ID: 38112737 21-10-2011 Tiragem: 20000 Pág: 12 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 28,08 x 32,57 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 Acabar com o experimentalismo é o desafio mais importante do O país tenta, desde há muito anos, lançar a marca”Portugal”. Não consegue. Está na altura de acabar com o experimentalismo, voltar às origens, aproveitar o que é bom e vender muito mais. Pedro Roque, deputado do PSD, Miguel Centeno, gestor de marketing operacional dos Vinhos Borges, Pedro Guerreiro, diretor de marketing da mesma companhia, e o empresário André Quiroga abordam a temática da marca “Portugal” ligada ao vinho, hotelaria e restauração, num pequeno-almoço, que decorreu no Tiara Hotels A tentativa de relançamento da marca Portugal é feita ano após ano e “só este facto prova por si só, que há alguma deficiência nas tentativas que têm vindo a ser desenvolvidas no relançamento da marca”, afirma Pedro Guerreiro, da Vinhos Borges. Frisa que “essas tentativas mostram alguma desorientação”. A mesma ideia é partilhada por Pedro Roque, deputado do PSD, que afirma que a marca “Portugal” é um desafio que foi lançado há muito tempo, mas para o qual ainda não se encontrou uma resposta adequada”. Diz: “A marca destina-se a ser projetada nos mercados europeus, mas também nos mercados extracomunitários, onde o turismo tem crescido devido à melhoria do poder de compra dos últimos anos. Falo do Extremo Oriente onde se situa um dos países que têm muito turismo, o Japão, mas onde Portugal goza de uma imagem extremamente favorável em virtude das ligações históricas estabelecidas com esse país. Esta é uma região onde se pode vender a marca “Portugal”. Convenhamos, no entanto, que a atual conjuntura financeira e económica não ajuda muito. Temos um país com história no contexto mundial, mas tem alguma dificuldade em promover a sua imagem e nome, à semelhança de outros países que gozam de um prestígio mais elevado, caso da França e Itália, que estão associados a uma manufatura com algum renome. No nosso caso, o esforço passará, sobretudo, pela promoção da imagem. Descobrir o que podemos oferecer de diferente e que seja valorizado é a primeira prioridade. Esse tem de ser um esforço concertado através da chamada diplomacia económica e na centralização de um conjunto de sinergias por parte da administração pública. O objetivo é promover a imagem de Portugal no exterior e permitir abrir mercados às exportações”. Pedro Guerreiro é perentório: “Todos nós que pensamos nos negócios, na política externa e que pensamos no mundo, temos a sensação de que Portugal, não tem um posicionamento unívoco e é isso que precisa de ser trabalhado. Antes de promovermos a imagem de Portugal temos que perceber o que efetivamente somos e temos de perceber quais são as diferenças que devemos marcar no mundo. E é isso que, em primeiro lugar, merece o esforço de todos, não apenas dos políticos, mas dos empresários, das universidades e dos portugueses em geral. Esse é o primeiro passo a dar, para depois podermos trabalhar a marca “Portugal”. Sem querer dar grande enfoque ao problema, diz Pedro Guerreiro, “o que precisamos para assumirmos esse posicionamento é estudar aquilo que os outros pensam sobre nós e, depois, poderemos chegar a conclusões interessantes. O Dr. Pedro Roque falou num caso interessante e que tem a ver com facilidade de relacionamento que temos no Japão. Há vários séculos introduzimos neste país a laranja e desde aí conseguimos manter relações comerciais com a região. O segredo desse sucesso muito simples foi termos tido a possibilidade de apresentarmos algo diferente e que foi valorizado”. Sublinha que aquilo que nos compete fazer hoje é só isto: “Descobrir o que podemos oferecer de diferente e que seja valorizado. Isso pressupõe investir na investigação e desenvolvimento. Se tivermos uma política coordenada entre empresas, Estado e universidades e se todos partilharmos esse objetivo de perceber qual a posição potencial de Portugal no mundo, chegaremos a conclusões interessantes”. André Quiroga é incisivo e remata que o conceito geral e os conceitos associados à marca “Portugal” e aos clusters “sofrem mudanças sempre que mudam os governantes, ficando a ideia de que apareceu alguém a inventar a roda”. Este empresário introduziu a temática da diplomacia económica e afirma que se trata de um pleonasmo, pois tudo é economia, “mesmo quando falamos de diplomacia cultural o que tentamos fazer é negócio”. A este propósito Pedro Roque afirma que está tudo inventado e basta ver os bons exemplos que vêm do exterior para adaptá-los e reproduzi-los à escala nacional. “A diplomacia é fundamental, aquela diplomacia não pode ser a diplomacia do croquete e do senhor embaixador que tem uma formação humanística e jurídica muito forte, mas não está vocacionado para vender a imagem de Portugal. Não deixa de ser curiosa a designação de Ministério dos Negócios Estrangeiros, pois a palavra “negócio” empurra-nos, incontornavelmente, para uma definição de economia, e a venda desse tipo de serviços ao exterior é fundamental. Em termos administrativos, tem de haver uma centralização e uma agilização de meios que “permitam também um ganhar de escala das próprias empresas que são na generalidade PME e que sem uma ajuda do Estado – no sentido do enquadramento administrativo de como as coisas devem ser feitas – não conseguirão uma promoção da marca, da participação em certames internacionais e de todo um processo logístico integrado de venda desse produto”. Miguel Centeno preferiu focar-se no impacto dos jovens na mudança e na capacidade de mudar a imagem no exterior. Afirma que é “preciso chamar as pessoas e mostrar que este é um país que ID: 38112737 21-10-2011 Tiragem: 20000 Pág: 13 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 28,72 x 30,41 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 e lançar a marca “Portugal” momento Intervenientes Pedro Guerreiro Somos o 11º produtor mundial de vinhos mas estamos entre os cinco primeiros a receber prémios internacionais. Isto significa que sabemos produzir com qualidade que é reconhecida internacionalmente, mas temos o problema da marca, e esse é um problema que temos de resolver. Aquilo que pode ser a ajuda nacional no mundo dos vinhos e dos cafés pode passar muito pela experiência sensorial. Na verdade, o nosso discurso acaba por ser um pouco negativista, mas é importante reforçarmos a mais-valia que temos. Miguel Centeno É necessário chamar as pessoas a Portugal e mostrar que somos um país que tem cultura, costumes, temos de saber atrair os outros e tal como quando vamos a uma entrevista de emprego em que pensamos sobe o que nos pode diferenciar, o mesmo se aplica ao país. Temos de encontrar a melhor maneira de fazer a diferença. O caso dos vinhos é paradigmático porque tem vindo a melhorar a qualidade que lhes está associada. Considero ainda ser necessário voltar um pouco às origens, aos produtos regionais como o mel Pedro Roque A imagem de Portugal insere-se num contexto mais vasto, mas a nível regional. Falo do contexto do Mediterrâneo. Por outro lado, quando falamos de vinhos, de azeites ou de um conjunto de produtos tradicionais, eles não são exclusivamente portugueses, mas inserem--se num contexto mais vasto, que é associado a um conceito de qualidade e a algo que não é apenas cultural, mas também de saúde: a dieta mediterrânica. Basta ver quanto custa uma garrafa de azeite em Bruxelas, para se perceber o que é valor acrescentado tem cultura, costumes, produtos regionais, praia e muito mais”. Pedro Roque frisa não serem apenas alvo de atenção os bens que são exportáveis, mas também os serviços, onde se inclui a hotelaria e o turismo. Sublinha que esta ideia não se pode aplicar apenas às regiões de primeira linha, caso da Região Autónoma da Madeira, ao Algarve e Lisboa, mas a todo o país, pois é como um todo que temos capacidades importantes do ponto de vista cultural e económico. Nesta vertente incluemse as tradições gastronómicas, vinhos e a cultura em geral. Afirma”: O país é, nesse aspeto, riquíssimo e há que vender o país e permitir que haja um afluxo de turistas que apreciam a qualidade e cultura e que podiam ter um elevado valor acrescentado. Os mercados externos podem trazer poder de compra e riqueza e constituírem um fator de desenvolvimento das regiões nacionais que estão deprimidas”. ID: 38112737 21-10-2011 12 NEGÓCIOS E EMPRESAS Acabar com o experimentalismo e lançar marca Portugal é desafio mais importante do momento Tiragem: 20000 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 4,57 x 5,82 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3