ID: 33866144 02-02-2011 Tiragem: 20179 Pág: 34 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,58 x 30,02 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Paula Nunes O director de investimentos do Best aposta no crescimento da economia mundial e dos resultados empresariais. ENTREVISTA DIOGO SERRAS LOPES Director de Investimentos do Banco Best “Cenário de mercado para 2011 beneficia os activos de risco” Para Diogo Serras Lopes, a concorrência entre fundos, certificados e depósitos é saudável. Tiago Figueiredo Silva [email protected] A concorrência dos depósitos e o peso de activos portugueses foram, segundo o director de investimentos do Banco Best, os factores que contribuíram para o balanço negativo dos fundos nacionais em 2010. Para Diogo Serras Lopes, os juros das obrigações acima dos 7% não são sustentáveis, o que poderá forçar o pedido de ajuda internacional por parte de Portugal. Este ano, o sentimento volta a ser positivo quanto aos activos de risco. Os fundos nacionais terminaram 2010 com um saldo líquido negativo e uma queda do montante sob gestão. Quais as razões para este balanço? A maior saída de activos registouse nos fundos de tesouraria e de baixo risco, devido à concorrência dos depósitos a prazo. Por outro lado, há um peso de activos portugueses na indústria dos fundos que também não contribuiu positivamente em 2010. O ano foi positivo para o Best? Foi um ano positivo e de crescimento significativo para o Banco. A nossa filosofia de gestão independente e de exposição global acabou por nos distinguir e permitir que registássemos uma subida de 29% na comercialização de fundos estrangeiros. Mais de 90% dos fundos disponíveis registaram rendibilidades positivas e a nossa quota de mercado de distribuição de fundos, até Junho, era próxima dos 30%, o valor máximo atingido até hoje pelo Best e isso reforça a nossa posição como líder de fundos estrangeiros. Quais as expectativas para 2011? Temos um cenário de mercado que beneficia os activos de risco, ou seja, pensamos que este vai continuar a ser um ano de crescimento global acima dos 4% aliado a resultados empresariais que deverão manter-se também a um ritmo significativo de subida. Embora existam riscos relevantes - a crise de dívida soberana europeia e a inflação que começou agora a surgir nos países emergentes pensamos que ainda assim, mes- mo com alguma volatilidade, 2011 deverá ser um ano de retornos positivos para a generalidade das classes de activos, com maior foco nos activos de maior risco. A concorrência entre fundos, certificados do tesouro e depósitos é saudável? É completamente saudável. Não me parece que seja um aspecto negativo. Mas os certificados fa- “ Temos condições de fazermos o caminho sozinhos, mas podemos ser forçados via aumento das taxas de juro a pedir ajuda internacional. zem concorrência a um segmento mais conservador dos investidores, são substitutos de depósitos a prazo e de eventualmente alguns fundos de obrigações. Mas não são substitutos de fundos de acções, ou de fundos mistos que tenham alguma componente de risco. Qual vai ser o comportamento da remuneração dos depósitos? É previsível que a pressão sobre o financiamento dos bancos se mantenha, pelo menos até a situação da dívida pública portuguesa estar mais resolvida. Nesse sentido, é previsível que os níveis de remuneração dos depósitos que temos actualmente, que já são consideravelmente mais altos do que as taxas Euribor, se mantenham durante algum tempo em 2011. Os juros das OT portuguesas a 10 anos vão continuar acima dos 7%? Vai depender de um conjunto de acontecimentos que vão surgir durante os próximos meses. Aquilo que tivemos foi um ligeiro aliviar dos níveis de dívida que estavam a ser colocados. Mas continuamos com os juros a 10 anos acima dos 7%, como tal, o caminho que estamos a percorrer não é um caminho sustentável em termos de dívida nacional. Sem querer fazer futurologia, esperaria que os juros que estamos a pagar viessem a acalmar durante o ano. E como serão as próximas emissões? As próximas emissões vão estar muito condicionadas pelo nível de aversão de risco global e dependente das notícias que vão saindo da execução orçamental de 2010. Portugal vai conseguir resolver o problema sozinho ou será necessária ajuda internacional? É uma incógnita. Portugal tem melhores condições do que a generalidade dos restantes países desenvolvidos. Creio que temos condições de fazermos o caminho sozinhos, através das medidas que tomámos e que, provavelmente, ainda teremos de tomar no futuro, mas num contexto em que nossa dívida é colocada no mercado internacional podemos, obviamente, ser forçados via aumento das taxas de juro a pedir ajuda internacional.■