Pronunciamento do Deputado Federal Ary Vanazzi (PT/RS), em Sessão Ordinária sobre a “ALCA – DOMINIO DOS EUA SOBRE AS AMÉRICAS” Os Estados Unidos, em sua insana e belicosa busca pelo poder e domínio mundial, organizam suas estratégias políticoeconômicas e ou político- militares para garantir controle econômico e de recursos naturais na América Latina, e principalmente na Amazônia. Assim como os países de terceiro mundo são prisioneiros de uma eterna e impagável dívida externa, a criação por parte dos EUA da uma “zona de livre comércio para as Américas” , estabelecerá novos mecanismos de dominação e recolonização, onde os países perderão sua autonomia e soberania nacional. Os EUA, contam com uma estratégica e importante estrutura bélica de controle dos países da América Latina e Caribe, ou seja, a instalação de bases militares(semelhantes a de Alcântara, que graças a mobilizações populares e a política de proteção à soberania nacional adotada pelo Governo Lula, foi pela retirada do acordo)em praticamente todos os países da América Latina e Caribe, incluindo ainda o treinamento de militares, vendas de armas, instalação de sistema de espionagem e vigilância , além de manter influência sobre o poder judiciário destes países. Tudo isso, com o discurso de proteção contra guerrilhas e narcotráfico, que na verdade, são sustentadas pelas políticas norte-americanas. A repressão aos movimentos sociais organizados, a violação dos direitos humanos e a destruição do meio ambiente, com controle dos recursos naturais, entre os quais estão o petróleo, a água e a biodiversidade, estão entre os objetivos nefastos da política imperialista do EUA. É importante salientar que, a ALCA não será apenas uma área de livre comércio tradicional, não envolverá apenas as restrições de tarifas alfandegárias o que por si só, seria muito perigoso haja vista que, a eliminação de controles, regulações e barreiras, traz uma crescente tendência à concentração de poder econômico nas mãos de poucas empresas, levando a formação de monopólios , cartéis e oligopólios, acentuando a dependência e a vulnerabilidade dos países, onde a maioria da população pobre ficará cada vez mais excluída. A agenda de negociações proposta pelos EUA, inclui a fixação de regras comuns para temas como serviços, investimentos, compras governamentais e propriedade intelectual, o que obviamente tem importantes ressalvas e exceções que preservam e protegem o comércio, a agricultura e a indústria dos EUA. Outra importante questão deve ser considerada, os EUA com sua política protecionista em relação à agricultura e com uma forte legislação antidumping, não querem discutir estas questões na ALCA, argumentando que estes são assuntos a serem tratados na OMC. Alguns chegam até a defender que a OMC passe a atuar como um “tribunal internacional” definidor de impasses entre países. Portanto, produtos com o aço, têxteis, calçados e sucos de laranja , que para a economia Brasileira seriam de extrema importância no mercado internacional no que diz respeito as exportações, são fortemente protegidos, não descartando-se inclusive que sejam todos tratados como exceção ficando fora do processo. Devemos considerar que, o Brasil não tem suporte técnico, em termos de escala de produção e em tecnologia para competir com as empresas norte-americanas, e a abertura, ou livre comércio colocaria o Brasil em condições competitivas muito inferiores aos EUA. Este ponto portanto ,teria efeitos muito nocivos ao sistema produtivo Brasileiro, uma vez que fragilizaria toda a economia, causando uma desestrutura interna muito grande, onde mais uma vez os pequenos e médios agricultores e setores como indústria e comercio serão penalizados, estando fora do mercado, como conseqüência disso, a classe trabalhadora, os desempregados e os milhões de excluídos do sistema produtivo e de consumo mais uma vez estarão jogados a margem do sistema, fechando assim todas as possibilidades em construir alternativas de novas relações políticas, econômicas e sociais. As cláusulas da ALCA são tão perversas que, além de beneficiar somente grandes corporações, estimulam também o capital especulativo, retirando dos governos nacionais todas as possibilidades de estabelecer requisitos ou restrições ao capital internacional, ferindo assim princípios de soberania e de autonomia e de projeto de desenvolvimento dos países membros do acordo. Poderíamos usar o dito popular: aderir à ALCA “ é como deixar a raposa cuidar do galinheiro”. È importante lembrar, trazer à memória toda a mobilização que movimentos populares, as pastorais sociais, e movimento sindical e ONG’s, realizaram através do Plebiscito nacional contra a ALCA em março de 2002, onde mais de 10 milhões de pessoas votaram em quase 4 mil municípios do Brasil, foi certamente uma das mobilizações mais marcantes e importantes do ponto de vista da organização popular na defesa da soberania brasileira. A proposta da campanha nacional contra a ALCA é de promover um plebiscito oficial, onde o povo Brasileiro possa opinar decidindo definitivamente sobre este passo tão importante para o País. As eleições de 2002 no Brasil com a vitória de Lula, trouxeram novas esperanças e expectativas com relação ao futuro do País, em relação à economia, à inclusão social e em especial a autonomia na construção de um projeto nacional de desenvolvimento. Um projeto que considere as condições ambientais, o respeito a diversidade cultural e étnica e de gênero, e realize uma ampla reforma agrária e urbana, a geração de empregos, o combate à fome e as desigualdades sociais . Assim sendo, o país somente tem a ganhar não aderindo a ALCA, pois abre possibilidades para fortalecer o MERCOSUL, o qual os EUA não tem interesse algum em fomentar sua organização, ou seja, não é de seu interesse fortalecer relações nas quais não poderá ter completo domínio. O Brasil tem todas as condições de retomar o rumo do crescimento e do desenvolvimento, dizendo não à ALCA, e sim a soberania nacional, assim tornando-se uma forte liderança de resistência e organização política no contexto continental. Estamos propondo, como forma de aprofundamento sobre os efeitos da ALCA para os Países, um seminário com os Parlamentares Latino-americanos e Caribenhos, incluindo Cuba neste debate. Sala das Sessões, de de 2003. Deputado Federal Ary Vanazzi – PT/RS Fontes de consulta: Texto: “A ALCA E O BRASIL – PRINCIPAIS PONTOS de Paulo Nogueira Batista Jr. Cartilha: “ Vida sim! ALCA não” Campanha nacional contra a ALCA, Ed. Loyola,2003. Artigo: “Como será a ALCA” de Samuel Pinheiro Guimarães, site da Agencia Carta Maior.