geografia - Colégio Paulo Freire

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GEOGRAFIA
a) Por que você acha que a canção chama-se Trenzinho do caipira?
b) Considerando que essa canção foi escrita entre 1930 e 1945, como
você imagina que era o sistema ferroviário brasileiro naquela
época?
Fica a dica
Que tal uma sessão
pipoca para assistir ao
filme Villa-Lobos, uma
vida de paixão (direção
de Zelito Viana, 2005)?
Assim você poderá
conhecer um pouco
mais da história de
vida deste grande
brasileiro e compositor.
2. Descreva as características dos trens no Brasil e o que eles transportam na atualidade. Lembre-se de tratar dos trens urbanos.
3. Onde se pode observar maior densidade de ferrovias? Por que elas
estão concentradas nessa região?
A navegação (cabotagem, hidrovias, portos)
O Brasil é um país que possui grande número de rios que cortam vários
Estados e regiões e servem como fonte de renda e alimentação para
ribeirinhos (população que mora na beira dos rios), como ponto de turismo
para os brasileiros e, principalmente, como meio de trans-porte. Pelos rios
do Brasil, as embarcações navegam levando cargas e pessoas, muitas
vezes, sem segurança.
Assim, eles são utilizados como hidrovias. É um meio de trans-porte
mais barato do que rodovias e ferrovias. As principais hidrovias são o Rio
São Francisco, que abrange grande parte da região Nor-deste, e a TietêParaná, na região Sudeste.
Ainda hoje, com maior conhecimento sobre o território brasi-leiro e
com extensa rede de rios, grandes e numerosos, as hidrovias não são muito
exploradas. O maior uso dos rios como hidrovias acontece na região Norte
do País, conforme pode ser observado no mapa a seguir.
Você sabia que
70% dos produtos
comercializados
entre os países
são transportados
de navios?
Dê uma olhada em
algum produto que você
usa e, se ele estiver
com alguma indicação
de que foi feito em outro
país, provavelmente
ele chegou até aqui de
navio, por meio de algum
de nossos portos!
Brasil: navegabilidade e profundidade dos rios
Rios
Não navegável
Apenas em tempos de cheia
Vias navegáveis permanentes
(profundidade em metros)
de 0,8 até 1,3
de 1,3 até 2,1
> 2,1
0
Fonte: Rede hidroviária brasileira
500 km
© HT-2003 MGM-Libergéo
THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 199.
O território brasileiro tem, atualmente, mais de 4 mil quilômetros de
costas navegáveis, além de milhares de quilômetros de rios que são, ou
poderão se tornar, navegáveis no futuro.
Além das hidrovias, há outras formas de utilizar os corpos hídri-cos
para o transporte de passageiros ou cargas: pelo mar. Essas incluem a
navegação de grandes distâncias entre países e o sistema chamado
cabotagem, no qual os navios percorrem os vários portos de um mesmo
país, não se distanciando muito da costa.
72
Aeroportos e fluxos aéreos
© Delfim Martins/Pulsar Imagens
A aviação brasileira cresceu muito nos últimos anos, com o surgimento de novas companhias aéreas e a modernização das demais, ao
mesmo tempo que empresas estrangeiras ingressaram no mercado aéreo do
País. Dessa maneira, foi possível aumentar o número de assentos
disponíveis na malha aérea e popularizar esse transporte no Brasil. Além do
transporte de pessoas, os aviões transportam também produtos de alto valor
ou cargas urgentes.
Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP.
O Brasil teve um grande aumento de passageiros e fluxo nos últi-mos
anos. O Estado de São Paulo, acompanhando a ampliação nacio-nal, teve o
aumento mais significativo, principalmente a capital, pois possui a maior
população e é o centro econômico e financeiro do País, o que explica a
diversificação das rotas para outras regiões e cidades.
Nas demais regiões do País, também houve um crescimento importante do tráfego aéreo. Com o aumento da renda e o barateamento relativo
de passagens, maior número de pessoas têm oportunidade de utilizar este
transporte.
O Aeroporto Internacional de Guarulhos – Cumbica, conforme dados
da Infraero, é o mais importante do País, tanto em termos de número de
passageiros, como em voos nacionais e internacionais.
Atividade 8
Conhecendo os fluxos aéreos do Brasil
1. O que é transportado principalmente nos fluxos aéreos?
2. Descreva como é o fluxo aéreo hoje no Brasil.
3. Você conhece alguém que viaja constantemente de avião? Se sim, de
onde essa pessoa vem, para onde vai e que tipo de serviço ela presta?
A produção de energia
© Juergen Richter/LOOK-foto/Glow Images
O Brasil possui muitas alternativas energéticas menos agres-sivas ao
meio ambiente e que podem substituir o uso de recursos limitados, como o
petróleo. Entre essas alternativas está a ener-gia hidrelétrica, a solar e a
eólica (pela força dos ventos, prin-cipalmente na região Nordeste). Essas
energias são consideradas renováveis porque não esgotam os recursos
naturais, que podem se renovar. A maior parte da energia consumida é
produzida pelas usinas hidrelétricas e termelétricas.
Hidrelétrica de Itaipu, PR.
74
As usinas termelétricas têm custos de instalação bem menores do que
os de uma hidrelétrica, além de causarem impactos ambientais mais
reduzidos, em termos de extensão territorial e zonas afetadas, uma vez que
as hidrelétricas necessitam que uma grande área seja alagada para poder
entrar em operação. Mas as termelétricas podem
ser muito poluentes devido ao uso do
carvão mineral. Por isso, essas usinas
localizam-se apenas onde há disposi-ção
de minas de carvão: Rio Grande do Sul,
São Paulo e Santa Catarina.
Atualmente, no Estado de São
Paulo, muitas usinas de açúcar e álcool
estão usando a queima do bagaço da
cana-de-açúcar como fonte primária
para a produção de energia, a fim de se
tornarem autos-suficientes.
Quanto à construção de hidrelétricas, muitos rios brasileiros têm
grandes potenciais hidráulicos (fluxo de água). A principal hidrelé-trica do
Brasil encontra-se na área do Rio Paraná. Há outros rios que também
apresentam esse potencial hidráulico, como os rios da região Amazônica.
A construção dessas usinas é fundamental para o funcionamento do
País. Elas começaram a ser erguidas em razão da necessidade de energia
decorrente do aumento do número de indústrias e da urbani-zação,
principalmente após a década de 1970.
Existem muitas observações a serem feitas quando se pensa na construção dessas grandes estruturas. Sua implementação necessita de muitas
transformações no espaço, como o desalojamento de populações para
construir represas e as inundações em extensas áreas, que podem acarre-tar
problemas ambientais e sociais. Dessa forma, a discussão da construção de
usinas hidrelétricas leva sempre para a questão que envolve a relação entre
progresso e preservação do meio ambiente.
Atividade 9
Conhecendo a rede elétrica do Brasil
1. Quais são os tipos de fontes energéticas existentes no Brasil?
2. Qual delas causa maior impacto ambiental? Por quê?
© European Space Agency/SPL/Latinstock
As telecomunicações
Em qualquer país, as telecomunicações, ou seja, as
comunicações feitas a distância, como a telefonia fixa e a
celular, são essenciais para a divulgação de informações e
para a integração entre pessoas e bens.
No Brasil, entre 1972 e 1998, este setor era controlado pela Telebrás, quando ocorreu sua privatização,
substituindo o controle estatal pelo controle de empre-sas
privadas.
Hoje, as telecomunicações são essenciais para qualquer tipo de transação de negócios e para a vida social.
Para que a transmissão de dados seja rápida e infalível, as
tecnologias utilizadas vão desde a fibra óptica até os
satélites. Dependendo da qualidade dos materiais e da
tecnologia disponível, essa transmissão pode ocorrer de
maneira instantânea.
Satélite de comunicação.
Atividade 10
As telecomunicações do Brasil
1. Converse com os colegas e pergunte quem possui celular e quan-tos
celulares cada um possui. O que isso mostra sobre a amplia-ção da
telefonia no mundo atual?
2. Você faz uso da internet? Para que a utiliza?
3. Para que servem as telecomunicações em geral?
76
O setor de serviços no território brasileiro
Em uma sociedade extremamente urbanizada como é a socie-dade
brasileira, conforme você já estudou antes nessa Unidade, na qual em torno
de 85% da população é urbana, o setor de serviços e comércio, conhecido
como terciário, é o que mais emprega pessoas e também o que mais
representa custos. Segundo a Pesquisa Anual de Serviços (IBGE, 20002001), são 945 mil empresas no País, gerando um volume aproximado de
16 milhões de empregos. São empresas dos mais variados portes, das
microempresas familiares ou de poucos integrantes até grandes corporações
nacionais e estrangeiras.
Nos dias de hoje, esse é um importante setor no Brasil e tem tido
grande crescimento. Um exemplo de atividade desse setor é o de serviçosbancários e financeiros. Essas instituições, os bancos, são integradas e
promovem o uso de seus serviços (cartões, empréstimos, crédito, venda a
prazo etc.) por todo o território nacional. Observam-se avanços
tecnológicos e mudanças importantes com a introdução de serviços
eletrônicos e a internet e mudanças no padrão dos empregos, sendo que a
maioria desses serviços requer mão de obra qualificada.
© G. Evangelista/Opção Brasil Imagens
Os serviços do Estado também são outro exemplo desse tipo de
serviço, como o Sistema Único de Saúde (SUS), os sistemas de auxílios
sociais (como o Bolsa Família), os Correios, a vacinação, a educação e a
previdência social. Esses serviços que integram as regiões são relativamente padronizados em todo o território nacional e são importan-tes
para os cidadãos.
Funcionário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
Atividade 11
O setor de serviços do Brasil
Em que ramo de atividade você atua? Descreva esse ramo e rela-cioneo com o que você viu nesta aula. Dê exemplos de outros tipos de trabalho
do setor de serviços.
Você estudou
Nesta Unidade, você viu as características das populações urbana
e rural do Brasil e os tipos de trabalho desempenhados por eles.
Conheceu a infraestrutura necessária para o desenvol-vimento das
economias das zonas urbana e rural, e como elas são necessárias
tanto para as indústrias quanto para as pessoas.
Você também estudou as profundas transformações no espaço
proporcionadas pelas indústrias e agroindústrias e a situação dos
trabalhadores das zonas rural e urbana. Além disso, pôde
compreender os grandes sistemas de engenharia e de serviços como
estruturas para o funcionamento da dinâ-mica econômica do Brasil,
fundamental para você conhecer melhor a economia do País.
Pense sobre
Reflita sobre a situação do transporte na sua cidade. Qual tipo de
transporte seria mais eficiente para os usuários e para a cidade? Reflita
sobre as vantagens e desvantagens desse tipo de transporte.
78
4
As grandes regiões
Nesta Unidade, você vai estudar as diferentes
regiões brasileiras, suas características agrárias e
urbanas. Também verá como são os trabalhos
desempenhados pelas suas populações, como são as
divisões das regiões pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e também os chamados grandes complexos regionais.
© Ale Ruaro/Pulsar Imagens
socioeconômicas
brasileiras
Para iniciar...
•
Converse com os colegas e o professor.
– O que você conhece sobre as outras regiões do
Brasil e suas características?
– Como você acha que vivem as pessoas que
moram nestas outras regiões?
© Lula Sampaio/Opção Brasil Imagens
Observe as imagens desta página. O que é
possível dizer sobre o modo de vida dos brasileiros retratados nessas fotografias?
© Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens
•
O desenvolvimento desigual do território brasileiro
Para você entender as dinâmicas espaciais do nosso país, é pre-ciso que
você conheça a dimensão do Brasil: segundo o IBGE, seu território possui
2
8 514 876,599 km e se estende por grande parte da América do Sul.
Com essa extensão, você pode então compreender, lembrando o que
você já estudou anteriormente, que o território brasileiro abrange variados
tipos de vegetação, climas, formas de relevo, cultu-ras e populações. Essas
variações são ainda mais acentuadas quando se analisam as diferenças
operadas pela força do trabalho de homens e mulheres nesses diferentes
tipos de meios naturais.
As diversidades sociais e culturais de um país sempre resultam de sua
história. Há também diferenças que podem ter como fonte a diversidade
ambiental, mas é com base no modo como se desenvol-vem os sistemas
econômicos e políticos que se forma a diversidade social de um país.
© IBGE
No caso do Brasil, isto é especialmente percebido: aqui, onde viviam
originalmente as várias nações indígenas, chegaram vários povos de
diferentes continentes. Primeiro, o colonizador europeu, que dizimou a
maior parte dos povos indígenas; em seguida, os africanos, trazidos para
servir como escravos; e, mais tarde, os imigrantes originários de vários
lugares da Europa, mas também da Ásia e do Oriente Médio.
Brasil: político
A divisão oficial do IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) dividiu o Brasil em cinco
regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste e Sul. Essa divisão foi feita na
década de 1970, com algumas modifica-ções
que datam da década de 1990.
Os critérios para a regionalização são
baseados nas características humanas, como
as etnias e a demografia, bem como nas
físicas e econômicas. Vale lembrar que essas
particularidades não são homogêneas.
Fonte: IBGE. Disponível em: <http://
www.ibge.gov.br/7a12/mapas/>.
Acesso em: 4 jun. 2012 (adaptado).
80
•
A região Norte é formada pelos Estados do Amazonas, Pará, Acre,
Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Com 3 869 637 km², esta é a
maior das regiões- brasileiras, representando 45,7% do território, mas
somente cerca de 13 milhões de pessoas vivem aí. A densidade
demográfica é de 3 habitantes por km².
•
A região Nordeste tem 1 561 177 km² e abrange os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia. Com uma população de mais de 47 mi-lhões
de pessoas, ela corresponde a 28% da população do Brasil.
•
A região Centro-Oeste compreende os Estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, e possui uma área de
1 612 077 km². Com uma população de mais de 11 milhões de pessoas,
corresponde a 6,8% do total de habitantes do nosso país.
•
A região Sudeste é formada pelos Estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Com 927 286 km², é a re-gião
mais populosa do Brasil, com mais de 72 milhões de pessoas que
totalizam 42,6% da população brasileira. É também a região mais
urbanizada e industrializada do Brasil.
•
A região Sul é constituída pelos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul
e Santa Catarina. Com 576 409 km², possui uma popula-ção de mais de
25 milhões de habitantes, equivalendo a 15% do total nacional. O
clima mais frio e a migração europeia em grande número são
características marcantes dessa região.
Essa divisão regional proposta pelo IBGE é comumente empre-gada
para fins econômicos, distribuição de financiamento por parte do governo
federal, estatísticas regionais etc. Considerando que o Brasil é o quinto
maior país do mundo em dimensão territorial, o agrupamento dos Estados
brasileiros é importante para contemplar as características particulares de
cada uma dessas regiões.
Atividade 1
Relacionando as regiões do Brasil
1. Relacione, brevemente, as características da região em que você mora
com as da região Norte.
Fica a dica
Muitos dos dados com
os quais os geógrafos e
outros profissionais
trabalham são
produzidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia
e Estatística. Esses
dados são
apresentados em
censos e estatísticas
produzidas pelo órgão
federal, que é uma fonte
oficial de informações
sobre o País, realizando
pesquisas nas áreas de
demografia, economia e
emprego, entre outras.
Para consultar os dados
do IBGE, visite o site
<http://www.ibge.gov.
br>. (Acesso em:
24 maio 2012.)
Você sabia que
povoado e populoso
não significam a
mesma coisa?
O termo “povoado” é
utilizado para expressar a
relação direta entre
população (número de
habitantes) e espaço por
ela ocupado, como no
caso do cálculo da
densidade demográfica. A
região Sudeste, por
exemplo, é mais povoada
do que as demais. Já o
termo “populoso” refere-se apenas ao número de
habitantes de uma
localidade, ou seja, a
população absoluta.
Assim, São Paulo é
mais populosa do
que Manaus.
2. Das regiões brasileiras, qual é a mais populosa e a menos populosa?
Por quê?
3. Por que a população brasileira ainda hoje se concentra mais próxi-ma
ao litoral?
Outras formas de regionalização do Brasil
Além da divisão regional oficial proposta pelo IBGE, existem outras
possibilidades de se regionalizar o território brasileiro, de modo a considerar a ocupação histórica, as características culturais e as formas econômicas desenvolvidas em cada parte do Brasil, entre outras variáveis. Uma
dessas possibilidades é a divisão por macrorregiões, também chamadas
complexos regionais: Nordeste, Centro-Sul e Amazônia. Essa proposta
considera, além de aspectos naturais, traços históricos e geoeconômicos,
não se atendo aos limites das atuais fronteiras de cada Estado.
©
Brasil: macrorregiões geoeconômicas
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5.
ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 152
(sem indicação da escala cartográfica e
sem orientação do norte geográfico).
82
IBGE
O complexo Nordeste, marcas da primeira região colonizada
O complexo Nordeste conta com a seguinte composição: todo o Estado
do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas
e de Sergipe; grande parte da Bahia e do Piauí; porções de Minas Gerais e
do Maranhão; e um território minúsculo do Espírito Santo. Durante 300
anos, o Nordeste foi a principal região econômica do Brasil colonial,
fomentando o crescimento e o desenvolvimento das primeiras e
importantes cidades brasileiras, a exemplo de Salvador (BA), Recife (PE) e
São Luís (MA).
Em relação à economia da região Nordeste nesse período, des-taca-se a
importância do cultivo das lavouras monocultoras de cana--de-açúcar, cujo
trabalho era realizado pelos negros escravizados, e a exportação do açúcar
para a Europa. Esse regime econômico, que você estudou na Unidade 2, é
chamado plantation, típico de econo-mias coloniais.
Outro importante produto de exportação, já no século XIX, foi o
algodão, que proporcionou também grande impulso econômico ao
Nordeste, gerando expansão urbana e industrial, especialmente no caso de
Recife. No entanto, a economia algodoeira não foi tão duradoura quanto a
economia açucareira.
O sistema colonial, objetivando exclusivamente o enriquecimento de
Portugal, acabou por deixar suas marcas no Nordeste: destruição da
vegetação original, forte presença de escravos e o poder do coro-nelismo.
Eram chamados “coronéis” aqueles que possuíam grandes extensões de
terra, anteriormente conhecidos como os “senhores de engenho”. Não eram
necessariamente do exército. Às vezes, eles com-pravam as suas patentes,
outras a utilizavam para mostrar o seu poder. Tinham grande poder de
mando, chegando a contratar pessoas (os jagunços) para executar quem se
opusesse à sua forma de manter rela-ções de trabalho, pela escravidão ou
pela superexploração.
Com violência, conquistaram amplas terras e expulsaram de suas
propriedades as famílias que não queriam viver sob seu comando. Só
recentemente tal situação vem sendo alterada, devido: a políticas sociais e
transferência de renda; ao estabelecimento de indústrias e ao crescimento
dos portos e do turismo, que dinamizam a economia do Nordeste; e à
valorização dos direitos políticos que a população vem exercendo.
Assim, a região conhecida hoje como complexo do Nordeste, a
primeira a ser ocupada e a primeira a desenvolver-se economicamente
no País, é também a região onde se encontra uma das maiores diversida-des
de atividades econômicas geradas ao longo dos séculos. As cidades mais
antigas, como Salvador, Recife, Olinda e Fortaleza, foram palco desse
desenvolvimento econômico desde a época colonial. Durante um longo
período, três séculos pelo menos (XVII a XIX), foi a região com maior
presença de populações e com grandes cidades: Salvador, por exemplo, foi
a maior cidade de todo o continente americano.
No século XX, a população do Nordeste migrou em grande quantidade para a região Sudeste, e em menor proporção para o Norte. Hoje, a
situação é diferente, pois muitos nordestinos voltam à sua região de origem
em razão das melhorias econômicas e do cresci-mento de oportunidades de
emprego que a região vem oferecendo.
Atividade 2
Conhecendo o complexo regional
do Nordeste
Pesquise sobre as principais características atuais da região Nor-deste e
cite as diferenças que há entre essa região e a que você mora. Apresente
suas descobertas para a turma.
O complexo Centro-Sul, o mais industrializado e urbanizado
© Hércules Testa/OXPHOTO/Latinstock Brasil RF/Latinstock
O Centro-Sul abrange: os Estados da Região Sul; todo o territó-rio dos
Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro; grande
parte de Minas Gerais e do Espírito Santo; e porções da Bahia, do
Tocantins, do Piauí e do Maranhão. É importante lembrar que, nesse
complexo, encontram-se a capital federal, Brasília, e metró-poles como São
Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). É a
porção mais industrializada do território brasileiro, com importantes
indústrias sediadas nos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio
Grande do Sul.
A cidade de São Paulo, SP.
84
Essa região concentra, também, a
agricultura mais moderna do Brasil, além de
sediar modernos serviços de saúde,
educação, publicidade e propaganda. As
metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro
concentram o sistema financeiro e as sedes
de
grandes
empresas
nacionais
e
estrangeiras, o que lhes confere poder de
influência econômica, política e cultural
sobre o território nacional.
O processo de modernização que ocorreu desde o final do século XIX
foi mais intenso nas regiões Sudeste e Sul do País, impulsionando mais
cedo a urbanização dessa parte do território. Nessa área, fixa-ram-se os
maiores contingentes de imigrantes que vieram para o Bra-sil após a
abolição dos escravos, em 1888: italianos, espanhóis, por-tugueses,
japoneses, eslavos, alemães e sírio-libaneses, entre outros.
A principal economia que impulsionou esse desenvolvimento foi a do
café, plantado no Estado de São Paulo e amplamente produzido para a
exportação. Assim, com a dinâmica da produção e do trabalho utilizado
para o café, começaram a crescer as cidades. Houve a neces-sidade de
comércio e de fábricas e a instalação de toda a infraestru-tura que fez dessa
região a mais industrializada e urbanizada do País. Conforme você viu na
Unidade 2, nessa época, a população de São Paulo duplicava a cada dez
anos, e várias cidades foram sendo criadas no interior à medida que a
cafeicultura se expandia.
A exploração mineral no século XVIII, com a entrada dos bandeirantes nas terras dos indígenas, foi responsável pela fundação de
algumas grandes cidades na região central do Brasil, como Cuiabá. No
século XX, foram implementadas políticas de povoamento, inclusive de
incentivo a fazendeiros e pecuaristas do Sudeste. Toda-via, foi com a
construção de Brasília, iniciada na década de 1950, e com o plantio da soja,
após a década de 1970, que ocorreu um pro-cesso mais intenso de
urbanização. Segundo o Censo 2010, Brasília era uma cidade com
2 562 963 habitantes, cuja economia pujante baseava-se nos serviços.
Foi na região do complexo Centro-Sul que se concentrou a melhor
infraestrutura do País, em cidades com alto padrão de urbanização, com
indústrias de todos os tipos, dos serviços gerais e de alto padrão
tecnológico. Como consequência, os níveis de renda e de escolaridade da
população aumentaram, assim como os inves-timentos (privados e
governamentais). É a região que desde o iní-cio da industrialização
brasileira, já no final do século XIX, mais vem se desenvolvendo e
fortalecendo a sua capacidade produtiva.
Atividade 3
Conhecendo o complexo Centro-Sul
Em grupos, pesquisem as características da região Centro-Sul,
considerando o seguinte roteiro:
•
Quais foram as razões que fizeram a região ter esse tipo de
desen-volvimento?
•
Quais são as características da cultura dos habitantes nessa região?
•
Por que essa cultura predominou na região?
Apresentem suas descobertas para os demais grupos.
O complexo Amazônico, o menos povoado
Essa macrorregião é composta por: todo o território dos Estados do
Amazonas, do Pará, de Roraima, de Rondônia, do Acre e do Amapá; quase
todo o Tocantins; e parte do Mato Grosso e do Maranhão. É a menos
povoada do Brasil. Em muitas áreas, a densidade demográfica é de menos
de um habitante por quilômetro quadrado.
Porém, é fundamental ressaltar que as cidades e a população dessa
região vêm crescendo. Novos processos de ocupação territorial (resultantes
de migrações internas, especialmente oriundas do Sul e do Nordeste do
País), grandes investimentos em infraestrutura energética e de transporte,
além do crescimento vegetativo (a diferença entre a taxa de natalidade e a
taxa de mortalidade) têm produzido cresci-mento da população, sobretudo
urbana.
Inicialmente, durante o período de colonização, a Amazônia foi apenas
procurada por exploradores europeus, que buscavam as cha-madas “drogas
do sertão”, e por missões científicas. A própria natu-reza da Floresta
Amazônica e seu clima equatorial, além da maior distância em relação à
metrópole, dificultavam a fixação em grande número do português
colonizador.
Você sabia que as
chamadas “drogas do
sertão” eram alguns
produtos retirados do
sertão brasileiro?
Na época da colonização
do Brasil, produtos como
cacau, canela, castanhado-pará, cravo, guaraná
e urucum
eram muito valorizados
pelos europeus, que até
então os desconheciam.
O interesse por essas
chamadas “novas
especiarias” levou a uma
exploração da região do
sertão brasileiro e da
prática de contrabando
desses produtos para o
exterior.
86
Como exemplo de atividade econômica e de trabalhos desen-volvidos
nessa região, pode ser citada a produção do látex, um tipo de borracha
natural: os trabalhadores retiravam a seiva das serin-gueiras, das quais
obtinham esse produto. Tal atividade trouxe o crescimento- das cidades
dessa área, já que muitos trabalhadores se mudaram em busca de
oportunidades.
Já na década de 1960, também foi desenvolvida, próxima a Manaus
(AM), a Zona Franca de Manaus, com o objetivo de levar maior dinamismo
econômico a essa região. Entretanto, até hoje a Ama-zônia é a região com
menor densidade populacional e com a maior presença de povos indígenas.
Como você pôde ver, a região do complexo Amazônico caracte-riza-se
por uma baixa densidade demográfica, pois por muito tempo não foi
explorada por uma economia moderna e capitalista. Contudo, hoje ela está
sendo ocupada e explorada e vem sendo alvo de gran-des projetos
hidrelétricos, exploração mineral e mesmo crescimento
industrial. Tudo isso vem promovendo o crescimento populacional e a
expansão da urbanização.
Atividade 4
Conhecendo o complexo Amazônico
1. Em duplas, observem as duas imagens a seguir e respondam às
questões.
Foto 1
Foto 2
Imagens
Preto/
© CláudioLuiz © BrasilMarigo/OpçãoFernanda
Folhapress
a) Quais as principais diferenças que podem ser observadas entre as
imagens?
b) As mudanças na floresta são necessárias? Por quê?
c) É possível aliar o desenvolvimento social, político e econômico
com a preservação do meio ambiente? De que forma?
2. Quais são as atuais atividades econômicas desenvolvidas no complexo
Amazônico?
87
Estudando as diferenças entre as regiões, sejam elas físicas
(como os diversos climas e vegetações), sejam históricas e sociais (as
ocupações, os trabalhos desenvolvidos etc.), é possível ob-servar que
as realidades das regiões brasileiras no presente estão relacionadas
com a convivência de fatores geográficos, históri-cos e políticos.
Assim, tome-se como exemplo a região Sul do Brasil. Ela exibe
o mais alto índice de desenvolvimento humano do País (IDH), índice
que se baseia em informações sobre a saúde, a es-colaridade e a
expectativa de vida ao nascer da população. Isso não quer dizer que a
região Sul não tenha problemas, mas que, na média, seus problemas
sociais são em menor quantidade do que nas outras regiões.
A que se devem esses indicadores? Talvez valha a pena lem-brar
que o Sul do Brasil desenvolveu uma modalidade de colo-nização
diferenciada das demais regiões, em um processo com muitos
conflitos, mas que, ao final, fez com que predominasse a instalação
da pequena propriedade agrícola.
Nesse tipo de propriedade agrícola, o fundamental é a pro-dução
de mais de um tipo de alimento (como grãos), além de estar- sempre
presente o trabalho da família. O vínculo com a terra, a estabilidade
de poder produzir algo que é para o consu-mo interno, o apoio para a
produção e distribuição são fatores- que podem ter contribuído para
que a relação campo-cidade fosse um pouco mais equilibrada do que
no resto do País.
As ligações entre os complexos regionais
Os três complexos regionais – Nordeste, Centro-Sul e Amazônia –
dependem uns dos outros. Eles participam de uma economia única e de
uma única vida cultural e política, mesmo com todas as diversidades
sociais (entre pessoas e culturas) e espaciais (diferentes espaços e regiões).
Por exemplo, a decadência econômica do Nordeste, provocada pela
concentração de terras e pela monocultura na região sem uma base
industrial para absorver a população trabalhadora, e o desenvolvi-mento do
Centro-Sul, principalmente a partir do fim do século XIX, modificaram os
fluxos de pessoas e de mercadorias entre as regiões. O Centro-Sul cresceu e
desenvolveu-se com o café e a industrialização,
fazendo com que o centro econômico do País fosse deslocado do Nordeste
para o Centro-Sul.
A concentração de renda e terras nas mãos principalmente dos coronéis fez com que muitos nordestinos migrassem para a região Centro--Sul,
em especial, para São Paulo. Foram eles que deram o seu trabalho para
fazer a cidade crescer, construíram e trabalharam nas fábricas e na
construção civil, nos serviços domésticos e nas atividades de comércio e
serviços, contribuindo para o desenvolvimento dessa região.
A Amazônia, desde a década de 1970, vem sendo intensamente
ocupada com o desmatamento da floresta para a venda de madeira, com a
chegada da agroindústria da soja e com a abertura de pastos para a criação
de gado. Também é explorada para a mineração e para a construção de
povoados ou cidades, aspectos esses que têm atraído migrantes das diversas
regiões do País.
Mesmo com a influência econômica de outros países, as ativida-des de
cada região exercem papel importante na economia interna do País. O
Nordeste, por exemplo, abastece o Centro-Sul com produ-tos agrícolas e
matérias-primas, entre outros, enquanto o Centro-Sul abastece o Nordeste
principalmente com produtos industrializados, entre outras mercadorias.
Há, então, uma divisão do trabalho entre as regiões que compõem o
espaço nacional. É possível observar que, quando uma região entra em
decadência e outra se expande, migrantes se deslocam de uma região para a
outra.
Atividade 5
As regiões do Brasil e seu cotidiano
1. Em seu caderno, responda individualmente às questões a seguir.
a) Sua família é originária de qual região?
b) Quais são as características da região da qual sua família é proveniente? Como são a cultura culinária, as festas, as danças etc.?
2. Relate suas respostas ao seu colega e ouça as dele: Quais são as
diferenças e as semelhanças entre as respostas de ambos?
Trabalho
o
7 ano – Unidade 1
Você estudou
Nesta Unidade, você viu como o território brasileiro mostra
desigualdades em relação às suas regiões, dadas pela história e pelas
relações socioespaciais, econômicas e políticas.
Viu também a concentração populacional em determinadas
regiões do País e as divisões em regiões pelo IBGE e por meio dos
complexos regionais. Esses complexos (Nordeste, Amazônia e
Centro-Sul) apresentam ligações entre si de ordem econômi-ca,
política, cultural e social, mas não são homogêneos. Eles apresentamcaracterísticas próprias, com divisão do trabalho entre as regiões que
compõem o espaço nacional.
Pense sobre
Você aprendeu nesta Unidade as diferenças entre as regiões e viu que
cada uma tem suas características e que elas são interdependen-tes. Reflita
sobre as desigualdades de classe (poder econômico, esco-laridade,
condições de vida) e quais seriam as principais causas do deslocamento de
pessoas que decidem viver em outras regiões.
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