IX REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL Culturas, Encontros e Desigualdades 10 a 13 de julho de 2011, UFPR, Curitiba, Paraná, Brasil Convidamos para apresentação de resumos no GT – OS ESTUDOS SOCIOESPACIAIS E OS DESAFÍOS DIALÓGICOS DA ANTROPOLOGIA CONTEMPORÂNEA conforme normas orientadas na circular da Comissão Organizadora da IX RAM. Coordenadores JOSE EXEQUIEL BASINI RODRIGUEZ PPGAS/ DAN - UFAM [email protected] LELIO NICOLAS GUIGOU MARDERO FHUCE/UDELAR [email protected] RENATO ATHIAS PPGA/UFPE [email protected] RESUMO OS ESTUDOS SOCIOESPACIAIS E OS DESAFÍOS DIALÓGICOS DA ANTROPOLOGIA CONTEMPORÂNEA Aspectos metodológicos Os processos sócio-espaciais configuram um problema inicial na medida em que nos colocam numa instância epistêmica elusiva, dentro de uma variedade de elementos que acham seu domínio no espaço das redes e dos fluxos, sejam estes econômicos, simbólicos ou políticos, junto a tradições de conhecimento e de saberes constituídos e transmitidos. Em outras palavras, o desafio apresentado suscita a pertinência de criar estratégias de pesquisa assim como instrumentos analíticos que sejam dinâmicos, para entender os movimentos que se originam nos contextos cambiantes dentro de inscrições urbanas tão próprias como as cidades do Mercosul e de Latino America. Em outras palavras, a socioespacialidade abre um leque amplo de possibilidades para olhar a cidade como um laboratório aberto onde a hibridação, as misturas e os regimes de transformação possam ser visualizados e compreendidos, ainda dentro de procedimentos rigorosos. Desta forma, abordamos o estudo realizando uma crítica aos procedimentos assépticos que operam por meio da purificação dos objetos (ou sujeitos?) para produzir “realidades”. Em suma, a produção dos conhecimentos, valida-se dentro dos processos de subjetivação, ainda mais, na qualidade relacional entre atores sociais, agências, tecnologias, redes, nós e enclaves. Ali, os contextos de enunciação são permanentes, enquanto que as manifestações urbanísticas resultam de formas de habitar o espaço e formas de pensamento que supõem escolhas e também conflitos cartográficos ou “guerras de mapas” a respeito das formas de habitar e circular que os grupos de interesse – povos tradicionais, minorias étnicas e raciais, políticos, planejadores urbanos, empresários, entre outros – atribuem-se em instâncias socioculturais e socioeconômicas decisivas. (BASINI & GUIGOU, 2010) Os demos ou laboratórios abertos Neste contexto, a delimitação categórica do “dentro” e do “fora” - como o “programa Newton-Kant” postulou para a física moderna e a filosofia transcendental -, torna-as métodos incompletos ou falsas epistemologias (BATESON, 1988). Também caducam teorias como as de Boyle e de Hobbes que a partir da física e da política postularam os laboratórios “in vácuo” para isolar “ruídos” e “desvios”, e assim produzir fatos científicos puros. Ambos referenciam e instrumentam a ciência moderna a partir de uma purificação crítica mediante duas práticas que sempre devem se diferenciar: a tradução entre gêneros de seres e a purificação de duas zonas ontológicas: os humanos e os não humanos (LATOUR, 2007) Dentro dessa linha de reflexão, não reveste interesse localizar não-lugares ou espaços utópicos. Pelo contrário, trata-se de desenvolver práticas espaciais em laboratórios abertos – demos, os quais, tendo deixado atrás tanto o olhar de uma “neutralidade axiológica” ou um “desde nenhuma parte”, não apenas tentam compreender “genealogias” e “conectividades” das múltiplas formas do espacial em mundos, como o mundo urbano, senão também a produção de imaginários, imaginações e espaços. (AUGE, 1993, 1994; GUERRA, C; PÉREZ, M; TAPIA, C , 2009) Trajetória e estilos de habitar a cidade Um outro aspecto metodológico em questão diz respeito ao estudo das trajetórias dos grupos que constituem estilos de habitar na cidade. Temporalidades, velocidades e espacialidades que são construídas – ao mesmo tempo que sofrem o constrangimento das próprias dimensões urbanas além de suas práticas e possibilidades materiais e simbólicas- fazem estilos de habitar e viver na cidade, que exigem a pesquisa das trajetórias e narrativas de ditos grupos, na medida que conformam memórias plurais e matrizes espaço-temporais da cidade. A “guerra de mapas” é também conflito, redes de aliança, construções do Outro (o Outro vizinho, o Outro- inimigo, como “tipos ideais” com todas as variantes do caso) que exigem etnografar as diferentes temporalidades, enunciados e narrativas dos grupos que fazem as cidades. Justificativa Os estudos sócio-espaciais ancoram-se na comunicabilidade reflexiva de comunidades do pensamento e comunidades acadêmicas que desejam perspectivar a produção social dos espaços (DERRIDA, 1994). Em outras palavras, trata-se de uma ampla área cognitiva que contribui para conectar múltiplas relações que vinculam os processos espaciais e as práticas sociais. Esse interesse teórico-metodológico que inflecte na contemporaneidade sobre categorias de organização do mundo, como o espaço e o tempo, descreve o percurso e a convergência de diferentes áreas do conhecimento, na medida em que aporta novas perspectivas que frutificam na interdisciplinaridade e trandisciplinaridade, e em novos métodos, sujeitos a um permanente debate, experimentação, ampliação de domínios, e sistematizações. Tal é o caso da geografia, o urbanismo, a arquitetura, a arte, a filosofia, a matemática, a antropologia, a política, a sociologia, entre outras ciências, que permitem uma reflexibilidade descontínua, porém em diversas escalas e “diafragmas visuais”, para apreender os espaços de socialização e a socialização dos espaços. Outrossim, um assunto presente na vida das cidades contemporâneas é o planejamento urbano e o ordenamento territorial como metas do Estado- Nação moderno. No entanto, podemos falar nas bordas ou das dobras do “Espírito do Estado” moderno desde outras territorialidades e modos específicos de habitar o espaço social, conforme os grupos que o habitam. (BOURDIEU, 1996) Histórico do grupo A presente proposta constitui o primeiro empreendimento que a equipe de trabalho encaminha para RAM. No entanto, o histórico de participação como coordenadores de GT, em diferentes edições da RAM evidencia a abordagem de temáticas diversas, no entanto, com assuntos que as vinculam à atual proposta. A seguir, “Novas tecnologias e ciberespaço”, “Antropologia reflexiva e etnologia da intervenção”, “Antropologia Visual e da Imagem”, “Cidades e grupos étnicos”, entre outras. No que diz respeito à temática dos estudos sócio-espaciais ou socioespacialidade, os membros da equipe, através das suas instituições de ensino superior são sócios efetivos da Rede de Estudos Sócio-espaciais - REDE que agrupa mais de 15 universidades latinoamericanas e européias [email protected] Têm participado em eventos internacionais da REDE, como conferencistas e integrantes de mesas redondas, durante o II Congresso de Estudos sócio-espaciais “O território como demo: demo-(a) grafias, demo-(a)cracias e epi-demias” www.outarquias.wordpress.com. O mesmo aconteceu em novembro de 2009, e foi organizado pela Universidad Internacional de Andalucía e a Faculdade de Arquitetura da Universidad de Sevilha, em Sevilha – Espanha. Atualmente BASINI & GUIGOU coordenam binacionalmente um projeto de Cooperação Internacional CAPES – UDELAR intitulado “Cidades em perspectiva: Um estudo socioespacial sobre as cidades de Manaus e Montevidéu” EDITAL CGCI 29/2009 – CONVOCATÓRIA PROGRAMA CAPES/UDELAR PROJETOS. Também BASINI é coordenador do III Congresso Internacional de Estudos sócio-espaciais “Cidades, fronteiras e mobilidade humana”, na cidade de Manaus – Amazonas, Universidade Federal do Amazonas, com data de realização para novembro de 2011 (Of.8810-0123. Instituto de Estudos Regionais – INER. Mestrado em Estudos Sócio-espaciais Universidad de Antioquia/Medellín/Colômbia) Já ATHIAS e BASINI vêm realizando pesquisas e publicações conjuntas na temática de Territórios étnicos, transformações espaciais, cidades panamazônicas, estados nacionais, entre outros. Os três integrantes da equipe (GT) vêm colaborando conjuntamente a partir dos respectivos núcleos de pesquisa que eles coordenam. A seguir, o Laboratório de Estudos Panamazônicos – Pesquisa e Intervenção Social, com uma linha de pesquisa que aborda os estudos sócio-espaciais (PPGAS/DAN-UFAM), o Programa de Investigação em Antropologia Visual, da Imagem e as Crenças (FHUCE – UDELAR), e o Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre etnicidade (NEPE – UFPE).