GEOGRAFIA a) Por que você acha que a canção chama-se Trenzinho do caipira? b) Considerando que essa canção foi escrita entre 1930 e 1945, como você imagina que era o sistema ferroviário brasileiro naquela época? Fica a dica Que tal uma sessão pipoca para assistir ao filme Villa-Lobos, uma vida de paixão (direção de Zelito Viana, 2005)? Assim você poderá conhecer um pouco mais da história de vida deste grande brasileiro e compositor. 2. Descreva as características dos trens no Brasil e o que eles transportam na atualidade. Lembre-se de tratar dos trens urbanos. 3. Onde se pode observar maior densidade de ferrovias? Por que elas estão concentradas nessa região? A navegação (cabotagem, hidrovias, portos) O Brasil é um país que possui grande número de rios que cortam vários Estados e regiões e servem como fonte de renda e alimentação para ribeirinhos (população que mora na beira dos rios), como ponto de turismo para os brasileiros e, principalmente, como meio de trans-porte. Pelos rios do Brasil, as embarcações navegam levando cargas e pessoas, muitas vezes, sem segurança. Assim, eles são utilizados como hidrovias. É um meio de trans-porte mais barato do que rodovias e ferrovias. As principais hidrovias são o Rio São Francisco, que abrange grande parte da região Nor-deste, e a TietêParaná, na região Sudeste. Ainda hoje, com maior conhecimento sobre o território brasi-leiro e com extensa rede de rios, grandes e numerosos, as hidrovias não são muito exploradas. O maior uso dos rios como hidrovias acontece na região Norte do País, conforme pode ser observado no mapa a seguir. Você sabia que 70% dos produtos comercializados entre os países são transportados de navios? Dê uma olhada em algum produto que você usa e, se ele estiver com alguma indicação de que foi feito em outro país, provavelmente ele chegou até aqui de navio, por meio de algum de nossos portos! Brasil: navegabilidade e profundidade dos rios Rios Não navegável Apenas em tempos de cheia Vias navegáveis permanentes (profundidade em metros) de 0,8 até 1,3 de 1,3 até 2,1 > 2,1 0 Fonte: Rede hidroviária brasileira 500 km © HT-2003 MGM-Libergéo THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 199. O território brasileiro tem, atualmente, mais de 4 mil quilômetros de costas navegáveis, além de milhares de quilômetros de rios que são, ou poderão se tornar, navegáveis no futuro. Além das hidrovias, há outras formas de utilizar os corpos hídri-cos para o transporte de passageiros ou cargas: pelo mar. Essas incluem a navegação de grandes distâncias entre países e o sistema chamado cabotagem, no qual os navios percorrem os vários portos de um mesmo país, não se distanciando muito da costa. 72 Aeroportos e fluxos aéreos © Delfim Martins/Pulsar Imagens A aviação brasileira cresceu muito nos últimos anos, com o surgimento de novas companhias aéreas e a modernização das demais, ao mesmo tempo que empresas estrangeiras ingressaram no mercado aéreo do País. Dessa maneira, foi possível aumentar o número de assentos disponíveis na malha aérea e popularizar esse transporte no Brasil. Além do transporte de pessoas, os aviões transportam também produtos de alto valor ou cargas urgentes. Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP. O Brasil teve um grande aumento de passageiros e fluxo nos últi-mos anos. O Estado de São Paulo, acompanhando a ampliação nacio-nal, teve o aumento mais significativo, principalmente a capital, pois possui a maior população e é o centro econômico e financeiro do País, o que explica a diversificação das rotas para outras regiões e cidades. Nas demais regiões do País, também houve um crescimento importante do tráfego aéreo. Com o aumento da renda e o barateamento relativo de passagens, maior número de pessoas têm oportunidade de utilizar este transporte. O Aeroporto Internacional de Guarulhos – Cumbica, conforme dados da Infraero, é o mais importante do País, tanto em termos de número de passageiros, como em voos nacionais e internacionais. Atividade 8 Conhecendo os fluxos aéreos do Brasil 1. O que é transportado principalmente nos fluxos aéreos? 2. Descreva como é o fluxo aéreo hoje no Brasil. 3. Você conhece alguém que viaja constantemente de avião? Se sim, de onde essa pessoa vem, para onde vai e que tipo de serviço ela presta? A produção de energia © Juergen Richter/LOOK-foto/Glow Images O Brasil possui muitas alternativas energéticas menos agres-sivas ao meio ambiente e que podem substituir o uso de recursos limitados, como o petróleo. Entre essas alternativas está a ener-gia hidrelétrica, a solar e a eólica (pela força dos ventos, prin-cipalmente na região Nordeste). Essas energias são consideradas renováveis porque não esgotam os recursos naturais, que podem se renovar. A maior parte da energia consumida é produzida pelas usinas hidrelétricas e termelétricas. Hidrelétrica de Itaipu, PR. 74 As usinas termelétricas têm custos de instalação bem menores do que os de uma hidrelétrica, além de causarem impactos ambientais mais reduzidos, em termos de extensão territorial e zonas afetadas, uma vez que as hidrelétricas necessitam que uma grande área seja alagada para poder entrar em operação. Mas as termelétricas podem ser muito poluentes devido ao uso do carvão mineral. Por isso, essas usinas localizam-se apenas onde há disposi-ção de minas de carvão: Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Atualmente, no Estado de São Paulo, muitas usinas de açúcar e álcool estão usando a queima do bagaço da cana-de-açúcar como fonte primária para a produção de energia, a fim de se tornarem autos-suficientes. Quanto à construção de hidrelétricas, muitos rios brasileiros têm grandes potenciais hidráulicos (fluxo de água). A principal hidrelé-trica do Brasil encontra-se na área do Rio Paraná. Há outros rios que também apresentam esse potencial hidráulico, como os rios da região Amazônica. A construção dessas usinas é fundamental para o funcionamento do País. Elas começaram a ser erguidas em razão da necessidade de energia decorrente do aumento do número de indústrias e da urbani-zação, principalmente após a década de 1970. Existem muitas observações a serem feitas quando se pensa na construção dessas grandes estruturas. Sua implementação necessita de muitas transformações no espaço, como o desalojamento de populações para construir represas e as inundações em extensas áreas, que podem acarre-tar problemas ambientais e sociais. Dessa forma, a discussão da construção de usinas hidrelétricas leva sempre para a questão que envolve a relação entre progresso e preservação do meio ambiente. Atividade 9 Conhecendo a rede elétrica do Brasil 1. Quais são os tipos de fontes energéticas existentes no Brasil? 2. Qual delas causa maior impacto ambiental? Por quê? © European Space Agency/SPL/Latinstock As telecomunicações Em qualquer país, as telecomunicações, ou seja, as comunicações feitas a distância, como a telefonia fixa e a celular, são essenciais para a divulgação de informações e para a integração entre pessoas e bens. No Brasil, entre 1972 e 1998, este setor era controlado pela Telebrás, quando ocorreu sua privatização, substituindo o controle estatal pelo controle de empre-sas privadas. Hoje, as telecomunicações são essenciais para qualquer tipo de transação de negócios e para a vida social. Para que a transmissão de dados seja rápida e infalível, as tecnologias utilizadas vão desde a fibra óptica até os satélites. Dependendo da qualidade dos materiais e da tecnologia disponível, essa transmissão pode ocorrer de maneira instantânea. Satélite de comunicação. Atividade 10 As telecomunicações do Brasil 1. Converse com os colegas e pergunte quem possui celular e quan-tos celulares cada um possui. O que isso mostra sobre a amplia-ção da telefonia no mundo atual? 2. Você faz uso da internet? Para que a utiliza? 3. Para que servem as telecomunicações em geral? 76 O setor de serviços no território brasileiro Em uma sociedade extremamente urbanizada como é a socie-dade brasileira, conforme você já estudou antes nessa Unidade, na qual em torno de 85% da população é urbana, o setor de serviços e comércio, conhecido como terciário, é o que mais emprega pessoas e também o que mais representa custos. Segundo a Pesquisa Anual de Serviços (IBGE, 20002001), são 945 mil empresas no País, gerando um volume aproximado de 16 milhões de empregos. São empresas dos mais variados portes, das microempresas familiares ou de poucos integrantes até grandes corporações nacionais e estrangeiras. Nos dias de hoje, esse é um importante setor no Brasil e tem tido grande crescimento. Um exemplo de atividade desse setor é o de serviçosbancários e financeiros. Essas instituições, os bancos, são integradas e promovem o uso de seus serviços (cartões, empréstimos, crédito, venda a prazo etc.) por todo o território nacional. Observam-se avanços tecnológicos e mudanças importantes com a introdução de serviços eletrônicos e a internet e mudanças no padrão dos empregos, sendo que a maioria desses serviços requer mão de obra qualificada. © G. Evangelista/Opção Brasil Imagens Os serviços do Estado também são outro exemplo desse tipo de serviço, como o Sistema Único de Saúde (SUS), os sistemas de auxílios sociais (como o Bolsa Família), os Correios, a vacinação, a educação e a previdência social. Esses serviços que integram as regiões são relativamente padronizados em todo o território nacional e são importan-tes para os cidadãos. Funcionário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Atividade 11 O setor de serviços do Brasil Em que ramo de atividade você atua? Descreva esse ramo e rela-cioneo com o que você viu nesta aula. Dê exemplos de outros tipos de trabalho do setor de serviços. Você estudou Nesta Unidade, você viu as características das populações urbana e rural do Brasil e os tipos de trabalho desempenhados por eles. Conheceu a infraestrutura necessária para o desenvol-vimento das economias das zonas urbana e rural, e como elas são necessárias tanto para as indústrias quanto para as pessoas. Você também estudou as profundas transformações no espaço proporcionadas pelas indústrias e agroindústrias e a situação dos trabalhadores das zonas rural e urbana. Além disso, pôde compreender os grandes sistemas de engenharia e de serviços como estruturas para o funcionamento da dinâ-mica econômica do Brasil, fundamental para você conhecer melhor a economia do País. Pense sobre Reflita sobre a situação do transporte na sua cidade. Qual tipo de transporte seria mais eficiente para os usuários e para a cidade? Reflita sobre as vantagens e desvantagens desse tipo de transporte. 78 4 As grandes regiões Nesta Unidade, você vai estudar as diferentes regiões brasileiras, suas características agrárias e urbanas. Também verá como são os trabalhos desempenhados pelas suas populações, como são as divisões das regiões pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e também os chamados grandes complexos regionais. © Ale Ruaro/Pulsar Imagens socioeconômicas brasileiras Para iniciar... • Converse com os colegas e o professor. – O que você conhece sobre as outras regiões do Brasil e suas características? – Como você acha que vivem as pessoas que moram nestas outras regiões? © Lula Sampaio/Opção Brasil Imagens Observe as imagens desta página. O que é possível dizer sobre o modo de vida dos brasileiros retratados nessas fotografias? © Luiz Cláudio Marigo/Opção Brasil Imagens • O desenvolvimento desigual do território brasileiro Para você entender as dinâmicas espaciais do nosso país, é pre-ciso que você conheça a dimensão do Brasil: segundo o IBGE, seu território possui 2 8 514 876,599 km e se estende por grande parte da América do Sul. Com essa extensão, você pode então compreender, lembrando o que você já estudou anteriormente, que o território brasileiro abrange variados tipos de vegetação, climas, formas de relevo, cultu-ras e populações. Essas variações são ainda mais acentuadas quando se analisam as diferenças operadas pela força do trabalho de homens e mulheres nesses diferentes tipos de meios naturais. As diversidades sociais e culturais de um país sempre resultam de sua história. Há também diferenças que podem ter como fonte a diversidade ambiental, mas é com base no modo como se desenvol-vem os sistemas econômicos e políticos que se forma a diversidade social de um país. © IBGE No caso do Brasil, isto é especialmente percebido: aqui, onde viviam originalmente as várias nações indígenas, chegaram vários povos de diferentes continentes. Primeiro, o colonizador europeu, que dizimou a maior parte dos povos indígenas; em seguida, os africanos, trazidos para servir como escravos; e, mais tarde, os imigrantes originários de vários lugares da Europa, mas também da Ásia e do Oriente Médio. Brasil: político A divisão oficial do IBGE O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dividiu o Brasil em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Essa divisão foi feita na década de 1970, com algumas modifica-ções que datam da década de 1990. Os critérios para a regionalização são baseados nas características humanas, como as etnias e a demografia, bem como nas físicas e econômicas. Vale lembrar que essas particularidades não são homogêneas. Fonte: IBGE. Disponível em: <http:// www.ibge.gov.br/7a12/mapas/>. Acesso em: 4 jun. 2012 (adaptado). 80 • A região Norte é formada pelos Estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Com 3 869 637 km², esta é a maior das regiões- brasileiras, representando 45,7% do território, mas somente cerca de 13 milhões de pessoas vivem aí. A densidade demográfica é de 3 habitantes por km². • A região Nordeste tem 1 561 177 km² e abrange os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Com uma população de mais de 47 mi-lhões de pessoas, ela corresponde a 28% da população do Brasil. • A região Centro-Oeste compreende os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, e possui uma área de 1 612 077 km². Com uma população de mais de 11 milhões de pessoas, corresponde a 6,8% do total de habitantes do nosso país. • A região Sudeste é formada pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Com 927 286 km², é a re-gião mais populosa do Brasil, com mais de 72 milhões de pessoas que totalizam 42,6% da população brasileira. É também a região mais urbanizada e industrializada do Brasil. • A região Sul é constituída pelos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com 576 409 km², possui uma popula-ção de mais de 25 milhões de habitantes, equivalendo a 15% do total nacional. O clima mais frio e a migração europeia em grande número são características marcantes dessa região. Essa divisão regional proposta pelo IBGE é comumente empre-gada para fins econômicos, distribuição de financiamento por parte do governo federal, estatísticas regionais etc. Considerando que o Brasil é o quinto maior país do mundo em dimensão territorial, o agrupamento dos Estados brasileiros é importante para contemplar as características particulares de cada uma dessas regiões. Atividade 1 Relacionando as regiões do Brasil 1. Relacione, brevemente, as características da região em que você mora com as da região Norte. Fica a dica Muitos dos dados com os quais os geógrafos e outros profissionais trabalham são produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esses dados são apresentados em censos e estatísticas produzidas pelo órgão federal, que é uma fonte oficial de informações sobre o País, realizando pesquisas nas áreas de demografia, economia e emprego, entre outras. Para consultar os dados do IBGE, visite o site <http://www.ibge.gov. br>. (Acesso em: 24 maio 2012.) Você sabia que povoado e populoso não significam a mesma coisa? O termo “povoado” é utilizado para expressar a relação direta entre população (número de habitantes) e espaço por ela ocupado, como no caso do cálculo da densidade demográfica. A região Sudeste, por exemplo, é mais povoada do que as demais. Já o termo “populoso” refere-se apenas ao número de habitantes de uma localidade, ou seja, a população absoluta. Assim, São Paulo é mais populosa do que Manaus. 2. Das regiões brasileiras, qual é a mais populosa e a menos populosa? Por quê? 3. Por que a população brasileira ainda hoje se concentra mais próxi-ma ao litoral? Outras formas de regionalização do Brasil Além da divisão regional oficial proposta pelo IBGE, existem outras possibilidades de se regionalizar o território brasileiro, de modo a considerar a ocupação histórica, as características culturais e as formas econômicas desenvolvidas em cada parte do Brasil, entre outras variáveis. Uma dessas possibilidades é a divisão por macrorregiões, também chamadas complexos regionais: Nordeste, Centro-Sul e Amazônia. Essa proposta considera, além de aspectos naturais, traços históricos e geoeconômicos, não se atendo aos limites das atuais fronteiras de cada Estado. © Brasil: macrorregiões geoeconômicas Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009, p. 152 (sem indicação da escala cartográfica e sem orientação do norte geográfico). 82 IBGE O complexo Nordeste, marcas da primeira região colonizada O complexo Nordeste conta com a seguinte composição: todo o Estado do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas e de Sergipe; grande parte da Bahia e do Piauí; porções de Minas Gerais e do Maranhão; e um território minúsculo do Espírito Santo. Durante 300 anos, o Nordeste foi a principal região econômica do Brasil colonial, fomentando o crescimento e o desenvolvimento das primeiras e importantes cidades brasileiras, a exemplo de Salvador (BA), Recife (PE) e São Luís (MA). Em relação à economia da região Nordeste nesse período, des-taca-se a importância do cultivo das lavouras monocultoras de cana--de-açúcar, cujo trabalho era realizado pelos negros escravizados, e a exportação do açúcar para a Europa. Esse regime econômico, que você estudou na Unidade 2, é chamado plantation, típico de econo-mias coloniais. Outro importante produto de exportação, já no século XIX, foi o algodão, que proporcionou também grande impulso econômico ao Nordeste, gerando expansão urbana e industrial, especialmente no caso de Recife. No entanto, a economia algodoeira não foi tão duradoura quanto a economia açucareira. O sistema colonial, objetivando exclusivamente o enriquecimento de Portugal, acabou por deixar suas marcas no Nordeste: destruição da vegetação original, forte presença de escravos e o poder do coro-nelismo. Eram chamados “coronéis” aqueles que possuíam grandes extensões de terra, anteriormente conhecidos como os “senhores de engenho”. Não eram necessariamente do exército. Às vezes, eles com-pravam as suas patentes, outras a utilizavam para mostrar o seu poder. Tinham grande poder de mando, chegando a contratar pessoas (os jagunços) para executar quem se opusesse à sua forma de manter rela-ções de trabalho, pela escravidão ou pela superexploração. Com violência, conquistaram amplas terras e expulsaram de suas propriedades as famílias que não queriam viver sob seu comando. Só recentemente tal situação vem sendo alterada, devido: a políticas sociais e transferência de renda; ao estabelecimento de indústrias e ao crescimento dos portos e do turismo, que dinamizam a economia do Nordeste; e à valorização dos direitos políticos que a população vem exercendo. Assim, a região conhecida hoje como complexo do Nordeste, a primeira a ser ocupada e a primeira a desenvolver-se economicamente no País, é também a região onde se encontra uma das maiores diversida-des de atividades econômicas geradas ao longo dos séculos. As cidades mais antigas, como Salvador, Recife, Olinda e Fortaleza, foram palco desse desenvolvimento econômico desde a época colonial. Durante um longo período, três séculos pelo menos (XVII a XIX), foi a região com maior presença de populações e com grandes cidades: Salvador, por exemplo, foi a maior cidade de todo o continente americano. No século XX, a população do Nordeste migrou em grande quantidade para a região Sudeste, e em menor proporção para o Norte. Hoje, a situação é diferente, pois muitos nordestinos voltam à sua região de origem em razão das melhorias econômicas e do cresci-mento de oportunidades de emprego que a região vem oferecendo. Atividade 2 Conhecendo o complexo regional do Nordeste Pesquise sobre as principais características atuais da região Nor-deste e cite as diferenças que há entre essa região e a que você mora. Apresente suas descobertas para a turma. O complexo Centro-Sul, o mais industrializado e urbanizado © Hércules Testa/OXPHOTO/Latinstock Brasil RF/Latinstock O Centro-Sul abrange: os Estados da Região Sul; todo o territó-rio dos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro; grande parte de Minas Gerais e do Espírito Santo; e porções da Bahia, do Tocantins, do Piauí e do Maranhão. É importante lembrar que, nesse complexo, encontram-se a capital federal, Brasília, e metró-poles como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). É a porção mais industrializada do território brasileiro, com importantes indústrias sediadas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A cidade de São Paulo, SP. 84 Essa região concentra, também, a agricultura mais moderna do Brasil, além de sediar modernos serviços de saúde, educação, publicidade e propaganda. As metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro concentram o sistema financeiro e as sedes de grandes empresas nacionais e estrangeiras, o que lhes confere poder de influência econômica, política e cultural sobre o território nacional. O processo de modernização que ocorreu desde o final do século XIX foi mais intenso nas regiões Sudeste e Sul do País, impulsionando mais cedo a urbanização dessa parte do território. Nessa área, fixa-ram-se os maiores contingentes de imigrantes que vieram para o Bra-sil após a abolição dos escravos, em 1888: italianos, espanhóis, por-tugueses, japoneses, eslavos, alemães e sírio-libaneses, entre outros. A principal economia que impulsionou esse desenvolvimento foi a do café, plantado no Estado de São Paulo e amplamente produzido para a exportação. Assim, com a dinâmica da produção e do trabalho utilizado para o café, começaram a crescer as cidades. Houve a neces-sidade de comércio e de fábricas e a instalação de toda a infraestru-tura que fez dessa região a mais industrializada e urbanizada do País. Conforme você viu na Unidade 2, nessa época, a população de São Paulo duplicava a cada dez anos, e várias cidades foram sendo criadas no interior à medida que a cafeicultura se expandia. A exploração mineral no século XVIII, com a entrada dos bandeirantes nas terras dos indígenas, foi responsável pela fundação de algumas grandes cidades na região central do Brasil, como Cuiabá. No século XX, foram implementadas políticas de povoamento, inclusive de incentivo a fazendeiros e pecuaristas do Sudeste. Toda-via, foi com a construção de Brasília, iniciada na década de 1950, e com o plantio da soja, após a década de 1970, que ocorreu um pro-cesso mais intenso de urbanização. Segundo o Censo 2010, Brasília era uma cidade com 2 562 963 habitantes, cuja economia pujante baseava-se nos serviços. Foi na região do complexo Centro-Sul que se concentrou a melhor infraestrutura do País, em cidades com alto padrão de urbanização, com indústrias de todos os tipos, dos serviços gerais e de alto padrão tecnológico. Como consequência, os níveis de renda e de escolaridade da população aumentaram, assim como os inves-timentos (privados e governamentais). É a região que desde o iní-cio da industrialização brasileira, já no final do século XIX, mais vem se desenvolvendo e fortalecendo a sua capacidade produtiva. Atividade 3 Conhecendo o complexo Centro-Sul Em grupos, pesquisem as características da região Centro-Sul, considerando o seguinte roteiro: • Quais foram as razões que fizeram a região ter esse tipo de desen-volvimento? • Quais são as características da cultura dos habitantes nessa região? • Por que essa cultura predominou na região? Apresentem suas descobertas para os demais grupos. O complexo Amazônico, o menos povoado Essa macrorregião é composta por: todo o território dos Estados do Amazonas, do Pará, de Roraima, de Rondônia, do Acre e do Amapá; quase todo o Tocantins; e parte do Mato Grosso e do Maranhão. É a menos povoada do Brasil. Em muitas áreas, a densidade demográfica é de menos de um habitante por quilômetro quadrado. Porém, é fundamental ressaltar que as cidades e a população dessa região vêm crescendo. Novos processos de ocupação territorial (resultantes de migrações internas, especialmente oriundas do Sul e do Nordeste do País), grandes investimentos em infraestrutura energética e de transporte, além do crescimento vegetativo (a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade) têm produzido cresci-mento da população, sobretudo urbana. Inicialmente, durante o período de colonização, a Amazônia foi apenas procurada por exploradores europeus, que buscavam as cha-madas “drogas do sertão”, e por missões científicas. A própria natu-reza da Floresta Amazônica e seu clima equatorial, além da maior distância em relação à metrópole, dificultavam a fixação em grande número do português colonizador. Você sabia que as chamadas “drogas do sertão” eram alguns produtos retirados do sertão brasileiro? Na época da colonização do Brasil, produtos como cacau, canela, castanhado-pará, cravo, guaraná e urucum eram muito valorizados pelos europeus, que até então os desconheciam. O interesse por essas chamadas “novas especiarias” levou a uma exploração da região do sertão brasileiro e da prática de contrabando desses produtos para o exterior. 86 Como exemplo de atividade econômica e de trabalhos desen-volvidos nessa região, pode ser citada a produção do látex, um tipo de borracha natural: os trabalhadores retiravam a seiva das serin-gueiras, das quais obtinham esse produto. Tal atividade trouxe o crescimento- das cidades dessa área, já que muitos trabalhadores se mudaram em busca de oportunidades. Já na década de 1960, também foi desenvolvida, próxima a Manaus (AM), a Zona Franca de Manaus, com o objetivo de levar maior dinamismo econômico a essa região. Entretanto, até hoje a Ama-zônia é a região com menor densidade populacional e com a maior presença de povos indígenas. Como você pôde ver, a região do complexo Amazônico caracte-riza-se por uma baixa densidade demográfica, pois por muito tempo não foi explorada por uma economia moderna e capitalista. Contudo, hoje ela está sendo ocupada e explorada e vem sendo alvo de gran-des projetos hidrelétricos, exploração mineral e mesmo crescimento industrial. Tudo isso vem promovendo o crescimento populacional e a expansão da urbanização. Atividade 4 Conhecendo o complexo Amazônico 1. Em duplas, observem as duas imagens a seguir e respondam às questões. Foto 1 Foto 2 Imagens Preto/ © CláudioLuiz © BrasilMarigo/OpçãoFernanda Folhapress a) Quais as principais diferenças que podem ser observadas entre as imagens? b) As mudanças na floresta são necessárias? Por quê? c) É possível aliar o desenvolvimento social, político e econômico com a preservação do meio ambiente? De que forma? 2. Quais são as atuais atividades econômicas desenvolvidas no complexo Amazônico? 87 Estudando as diferenças entre as regiões, sejam elas físicas (como os diversos climas e vegetações), sejam históricas e sociais (as ocupações, os trabalhos desenvolvidos etc.), é possível ob-servar que as realidades das regiões brasileiras no presente estão relacionadas com a convivência de fatores geográficos, históri-cos e políticos. Assim, tome-se como exemplo a região Sul do Brasil. Ela exibe o mais alto índice de desenvolvimento humano do País (IDH), índice que se baseia em informações sobre a saúde, a es-colaridade e a expectativa de vida ao nascer da população. Isso não quer dizer que a região Sul não tenha problemas, mas que, na média, seus problemas sociais são em menor quantidade do que nas outras regiões. A que se devem esses indicadores? Talvez valha a pena lem-brar que o Sul do Brasil desenvolveu uma modalidade de colo-nização diferenciada das demais regiões, em um processo com muitos conflitos, mas que, ao final, fez com que predominasse a instalação da pequena propriedade agrícola. Nesse tipo de propriedade agrícola, o fundamental é a pro-dução de mais de um tipo de alimento (como grãos), além de estar- sempre presente o trabalho da família. O vínculo com a terra, a estabilidade de poder produzir algo que é para o consu-mo interno, o apoio para a produção e distribuição são fatores- que podem ter contribuído para que a relação campo-cidade fosse um pouco mais equilibrada do que no resto do País. As ligações entre os complexos regionais Os três complexos regionais – Nordeste, Centro-Sul e Amazônia – dependem uns dos outros. Eles participam de uma economia única e de uma única vida cultural e política, mesmo com todas as diversidades sociais (entre pessoas e culturas) e espaciais (diferentes espaços e regiões). Por exemplo, a decadência econômica do Nordeste, provocada pela concentração de terras e pela monocultura na região sem uma base industrial para absorver a população trabalhadora, e o desenvolvi-mento do Centro-Sul, principalmente a partir do fim do século XIX, modificaram os fluxos de pessoas e de mercadorias entre as regiões. O Centro-Sul cresceu e desenvolveu-se com o café e a industrialização, fazendo com que o centro econômico do País fosse deslocado do Nordeste para o Centro-Sul. A concentração de renda e terras nas mãos principalmente dos coronéis fez com que muitos nordestinos migrassem para a região Centro--Sul, em especial, para São Paulo. Foram eles que deram o seu trabalho para fazer a cidade crescer, construíram e trabalharam nas fábricas e na construção civil, nos serviços domésticos e nas atividades de comércio e serviços, contribuindo para o desenvolvimento dessa região. A Amazônia, desde a década de 1970, vem sendo intensamente ocupada com o desmatamento da floresta para a venda de madeira, com a chegada da agroindústria da soja e com a abertura de pastos para a criação de gado. Também é explorada para a mineração e para a construção de povoados ou cidades, aspectos esses que têm atraído migrantes das diversas regiões do País. Mesmo com a influência econômica de outros países, as ativida-des de cada região exercem papel importante na economia interna do País. O Nordeste, por exemplo, abastece o Centro-Sul com produ-tos agrícolas e matérias-primas, entre outros, enquanto o Centro-Sul abastece o Nordeste principalmente com produtos industrializados, entre outras mercadorias. Há, então, uma divisão do trabalho entre as regiões que compõem o espaço nacional. É possível observar que, quando uma região entra em decadência e outra se expande, migrantes se deslocam de uma região para a outra. Atividade 5 As regiões do Brasil e seu cotidiano 1. Em seu caderno, responda individualmente às questões a seguir. a) Sua família é originária de qual região? b) Quais são as características da região da qual sua família é proveniente? Como são a cultura culinária, as festas, as danças etc.? 2. Relate suas respostas ao seu colega e ouça as dele: Quais são as diferenças e as semelhanças entre as respostas de ambos? Trabalho o 7 ano – Unidade 1 Você estudou Nesta Unidade, você viu como o território brasileiro mostra desigualdades em relação às suas regiões, dadas pela história e pelas relações socioespaciais, econômicas e políticas. Viu também a concentração populacional em determinadas regiões do País e as divisões em regiões pelo IBGE e por meio dos complexos regionais. Esses complexos (Nordeste, Amazônia e Centro-Sul) apresentam ligações entre si de ordem econômi-ca, política, cultural e social, mas não são homogêneos. Eles apresentamcaracterísticas próprias, com divisão do trabalho entre as regiões que compõem o espaço nacional. Pense sobre Você aprendeu nesta Unidade as diferenças entre as regiões e viu que cada uma tem suas características e que elas são interdependen-tes. Reflita sobre as desigualdades de classe (poder econômico, esco-laridade, condições de vida) e quais seriam as principais causas do deslocamento de pessoas que decidem viver em outras regiões. 90