FÍSICA ALPHA COLLABORATION/CERN Vista geral de equipamentos usados pela colaboração ALPHA tons, do CERN – o alto vácuo é necessário para evitar que a antimatéria encontre matéria e se aniquile. O aprisionamento das partículas carregadas (anti­ prótons, elétrons e pósitrons) se dá na chamada arma­ dilha de Penning, formada por campos elétricos e mag­ néticos – no caso do ALPHA, dispostos em geometria cilíndrica. O campo magnético intenso define o eixo do cilindro – confinando radialmente as partículas –, en­ quanto uma série de anéis alinhados ao longo desse eixo permite estabelecer um potencial elétrico para confinamento na direção axial. Para carregar a armadilha com antiprótons, é preci­so usar alguns truques. Mesmo com o desacelerador do CERN, os antiprótons ainda vêm com energia muito alta para o aprisionamento. A solução é ‘resfriá-los’, fazen­do-os passar por uma janela de matéria (o chamado mo­ derador), onde a maioria dos antiprótons se aniquila, mas uma pequena fração sobrevive, depois de perder bastan­ te energia. A fração que atravessa o moderador com energia abai­ xo de certo patamar – dito tecnicamente, 5 mil elétrons­ -volt, grandeza muito usada na física –, adentra a arma­ dilha de Penning, cuja entrada está aberta, ou seja, sem o campo elétrico confinante. Quando o antipróton invade a armadilha, liga-se o campo elétrico (5 mil volts). Essa operação é semelhante a um pequeno rebanho de gado que entra correndo no curral e que, quando vê que a saída está fechada, tenta retornar e sair pela entrada. Mas o vaqueiro acabou de fechar a porteira de entrada, impedindo que o rebanho saia. Em nosso caso, a porteira é um campo elétrico de alta tensão, ligado a cada 200 bilionésimos de segundo (200 nanossegundos). De cada ‘rebanho’ com 10 milhões de antiprótons que chegam a cada 100 segundos, aprisiona­ mos cerca de 30 mil dessas antipartículas. Na mesma armadilha de antiprótons, pré-carregamos elétrons, que não se aniquilam ao interagirem com os primeiros. Os elétrons, ao se movimentarem na presença de um campo magnético, emitem radiação e, assim, per­ dem energia e se resfriam. Por colisão com os elétrons, os antiprótons também resfriam. Desse modo, baixamos a temperatura de milhões de graus para dezenas de graus kelvin – ou seja, temperatu­ ras da ordem de 250ºC negativos. Garrafa magnética Os pósitrons são primeira­mente aprisionados em um tipo de depósito (acumulador) preenchido por um gás inerte (nitrogênio) cuja função é dissipar a energia daqueles que não se aniquilarem. >>> 288 | DEZEMBRO 2011 | CIÊNCIAHOJE | 41