Resumos do 56º Congresso Nacional de Botânica. Políticas Públicas para a conservação e o uso da Biodiversidade PAULO KAGEYAMA - SBF/MMA E ESALQ/USP [email protected] Pensar políticas públicas para a conservação e o uso da biodiversidade primeiramente é necessário se considerar a diversidade biológica como um todo, ou desde genes até ecossistemas, considerando-se tanto a biodiversidade natural como a agrobiodiversidade. A promoção de estudos básicos, as regulamentação do uso, os incentivos e as sanções para a conservação e o uso sustentável perfazem as ações de uma política pública para que a biodiversidade se mantenha num nível de manutenção para esta e as futuras gerações, tanto do homem como da biodiversidade. A legislaçao por outro lado é um instrumento importante, quando a mesma funciona, para colocar todas essas regras claras para que se cumpram os deveres de cidadão para com essa biodiversidade. O Brasil, sendo o país mais rico do planeta em biodiversidade, com cerca de 25% de toda a diversidade do globo, tem um compromisso importante de conservar toda essa biodiversidade, assim como também de usar sustentávelmente os recursos advindos da mesma. O mais importante é que tendo o nosso país ratificado a Convenção da Diversidade Biológica – CDB, das Nações Unidas, se comprometeu a cumprir um terceiro grande objetivo dessa convenção que é o da repartição dos benefícios do uso dessa biodiversidade. Para tanto, os conhecimentos tradicionais dessa biodiversidade, nos quais o Brasil é extremamente rico, pela grande diversidade cultural que coexiste com a biodiversidade. Os Biomas terrestres relativos à Amazônia e à MataAtlântica, ou de florestas tropicais úmidas, são os que englobam os ecossistemas mais intensamente buscados para seu uso não sustentável, em função do valor imediato da madeira neles existentes, o que faz com que não se requeira nenhuma sofisticação para a exploração desse recurso e a degradação do ecossistema. Muito embora esses biomas sejam considerados os mais ricos em diversidade, o Cerrado e a Caatinga contêm ecossistemas tão ricos quanto, muito embora tenham sido sempre considerados como de segunda categoria, talvez pela fisionomia mais rala e de mais baixa altura. Embora em estágios de destruição Resumos do 56º Congresso Nacional de Botânica. diferentes, todos esses biomas vêm sofrendo pressões muito grandes para a sua degradação, ou o seu uso não sustentável. Muito embora haja preocupação igualmente com a conservação, o uso sustentável e a repartição de benefícios para todos esses biomas, certamente as prioridades têm sido diferentes para os mesmos. A Amazônia, com pouco mais de 80% ainda com cobertuta natural, a grande preocupação certamente é o alto nível de desmatamento, com políticas para que parte dos 90% da exploração degradadora desses ecossistemas passe para um manejo com um mínimo de sustentabilidade. Na Mata Atlântica, com somente 7% ainda com vegetação primária, a prioridade é a proteção dos remanescentes ainda existentes, ou o desmatamento zero, com a restauração das APPs e a reabilitação das Reservas Legais. No Cerrado, o avanço desregrado do agronegócio sobre o mesmo tem levado a uma rápida perda do bioma, sendo necessárias políticas públicas tanto para conter essa corrida ao bioma, como para o incentivo ao uso sustentável dos seus recursos. Na Caatinga, com grande concentração de pobreza, porém com rico conhecimento tradicional associado à biodiversidade, resgatar esse conhecimento para o uso sustentável dos recursos, sem dúvida é a prioridade.