Gabarito - Unifesp

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
RESIDÊNCIA MÉDICA 2015
Dor-Neurologia
Gabarito da Prova realizada em 2/nov/2014
QUESTÃO 1
Alternativa a
De todas as arterites e doenças vasculares do colágeno, a arterite de células gigantes é
a doença mais claramente associada com cefaleia (o que se deve à inflamação das
artérias da cabeça, principalmente os ramos da artéria carótida externa). Os pontos
seguintes devem ser salientados:
A variabilidade nas características da cefaleia e outros sintomas associados de ACG
(polimialgia reumática, claudicação da mandíbula) é tamanha que qualquer cefaleia
recente e persistente em um paciente acima de 60 anos deve sugerir ACG e levar à
investigação diagnóstica apropriada;
Crises recentes e repetidas de amaurose fugaz associadas a cefaleia são muito
sugestivas de ACG e necessitam de investigação imediata;
O maior risco é o de amaurose devido à neurite óptica isquêmica anterior, que pode ser
evitada pela administração imediata de corticosteróides;
O intervalo de tempo entre a perda visual em um olho e no outro é geralmente menor
que uma semana;
Existe também risco de eventos isquêmicos cerebrais e demência;
No exame histopatológico, a artéria temporal pode apresentar-se normal em algumas
áreas (lesões segmentadas) indicando a necessidade de cortes seriados;
O duplex-scan da artéria temporal pode visualizar o espessamento da parede arterial
(como um halo em cortes axiais) e pode ajudar a escolher o local para realização da
biópsia.
QUESTÃO 2
Alternativa a
Critérios diagnósticos
A. Dor cefálica ou facial na distribuição de um nervo ou divisão de um nervo
e preenchendo os critérios C e D:
B. Erupção herpética no território do mesmo nervo
C. A dor precede a erupção herpética por < 7 dias1
D. A dor desaparece dentro de três meses.
A dor precede a erupção herpética por < 7 dias. Durante este período o critério B não é
preenchido e o diagnóstico é de Provável dor facial ou cefálica atribuída ao herpeszoster agudo.
O herpes-zoster afeta o gânglio trigeminal em 10% a 15% dos pacientes, e a divisão
oftálmica é a única afetada em cerca de 80% dos pacientes. O herpeszóster pode
também acometer o gânglio geniculado, causando erupção no meato acústico externo.
O palato mole ou as áreas de distribuição das raízes cervicais superiores podem ser
comprometidos em alguns pacientes.
O herpes-zoster oftálmico pode associar-se a paralisia do III, IV e VI nervos cranianos e
o herpes-zoster geniculado a paralisia fácil e/ou sintomas auditivos. O herpes-zoster
ocorre em cerca de 10% dos pacientes com linfoma e em 25% dos pacientes com
doença de Hodgkin. O tratamento na fase aguda pode ser com droga antiviral, antiinflamatórios e sintomáticos.
A neuralgia pós-herpética é considerada crônica quando persiste por mais de 3 meses.
É uma sequela do herpes-zoster mais frequente nos idosos, acometendo 50% dos
pacientes que contraem herpes-zoster após os 60 anos. Costumam ocorrer hipoestesia,
hiperalgesia e/ou anodinia no território envolvido. O tratamento é feito com drogas
antiepilépticas neuromoduladoras.
QUESTÃO 3
Alternativa a
A dengue é uma das infecções por arbovírus mais frequentes, ocorrendo em todo o
mundo, nas regiões tropicais e subtropicais. A infecção transmitida por mosquito Aedes
aegypti produz febre, aumento do tamanho dos linfonodos e hemorragia. Ela produz
dores articulares e musculares muito intensas e, por esta razão é denominada de “febre
quebra-ossos”. A dengue pode ser fatal, principalmente a forma hemorrágica. Ela
acomete mais frequentemente crianças com menos de 10 anos de idade e, nos anos
subsequentes, são comuns as infecções recorrentes com tipos de vírus diferentes. O
tratamento é cuidar do paciente clinicamente e há perspectivas de vacina ainda em
desenvolvimento.
QUESTÃO 4
Alternativa a
A enxaqueca ou migrânea é uma desordem neurobiológica com base genética. Pode
estar associada a alterações do sistema nervoso e ativação do sistema
trigeminovascular. É caracterizada por ataques de cefaleia e sinais e/ou sintomas
psíquicos, clínicos e neurológicos. O quadro varia em frequência, duração e
incapacitação conforme cada paciente e entre os ataques. Os critérios da Sociedade
Internacional de Cefaleia3, 4 são básicos. Se aparecerem aspectos atípicos, devem ser
excluídas cefaleias secundárias. O tratamento do paciente com enxaqueca pode ser
enfocado em duas bases principais: o tratamento agudo, abortivo de crises ou
sintomático; e o tratamento preventivo ou profilático. Em ambos pode-se propor
abordagem não medicamentosa e medicamentosa. Os medicamentos são utilizados de
acordo com a intensidade da dor. Crises leves com analgésicos e antiinflamatórios,
moderadas, antiinflamatórios, derivados ergóticos e triptanas, fortes com triptanas
combinadas com antiinflamatórios e medicações endovenosas quando necessárias. As
orientações não farmacológicas, tanto para o alívio agudo como para a prevenção,
devem ser enfatizadas sempre. Além dos princípios gerais que diminuam o estresse,
como o repouso, horas de sono adequadas, o relaxamento físico e mental, massagem,
compressas, a acupuntura, as técnicas de biofeedback e a psicoterapia
cognitivocomportamental.
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