1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – GESTÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Luis Fernando da Silva TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ESTUDO DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO SETOR DE PRODUÇÃO NA EMPRESA CRIAÇÕES ILHA BRASIL COMÉRCIO DE CONFECÇÕES Administração de Recursos Humanos ITAJAÍ – SC 2009 2 LUIS FERNANDO DA SILVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ESTUDO DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO SETOR DE PRODUÇÃO NA EMPRESA CRIAÇÕES ILHA BRASIL COMÉRCIO DE CONFECÇÕES Trabalho de Conclusão de Estágio desenvolvido para o Estágio III do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí. ITAJAÍ – SC, 2009 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela força e graça que me concedeu. Agradeço aos meus pais pelo disponibilizada, incentivo aos familiares e apoio além do estudos. aos e incessante Agradeço grandes ajuda amigos aos por estarem presentes em todos os momentos de minha vida. Aqui em especial, a grande amiga Flávia Vaz que me concedeu uma oportunidade única, a bolsa de estudo para a conclusão deste curso, a quem serei eternamente grato. À empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções pela oportunidade de realizar este trabalho. À minha orientadora, Profª. Cristina Pereira Vecchio Balsini, pela dedicação, sabedoria, compreensão e amizade trajetória. Muito Obrigado! durante essa 4 “E nossa história não estará pelo avesso Assim, sem final feliz. Teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver Temos muito ainda por fazer Não olhe pra trás Apenas começamos. O mundo começa agora Apenas começamos” Renato Russo 5 EQUIPE TÉCNICA a) Nome do estagiário Luis Fernando da Silva b) Área de estágio Administração de Recursos Humanos c) Supervisor de campo Vancléia Dalmolin Bolda d) Orientador de estágio Profª. Cristina Pereira Vecchio Balsini e) Responsável pelos Estágios em Administração Profº. Eduardo Krieger da Silva 6 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA a) Razão social Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções b) Endereço Avenida Itaipava, 650 Itaipava – Itajaí/SC c) Setor de desenvolvimento de estágio Área de Recursos Humanos d) Duração do estágio 240 horas e) Nome e cargo do orientador de campo Vancléia Dalmolin Bolda Gerente Departamento Pessoal f) Carimbo e visto da empresa 7 AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA Itajaí, 03 de novembro de 2009. A empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, pelo presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca, o Trabalho de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Supervisionado, pelo acadêmico Luis Fernando da Silva. ________________________________ Vancléia Dalmolim Bolda 8 RESUMO O presente estudo abordou uma pesquisa realizada no setor de produção da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções com objetivo geral de diagnosticar os fatores que influenciam expressivamente no clima organizacional. Para tanto, utilizou-se uma abordagem quantitativa, tendo como tipologia a pesquisa-diagnóstico e a estratégia de estudo de caso genérico. Os dados foram coletados por meio de questionários, aplicados com os 45 funcionários e com a proprietária da empresa, também responsável pelo departamento de recursos humanos. Os resultados foram analisados com base na estatística descritiva, na qual foram utilizados os valores das médias das afirmações, do desvio padrão e da média geral de cada dimensão. A pesquisa utilizou o modelo do Great Place to Work Institute (GPTW) e teve como referencial teórico o estudo de Pereira (2003) que buscou analisar as seguintes dimensões: Confiança que engloba Credibilidade, Respeito e Imparcialidade, Orgulho e Camaradagem. O resultado do estudo identificou dimensões desfavoráveis ao clima organizacional. Sendo assim, foram apresentadas algumas sugestões a empresa, com intuito de alterar os aspectos negativos apurados e melhorar o ambiente organizacional, contribuindo conseqüentemente para satisfação dos funcionários. PALAVRAS-CHAVE: Organizacional. Clima Organizacional, Recursos Humanos, Ambiente 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Fluxo do sistema aberto de Recursos Humanos.......................................26 Figura 2 - Organograma da empresa ........................................................................48 Gráfico 1 - Dimensões do clima organizacional ...............................................................60 Quadro 1 - Motivadores-chave de um excelente lugar para se trabalhar..................41 Quadro 2 - Resultados do questionário respondido pela Gestora.............................58 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Número de funcionários da empresa .......................................................18 Tabela 2 - Perfil dos funcionários ..............................................................................49 Tabela 3 - Resultados da Dimensão Confiança - Credibilidade ................................51 Tabela 4 - Resultados da Dimensão Confiança – Respeito ......................................52 Tabela 5 - Resultados da Dimensão Confiança - Imparcialidade..............................54 Tabela 6 - Resultados da Dimensão Orgulho............................................................55 Tabela 7 - Resultados da Dimensão Camaradagem.................................................56 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................13 1.1Problema de pesquisa / justificativa.........................................................................14 1.2 Objetivos .........................................................................................................................15 1.3 Aspectos Metodológicos ............................................................................................16 1.3.1 Caracterização do Trabalho de Estágio...................................................................16 1.3.2 Contexto e Participantes da pesquisa......................................................................17 1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados ...............................................18 1.3.4 Tratamento e análise de dados .................................................................................20 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................21 2.1 Administração................................................................................................................21 2.1.1Teorias da Administração............................................................................................22 2.1.2 Teoria das Relações Humanas .................................................................................23 2.1.3 Teoria Comportamental ..............................................................................................24 2.2 Administração Recursos Humanos .........................................................................25 2.3 Clima Organizacional...................................................................................................27 2.4 Modelos de clima organizacional .............................................................................32 2.4.1 Modelo de Kolb ............................................................................................................32 2.4.2 Modelo de Sbragia.......................................................................................................33 2.4.3 Modelo de Ricardo Luz (2003) ..................................................................................36 2.4.4 Modelo de Gasparetto (2008)....................................................................................39 2.4.5 Modelo GPTW Institute...............................................................................................40 2.5 Pesquisa de Clima Organizacional ..........................................................................44 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO ...................................................46 3.1 Caracterização da empresa........................................................................................46 3.1.1 Missão ...........................................................................................................................46 3.1.2 Visão ..............................................................................................................................47 3.1.3 Valores...........................................................................................................................47 3.1.4 Organograma ...............................................................................................................47 3.2 Resultados da pesquisa de campo..........................................................................48 12 3.2.1 Perfil dos funcionários.................................................................................................48 3.2.2 Avaliação do clima organizacional sob a ótica dos funcionários .........................50 3.2.3. A visão da proprietária diante do clima organizacional ........................................57 3.2.4 Dimensões que influenciam no clima organizacional ............................................60 3.3 Sugestões para Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções ......................62 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................64 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................66 APÊNDICE .............................................................................................................................71 DECLARAÇÃO DE DESEMPENHO DE ESTÁGIO........................................................76 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS .............................................................................77 13 1 INTRODUÇÃO O sucesso empresarial atual depende, em grande parte, essencialmente da capacidade da organização em administrar seus colaboradores e recursos, necessitando que haja uma preocupação com seu capital econômico, mas também com o fator humano, uma vez que, a mesma compete com base no seu quadro de funcionários. Para tanto, a Administração de Recursos Humanos, ao longo do tempo, vem oferecendo suporte, desenvolvendo estratégias e técnicas que auxiliam os gestores no que diz respeito à empresa, mas também aos seus colaboradores, a fim de envolvê-los nos objetivos da organização, numa tentativa de compreendê-los e entendê-los. Ao engajar-se em um sistema organizacional, o indivíduo busca, de modo geral, satisfazer suas necessidades. Porém, seus objetivos nem sempre são alcançados, pelo fato de haver inúmeros fatores que possam interferir no ambiente de trabalho e influenciar na sua realização profissional. Por este motivo, é necessário que a organização possibilite um ambiente de trabalho favorável. Cabe ressaltar que é relevante o estudo de clima organizacional a fim de integrar os interesses organizacionais com as expectativas dos funcionários. Luz (2003, p.3) explica que “administrar o clima passou a ser uma ação estratégica para todas as organizações, especialmente para aquelas que se dizem comprometidas com a gestão pela qualidade”. Porém, Gasparetto (2008) salienta que avaliar o clima organizacional não é algo simples, sendo que, o mesmo pode se apresentar difuso, nebuloso e sem contornos bem definidos, dificultando a sua avaliação e compreensão, uma vez que remete a expectativas de indivíduos e até que ponto os mesmos estão satisfeitos. Dessa forma, o estudo de clima está direcionado a valores, padrões e atitudes que podem influenciar de forma positiva ou negativa, a realidade organizacional. A necessidade de identificar o clima organizacional surge pela empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções em compreender seus funcionários, saber o que pensam e sentem a respeito do ambiente organizacional que estão 14 inseridos. A empresa se enquadra no ramo de confecções e conta com um quadro de 45 funcionários distribuídos no setor de produção. Administrar esse quadro é uma tarefa complicada, uma vez que conflitos e desentendimentos estão presentes na organização. Através da pesquisa de clima, pretendeu-se diagnosticar o grau de satisfação das pessoas no local de trabalho, na área de produção, e verificar se o mesmo interfere na produtividade da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções. 1.1 Problema de pesquisa / justificativa Vergara (2003, p.21) explana que o problema de pesquisa “é uma questão não resolvida, é algo para o qual busca resposta via pesquisa”. O presente trabalho justifica-se pela necessidade da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções mapear a realidade interna, levantando opiniões e apresentando sugestões para que a mesma consiga alinhar o setor da produção, aprimorando a organização, com intuito de alcançar seus objetivos e metas. Sendo assim, o trabalho caracterizou-se como relevante, pois melhorando o clima organizacional, integrando os objetivos da organização e os de seus funcionários, contribuirá para elevação da produtividade. Luz (1995) relata que a pesquisa, quando bem-sucedida, proporciona um meio efetivo para melhorar o ambiente de trabalho, possibilitando que os funcionários se sintam melhor no cumprimento de suas obrigações e mais envolvidos com a empresa. Portanto, apresenta-se como problema de pesquisa a seguinte interrogação: Quais as dimensões que influenciam expressivamente o Clima Organizacional no setor de produção da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções? A pesquisa foi viável, pois a empresa comprometeu-se quanto ao fornecimento de informações, acesso a dados e aplicações de questionários. O tempo para execução da pesquisa foi satisfatório, de acordo com o cronograma. Quanto aos custos para o desenvolvimento do trabalho, foram mínimos. 15 Quanto à originalidade, por não haver outro trabalho na área de recursos humanos na empresa, a pesquisa classificou-se como original e extremamente importante. Além disso, ampliou a perspectiva da empresa em relação aos seus colaboradores e possibilitará a realização de novos estudos. Para o acadêmico, a pesquisa foi de grande valia. Permitiu uma relação entre uma parte da teoria de Recursos Humanos e a prática, agregando conhecimento, contribuindo para um aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional indispensável para um mercado competitivo. 1.2 Objetivos Roesch (2007, p.96) relata que “o objetivo geral define o propósito do trabalho”. Deste modo, faz-se necessário traçar o objetivo geral que norteou esse estudo. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho implica em analisar as dimensões que podem influenciar expressivamente o clima organizacional no setor de produção na empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções. Richardson (1999, p.24) ressalta que “os objetivos específicos definem aspectos determinados que se pretende estudar e que contribuem para alcançar o objetivo geral”. Os objetivos específicos são: • Identificar o perfil dos funcionários • Avaliar o clima organizacional sob a ótica dos funcionários • Compreender a percepção da proprietária em relação ao clima organizacional • Verificar as dimensões que influenciam no clima organizacional positivamente ou negativamente e comparar com a visão da proprietária • Apresentar sugestões à empresa 16 1.3 Aspectos Metodológicos Este item refere-se à metodologia adotada para a elaboração do trabalho, o tipo de pesquisa, a área de abrangência, a forma de coleta de dados, tratamento e análise no desenvolvimento da pesquisa. Para Richardson (1999, p.22) “método é o caminho para chegar a determinado fim ou objetivo e metodologia são os procedimentos e regras utilizadas por um determinado método”. 1.3.1 Caracterização do Trabalho de Estágio Diante da necessidade da empresa em conhecer melhor o seu ambiente organizacional, a tipologia do trabalho adotada foi a pesquisa-diagnóstico. Roesch (2007) relata que essa tipologia consiste em explorar o ambiente possibilitando o levantamento e definição de problemas, neste caso, referentes ao clima organizacional. A pesquisa teve como delineamento o método quantitativo. Richardson (2007) relata que tal método se caracteriza pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento das mesmas por meio de técnicas estatísticas. Na visão de Malhotra (2006, p.155), é uma “metodologia de pesquisa que procura quantificar os dados e, geralmente, aplica alguma forma de análise estatística”, busca atender o segundo, terceiro e quarto objetivo específico. Sendo assim, a pesquisa teve como estratégia o estudo de caso genérico. No entendimento de Merriam (1998 apud GODOI; BALSINI, 2006) este estudo de caso não se enquadra como um estudo de caso intensivo, mas como estudo de caso genérico porque visa somente compreender um fenômeno ou a visão das pessoas envolvidas de forma menos aprofundada. Neste caso, a pesquisa enquadrou-se no nível descritivo. No nível descritivo, proporcionou a descrição da realidade da empresa no momento pesquisado. Na 17 visão de Mattar (2005, p.98) “a pesquisa descritiva visa prover o pesquisador de dados sobre as características de grupos, estimular proporções de determinadas características e verificar a existência de relações entre variáveis”. Em suma, esse estudo foi uma pesquisa que buscou explorar o ambiente organizacional, utilizando-se como técnica a pesquisa-diagnóstico. Predominantemente quantitativa, tendo como estratégia a descrição de caso genérico para assim, atender aos objetivos. 1.3.2 Contexto e Participantes da pesquisa Malhotra (2006, p.320) cita que “uma população é o agregado, ou soma, de todos os elementos que compartilham algum conjunto de características comuns e que compreende o universo para o problema de pesquisa [...]”. A delimitação do universo incide em especificar que pessoas ou fenômenos serão pesquisados, enumerando suas características comuns por sexo, faixa etária, entre outros (MARCONI; LAKATOS, 2002). Na fase quantitativa, foi aplicado questionário fechado com os funcionários da costura, da embalagem, do corte e da dobra, totalizando em 45 funcionários, pois ambos trabalham no mesmo ambiente e os demais em ambiente diferente. Por este motivo buscou-se realizar a pesquisa com pessoas do mesmo ambiente para evitar muita diferença de percepção entre os funcionários. Além disso, foi aplicado um questionário com a proprietária da empresa, com intuito de verificar a percepção da mesma em relação ao clima organizacional da empresa, cujos dados foram coletados via e-mail, por meio de um questionário de perguntas abertas. 18 Tabela 1 - Número de funcionários da empresa Cargo Número de Funcionários Costura 30 Embalagem 5 Corte 5 Dobra 5 Total 45 Fonte: Dados fornecidos pela empresa (2009). Para alcançar o objetivo geral do trabalho foi necessário coletar dados junto aos funcionários da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções. Dessa forma, defini-se a população, sendo composta por 45 funcionários. A pesquisa caracterizou-se como amostra censitária, ou seja, a população total participou da pesquisa (MARCONI; LAKATOS, 1990). 1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados Para realização da pesquisa foi primordial a coleta de dados, para então, atingir os objetivos propostos. Os dados são de fontes primárias e cuja coleta ocorreu através da aplicação de questionários. Mattar (2005, p.66) relata que “chamamos de fontes primárias ou diretas de dados as que são portadoras de dados brutos, ou seja, dados que nunca foram coletados, tabulados e analisados”. Quanto ao questionário, Malhotra (2006, p.290), relata que “um questionário, seja ele chamado de formulário de entrevista ou instrumento de medida, é um conjunto formal de perguntas cujo objetivo é obter informações dos entrevistados” Ainda Roesch (2007, p.142) cita que “o questionário é um instrumento coleta de dados que busca mensurar alguma coisa”, nesta pesquisa buscou mensurar o clima organizacional. 19 Cabe ressaltar que o questionário foi subdividido em duas partes. Na primeira foram coletadas informações para traçar o perfil dos funcionários por meio de gênero, faixa etária, escolaridade, tempo de empresa. Na segunda parte, os questionamentos foram relativos ao clima organizacional, na qual utilizou-se o modelo teórico do Great Place to Work Institute (GPTW), desenvolvido por Levering (1984), sendo que, foi utilizada uma escala de concordância de 1 (um) a 10 (dez), onde 1(um) refere-se a grande discordância quanto a afirmação apresentada, e 10 (dez) grande concordância quanto a afirmação. Além disso, foi aplicado um questionário aberto com a proprietária da empresa, cujos dados foram coletados via e-mail, visando identificar a percepção da mesma em relação ao clima organizacional, conforme já mencionado no item anterior. No que diz respeito à escala de número par, Hair Jr. et al (2005) relatam que por julgamento do pesquisador, pode-se optar tanto por número impar, quanto par. Porém quando opta-se pelo número par, acredita-se que há maior probabilidade da porção da amostra sentir-se neutra a afirmação questionada. Mattar (2005) afirma que escalas com número ímpar de categorias possuem um ponto neutro, ao contrário das escalas com número par. O mesmo relata que muitos pesquisados tendem se posicionarem em pontos neutros, seja por comunidade ou por não desejarem se expor, ou ainda por dúvidas. Já nas escalas sem ponto neutro, os pesquisados são obrigados a tomar posições expressando um grau de sentimento, pró ou contra. O modelo apresenta as seguintes dimensões: Confiança que engloba Credibilidade, Respeito, Imparcialidade; o Orgulho e Camaradagem. O questionário utilizado para realização deste trabalho foi composto por 53 afirmativas e teve com base o estudo de Pereira (2003). O mesmo foi adaptado, passando a conter 50 afirmativas em uma escala de 1 a 10. 20 1.3.4 Tratamento e análise de dados O tratamento e análise de dados foram realizados de forma quantitativa. De acordo com Chiavenato (2000, p.192) “o objetivo principal da análise é permitir ao pesquisador os estabelecimentos das conclusões a partir dos dados coletados”. Martins e Teóphilo (2007) a avaliação quantitativa incide em organizar, sumarizar, caracterizar e interpretar os dados numéricos coletados. Na análise quantitativa, os dados foram submetidos à análise estatística descritiva, cálculo de médias, desvio-padrão com o auxilio do software Microsoft Excel. Os conteúdos foram formados de acordo com as variáveis de Levering (1984). Bruni (2007) cita que a estatística descritiva incide em resumir dados e informações investigadas, apresentando-os da maneira mais prática e simples possível. Para apresentação dos dados quantitativos foram utilizadas tabelas, quadros e gráficos para auxiliar a visualização dos resultados, e para os dados qualitativos foram elaborados quadros. No próximo capítulo apresenta-se a revisão bibliográfica. 21 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo é apresentada a fundamentação teórica que contribuiu para o desenvolvimento do trabalho. Abordou-se temas como Administração, Administração de Recursos Humanos e especificamente o Clima Organizacional. 2.1 Administração É visível que as organizações nos dias atuais estão direcionadas a produção de bens e a prestação de serviços. Isso exige novos métodos de administrar, uma vez que, tudo gira em torno da produtividade e da competitividade. Daft (2005, p.5) relata que “administração é o alcance de metas organizacionais de maneira eficaz e eficiente por meio de planejamento, organização, liderança e controle dos recursos organizacionais”. O autor ainda destaca que eficácia é o grau em que a organização alcança uma meta e eficiência seria o uso de recursos mínimos para uma determinada produção. Para Chiavenato (1994, p.3) A tarefa de administrar é interpretar os objetivos propostos pela empresa e transformá-los em ação empresarial através do planejamento, de organização, de direção e de controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da empresa, afim de atingir tais objetivos. Administração na visão de Maximiano (2000) é um processo pelo qual se faz necessário à tomada de decisões e desempenho de ações por meio de processos, sendo eles, o planejamento, a organização, a execução e o controle. Seguindo o pensamento, Daft (2005) relata que no processo de administrar, destacam-se as quatro funções do administrador, sendo: planejamento, organização, liderança e controle. No planejamento definem-se as metas, as tarefas e os recursos necessários para alcançá-las. A organização está focada nas tarefas. No processo de liderança, o objetivo é manter os funcionários empenhados no 22 alcance de metas e finalmente o controle, cuja função é monitorar as atividades, mantendo a organização focada nos resultados. Conforme Chiavenato (1993, p.19) A administração na sociedade moderna tornou-se vital e indispensável. Em uma sociedade de organizações, onde a complexidade e a interdependência das organizações são o aspecto crucial, a Administração avulta como o fator chave tanto para a melhoria da qualidade de vida como para a solução dos problemas mais complexos que afligem a humanidade de hoje. Além disso, Certo (2003) ressalta que a Administração possui três características: é um processo ou uma série de atividades contínuas e relacionadas; foca e concentra-se no alcance de objetivos; alcança seus objetivos fazendo uso do trabalho com e por meio de pessoas e outros recursos da empresa. Para melhor compreensão da ciência da Administração, julgou-se necessário um breve histórico das Teorias da Administração, destacando a Teoria das Relações Humanas e Comportamental, devido as mesmas estarem ligadas com o principal recurso das organizações, os indivíduos. 2.1.1 Teorias da Administração A teoria da administração é o escopo, a base de conhecimento a respeito das organizações e do método de administrá-las. Teoria em administração é um agregado de conhecimento organizado que advém da experiência prática das organizações (MAXIMIANO, 2000). A Teoria Geral da Administração conforme Chiavenato (1994) teve seu início com o surgimento da Administração Científica, quando a ênfase era nas tarefas. Depois com a ênfase na estrutura, surgi então a Teoria Clássica, a Teoria Burocrática e a Teoria Estruturalista da Administração. Com ênfase nas pessoas, deu-se origem a Teoria das Relações Humanas, a Teoria Comportamental e a Teoria do Desenvolvimento Organizacional. Mais tarde surgi a Teoria dos Sistemas, dando ênfase no ambiente. Já com ênfase na tecnologia, criou-se a Teoria da Contingência. 23 Verifica-se assim, que diante da evolução das organizações foram surgindo as Teorias da Administração. Este estudo baseará a Teoria das Relações Humanas e a Teoria Comportamental, pelo fato de abordarem as pessoas com ativos da organização. 2.1.2 Teoria das Relações Humanas A escola de Relações Humanas surgiu em decorrência de estudos e experiências em uma fábrica de equipamentos telefônicos em Hawthorne, nos Estados Unidos, com intuito de humanizar o trabalho. Esse estudo, diante observação de Caravantes (1998) foi idealizado por Elton Mayo que buscou identificar quais fatores que se fazem presentes no ambiente social e físico dos indivíduos que trabalham em uma organização. A teoria das Relações Humanas, do ponto de vista de Chiavenato (1993), surgiu da necessidade de correção a forte tendência à desumanização do trabalho com o advento de métodos rigorosos, científicos e precisos, que os trabalhadores eram submetidos. Para Robbins (2003), através dos estudos de Hawthorne chegou-se a conclusão que comportamento e sentimentos estavam relacionados, que as influências do grupo afetavam expressivamente o comportamento individual, que os padrões do grupo definiam a produção individual do trabalhador e que o dinheiro era um fator pequeno em relação aos padrões e sentimentos do grupo ou a segurança na determinação da produção. Bowditch e Buono (1997, p.12) “a experiência de Hawthorne foi um marco decisivo na evolução da Teoria da Administração, pois introduziu um novo modo de se pensar a respeito das pessoas nas organizações”. Ribeiro (2003, p. 69) relata que, Comprovou-se por meio de experiências a preponderância do fator psicológico sobre o fator fisiológico: as pessoas são motivadas principalmente pela necessidade de reconhecimento, aprovação e de participação nas atividades dos grupos que interagem. 24 O movimento das relações humanas na prática destaca que a satisfação das necessidades básicas dos funcionários é um fator determinante para o aumento da produtividade do trabalhador, sendo que, tais estudos tiveram continuidade na Teoria Comportamental, que buscou detalhar características do comportamento humano. 2.1.3 Teoria Comportamental A teoria comportamental conforme Chiavenato (1994) surgiu a partir do livro de Herbert C. Simon, “O Comportamento Administrativo”, em que estuda e detalha o comportamento humano dentro das organizações. Para Ribeiro (2003, p.72) “a maior contribuição de Simon foi avaliar o papel do indivíduo na organização de forma objetiva e realista”. Essa abordagem procura desenvolver e comparar estilos de administração capazes de potenciar as motivações individuais existentes nos participantes da organização e reduzir as incongruências e os conflitos entre objetivos organizacionais e os objetivos individuais (CHIAVENATO, 1994). “O ser humano possui necessidades que motivam o seu comportamento, num processo contínuo e cíclico de surgimento e satisfação de necessidades”, conforme Ribeiro (2003, p.80). Para explicar como as pessoas se comportam é necessário o estudo da motivação humana. Chiavenato (1993) ressalta que Maslow, psicólogo e consultor, apresentou uma teoria da motivação, no qual as necessidade humanas estão organizadas em níveis hierárquicos de importância e de influenciação. As necessidades fisiológicas estão relacionadas com a sobrevivência; a segurança à proteção; as necessidades sociais estão ligadas aos desejos do ser humano em ser aceito por outros indivíduos; a estima seria o reconhecimento pela ajuda ofertada; por último a auto-realização que representa o crescimento pessoal. O fator propulsor do enfoque comportamental é transmitir ferramentas para a administração das organizações, tendo como apoio o conhecimento sobre o 25 comportamento humano, como indivíduos e membros de grupos (MAXIMIANO, 2000). Com intuito de entender o comportamento dos indivíduos e a forma como interage no ambiente organizacional, a ciência comportamental se utiliza da sociologia, psicologia, antropologia, economia, entre outras disciplinas (DAFT, 2005). 2.2 Administração Recursos Humanos A Administração de Recursos Humanos é uma ciência que surgiu a partir do crescimento e da complexidade das tarefas. Suas origens remontam ao início do Século XX, após o forte impacto da Revolução Industrial (CHIAVENATO, 2004). Roesch (2007) observa a administração de recursos humanos como uma área funcional que surgiu como uma função de bem-estar social nas organizações. Porém, devido ao aumento da complexidade das organizações em decorrência do elevado crescimento, a administração de recursos humanos passou a desempenhar uma função de controle. Por administração de recursos humanos (Administração de RH) entende-se uma série de decisões integradas que formam as relações de trabalho; sua qualidade influencia diretamente a capacidade da organização e de seus empregados em atingir seus objetivos (BOUDREAU; MILKOVICH, 2000, p. 19). Na percepção de Daft (2005) o termo administração de recursos humanos destina-se ao projeto e à aplicação de sistemas formais em uma organização para garantir o uso eficaz e eficiente da aptidão humana no cumprimento das metas organizacionais. Gil (1994, p. 58) relata que “a administração de Recursos Humanos é a responsável pela integração do trabalhador na organização e aumento de sua produtividade”. Para Carvalho e Nascimento (1997) a área de Recursos Humanos sempre marcou presença mais como uma função voltada para as pessoas do que para os 26 negócios. Isso tem ocasionado obstáculos à evolução do sistema de Recursos Humanos se comparado a outras áreas de atuação da empresa, dentre elas: produção, marketing, finanças, informática. Já para Chiavenato (2004, p.22), A área de Recursos Humanos funciona em um contexto de organização e de pessoas. Administrar pessoas significa lidar com pessoas que participam da organização. Mais do que isto, significa administrar os demais recursos com as pessoas. Assim, organizações e pessoas constituem a base fundamental em que funciona a área de recursos humanos. O enfoque de recursos humanos baseia-se no desenvolvimento, tendo como preocupação o crescimento e o desenvolvimento das pessoas, visando atingir os níveis mais altos de competência, criatividade e realização, sendo que, as pessoas são os recursos centrais em qualquer organização ou sociedade (DAVIS; NEWSTRON, 1996). Carvalho e Nascimento (1997, p.5) explicam que “a atividade de Recursos Humanos só pode se manifestar plenamente no chamado sistema aberto”. O sistema aberto está em constante interação com o seu ambiente e contrai um estudo firme ou um equilíbrio dinâmico, enquanto retiver a capacidade de transformação de energia ou trabalho e que o mesmo não sobrevive sem o fluxo de entrada, transformação e o fluxo de saída (CHIAVENATO, 2004). Mercado de Trabalho Interação com o ambiente Sistema aberto de RH Reestruturação da atividade de RH Consecução das metas de RH Administração dos desafios internos Figura 1 - Fluxo do sistema aberto de Recursos Humanos Fonte: Carvalho e Nascimento (1997). Objetivos gerais da empresa 27 O sistema de R.H. visa adequar à empresa um sentimento de responsabilidade face aos desafios e necessidades da sociedade, tornando mínimos os impactos negativos existentes na manifestação desses mesmos desafios e necessidades. A área de Recursos Humanos precisa compreender e procurar entender as necessidades de seus ativos, de tal forma que, identificar o clima organizacional é de suma importância. 2.3 Clima Organizacional O clima organizacional tem se tornado ao longo dos anos um conceito de suma relevância no que diz respeito aos estudos sobre comportamento e performance organizacional, tornando-se um mecanismo de gerenciamento em busca de uma melhor performance (SÁ et al, 2006). Avaliar a percepção dos indivíduos sobre o clima organizacional tem sido uma preocupação das organizações atuais, com intuito de compreendê-lo e melhorá-lo. Essas preocupações, em nível teórico e prático, acerca de clima organizacional, sua importância e instrumentos de medidas tomaram grande impulso nos Estados Unidos, a partir da década de 60. No Brasil, o estudo de clima organizacional teve início na década de 70 com o estudo de Saldanha (1974), que abordou a importância do bem-estar psíquico dos indivíduos nas organizações. Gutierrez (1987) enfatiza que a preocupação com o clima organizacional dá-se desde que o movimento das relações humanas surgiu contestando à Administração Científica de Taylor (1947) e Fayol (1950), os principais estudiosos do movimento como Bernard (1971), Mayo (1945), Argyris (1957) e Herzberg (1959), entre outros. O autor ainda relata que a interação individual e grupal nas organizações são elementos importantes para o entendimento dos diversos fatores que afetam o clima organizacional. Payne e Mansfield (1977 apud LEITÃO, 1998) afirmam que o interesse teórico aponta que através da análise abrangente de variáveis importantes, aprofunda-se o estudo do funcionamento das organizações. Já no nível prático, a investigação sobre 28 o clima organizacional oferece oportunidade para avaliação de vários aspectos da organização tais como estilos de liderança e situações de ineficiência e ineficácia do sistema. Tamayo (1999 apud GUIMARÃES, 2004) ressalta dois fatores importantes que contribuíram para o desenvolvimento do estudo de clima: primeiro, a concepção da organização como um sistema aberto; segundo, a descoberta da organização como um ambiente subjetivado e repleto de significados. Os estudiosos de clima, em sua maioria, consideram que o mesmo influencia fortemente o comportamento humano no contexto organizacional, podendo contribuir para a melhoria ou não do ambiente de trabalho. Essa melhoria diz respeito não só as relações como também à produtividade (GUIMARÃES, 2004). Sendo assim, os estudos sobre o clima organizacional são benéficos à organização, pois possibilitam identificar e avaliar o ambiente, que por sua vez, pode ser satisfatório ou insatisfatório. O clima organizacional demonstra o meio psicológico da organização. Nada é menos tangível, nem mais importante na vida organizacional e nas transações interpessoais, do que o clima psicológico. Sua existência é tão real e sujeita a alteração quanto o de clima físico, embora os componentes que perfazem o clima psicológico ainda que igualmente identificável, não sejam tão concretos (GOMES, 2002). Na literatura, diversos autores mencionam o termo clima organizacional como uma metáfora que deriva da meteorologia. Assim como as pessoas reagem às condições atmosféricas as mesmas reagem diante dos aspectos organizacionais (BEDANI, 2007). O conceito de clima implica na compreensão do comportamento humano no ambiente organizacional, sendo sua análise um processo de grande valor, uma vez que, a realidade que os gestores idealizam pode ser contrária da percebida pelos indivíduos (VELOSO et al., 2007). Puente-Palacios (2002) afirma que o clima organizacional passa a existir a partir da percepção de aspectos organizacionais como tamanho, divisão hierárquica, centralização, tipo de tecnologia e regras de controle do comportamento e que o mesmo pode ser compreendido como o resultado de processos de percepção, saturados de significados cognitivamente construído e psicologicamente importante para o indivíduo. 29 O clima organizacional é avaliado por alguns autores como um conjunto de características que descrevem uma organização, enquanto outros se referem ao clima como um conjunto de valores ou atitudes que afetam o relacionamento das pessoas (RIZZATTI; RIZZATTI JR., 2007). Para melhor compreensão é importante a definição de clima organizacional. Para Teixeira (2005, p. 57), “compreende-se como clima organizacional um conjunto de percepções, opiniões e sentimentos que se expressam no comportamento de um grupo ou uma organização, em um determinado momento ou situação”. Seguindo a mesma linha Villardi; Narducci e Dubeux (2007) definem clima organizacional como um conjunto de percepções, conceitos e sentimentos que as pessoas compartilham a respeito da organização e que de alguma forma afetam, de maneira positiva ou negativa, o relacionamento dos indivíduos no ambiente de trabalho. Verifica-se assim que o clima organizacional é um conjunto de percepções compartilhadas pelos indivíduos acerca dos fatores organizacionais que compõem o ambiente de trabalho. A gestão do clima organizacional constitui-se em importante ferramenta para o monitoramento do comportamento humano nas organizações, uma vez que, permite avaliar os processos de comunicação, trabalho em equipe, liderança, tomada de decisões, comprometimento, além, das condições físicas do ambiente de trabalho, variáveis que influenciam as atitudes, a conduta, a satisfação, a produtividade e a motivação das pessoas (SANTOS; BEDONI, 2004, p. 1). As organizações são compostas por recursos humanos, financeiros, tecnológicos, materiais e dependem do capital humano para o seu desenvolvimento. Esse mesmo capital humano é responsável pela interação e interdependência das variáveis que constituem a organização, como os processos, a estrutura, a tecnologia e o ambiente. A partir disso, o clima é estabelecido. O clima organizacional, diante da observação de Sartor;Sartor e Rizzatti (2003) se define por ser um conjunto de expectativas geradas em uma situação e ao mesmo tempo, um fenômeno grupal. Sendo que, o mesmo engloba tanto fatores humanos e materiais, quanto os abstratos resultantes do convívio humano institucional. Para Gasparetto (2008) clima organizacional é a maneira, positiva ou negativa, na qual os indivíduos, influenciados por fatores internos ou externos à 30 organização, percebem e reagem, ao conjunto de variáveis e fatores como político, procedimentos, usos e costumes existentes e praticados pela organização. Desta forma, “[...] o clima organizacional poder-se-á entender então, o modo como se processam as relações e representações interpessoais no interior da organização e como elas se modificam em função da oscilação de certas variáveis” (LOBO, 2003, p. 25). O clima fornece indicadores sobre diversas variáveis, permitindo visualizar a organização como um todo, tendo como característica, intervir para melhorias das condições do ambiente de trabalho. Logo, é uma importante ferramenta a ser considerada no gerenciamento de pessoas e desenvolvimento das organizações (BEDANI, 2007). Gutierrez (1987) ainda relata que o clima organizacional decorre da percepção individual ou grupal que pode ou não sofrer influências de variáveis organizacionais. Bom Sucesso (1998) menciona que a pesquisa de clima parte da avaliação pessoal, portanto, a percepção é variável de indivíduo para indivíduo. Verifica-se então que a percepção e interpretação do ambiente de trabalho não acontecem de maneira uniforme, sendo que, cada indivíduo atribui um sentido ao contexto de trabalho que está inserido. Teixeira (2005, p. 68) observa que: O uso sistemático de avaliação de clima, pelas informações que pode proporcionar antes, durante e após a implementação de mudanças, inclusive culturais, costuma ser um mecanismo importante para o acompanhamento e avaliação dessas mudanças. Os estudiosos de clima relatam que o mesmo interfere significativamente no comportamento humano nas organizações, sendo que, o seu estudo eleva a melhoria do ambiente organizacional, de forma que, afeta positivamente as relações dos indivíduos e a produtividade. Altmann (2000 apud SANTOS; BEDANI, 2004) descreve que as organizações que adotam programas de monitoramento de clima organizacional, sendo esta ferramenta bem aplicada, pode alavancar benefícios favoráveis, tais como: • maior envolvimento dos funcionários com relação ao seu ambiente de trabalho, este envolvimento se reflete em maior satisfação, redução de ausências e melhoria de desempenho; 31 • a pesquisa de clima, permite a manifestação dos funcionários sobre o ambiente de trabalho, favorecendo a comunicação intra-organizacional e o suprimento de informações à direção; • pró-atividade da gerência, antecipando e solucionando problemas, prevenindo situações que possam interferir negativamente nas atividades. O ambiente de trabalho ou o clima organizacional, conforme observado por Assis (2005) é repleto de oportunidades de medições, de indicadores e esses mesmos indicadores procuram deter a intensidade do sentimento de “pertencer”, de “estar inserido” e de “fazer parte” de um determinado ambiente. Na visão de Rizzatti e Rizzatti Jr. (2007), o clima organizacional passou a ser considerado um fator importante, a ser estudado por todos que buscam explicações objetivando uma maior qualidade, seja com a finalidade de propiciar a melhoria contínua do desempenho e uma maior satisfação no trabalho, seja visando à identificação de características passíveis de aperfeiçoamento constante. O clima organizacional reflete uma tendência a respeito de até que ponto as necessidades da organização e das pessoas que dela fazem parte estariam sendo atendidas, sendo esse aspecto um dos indicadores da eficácia organizacional (CODA, 1997). Andrade e Amboni (2007) relatam que o clima organizacional está atrelado a moral e a satisfação das necessidades humanas, sendo que, um ambiente saudável contribui para elevar o desempenho organizacional. O “clima organizacional constitui-se num instrumento de feedback e de intervenção organizacional, trazendo contribuições valiosas para o conhecimento e o manejo do funcionamento das organizações” (SARTOR;SARTOR; RIZZATTI, 2003, p. 28). Embora no âmbito corporativo Luz (2003) salienta que administrar o clima seja de responsabilidade da administração de Recursos Humanos. O autor salienta que em cada unidade das organizações esse compromisso passa a ser de todos aqueles que exercem cargos de gestão. Além disso, conhecer o grau de satisfação, as expectativas e as necessidades da equipe de trabalho constituem um importante papel gerencial, eficaz para o sucesso das organizações e para a qualidade de vida das pessoas que nelas trabalham. 32 Na tentativa de analisar o clima organizacional e conseqüentemente atentar para a motivação dos indivíduos no ambiente de trabalho, evidencia-se muitas definições e modelos acerca do conceito, no qual será demonstrado a seguir. 2.4 Modelos de clima organizacional São vários os modelos desenvolvidos para análise do clima organizacional, cada qual com suas categorias e dimensões, cujo os quais, são apresentados a seguir. 2.4.1 Modelo de Kolb Desenvolvido por Kolb et al em 1978, era um instrumento de aprendizagem para exercícios em classe, visando identificar e analisar o clima organizacional. O autor aborda sete dimensões: 1) Conformismo: sentimento de que existem muitas limitações externamente impostas na organização; grau em que os membros sentem que há inúmeras regras, políticas e práticas às quais os funcionários devem se amoldar ao invés de serem capazes de fazer seu trabalho como gostariam. 2) Responsabilidade: grau em que os membros sentem que podem tomar decisões e resolver problemas sem terem de verificá-las com os superiores em cada etapa. 3) Padrões: ênfase que a organização coloca na qualidade do desempenho e na produção elevada, incluindo o grau em que os membros da organização sentem que ela propõe objetivos estimulantes, comunicandolhes o comprometimento com esses objetivos. 33 4) Recompensas: grau em que os membros sentem que estão sendo reconhecidos e recompensados por bom trabalho, ao invés de serem ignorados, criticados ou punidos quando algo sai errado. 5) Clareza organizacional: o sentimento, entre os membros, de que as coisas são bem organizadas e os objetivos claramente definidos, ao invés de serem desordenados, confusos ou caóticos. 6) Apoio e calor humano: o sentimento de que a amizade é uma forma valorizada na organização, onde os membros confiam uns nos outros e oferece apoio mútuo; o sentimento de que boas relações prevalecem no ambiente de trabalho. 7) Liderança: disposição dos membros da organização para aceitar a liderança e a direção de outras pessoas qualificadas. Quando surge necessidade de liderança, os membros sentem-se livres para assumi-las e são recompensados por uma liderança bem sucedida. A liderança é baseada na perícia. A organização não é dominada por uma ou duas pessoas ou depende delas. 2.4.2 Modelo de Sbragia Modelo desenvolvido 1983, em pesquisa realizada junto a instituições de pesquisa e desenvolvimento, propunha um questionário descritivo do quanto as pessoas percebem, avaliam ou descrevem os seguintes fatores: 1) Estado de tensão: descreve o quanto as ações das pessoas são dominadas pela lógica e pela racionalidade, ao invés das emoções. 2) Conformidade exigida: descreve o quanto as pessoas têm flexibilidade de ação dentro do contexto organizacional, o quanto a organização conscientiza a necessidade de obediência à normas e regulamentos formais. 34 3) Ênfase na participação: descreve o quanto as pessoas são consultadas e envolvidas nas decisões, ou seja, o quanto suas idéias e sugestões são aceitas. 4) Proximidade da supervisão: descreve o quanto a administração deixa de praticar um controle cerrado sobre as pessoas, o quanto as pessoas têm liberdade para fixar seus métodos de trabalho, o quanto as pessoas têm possibilidade de exercitar a iniciativa. 5) Consideração humana: descreve o quanto as pessoas são tratadas como seres humanos, o quanto recebem de atenção em termos humanos. 6) Adequação da estrutura: descreve o quanto o esquema organizacional facilita as ações das pessoas e o quanto existe de prática, normas, procedimentos e canais de comunicação consistentes com os requisitos de trabalho. 7) Autonomia presente: descreve o quanto as pessoas se sentem como seus próprios patrões, o quanto não precisam ter suas decisões verificadas. 8) Recompensas proporcionais: descreve quão bem as pessoas são recompensadas pelo trabalho que fazem, o quanto de ênfase é dado em recompensas positivas antes em vez de punições, o quão justa é a política de pagamento e promoções. 9) Prestígio obtido: descreve a percepção das pessoas sobre sua imagem no ambiente externo pelo fato de pertencerem à organização, o quanto a organização projeta seus membros no ambiente. 10) Cooperação existente: descreve o quanto à amizade e as boas relações sociais prevalecem na atmosfera de trabalho da organização, o grau de confiança de uns nos outros, o grau com que a interação entre as pessoas é sadia. 11) Padrões enfatizados: descreve o grau de importância atribuída pelas pessoas às metas e padrões de desempenho, a ênfase dada à realização de um bom trabalho. 12) Atitude frente conflitos: descreve o quanto as pessoas estão dispostas a servir e considerar diferentes opiniões, a ênfase relativa dada pelas pessoas em “levantar o problema” antes do que em ignorá-lo. 35 13) Sentimento de identidade: descreve o quanto as pessoas manifestam um sentimento de pertencer à organização, o quanto as pessoas dão valor à organização da qual fazem parte. 14) Tolerância existente: descreve o grau com que os erros das pessoas são tratados de forma suportável e construtiva antes do que punitiva. 15) Clareza percebida: descreve o grau de conhecimento das pessoas relativamente aos assuntos que lhes dizem respeito, o quanto a organização informa às pessoas sobre as formas e condições de progresso. 16) Justiça predominante: descreve o grau com que predominam nos critérios de decisão as habilidades e desempenhos, antes do que os aspectos políticos, pessoais ou credenciais. 17) Condições de progresso: descreve a ênfase com que a organização provê a seus membros oportunidades de crescimento e avanço profissional, o quanto a organização atende suas aspirações e expectativas de progresso. 18) Apoio logístico proporcionado: descreve o quanto a organização provê às pessoas as condições e os instrumentos de trabalho necessários para um bom desempenho, o quanto a organização facilita seus trabalhos principais. 19) Reconhecimento proporcionado: descreve o quanto a organização valoriza um desempenho ou uma atuação acima do padrão por parte de seus membros, o quanto os esforços individuais diferenciados são reconhecidos. 20) Forma de controle: descreve o quanto a organização usa custos, produtividade e outros dados de controle para efeito de auto-orientação e solução de problemas antes do que para o policiamento e castigo. 36 2.4.3 Modelo de Ricardo Luz (2003) A pesquisa de clima é um método formal de se avaliar o clima de uma empresa. Além disso, é um instrumento que fornece subsídios capazes de aprimorar o ambiente de trabalho. Para Luz (2003), de regra, nessas pesquisas, as empresas buscam saber a opinião dos funcionários quanto às seguintes variáveis: 1) O trabalho realizado pelo funcionário: avalia a adaptação do funcionário, o trabalho bem feito, volume de trabalho, se o trabalho é relevante e desafiador, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. 2) Salário: esse é uma das principais variações a serem pesquisadas, em função da sua importância sobre o grau de satisfação dos colaboradores. 3) Benefícios: avalia o quanto à empresa entende as necessidades e expectativas dos funcionários. 4) Integração entre os departamentos da empresa: avalia o grau de relacionamento; a existência de cooperação e conflito entre os diferentes departamentos da empresa. 5) Supervisão / Liderança / Estilos Gerencial / Gestão: revela a satisfação dos funcionários com os seus gestores, a qualidade da supervisão exercida, técnica humana e administrativa dos gestores. 6) Comunicação: aponta a satisfação quanto à forma e canais de comunicação utilizados pela empresa. 7) Treinamento e desenvolvimento: avalia a oportunidade que os trabalhadores têm de se qualificar, de se atualizar, de se desenvolver profissionalmente. 8) Possibilidade de progresso profissional: aponta a satisfação dos trabalhadores quanto às possibilidades de promoção e de crescimento profissional. 9) Relacionamento interpessoal: avalia a qualidade das relações pessoais entre os funcionários, entre os mesmos e a chefia, entre os funcionários e a empresa e a existência e intensidade de conflitos. 37 10) Estabilidade de emprego: procura conhecer o grau de segurança que os funcionários sentem nos seus empregos, assim como o feedback que recebem sobre o seu desempenho no trabalho. 11) Processo decisório: avalia a opinião dos funcionários sobre a qualidade do processo decisório, sobre o quanto a empresa é ágil, participativa, centralizada ou descentralizada em suas decisões. 12) Condições físicas de trabalho: verifica a qualidade e o conforto as condições físicas, das instalações, dos recursos disponíveis aos funcionários para a realização do trabalho. 13) Relacionamento da empresa com os sindicatos e funcionários: analisa a postura de como a empresa se relaciona com os sindicatos, a qualidade do tratamento dos problemas trabalhistas. 14) Participação: avalia as diferentes formas de participação dos funcionários no cotidiano da empresa, seu grau de conhecimento e envolvimento. 15) Pagamento dos salários: avalia a incidência de erros na folha de pagamento. 16) Segurança no trabalho: avaliam a percepção e satisfação dos funcionários quanto às estratégias de prevenção e controle da empresa sobre os riscos de acidentes e doenças ocupacionais a que estão sujeitos. 17) Objetivos organizacionais: avalia a clareza, quanto à comunicação dos objetivos organizacionais ou departamentais aos seus funcionários. 18) Orientação da empresa para resultados: avalia o quanto à empresa é percebida pelos seus funcionários no seu esforço de orientar-se para a consecução de seus resultados. 19) Disciplina: avalia o grau de rigidez da disciplina praticada na empresa. 20) Imagem da empresa: avalia a opinião dos funcionários sobre como a empresa é percebida no mercado. 21) Estrutura organizacional: avalia a opinião dos funcionários sobre a adequação da estrutura da empresa para o processo decisório. 22) Ética e responsabilidade social: avalia o quanto à empresa é ética e cumprem suas responsabilidades sociais nas suas relações com seus parceiros comerciais, funcionários, com a comunidade e com o Estado. 38 23) Qualidade e satisfação do cliente: identifica a percepção dos funcionários quanto ao compromisso da empresa em relação à qualidade dos produtos, processos e serviços aos clientes. 24) Reconhecimento: avalia o quanto à empresa adota mecanismos de valorização e reconhecimento para seus funcionários. 25) Vitalidade organizacional: avalia o ritmo das atividades desenvolvidas pela empresa. 26) Direção estratégica: avalia a satisfação dos funcionários quanto à qualidade da direção e das estratégias adotadas pela empresa. 27) Valorização dos funcionários: identifica o quanto à empresa valoriza, respeita, dá oportunidades e investe nos seus recursos humanos. 28) Envolvimento / Comprometimento: identifica o quanto os funcionários se sentem envolvidos e comprometidos com os objetivos e com os resultados da empresa. 29) Trabalho em equipe: avalia o quanto à empresa estimula e valoriza o trabalho em equipes, em times para solucionar problemas. 30) Modernidade: avalia a percepção dos funcionários quanto à preocupação da empresa com relação à inovação, modernização de seus produtos, serviços, tecnologia, modelo de gestão e instalações. 31) Orientação da empresa para os clientes: avalia a imagem externa de empresa, a percepção que os clientes externos têm sobre a mesma. 32) Planejamento e organização: avalia o quanto à empresa é percebida como sendo planejada e organizada pelos seus diferentes gestores. 33) Fatores motivacionais: essa variável procura identificar quais fatores do ambiente de trabalho é percebido pelos funcionários como de maior contribuição para a motivação dos mesmos. 34) Fatores desmotivadores: essa variável identifica quais fatores do ambiente de trabalho são percebidos pelos funcionários como de maior contribuição para a desmotivação dos mesmos. 39 2.4.4 Modelo de Gasparetto (2008) Gasparetto (2008) aborda aspectos internos que afetam o clima organizacional, sendo eles: 1) Orgulho pela empresa: grau de satisfação que o indivíduo sente por trabalhar na empresa ou o quanto o mesmo sente-se orgulhoso de pertencer à organização. 2) Reconhecimento do trabalho ou esforço: grau de preocupação da organização em reconhecer um trabalho bem feito ou um esforço extra realizado. 3) Possibilidade de progresso: verifica as possibilidades que os indivíduos sentem em relação ao progresso na organização. 4) Relacionamento chefe e subordinado: verifica o relacionamento pessoal entre o chefe e os subordinados. 5) Participação: verifica a possibilidade de expressão dentro da organização, participando com opiniões, sugestões sobre o trabalho e outros aspectos. 6) Treinamento dos colaboradores: grau de satisfação em relação ao treinamento que a organização oferece aos indivíduos. 7) Políticas de benefícios: grau de satisfação em relação aos benefícios colocados à disposição dos indivíduos. 8) Política salarial: grau de satisfação em relação à política salarial, avalia a coerência interna quanto externa dos salários. 9) Satisfação pelo trabalho que executa: verifica a realização pessoal, a satisfação por um trabalho bem realizado, o aproveitamento do potencial e dos conhecimentos. 10) Comunicação empresa/colaborador: grau de satisfação em relação à comunicação, informações constantes. 11) Avaliação do desempenho: grau de satisfação em relação às informações dos resultados do trabalho realizado, feedback do desempenho. 12) Desafios: avalia a função e os desafios a serem vencidos pelos indivíduos na organização. 40 13) Fatores Higiênicos e Motivacionais: grau de satisfação em relação ao atendimento tanto dos fatores higiênicos, quanto dos motivacionais. 2.4.5 Modelo GPTW Institute O Great Place to Work Institute, consultoria americana que atua no Brasil desde 1997, desenvolveu um modelo que apresenta um conjunto de fatores que permite a comparação do grau de satisfação dos empregados. Este modelo foi desenvolvido por Levering (1984), que descreveu a intenção inicial em identificar a existência de correlação entre satisfação dos empregados e desempenho econômico-financeiro das organizações (LEMOS; MARTINS, 2007). Souza Jr. (2004) relata que Great Place to Work Institute atua em 25 países localizados na América do Norte, America Latina, Europa e Ásia, sendo que, no Brasil o GPTW contribui para a elaboração do guia “As Melhores Empresas Para Você Trabalhar” publicado na Revista Exame desde 1997. O autor ressalta que o guia é editado pela Revista Fortune nos Estados Unidos; Revista CASH na Suíça; Revista Exame local em Portugal; Revista Capital no Chile; Revista Expansión no México; jornal Sunday Times em Londres; jornal II Sole 24 Ore na Itália. Para Furtado; Carvalho Neto e Lopes (2007) de acordo com o modelo, o funcionário de qualquer organização desenvolve três relações básicas: a primeira com a direção da empresa em todos os seus níveis (Confiança), a segunda com a própria tarefa, o trabalho em equipe e a contribuição da empresa para a comunidade (Orgulho), e a terceira com os colegas (Camaradagem). Sendo assim, apresenta-se as dimensões do modelo GPTW: Confiança que engloba Credibilidade, Respeito, Imparcialidade; Orgulho e Camaradagem. França (2004) relata que Levering (1995) menciona os estudos de Arthur D. Little, no qual aborda as companhias com bom ambiente de trabalho e que tendem a ter melhor desempenho financeiro. O estudo de Arthur D. Little foi publicado em 1993 e para tal foi utilizado o modelo apresentado no quadro 1. 41 Motivador Dimensões Descrição Confiança Credibilidade Qualidade que empresa a tem empregados, direção junto que passam da aos a acreditar e contar com a mesma “Jogo limpo” Regras justas nas relações com os empregados Respeito Atitudes básicas que os empregados vêem expressas com relações a eles Orgulho Sentimento que os empregados têm em relação ao seu trabalho e a empresa Camaradagem Qualidade das interações no ambiente de trabalho Quadro 1 - Motivadores-chave de um excelente lugar para se trabalhar Fonte: Adaptado por França (2004). Para autora, Levering (1995) aponta os tipos de relacionamento no trabalho com base nos seguintes motivadores: empregados que têm confiança na direção da organização, empregados que têm orgulho do trabalho e empregados que se relacionam com camaradagem com outros empregados. Aborda-se estas dimensões separadamente, pois este é o modelo utilizado neste estudo e buscou-se um aprofundamento das dimensões. 2.4.5.1 A Dimensão da Confiança Assis (2005) em seus estudos abordou o mesmo modelo, no qual a Confiança, nível em que os empregados confiam na organização e em suas lideranças, foi subdividida em credibilidade, respeito e imparcialidade. 42 Lemos e Martins (2007) também utilizaram o modelo em seus estudos, porém adaptaram a variável credibilidade, uma vez que as questões desta, em sua maioria eram referentes ao comportamento das chefias. Credibilidade com base no GPTW (2009) significa que os gerentes devem comunicar os planos e direções da empresa aos seus funcionários e requerer a opinião dos mesmos. Isso envolve a coordenação eficiente e efetiva de pessoas e recursos, para que os funcionários possam identificar suas relações com os objetivos da empresa. Para obter credibilidade, as palavras precisam ser seguidas pelas ações. Para Souza Jr. (2004); Furtado; Carvalho Neto e Lopes (2007) a credibilidade é a relação estabelecida entre a liderança e seus liderados por meio da comunicação. A competência, a consistência e a integridade transmitida pela liderança, alavanca um papel importante na forma como os liderados mantém a confiança no ambiente de trabalho. Respeito envolve prover tudo o que os funcionários precisam para a realização de seu trabalho: equipamentos, recursos e treinamento. Além disso, reconhecimento e apreciação de seus esforços extras. Isso exige um acompanhamento, tornando-os parceiros nas atividades da empresa, criando um espírito de colaboração entre departamentos e um ambiente de trabalho seguro e saudável (GPTW, 2009). Nesta categoria, Souza Jr. (2004); Furtado; Carvalho Neto e Lopes (2007); Lemos e Martins (2007) ressaltam que é possível visualizar a percepção dos funcionários em relação ao tratamento recebido, oportunidades de crescimento e benefícios ofertados, bem como as condições e segurança no trabalho. Imparcialidade destina-se uma oportunidade de reconhecimento de maneira igualitária, sendo que, as decisões de contratação e promoções são feitas com imparcialidade, e o ambiente de trabalho fica, por si, livre de discriminação. Para ser imparcial, é preciso ser, acima de tudo, justo (GPTW, 2009). Em concordância, Souza Jr. (2004); Furtado; Carvalho Neto e Lopes (2007); Lemos e Martins (2007) relatam que a imparcialidade é medida através da equidade, promoções e recompensas, evitando a politicagem e favoritismo, fortalecendo o grau de confiança dos funcionários com a empresa. 43 2.4.5.2 A Dimensão do Orgulho Orgulho demonstra a maneira em que os funcionários compreendem o quanto a sua contribuição faz diferença para a empresa, sendo que o orgulho fica mais evidente quando a empresa está engajada em projetos sociais, responsabilidade social e cidadania (SOUZA JR., 2004). Para Lemos e Martins (2007) esta categoria reflete a percepção dos empregados em relação ao orgulho, a satisfação, motivação e comprometimento que sentem no trabalho realizado pelos mesmos, no resultado alcançado por um membro ou pelo grupo, nos produtos e serviços oferecidos pela empresa. Esta variável está relacionada também ao fator identidade do empregado com a organização e imagem da mesma perante a comunidade e seus empregados. Orgulho aborda o relacionamento entre funcionários e suas tarefas: o orgulho do que fazem (GPTW, 2009). Assis (2005) ainda menciona que é possível analisar o nível em que os empregados estão satisfeitos por produtos, crenças e imagem da organização e por pertencer à mesma. 2.4.5.3 A Dimensão da Camaradagem Camaradagem é percebida como a construção de um relacionamento profissional cordial. O trabalho em equipe, cooperação e comprometimento são subprodutos da camaradagem, que interfere positivamente na qualidade, produtividade, lucratividade e moral dos funcionários (SOUZA JR., 2004). Já para Lemos e Martins (2007) a camaradagem identifica a percepção dos empregados em relação à qualidade da hospitalidade do recém admitido, intimidade, comunidade e senso de equipe no ambiente de trabalho, ou seja, compreende os fatores de cooperação e relação interpessoais. A camaradagem é o nível em que os empregados reconhecem relações de parceria entre a organização e seus empregados, entre pares e afins (ASSIS, 2005). Exposta as dimensões do modelo do Great Place to Work Institute (2009) aborda-se a importância da pesquisa de clima. 44 2.5 Pesquisa de Clima Organizacional O diagnóstico organizacional diante da percepção de Gasparetto (2008) é uma ferramenta que deve ser utilizada para o desenvolvimento das pessoas nas organizações, para tanto, a melhor maneira para realizá-lo é por meio da pesquisa de clima organizacional. A pesquisa de clima possibilita identificar a maneira como cada indivíduo se sente em relação ao ambiente em que está inserido. Bom Sucesso (1998) constata que a pesquisa de clima permite verificar os aspectos relevantes na relação indivíduo/organização por meio de um mapeamento e avaliação das expectativas individuais. As pesquisas de clima organizacional, na concepção de Rizzatti e Rizzatti (2007) são extremamente importantes para os gestores detectarem possíveis irregularidades no contexto organizacional, gerando informações para análises de causas e efeitos. Do ponto de vista de Veloso et al (2007) a pesquisa de clima tem por objetivo compreender como estão às relações entre a organização e os indivíduos, não só em relação à satisfação e a motivação, mas também aspectos como compreensão das políticas, concordância com o direcionamento estratégico do negócio. Para Coda (1997) a pesquisa de clima é um levantamento de opiniões que caracteriza uma representação da realidade organizacional, de tal forma que retrata o que as pessoas acreditam estar acontecendo. Gasparetto (2008, p. 52) explica que, A pesquisa de clima organizacional ou de ambiente interno nada mais é do que um instrumento de diagnóstico ou um termômetro utilizado nas organizações para se levantar, analisar e interpretar a opinião, avaliação e nível de concordância dos colaboradores a respeito da cultura, políticas, usos, costumes, normas e procedimentos já existentes e praticados ou que estão sendo implantados. Assis (2005) relata que a pesquisa de clima organizacional tem alguns escopos, tais como: • Identificar a percepção dos empregados com relação à organização, as suas políticas, as suas práticas, aos produtos e aos serviços. Num sentido mais amplo, busca entender a imagem da organização perante aos empregados (embora não exclusivamente). 45 • Permitir o entendimento dos pontos com potencial de melhoria, bem como estimular planos de ação que reduzam as lacunas entre o que a organização pretende ser e a maneira como está sendo percebida. • Estimular o alinhamento de expectativas da organização e dos empregados. Nem sempre os pontos críticos apontados pelos empregados coincidem com os interesses da organização. O papel da pesquisa de clima, na visão de Coda (1997), é tornar claras as percepções dos indivíduos diante de certas variáveis, que de alguma maneira, afetam negativamente a satisfação dos mesmos no local de trabalho. O autor ressalta que a pesquisa de clima visa levantar disfunções ou problemas com base nas informações coletadas junto aos integrantes, configurando assim, um diagnóstico organizacional. No próximo capítulo é apresentada à empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções e os resultados da pesquisa de clima. 46 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO Neste capítulo é apresentada a empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, os resultados da pesquisa realizada e a análise dos dados obtidos. 3.1 Caracterização da empresa A empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, cujo nome fantasia Ilha Brasil – está localizada na Avenida Itaipava, nº 650, bairro Itaipava – Itajaí/SC. Fundada em 1983, a empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções teve seu início a partir do desejo da proprietária Juçá Benvenutti Dalmolin em possuir seu próprio negócio. Inserida no ramo de confecções, a empresa compra o fio, fabrica a malha e desenvolve produtos direcionados ao público infanto-juvenil. Além disso, possui três lojas situadas na cidade de Itajaí/SC, direcionadas ao público infantil, juvenil e adulto. Atualmente a empresa conta com um quadro de 45 funcionários distribuídos no setor da produção. A empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções atua em Santa Catarina, São Paulo e tem como principais clientes: Lojão do Brás, Brascol, Magazine de Manos. 3.1.1 Missão A missão determina a razão da existência da empresa e identifica o seu ramo de atividade (BERTON; FERNANDES, 2005). Sendo assim, apresenta-se a Missão da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções: 47 “Atuar no ramo de confecções, desenvolvendo peças direcionadas ao público infanto-juvenil, oferecendo produtos de qualidade e proporcionando satisfação aos nossos clientes”. 3.1.2 Visão Oliveira (2006) relata que a visão é uma abordagem mais ampla, limites que os gestores enxergam em um período de tempo mais longo. Desta forma, especifica-se a Visão da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções: “Ser referência no ramo de confecções, bem como na confecção de produtos infanto-juvenis e atingir novos mercados”. 3.1.3 Valores A empresa zela pelos seguintes valores: • Satisfação do cliente • Qualidade dos produtos • Inovação • Ética e responsabilidade 3.1.4 Organograma Apresenta-se o organograma da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, ressaltando que, a pesquisa foi restrita ao setor operacional. 48 Proprietária Gerente Administrativo Gerente Financeiro Administrativo Gerente Produção Operacional Figura 2 - Organograma da empresa Fonte: Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções. Na figura 2 além do setor operacional (produção) a proprietária também respondeu um questionário com perguntas abertas. 3.2 Resultados da pesquisa de campo Neste item apresentam-se os resultados da pesquisa realizada no setor de produção da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, considerando os objetivos propostos no presente trabalho de conclusão de estágio. 3.2.1 Perfil dos funcionários Nesta seção, apresenta-se o perfil dos funcionários da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, que visou identificar sexo, idade, estado civil, escolaridade, tempo de empresa e atividade profissional, atendendo o primeiro objetivo específico. Luz (2005) relata que os fatores identificados no perfil podem influenciar no ambiente de trabalho, desta forma os funcionários poderiam estar insatisfeitos com fatores externos a organização, para tanto a importância de se analisar o perfil. 49 Tabela 2 - Perfil dos funcionários Perfil dos Funcionários Perguntas Sexo Idade Estado Civil Escolaridade Tempo de Empresa Atividade Profissional Fonte: Dados primários Opções Masculino Feminino 18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos Mais de 45 anos Solteiro Casado Divorciado Viúvo 1º grau incompleto 1º grau completo 2ª grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo 1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos Mais de 15 anos Costura Corte Dobra Embalagem Respostas 0 45 14 22 08 01 05 39 01 0 04 14 07 20 0 0 15 20 06 04 30 05 05 05 Analisando o perfil dos funcionários, verificou-se que a população pesquisada é totalmente feminina, evidenciando-se a política de preferência da empresa pelo sexo feminino na composição do setor de produção. Quanto à faixa etária percebe-se que a grande maioria possui de 26 a 35 anos de idade, fato que reflete no estado civil, demonstrando que grande parte dos funcionários é casada, sendo apenas cinco solteiros e uma divorciada. No que diz respeito à escolaridade, a empresa busca selecionar pessoas com, no mínimo, o 1º grau completo. Este fator se confirma, uma vez que, grande parte dos funcionários já possui o 2º grau completo. Com relação ao tempo de empresa, predomina entre a população os funcionários de 6 a 10 anos de prestação de serviços, equivalente a vinte pessoas, fator que comprova a baixa rotatividade na empresa. Com 1 a 5 anos de empresa 50 foram constatadas quinze pessoas. De 11 a 15 anos somam-se seis funcionários e com mais de 15 anos de trabalho, identificou-se apenas quatro pessoas. Quanto à atividade profissional desempenhada, notou-se que a maioria está inserida no setor de costura, correspondente a trinta funcionários. Já o setor de corte, dobra e embalagem possui os mesmos números de funcionários, equivalente a cinco funcionários para cada setor. 3.2.2 Avaliação do clima organizacional sob a ótica dos funcionários Com intuito de atender o segundo objetivo específico do presente estudo, buscou-se identificar a percepção dos funcionários em relação ao clima, para tanto, foram aplicados questionários com toda a equipe do setor de produção, no qual se utilizou o modelo teórico do Great Place to Work Institute (GPTW) com base no estudo de Pereira (2003). O modelo utilizado no presente trabalho aborda o clima organizacional em três dimensões, sendo: Confiança que engloba Credibilidade, Respeito e Imparcialidade, Orgulho e Camaradagem. A escolha do modelo GPTW justificou-se pelo fato do mesmo apresentar dimensões simplificadas e ainda, por atender os objetivos do acadêmico no que diz respeito à abordagem e a limitação proposta no trabalho, atingindo assim, as necessidades esperadas. Para analisar os resultados teve-se como base o que a proprietária da empresa determina ser um bom clima organizacional, cuja média para a mesma, deve ser de 8,5 ou acima. A seguir, apresentam-se os resultados obtidos na visão dos 45 funcionários da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, visando o terceiro objetivo específico da pesquisa. 51 3.2.2.1 Confiança Conforme mencionado anteriormente, a Confiança engloba a Credibilidade, o Respeito e a Imparcialidade, tendo como objetivo analisar o nível em que os empregados confiam na organização e em suas lideranças. Na Tabela 3, constam os resultados referentes ao fator Credibilidade que tem por objetivo identificar o grau de satisfação dos funcionários em relação à comunicação interna da organização. A Credibilidade busca analisar a relação estabelecida entre a liderança e seus liderados por meio da comunicação (SOUZA JR., 2004). Tabela 3 - Resultados da Dimensão Confiança - Credibilidade AFIRMAÇÃO Média 1. A chefia deixa claro o que ela espera do nosso trabalho 7,02 Desvio Padrão 1,27 2. Posso fazer qualquer pergunta para os chefes e obter respostas diretas 3. A chefia age de acordo com o que fala 6,31 1,21 6,51 0,83 A chefia tem visão clara para onde estamos indo e como fazer para chegar lá 4. É fácil se aproximar e falar com a chefia 6,65 1,34 6,40 1,02 5. A chefia está interessada nas idéias e sugestões que damos e tomam medidas com bases nelas 4,71 1,15 6. A chefia me mantém informado sobre assuntos importantes e sobre mudança 7. A chefia sabe coordenar pessoas e distribuir tarefas 4,71 1,42 7,42 1,78 8. A chefia cumpre o que promete 6,53 1,41 9. Acredito que só se promoveria um grande número de demissões como último recurso 10. A chefia é competente para tocar o negócio 8,96 1,11 7,84 1,05 11. A chefia envolve as pessoas em decisões que afetam suas atividades e seu ambiente de trabalho 5,27 1,08 12. A chefia é honesta e ética na condução dos negócios 7,82 1,08 13. A chefia reconhece erros não intencionais como necessários para tocar o negócio 5,67 0,87 Média da dimensão 6,55 Fonte: Dados primários Verifica-se na Tabela 3 que, no geral, o fator Credibilidade apresentou uma média de 6,55, apesar de a média estar abaixo da ideal, não é totalmente 52 insatisfatória. Cabe ressaltar que as afirmações 5 e 6 que estão relacionadas ao interesse da empresa pelas idéias e sugestões dos funcionários e por manter os mesmos informados sobre assuntos importantes e mudanças, obtiveram médias negativas 4,71, ou seja, a chefia desconsidera as opiniões bem como mantém seus funcionários desinformados. As afirmativas 11 e 13 respectivamente com médias 5,27 e 5,67, demonstram que a chefia não envolve seus funcionários em decisões que afetam suas atividades bem como o ambiente de trabalho, proporcionando uma insatisfação por parte dos mesmos. Ainda sobre a afirmativa 13, chama a atenção o seu desvio-padrão 0,87 que confirma a concordância dos funcionários em relação à mesma. Por outro lado, as afirmativas 1 e 7 que avaliam a chefia no que diz respeito ao que a mesma espera do trabalho de seus funcionários e ainda se possui habilidade de coordenar e distribuir tarefas, apresentou uma média positiva de 7,02 e 7,42 simultaneamente. Porém a afirmativa 7 detém um desvio padrão de 1,78 considerado o mais elevado diante dos demais, fato que acentua a discordância entre as respostas. Haja vista que a afirmativa 9 que faz referência as demissões com último recurso destacou-se positivamente perante as demais, com uma média de 8,96. Tal média demonstra a concordância entre os funcionários e o esperado pela proprietária da empresa no que diz respeito a um bom clima. As afirmativas 10 e 12 com médias 7,84 e 7,82 demonstram a confiança dos funcionários em relação à forma como a chefia sabe coordenar e distribuir tarefas bem como é competente para conduzir a empresa. Na Tabela 4, observa-se os resultados referentes ao fator Respeito que busca avaliar o tratamento ofertado pela empresa perante seus funcionários. Lemos e Martins (2007) afirmam que por meio do Respeito pretendem-se verificar a percepção dos funcionários em relação ao tratamento recebido, oportunidades de crescimento e benefícios ofertados, condições e segurança no ambiente organizacional. Tabela 4 - Resultados da Dimensão Confiança – Respeito AFIRMAÇÃO Média 1. Eu recebo os equipamentos e recursos necessários para realizar meu trabalho 7,96 Desvio Padrão 1,58 2. Este é um lugar fisicamente seguro 7,64 1,95 Média da dimensão 53 3. Oferecem-me treinamento e oportunidades de crescimento profissional 3,58 1,63 4. A chefia demonstra reconhecimento/agradecimento pelo bom trabalho e pelo esforço extra 3,98 1,50 5. As pessoas são pagas adequadamente 5,89 1,20 6. A chefia confia no bom trabalho das pessoas sem precisar vigiá-las 5,18 1,50 7. Temos benefícios especiais e personalizados por aqui 2,56 1,67 8. Nós sempre comemoramos eventos especiais 1,69 1,64 9. A chefia mostra interesse sincero por mim como pessoa e não somente como empregado 6,24 1,21 10. As pessoas aqui são bem tratadas independente de sua idade 8,98 1,68 11. As pessoas aqui são bem tratadas independente de cor ou raça 8,40 0,83 12. As pessoas aqui são bem tratadas independente de sexo 9,33 0,89 5,95 Fonte: Dados primários A afirmativa 8 referente a comemoração de eventos bem como a afirmativa 7, que diz respeito aos benefícios ofertados, ambas com médias extremamente baixas, demonstra a insatisfação dos funcionários. Percebe-se também o posicionamento negativo diante da afirmativa 3 e 4 que identifica os quesitos treinamento e oportunidades de crescimento com média 3,58 e reconhecimento pelo trabalho e esforço extra com uma média de 3,98. Verifica-se que os funcionários estejam insatisfeitos quando questionados se as pessoas são pagas adequadamente com média 5,89 e se a chefia confia no bom trabalho das pessoas sem precisar vigiá-las com uma média de 5,18. Entretanto, é favorável a organização as afirmativas 1 com média 7,96 e 2 com média 7,64, porém a última afirmativa mencionada apresenta um desvio padrão de 1,95, havendo discordâncias de opiniões. É notável ainda que as afirmativas 10, 11 e 12 respectivamente com médias 8,98, 8,40 e 9,33 demonstram um elevado grau de concordância, comprovando assim que os funcionários são bem tratados independentes de idade, cor ou raça e sexo. Cabe ressaltar que as afirmativas 11 e 12 respectivamente apresentaram um desvio padrão de 0,83 e 0,89, confirmando os apontamentos dos funcionários. Ainda sobre as afirmativas 10 e 12, as mesmas são consideradas favoráveis ao clima organizacional, superando a média levantada pela proprietária da empresa. 54 Observa-se assim que o fator Respeito remete uma média geral negativa, embora apresente médias favoráveis 8,98 e 8,40, evidencia-se a insatisfação dos funcionários, desfavorável ao clima organizacional. Já na Tabela 5, aborda-se questões referentes à Imparcialidade cujo fator é o último que avalia a dimensão da Confiança. A imparcialidade tem por objetivo a não discriminação no ambiente de trabalho, ou seja, todos são tratados de maneira igualitária (GPTW, 2009). Tabela 5 - Resultados da Dimensão Confiança - Imparcialidade AFIRMAÇÃO Média 1. Todos aqui têm a oportunidade de receber um reconhecimento especial 5,04 Desvio Padrão 1,37 2. A chefia evita favorecer uns em relação de outros 6,98 1,42 3. Se eu for tratado injustamente, acredito que serei ouvido e acabarei obtendo justiça 5,13 1,72 4. As pessoas evitam fazer “politicagem” como forma de obter resultados 5,98 1,63 5. As promoções são dadas para quem merece 7,27 1,69 6. Sinto que estamos todos “no mesmo barco” 8,36 1,77 7. Eu sou bem tratado, independente de minha posição na empresa 7,42 1,29 Média da dimensão 6,59 Fonte: Dados primários Após analisar a Tabela 5, é evidente a discordância dos funcionários quando avaliam se todos têm a oportunidade de receber um reconhecimento especial, cuja média corresponde a 5,04. Esse fator confirma o que já foi respondido na afirmação 4 da dimensão Confiança – Respeito. Outro fator que demonstra a insatisfação dos mesmos é “se eu for tratado injustamente, acredito que serei ouvido e acabarei obtendo justiça”, com uma média de 5,13, entretanto seu desvio padrão de 1,72 sinaliza a discordância de opiniões. Nas afirmativas 5 e 6 é notável a concordância dos funcionários no que diz respeito as promoções ofertadas, com uma média de 7,27 e pela forma como são tratados, independente da posição que ocupam na empresa, com média 7,42. 55 Com uma média de 8,36, os funcionários afirmam que estão todos no mesmo barco. Todavia, essa afirmativa obteve um desvio padrão de 1,77, demonstram divergências nas respostas. Portanto, o fator Imparcialidade foi satisfatório, embora com uma média geral de 6,59, não atingiu um resultado considerado favorável ao clima organizacional, se comparado a visão da proprietária. 3.2.2.2 Orgulho A Tabela 6 indica os resultados obtidos referentes à dimensão Orgulho. Lemos e Martins (2007) afirmam que esta dimensão remete a percepção dos empregados em relação ao orgulho, à satisfação, a motivação e o comprometimento que sentem no trabalho. Tabela 6 - Resultados da Dimensão Orgulho AFIRMAÇÃO Média 1. Este é um lugar agradável para trabalhar 6,51 Desvio Padrão 1,33 2. Meu trabalho tem um sentido especial. Para mim, não é só “mais um emprego’ 7,20 1,51 3. Quando vejo o que fazemos por aqui, sinto orgulho 7,27 1,20 4. Eu me sinto bem com a forma pela qual a Ilha Brasil contribui para a comunidade 6,96 1,44 5. As pessoas têm vontade de vir para o trabalho 7,53 1,05 6. Posso ser eu mesmo por aqui 8,33 1,25 7. Tenho orgulho de contar a outras pessoas que trabalho aqui 7,67 0,99 8. Sinto que eu sou valorizado aqui e que posso fazer a diferença 6,76 1,06 9. Este é um lugar divertido para trabalhar 6,27 1,12 10. Pretendo trabalhar aqui por muito tempo 6,51 0,98 Média da dimensão 7,10 Fonte: Dados primários Na dimensão Orgulho, a média foi considerada positiva, demonstrando ser a dimensão mais favorável ao clima organizacional diante das demais já analisadas. 56 Observa-se que a afirmativa 9 com média 6,27 foi considerada a mais baixa nesta dimensão. Não muito superior, as afirmativas 1 e 10 que buscaram analisar fatores como local de trabalho e se os funcionários pretendem trabalhar por muito tempo na empresa, ambas obtiveram médias de 6,51. Cabe ressaltar que a afirmativa 10 deteve um desvio padrão de 0,98, evidenciando assim, um consentimento nas respostas. Quando indagados sobre a forma como a empresa contribui para a comunidade, se sentiam valorizados e que podiam fazer a diferença bem como se este é um lugar divertido para se trabalhar, as médias não foram superiores a 7,00. Percebe-se que as afirmativas 2 e 3 com 7,20 e 7,27 apresentam média relativamente positivas. Porém a afirmativa 2 obteve um desvio padrão de 1,51, sinalizando divergências de idéias. Outros fatores que se destacam com médias 7,53 e 7,67 respectivamente, fazem referência a vontade de vir para o trabalho e tenho orgulho de contar a outras pessoas que trabalho aqui. A última afirmativa obteve um desvio padrão de 0,99, demonstrando a concordância por grande parte dos respondentes. Enfatiza-se também com média de 8,33 a afirmativa 6, demonstrando que as pessoas podem ser elas mesmas no ambiente de trabalho, confirmando ser um fator favorável ao clima, embora tenha atingindo um desvio padrão de 1,25. 3.2.2.3 Camaradagem Apresenta-se a Tabela 7 que avalia a dimensão da Camaradagem. Para França (2004) a camaradagem identifica a qualidade das interações no ambiente de trabalho. Tabela 7 - Resultados da Dimensão Camaradagem AFIRMAÇÃO Média Desvio Padrão 1. As pessoas aqui estão dispostas a dar mais de si para concluir um trabalho 6,93 1,22 2. Pode-se contar com a colaboração das pessoas 6,78 1,59 3. Quando as pessoas mudam de função ou de área, fazem com que se sintam rapidamente “em casa” 6,96 1,05 Média da dimensão 57 4. Aqui as pessoas se importam umas com as outras 7,73 1,72 5. Existe um sentimento de “família” ou de “equipe” por aqui 7,76 1,51 6. As pessoas são encorajadas a equilibrar a sua vida profissional e pessoal 5,98 1,37 7. Quando se entra na empresa, fazem você se sentir bem-vindo 7,51 0,86 7,09 Fonte: Dados primários Analisando a Tabela 7, verifica-se que a empresa não encoraja seus funcionários a equilibrar a vida profissional com a pessoal, uma vez que, obteve uma média de 5,98, considerada a mais baixa desta dimensão. Observa-se também que as três primeiras afirmativas, obtiveram médias aproximadas, demonstrando uma concordância nas opiniões, porém a afirmativas 2 com média 6,78, apresenta um desvio padrão de 1,59. As afirmativas 4 e 7 alcançaram médias excelentes, constatando que as pessoas se importam umas com as outras e que quando se entra na empresa, fazem com que se sintam bem-vindos. Entretanto a afirmativa 4 deteve um desvio padrão de 1,72, sendo o mais elevado desta dimensão. Com média de 7,76, a afirmativa 5 se sobressaiu entre as demais, evidenciando que existe um espírito de família e equipe na empresa, porém atingiu um desvio padrão considerável de 1,51. Portanto, a dimensão da Camaradagem deteve uma média geral de 7,09, demonstrando que a percepção dos funcionários com relação à mesma é satisfatória ao clima organizacional. 3.2.3. A visão da proprietária diante do clima organizacional Apresenta-se os resultados referentes à percepção da proprietária diante do clima organizacional da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, atingindo assim, o terceiro objetivo específico do presente estudo. Ressalta-se que o questionário foi aplicado por e-mail devido a problemas relatados pela proprietária, sendo este respondido após a aplicação dos questionários aos funcionários. 58 Quadro 2 - Resultados do questionário respondido pela Proprietária Você considera a empresa um lugar agradável para se trabalhar? Sim. Você reconhece que o ambiente de trabalho é seguro e saudável? É seguro e saudável, porque o fizemos tudo através de empresas especializadas, em segurança no trabalho. Em sua opinião, os funcionários têm um canal de comunicação direto com a chefia, e ainda, suas opiniões e idéias são levadas em consideração? O canal de comunicação existe, mas nem sempre suas idéias e opiniões são colocadas em prática. A empresa fornece treinamentos e oportunidades de crescimento? Infelizmente não. Para você, aqui os funcionários conseguem equilibrar a vida pessoal e profissional? Sim. Os funcionários são tratados de forma igualitária independente da função ou cargo que ocupam? Sim. A empresa fornece benefícios/recompensas? Quais? A empresa tem um prêmio que é uma cesta básica para incentivar quem não falta. A empresa reconhece o trabalho bem feito ou esforços extras? Com relação serviços extras, são pagos com prêmio de produção conforme atingimento de metas. Você considera que os funcionários são comprometidos com a empresa e que os mesmos estão dispostos a dar o melhor de si na realização das tarefas? A empresa conta sempre com um percentual de 40%. A chefia deixa claro o que os funcionários devem fazer? Elogia quando o funcionário faz um bom trabalho? Isso vem ocorrendo sempre. A empresa mantém seus funcionários informados e envolve os mesmos em decisões que possam afetar suas atividades ou seu ambiente de trabalho? Não. Em sua opinião, a empresa evita favorecer funcionários em relação a outros? Sim Para você, se um funcionário for tratado injustamente, o mesmo será ouvido e obterá justiça? A empresa procura não ser injusta. No ambiente de trabalho há um relacionamento de equipe? Um ambiente de cooperação? Faz parte do pensamento e ação da empresa a união. A empresa faz eventos? Quais? Não. Como é à entrada de um novo funcionário? Como é feita a apresentação da empresa? É feita através da seleção de currículos, depois é desenvolvido um trabalho de adaptação. Em sua opinião, os funcionários sentem-se orgulhosos de trabalhar aqui? O pensamento e o esforço da empresa são para que isso aconteça, encontrar seus colaboradores sempre com orgulho da empresa onde trabalha. Fonte: Dados primários 59 Pelo exposto no Quadro 2, pode-se notar que as respostas foram bastante curtas e também evasivas, porém este é o melhor resultado possível que pode ser relatado pela proprietária. A proprietária afirma que a empresa é um lugar agradável para se trabalhar e que proporciona aos seus funcionários um ambiente de trabalho seguro e saudável, fato este que é confirmado pelos funcionários, conforme afirmativa 2 da tabela 3. Por outro lado, admite que a empresa possui um canal de comunicação, porém não eficaz, uma vez que nem sempre as idéias e sugestões de seus funcionários são levadas em consideração, e por não mantê-los informados e envolvidos em situações que lhe dizem respeito, sendo estes, fatores considerados negativos. Este fator confirma a opinião dos funcionários e pode se observado nas afirmativas 5 e 11 da tabela 3. Um fator considerado positivo é o tratamento transmitido aos funcionários, independentes de cargos ou funções, confirmado também pelos funcionários, visível na afirmativa 7 da tabela 5. No quesito benefícios, a empresa oferece apenas cesta básica aos funcionários assíduos e, como reconhecimento pelo trabalho e esforços extras, admite oferecer prêmios de produção pelas metas alcançadas, porém esse é um fator negativo a empresa, bem como a não realização de eventos. É possível evidenciar tal insatisfação nas afirmativas 4 e 8 da tabela 4. Ainda na concepção da proprietária, a empresa evita favorecer funcionários em relação a outros, procurando ser justa com os mesmos, porém de acordo com a afirmativa 2 da tabela 5, este fator é considerado insatisfatório na percepção dos funcionários. A mesma relata que incentiva o trabalho em equipe, fato que também é confirmado, conforme afirmativa 5 da tabela 7, e visa manter seus funcionários orgulhosos em relação à empresa, que também se confirma, de acordo com as afirmativas 3 e 7 da tabela 6. O questionário aplicado a proprietária vem confirmar a veracidade de respostas apresentadas nas tabelas de resultados. A visão da proprietária e dos funcionários não é divergente na maioria dos fatores analisados. Apesar dos resultados (na visão dos funcionários) não serem tão positivos houve concordância de percepções entre proprietária e funcionários. 60 3.2.4 Dimensões que influenciam no clima organizacional Visando atender o quarto objetivo específico, apresentam-se as dimensões que influenciam expressivamente no clima organizacional. No Gráfico 1, estão representadas as médias referentes às dimensões do clima organizacional, resultantes do questionário aplicado no setor de produção, baseado no estudo de Pereira (2003). 7,20 7,10 7,09 Orgulho Camaradagem 7,00 6,80 6,59 6,55 6,60 6,40 6,20 5,95 6,00 5,80 5,60 5,40 5,20 Credibilidade Respeito Imparcialidade Gráfico 1 - Dimensões do clima organizacional Fonte: Dados primários Partindo da concepção da proprietária que uma média para um bom clima seria de 8,5 (ou acima), evidencia-se no Gráfico 1, que em geral todas as dimensões relacionadas ao questionário foram consideradas desfavoráveis ao clima organizacional. Diante das dimensões analisadas, destaca-se a dimensão Orgulho, considerada a mais positiva na percepção dos funcionários. Na visão de Souza Jr. (2004) a dimensão Orgulho demonstra a maneira em que os funcionários compreendem o quanto a sua contribuição faz diferença para a empresa, sendo que o orgulho fica mais evidente quando a empresa está engajada em projetos sociais, responsabilidade social e cidadania. 61 Então, dentro dos resultados apresentados, nota-se que do ponto de vista da proprietária esta dimensão não é positiva, porém dentro do significado de orgulho não se pode afirmar que esta dimensão seja de total influência negativa para o clima da empresa. Em seguida a dimensão Camaradagem também obteve uma média satisfatória (7,09) se comparada à teoria. Lemos e Martins (2007) relatam que a dimensão Camaradagem identifica a percepção dos empregados em relação à qualidade da hospitalidade do recém admitido, intimidade, comunidade e senso de equipe no ambiente de trabalho, ou seja, compreende os fatores de cooperação e relação interpessoais. Verifica-se novamente que esta dimensão não é positiva na visão da proprietária, porém também não se pode considerar que seja de total influência negativa para o clima da empresa. Já a dimensão Confiança, que avaliou fatores Credibilidade, Respeito e Imparcialidade indicando um índice negativo, foi considerada desfavorável ao clima organizacional. Credibilidade com base no GPTW (2009) significa que os gerentes devem comunicar os planos e direções da empresa aos seus funcionários e requerer a opinião dos mesmos. Isso envolve a coordenação eficiente e efetiva de pessoas e recursos, para que os funcionários possam identificar suas relações com os objetivos da empresa. Evidencia-se nesta dimensão, a insatisfação dos funcionários e pode-se considerar que a mesma interfere negativamente no clima da empresa. Quanto à dimensão Respeito, Lemos e Martins (2007) ressaltam que é possível visualizar a percepção dos funcionários em relação ao tratamento recebido, oportunidades de crescimento e benefícios ofertados, bem como as condições e segurança no trabalho. Esta dimensão foi considerada desfavorável ao clima organizacional, obteve uma média negativa perante as demais, exercendo uma forte influência no clima da empresa. A Imparcialidade destina-se uma oportunidade de reconhecimento de maneira igualitária, sendo que, as decisões de contratação e promoções são feitas com imparcialidade, e o ambiente de trabalho fica, por si, livre de discriminação. Para ser imparcial, é preciso ser, acima de tudo, justo (GPTW, 2009). Esta dimensão também foi considerada negativa ao clima organizacional, não atingindo a média esperada pela proprietária da empresa. 62 3.3 Sugestões para Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções Após a análise de todas as dimensões do clima organizacional verificou resultados desfavoráveis. Desta forma, cabe fazer algumas sugestões que contribuam para a melhoria do clima organizacional da empresa. Partindo do modelo GPTW (2009) tem-se as seguintes sugestões: • Credibilidade: Verificou-se a insatisfação com relação à comunicação entre empresa/funcionários, sendo assim, seria cabível um canal de comunicação direta com os funcionários por meio de murais informativos, caixas de sugestões e opiniões com intuito de envolver os mesmos em decisões que dizem respeito as suas atividades bem como o próprio ambiente de trabalho. • Respeito: Percebe-se a falta de treinamento na empresa, desta forma, sugere-se a implantação de programas de treinamento e desenvolvimento, oferecendo cursos técnicos na área, uma vez que, conforme levantado no estágio I pela proprietária, os funcionários possuem dificuldades em manusear os equipamentos, de modo a atualizar e capacitar o quadro de funcionários. Criar um sistema de promoção já que muitos não visualizam a possibilidade de crescimento na empresa bem como de recompensas com a finalidade de reconhecer o trabalho desempenhado e o esforço extra, esta sugestão torna-se interessante, pois vale a pena investir em funcionários que já estão na empresa a mais de 5 anos conforme o perfil demonstrado no item 3.2.1; Disponibilizar aos funcionários benefícios especiais, apesar da empresa já disponibilizar cesta básica. Notou-se nos resultados da dimensão que seria interessante incentivar o alcance de resultados e, atrelar aos benefícios, ganhos de produtividade; desta forma, sugere-se a empresa uma revisão dos benefícios ofertados bem como disponibilizar aos seus funcionários, planos de saúde, educação, com intuito de motivar e valorizar os mesmos. Seria interessante (já que conforme o perfil demonstrado no item 3.2.1, os funcionários estão há vários anos na empresa, fator que compensaria o investimento. Disponibilizar aos 63 funcionários um canal de comunicação em que os mesmos possam ser atendidos igualitariamente. Além disso, proporcionar a comemoração de eventos especiais, como aniversários, datas comemorativas (como o dia da mulher, dia das mães), festa dos trabalhadores, que tem custos mínimos para a empresa e são voltados as mulheres (como indica o perfil demonstrado no item 3.2.1). • Imparcialidade: Identificou-se a insatisfação com relação à oportunidade de reconhecimento, e isto pode ser feito pelo encarregado da produção ou mesmo pela proprietária com a escolha de melhor funcionário do mês, e também com elogios. • Orgulho: Desenvolver junto à comunidade programas de ações sociais engajando seus funcionários, buscando a interação dos mesmos nessas ações. Sugere-se a possibilidade de doação de peças com falhas a entidades filantrópicas. Incentivar a coleta de produtos recicláveis como forma de adquirir recursos para os próprios funcionários. Esse envolvimento fará com que se sintam valorizados e que podem contribuir com algo a mais, além do trabalho já desempenhado. • Camaradagem: Verificou-se que os funcionários estão insatisfeitos com relação ao equilíbrio profissional e pessoal, sendo assim, sugere-se a empresa que ofereça ginástica laboral (semanal ou mensal), proporcionando uma melhor qualidade de vida no trabalho; Buscar a integração social entre os setores por meio de dinâmicas grupais, envolvendo não somente os funcionários, mas também a liderança objetivando um melhor desempenho no trabalho em equipe, este trabalho poderia ser feito por meio da contratação de uma psicóloga. 64 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como objetivo geral identificar as dimensões que influenciam expressivamente no clima organizacional da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções. A pesquisa utilizou o modelo do Great Place to Work Institute (GPTW) e teve como referencial teórico o estudo de Pereira (2003) que buscou analisar as seguintes dimensões: Confiança que engloba Credibilidade, Respeito e Imparcialidade, Orgulho e Camaradagem. Quanto aos aspectos metodológicos, foram considerados adequados sendo que neste estudo usou-se como tipologia a pesquisa-diagnóstico, predominantemente quantitativa, tendo como estratégia a descrição de caso genérico para assim, atender aos objetivos. A pergunta de pesquisa que norteou o estudo foi “quais as dimensões que influenciam expressivamente o Clima Organizacional no setor de produção da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções?”. Buscando esta resposta nos resultados obtidos pode-se afirmar que as dimensões que influenciam expressivamente no clima da empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções são, de forma negativa, a dimensão respeito, e de forma positiva, dentro dos resultados, nenhuma dimensão influencia, expressivamente o clima da empresa. Com relação às dimensões de maior insatisfação, verificaram-se as seguintes: Respeito (que influencia negativamente no clima de forma mais expressiva com média de 5,95), Credibilidade (com média 6,55) e Imparcialidade (com média de 6,59). A partir dos dados levantados, foi diagnosticado perante a proprietária que um excelente clima organizacional seria uma média de 8,5 ou acima, sendo assim, identificou-se que as dimensões que mais se aproximaram a tal média foram Orgulho (com média 7,10) e Camaradagem (com média 7,09). Conclui-se que os objetivos propostos foram alcançados e que os resultados demonstram que os funcionários, de uma maneira geral, estão insatisfeitos com o clima organizacional que ocorre na empresa Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções, considerando assim, um fator negativo a mesma. Estes resultados 65 negativos de todas as dimensões impressionaram no estudo, pois a expectativa seria de respostas mais favoráveis. Cabe salientar que a pesquisa foi restrita ao setor de produção, porém os resultados aqui apresentados dizem respeito a uma amostra do clima organizacional predominante na empresa, sendo assim, não é possível generalizar a empresa como um todo. Também vale ressaltar um fator limitador deste estudo que, de forma inicial, seria quantitativo e qualitativo. A intenção da pesquisa era de entrevistar a proprietária com a finalidade de verificar a percepção desta diante do clima organizacional e também de compreender o ambiente da empresa antes da aplicação do questionário, pois, com os resultados da entrevista seria possível fazer uma adaptação do questionário ao ambiente da empresa. Como a entrevista não foi cedida pela proprietária os dados foram coletados via e-mail, por meio de um questionário de perguntas abertas tal como já explicado nos aspectos metodológicos e por este motivo não foi possível aprofundar os conhecimentos do ambiente da empresa. Por fim, é válido ressaltar que essa pesquisa pode propiciar a empresa aplicações de novos estudos na tentativa de reavaliar os pontos negativos aqui diagnosticados, na qual, sugere-se ainda, uma pesquisa de levantamento das necessidades de treinamento, sendo este, dentro desta pesquisa, um fator desfavorável. Também é necessário monitorar o clima da empresa, pois caso a Criações Ilha Brasil Comércio de Confecções venha aderir algumas sugestões apresentadas, seria necessário verificar o efeito destas ações. 66 REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; AMBONI, Nério. Teoria geral da administração: das origens às perspectivas contemporâneas. São Paulo: M. Books do Brasil, 2007. ASSIS, Marcelino Tadeu de. Indicadores de gestão de recursos humanos: usando indicadores demográficos, financeiros e de processos na gestão do capital humano. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. BEDANI, Marcelo. Efetividade das equipes de trabalho: clima organizacional como variável preditora do desempenho. In: Encontro da ANPAD, 31, 2007, Rio de Janeiro. Anais...Rio de Janeiro: ANPAD, 2007. BERGAMINI, Cecília W.; CODA, Roberto. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. BERTON, Hamilton Luiz; FERNANDES, Henrique Bruno. 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Em sua opinião, os funcionários têm um canal de comunicação direto com a chefia, e ainda, suas opiniões e idéias são levadas em consideração? A empresa fornece treinamentos e oportunidades de crescimento? Para você, aqui os funcionários conseguem equilibrar a vida pessoal e profissional? Os funcionários são tratados de forma igualitária independente da função ou cargo que ocupam? A empresa fornece benefícios/recompensas? Quais? A empresa reconhece o trabalho bem feito ou esforços extras? Você considera que os funcionários são comprometidos com a empresa e que os mesmos estão dispostos a dar o melhor de si na realização das tarefas? A chefia deixa claro o que os funcionários devem fazer? Elogia quando o funcionário faz um bom trabalho? A empresa mantém seus funcionários informados e envolve os mesmos em decisões que possam afetar suas atividades ou seu ambiente de trabalho? Em sua opinião, a empresa evita favorecer funcionários em relação a outros? Para você, se um funcionário for tratado injustamente, o mesmo será ouvido e obterá justiça? No ambiente de trabalho há um relacionamento de equipe? Um ambiente de cooperação? A empresa faz eventos? Quais? Como é à entrada de um novo funcionário? Como é feita a apresentação da empresa? Em sua opinião, os funcionários sentem-se orgulhosos de trabalhar aqui? 73 Estamos realizando uma pesquisa cujo objetivo é analisar o ambiente de trabalho. O resultado dessa avaliação será um trabalho de conclusão de curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Para tanto, contamos com a sua participação, lembrando que, você não será identificado.Obrigado! Perfil do funcionário: Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino Faixa Etária ( ( ( ( ) entre 18 e 25 anos ) entre 26 e 35 anos ) entre 36 e 45 anos ) mais de 45 anos Estado Civil: ( ( ( ( ) Solteiro (a) ) Casado (a) ) Divorciado (a) ) Viúvo (a) Escolaridade: ( ( ( ( ( ( ) 1º grau incompleto ) 1º grau completo ) 2º grau incompleto ) 2º grau completo ) superior incompleto ) superior completo Quanto tempo você trabalha na empresa? ( ( ( ( ) entre 1 e 5 anos ) entre 6 e 10 anos ) entre 11 e 15 anos ) mais de 15 anos Qual a sua função? ( ( ( ( ) Costura ) Corte ) Dobra ) Embalagem Avalie e assinale com um “X” a alternativa de acordo com sua opinião. DISCORDO AFIRMATIVA 1. Este é um lugar agradável para trabalhar 2. Eu recebo os equipamentos e recursos necessários para realizar meu trabalho 3. Este é um lugar fisicamente seguro 4. Todos aqui têm a oportunidade de receber um reconhecimento especial 5. As pessoas aqui estão dispostas a dar mais de si para concluir um trabalho 6. Pode-se contar com a colaboração das pessoas 7. A chefia deixa claro o que ela espera do nosso trabalho 8. Posso fazer qualquer pergunta para os chefes e obter respostas diretas 9. Oferecem-me treinamento e oportunidade de crescimento profissional 10. A chefia demonstra reconhecimento/agradecimento pelo bom trabalho e pelo esforço extra 11. As pessoas são pagas adequadamente 12. Meu trabalho tem um sentido especial. Para mim, não é só “mais um emprego” 13. Quando as pessoas mudam de função ou de área, fazem com que se sintam rapidamente “em casa” 14. É fácil se aproximar e falar com a chefia 15. A chefia reconhece erros não intencionais como necessários para se tocar o negócio 16. A chefia está interessada nas idéias e sugestões que damos e tomam medidas com base nelas 17. Quando vejo o que fazemos por aqui, sinto orgulho 18. A chefia confia no bom trabalho das pessoas sem precisar vigia-las 19. A chefia me mantém informado sobre assuntos importantes e sobre mudança 20. A chefia tem uma visão clara para onde estamos indo e como fazer para chegar lá 21. A chefia envolve as pessoas em decisões que afetam suas atividades e seu ambiente de trabalho 22. A chefia evita favorecer uns em relação de outros 23. Eu me sinto bem com a forma pela qual a Ilha Brasil contribui para a comunidade 24. A chefia sabe coordenar pessoas e distribuir tarefas 1 2 3 4 5 CONDORDO 6 7 8 9 10 75 Avalie e assinale com um “X” a alternativa de acordo com sua opinião. DISCORDO AFIRMATIVA 25. As pessoas têm vontade de vir para o trabalho 26. Posso ser eu mesmo por aqui 27. A chefia cumpre o que promete 28. As pessoas aqui são bem tratadas independente de sua idade 29. As pessoas aqui são bem tratadas independente de cor ou raça 30. As pessoas aqui são bem tratadas independente de sexo 31. Aqui as pessoas se importam umas com as outras 32. A chefia age de acordo com o que fala 33. Tenho orgulho de contar a outras pessoas que trabalho aqui 34. Existe um sentimento de “família” ou de “equipe” por aqui 35. Acredito que só se promoveria um grande número de demissões como último recurso 36. As pessoas são encorajadas a equilibrar a sua vida profissional e pessoal 37. Se eu for tratado injustamente, acredito que serei ouvido e acabarei obtendo justiça 38. Temos benefícios especiais e personalizados aqui 39. Nós sempre comemoramos eventos especiais 40. As pessoas evitam fazer “politicagem” como forma de obter resultados 41. A chefia é competente para tocar o negócio 42. Sinto que estamos todos “no mesmo barco” 43. A chefia é honesta e ética na condução dos negócios 44. A chefia mostra interesse sincero por mim como pessoa e não somente como empregado 45. Eu sou bem tratado, independente de minha posição na empresa 46. Sinto que eu sou valorizado aqui e que posso fazer a diferença 47. Quando se entra na empresa, fazem você se sentir bem-vindo 48. Este é um lugar divertido para trabalhar 49. Pretendo trabalhar aqui por muito tempo 50. As promoções são dadas para quem merece 1 2 3 4 5 CONCORDO 6 7 8 9 10 76 ILHA BRASIL CRIAÇÕES ILHA BRASIL COMÉRCIO DE CONFECÇÕES CNPJ: 05.901.312/0001-90 Avenida Itaipava, 650 – Bairro Itaipava – Itajaí - SC Fone/Fax: (47) 3346-5250 / 3346-5505 DECLARAÇÃO DE DESEMPENHO DE ESTÁGIO A organização cedente de estágio CRIAÇÕES ILHA BRASIL COMÉRCIO DE CONFECÇÕES declara, para os devidos fins, que o estagiário Luis Fernando DA SILVA, aluno do Curso de administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CECIESA / Gestão da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, cumpriu a carga horária de estágio prevista para o período, seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Projeto de Estágio e respeitou nossas normas internas. Itajaí, 03 de novembro de 2009. ___________________________________________ Vancléia Dalmolin Bolda 77 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ______________________________________________ Luis Fernando da Silva Estagiário ____________________________________________ Vancléia Dalmolin Bolda Supervisor de campo ___________________________________________ Profª. Cristina Pereira Vecchio Balsini Orientador de estágio __________________________________________ Prof. Eduardo Krieger da Silva Responsável pelos Estágios em Administração