ROCK EM VIDEOCLIPE: MEDIAÇÕES LOCAIS E TRANSLOCAIS1 Taciana de Lima BURGOS2 Priscilla Xavier de MACEDO3 Victória Hanna Braga MATIAS4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil RESUMO Neste artigo, buscamos identificar as mediações locais e translocais presentes na composição de videoclips, do gênero rock, de bandas na cidade de Natal/RN, para assim percebermos identidades do local como marcas de construção de subjetividades. Como aporte teórico, empregamos as dimensões de fluxos culturais globais de Appadurai e de paisagens transculturais de Lopes às perspectivas de territorialidade tratadas por Milton Santos. A pesquisa teve caráter descritivo, abordagem qualitativa e a análise da imagem em movimento como técnica de observação. Este artigo faz parte da pesquisa “Comunicação e Mediações em Contextos Regionais: Usos Midiáticos, Culturais e Linguagens” (USP/UFRN/UFMS, Edital 071/2013-Procad). PALAVRAS-CHAVE: mediação local; translocalidade; rock and roll; videclipe; PROCAD. INTRODUÇÃO A prática musical é uma atividade cultural que se manifesta em todas as sociedades, sendo o videoclipe o gênero audiovisual no qual predomina a veiculação de narrativas musicais. Nascido para vender música e artista, como para influenciar e ditar modas, o videoclipe explora diferentes ícones, produtos e meios originais da cultura pop, como referencia apropriações do cotidiano (CORREIA, 2007). A estética do videoclipe tem por natureza a experimentação e a mescla de linguagens, que podem ser originárias do cinema, tv ou publicidade. Esta característica inclui o videoclipe no processo de venda e consumo de bens simbólicos, já que é suporte de divulgação publicitária. ___________________ 1 Trabalho apresentado no VII Pró-Pesq PP – Encontro de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda. De 18 a 20/05/2016. PUC-RIO. GT1- Propaganda e linguagens. 2 Membro docente efetivo do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do NorteUFRN/Natal-RN/Brasil, do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia-PPGEM/UFRN e do Programa de Pósgraduação em Design-PPGDSG/UFRN. Integra a pesquisa “Comunicação e Mediações em Contextos Regionais: Usos Midiáticos, Culturais e Linguagens” (USP/UFRN/UFMS, Edital 071/2013-Procad). email: [email protected]. 3 Aluna do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN/Natal-RN/Brasil. Bolsista da pesquisa “Comunicação e Mediações em Contextos Regionais: Usos Midiáticos, Culturais e Linguagens” (USP/UFRN/UFMS, Edital 071/2013-Procad). 4 Aluna do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN/Natal-RN/Brasil. Bolsista da pesquisa “Comunicação e Mediações em Contextos Regionais: Usos Midiáticos, Culturais e Linguagens” (USP/UFRN/UFMS, Edital 071/2013-Procad). “Os videoclipes tornaram-se um novo referencial para a apreciação estética da música associada a uma forma de oferecer um produto ao consumo. Inegavelmente, pela indústria fonográfica, vídeos musicais são formas de exposição de um produto que está à venda, um apelo ao consumo. Sua estética une técnicas apuradas do cinema e da publicidade, a liberdade de criação de film makers e um universo simbólico que visa à expressão do sentido da canção e da personalidade do artista” (BRANDINI, 2006, p. 04). Apesar de sua vocação publicitária os conteúdos produzidos como videoclipe também fazem menção em suas narrativas às tensões cotidianas e sociais. A partir do final dos anos 1990, a expansão da WEB participativa oportunizou outras formas de produção, veiculação e interação de videoclipes, já que os sujeitos passaram a ter acesso à ferramentas para a edição, divulgação e diálogo em vídeos digitais. Tal possibilidade retirou da TV a exclusividade de criação e exibição desses curta metragens. O espaço virtual tem sido uma ótima ferramenta de distribuição e experimentação […] E onde podemos encontrar os vídeos virais, planejados para gerar o envolvimento do público, que se torna ferramenta ativa na divulgação do artista por meio dos constantes comentários e compartilhamentos em redes sociais. E também o espaço que possibilita maior junção de ficção e realidade, pois torna o espectador, e qualquer tipo de identificação pessoal, cada vez mais próximo das diversas produções audiovisuais. E essa aproximação ocorre a partir do momento em que essas produções se tornam elementos da rotina das pessoas, seja enquanto produto consumido ou como produtos derivados de acontecimentos gerais e presentes na sociedade contemporanea – elemento de referenciação crucial para fechar esse ciclo de identificação e representação (SOUZA et al, 2014, p. 5-6) . Segundo Martín-Barbero (2006), a revolução tecnológica introduziu no campo social um novo modo de relação entre processos simbólicos e as modalidades de distribuição de bens e serviços; ressignificando as fronteiras de tempo e espaço, estendendo-se diretamente sobre as culturas e alterando os conceitos tradicionais de local, regional e global. O que a revolução tecnológica introduz em nossas sociedades não é tanto uma quantidade inusitada de novas máquinas, mas, sim, um novo modo de relação entre os processos simbólicos – que constituem o cultural – e as formas de produção e distribuição dos bens e serviços: um novo modo de produzir, confusamente associado a um novo modo de comunicar, transforma o conhecimento numa força produtiva direta (p. 54). Esta ressignificação simbólica também modificou os tradicionais paradigmas sobre a globalização no tocante às mediações da cultura e do consumo. A mídia tem alcançado sociedades através dos fluxos de informações, oportunizando a aproximação entre o global e o local, compondo as paisagens transculturais (APPADURAI, 1994), (LOPES, 2012). Estudos nos campos da sociologia, antropologia e comunicação têm revelado que apesar de estarmos imersos em uma cultura globalizada, distintos grupos urbanos têm encontrado espaço em suportes e mídias para expressar suas regionalidades. Verificar e/ou mapear a materialização de paisagens midiáticas em videoclipes é buscar identificar as manifestações de traços culturais do local. A música é uma habilidade humana inata que se desenvolve em todos os grupos sociais de formas distintas, de acordo com seus rituais simbólicos e seu conjunto de saberes e crenças (BLACKING, 1995, p. 232). A representação de regionalidade em um gênero musical pode ser percebida nos videoclipes através de elementos estéticos, sonoros, discursivos e narrativos; uma vez que, como salientou Trotta (2005), ouvir/assistir músicas através de videoclipes é um ato simbólico de identificação com as representações de estilos de vida, visões de mundo e valores sociais presente nessas composições. Participar de uma experiência musical significa entrar em contato com esses códigos culturais, valores sociais e sentimentos compartilhados que fornecem elementos para a construção de identidades sociais e laços afetivos. Isso significa que a música é uma forma de comunicação e que sua circulação determina as condições sobre as quais essa comunicação irá ocorrer, influenciando diretamente a construção de sentidos das práticas musicais. (TROTTA, 2005, p.183). Neste artigo, buscamos identificar as mediações locais presentes na composição de videoclips, do gênero rock, de bandas na cidade de Natal/RN. Em específico, visamos perceber nesses videoclipes estéticas do local como marcas de construção de subjetividades. Para tal, utilizamos como aporte teórico as dimensões de fluxos culturais globais de Appadurai e de paisagens transculturais de Lopes – que nos conduziram diante das percepções e tensões que retratam o sujeito na globalidade e na localidade, suas subjetividades e processos de circulação e apropriação midiática – às perspectivas de globalização tratadas por Milton Santos – que considera que "cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente" (SANTOS, 1996, p.273). Nessa concepção, entendemos que os sujeitos produzem o local ou o cotidiano, e a localidade é produzida pelos sujeitos. Existe um círculo que, hoje em dia, não pode ser entendido a não ser no contexto desta circularidade de elementos (FERREIRA, 2009, p. 3). Tal proposta se insere na temática da comunicação e das mediações culturais, como campo de abordagem teórica, com vistas à análise de fenômenos das mídias em contextos regionais, sendo integrante do projeto de pesquisa intitulado “Comunicação e Mediações em Contextos Regionais: Usos Midiáticos, Culturais e Linguagens” (USP/UFRN/UFMS, Edital 071/2013-Procad). Para delimitar o nosso corpus de análise, empregamos como método o levantamento de campo para a catalogação das bandas de rock da cidade do Natal/RN. Em seguida, selecionamos seus respectivos videoclipes descritos como oficiais. Tal inventário foi efetuado durante os meses de março e abril de 2016, no site de compartilhamento de vídeo YouTube. Após esse recorte, analisamos cada um dos videoclipes oficiais das bandas natalenses, com o objetivo de identificarmos imagens que remetessem diretamente a Natal/RN (bairro, ruas, monumento ou personalidade), ou referenciasse simbolicamente à capital potiguar, bem como traços de translocalidade. Neste momento, empregamos a “análise de imagens em movimento” de Rose (2002) para identificarmos tais referenciais mediadores. LOCAL, TRANSLOCAL E GLOBAL NOS ESTUDOS CULTURAIS As culturas urbanas atuais são reorganizadas pelo impacto de fluxos transculturais, os quais modificam o cerne de suas tradições. Um cenário que circunscreve a globalização, o qual tem a música, materializada no videoclipe, como um dos catalisadores para a rearticulação das identidades culturais que transcrevem o local e o nosso relacionamento simbólico com o espaço urbano. Nas últimas duas décadas, o que se pensava sobre a globalização – fenômeno homogeneizador de culturas, no qual uma dominante aterrava outra, dita dominada – foi dando lugar à tensão entre homogeneização e heterogeneização cultural. O fato de culturas locais serem dizimadas por outras consideradas modernas reflete a ideia de progresso disseminada pelo movimento iluminista (séculos XVII e XVIII), o qual acreditava no modelo linear de desenvolvimento social e cultural, classificado em maior ou menor grau de avanço, a partir do modelo europeu de modernidade. Tal escala levaria à homogeneização das culturas locais no sentido do seu aniquilamento de uma por outra superior. Concordamos com Bhabha (1998) sobre a grande influência cultural e econômica que a Europa e a América do Norte exercem sobre as Américas Central e Latina, mas não consentimos que elas levem apenas à homogeneização. A interação entre culturas gera um hibridismo (heterogeneização) que supera a miscigenação de identidades, abrindo um “terceiro espaço”, um lócus para “a negociação das diferenças incomensuráveis, […] onde a diferença não é nem um nem outro, mas algo além, entre eles” (BHABHA 1998, p.218-219, grifos no original). Prova disso, é que tem se tornado mais claro que o consumo de comunicação de massa origina ao redor do mundo elos de resistência, ironia, seletividade e impulso para ação, como afirmou Appadurai (1994). As T-shirts, os cartazes publicitários, os grafitos, bem como a música rap, a dança de rua e os bairros de lata, tudo isso demonstra que as imagens dos meios de comunicação entram rapidamente para os repertórios locais de ironia, ira, humor e resistência (p. 19). Tal característica também é aplicada ao gênero musical rock and roll no que concerne a dinamica entre sua expressão global (homogeneizada) e local (heterogeneizada); uma vez que alternativo, independente e underground são os gêneros do rock que se opõem ao mainstream (tendência ou moda principal e dominante) do mercado fonográfico ou de outra origem geográfica. As bandas do mainstream plastificam comercialmente o gênero rock impondo suas estéticas, enquanto as bandas alternativas, independentes e undergrounds produzem suas composições fora desse eixo regulador, sendo espaço para a expressão do local. Tal característica também se manifesta na estética dos videoclipes. Os fluxos dessa heterogeneização não partem somente das metrópoles para as periferias, já que a cultura global não se espalha de um único centro, mas sim, move-se em um ciclo rizomático caótico e imprevisível, sendo os países dominantes apenas nós desse fluxo cultural. Neste curso, a nova economia cultural global (que inclui também a música e videoclipe) atua de forma disjuntiva, superposta e complexa sendo reinterpretada fora do modelo de centro e periferia (APPADURAI, 1994). Para a verificação dessas disjunções, o antropólogo traçou cinco cenários/panoramas para a compreensão das interações transnacionais, relacionando diferentes dimensões do fluxo da cultura global, denominando-os de: etnopaisagens (panorama que envolve os sujeitos desterritorializados ou em deslocamento - imigrantes, turistas, exilados e refugiados – que formam novos cenários urbanos; tecnopaisagens (fluxos de tecnologias, veículos e dispositivos apropriadas pelos sujeitos que amplificam a noção de deslocamento e convívio urbano); financiopaisagens (deslocamento do curso de distribuição e centralização do capital global); ideopaisagens (reflete as ideologias dos estados ditos dominantes em debate às contra-ideologias locais) e mediapaisagens (distribuição e disponibilização de suportes e mídias para produção e veiculação de informações de caráter público ou privado e as referências de mundo criadas através delas). Estas paisagens são portanto o material de construção do que (por extensão de Benedict Anderson) chamarei de mundos imaginados, isto é os múltiplos universos que são construídos por imaginações historicamente situadas de pessoas e grupos espalhados pelo globo. Um fato importante no mundo em que hoje vivemos é que em todo o globo muitas pessoas vivem nesses mundos imaginados (e não apenas em comunidades imaginadas), sendo portanto capazes de contestar e por vezes até subverter os mundos imaginados na mente oficial e na mentalidade empresarial que as rodeia. (APPADURAI, 1994, p.51). Milton Santos (1996) considera que é no lugar que a cultura vai ganhar sua dimensão simbólica e material, combinando matrizes globais, nacionais, regionais e locais. Ele enfatiza que há a necessidade de tornar a globalização mais humanizada; já que a mecanização e a técnica, marcas do atual cenário mundial, são desumanas e centralizadoras do capital em detrimento da vida pessoal e social. Tal realidade o fez observar a globalização sob três pontos de vista: a globalização como fábula, a globalização perversa e a nova globalização. Para Santos (2007) a territorialidade não deriva do fato de viver em um lugar, mas da relação que mantemos com ele. “O território em que vivemos é mais que um simples conjunto de objetos, mediante os quais trabalhamos, moramos, mas também um dado simbólico, sem o qual não se pode falar de territorialidade” (p. 83-84). Nessa percepção a territorialidade representa o conjunto de ações exercidas e as relações sociais vivenciadas pelos sujeitos em um território, sendo efetivada quando os indivíduos são e estão em contato com outras pessoas ou comunidades. Assim, resulta do processo de produção de cada território, contribuindo para a formação de identidades e estruturação da vida cotidiana. Nesse sentido, o território não é fixo, sendo compreendido como uma dinamica que se constrói, desfaz e reconstrói, a partir de diferentes sentidos relacionais e temporais. Lopes (2012), inspirado no conceito de entre-lugar de Santiago (1982), aplica o termo paisagens transculturais, as quais consideram as transversalidades culturais oriundas de outros países e culturas sem que ocorra o apagamento da cultura local. Ao pensarmos, portanto, em paisagens transculturais, não estamos mais nos colocando no espaço engajado do terceiromundismo mas procuramos transversalidades que atravessem diferentes países e culturas, sem ignorar as desigualdades nas relações de poder, mas buscando responder ao contexto desenvolvido a partir dos anos 70 do século passado, e com mais força a partir dos anos 90, em que cidades globais são construídas e que podemos ver o Primeiro Mundo no Terceiro, bem como o Terceiro Mundo no Primeiro, compondo um quadro não em continuação ao imperialismo europeu do século 19, mas sobretudo nos moldes do Império como descrito por Toni Negri e Michael Hardt (LOPES, 2012, p. 87). Ele destaca que é importante resgatar que mesmo a interculturalidade se produz mais através dos meios de comunicação de massa do que por movimentos migratórios, para retomarmos uma provocação feita por Canclini (2000, p. 79) mas a que não se deu a atenção devida, sem esquecer que as diásporas e as interculturalidades midiáticas são complementares (APPADURAI, 1996, p. 4). No entanto, são as migrações midiáticas que explicitam mais a perda de uma origem, na delimitação das paisagens transculturais, multiplicando as mediações e leituras, numa história, às vezes, difícil de perceber, e criando frutos, por vezes, inesperados (p. 88). Neste cerne, podemos observar mudanças na dinamica cultural e de como se processa o seu hibridismo, no tocante às atividades sociais e sua relação diante dos meios de comunicação, no ambito da indústria cultural e as práticas de consumo. Na redefinição da cultura, é fundamental a compreensão de sua natureza comunicativa. Isto é, seu caráter de processo produtor de significações e não de mera circulação de informações, no qual o receptor, portanto, não é um simples decodificador daquilo que o emissor depositou na mensagem, mas também um produtor. O desafio apresentado pela indústria cultural aparece com toda a sua densidade no cruzamento dessas duas linhas de renovação que inscrevem a questão cultural no interior do político e a comunicação, na cultura (MARTIN-BARBERO, 1997, p. 287). Um direcionamento que considera os espaços sociais locais de interação como mediadores na produção de sentido. Martín-Barbero (1997) propõe o olhar para as mediações, uma vez que considera “dos lugares dos quais provêm as construções que delimitam e configuram a materialidade social e a expressividade cultural” (p.292). As mediações permitem compreender o sujeito na dinamica dos processos comunicacionais com suas apropriações frente às realidades que atuam. A midiatização percebe nessas apropriações do sujeito, uma estrutura que depende de contextos, temporalidades e uma lógica institucional/ ideológica que via interações, por meio de dispositivos comunicacionais, modelizam padrões culturais, práticas de sociabilidade, institucionalizam lógicas políticas, crenças e percepções (TRINDADE, 2014. p. 7). Ressaltamos aqui, que o ponto concordante entre estes autores consiste em que o local medeia e é mediado pelos meios de comunicação, não havendo o apagamento de culturas, como as tecnologias da comunicação colaboram para manutenção das paisagens culturais nacionais, regionais e locais. O LOCAL E O TRANSCULTURAL NA FORMAÇÃO DA CULTURA NATALENSE Natal é a capital do Estado do Rio Grande do Norte. Sua área é de 167,264 km² e sua população é de aproximadamente 869.954 habitantes, segundo dados do IBGE de 2014. A capital potiguar foi fundada em 1599 às margens do Rio Potengi, contando, então, 417 anos. E conhecida como “cidade do sol” e “noiva do sol” devido à grande incidência solar durante quase todo o ano. Em sua extensão, conta com 400km de litoral e está dividida em quatro regiões administrativas. Quanto a elas, vemos que a Zona Norte possui maior extensão territorial e população. Ela se separa do resto da cidade pelo Rio Potengi e, portanto, se liga às outras regiões por meio de duas pontes: a Ponte Newton Navarro e a Ponte de Igapó. Seus bairros são Igapó, Salinas, Potengi, Nossa Senhora da Apresentação, Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha. A Zona Sul é morada das classes média alta e alta. Possui boa infraestrutura e concentra os principais shoppings e hotéis da cidade. Também possui sete bairros, assim como a Zona Norte, sendo eles: Lagoa Nova, Nova Descoberta, Candelária, Capim Macio, Pitimbu, Neópolis e Ponta Negra. A Zona Oeste conta com dez bairros: Cidade da Esperança, Quintas, Nordeste, Dix-Sept Rosado, Bom Pastor, Nossa Senhora de Nazaré, Felipe Camarão, Cidade Nova, Guarapes e Planalto. E uma das regiões mais pobres da cidade e com baixa infraestrutura. A Zona Leste é uma região de contrastes, pois concentra tanto as classes mais altas como no Bairro de Petrópolis como as mais baixas como Rocas e Mãe Luiza. Além disso, ela se divide em aspectos arquitetônicos, já que alguns bairros (como a Ribeira) datam da fundação da cidade e guardam sua estética original. E a Zona Leste que abrange o polo comercial e o centro da cidade. Seus doze bairros são: Cidade Alta, Alecrim, Tirol, Petrópolis, Barro Vermelho, Lagoa Seca, Rocas, Mãe Luíza, Praia do Meio, Santos Reis, Areia Preta e Ribeira. Nos primeiros séculos de existência, Natal não tinha crescimento notório perante outras regiões do Brasil, e seu potencial econômico se concentrava entre relações oligárquicas e índices baixos de desenvolvimento. Em meados de 1922, a cidade teve grande importancia no período da II Guerra Mundial (1939-1945) por ser considerada um ponto estratégico: situava-se no ponto mais próximo à Europa. Logo, um novo desenvolvimento da cidade ganha ritmo, sendo acelerado com o crescimento de atividades urbanas e comerciais na região. A construção da identidade potiguar estava em contínua modificação desde sua fundação colonizadora, mas é nessa época que sua dimensão emerge. Os aviões americanos faziam o abastecimento de combustível no local onde em seguida funcionou por muito tempo o aeroporto Augusto Severo, que serviu para os planejamentos da base aérea americana. Foram criadas duas bases militares: a Base Naval e a Parnamirim Field, recebendo aproximadamente 10.000 soldados para lutarem no conflito mundial. Assim, a dinamica de localidade e identidade de Natal já começou a ser fortemente impactada, mesclando a multiplicidade territorial e cultural dos que se faziam presentes enquanto contribuía para a vitória dos aliados. Os costumes americanos foram rapidamente introduzidos no cotidiano da população potiguar, principalmente diante do mercado consumidor, e logo Natal foi ganhando forma de metrópole internacional, transformando-se em destino de muitas pessoas. Entre inúmeros contextos, o destaque está na transculturação dos habitantes. Hábitos dos soldados norte-americanos são difundidos, e toda a lógica de identidade sociocultural oriunda dos E.U.A em poucos anos passa a ser incorporada ao cotidiano da população. Essa percepção foi trabalhada no filme “For All – O Trampolim da Vitória”, em 1997, por Buza Ferraz e Luiz Carlos Lacerda, na qual os diretores receberam com a produção cinematográfica melhor direção de arte no Festival de Miami e no Festival de Gramado, retratando a entrada da cultura americana no solo nordestino. Em cores, as cenas mostram que milhares de soldados transitavam pela base e modificavam a estabilidade das famílias locais. Pontos influenciados por esse encontro são a linguagem (estrangeirismos e neologismos – recebendo palavras como yes, ok, my friend, taxi, ônibus, senorita), gostos, vestimentas, estilos musicais, aspectos que percorrem até os dias atuais. Natal conhece o dólar, os eletrodomésticos, o glamour de uma cultura hollywoodiana, música de grandes bandas internacionais, além da performance de atrizes e cantoras famosas. No pós-guerra, tal ritmo continua, mas em menor intensidade até a década de 1980 com a construção da Via Costeira e ações políticas que ocorreram na época. Nos últimos anos, a “cidade do sol” possui uma forte demanda turística, e assim vem conquistando estrangeiros que continuam fomentando uma parcela significativa da economia local. O relacionamento com estrangeiros durante a colonização e especialmente durante a II Guerra, o pós-guerra e em seguida com o desenvolvimento turístico deram a Natal uma característica multicultural, que é percebida em todos os aspectos da vida local. Desde suas características arquitetônicas e culturais que deram as bases da cidade até sua ressignificação cultural e linguística. Algo que é perceptível nos processos de identificação social no qual o rap norte-americano se torna também aqui a linguagem dos excluídos, o boy vira sinônimo para garoto e garota ou quando se empregam palavras de outros idiomas para nomear lojas e pessoas. Natal é uma cidade que apresentou desenvolvimento de sua cultura popular tradicional (percebemos isso quando vemos manifestações das danças populares como bumba-meu-boi e coco de zambê, por exemplo), mas sofreu e sofre muito a influência das relações que fez e faz com outras nações, já que agrega (e valoriza) tanto de outras culturas ao seu dia a dia. NATAL: AUMENTA QUE ISSO AÍ É ROCK AND ROLL O gênero rock começa a ganhar destaque em Natal/RN na década de 1980, quando bandas começam a se formar na cidade. Os gêneros de maior influência são o heavy metal e o punk rock. No período, a cidade contava com cerca de 20 bandas. Um ponto de encontro dos “metaleiros” da cidade era a Whiplash Discos, a primeira loja de vinis do gênero na cidade, localizada na Avenida Senador Salgado Filho, tendo sido fundada por Luziano Rock Stanley e Reginaldo Hendrix. Em 1990, a loja promoveu o "Whiplash Attack Vol.1", uma coletanea de músicas das bandas de heavy metal natalenses. Dentre elas Hammeron, Croskill, Deadly Fate e Auschwitz. As lojas de discos foram, nos anos 1980 e 1990, um local de concentração dos fãs de rock na cidade. Além da Whiplash havia também a loja Records no Centro da cidade. Nos anos 1990, as influências do heavy metal continuam fortes, mas novos gêneros começam a fazer parte do gosto do natalense. Influência de mídias como tv, revistas especializadas em música (que traziam as letras das músicas de grandes bandas internacionais e informações de novas bandas) e, mais adiante, a popularização da internet, abriram o leque do rock na cidade. Ao entrevistar fãs de rock e ex-integrantes de bandas de Natal, fundadas na década de 1990, percebe-se que um outro fator que demonstrou ter sido responsável pela influência musical dos jovens da época foi a chegada do sinal da MTV Brasil à cidade, que trouxe o contato com músicas de diversos gêneros, em especial o grunge, que definiu muito da cultura dos anos 1990. Com tanta demanda, os pontos de encontro, nessa década, vão além das lojas de discos e ganham espaços próprios: os bares e casas de eventos nos quais as bandas locais poderiam mostrar o que produziam ou tocar covers de bandas conhecidas nacionais e internacionais. Situando localmente, o ponto forte estava na Ribeira (Zona Leste da cidade), mas os pequenos bares e locais de festas se espalhavam por toda Natal, por vezes com estruturas precárias e por outras aproveitando espaços do bairro para acontecer. Era comum ocorrem eventos de rock em espaços como conselhos comunitários e ginásios esportivos da cidade como ficaram conhecidos os eventos no Ginásio do DED, no bairro da Candelária, na Zona Sul e os do Gemac (conselho comunitário do Soledade I) na Zona Norte. A partir dos anos 1990, mas se fortalecendo nos anos 2000, estão os festivais de música rock da cidade. Dentre eles, o “Culto ao macabro”, que existe há 8 anos e ocorre normalmente no mês de outubro, sempre na Ribeira (Zona Leste). Participam bandas de rock no estilo black metal e death metal, que possuem letras satanicas, o que justifica o nome do evento. Conta com bandas de Natal e outros estados. O “Animal Fest” é um evento realizado sempre no mês de setembro na Zona Norte de Natal/RN com bandas de heavy metal da cidade e de outros Estados. Não se sabe ao certo quantas edições já foram realizadas, pois tudo começou com uma festa de quintal em que amigos se reuniam para ouvir metal e comemorar o aniversário de um rapaz apelidado de Animal. Com o tempo, a festa foi crescendo até se tornar o evento conhecido hoje como um dos mais tradicionais para o público de metal de Natal. O “Bozo Fest” acontece há mais de 10 anos e ocorre sempre no dia 12 de outubro, feriado na cidade de Natal/RN. A intenção da festa é comemorar o dia das crianças ao som de bandas de rock de toda a cidade. O local varia e já aconteceu tanto na Zona Norte quando na Ribeira (Zona Leste). Já o “Atrasados para Woodstock” é um evento novo na cidade, existe há apenas dois anos. Surgiu como uma alternativa para o público que gosta de rock, já que acontece sempre no período do carnaval. Ocorre na praia de Pirangi, litoral Sul. Diferentemente de outros eventos, este segue o formato de bloco carnavalesco e conta com abadá e trio elétrico tocando músicas de rock clássico dos anos 1960 e 1970. O “Festival Mada” é realizado desde 1998 em Natal/RN. O objetivo do festival é lançar novos trabalhos musicais do país inteiro e do Estado do RN. E comum ver, por exemplo, bandas que são sucesso na internet se apresentarem no festival. O local do evento mudou muito com o passar dos anos, já esteve na Ribeira, em hotéis do litoral Sul e no estádio Arena das Dunas (Zona Sul). O “Festival Dosol” acontece há mais de 10 anos sempre na Ribeira (Zona Leste). Atualmente, o festival abrange outras cidades do Rio Grande do Norte e também do Brasil como Recife. O nome é uma referência direta à casa onde ocorre o evento: Dosol rock bar, que por sua vez, se refere aos apelidos da cidade do Natal (cidade do sol, noiva do sol). Bandas de rock alternativo do Estado do RN e do Brasil tocam músicas autorais no evento. Figura 01: Mapa de localização dos festivais/eventos de rock em Natal/RN Fonte: diagramado pelas autoras. A MEDIAÇÃO LOCAL NOS VIDEOCLIPES DE BANDAS DE ROCK NATALENSES A seguir, vamos descrever a catalogação das bandas de rock da cidade do Natal/RN e a dimensão visual da análise da imagem em movimento presente nos videoclipes. Como sistematização, distribuímos os resultados na tabela abaixo: Tabela 01: catalogação das bandas de rock da cidade do Natal/RN. Bandas 1) Albor 2) Atrito urbano 3) Black Century 4) Cabrones Descrição Idioma da música: inglês. Gênero: heavy metal. Título: Albor animal https://www.youtube.com/watchv=UtCI1S8mNcU Idioma da música: português. Gênero: tharsh metal. Título: Thrash attack https://www.youtube.com/watch?v=oKMG2sv-lSE Idioma da música: inglês. Gênero: heavy metal melódico. Título: Achilles The Warrior https://www.youtube.com/watch?v=kSVGImFjJAY Idioma da música: português. Gênero: punk rock. Título: Boca de Lixo https://www.youtube.com/watch?v=SQhQ9sDFc00 5)Camarones Orquestra Gênero: rock instrumental. Título: Bronx Guitarrística https://www.youtube.com/watch?v=Zi91XdgyiYo 6) Comando Etílico 7) Deadly Fate 8) Deluge Master 9) Dessituados 10) Eternal Prison 11) Expose your hate 12) Fukai 13) Far from alaska 14) Jubarte ataca 15) Kataphero 16) Koogu 17) Kung Fu Johnny 18) Mahmed 19) Monster Coyote 20) N.T.E Idioma da música: português. Gênero: heavy metal.Título: Comando Etílico https://www.youtube.com/watch?v=3MUlnRxye1A Idioma da música: inglês. Gênero: heavy metal. Título: Rich in spirit https://www.youtube.com/watch?v=6C46hO8Z82w Idioma da música: inglês. Gênero: heavy metal. Título: Down of Death https://www.youtube.com/watch?v=LYoVxCsrykg Idioma da música: português. Gênero: punk rock. Título: Desapego https://www.youtube.com/watchv=ta6UEGHgr_o Idioma da música: inglês. Gênero: thrash metal.Título: Metal sound https://www.youtube.com/watchv=SCM_tBSACS8 Idioma da música: inglês. Gênero: hardcore/punk rock. Título: Ready to explode https://www.youtube.com/watch?v=XbvcqISB93I Idioma da música: português, inglês e espanhol.Gênero: rock psicodélico. Título: Fukai https://www.youtube.com/watch?v=xZ_ulrhUBgs Idioma da música: inglês. Gênero: stoner rock. Título: Dino vs. Dino https://www.youtube.com/watch?v=J1x890Fmqkc Gênero: Instrumental surf music. Título: Barulho no beco https://www.youtube.com/watchv=0NoOKvfjxyw Idioma da música: inglês. Gênero: death metal. Título: Kataphero https://www.youtube.com/watch?v=RG9xMc4-EQ4 Gênero: rock psicodélico instrumental. Título: À espera da chuva https://www.youtube.com/watch?v=Y8ubS-KYSgY Idioma da música: inglês. Gênero: rock alternativo com influências do grunge e indie. Título: Nobody likes me https://www.youtube.com/watch?v=SgJN6j3c3jo Gênero: rock instrumental. Título: AaaaAAAaAaAaAa https://www.youtube.com/watch?v=BHP1Fu2Gt9s Idioma da música: inglês. Gênero: rock punk/hardcore. Título: Gravity Oeleven https://www.youtube.com/watchv=9yWF4CxjXFo Idioma da música: português. Gênero: rock punk/hardcore. Título: N.T.E https://www.youtube.com/watchv=gdkbDxOk3Nc 21) Óperalóki Idioma da música: português. Gênero: rock pop.Título: Óperalóki https://www.youtube.com/watch?v=EV-2y1YtbfQ 22) Plutão já foi Idioma da música: português. Gênero: rock com influência indie e pop. planeta Título: Suma daqui https://www.youtube.com/watch?v=Zc5vFZicxWQdos Idioma da música: inglês. Gênero: rock experimental. Título: The Curse of 23) Primoirdium ihmotep https://www.youtube.com/watch?v=rP-ddFJsYIo 24) Rejects Idioma da música: inglês. Gênero: heavy metal. Título: Scum https://www.youtube.com/watchv=dq9ukgUlZyE#t=41 25) Ruído de máquina Gênero: rock experimental. Título: Corrente avessa https://www.youtube.com/watch?v=lL2ib3pIb8s 26) Sanctifier Idioma da música: inglês. Gênero: death metal. Título: Daemoncraft https://www.youtube.com/watchv=FBEqAjbADDU 27) Son of a witch Idioma da música: inglês. Gênero: stoner rock. Título: New Monster https://www.youtube.com/watch?v=Ah4X1CO3z-w 28) Terrorzone Idioma da música: português. Gênero: heavy metal. Título: Terrazone https://www.youtube.com/watchv=LQPCErnnaXA 29) The bop hounds Idioma da música: inglês. Gênero: rockabilly. Título: The bop hounds https://www.youtube.com/watchv=xuDZhM3QJgE 30) Thunder Stee Idioma da música: inglês.Gênero: thrash/black metal. Título: Thunder teel https://www.youtube.com/watch?v=yXqptjsSrL4 31) Torment the skies Idioma da música: inglês. Gênero: death metal. Título: Carnal https://www.youtube.com/watch?v=TjPLmjrrWaE 32) Zurdo Gênero: rock experimental instrumental. Título: Zurdo https://www.youtube.com/watch?v=gbtZ0L_INwA Dos 34 videoclipes analisados as bandas Atrito Urbano, Deadly Fate, Eternal Prison, Monster Coyote e N.T.E veicularam videoclipes nos quais aparecem executando suas músicas em estúdio. Não houve referência ao local. Black Century, Camarones Orquestra Guitarrística, Comando Etílico, Dessituados, Expose Your Hate, Far From Alaska, Jubarte Ataca, Koogu, Kung Fu Johnny, Mahmed, Óperalóki, Plutão já foi planeta, Ruído de Máquina, Sanctifier, Terrorzone, The Bop Hounds e Torment The Skies apresentaram em sus videoclipes, estéticas e temáticas translocais. Cabrones e Deluge Master veicularam videoclips com imagem estáticas das capas dos respectivos cd's e com referências também translocais. Albor, Fukai, Kataphero, Primoirdium, Rejects, Son of a witch, Thunder Steel e Zurdo veicularam videoclipes com imagens de suas performances em palcos dos festivais de música de Natal/RN. Neles o local é identificado pelas logomarcas dos festivais, as quais aparecem como cenário. Apenas as bandas The Skins e Talma e Gadelha apresentaram em seus videoclipes imagens que referenciaram a cidade do Natal, como podemos ver nos tabelas a seguir: Tabela 02: Análise da dimensão visual do videoclipe “Minha Voz”. Nome da banda e videoclipe Dimensão visual Imagens O clip inicia com imagens em close e plano conjunto de duas pessoas vestidas de coelho e andando de skate pelas avenidas de Natal/RN. Cort a p ara pl ano c onj un to d os integrantes da banda entrando no mar da praia de Ponta Negra, em Natal /RN, para surfar. O Morro do Careca aparece nitidamente ao fundo. 34)The Sinks Corta para imagem em plano americano de um homem com cabeça de coelho andando de skate na praça do DED, Idioma da música: localizada no bairro da Candelária em português Natal/RN. Gênero: rock pop e Corta para plano geral de imagem da melódico banda tocando na Praça do Disco Voador, Título: Minha Voz no bairro de Ponta Negra. O homem com https://www.youtube.co cabeça de coelho andando de skate e m/watch? fazendo manobras continua na cena. v=oyXH7AgDpjg Corta para plano próximo de um dos integrantes da banda surfando e como plano de fundo aparece a orla e prédios da praia de Ponta Negra, em Natal/RN. Corta para plano geral de um dos integrantes da banda dentro do mar ao lado de sua prancha de surf. O Morro do Careca aparece nitidamente ao fundo. Corta para plano geral de um dos integrantes da banda surfando e como plano de fundo aparecem a orla e prédios da praia de Ponta Negra, em Natal/RN. Corta para plano geral do homem com cabeça de coelho, andando de skate e fazendo manobras na praça do DED, localizada no bairro da Candelária em Natal/RN. Corta para plano geral da praia de Ponta Negra e do Morro do Careca, em Natal/RN. O clip finaliza com imagens da banda tocando na praça do disco voador, no bairro de Ponta Negra. No videoclipe “Minha Voz” apareceram várias referências explícitas à cidade do Natal/RN e seus pontos emblemáticos. Avenida Engenheiro Roberto Freire, na Zona Sul, praça do DED, no bairro de Candelária, Praça do Disco Voador, no bairro Ponta Negra, A orla da praia de Ponta Negra e o Morro do Careca. Neste videoclipe, apesar do rock ser o gênero musical interpretado pela banda, podemos identificar a mediação local nas imagens que ilustram a música em execução. Tabela 03: Análise da dimensão visual do videoclipe “Matando o Amor”. Nome da banda e videoclipe 33)Talma e Gadelha Dimensão visual Imagens O videoclipe inicia com uma fusão de imagens e caracteres com o nome da banda. Idioma da música: Em seguida, surgem cenas de uma moça português relembrando cenas nostálgicas de um Gênero: rock pop relacionamento amoroso. Título: Matando o Ela pinta uma reprodução de Modglhani, amor lê livros de arte surrealista, caminha no https://www.youtube.c interior de uma loja de departamentos, om/watch? bebe em um bar decadente. v=AIAKC1orEt4 Corta para plano geral de imagem da moça caminhando pelo calçadão da praia de Ponta Negra, em Natal/RN. Ela vê um casal conversando. Como palno de fundo temos o mar. Corta para plano geral da mesma moça se aproximando do casal. Eles têm como plano de fundo a praia de Ponta Negra e o Morro do Careca, em Natal/RN. O clipe encerra com a protagonista do clipe relembrando momentos amorosos que estão dispostos em fotos. Identificamos referências da cidade do Natal apenas nestas duas imagens. Já no videoclipe Matando o Amor identificamos que as referências à cidade do Natal aparecem apenas nas duas cenas ilustradas na tabela. Nelas visualizamos o calçadão da praia de Ponta Negra, a praia de Ponta Negra e Morro do Careca. Todas as demais relataram cenas urbanas que poderiam paer parte da paisagem de qualquer cidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Investigar as mediações locais nos remete para um cerne que revela a quebra de antigos paradigmas sobre a globalização e suas convergências culturais. Nos videoclipes analisados, verificamos fortes influências transculturais, concebidas pelas mediações locais e fluxos migratórios, os quais modificam as nossas relações simbólicas com o nosso entorno, configurando hibridismos culturais. Visamos perceber além da dimensão transcultural, transcritas nos videoclipes em questão, já que o nosso olhar buscou traços da localidade, mesmo sendo o rock um gênero global em todos os seus aspectos estéticos. Identificamos que em Natal/RN o rock é expressivo, efervescente e agrega um grande número de adeptos. Os festivais também abriram espaço tanto para a afirmação desse gênero musical na cidade como para a formalização de um calendário de eventos permanentes. Tal fato, tem contribuído para que o rock potiguar aglutine o local, saia da obscuridade e expresse talentos. Temos a ciência de que historicamente as formas artísticas e culturais populares sempre foram marginalizadas, já que a tradicional concepção de globalização conservava em nós a ideia de que tudo o que era originário do além-mar era mais importante e deveria ser perpetuado em nossa cultura. Verificamos também que a materialização do rock nos videoclipes das bandas analisadas representaram a transformação no modo de consumir música, ouvida e vista ao mesmo tempo, pois os clipes ilustraram e narraram as composições de forma direta – mostrando a banda no palco – ou subjetiva - roteirizadas como uma curta história. 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