma a obter V1/f1 constante. A figura 1.4 relaciona o torque e velocidade para diferentes valores de V1 e f1: Figura 1.4 – Curva Torque x Velocidade (POMILIO, 2006). Sendo: Td – Torque desenvolvido [N.m]; wm – Velocidade de rotação mecânica [rpm]; ws – Velocidade do campo girante [rpm]. 21 Entre os principais benefícios obtidos com o conversor, pode-se destacar: • Controle a distância - nos sistemas eletrônicos de variação de velocidade, o equipamento de controle pode situar-se em uma área conveniente, ficando apenas o motor acionado na área de processamento - ao contrário dos sistemas hidráulicos e mecânicos de variação de velocidade (WEG, 2006). • Redução de custos - partidas diretas ocasionam picos de corrente, que causam danos não apenas ao motor, mas também a outros equipamentos ligados ao sistema elétrico. Conversores estáticos proporcionam partidas mais suaves, reduzindo custos com manutenção (WEG, 2006). • Aumento de produtividade - sistemas de processamento industrial, geralmente, são sobre dimensionados na perspectiva de um aumento futuro de produtividade. Conversores estáticos possibilitam o ajuste da velocidade operacional mais adequada ao processo, de acordo com os equipamentos disponíveis e a necessidade de produção a cada momento (WEG, 2006). • Eficiência energética - o rendimento global do sistema de potência depende não apenas do motor, mas também do controle. Os conversores estáticos de freqüência apresentam rendimento elevado, da ordem de 97% ou mais. Motores elétricos também apresentam alto rendimento, tipicamente de 70% em máquinas pequenas até 95% ou mais em máquinas maiores operando sob condições nominais. Na variação de velocidade, a potência fornecida pelo motor é variada de maneira otimizada, influenciando diretamente a potência consumida e conduzindo a elevados índices de rendimento do sistema (motor + conversor) (WEG, 2006). • Versatilidade - conversores estáticos de freqüência são adequados para aplicações com qualquer tipo de carga. Com cargas de torque variável (pequena demanda de torque em baixas rotações), o controle reduz a tensão do motor compensando a queda de rendimento que normalmente resultaria da diminuição de carga. Com cargas de torque (ou potência) constante a melhoria de rendimento do sistema provém da capacidade de variar continuamente a velocidade, sem necessidade de utilizar múltiplos motores ou sistemas mecânicos de variação de velocidade (como polias e engrenagens), que introduzem perdas adicionais (WEG, 2006). 22 • Maior Qualidade - o controle preciso de velocidade obtido com conversores resulta na otimização dos processos. O controle otimizado do processo proporciona um produto final de melhor qualidade (WEG, 2006). 1.3 JUSTIFICATIVA Projetar e implementar um conversor CC-CA trifásico controlado por um DSP aplicado ao acionamento e controle escalar de velocidade de um motor de indução trifásico nos possibilitará agregar conhecimentos de programação de processadores digitais de sinais. Atualmente, a indústria vem empregando em larga escala microprocessadores nos mais diversos equipamentos acentuando a necessidade de conhecimento de programação daqueles. O desejo de projetar e implementar esse conversor será a oportunidade prática de aplicar conceitos que irá além de proporcionar a aquisição de conhecimento teórico sobre processadores, resultar em um protótipo funcional que poderá ser utilizado em trabalhos futuros na área de controle de motores com a possibilidade de implementação de um controle em malha fechada. Esse projeto além de agregar um diferencial a nossa formação acadêmica na área de microprocessadores, ainda reunirá conceitos de controle digital, conversão eletromecânica, eletrônica de potência, acionamentos e controle de máquinas elétricas caracterizando desta forma um projeto com nível de complexidade compatível com um projeto de graduação. 1.4 OBJETIVO GERAL Desenvolver um conversor CC-CA aplicado ao acionamento e controle escalar da velocidade do motor de indução trifásico, controlado por um processador digital de sinais (DSP). Este conversor terá potência de saída de ½ CV e tensão de entrada 220V. 23 1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Estudar o modelamento de uma máquina de indução trifásica; • Fazer uma revisão bibliográfica sobre conversores CC-CA, em especial o conversor trifásico tipo de operação 180º, controle digital e processador digital de sinais (DSP); • Conhecer o hardware do DSP que será utilizado na implementação do circuito; • Estudar a linguagem para programação do DSP; • Estudar o melhor método de implementação do conversor, que inclui a decisão do modo de condução, estratégia de disparo da chave, estratégia de controle do conversor, entre outros. • Simular o conversor proposto no projeto; • Identificar e dimensionar os componentes que serão utilizados na montagem do circuito; • Montar o protótipo; • Realizar ensaios de desempenho e analisar os resultados obtidos. 1.6 MÉTODO DE PESQUISA O método de pesquisa será de caráter exploratório, experimental e teórico, visando reunir conhecimentos aplicáveis em projetos de conversores destinados ao acionamento e controle escalar de velocidade de motores de indução trifásico. Utilizando livros de Eletrônica de Potência pretende-se absorver os conceitos necessários com relação às topologias dos conversores CC-CA sendo de interesse especial o “Tipo de operação 180º”; com auxílio da internet pretende-se analisar sites do DSCE – FEEC – UNICAMP em especial àqueles disponibilizados pelo Prof. J.A.Pomílio que versam sobre modelagem de máquinas de indução trifásica, conversores CC-CA para acionamentos de máquinas de indução trifásica. Na biblioteca da UTFPR pretende-se encontrar monografias relacionadas a conversores, modulações PWM com o intuito de reforçar os conceitos que se espera obter nos livros de eletrônica de potência. Consultando artigos disponibilizados por outras universidades, em sites de fabricantes, como por exemplo, o site da WEG Equipamentos Elétricos S.A, no qual pretende- 24 se obter informações e conceitos relacionados a motores de indução alimentados por conversores de freqüência, características dos conversores de freqüência PWM, entre outros. Através de catálogos de fabricantes, “data sheet” acessados via internet pretende-se obter todas as informações necessárias sobre as especificações de limites de corrente, tensão, potência, tipo de encapsulamento. Dessa forma pretende-se especificar corretamente os componentes e aplicá-los convenientemente em nosso projeto. Utilizando simulador deseja-se modelar e prever situações do comportamento do conversor em funcionamento para que se consiga realizar comparações com o protótipo a ser montado. Além disso, propõem-se a construção de um protótipo e realização de ensaios em laboratório para melhor análise do desempenho do conversor, ajustes, refinamento do projeto, e obtenção de resultados. Considerar-se-á concluído nosso trabalho de pesquisa quando efetivamente conseguir-se acionar e controlar de forma escalar um motor de indução trifásico de até ½ CV. 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho será constituído de quatro capítulos. O primeiro capítulo apresentará a proposta do projeto como introdução geral, e descreverão o problema que se pretende resolver, a justificativa, os objetivos almejados com o desenvolvimento dos trabalhos bem como o método de pesquisa. O segundo capítulo será destinado à revisão bibliográfica sobre motores de indução trifásicos, conversores CC-CA trifásico tipo de operação 180º, além de analisar o controle escalar de velocidade em malha aberta propriamente dito. Este capítulo também se destina ao levantamento de informações que fornecerá todo o embasamento teórico necessário ao desenvolvimento do projeto do conversor proposto. Serão abordados os seguintes assuntos: topologias de conversores CC-CA trifásico, controle digital e processadores digitais de sinais. O terceiro capítulo apresentará a descrição da parte experimental, memória de cálculo e os resultados obtidos. No último capítulo serão apresentadas as conclusões finais, baseadas em toda a pesquisa realizada e experiência adquirida ao longo do desenvolvimento do projeto. 25 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 MOTOR DE INDUÇÃO Um dos motores de construção robusta, simples e mais comum é o motor de indução trifásico. A corrente no rotor é induzida a partir do campo girante que surge em função das correntes do estator e também do movimento relativo existente nos condutores do rotor. O motor de indução consiste de duas partes principais: O estator é a parte fixa que é constituído por um núcleo de ferro laminado no qual existem sulcos na superfície em que ficam alojados os enrolamentos. Os enrolamentos do estator produzem um campo magnético que gira com velocidade síncrona, quando alimentados com tensão trifásica. O rotor é construído em dois tipos: o rotor curto circuito ou mais comumente conhecido como sendo de gaiola, e o rotor bobinado. Os núcleos magnéticos de ambos os tipos são compostos de ferro laminado. O rotor bobinado consta de um núcleo em tambor, provido de ranhuras nos quais enrolamentos semelhantes aos do estator se encontram alojados, configurando o mesmo número de pólos. No rotor trifásico os enrolamentos do rotor bobinado geralmente se encontram ligados em estrela, sendo três anéis coletores acoplados ao eixo ligados às três extremidades livres dos enrolamentos do rotor, facilitando a inserção de resistores variáveis série em cada fase (GARCIA, 1998). O rotor tipo gaiola consta de um núcleo em tambor, nos quais fios ou barras de cobre são alojados em ranhuras.As barras ou fios de cobre são curto-circuitados nos extremos por anéis. O princípio básico de funcionamento do motor de indução é o seguinte: o campo girante criado pelas correntes do estator induz f.e.m nos condutores do rotor que dão origem as correntes de valor igual ao quociente da f.e.m. pela respectiva impedância. Um conjugado é produzido em função da reação criada pelas correntes sobre o campo girante forçando o rotor girar no mesmo sentido do campo girante. Se a velocidade síncrona for atingida, a linhas de força do campo girante não cortarão os condutores do rotor de forma que as correntes induzidas desaparecerão e conseqüentemente 26 o conjugado do motor torna-se nulo, portanto a velocidade do rotor em relação ao do campo girante terão que ser obrigatoriamente diferentes (GARCIA, 1998). O campo pulsante é gerado quando os enrolamentos do estator são percorridos por uma corrente que induzirá um campo magnético que acompanhará a variação senoidal da corrente. Desta forma surge sempre um par de pólos N-S, cuja posição dependerá do sentido da corrente, e conseqüentemente o campo ficará mudando de polaridade sendo portanto pulsante, embora mantendo fixo o eixo de simetria (GARCIA, 1998). O campo girante, embora os eixos de simetria sejam fixos no espaço, nada mais é do que a resultante dos campos pulsantes gerados por cada fase que apresenta defasagem de ângulo igual as existentes entre as tensões aplicadas, que gira num determinado sentido. Considerando-se o estator de um motor de indução trifásico, as três fases situadas nas ranhuras do estator são ligadas na configuração estrela ou triângulo a uma fonte de alimentação trifásica. As tensões aplicadas se acham defasadas de 120º graus elétricos, e nas três fases originam correntes iguais defasadas entre si de 120º elétricos. Estas correntes determinam um campo de valor constante a partir da combinação dos campos magnéticos pulsante respectivamente por elas gerado. O campo determinado gira com uma velocidade constante que depende do número de pólos paras os quais o estator foi enrolado e também da freqüência da fonte (GARCIA, 1998). A velocidade do rotor é obtida através da expressão: n= 120 ⋅ f 1 ⋅ (1 − s ) p (2.1) Sendo: n – Velocidade de rotação mecânica [rpm]; f1 – Freqüência fundamental da tensão de alimentação [Hz]; s – Escorregamento; p – Número de pólos. A relação entre a seqüência de tensões com as respectivas ligações das três fases é responsável pelo sentido de rotação do campo determinando o sentido de rotação do motor. Na prática, invertendo-se as ligações de duas fases aleatoriamente do estator com a linha de alimentação obtém-se a inversão do sentido de rotação do motor. Quando o motor funciona sem carga, o rotor gira com velocidade quase igual à velocidade síncrona, porém com carga correntes maiores são induzidas para desenvolver o conjugado necessário, uma vez que o rotor se atrasa em relação ao campo girante. 27 Chama-se escorregamento, a seguinte relação: s= n − nr n (2.2) Sendo - escorregamento - velocidade síncrona - velocidade do rotor O escorregamento, conforme o tipo e tamanho do motor, geralmente são expressos em porcentagem sendo especificado em torno de 1 a 5%. A freqüência da corrente no rotor é o produto do escorregamento pela freqüência da corrente no estator, isto é: fr = s ⋅ f (2.3) Para os motores trifásicos de corrente alternada as correntes podem ser determinadas pelas seguintes expressões: IN = PN 3 ⋅ V N ⋅ cos ϕ ⋅ η = PE 3 ⋅ V N ⋅ cos ϕ (2.4) Sendo VN a tensão nominal (de linha) e cosϕ o fator de potência nominal. A corrente consumida por um motor varia bastante dependendo da aplicação. Na maioria dos motores, a corrente é muito alta na partida, caindo paulatinamente com o aumento da velocidade. Atingida a velocidade nominal fornecendo uma potência nominal e não existindo a ocorrência de uma sobrecarga a corrente atinge seu valor nominal. 28 2.2 APLICAÇÕES DO MOTOR DE INDUÇÃO Motores de indução com rotor bobinado são aplicáveis para atender cargas de alto torque de partida e onde a corrente de partida deve ser baixa e aquelas que necessitam algum tipo de controle. Aplicações típicas são esteiras, britadores, guindastes, elevadores, compressores entre outras. Motores de indução são melhores aplicados para solicitações de alta velocidade e isto é em grande parte por causa da reatância de magnetização Xm que é inversamente proporcional ao quadrado do numero de pólos, tamanho da armadura e número de espiras. Em contra partida os motores de menores velocidades têm correntes de magnetização proporcionalmente maior e conseqüentemente menor fator de potência. Motores Síncronos são geralmente usados para aplicações exigentes de velocidades abaixo de 500 rpm aproximadamente (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). 2.3 VANTAGENS DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO O MIT apresenta como pontos positivos a seu favor as seguintes características: São construtivamente mais simples e robustos dos que os motores de corrente contínua. Apresenta menor massa (20 a 40% a menos), para uma mesma potência, o que leva a um custo menor de aquisição do que as máquinas CC equivalentes. A manutenção também é mais simples e menos onerosa se comparada às máquinas CC, apresentam um consumo de energia menor nos processos de aceleração e frenagem, possibilidade de obtenção de velocidades maiores o que implica em potências maiores. A grande desvantagem do MIT quando controlado por variação de tensão reside na dependência entre fluxo e tensão no estator. As máquinas CC por contarem com excitação independente são controladas facilmente por variação de tensão, porém com a evolução dos inversores que permitem variação simultânea da tensão e freqüência no estator, O MIT consegue equipararem-se as máquinas CC de forma que a desvantagem desaparece (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Entretanto, quando se deseja realizar um acionamento controlado, os conversores e sistemas de controle tendem a ser mais sofisticado que aqueles utilizados para as máquinas 29 CC, sendo necessário avaliar o custo global da implementação e não apenas o relativo à máquina. Considerando que o custo dos conversores e circuitos eletrônicos tem diminuído com o passar o tempo, enquanto o custo de produção das máquinas tem tido uma variação muito menos significativa, o custo total do sistema máquina mais acionamento cada vez mais tende a ser vantajoso para a máquina CA. Em termos de desempenho dinâmico, novas técnicas de controle, como o controle vetorial, têm possibilitado às máquinas CA apresentarem comportamento similar ao das máquinas CC, impondo-se definitivamente sobre as vantagens anteriores das máquinas de corrente contínua. 2.4 MODELAGEM DA MÁQUINA DE INDUÇÃO TRIFÁSICA Uma máquina de indução trifásica possui enrolamentos de estator nos quais é aplicada a tensão alternada de alimentação. O rotor pode ser composto por uma gaiola curtocircuitada ou por enrolamentos que permitam circulação de corrente. De qualquer forma, por efeito transformador, o campo magnético produzido pelos enrolamentos do estator induz correntes no rotor, de modo que, da interação de ambos os campos magnéticos será produzido o torque que levará a máquina à rotação (POMÍLIO, 2006). Dada à característica trifásica da alimentação do estator e à distribuição espacial dos enrolamentos, o campo produzido pelo estator é girante, ou seja, sua resultante possui um movimento rotacional. O campo produzido pelas correntes induzidas no rotor terá sempre como característica acompanhar o campo girante do estator. A produção de torque no eixo da máquina deriva do fato da velocidade do rotor ser necessariamente diferente da velocidade do campo girante. Se o rotor girar na mesma velocidade do campo girante não haverá variação de fluxo pelos enrolamentos do rotor e não haverá corrente induzida. A Figura 2.1 ilustra a formação do campo girante. A corrente induzida no rotor possui uma freqüência que é a diferença das freqüências angulares existentes entre o rotor e o campo girante. Portanto, na partida com a máquina parada as correntes serão de 60Hz. À medida que a máquina ganha velocidade, a freqüência vai caindo até atingir a velocidade de regime tipicamente a poucos Hz (POMÍLIO, 2006). A velocidade angular do campo girante depende do número de pólos da máquina, além da freqüência de alimentação. O número de pólos é função do número de enrolamentos simetricamente deslocados no estator alimentados pela mesma tensão de fase. 30 Portanto se três enrolamentos estiverem dispostos num arco de 180º sendo cada um para cada fase e os outros três ocuparem o outro semi-perímetro do estator está máquina é dita de 4 pólos. Figura 2.1 - Formação de campo girante (POMÍLIO, 2006). O campo girante conta com pólos magnéticos intercalados e simetricamente distribuídos. A figura 2.2 ilustra tal situação. O campo resultante observado no entreferro da máquina apresenta os pólos resultantes deslocados espacialmente de 90º um do outro devido ao fato da simetria circular das máquinas. A resultante no centro do arranjo é nula, porém o que importa é o fluxo presente no entreferro. Uma rotação de 180º no eixo corresponde a um ciclo completo das tensões de alimentação, ou seja 360 graus elétricos.(POMÍLIO, 2006). Figura 2.2 - Campo girante em máquina de 4 pólos (POMÍLIO, 2006). Sendo p o número de pólos e a freqüência angular (em rad / s) das tensões de alimentação a velocidade síncrona é dada por: 31 n= 120 ⋅ f 1 p (2.5) O modelo de um motor de indução por fase é ilustrado na figura (2.3a). Figura 2.3 - Modelos circuitais para motor de indução (POMÍLIO, 2006). a) circuito do rotor; b) com rotor e estator separados; c) com rotor refletido ao lado do estator. Utilizando o modelo do rotor, onde Xr ’ representa a indutância de dispersão (na freqüência ) e Rr’ é a resistência do enrolamento, obtém-se a corrente do rotor: s ⋅ Er ' Ir = ' Rr + j ⋅ s ⋅ X r (2.6) Er ' Ir = ' ' Rr ' + j⋅ Xr s (2.7) 32 O modelo do rotor pode, então, ser modificado, a fim de que o escorregamento afete apenas a resistência do rotor, como se vê na figura (2.3b), onde se inclui também um circuito equivalente para o estator (POMÍLIO, 2006). Refletindo o lado do rotor para o do estator, obtém-se o circuito equivalente demonstrado na figura (2.3c). Indica-se nesta figura a reatância de magnetização, Xm e a resistência relativa às perdas no ferro da máquina, Rm. A resistência do enrolamento do estator é Rs e a reatância de dispersão, Xs. As perdas no cobre podem ser estimadas por: Ps = 3 ⋅ Is 2 ⋅ Rs (2.8) Pr = 3 ⋅ Ir 2 ⋅ Rr (2.9) As perdas no material ferromagnético são estimadas por: Pc = 3 ⋅ Vm 2 3 ⋅ Vs 2 ≈ Rm Rm (2.10) A potência presente no entreferro da máquina, que é aquela que se transfere para o rotor, 2 Pg = 3 ⋅ I r ⋅ Rr s (2.11) A potência desenvolvida efetivamente responsável pela produção do torque eletromagnético é: Pd = Pg − Pr = Pg ⋅ (1 − s ) (2.12) O torque desenvolvido é: Td = Pd ωm = Pg ωs (2.13) 33 A potência de entrada é: Pi = Pc + Ps + Pg = 3 ⋅ Vs ⋅ I s ⋅ cos θ s (2.14) A potência desenvolvida subtraída das perdas mecânicas Px (atrito e ventilação) constitui-se na potência de saída: Po = Pd − Px (2.15) A eficiência será: η= Po Pd − Px = Pi Pc + Ps + Pg (2.16) Sendo Pg >> (Pc + Ps ) e Pd >> Px , a eficiência é, aproximadamente: η ≈ 1− s (2.17) Sendo, normalmente Rm muito grande e X m 2 >> (Rs 2 + X s 2 ) , o ramo relativo à magnetização pode ser resumido apenas pela reatância sendo representada na entrada do circuito, como mostrado na Figura 2.4. Figura 2.4 - Modelo simplificado, por fase, de motor de indução (POMÍLIO, 2006). 34 Considerando o modelo simplificado obtemos a impedância de entrada do motor, demonstrada a seguir: Zi = − X m ⋅ ( X s + X r ) + j ⋅ X m ⋅ Rs + Rr s Rr + j ⋅ (X m + X s + X r ) s Rs + (2.18) A defasagem entre tensão e corrente na entrada será: θ m = π − tan −1 Rr s + tan −1 X m + X s + X r R Xs + Xr Rs + r s Rs + (2.19) Da Figura 2.4, a corrente de rotor é: Ir = Vs R Rs + s s 2 1/ 2 + (X s + X r ) (2.20) 2 Substituindo Ir na expressão da potência no entreferro e, esta na expressão do torque desenvolvido, tem-se: 3 ⋅ Rr ⋅ V s Td = s ⋅ ωs ⋅ R Rs + r s 2 2 + (X s + X r ) 2 (2.21) A Figura 2.5 mostra uma curva torque x velocidade do motor alimentado com uma fonte de tensão senoidal.A forma de onda típica é obtida considerando-se amplitude e freqüência fixa da fonte de alimentação. Na ilustração a seguir identificam-se três regiões de operação: 35 - Tração (0< S <1) - Regeneração (S<0) - Reversão (1< S < 2) Figura 2.5 - Característica torque-velocidade de máquina de indução (POMÍLIO, 2006). Em tração, o rotor roda no mesmo sentido do campo girante e, à medida que o escorregamento aumenta (partindo do zero), o torque também aumenta, de maneira praticamente linear, enquanto o fluxo de entreferro se mantém constante. No rotor a variação da tensão induzida diferente da impedância é linear com o escorregamento, sendo que a tensão induzida e a impedância são responsáveis pela corrente do rotor. Para valores pequenos de s (até cerca de 10%, tipicamente), a reatância do rotor pode ser desconsiderada (s.Xr’, na equação (2.10)). Sendo o rotor praticamente resistivo, de modo linear com o escorregamento a corrente do rotor cresce o mesmo acontecendo com a potência. O torque varia de forma praticamente linear com o aumento de s, considerando que a velocidade praticamente constante (próxima a s). Quando as hipóteses acima deixam de serem válidas, ou seja, quando a reatância do rotor se torna significativa e a resistência equivalente passa a diminuir de modo mais marcante, tem-se uma redução da potência (seja pela diminuição da corrente, seja pela menor fração de tensão aplicada à parte resistiva), levando a menor potência e torque. 36 Na região linear é que se dá a operação normal do motor, uma vez que, se o torque de carga exceder Tmm, o motor, perdendo o seu torque, parará, levando as elevadas perdas no rotor, devido às altas correntes induzidas (POMÍLIO, 2006). Na região de regeneração, o rotor e o campo girante movem-se no mesmo sentido, mas a velocidade mecânica m, é maior do que a velocidade síncrona, levando a um escorregamento negativo. A máquina se encontrará operando como um gerador e, portanto entregando potência ao sistema que estiver conectado o estator, quando a resistência equivalente do rotor for negativa. A característica torque x velocidade assemelha-se àquela da operação em tração, porém com um valor de pico maior. Na região de reversão o rotor comporta-se em oposição ao campo girante provocando um escorregamento maior que 1. Isto pode ocorrer quando se faz a inversão na conexão de duas fases do estator, provocando a mudança no sentido de rotação do campo. O torque produzido opõe-se ao movimento do rotor, levando a uma frenagem da máquina. Nesta situação as correntes são elevadas enquanto o torque presente é pequeno. Internamente na máquina pode surgir um excessivo aquecimento devido à dissipação de energia retirada da massa girante. Não se recomenda tal modo de operação (POMÍLIO, 2006). Fazendo-se dTd = 0 obtém-se o escorregamento responsável pelo torque máximo. O ds torque de partida é obtido quando s = 1. sm = ± [R Rr 2 s + (X s + X r ) ] (2.22) 2 1/ 2 Obtêm-se os máximos torques possíveis substituindo os valores na expressão do torque: Tmm = Tmr = 3 ⋅ Vs 2 2ω s ⋅ Rs + Rs + ( X s + X r ) 2 3 ⋅ Vs 2 2ω s ⋅ − Rs + Rs + Rs + ( X s + X r ) 2 (2.23) 2 2 2 (2.24) 37 Para motores de potência superior a 1 kW, é razoável supor que Rs é desprezível em relação às outras impedâncias, permitindo simplificar as expressões conforme demonstrado a seguir: 3Rr ⋅ V s Td = Rr s s ⋅ ωs ⋅ Ts = [ 2 3Rr ⋅ V s 2 + (X s + X r ) (2.25) 2 ω s ⋅ ( R r )2 + ( X s + X r ) 2 sm = ± 2 ] Rr Xs + Xr (2.26) (2.27) 2 Tmm = −Tmr 3 ⋅ Vs = 2ω s ⋅ ( X s + X r ) (2.28) Normalizando (2.29) e (2.30) em relação ao torque máximo: 2⋅s⋅s Td = 2 m2 Tmm s m + s (2.29) Ts 2⋅s = 2 m Tmm s m + 1 (2.30) 38 Para s<1 e s2<<sm2, o torque normalizado pode, ainda, ser aproximado por: Td ω − ωm 2s = =2 s Tmm s m sm ⋅ ω s ωm = ωs ⋅ 1 − s m ⋅ Td 2 ⋅ Tmm (2.31) (2.32) A Figura 2.6 mostra as curvas aproximadas (desprezando Rs) e linearizada, na região de baixo escorregamento. Na figura 2.7 tem-se o comportamento do fator de potência. Na região de operação em que o escorregamento é menor do que sm, o motor opera de modo estável. Quanto menor a resistência do rotor, menor será o valor de sm e mais próxima estará à velocidade síncrona da velocidade mecânica. Nesta região, o motor opera praticamente a velocidade constante (POMÍLIO, 2006). Figura 2.6 - Característica torque-escorregamento desprezando Rs (POMÍLIO, 2006). Figura 2.7 - Fator de potência do motor (POMÍLIO, 2006). 39 2.5 ACIONAMENTO DO MOTOR DE INDUÇÃO Sempre que possível, a partida de um motor trifásico tipo gaiola deve ser direta por meio de um dispositivo de controle, geralmente um contator, entretanto a corrente elevada na partida torna-se o inconveniente deste método. Caso a partida direta torne-se inviável quer seja pela exigência da concessionária ou por restrições da própria instalação elétrica recorre-se a utilização de sistemas de partida indireta (GARCIA, 1998). Partida com chave estrela-triângulo: A utilização deste método exige que o motor disponha em sua configuração da possibilidade de ligação em dupla tensão. Os motores devem ter no mínimo seis bornes de ligação 127/220V, 220/380V, 380/660V ou 440/760V (GARCIA, 1998). Partida com chave compensadora: Neste método um autotransformador que possui tapes de 50,65 e 80% da tensão nominal mantém reduzida a tensão no instante da partida (GARCIA, 1998). Partida com Soft Starter: Soft-Starter é um dispositivo eletrônico composto de pontes com SCR´s acionados por uma placa eletrônica com a finalidade de controlar a corrente de partida dos motores de indução trifásicos. O soft-stater, através do circuito de potência, variando o ângulo de disparo dos seis SCR´s que compõe o circuito, controla a tensão eficaz aplicada ao motor. Desta forma controla-se a corrente de partida do motor através de uma partida suave e consequentemente sem quedas bruscas na rede elétrica, ao contrário do que ocorre nas partidas diretas. Geralmente funciona com a tecnologia chamada by-pass que através de um contator acionado logo após o motor ter recebido a tensão da rede, proporciona a saída dos módulos tiristores evitando sobre aquecimento aos mesmos. Partida com inversor: Conversores CC em CA são conhecidos como inversores. A função de um inversor consiste em converter uma tensão de entrada CC em uma tensão de saída CA simétrica de amplitude e freqüência desejadas. Tanto a tensão de saída quanto à freqüência pode ser fixa ou variável. Mantendo-se o ganho do inversor constante e apenas variando-se a amplitude da tensão de entrada CC, obtém-se uma tensão de saída variável. A relação entre a tensão de saída CA e a tensão de entrada CC define o ganho do inversor. 40 Por outro lado, através do controle por modulação de largura de pulso obtém-se a variação do ganho do inversor e conseqüentemente uma tensão de saída variável mesmo quando a tensão de entrada CC for fixa e não controlada. As formas de onda da tensão de saída de inversores ideais deveriam ser puramente senoidais. Entretanto, as formas de onda de inversores práticos são não senoidais e contêm certos harmônicos. Para aplicações de potência elevada fazem-se necessárias formas de onda senoidais de baixa distorção, porém para baixa e média potência, tensões de onda quadrada ou quase quadrada podem ser aceitáveis. O conteúdo harmônico pode ser minimizado ou reduzido significativamente através do emprego de técnicas de chaveamento, isto se dá ao fato principalmente pela disponibilidade atual de dispositivos semicondutores de alta potência e velocidade. Os inversores são amplamente empregados no acionamento de motores de indução com velocidade variável. A entrada pode ser uma bateria, célula combustível, célula solar ou outra fonte CC. As saídas monofásicas típicas são: (1) 120 V a 60 Hz, (2) 220 V a 50 Hz e (3) 115 V a 400 Hz. Para sistemas trifásicos de alta potência, as saídas típicas são: (1) 220 / 380 V a 50 Hz (2) 120 / 208 V a 60 Hz e (3) 115 / 200V a 400 Hz. Os inversores podem, geralmente, ser classificados em dois tipos: inversores monofásicos e inversores trifásicos. Dependendo das aplicações ambos os tipos de inversores requisitarão dispositivos de disparo ou de bloqueio controlados tais como TBP´s, MOSFET’s, IGBT’s, MCT’s, GTO’s ou tiristores em comutação forçada. Esses inversores para gerar uma tensão de saída CA, utilizam sinais de controle baseados na modulação por largura de pulso. Um inversor é chamado inversor alimentado por tensão se a tensão de entrada for constante e alimentado por corrente se a corrente de entrada for constante. Os inversores utilizam-se da conversão CA-CC e novamente CC-CA, enquanto que o ciclo conversor que os antecederam, convertia 60Hz da rede em uma freqüência mais baixa. 41 2.6 MÉTODOS DE CONTROLE DE VELOCIDADE DE UM MOTOR DE INDUÇÃO A velocidade de um motor de indução, do ponto de vista do acionamento, pode ser controlada das seguintes maneiras: a) Controle da resistência do rotor b) Controle da tensão do estator c) Controle da freqüência do estator d) Controle da tensão e da freqüência do estator e) Controle da corrente f) Controle da tensão, corrente e freqüência. 2.6.1 CONTROLE PELA RESISTÊNCIA Para uma máquina de rotor bobinado colocam-se externamente resistências que se somem à impedância própria do rotor, como mostrado na Figura 2.9a. A variação de Rx permite mover a curva torque x velocidade da máquina, como mostrado na Figura 2.8. Este método permite elevar o torque de partida e limitar a corrente de partida. Devido à dissipação de potência sobre as resistências, este método é considerado de baixa eficiência. Torna-se fundamental para o bom funcionamento da máquina a garantia de balanceamento entre as três fases. Este tipo de acionamento é utilizado quando se necessita de um elevado torque e número de partidas. Os resistores podem ser substituídos por um retificador trifásico que “enxerga” uma resistência variável, determinada pelo ciclo de operação do transistor de saída conforme ilustrado na figura 2.9b. Através de outros arranjos, utilizando-se retificadores controlados, consegue-se que ao invés de dissipar energia sobre a resistência externa, a mesma possa ser devolvida para a rede. A relação existente entre a tensão CC determinada pelo retificador e a corrente Id reflete para os enrolamentos do rotor a resistência equivalente. Este arranjo é ilustrado na Figura 2.9c. 42 Figura 2.8 Característica torque x velocidade em função da resistência de rotor (POMÍLIO, 2006). Figura 2.9 - Controle de velocidade em função da resistência da armadura (POMÍLIO, 2006). 2.6.2 CONTROLE PELA TENSÃO DE ALIMENTAÇÃO DO ESTATOR Da equação do torque verifica-se que ele é ao quadrado da tensão aplicada ao estator. Desta forma uma redução na tensão produz para um dado torque um aumento no escorregamento e a diminuição da velocidade, como ilustrado na Figura 2.10. Este tipo de acionamento não é aplicável a cargas que necessitem de torque constante, nem elevado conjugado de partida. 43 A faixa de ajuste de velocidade é relativamente estreita e é feita ao custo de uma redução significativa do torque disponível. Quando a curva do torque da carga cruza a curva da máquina além do ponto de torque máximo, não é possível o acionamento. Os motores denominados pela classe D são concebidos para este tipo de acionamento pois possuem elevada resistência de rotor. Em função da elevada resistência do rotor consegue-se que a variação de velocidade torne-se maior e não seja muito severa a perda de torque em baixas velocidades (POMÍLIO, 2006). Figura 2.10 - Características torque x velocidade (POMÍLIO, 2006). Por meio de um controlador de tensão CA constituído por tiristores operando com controle de fase, pode-se variar a tensão do estator. Em sistemas de baixa performance tais como bombas centrífugas, ventiladores que necessitam de baixo torque de partida, a simplicidade justifica seu uso. Considerando-se o uso de um inversor trifásico, outra possibilidade é operar com tensão ajustável a partir de modulação por largura de pulso mantendo-se a freqüência fixa. Reduzindo-se a tensão no instante da partida consegue-se limitar consideravelmente a corrente de partida. A Figura 2.11 ilustra, esquematicamente, os acionamentos. Figura 2.11 – Controle da tensão do estator (POMÍLIO, 2006). 44 Em qualquer circuito magnético, a tensão induzida é proporcional ao fluxo no entreferro e a freqüência. À medida que a tensão é reduzida no estator o mesmo ocorrerá com o fluxo no entreferro e o torque.A um escorregamento de aproximadamente 1/3, a corrente terá um máximo a uma tensão mais baixa. Nas situações em que as máquinas apresentam escorregamento baixo o intervalo de velocidade torna-se muito estreito, tornando-se inadequado para cargas que operam a torque constante. Normalmente é aplicado em situações que necessitem de baixo torque de partida e faixa estreita de velocidade a um escorregamento relativamente baixo (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Figura 2.12 - Curvas características torque-velocidade para tensão do estator variável (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Através de controladores de tensão CA , inversores trifásicos PWM pode-se obter a variação de tensão no estator. Os controladores de tensão CA, devido às características de faixa de velocidade limitada, normalmente são utilizados em aplicações de baixa potência e também em máquinas de indução de alta potência limitando grandes picos de corrente, porém apresentam baixo fator de potência na entrada além de levado conteúdo harmônico. 45 2.6.3 CONTROLE PELA VARIAÇÃO DA FREQUÊNCIA Controlando-se apenas a freqüência da fonte de alimentação de um motor de indução é possível obter-se a variação da velocidade e torque. A máquina estará em seu valor nominal desde que os valores do fluxo no entreferro, de tensão e freqüência se encontrem em seus valores nominais. Se a freqüência for diminuída e a tensão mantida constante o fluxo aumentará, levando conseqüentemente à saturação da máquina, alterando os parâmetros da máquina e a característica torque x velocidade. Em baixas freqüências, com a queda no valor das reatâncias, as correntes tendem a se elevar demasiadamente. Este tipo de controle não é normalmente utilizado (POMÍLIO, 2006). O fluxo e o torque diminuem se a freqüência for aumentada acima do valor nominal. Se a velocidade síncrona à freqüência nominal for determinada como sendo b (velocidade base), a velocidade síncrona e o escorregamento em outras freqüências de excitação serão: ω s = b ⋅ ωb s= (2.33) b ⋅ ωb − ω m ω = 1− m b ⋅ ωb b ⋅ ωb (2.34) A expressão para o torque será: 3 ⋅ Rr ⋅Vs Td = s ⋅ b ⋅ ωb ⋅ R Rs + r s 2 2 + (b ⋅ X s + b ⋅ X r ) 2 (2.35) As curvas típicas de torque x velocidade para diferentes valores de b são ilustradas na Figura 2.13. O torque, abaixo da velocidade base, deve ficar limitado ao seu valor nominal. Considerando a ocorrência de perda de torque, pode-se através da elevação da freqüência aumentar a velocidade, esta característica é semelhante à dos motores de corrente contínua quando pelo método do enfraquecimento de campo se obtém a elevação da velocidade.Uma alimentação deste tipo pode ser obtida através da utilização de um inversor que forneça uma tensão constante (valor eficaz), variando apenas a freqüência. 46 Figura 2.13 - Característica torque - velocidade com controle da freqüência (POMÍLIO, 2006). Pode-se notar, que à tensão e freqüência nominal o fluxo terá seu valor nominal. O fluxo aumentará se a freqüência for reduzida abaixo do seu valor nominal e a tensão for mantida fixa no seu valor nominal, provocando a saturação no entreferro e portanto tornando os parâmetros da máquina não confiáveis na determinação da curva da característica torque x velocidade. Em baixa freqüência, as reatâncias diminuem e a corrente na máquina pode alcançar valores elevados, de forma que esse tipo de controle baseado na simples redução de freqüência não é muito utilizado (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). O fluxo e o torque diminuem se a freqüência for elevada acima do seu valor nominal. Se a velocidade síncrona correspondente à freqüência nominal for chamada velocidade base b, a velocidade síncrona em qualquer outra freqüência torna-se ωm = b ⋅ ωb . Assim, pode-se concluir que o torque máximo é inversamente proporcional ao quadrado da freqüência e Tm ⋅ b 2 permanece constante, similar ao comportamento das máquinas CC em série. A máquina neste tipo de controle opera no modo de enfraquecimento de campo. Para b>1 a capacidade de torque é limitada pois a máquina sendo operada a tensão terminal constante tem seu fluxo reduzido. Para b<1 a máquina é normalmente operada a fluxo constante, reduzindo-se a tensão terminal Va (Tensão do estator) juntamente com freqüência, de tal forma que o fluxo permaneça constante. 47 2.6.4 CONTROLE DA TENSÃO E DA FREQUÊNCIA Mantendo-se constante a relação entre a tensão e a freqüência da alimentação do motor, o fluxo de entreferro não se altera, de modo que o torque máximo não se altera. A Figura 2.14 mostra a característica torque x velocidade para uma excitação exemplificando este tipo de controle (POMÍLIO, 2006). Figura 2.14 - Característica torque - velocidade com controle de tensão x freqüência (POMÍLIO, 2006). Para velocidades abaixo da base este tipo de acionamento é aplicado, pois a tensão nominal da máquina não deve ser ultrapassada. O inversor controlado por modulação de largura de pulso é o acionador empregado para ajustar simultaneamente a freqüência e a tensão mantendo a relação constante. A queda de tensão na impedância série do estator em função da redução da freqüência diminui o fluxo no entreferro provocando à redução na tensão aplicada sobre a reatância de magnetização e, portanto à necessidade de se elevar a tensão em tais situações para se manter o torque (POMÍLIO, 2006). As curvas características típicas torque x velocidade são mostradas na Figura 2.14. À medida que a freqüência é reduzida, b diminui e o escorregamento para o torque máximo aumenta. A velocidade pode ser controlada variando-se a freqüência para uma dada demanda de torque. Portanto, a velocidade e o torque podem ser controlados variando-se tanto a freqüência quanto à tensão. O torque normalmente é mantido constante, enquanto a velocidade é variada. A tensão à freqüência variável pode ser obtida a partir de inversores trifásicos ou ciclo conversores. Três configurações possíveis de circuitos para variação de freqüência e tensão são ilustradas na figura 2.15. Na Figura 2.15a, a tensão CC permanece constante e a técnica PWM é aplicada para variar tanto a tensão quanto a freqüência do inversor. Devido ao retificador 48 com diodos, não é possível a regeneração e o inversor geraria harmônicos na alimentação CA. Na figura 2.15b, o chopper varia a tensão CC para o inversor e este controla a freqüência ao mesmo tempo em que reduz a injeção de harmônicos na alimentação CA. Na Figura 2.15c, a tensão CC é variada pelo conversor dual e a freqüência é controlada pelo inversor. A regeneração é permitida nesta configuração porém em especial quando o ângulo de disparo é alto, o fator de potência de entrada do conversor é baixo. Figura 2.15 - Acionamento de máquina de indução com fonte de tensão (SIMÃO & NETO ALMEIDA, 2002). 49 2.6.5 CONTROLE DA CORRENTE Variando-se a corrente do rotor pode-se controlar o torque do motor. No entanto, o controle direto pode ser obtido através do acesso a corrente do estator. A corrente e o torque produzido podem ser rescritos como: Ir = jI i ⋅ X m Rs + Rr + j( X m + X s + X r ) s 3Rr ⋅ ( X m ⋅ I i ) Td = s ⋅ ωs 2 R Rs + r s (2.36) 2 + (X m + X s + X r ) 2 (2.37) O torque de partida (s=1) é dado por: Ts = 3Rr ⋅ (( X m ⋅ I i ) [ 2 ω s ( R s + R r )2 + ( X m + X s + X r )2 ] (2.38) O escorregamento para o torque máximo é: sm = Rr Rs + ( X m + X s + X r ) 2 2 (2.39) Desprezando o efeito da impedância do estator, o torque máximo é expresso por: 2 3 ⋅ Lm 2 Tm = ⋅ Ii 2(Lm + Lr ) (2.40) A Figura 2.16 mostra a característica torque x velocidade para diferentes valores de corrente de entrada. 50 Figura 2.16 - Característica torque - velocidade com acionamento por controle de corrente (POMÍLIO, 2006). O torque máximo é praticamente independente da freqüência. No entanto na partida com o escorregamento unitário o valor Rr é reduzido, de forma que a corrente que segue s pela indutância de magnetização é baixa sendo responsável pela produção de um pequeno fluxo e, conseqüentemente, um pequeno torque. O fluxo e o torque caminhando no sentido da saturação do material ferromagnético à medida que a máquina se acelera o escorregamento diminui e aumentam a corrente de magnetização. Com o intuito de se evitar a saturação, o motor geralmente é acionado na região instável da curva torque x velocidade, o que se torna possível apenas com controle de sobre tensão terminal da máquina e em malha fechada. Uma corrente com valor eficaz constante pode ser suprida por inversores de corrente, garantindo-se em um barramento CC uma fonte de corrente contínua, realizada por um indutor tendo como função o controle da corrente. Desde que o inversor seja preparado para tal situação técnicas tipo PWM também são possíveis. Para tanto as chaves devem ser capazes de bloquear tensões com ambas as polaridades e permitir a condução de corrente em um único sentido. Variando-se a corrente de entrada, que é prontamente acessível, em vez da corrente do rotor. A corrente do rotor depende dos valores relativos das impedâncias de magnetização e do circuito do rotor, quando se tratar de uma corrente de entrada fixa (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Sabe-se que o torque máximo depende do quadrado da corrente e é aproximadamente independente da freqüência. As curvas características torque-velocidade típicas são mostradas 51 na Figura 2.17. Como a reatância de magnetização (Xm) é grande em relação aos valores das reatâncias de estator (Xs) e rotor (Xr), o torque de partida é baixo. A tensão no estator cresce e o torque aumenta à medida que a velocidade aumenta ou o torque diminui. A corrente de partida é pequena devido ao fato dos baixos valores de fluxo, pois a corrente de magnetização Im é baixa e o valor de Xm é grande. O torque aumenta com a velocidade devido ao aumento do fluxo. Um aumento ainda maior na velocidade, na direção da inclinação positiva das curvas características, aumenta a tensão terminal além do valor nominal. O fluxo e a corrente de magnetização também são aumentados, levando dessa forma à saturação. Pela corrente do estator e o escorregamento o torque pode ser controlado. Para evitar à saturação devido à tensão elevada e manter o fluxo no entreferro constante a máquina normalmente é operada na inclinação negativa da curva característica torque x velocidade, no controle de tensão. A máquina tem de ser operada com controle de malha fechada pois a inclinação negativa encontra-se na região instável. A um baixo escorregamento, a tensão terminal poderia ser excessiva e o fluxo saturaria. Devido à saturação, o torque máximo seria melhor que o mostrado na Figura 2.17. Figura 2.17 - Curvas características torque-velocidade para controle da corrente (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Através de inversores trifásicos tipo fonte de corrente, pode-se fornecer corrente constante. As vantagens de controle de corrente de falta e da corrente ser menos sensível às variações dos parâmetros da máquina pode ser obtido com um inversor alimentado por corrente, embora exista a questão da geração de harmônicos e pulsação de torque. Na Figura 2.18 são mostrados duas configurações de acionamentos com inversores alimentados por corrente. Na Figura 2.18a o indutor age como fonte de corrente controlada pelo retificador controlado, sendo que nesse tipo de arranjo o fator de potência de entrada é considerado muito baixo. Na figura 2.18b, o fator de potência de entrada é maior e o chopper controla a fonte de corrente. 52 Figura 2.18 - Acionamento da máquina de indução do tipo fonte de corrente (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). 2.6.6 CONTROLE DE TENSÃO, FREQUÊNCIA E CORRENTE. O controle de velocidade por meio de variação da tensão, corrente e freqüência, fazse necessário nos casos em que se deseja obter certos requisitos de torque x velocidade. Existem três regiões de operação da máquina de indução ilustradas na figura 2.19. Na primeira a velocidade pode ser variada através do controle da tensão (ou da corrente), a um torque constante. Na segunda a máquina é operada a uma à corrente constante e o escorregamento é variado. Na terceira a velocidade é controlada pela freqüência a uma corrente reduzida no estator. Figura 2.19 - Variável controlada em função da freqüência (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). . 53 Para > 1, a máquina opera em tensão constante, portanto o fluxo diminui quando a freqüência aumenta e a máquina opera no modo de enfraquecimento de campo. Quando da operação como motor, uma diminuição da referência de velocidade diminui a freqüência da alimentação, isso muda a operação para modo de frenagem regenerativa. Sob a presença do torque frenante e da carga o acionamento desacelera. Para velocidades abaixo do valor nominal a tensão e a freqüência são reduzidas para manter o fluxo constante ou a desejada relação V f mantendo a operação nas curvas de torque velocidade com uma inclinação negativa, limitando a velocidade de escorregamento. Acima da nominal , para manutenção da velocidade de operação, apenas a freqüência é reduzida, na parte das curvas de torque x velocidade com uma inclinação negativa. Quando estiver próximo da velocidade desejada, a operação vai para o modo motor e o acionamento acomoda-se na velocidade desejada. Quando da operação como motor, um aumento na referência de velocidade aumenta a freqüência de alimentação. O torque da máquina excede o torque de carga e esta desacelera. A operação é mantida na parte das curvas com inclinação negativa em função do escorregamento, sendo que o acionamento estabiliza-se na velocidade desejada (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). 2.7 INVERSORES 2.7.1 INVERSORES DE CORRENTE O uso de inversores de corrente ocorre principalmente em aplicações de grande potência, nas quais não é necessária uma rápida resposta dinâmica, tais como: ventiladores e bombas, guindastes, esteiras rolantes, acionamento de veículos pesados. Dada a alta potência envolvida, soluções topológicas que utilizam SCR´s e GTO´s (Gate Turn-Off Thyristors) são interessantes. No primeiro caso (SCR´s) como a alimentação é em corrente contínua, faz-se necessário o uso de algum tipo de comutação forçada para permitir o desligamento dos tiristores. Com GTO’s é possível utilizar técnicas do tipo PWM. A tensão observada na entrada das máquinas é praticamente senoidal. Este fato indica o uso destes conversores para o acionamento de máquinas elétricas (especialmente as de 54 construção mais antiga) cuja isolação da fiação, em função do isolante utilizado, não admite taxas de variação da tensão ( dV ) muito elevadas (POMÍLIO, 2006). dt Uma estrutura básica de um sistema de acionamento em corrente é ilustrada na figura 2.20. O retificador de entrada ajusta o nível de corrente contínua sobre a indutância L. O circuito de comando do inversor determina na saída do inversor a freqüência dada as correntes alternadas. Este inversor pode possuir diferentes topologias, como se verá a seguir. Esta estrutura permite, pelo ajuste adequado do ângulo de disparo da ponte retificadora, a regeneração de energia, a energia retirada do motor acionado pode refluir para a rede, desde que a tensão média na saída do retificador seja negativa. Figura 2.20 - Estrutura básica de sistema para acionamento em corrente de máquina CA (POMÍLIO, 2006) 2.7.2 INVERSORES DE TENSÃO As topologias dos inversores de tensão utilizadas no acionamento de máquinas elétricas não possuem diferenças significativas em relação àquelas já descritas para a realização de inversores de freqüência fixa. O circuito de controle quando produz um sinal de referência de freqüência variável é que na realidade os diferencia (POMÍLIO, 2006). O inversor trifásico de tensão, com forma de onda retangular na saída, é uma das estruturas mais empregadas na indústria, é normalmente aplicado em altas potências. Sua popularidade deve-se em princípio pelo fato de ser um eficiente meio de se obter tensões trifásicas com freqüência controlável. 55 A estrutura básica do inversor trifásico de tensão é apresentada na Figura 2.21. Para cargas indutivas faz-se necessário à adição de seis diodos colocados em antiparalelo com cada chave comandada, gera-se um interruptor bidirecional em corrente, que permite a circulação de corrente durante a abertura das chaves. Esses diodos desempenham o papel de roda-livre para a circulação da corrente de carga. A nova estrutura, assim concebida, adquire a forma apresentada na Figura 2.22. Ela é constituída por três braços inversores em meia ponte, onde cada braço representa uma fase do sistema estático trifásico, que é conectado à carga trifásica. A carga trifásica alimentada por esse sistema é em geral balanceada. Figura 2.21 - Estrutura básica do inversor trifásico de tensão (BARBI & MARTINS, 2005). Figura 2.22 - Inversor trifásico de tensão com diodos de roda-livre (BARBI & MARTINS, 2005). O funcionamento básico do inversor trifásico é essencialmente o mesmo do inversor monofásico em ponte. Para se conseguir o efeito de ponte trifásica, cada terminal de saída de cada braço inversor é conectado alternadamente, a cada meio período, no terminal positivo e negativo da fonte de alimentação CC. 56 A tensão de saída trifásica é obtida preservando um ângulo de defasagem de 120º entre as seqüências de chaveamento de cada braço inversor. Desse modo, tem-se pra cada braço inversor, uma tensão de saída que se encontra 120º atrasada em relação ao braço inversor chaveado anteriormente, e 120º adiantada em relação ao braço inversor chaveado posteriormente, de forma a se produzir o mesmo comportamento dos sistemas trifásicos convencionais. O inversor trifásico de tensão em ponte apresenta dois tipos de operação. O tipo 180º, onde cada chave comandada conduz por 180º, e o tipo 120º, onde cada chave conduz por apenas 120º de cada semiperíodo. O tipo 180º é em geral o mais empregado por dois motivos: 1º) as chaves semicondutoras são mais bem aproveitadas quando operam conduzindo por 180º; 2º) no tipo 180º a forma de onda de tensão de saída não é afetada pela natureza da carga. 2.7.2.1 INVERSOR DE TENSÃO TRIFÁSICO TIPO 120º Este modo de operação não é tão empregado como o tipo 180º. A estrutura de potência é a mesma do inversor trifásico tipo 180º, com a única diferença que cada chave controlada conduz por apenas 1/3 do período de operação do conversor, ou seja, 120º. Por essa razão o nome do inversor trifásico tipo 120º. Desse modo, há um intervalo de 60º entre os comandos de duas chaves controladas pertencentes a um mesmo braço do inversor. Por conseguinte, em qualquer instante de tempo somente duas chaves controladas estão conduzindo, um grupo positivo (S1, S2, S3) e outra do grupo negativo (S4, S5, S6). Os comandos das chaves controladas de um dado braço são defasados de 120º em relação aos comandos dos braços vizinhos. 2.7.2.2 SEQUÊNCIA DE FUNCIONAMENTO Há seis seqüências de operação em um período da forma de onda da tensão alternada de saída. Em cada seqüência duas chaves controladas permanecem em condução, conectando dois dos terminais da carga aos terminais da fonte de alimentação CC, enquanto o terceiro terminal permanece flutuando. 57 Figura 2.23 - Circuito de potência do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º(BARBI & MARTINS, 2005). A cada intervalo de 60º uma chave controlada é colocada em condução, obedecendo a uma seqüência apropriada a fim de gerar um sistema de tensões trifásicas balanceadas defasadas de 120º. A freqüência de chaveamento define a freqüência da tensão de saída. A Figura 2.24 apresenta, na forma de diagrama, a seqüência de chaveamento do inversor trifásico de tensão em ponte tipo 120º representado na Figura 2.23. Verifica-se pelo diagrama de seqüência de chaveamento da Fig. 2.24 que a possibilidade de curto-circuito neste modo de operação é muito remota, dado o fato que há um intervalo relativamente grande de T/6, ou seja, 60º entre a ordem de bloqueio de uma chave e a ordem de entrada em condução da outra chave, ambas pertencentes ao mesmo braço do inversor. Essa característica representa uma grande vantagem deste tipo de controle. Como a chave controlada conduz por apenas 120º elas são, portanto, menos utilizadas quando comparadas com as do inversor tipo 180º. Essa técnica representa um meio simples de redução da tensão na carga sem alterar a tensão de entrada. Figura 2.24 - Diagrama de seqüência de chaveamento do inversor de tensão trifásico em ponte tipo 120º(BARBI & MARTINS, 2005). 58 2.7.2.3 INVERSOR DE TENSÃO TRIFÁSICO TIPO 180º Neste caso cada chave comandada é mantida em condução durante 180º. Os comandos das duas chaves de um mesmo braço inversor são complementares. Os comandos das chaves de um braço são defasados de 120º em relação aos comandos das chaves do braço vizinho. A partir dessa estratégia de comando a tensão de saída é imposta a todo instante, qualquer que seja a natureza da carga. A estrutura de potência do inversor trifásico tipo 180º é a mesma apresentada na Figura 2.26, onde as chaves comandadas (S1-S6) podem ser tiristores ou GTO´s (para altas potências na faixa de MW), ou transistores (TBP, MOSFET ou IGBT – para baixas e médias potências). Em aplicações nas quais, pelo nível de potência, se exige o uso de tiristores, estes devem ser acompanhados de seus respectivos circuitos de comutação forçada. A carga pode ser ligada em estrela (Y) ou em triângulo (∆). Para uma carga ligada em estrela, as tensões fase-neutro devem ser determinadas de modo a encontrar as correntes de linha (ou fase). Para uma carga ligada em triângulo, as correntes de fase podem ser obtidas diretamente a partir das tensões de linha. 2.7.2.4 SEQUÊNCIA DE FUNCIONAMENTO O inversor trifásico de tensão em ponte da Figura 2.26 é, de fato, a composição de três inversores monofásicos de meia ponte. No braço R, para o primeiro meio período, a chave S1 permanece em condução, enquanto S4 fica bloqueada. Já no meio período seguinte há uma inversão no comando das chaves, e assim S1 permanece aberta, enquanto S4 mantém-se conduzindo. As chaves do braço S operam da mesma maneira, exceto pelo fato que o comando das mesmas está defasado de 120º, ou seja, 1/3 de período, em relação a R. Operação similar ocorre com o braço T, sendo que o comando das chaves desse braço está defasado de 120º em relação ao braço S. Desse modo, as chaves semicondutoras são comandas segundo o diagrama representado na Figura 2.25. Observa-se que há seis seqüências distintas de operação em cada período de funcionamento. Em cada seqüência existem sempre três chaves em condução, duas no grupo positivo e uma no grupo negativo, ou vice-versa. 59 A duração de cada seqüência é de 60º. Portanto, os sinais de comando das chaves estáticas são defasados de 60º uns dos outros a fim de se obter tensões trifásicas (fundamentais) balanceadas. As chaves do grupo positivo têm um dos seus terminais ligado ao pólo positivo da fonte de alimentação CC. As chaves do grupo negativo têm um dos seus terminais ligado ao pólo negativo da fonte de alimentação CC. Para construção do diagrama da Figura 2.25, as seguintes regras devem ser obedecidas: 1ª) Entre duas chaves de um mesmo braço, cada uma conduz por 180º, dos 360º correspondentes a um período completo de forma de onda alternada; 2ª) Entre duas chaves, de braços distintos, há uma defasagem de 120º. Pelo diagrama assim construído pode-se estabelecer a seqüência correta de fechamento e abertura das chaves comandadas. Figura 2.25 - Diagrama de comando do inversor trifásico de tensão tipo 180º(BARBI & MARTINS, 2005). Figura 2.26 - Inversor trifásico de tensão tipo 180º(BARBI & MARTINS, 2005). 60 Figura 2.27 - Principais formas de onda (BARBI & MARTINS, 2005). 61 2.7.2.5 INVERSOR PWM Um inversor de freqüência PWM realiza o controle da freqüência e da tensão na seção de saída do inversor. A tensão de saída tem uma amplitude constante enquanto que a tensão média é controlada pela modulação por largura de pulso. O inversor básico converte a tensão de entrada de 60 Hz para tensões e freqüências variáveis sendo que a freqüência variável é que efetivamente controlará a velocidade do motor. A durabilidade e desempenho do motor podem ser afetados por tensões de saída não senoidais resultantes do chaveamento do inversor. A obtenção de formas de onda alternadas com baixo conteúdo harmônico é extremamente importante, já filtros não podem ser empregados com sucesso, dada a grande variação de freqüência de saída do inversor. Desta forma, a lógica de disparo das chaves do inversor é de fundamental importância na eficiência e no desempenho do sistema de acionamento. As técnicas de chaveamento modernamente utilizadas fazem uso da modulação por largura de pulso, que possibilitam a obtenção de formas de onda de tensão de saída de baixo conteúdo harmônico. Dentre elas, pode-se destacar o PWM senoidal, cuja filosofia será demonstrada na seqüência (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). 2.8 MODULAÇÃO Para que se entenda como funciona esta tecnologia no controle de potência, parte-se de um circuito muito simples formado por um interruptor capaz de chavear de forma rápida uma carga a ser controlada, de acordo com a figura 2.28. Figura 2.28 – Controle da corrente na carga com abertura e fechamento do interruptor Quando o interruptor está aberto, à potência imposta a carga é nula pois não existe circulação de corrente. 62 No entanto a potência aplicada à carga é máxima no instante em que o interruptor é fechado, pois a tensão integral da fonte é recebida pela carga. Para obter uma potência intermediária, diga-se 50% aplicada à carga, faz-se com que a chave seja aberta e fechada rapidamente de modo a ficar 50% do tempo aberta e 50% fechada. Isso significa que, em média será obtida a metade do tempo com corrente e metade do tempo sem corrente, ilustrada na Figura 2.29. Figura 2.29 – Tensão média obtida a partir do controle de abertura e fechamento da chave. A potência média é, portanto obtida em função da tensão média imposta a carga que neste caso caracterizou-se como sendo 50% da tensão de entrada. Nota-se que o interruptor fechado torna-se responsável pela definição da largura do pulso em relação ao tempo em que fica nesta condição, e um intervalo entre pulsos quando permanece aberto. A freqüência de corte é definida pelo período composto pela somatória dos dois tempos. A relação entre o tempo em que o pulso é mantido e a duração de um ciclo completo de operação do interruptor define o ciclo ativo, conforme é ilustrado na Figura 2.30. Figura 2.30 – Ciclo ativo Variando-se a largura do pulso e também o intervalo, de modo a terem-se ciclos ativos diferentes, pode-se controlar a potência média aplicada a uma carga. Assim, quando a 63 largura do pulso varia de zero até o máximo, a potência também varia na mesma proporção, conforme representado na Figura 2.31. Figura 2.31 – Controle da potência pelo ciclo ativo Este princípio é usado justamente no controle PWM: modula-se a largura do pulso de modo a controlar o ciclo ativo da tensão média imposta à carga e conseqüentemente a potência aplicada a ela. Na prática, o interruptor é um componente de estado sólido capaz de chavear o circuito de forma rápida como, por exemplo, um IGBT, TBP ou FET. Com a implementação de um oscilador o componente ou dispositivo pode ter seu ciclo ativo controlado numa grande faixa de valores. A obtenção de duração zero ou 100% do pulso é muito difícil pois submeteria a o oscilador a uma parada, embora se pode chegar bem próximo disso. Um exemplo de aplicação é o que se denomina de “simple magnitude PWM”, onde o sinal aplicado à carga determina simplesmente a potência que ela deve receber, pela largura do pulso. No entanto, existe um segundo tipo de controle PWM denominado “Locked antiphase PWM”, que pode incluir na modulação do sinal informações sobre a potência aplicada à carga e o sentido da corrente que deve circular por ela. Este tipo de controle, em especial, é interessante quando se trata de motores elétricos onde o sentido da corrente determina o sentido da rotação ou do torque. 64 O seu princípio de funcionamento é simples de ser entendido. Se os pulsos impostos à carga não oscilarem entre a tensão de 0V e um valor máximo de tensão, mas sim entre uma tensão negativa e uma tensão positiva (-V a +V), o ciclo ativo determina também o sentido de circulação da corrente pela carga. Se, por exemplo, o ciclo ativo for de 50% conforme representado na Figura 2.32, a tensão média na carga, e, portanto a potência, será zero. Figura 2.32 Locked Anti-phase PWM Agora, variando o ciclo ativo para mais e para menos de 50%, ter-se-á uma predominância dos pulsos positivos ou negativos de modo que a tendência da corrente média será de circular em um determinado sentido ou noutro, de acordo com a mesma Figura 2.32. Portanto, conforme o ciclo ativo do sinal aplicado, neste tipo de circuito, a corrente na carga irá variar entre menos 100% e mais 100%, em função do ciclo ativo do sinal aplicado. 2.8.1 PWM SENOIDAL Nesta técnica, os pulsos que controlam as chaves do inversor são gerados a partir da comparação de uma onda portadora triangular de alta freqüência Vp, com a onda senoidal de referência (onda moduladora) Vr, cuja freqüência é a desejada para a tensão de saída do conversor. Os pontos de intersecção entre as ondas portadora e moduladora definem a lógica de disparo dos dispositivos de potência do inversor, de acordo com a Figura 2.33. Quando Vr (onda senoidal de referência) é maior que Vp (triangular), a saída do comparador determina que a chave semicondutora correspondente entre em condução; porém quando Vr é menor que Vp a chave em questão é bloqueada (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). 65 Figura 2.33 – Geração de pulsos de comando do inversor (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Observando-se a Figura 2.33, nota-se que a resultante dos intervalos entre os sucessivos cruzamentos da senóide e a onda de referência triangular definem a largura de cada pulso de comando das duas chaves semicondutoras. Pode-se afirmar que a largura do pulso é praticamente proporcional à ordenada média da senóide em cada intervalo. Quanto maior a freqüência da portadora, mais próxima da forma de onda ideal para esse PWM, uma vez que menor será a variação da amplitude da senóide em cada intervalo e, portanto, a largura de cada pulso será uma função senoidal da posição angular. Em torno da freqüência de chaveamento, considerando um PWM senoidal, surgem na tensão de saída as menores ordens harmônicas. Nos inversores atuais devido ao fato da utilização de IGBT´s obtém-se variações de freqüência em torno de 5 kHz a 20kHz o que naturalmente elimina as componentes harmônicas de baixa ordem otimizando a operação do motor. As harmônicas de ordem elevada da tensão gerada não representam grande problema, já que a própria indutância do motor impede a entrada de suas respectivas correntes. Um outro aspecto importante relativo à caracterização da tensão de saída do inversor é a relação entre as amplitudes das ondas de referência e portadora, denominado índice de modulação. À medida que este índice cresce a partir do zero, as larguras de cada pulso vão aumentando, aumenta-se o valor eficaz de cada onda de tensão gerada. Quando o índice ultrapassa a unidade a amplitude da onda senoidal torna-se maior que a onda triangular, e por não existirem mais chaveamentos nesta região, recortes da onda vão deixando de acontecer (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). A sobre modulação é a denominação atribuída a esta condição de operação em que é permitida a geração de tensões de saída maiores que o valor eficaz e com maior conteúdo 66 harmônico de baixa ordem. Dada à limitada tensão disponível no “link DC”, o recurso da V sobre modulação torna-se necessário, por exemplo, na operação com f constantes, em velocidades maiores. Figura 2.34 - Sobre modulação do PWM Senoidal (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Um inversor VSI-PWM, através de uma malha de realimentação de corrente, pode oferecer uma corrente de saída controlada. As correntes aplicadas ao estator do motor de indução, desde que o inversor opere com elevada freqüência, podem ser ajustadas rapidamente em fase, amplitude e freqüência. 2.8.2 VANTAGENS DO INVERSOR PWM O inversor pode alcançar uma eficiência superior a 90% à velocidade plena e plena carga. Possibilita a partida suave do motor, reversão de rotação além de eliminar a presença de engrenagens para obtenção de variação de velocidade. O inversor pode ser testado e operado sem estar fisicamente conectado ao motor e ainda em algumas aplicações evitar sobrecargas causadas pela aceleração de cargas de alta inércia. Mais de um motor podem ser operados a partir do mesmo inversor e ainda não ser sensível à alteração da combinação dos motores operados, desde que a corrente de carga total não exceda a corrente nominal do inversor (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). Durante a operação de um controle PWM na condição de aberto, corrente alguma circula pelo dispositivo, e quando fechado em teoria apresenta resistência nula e conseqüentemente queda de tensão nula não dissipando potência. Embora na prática isso efetivamente não ocorra, em teoria os controles PWM não dissipam potência alguma consistindo em soluções ideais para aplicações de controle. 67 Na realidade, os dispositivos usados no controle não são capazes de comutar o circuito em um tempo instantâneo, pois requerem certo tempo para mudar de estado e, neste intervalo de tempo, sua resistência eleva-se de um valor muito pequeno até um valor extremamente alto e vice-versa, conforme ilustrado na curva de comutação demonstrada na Figura 2.35. Figura 2.35 Nos intervalos tr e tf o dispositivo gera calor em boa quantidade Nos intervalos de tempo de subida e descida tanto a queda de tensão quanto a de corrente podem gerar uma boa quantidade de calor conforme a carga controlada. O processo de chaveamento em função do tempo de resposta do dispositivo, e principalmente o da freqüência de controle, pode dissipar elevada quantidade de energia em forma de calor. Mesmo com esta restrição em relação a um controle linear equivalente, a potência dissipada em um controle PWM é significativamente menor. Contudo atualmente a implementação de projetos de controle voltada a potências elevadas realiza-se sem necessidade de utilização de grandes dissipadores, pois já são comuns no mercado os transistores de comutação rápidos, FET´s de potência e outros componentes de chaveamento consideravelmente rápidos. Outro problema que pode surgir com relação aos transistores de efeito de campo e bipolares, reside no fato de que quando saturados não se comportam como resistências nulas, proporcionando quedas de tensão que podem atingir alguns volts. Portanto, em especial no caso dos FET’s de potência que são, muitas vezes considerado comutador perfeito, deve-se observar as especificações das resistências de fração de ohm’s entre o dreno e a fonte (rds on) quando saturados, pois na prática podem significar a necessidade de dissipadores bem dimensionados. 68 A baixíssima resistência de um FET de potência quando saturado (resistência entre dreno e fonte no estado on), só é válido para uma excitação realizada com uma tensão relativamente alta. Desta forma os transistores bipolares de potência ou mesmo os IGBT´s, dependendo da aplicação, podem oferecer vantagens mesmo sobre os FET´s de potência. 2.8.3 DESVANTAGENS DO INVERSOR PWM O custo inicial do sistema do inversor é alto. A potência total distribuída para o motor deve ser convertida pelo inversor, isso requer componentes de alta potência dentro do inversor. O inversor possui uma grande quantidade de circuitos sofisticados que requerem técnicos especializados para a manutenção (SIMÃO & ALMEIDA NETO, 2002). 2.9 DISPOSITIVOS PARA CHAVEAMENTO Na Figura 2.36 percebe-se que os tiristores são dispositivos capazes de suportar elevados valores de tensão e corrente, mas não podem operar em freqüências de chaveamento elevadas. Os IGBT´s possuem uma capacidade de suportar maiores tensões e atuar em freqüências maiores que os transistores bipolares de potência e podem também suportar maiores correntes e tensões que os MOSFET´s de potência. Nota-se que a operação segura do IGBT é maior que àquelas compreendidas pelo transistor TBP e os MOSFET´s. Para serem aplicados em sistemas de alta potência, os dispositivos semicondutores devem, durante o chaveamento, além de operar em altas freqüências, serem capazes de atuar diante de elevadas tensões reversas e grandes correntes. Dessa forma, os dispositivos semicondutores, durante o chaveamento, devem possuir baixas perdas de potência. Os transistores bipolares de potência oferecem muitas vantagens, tais como baixas perdas em condução, aplicação de baixas correntes de base no controle de altas correntes de coletor. Porém, quando exigido em relação a correntes altas de base, alta freqüência de chaveamento desvantagens surgem para certas aplicações. Os transistores de efeito de campo, MOSFET´s de potência, também oferecem grandes vantagens quando aplicados em situações que exigem chaveamento realizado em altas freqüências e também no controle de altas potências, pois exigem tensão de disparo. 69 O IGBT atualmente é um componente que se torna cada vez mais recomendado para chaveamento das cargas que exigem alta corrente, pois reúne além da facilidade de acionamento e alta impedância dos MOSFET´s as baixas perdas em condução dos TBP´s. Figura 2.36 – Limites de Operação Com o objetivo de especificar as chaves do inversor, foram pesquisados diversos modelos que estão listados na tabela 2.1. 70 Tabela 2.1: Chaves eletrônicas pesquisadas MODELO FABRICANTE IRF740 International Rectifier IRF830 International Rectifier IRF840 International Rectifier IRFP450 International Rectifier IRFP460 International Rectifier IRFPC50 International Rectifier STW13NB60 IRGP30B60KD STGW20NC60BD IRG4PC50UD ST International Rectifier ST International Rectifier DESCRIÇÃO MOSFET com isolação para 400V e Rds(on) = 0,55 MOSFET com isolação para 500V e Rds(on) = 1,5 MOSFET com isolação para 500V e Rds(on) = 0,85 MOSFET com isolação para 500V e Rds(on) = 0,40 MOSFET com isolação para 500V e Rds(on) = 0,27 MOSFET com isolação para 600V e Rds(on) = 0,60 MOSFET com isolação para 600V e Rds(on) = 0,54 IGBT com isolação para 600V e Vce(on) = 1,95V IGBT com isolação para 600V e Vce(on) = 2,5V IGBT com isolação para 600V e Vce(on) = 1,65V Para a especificação do modelo de chave a ser utilizada no protótipo, foram analisados o critério técnico e a disponibilidade no mercado nacional. O critério técnico leva em consideração a tensão e dissipação térmica nas chaves. Como a tensão no barramento é de aproximadamente 310V, optou-se utilizar chaves com isolação igual ou superior a 500V em função de eventuais spikes de tensão que poderão surgir em decorrência do chaveamento em alta freqüência sobre o motor, que apresenta um comportamento indutivo em função do enrolamento do estator, podendo ocasionar a ruptura da isolação das chaves. Sendo assim, a chave IRF740, a princípio, está descartada. 71 Ela pode ser utilizada somente nos testes finais (capítulo 3) caso fique evidenciado, através de equipamentos de medição, que não haja tensão maior que 400V sobre as mesmas. Os IGBT’s foram pesquisados unicamente pela característica de apresentarem isolação alta (acima de 600V). No MOSFET, a dissipação térmica está em função da resistência de condução, Rds(on), ou seja, é proporcional ao quadrado da corrente eficaz. No IGBT está em função da freqüência de comutação e da tensão de junção, Vce(on), portanto, é proporcional a corrente média que circula pela chave. A especificação quanto à dissipação térmica será analisada quantitativamente no capítulo 3. A questão disponibilidade leva em consideração a facilidade em conseguir as chaves no mercado nacional. Neste item, os modelos IRFP450, IRFPC50, STW13NB60 e STGW20NC60BD estão descartados. A escolha entre os modelos IRF830, IRF840, IRFP460, IRGP30B60KD será definida no capítulo 3. 2.10 PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS - DSP A evolução das tecnologias de eletrônica permitiu a popularização de ferramentas utilizadas para sistemas de controle digitais. Uma dessas ferramentas é o processador digital de sinais. Os Processadores Digitais de Sinais, ou DSP (do inglês Digital Signal Processors), são microprocessadores especificamente projetados para executar em tempo real algoritmos de processamento digital de sinais que exigem tarefas numéricas intensivas e repetitivas. Características como arquitetura avançada, processamento paralelo e em pipeline e instruções dedicadas a processamento digital permitem que esses dispositivos executem milhões de operações por segundo (TEXAS INSTRUMENTS, 1987). Para implementar o controle digital no projeto, foi escolhido o DSP MC56F8013, fabricado pela Freescale Semicontuctors. Esse chip reúne algumas características procuradas para a aplicação do conversor, que serão descritas nesta seção. 72 2.10.1 DSP – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS As partes integrantes de qualquer computador, e que também estão presentes nos DSP’s são: • Unidade Central de Processamento (CPU); • Sistema de clock para dar seqüência às atividades da CPU; • Memória para armazenamento de instruções e para manipulação de dados; • Entradas para interiorizar na CPU informações do mundo externo; • Saídas para exteriorizar informações processadas pela CPU para o mundo externo; • Programa (software) para que o sistema faça alguma coisa útil. A arquitetura dos DSP´s é projetada e otimizada para realizar operações de multiplicação e acumulação simultâneas em um único ciclo de clock (instrução MAC). Essa instrução é a operação fundamental do DSP, pois ela possibilita o processamento de algoritmos matemáticos com alta velocidade. Assume-se, como requisito mínimo, que um controlador ou processador só pode ser um DSP se a sua micro arquitetura implementar por hardware operações MAC (RODRIGUES & SOUZA Jr., 2005). A Figura 2.37 mostra a implementação de um filtro digital utilizando a instrução MAC: Figura 2.37 – Instrução MAC aplicada ao cálculo de um filtro digital (FREESCALE, 2006a) 73 Estão entre outras características de arquitetura que conferem ao DSP alta performance as seguintes: • Sua Unidade Lógico-Aritmética (ULA) dentro da CPU possui um circuito multiplicador-acumulador que possibilita a MAC. • O barramento da memória de dados é separado do barramento da memória de instruções do programa (Arquitetura Harvard), permitindo que a CPU acesse as duas simultaneamente. • Disponibilidade de circuitos de acesso direto à memória (DMA, Direct Memory Access), que permitem os sistemas periféricos acessarem a memória sem utilizar a CPU. • Modos de endereçamento específicos para registradores circulares e pilhas, endereçamentos paralelos e utilização de ponteiros pré ou pós-incrementáveis. • Loops de hardware que permitem repetição de instruções sem necessidade de uma instrução de retorno. • Possui um sofisticado controle do fluxo do programa, que inclui processamento de interrupções, manejo de pilhas e controle de loop de hardware (FREESCALE, 2006b). 2.10.2 APRESENTAÇÃO DO FREESCALE DSP56F8013 O MC56F8013 é um chip que pertence à família de Controladores Digitais de Sinais (DSC’s) de 16 bits com núcleos 56800/E. Ele combina, num único chip, o poder de processamento de um DSP e a funcionalidade de um microcontrolador com um flexível conjunto de periféricos e facilidade de programação. Devido ao seu baixo custo, flexibilidade de configuração e código de programa compacto, o MC56F8013 é apropriado para várias aplicações, incluindo controle industrial, controle de motores, inversores, gerenciamento de energia e equipamentos médicos (FREESCALE, 2006b). 2.10.3 VISÃO GERAL DO NÚCLEO 56800/E Entre as características que o núcleo 56800E presente no MC56F8013 oferece podese citar: • Processador de 16-bits com arquitetura Harvard; 74 • Até 32 milhões de instruções por segundo (MIPS) operando em freqüência de 32MHz (para o MC56F8013); • Suporte para linguagens de alto nível: a maioria das aplicações pode ser escrita em linguagem C. • Um circuito multiplicador-acumulador (MAC) 16x16 bits em um único ciclo; • Quatro acumuladores de 36 bits cada um; • Oito estágios de pipeline, que aumentam o desempenho de processamento; • Buffer circular; • Alto nível de paralelismo: memória, unidade de execução e periféricos opera independentemente e em paralelo. • Hardware looping, entre outros. 2.10.4 PERIFÉRICOS Os principais periféricos disponíveis no MC56F8013 são (FREESCALE, 2006c): • Um módulo de PWM que opera a até 96MHz com 6 canais e 4 entradas para proteção de Fault; • Um módulo com 6 entradas de ADC de 12-bits de resolução e clock máximo de 5,33MHz; • Quatro módulos timeres de uso geral com 16 bits cada; • Uma Interface de comunicação serial assíncrona; • Até 26 portas I/O que podem ser programadas como entrada ou saída; • Oscilador interno e um Sistema Gerador de Clock. A arquitetura de sistema engloba todos os elementos integrados no chip do controlador, incluindo o núcleo, memórias, periféricos e barramentos necessários para conectá-los. 2.10.5 MEMÓRIA Esse dispositivo possui: • Arquitetura Harvard que permite até 3 acessos simultâneos aos barramentos de memória e de dados; • 16KB de memória Flash de programa; • 4KB de memória RAM de dados e programa. 75 2.10.6 ENCAPSULAMENTO E PINAGEM O encapsulamento do MC56F8013 é do tipo LQFP (low-profile quad flat pack) com 32 pinos. A pinagem do dispositivo pode ser vista na Figura 2.38. Figura 2.38 – Encapsulamento e pinagem do DSP56F8013 (FREESCALE, 2006b). 2.10.7 PROGRAMAÇÃO DO MC56F8013 A Freescale™ disponibiliza um ambiente de desenvolvimento para programação, simulação, depuração e gravação de projetos que utilizem o MC56F8013 denominado Codewarrior®. Tal ambiente foi criado pela Metrowerks®, empresa associada à Freescale™. Dentro desse ambiente de desenvolvimento, a programação pode ser feita em linguagem assembly, contando com o set de instruções do MC56F8013, ou em linguagem C, já que Codewarrior® possui um compilador dessa linguagem (RODRIGUES & SOUZA Jr., 2005). A vantagem de se utilizar o DSP MC56F8013 para a implementação do protótipo reside no fato de que, ao contrário dos microcontroladores convencionais, este é otimizado a efetuar cálculos e processamento de sinais em alta precisão e velocidade. 76 Isto se torna imprescindível em um sistema de controle em malha fechada, que caberá aos trabalhos futuros. Além do mais, sua arquitetura é destinada a comando de inversores trifásicos em função de apresentar seis saídas de PWM e um sistema de proteção que desliga automaticamente as saídas PWM quando é detectada uma situação de falta. Há um set específico de instruções, intrínseca no DSP, que é destinado a controle de motores. O uso de controlador digital, frente ao analógico, é vantajoso no que diz respeito à flexibilidade, pois as alterações são facilmente implementadas através do software. Além do mais, o controlador digital é menos suscetível a temperatura, ruídos e tolerância dos componentes, além do fato de demandar menos componentes na placa. 2.11 DRIVER O driver é um circuito de interface, constituído principalmente de transistores e opto acopladores (caso seja isolado), cuja principal função é adequar nível de tensão e corrente para proporcionar o chaveamento do MOSFET ou IGBT a partir de um nível lógico gerado por um DSP, micro controlador ou outro dispositivo. Na Figura 2.39 está representado, de maneira ilustrativa, a aplicação do driver. FIGURA 2.39 – Aplicação do driver A ascensão da eletrônica de potência trouxe consigo uma infinidade de componentes para as mais diversas aplicações. Entre estes componentes, diversos fabricantes desenvolveram drivers nos mais variados modelos e tecnologias. Portanto, pode-se encontrar drivers específicos para cada necessidade. Para a implementação do protótipo, foram pesquisados diversos drivers que estão listados na tabela 2.2 com as respectivas características. 77 Tabela 2.2: Drivers pesquisados MODELO FABRICANTE DESCRIÇÃO Aplicação em braços do tipo Half-Bridge com L6388 ST diodo de bootstrap incorporado, 600V de isolação, proteção contra sub-tensão, cruzamento de chaves e dead-time ajustável. HCPL0302 Avago Technologies Driver de um canal isolado através de opto- acoplador interno que garante isolação de até 566V. Driver de um canal isolado através de opto- HCPL316J Avago acoplador interno que garante isolação de até Technologies 1200V. Possui proteção contra sub-tensão e proteção de falta. IR2112 IR2130 IR2133 International Rectifier International Rectifier International Rectifier Aplicação em braços do tipo Half-Bridge, 600V de isolação, proteção contra sub-tensão e cruzamento de chaves. Aplicação em inversores trifásicos, 600V de isolação, proteção contra sub-tensão, cruzamento de chaves e falta. Aplicação em inversores trifásicos, 1200V de isolação, proteção contra sub-tensão, cruzamento de chaves e falta. Os drivers L6388 e IR2112 foram descartados em função da necessidade de se utilizar três componentes para acionar os três braços do inversor, demandando mais espaço na placa de circuito impresso. Os modelos HCPL316J e IR2133 são economicamente inviáveis para a implementação do protótipo. O HCPL0302 apresenta o inconveniente de ser excitado através de corrente, necessitando de um amplificador de corrente externo. Sendo assim, o driver 2130 apresenta o melhor custo x benefício entre todos os drivers listados. 78 O IR2130, produzido pela International Rectifier, é um circuito integrado não isolado que agrupa seis drivers (três independentes e três referenciados ao GND), destinado a inversor trifásico. Contempla dispositivos de proteção de falta, sub-tensão e cruzamento de chaves. Desvantagens: não é isolado, não tem tensão negativa nem proteção individual para cada chave. Em função das saídas serem independentes, dispensa-se o uso de fontes isoladas devido à possibilidade de se utilizar circuito de boot_strap. Na figura 2.40 é apresentado o diagrama de funcionamento do driver IR2130. Figura 2.40: Diagrama do driver IR2130 79 2.12 SIMULAÇÃO Com o objetivo de obter, previamente, o comportamento dinâmico do circuito do inversor, foi utilizado o software Pspice Designer Manager versão 9.2 para a simulação. Figura 2.41: Circuito simulado no software 80 O processo de modulação em PWM foi obtido através de amplificadores operacionais na configuração comparadora. Estes amplificadores recebem um sinal dente-deserra em 24kHz na porta inversora e um sinal senoidal na porta não-inversora que representa a tensão, freqüência e fase de referência. Os sinais complementares são obtidos através de um par de fontes de tensão dependentes para cada amplificador operacional, sendo que uma delas inverte a lógica. O tempo morto, para evitar o cruzamento das chaves, foi obtido através de um circuito RC (1k e 470pF). O inversor trifásico foi implementado através de seis chaves, com a designação Sbreak, que representam um modelo ideal. Cada chave possui um diodo de roda livre para simular o diodo intrínseco das chaves reais. O motor foi representado por um circuito RL trifásico conectado em delta. Apesar do circuito de comando utilizado na simulação ser analógico, não impede que o modelo seja válido para o processador digital de sinais, pois este fornece os sinais de PWM através de uma tabela com diversos valores para a razão cíclica que representa a função seno discretizada. Portanto, há uma semelhança entre os sinais obtidos na saída do amplificador operacional e os sinais produzidos pelo DSP. Nas figuras 2.41 e 2.42, estão representados respectivamente o circuito simulado no software e as formas de onda de correntes e tensão de linha. Na figura 2.43 estão às formas de ondas complementares de PWM, responsáveis pelo comando de um dos braços. 81 Figura 2.42: Correntes e tensão de linha obtida na simulação Figura 2.43: Formas do sinal de PWM complementares 82 2.13 CONCLUSÕES Neste capítulo foi realizado um estudo sobre acionamento e controle de velocidade de motores de indução trifásicos, em que se mostraram definições, modelagem matemática, modulação PWM, dispositivos para chaveamento e principalmente as formas de acionamento e controle de velocidade dos motores de indução trifásica. A ênfase foi dispensada com relação aos inversores de tensão, referente aos quais se apresentam as principais vantagens além das características das principais topologias utilizadas com forma de onda retangular na saída. Pelo fato de ser uma das estruturas mais empregadas na indústria, normalmente aplicados em altas potências, um eficiente meio de se obter tensões trifásicas com freqüência controlável e mais especificamente pelo melhor aproveitamento das chaves semicondutoras além da forma de onda da tensão de saída não ser afetada pela natureza da carga, é que se adotou a topologia do inversor de tensão tipo de operação 180º. Para acionamento dos MOSFET´s, pelo fato de agrupar as funções de proteção de falta, sub-tensão e cruzamento de chaves em um único encapsulamento, além de disponibilidade no mercado, ótima relação custo x benefício e baixo número de componentes externos, o circuito integrado IR2130 foi escolhido para a implementação do protótipo. O driver IR2130, produzido pela International Rectifier, é um circuito integrado não isolado que agrupa seis driver’s (três independentes e três referenciados ao GND), destinado a inversor trifásico. Em função das saídas serem independentes, dispensa-se o uso de fontes isoladas devido à possibilidade de se utilizar circuito de boot_strap. Com relação ao processador, foi escolhido para a implementação do protótipo o DSP MC56F8013, produzido pela Freescale Semiconductors, por razões comerciais tais como: baixo custo e disponibilidade; somado as vantagens técnicas: seis saídas de PWM independentes (uma para cada chave do inversor), fault mapeado para desabilitar os sinais de PWM automaticamente caso algum problema seja detectado, possibilidade de utilizar compilador em linguagem C e sets de instruções intrínsecas destinadas a controle de motor de indução. Para realizar o chaveamento no estágio de potência foi escolhido o MOSFET IRFP460 em função da sua grande capacidade de condução de corrente, tensão máxima de 500V e disponibilidade no mercado. Por fim foram feitas simulações do inversor de tensão aplicado ao acionamento e controle de velocidade escalar do motor de indução trifásico com a ajuda de um programa de simulação de circuitos. Os resultados obtidos foram julgados satisfatórios, de modo que o próximo passo a ser tomado é a implementação real do inversor de tensão proposto. 83 CAPÍTULO 3 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL 3.1 INTRODUÇÃO Este capítulo apresenta o estudo desenvolvido durante o projeto do conversor CC-CA trifásico para acionamento e controle escalar de um motor de indução trifásico utilizando um DSP. Este estudo é segmentado em etapas, e a primeira delas é a concepção de um circuito que atenda a todas as especificações de funcionamento propostas. A penúltima etapa envolve a montagem do protótipo, e por fim a última etapa composta dos ensaios de desempenho realizados no protótipo, seguida da avaliação dos resultados obtidos. 3.2 DIAGRAMA DE BLOCOS DO CIRCUITO A elaboração do circuito do protótipo far-se-á a partir do diagrama em blocos mostrado na Figura 3.1: Figura 3.1: Diagrama em blocos do conversor CC-CA trifásico. O protótipo será alimentado com uma tensão alternada 220 V / 60 Hz monofásica ou bifásica sendo posteriormente convertida em tensão CC através do conversor CA-CC. Esta tensão será monitorada através do DSP que, juntamente com a velocidade de referência, ajustará a freqüência e tensão alternada (controle escalar) para que a velocidade do motor seja 84 a imagem da velocidade de referência. Em função de o controle ser em malha aberta, eventuais erros em virtude do escorregamento serão tolerados. O reostato será acionado caso a tensão do barramento ultrapasse certo valor limite previamente estabelecido que será monitorado pelo DSP. Esta elevação de tensão ocorre quando o motor atuar como no modo de frenagem (gerador). 3.3 CIRCUITOS 3.3.1 DSP – BLOCO DE CONTROLE DIGITAL E LÓGICA DE COMANDO Figura 3.2: Esquema da pinagem do DSP. Este bloco, representado na figura 3.2, compreende o DSP 56F8013 que, através da lógica implantada, é responsável pelo processamento e monitoração do sistema. Os processamentos e monitorações efetuados pelo DSP são: • aplicação do controle escalar e geração dos sinais de PWM para inversor trifásico tipo 180º; • monitoração da tensão e corrente do barramento CC; • lógica para ativação e desenvolvimento das rampas de subida e descida, bem como a inversão no sentido de giro do motor; • lógica para efetuar a interface HM (homem-máquina). Os sinais de saída e entrada estão mostrados nas tabelas 3.1 e 3.2 respectivamente. 85 Tabela 3.1: Sinais de saída do DSP PERÍODODE ATUALIZAÇÃO /FREQÜÊNCIA NOME TIPO DE SINAL FUNÇÃO PWMH01 PWMH02 PWMH03 DIGITAL SINAL DE PWM PARA CHAVES SUPERIORES COMANDO DAS PWML01 PWML02 PWML03 DIGITAL SINAL DE PWM PARA CHAVES INFERIORES COMANDO DAS 5 kHz 5 kHz IOB0 IOB1 IOB2 IOB3 DIGITAL IOB4 IOB5 SINAIS PARA INTERFACE VISUAL (INTERFACE HOMEM-MÁQUINA) 16,66 ms RLR COMANDO DO RELÉ PARA ACIONAMENTO DO REOSTATO EXTERNO 16,66 ms DIGITAL Tabela 3.2 – Sinais de entrada no DSP PERÍODO DE ATUALIZAÇÃO/ AMOSTRAGEM NOME TIPO DE SINAL FUNÇÃO SHLD DIGITAL CHAVE PARA INVERSOR SHED DIGITAL CHAVE PARA INVERTER O SENTIDO DE ROTAÇÃO DO MOTOR FAULT DIGITAL SINAL EXTERNO PROVENIENTE DO DRIVER GERA QUE INDICA CURTO (FALTA) INTERRUPÇÃO AMIBUS ANALÓGICO SINAL DE AMOSTRA DA CORRENTE DO BARRAMENTO CC 521us AMPOT ANALÓGICO SINAL DE AMOSTRA DA TENSÃO DO POTENCIÔMETRO QUE CARACTERIZA A VELOCIDADE DE REFERÊNCIA 521us AMVBUS ANALÓGICO SINAL DE AMOSTRA BARRAMENTO CC 521us A, B DIGITAL SINAIS DE ROTATIVO LIGAR OU DESLIGAR DA ENTRADA TENSÃO DO DO ENCODER TCK TDO DIGITAL TMS TDI SINAIS DO JTAG, NECESSÁRIOS GRAVAR O FIRMWARE NO DSP RESET SINAL PARA INICIAR O DSP DIGITAL O PARA 16,66ms 16,66ms NÃO IMPLEMENTADO 9800 bps GERA INTERRUPÇÃO 86 3.3.2 DRIVER IR2130 Figura 3.3 – Esquema da pinagem do IR2130. O driver IR2130, representado no bloco da figura 3.3, tem por finalidade fazer a interface entre a etapa de potência e a etapa de comando (DSP), adaptando os níveis de tensão e corrente para o acionamento das chaves. Por se tratar de sinais complementares (conversor meia ponte), o driver emprega um tempo morto (deadtime) de 1,5us, para evitar o cruzamento entre as chaves superiores e inferiores. Apresenta um amplificador operacional interno para amplificação do sinal da corrente de barramento, adquirida através da queda de tensão no resistor shunt. Possui, também, um dispositivo de proteção que desliga as chaves caso a tensão sobre o resistor shunt exceda 0,5V (corrente de curto-circuito ou sobrecarga). Os sinais de entrada e saídas estão relatados nas tabelas 3.3 e 3.4 respectivamente: Tabela 3.3: Entradas do driver IR2130 NOME +15V GND VS0 PWMH01, PWMH02, PWMH03 PWML01, PWML02, PWML03 ITRIP VD1, VD2 E VD3 FUNÇÃO Tensão de alimentação. Nível de referência da tensão de alimentação. Nível de referência para as chaves inferiores e entrada da porta não-inversora do amplificador operacional. Sinais de PWM para acionamento das chaves superiores provenientes do DSP. Sinais de PWM para acionamento das chaves inferiores provenientes do DSP. Sinal proveniente da queda de tensão sobre o resistor shunt, responsável pelo desligamento das chaves caso exceda 0,5V. Tensão para acionamento das chaves superiores, proveniente do circuito de boot_strap. 87 Tabela 3.4: Saídas do driver IR2130 NOME H01, H02 e H03 VS1, VS2 E VS3 L01, L02 E L03 CACA0 PROT FUNÇÃO Sinais de PWM aplicado às chaves superiores. Nível de referência para as chaves superiores. Sinais de PWM aplicado às chaves inferiores. Permite a ligação de resistor para ajustar o ganho do amplificador operacional. Saída do amplificador operacional. Nível lógico que indica situação de curto-circuito. 3.3.3 ESTÁGIO DE POTÊNCIA Figura 3.4: Estágio de Potência. Na figura 3.4 estão representados os conjuntos com os três braços do conversor na configuração meia ponte ( Half Bridge ) responsáveis pelo fornecimento da tensão trifásica. O fusível F1 é responsável pela proteção de retaguarda, ou seja, caso a lógica do driver não detecte a falta (curto) este fusível irá romper, protegendo as trilhas do protótipo. Estão representados nas trilhas de comando: • diodos zener’s: Limita a tensão de gate em 18V, evitando que as chaves sejam danificadas por sobretensão 88 • resistores de pull-down (10k ): Evita que o gate esteja flutuando no momento em que o barramento CC é energizado. • resistores de gate (47 ) Tem por objetivo limitar a corrente do driver e controlar o tempo de fechamento das chaves; • resistores de gate (10 ) Tem por objetivo controlar o tempo de desligamento das chaves; • diodos 1N4148: Promover a seletividade dos resistores de gate. Os capacitores de 22nF têm por função o desacoplamento da indutância parasita da trilha do barramento CC. 3.3.4 ACIONAMENTO DO REOSTATO Figura 3.5: Acionamento Reostato. Tem por objetivo, através do comando do circuito para acionamento do relé, transferir a potência do motor para o reostato, evitando a sobretensão no barramento quando o motor encontrar-se em estado de frenagem. 89 3.3.5 ALIMENTAÇÃO DA ETAPA LÓGICA Figura 3.6: Alimentação da etapa lógica. Os capacitores C10 e C20 compõe o circuito de filtragem da tensão de alimentação do DSP. O C20 é responsável pela filtragem da ondulação em baixa freqüência, em contrapartida, o C10 é responsável pela atenuação e desacoplamento uma vez que sua resposta em alta freqüência é maior que o capacitor eletrolítico. O circuito responsável pela alimentação do conversor analógico digital intrínseco ao DSP. Os resistores R37 e R28 têm por finalidade promover a barreira de isolação. Esta barreira de isolação é importante para desvincular as resistências das trilhas, pois o resistor de 1Ω apresenta resistência maior que das trilhas, ou seja, o fluxo de corrente será mais intenso pelas trilhas (exclusivo), evitando que haja ondulação na entrada de alimentação do circuito AD. O capacitor C3 é recomendado pelo fabricante do driver IR2130 através do respectivo datasheet. 90 3.3.6 CIRCUITO DE INICIALIZAÇÃO DO DSP Figura 3.7: Circuito de inicialização do DSP. O capacitor C7 e o resistor R17 são responsáveis pela constante de tempo necessária para inicialização do DSP através do Reset. O capacitor C18 é o capacitor necessário ao funcionamento do DSP, segundo o Datasheet MC56F8013 rev0 3/2005 da FREESCALE. 3.3.7 CIRCUITO PULL-UP DO DRIVER Figura 3.8: Pull Up do Driver. Este circuito tem por objetivo evitar a flutuação na entrada do driver IR2130, uma vez que a lógica do mesmo é invertida. Dessa forma, é garantido que as chaves estejam desligadas no instante de inicialização do DSP. Caso contrário poderá ocorrer à condução indesejada das chaves durante a inicialização, vindo a danificar o conversor. 91 3.3.8 CIRCUITO DE GANHO Figura 3.9: Circuito de Ganho. Circuito responsável pela determinação do ganho da amostra de corrente através do Ampop interno do driver IR2130. Os resistores R3 e R2 são responsáveis pelo ganho enquanto que R4 e Z1 limitam a tensão máxima em 3,3 V. A queda de tensão em R4, em condições normais torna-se desprezível, uma vez que a corrente drenada pelo conversor AD é praticamente nula. 3.3.9 CIRCUITO DE BOOT_STRAP Figura 3.10: Circuito de Boot_Strap. Tem por finalidade adaptar a referência de tensão para as chaves superiores dos braços de cada conversor meia ponte, pois as referências dessas chaves estão flutuando. 92 Os resistores R30, R29 e R27 limitam picos de corrente sobre os diodos e capacitores quando em processo de carga dos capacitores que fornecem energia para os módulos do driver responsáveis pela ativação das chaves superiores. Os diodos D7, D8 e D9 bloqueiam a tensão reversa que surge no instante em que as chaves inferiores (referenciadas ao GND) entram em corte. Os capacitores eletrolíticos armazenam a tensão necessária para o acionamento dos módulos dos driver’s superiores, enquanto que os capacitores de multicamada (220nF) são responsáveis pelo desacoplamento. 3.3.10 CIRCUITO DE ACOPLAMENTO DO SINAL DE FAULT ENTRE O DRIVER E O DSP Figura 3.11: Circuito de Acoplamento. Tem por finalidade adaptar o nível de tensão e inverter a lógica do sinal de proteção de falta proveniente do IR2130, pois o driver é alimentado com 15V enquanto que a tensão máxima no pino do DSP é de 3,3 V. O capacitor C17, além de eliminar ruído, promove uma constante de tempo junto com o resistor R38 que garante a real ativação, ao invés da falsa ativação provocada por ruídos. O resistor R5 por sua vez garante que o transistor não fique sensibilizado na presença de ruídos. 93 3.3.11 FILTRO E GRAMPEADOR DAS AMOSTRAS DE CORRENTE E TENSÃO Figura 3.12: Filtro e Grampeador. Os diodos são responsáveis pelo grampeamento da tensão de amostra entre 0V e 3,3 V, enquanto que os capacitores atenuam os ruídos. 3.3.12 CIRCUITO PARA ACIONAMENTO DO RELÉ Figura 3.13: Acionamento do Relé Este circuito através do sinal proveniente do DSP fará a saturação do transistor Q1 com o objetivo de excitar a bobina do relé. O resistor R25 tem por finalidade evitar a flutuação da base do transistor no instante inicial da energização do conversor. O resistor R1 é responsável pela limitação da corrente de base do transistor Q1. 94 3.3.13 CIRCUITO CONVERSOR CA-CC Figura 3.14: Circuito Conversor CA-CC Os diodos D15, D16, D17, D18 e o capacitor C24 tem por objetivo converter a tensão alternada da rede para uma tensão CC que alimentará o inversor. O NTC1 tem por finalidade limitar a corrente de pico no instante de ligamento, evitando que os diodos retificadores D15, D16, D17 e D18 sejam danificados. O capacitor C24 serve como filtro atenuando a ondulação de tensão e mantendo o nível CC do barramento praticamente constante. 3.3.14 CIRCUITO PARA RECEPÇÃO DAS AMOSTRAS Figura 3.15: Circuito para Recepção de Amostras 95 O divisor resistivo formado pelos resistores R44, R45 e R46 tem por finalidade a amostra de tensão do barramento para o DSP. O resistor R52 tem por objetivo promover, através da queda de tensão, a imagem da corrente do barramento para o amplificador operacional do driver que por sua vez amplifica o sinal para o DSP. O divisor resistivo formado pelos resistores R50 e R51 tem por finalidade a atuação do fault do driver. 3.3.15 FONTE AUXILIAR CC Figura 3.16: Fonte Auxiliar A fonte auxiliar, apresentada na figura 3.16, tem por objetivo suprir tensão para o adequado funcionamento dos dispositivos de lógica, comando e ventilador. É constituída de um transformador abaixador de tensão (externo à placa), retificador de onda completa, filtros capacitivos e reguladores de tensão em cascata. 3.3.16 CIRCUITO PARA ENCODER Figura 3.17: Encoder O circuito mostrado na figura 3.17 tem por objetivo promover a conexão e interface para encoder, necessário para a realimentação da malha de controle da velocidade. Os diodos zenner’s limitam a tensão em 3,3V, pois o nível de tensão para o funcionamento do encoder é superior ao tolerado pelo DSP. Os resistores limitam a corrente sobre os diodos zenner’s. Apesar de previsto na placa, o circuito não foi implementado. 96 3.3.17 CIRCUITO PARA ACIONAMENTO DO VENTILADOR Figura 3.18: Acionamento do Ventilador O circuito, mostrado na figura 3.18 propicia o acionamento do ventilador a partir da condução do transistor. O transistor é saturado no momento em que uma corrente de base, proveniente da chave liga/desliga (no painel do equipamento), é imposta. O resistor R39 limita a corrente de base enquanto que o resistor R40 promove uma queda de tensão para que a tensão de 15V seja atenuada em aproximadamente 12V sobre o ventilador, aumentando a vida útil do mesmo. O diodo D13 é o diodo de roda livre. 97 3.4 MEMÓRIA DE CÁLCULO 3.4.1CONVERSOR CA-CC Este conversor tem por objetivo converter a tensão alternada da rede elétrica para uma tensão contínua através dos diodos retificadores. O capacitor de filtragem tem por objetivo atenuar a ondulação da tensão do barramento CC que será entregue ao inversor. Parâmetros de projeto: Fin = 60 Hz Vin = 220V Pout = 460W N = 90% Pin = 511W Ondulação = 10% 3.4.1.1 DETERMINAÇÃO DO FILTRO CAPACITIVO A especificação do capacitor de filtragem é obtida através da expressão 3.1: Cf = Pin [F] 2 fin × (Vdc 2pk − Vdc mín ) (3.1) Sendo: Cf : Grandeza do capacitor de filtragem (F) Pin : Potência de entrada (W) f in : Freqüência da rede de alimentação (Hz) Vdc pk : Tensão de pico no barramento CC (V) Vdc min : Tensão mínima no barramento CC (V) V pk = 2 × Vin Vdc min = V pk × 2 × 220 ∴V pk = 311V 100 − ∆V(%) 100 311 × 100 − 10) ∴Vdc min ≅ 280V 100 98 Substituindo na expressão 3.1: Cf = 511 ∴ C f = 465uF 60 × (3112 − 280 2 ) Adotando-se um valor comercial: Cf = 470uF O capacitor deve suportar uma tensão igual ou superior a 311V. Por se tratar de um dispositivo para controle de velocidade de motor de indução, poderá haver uma elevação na tensão do barramento durante a frenagem do motor. Por este motivo, adotou-se um valor comercial de 450V. Cf = 470uF/450V 3.4.1.2 DETERMINAÇÃO DOS DIODOS DE RETIFICAÇÃO É utilizada a topologia em ponte completa para o processo de retificação da tensão da rede elétrica. O primeiro passo para a especificação dos diodos é a determinação do tempo de condução. Este tempo é obtido através da expressão 3.2: tc = Vdc min arccos( ) Vdc pk (2 × π × fin) [s] (3.2) Sendo: tc : Tempo de condução dos diodos (s) Vdcmin : Tensão mínima no barramento CC (V) Vdc pk : Tensão de pico no barramento CC (V) f in : Freqüência da rede de alimentação (Hz) Substituindo os valores: 99 tc = ( arccos 280 ) 311 ∴ t = 1,12ms c (2 ⋅ π ⋅ 60) O próximo passo é a determinação da corrente de pico que passará através dos diodos. Esta corrente é obtida através da expressão 3.3: Id pk = Cf × (Vdc pk − Vdc mín ) tc [A] (3.3) Sendo: Id pk : Corrente de pico nos diodos (A) tc : Tempo de condução dos diodos (s) Vdcmin : Tensão mínima no barramento CC (V) Vdc pk : Tensão de pico no barramento CC (V) C f : Capacitor de Filtro (µF) Substituindo os valores: Id pk = 470 x10 −6 × (311 − 280 ) ∴ Id pk = 13 A 1,12ms A corrente média é obtida através da expressão 3.4: Id med = Pin 2 × Vdc min [A] (3.4) 100 Sendo: Id med : Corrente média nos diodos (A) Vdcmin : Tensão mínima no barramento CC (V) Pin : Potência de Entrada (W) Empregando os valores de projeto: Id med = 511 ∴ Id med = 0,91A 2 × 280 A tensão reversa dos diodos deverá suportar a tensão de pico da rede e do barramento CC. Estipula-se um valor mínimo de 500V em função do aumento de tensão provocado pelo processo de frenagem do motor. Adotando-se diodos 1N5408 por suportar as grandezas determinadas. A determinação do resistor para limitar a corrente de rush ( I rush ) pode ser obtido através da expressão 3.5: R rush ≥ V pk Irush [ ] (3.5) max Sendo: V pk : Tensão de pico da rede de alimentação(V) Irushmax : Máxima corrente de rush suportado pelo diodo (A) Rrush : Resistor para limitar I rush ( ) O diodo 1N5408 suporta uma corrente de rush máxima na ordem 200A. Especifica-se Irushmax = 35A para garantir uma margem de folga. 101 Substituindo os valores: Rrush ≥ 311 ∴Rrush ≥8, 9Ω 35 Adotando-se valor comercial de 10 e tecnologia NTC para evitar perdas em regime permanente. 3.4.2 CONVERSOR CC-CA TRIFÁSICO 3.4.2.1 DIMENSIONAMENTO DAS CHAVES O conversor CC-CA trifásico ou inversor trifásico é constituído de três inversores meia ponte, tendo ao total de seis chaves. Os esforços das chaves estão em função da tensão de barramento e da corrente eficaz que circula por cada uma. A magnitude da corrente de linha em plena carga é: I lef = Pout 3 × V × n × cos φ = 368 3 × 220 × 0,8 × 0,8 = 1,51A Através da expressão 3.6, segundo (BARBI & MARTINS, 2005), é determinada a corrente eficaz por chave: I Sef = I lef (3.6) 2 Sendo: I lef : Corrente eficaz de linha ou fase (A) I Sef : Corrente eficaz por chave (A) I Sef = I lef 2 = 1,51 2 = 1,07 A A máxima tensão permitida no barramento é de 400V. Chave utilizada: IRFP460 102 3.4.2.2 DIMENSIONAMENTO DOS RESISTORES DE GATE Os resistores de gate tem por finalidade limitar a corrente de carga das capacitâncias parasitas dos MOSFET’s e promover o tempo de corte e condução das chaves, evitando dV/dt elevado. Os tempos de corte e condução são expressos através da expressão 3.7; t f = t r = 2,2 × R g × C iss (3.7) Sendo: t f = Tempo da rampa de condução (s) t r = Tempo da rampa de corte (s) Rg = Resistor de gate ( ) Ciss = Capacitância intrínseca da chave (F) Através do datasheet do IRFP460, obtemos Ciss = 4200pF O tempo de corte desejado é de 430ns, pois é um tempo suficiente para que a capacitância da chave complementar descarregue. 430 × 10 −9 = 2,2 × R g × 4200 × 10 −12 ∴ R g = 46,54Ω Resistor de gate (condução): 47 Entretanto, deseja-se que o tempo de desligamento da chave corte, seja o mais rápido possível. Para tanto, estima-se em torno de 100ns para evitar dV/dt elevado. 100 × 10 −9 = 2,2 × R g × 4200 × 10 −12 ∴ R g = 10,82Ω Resistor de gate (corte): 10 103 Para promover os tempos distintos, fez-se necessário a introdução de um diodo conforme a figura 3.19. Figura 3.19: Resistores de gate e diodo 3.4.2.3 CIRCUITO DE BOOT_STRAP Dimensionar o circuito de boot_strap consiste em determinar os capacitores e diodos do circuito. O método foi seguido conforme design tips, DT04-4 ver A, de autoria do próprio fabricante do driver. Este método consiste da seguinte expressão 3.8: Qbs = 2 × Qg + I qbs fs + I dgs fs + I rpd fs (3.8) Sendo: Qbs : Carga elétrica solicitada do circuito de boot_strap (C); Qg : Carga elétrica necessária ao gate da chave (C) – datasheet da chave; I qbs : Corrente quiescente solicitada pelo driver (A) – datasheet do driver; I ebs : Corrente de dispersão entre gate e source (A) – datasheet da chave; I rpd : Corrente do resistor de pull-down (A); f s : Freqüência de chaveamento do PWM. 104 A corrente drenada através do resistor de pull-down é: I rpd = Vcc 15 = = 1,5mA R pd 10k Substituindo valores na expressão: Qbs = 2 × 130.10 −9 + Qbs = 566nC 30.10 −6 100.10 −9 1,5.10 −3 + + 5.10 3 5.10 3 5.10 3 O capacitor de boot_strap é determinado a partir da expressão 3.9: C bs = Qbs Vcc − V f − Vceon − V ge min (3.9) Sendo: Cbs : Capacitor de boot_strap (F); Qbs : Carga elétrica solicitada (C); Vcc : Tensão de alimentação do driver (V); V f : Queda de tensão direta sobre o diodo de boot_strap (V); Vceon :Tensão entre dreno e source da chave inferior em condução (V); Vge min : Mínima tensão de gate (V). C bs = 566.10 −9 15 − 0,7 − 1 − 12 C bs = 435nF Conforme orientação do fabricante, coloca-se um capacitor eletrolítico e um capacitor de multicamada em paralelo para desacoplamento. Capacitores utilizados: 1µF eletrolítico e 220nF multicamada. 105 3.4.3 FONTE AUXILIAR A fonte auxiliar tem por objetivo suprir tensão contínua e regulada para os circuitos de comando e lógica. É constituído de um transformador para reduzir o nível de tensão da rede elétrica de 220V para 16V+16V. Um conversor CA-CC retifica e filtra a tensão ao mesmo tempo em que reguladores de tensão mantêm nível constante. Na figura 3.20 é apresentado um diagrama de blocos da fonte auxiliar. Figura 3.20: Diagrama em blocos da fonte auxiliar 3.4.3.1 DETERMINAÇÃO DO TRANSFORMADOR DA FONTE Especificações: Potência aparente = 15VA; Tensão primário = 127V / 220V; Tensão secundário = 16V + 16V / 8V Carretel 26x26 – Área da perna central = A = 6,76 cm2; Lâminas Aço Silício = EI-254; Indução Magnética = B = 1x104 gauss; Freqüência = 60 Hz. Cálculo do número de espiras do enrolamento primário: V = 127V N= V 127 = = 650espiras −8 4,82 × F × A × B × 1x10 4,82 × 60 × 6,76 × 1x10 4 × 1x10 −8 106 V = 220V − 127V = 93V N= V 93 = = 475espiras −8 4,82 × F × A × B × 1x10 4,82 × 60 × 6,76 × 1x10 4 × 1x10 −8 Cálculo do número de espiras do enrolamento secundário: V = 16V N= V 16 = = 82espiras −8 4,82 × F × A × B × 1x10 4,82 × 60 × 6,76 × 1x10 4 × 1x10 −8 V = 8V N= V 8 = = 41espiras −8 4,82 × F × A × B × 1x10 4,82 × 60 × 6,76 × 1x10 4 × 1x10 −8 Cálculo da corrente no enrolamento secundário: P = 10VA I = P 10 = = 0 , 625 A V 16 P = 5VA I= V = 16V V = 8V P 5 = = 0,625 A V 8 107 Cálculo da corrente no enrolamento primário: V = 127V I= P 15 = = 0,118 A V 127 P = 15VA I= V = 220V P 15 = = 0,068 A V 220 Determinação das bitolas dos fios para cada enrolamento: Utilizando como referência a densidade de corrente prática de 300 A cm 2 : Tabela 3.5: Determinação das Bitolas dos Fios φ (cm) 0,023 Bitola AWG 31 0,018 33 2,08 x10 −3 0,051 24 0,625A 2,08 x10 −3 0,051 24 0,625A 2,08 x10 −3 0,051 24 Tensão (V) 127V Corrente (A) 0,118A 220V 0,068A 0,226 x10 16V 0,625A 16V 8V 2 Área do fio ( cm ) 0,393 x10 −3 −3 Na prática utilizaram-se as bitolas 25 e 30 AWG. 3.4.4 CONVERSOR CA-CC DA FONTE AUXILIAR Este conversor CA-CC de onda completa, através dos diodos retificadores e do capacitor de filtragem converte, a tensão alternada proveniente do transformador, para uma tensão contínua que alimenta os reguladores. O dimensionamento deste conversor foi realizado através dos seguintes parâmetros definidos na tabela 3.6: 108 Tabela 3.6: Parâmetros da fonte auxiliar Descrição Ondulação máxima Tensão nominal de entrada Símbolo V(%) Vin Grandeza 30% 16V+16V Freqüência nominal da tensão de entrada f in 60Hz Máxima tensão CC Vdc pk 22V Mínima tensão CC Vdc min 15V O valor do capacitor de filtragem pode ser obtido através da relação 3.10. Cf = Pin 2 fin × (Vdc 2pk − Vdc mín ) (3.10) Substituindo os valores: Cf = 15 60 × (22 2 − 15 2 ) Cf = 965µF Adotando-se um valor comercial de 1000uF/35V tipo eletrolítico. Um capacitor de 100nF/50V, de tecnologia multicamada, é colocado em paralelo para atenuar eventuais ruídos. Os diodos de retificação são especificados através das correntes médias, correntes de pico e tensão reversa. O tempo de recuperação é desprezado por se tratar de uma retificação de tensão alternada de baixa freqüência. O tempo de condução é obtido através da expressão 3.11: tc = Vdc mín arccos( ) Vdc pk (2 × π × fin) [s] (3.11) 109 Sendo: tc : Tempo de condução dos diodos (s) Vdcmin : Tensão mínima no barramento CC (V) Vdc pk : Tensão de pico no barramento CC (V) f in : Freqüência da rede de alimentação (Hz) Substituindo os valores: 15 ) 22 tc = (2 × π × 60) arccos( tc = 2,18ms A corrente de pico é obtida através da expressão 3.12: Id pk = Cf × (Vdc pk − Vdc mín ) tc [A] (3.12) Sendo: Id pk : Corrente de pico nos diodos (A) tc : Tempo de condução dos diodos (s) Vdcmin : Tensão mínima no barramento CC (V) Vdc pk : Tensão de pico no barramento CC (V) C f : Capacitor de Filtro (µF) Substituindo os valores: Id pk = 1000 × 10 −6 × (22 − 15) ∴ Id pk = 3,21A 2,18 × 10 −3 110 A corrente média é obtida através da expressão 3.13: Id med = Pin 2 × Vdc mín [A] (3.13) Sendo: Id med : Corrente média nos diodos (A) Vdcmin : Tensão mínima no barramento CC (V) Pin : Potência de Entrada (W) Empregando os valores de projeto: Id med = 15 ∴ Id med = 0,5A 2 × 15 A tensão máxima reversa é a tensão de pico entre as saídas do transformador, ou seja: Vrev max = Vin × 2 ∴Vrev max = 45,25V Adotando-se diodos 1N4007 3.4.4.1 REGULADOR 15V Este regulador tem por objetivo manter um nível de tensão constante de 15V. Foi especificado o regulador LM7815 devido ao fato deste CI fornecer até 1A de corrente em regime permanente. Para manter um nível de tensão estável e confiável, foi introduzido um capacitor eletrolítico de 100uf/50V e um capacitor de multicamada de 100nF/50V na saída do regulador para atenuar eventuais ondulações e ruídos. 3.4.4.2 REGULADOR 3,3V Este regulador tem por objetivo manter um nível de tensão constante de 3,3V. Foi especificado o regulador LDV1086V33 devido ao fato deste CI fornecer até 2A de corrente em regime permanente. Para manter um nível de tensão estável e confiável, foi introduzido um capacitor eletrolítico de 100uf/50V e um capacitor de multicamada de 100nF/50V na saída do regulador para atenuar eventuais ondulações e ruídos. 111 3.5 PROGRAMA IMPLEMENTADO NO DSP 56F8013 O programa foi desenvolvido em linguagem C, no ambiente de programação e depuração CodeWarrior®, disponibilizado pela empresa Metrowerks®. A Figura 3.21 mostra as entradas e saídas do programa. Figura 3.21: Estrutura de entradas e saídas do programa Têm-se como entradas as amostras do circuito, potenciômetro e chaves da interface homem-máquina, e a principal saída é para o driver que irá comandar as chaves do circuito do inversor. Primeiramente configuram-se todos os registradores necessários e inicializa-se todos os periféricos que serão utilizados. Isto inclui o conversor A/D, o PWM, o temporizador watchdog e as interrupções utilizadas. A principal interrupção utilizada é a interrupção de Timer_0, que acontece a cada 521us. Nessa interrupção é realizado o tratamento de todos as amostras dos AD’s e gerada a máquina de estados com 32 posições. Nestes estados, estão as rotinas de monitoração da tensão e corrente de barramento, controle escalar, interface homem-máquina e comando do relé para ativação do reostato. 112 Existe uma outra interrupção que é a interrupção de Timer_1, necessária à atualização dos registradores de PWM. O período desta interrupção é variável conforme a freqüência da tensão de saída determinada na rotina de controle. A interrupção de fault do PWM é chamada toda vez que o nível no pino correspondente esteja alto (pino 18). Tabela 3.7 – Resumo dos eventos do software Freqüência de trabalho do DSP 32MHz Período de instrução 31,25ns Freqüência de chaveamento do PWM 5kHz Freqüência de amostragem 1920kHz Tempo de conversão analógico-digital Nome da Freqüência da interrupção interrupção 3us Tarefa da interrupção Iniciar a conversão AD Timer_0 1920kHz PWM Fault Evento externo Tratamento das amostras Máquina de Estados Desliga o PWM Timer_1 Variável Atualiza o valor PWM 113 Figura 3.22: Fluxograma do Software 114 Figura 3.23: Fluxograma do Software 115 Para verificação da lógica implantada no DSP, primeiramente, foi utilizado o Kit MC56F8013DEMO desenvolvido pela própria Freescale. Este kit é constituído de um DSP 56F8013 e diversos componentes de sinalização. Os resultados obtidos através do kit têm por objetivo a verificação dos sinais de PWM, que através de um filtro RC (passa-baixa), é possível visualizar as senóides trifásicas. O esquema utilizado para este teste está mostrado na figura 3.24. Na figura 3.25, está mostrado as formas de onda de tensão de saída obtidas no teste para os diversos valores de freqüência e tensão. O kit foi utilizado, exclusivamente, no auxílio ao desenvolvimento do software. Figura 3.24: Esquema do teste da etapa lógica utilizando o KIT MC56F8013DEMO. Figura 3.25: Formas de onda obtidas no KIT MC56F8013 116 3.6 MONTAGEM DO PROTÓTIPO Para a montagem do protótipo, foi desenvolvida uma placa de circuito impresso principal, na qual são montadas além dos componentes de potência e demais componentes, as placas de suporte para DSP. 3.6.1 PLACA DE SUPORTE PARA O DSP O DSP 56F8013 é um componente que tem característica de SMD (surface mount device). Essa tecnologia traz como principal vantagem à miniaturização do componente. Porém, para fins de protótipo desse trabalho, foi necessária uma adaptação para “troughhole”, que facilita o trabalho do layout da placa maior e pode ser mais facilmente manuseada. A adaptação foi feita utilizando-se uma placa de suporte que imita um componente DIP com 40 pinos, como mostra a Figura 3.26. Figura 3.26: Placa de adaptação do DSP 56F8013 117 3.6.2 TRANSFORMADOR DA FONTE AUXILIAR Figura 3.27: Transformador da fonte auxiliar 16V +16V. Para alimentar o DSP e o circuito driver foi necessária a utilização de uma fonte auxiliar, como já descrito anteriormente. 3.6.3 LAYOUT DA PLACA PRINCIPAL O esquema elétrico e o desenho da placa de circuito impresso foram desenvolvidos com o auxílio do programa Protel Design Explorer 99 SE. Foi desenvolvida uma placa de face dupla de 150x200 mm, vista nas figuras 3.28 e 3.29. 118 Figura 3.28: Layout da placa principal – Toplayer. Figura 3.29: Layout da placa principal – BottomLayer 119 3.6.4 PLACA MONTADA As imagens da placa montada com os componentes são apresentadas na figura 3.30. Figura 3.30: Placa Montada. 3.6.5 DADOS DE PLACA DO MOTOR Figura 3.31: Placa Motor. 120 3.6.6 ENSAIO PRÁTICO DO PROTÓTIPO EM BANCADA Figura 3.32: Ensaio Prático do Protótipo Figura 3.33: Ensaio Prático do Protótipo 121 3.7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS Os resultados experimentais obtidos do protótipo do conversor controlado escalarmente são mostrados nesta seção. A verificação da operação do protótipo foi focada na comprovação da manutenção da relação V/f . Ao analisar os resultados, percebe-se que as formas de onda de tensão trifásica de fato obedecem uma relação constante entre a amplitude de tensão e a freqüência. 3.7.1 FORMAS DE ONDA RELACIONANDO A TENSÃO E A FREQUÊNCIA Figura 3.34: Tensões de linha a 65 Hz Na Figura 3.34 o traço 1, 2 e 3 respectivamente definem as tensões de linha VAB, VBC e VCA, enquanto que o traço 4 define a corrente na fase A. A Figura 3.35 ilustra as formas de onda da tensão e corrente de saída do conversor em relação à freqüência, sendo respectivamente: (a) tensões de linha a 10 Hz, (b) tensões de linha a 20 Hz, (c) tensões de linha a 30 Hz, (d) tensões de linha a 40 Hz, (e) tensões de linha a 50 Hz, (f) tensões de linha a 60 Hz. 122 Figura 3.35: Tensões de linha em relação às respectivas freqüências ajustadas. 123 3.7.2 VALORES OBTIDOS NA PRÁTICA RELACIONANDO A TENSÃO E A FREQUÊNCIA Tabela 3.8: Relação V/f A variação da relação V/f é realizada linearmente até a freqüência base (nominal) do motor. Acima dessa, a tensão é máxima (igual a nominal) e permanece constante, havendo apenas a variação da freqüência aplicada ao enrolamento estatórico do motor conforme obtida na tabela 3.8 a partir da freqüência de 51 Hz; uma vez que a tensão de linha eficaz máxima que se conseguiu obter no protótipo foi 188 Vrms. No intervalo de freqüência de 10 Hz até aproximadamente 0,5 Hz, através do software, aplicou-se mais tensão no estator do motor para compensar a queda de tensão e manter o fluxo no entreferro próximo a nominal. Abaixo da freqüência de 0,5 Hz, também via software, forçou-se a condição de nenhum valor de tensão aplicado ao estator do motor. 124 3.7.3 GRÁFICO DA CURVA V/F Figura 3.36: Gráfico que relaciona a tensão e a freqüência. Região A (51 Hz a 65 Hz): Caracteriza-se a chamada região de enfraquecimento de campo, pois ali o fluxo decresce com o aumento da freqüência provocando também a diminuição do torque; Região B (10 Hz a 51 Hz): Caracteriza-se a chamada região de linearidade, típica do controle escalar, na qual a relação tensão pela freqüência é mantida constante; Região C (0,5 Hz a 10 Hz): Caracteriza-se a chamada região em que a queda de tensão no enrolamento do estator do motor torna-se significativa em relação à tensão aplicada ao estator pelo conversor provocando a diminuição do torque. 125 3.8 CONCLUSÃO Este capítulo apresentou todo o projeto, implementação e testes do conversor CC-CA aplicado ao controle escalar de velocidade de um motor de indução trifásico. A implementação do controle foi feita utilizando-se o DSP 56F8013 da Freescale. O projeto envolveu o desenvolvimento do circuito, dimensionamento dos componentes de lógica e potência, cálculo dos circuitos aplicados, desenvolvimento dos algoritmos de modulação e desenvolvimento de rotinas do programa. Além disso, o projeto envolveu o desenvolvimento de uma placa de circuito impresso para a implementação do conversor. Construído o protótipo, foram realizados testes para a análise do controle de velocidade e reversão de um motor de indução trifásico. No ensaio pôde-se verificar o correto funcionamento do protótipo, e na análise das formas de onda obtidas conseguiu-se atingir o controle de velocidade escalar. Foi feita a análise das formas de onda da tensão e corrente de saída do conversor, evidenciando assim a manutenção do torque disponível. Foi feita então a análise do desempenho das proteções de curto e falta, limite de corrente de entrada através da proteção automática de fault do DSP. Assim, podem-se verificar os aspectos estudados na teoria sobre o conversor CC-CA aplicado ao controle escalar comprovando o sucesso do protótipo. 126 CAPÍTULO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho foram realizados estudos sobre acionamentos de motores de indução trifásicos, em que se mostraram definições e as principais desvantagens e vantagens de cada tipo de controle. O controle escalar V/f traz benefícios diretamente associados à utilização dos MIT. Apresentaram-se as principais vantagens do MIT em relação às máquinas CC. Estudaram-se as características das principais topologias utilizadas para conversores aplicados aos inversores, e pôde-se determinar o método mais adequado para a implementação de um protótipo com as características de operação desejadas – o conversor CC-CA trifásico. O funcionamento deste conversor foi detalhado, e entre os componentes do circuito de potência, o circuito de boot_strap que irá determinar a referência para as chaves superiores. Assim, é apresentado também o projeto do transformador utilizado na fonte auxiliar. Em seguida foi apresentado o estudo feito sobre estratégias de controle e características do acionamento. O protótipo projetado e implementado possui controle escalar, através do método de manutenção da relação V/f constante. Para a implementação dos PWM´s escolheu-se o DSP 56F8013 da Freescale. Buscou-se conhecer o DSP escolhido através do manual do fabricante que contempla todas as informações de funcionamento e todos as características que este possui. Foram então feitas simulações do conversor CC-CA aplicado à obtenção do sinal trifásico a ajuda de um programa de simulação de circuitos. Os resultados obtidos foram julgados satisfatórios. No capítulo 3 foi apresentado todo o projeto do protótipo a ser implementado: a concepção do circuito, o dimensionamento dos componentes, o cálculo dos circuitos aplicados, o cálculo dos retificadores, a implementação no programa dos PWM´s e o layout da placa do protótipo. Explorou-se alguns conceitos da implementação da comutação para melhorar a performance das chaves, como o filtro, a máquina de estados. Elaborou-se um código de programa completo para o controle do protótipo em linguagem C, utilizando-se o ambiente de desenvolvimento CodeWarrior. Após a montagem do protótipo, embora o circuito tenha sido dimensionado para um motor de até 0,5CV, como tínhamos em mãos um motor de menor, foram realizados ensaios 127 com um motor de indução trifásico de 0,33 CV envolvendo testes de desempenho principalmente do controle de velocidade. O protótipo se comportou de forma satisfatória nos ensaios. Entre os experimentos realizados no protótipo destaca-se principalmente a verificação das formas de onda de saída do conversor na região das baixas freqüências, implementação de rampas de aceleração e desaceleração e na inversão do sentido de rotação do motor. Assim, puderam-se observar claramente os benefícios citados no estudo a respeito do controle de velocidade escalar de um motor de indução trifásico. O reostato não foi acionado, pois o motor durante os testes esteve sendo acionado apenas à vazio e portanto não houve retorno de tensão para o inversor. Houve grande dificuldade em se obter as medições da tensão de linha aplicada no estator do motor, mesmo com multímetro true rms e/ou osciloscópio digital utilizado nas demais medições devido a componente de alta freqüência 5 kHz aplicada ao chaveamento PWM do conversor. As medições para levantamento do gráfico com a curva V/f foram obtidas com a utilização de um filtro LC que pode de certa forma ter influenciado na obtenção da tensão de linha eficaz. Conseguiu-se obter tensões de linha de no máximo 188V o que justifica no gráfico V/f a tensão ter ficado constante no intervalo de 51 Hz à 65 Hz. Para trabalhos futuros, sugere-se a implementação de um controle por malha fechada, utilizando um encoder no eixo do motor. Sugere-se também o projeto de um conversor elevador de tensão para atender o controle na região de enfraquecimento de campo. 128 5 REFERÊNCIAS [1]. BARBI, Ivo & MARTINS, Denizar Cruz. Eletrônica de Potência – Introdução ao Estudo dos Conversores CC-CA. Florianópolis: Edição dos Autores, 2005. [2]. POMILIO, José Antenor. Conversores CC-CA para acionamento de máquina trifásica. Apostila Didática. Disponível em: http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/. Acessado em: Março de 2007. [3] WEG. Guia Técnico – Motores de Indução Alimentados por Conversores de Freqüência PWM. Rev. 09/2006. Disponível em: http: //www.weg.com.br/extras/downloads/art_tecnicos/motores_de_inducao_alimentados_ por_conversores_de_frequencia_PWM.pdf. Acessado em: Março de 2007. [4]. FREESCALE. DSP56F8013 Data Sheet. Rev. 5 4/2006. Disponível em: www.freescale.com. Acessado em: Março de 2007. [5]. RODRIGUES, Renato Paixão & SOUZA Jr., José Carlos de. Controlador Digital de Sinais: Família 56F800/E, baseado no MC56F8013 – Micro arquitetura e Prática. São Paulo: Érica, 2005. [6]. SIMÃO, Eduardo Borges & ALMEIDA NETO, Manoel Ferreira de. Rendimento do Conjunto Inversor / Motor de Indução sob Diferentes Condições de Carga. 2002. Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica), Universidade Federal de Goiás Escola de Engenharia Elétrica. [7]. Data Sheet IR2130 – Data Sheet No. PD60019, Disponibilizado em http://www.irf.com/product-info/datasheets/data/ir2130.pdf , acessado em 15/05/07. [8]. GARCIA, Ariovaldo V. Motor de Indução. Rev. 08/1998 P Disponibilizado em http://www.dsce.fee.unicamp.br/~sato/ET515/node67.html , acessado em Março de 2007. 129 APÊNDICES APÊNDICE 1 – ESQUEMÁTICO COMPLETO DO CIRCUITO 130 ANEXOS ANEXO 1 – FOLHA DE DADOS DO DRIVER UTILIZADO 131 ANEXO 2 – FOLHA DE DADOS DO MOSFET UTILIZADO 132