Atualidades do SFN 2013

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BANCO DO BRASIL
2013
ATUALIDADES DO S.F.N
Prof: Edgar Abreu e Cássio Albernaz
http://acasadoconcurseiro.com.br/
A CASA DO CONCURSEIRO
Estude com o curso que mais aprovou primeiros colocados nos últimos concursos.
 TRE – RJ (2012): Primeiro colocado do estado
 TRE – PR (2012): Primeiro Colocado do estado
 INSS (2012): Primeiro Colocado (Gravataí)
CEF 2012: Primeiro colocado nas Microrregiões abaixo
1. São Paulo – SP;
2. Porto Alegre – RS;
3. Cruzeiro do Sul – AC;
4. Aracaju – SE;
5. Cascavel – PR;
6. Patos – PB;
7. Osasco - SP;
8. Uruaçu – GO;
9. Jundiaí; Bacabal – MA;
10.
Ji-Paraná – RO;
11.
Vitória - ES ;
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
Santarém – PA;
Teresina – PI;
Uruguaiana – RS;
Itumbiara – GO;
Maringá – PR;
Santo Antonio de Jesus – BA;
Caxias do Sul –RS;
Santo Ângelo – RS;
Picos – PI;
Castanhal PA
Último concurso do Banco do Brasil: Primeiro colocado nas Microrregiões
abaixo
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
Santo Amaro – SP;
Varginha – BA;
Bonito – MS;
Juiz de Fora – MG (PNE);
Irecê – Vitória da Conquista - BA;
Jundiaí – SP
São Paulo - SP;
Jequié – BA;
Anápolis – GO ;
Sete Lagoas – MS;
Pouso Alegre – MG;
Lins – SP;
Paraíso do Tocantins – TO
Rio de Janeiro – RJ;
Cabo Frio – RJ;
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
Pelotas – RS;
Novo Hamburgo – RS;
Rio Branco – AC (2013)
Epitaciolândia – AC (2013)
Sobral – CE (2013)
Aracaju – SE (2013)
Cacoal – RO (2013)
Porto Velho – RO (2013)
Videira – SC (2013)
Natal – RN (2013)
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
SUMÁRIO
1.
NOÇÕES GERAIS DE ATUALIDADES DE ECONOMIA – PROF. CÁSSIO ALBERNAZ. ................................................................. 3
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
33.
34.
2.
INTRODUÇÃO – O QUE É UMA PROVA DE ATUALIDADES? .................................................................................................................... 3
ECONOMIA MUNDIAL .................................................................................................................................................................. 4
PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA MUNDIAL MELHORAM EM 2013 .................................................................................................... 11
PERSPECTIVAS DA ECONOMIA CHINESA .......................................................................................................................................... 13
SUCESSO DOS BRICS GEROU PROLIFERAÇÃO DE ACRÔNIMOS ECONÔMICOS ........................................................................................... 15
CRISE FINANCEIRA AMERICANA .................................................................................................................................................... 17
OBAMA TOMA POSSE E BUSCA ACORDO CONTRA CRISE FISCAL ............................................................................................................ 19
EUA APROVAM PROJETO CONTRA "ABISMO FISCAL" E BOLSAS SOBEM .................................................................................................. 21
CRISE FINANCEIRA EUROPÉIA ....................................................................................................................................................... 23
O QUE A GRÉCIA SIGNIFICA ..................................................................................................................................................... 25
G-20: POSIÇÃO DA GRÉCIA NO CENÁRIO DE CRISE EXPÕE DIVISÃO E VULNERABILIDADE DA UNIÃO EUROPEIA.......................................... 27
PRESIDENTE DE CHIPRE ANUNCIA PACOTE PARA REATIVAR A ECONOMIA .......................................................................................... 28
CHIPRE: FILA NOS BANCOS ...................................................................................................................................................... 29
CASO DO CHIPRE NÃO É MODELO PARA OUTROS RESGATES, DIZ BCE .............................................................................................. 30
BLOCOS ECONÔMICOS ........................................................................................................................................................... 30
A VENEZUELA E O MERCOSUL ................................................................................................................................................. 32
O QUE A CRISE DA UNIÃO EUROPEIA ENSINA AO MERCOSUL? ....................................................................................................... 33
TENDÊNCIAS DA ECONOMIA BRASILEIRA .................................................................................................................................... 39
IPI CONGELADO RENDE ECONOMIA DE ATÉ R$ 2,4 MIL ................................................................................................................ 40
INDÚSTRIA ATRASADA, ECONOMIA ENIGMÁTICA ......................................................................................................................... 41
NÃO HÁ DESINFLAÇÃO GRÁTIS ................................................................................................................................................. 44
INFLAÇÃO EM ALTA, CRESCIMENTO PÍFIO ................................................................................................................................... 45
BRASIL TEM A 6ª MAIOR ECONOMIA ......................................................................................................................................... 48
MESMO 6ª ECONOMIA, BRASIL CONTINUA POBRE, DIZ ECONOMISTA DA UNCTAD ............................................................................. 49
DESACELERAÇÃO DA ECONOMIA FOI MAIOR DO QUE A ESPERADA, MAS AJUDOU BANCO CENTRAL A REDUZIR SELIC .................................. 51
INADIMPLÊNCIA JÁ PRESSIONA TAXAS........................................................................................................................................ 52
INFLAÇÃO É MAIOR PARA QUEM GANHA ATÉ 2,5 SALÁRIOS ........................................................................................................... 53
BB E CAIXA DERRUBAM JUROS PARA ESTIMULAR A ECONOMIA ....................................................................................................... 55
OCDE INDICA QUE BRASIL VAI CRESCER ABAIXO DA TENDÊNCIA ..................................................................................................... 57
A CRISE EUROPEIA E O PIBINHO DO BRASIL ................................................................................................................................ 57
ECONOMIA: EM MARCHA LENTA, BRASIL PERDE POSTO DE SEXTA ECONOMIA MUNDIAL ...................................................................... 60
BRASIL E UE TENTAM ACELERAR INVESTIMENTOS ........................................................................................................................ 62
O FIM DA ERA LULA NA ECONOMIA .......................................................................................................................................... 63
PARA BRASIL CRESCER, DILMA ACENA COM POLÍTICA 'PROATIVA' ................................................................................................... 65
NOÇÕES GERAIS DE ATUALIDADES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – PROF. EDGAR ABREU. .................................. 67
35.
36.
37.
38.
39.
40.
41.
42.
43.
44.
BANCOS TÊM DE OFERECER SERVIÇOS GRATUITOS; CONHEÇA ESTE E OUTROS DIREITOS ....................................................................... 67
GOVERNO TORNA PERMANENTE INSTRUMENTO DE CAPTAÇÃO DE BANCOS MENORES ......................................................................... 68
BC E FGC VIRAM RÉUS EM AÇÕES CONTRA O CRUZEIRO DO SUL .................................................................................................... 69
LEONARDO GOMES PEREIRA É NOMEADO PRESIDENTE DA CVM .................................................................................................... 71
BC CRIA FUNDO PARA GARANTIR DEPÓSITOS EM COOPERATIVAS DE CRÉDITO .................................................................................... 71
BANCO PÚBLICO AINDA VAI LIDERAR CRÉDITO EM 2013 ............................................................................................................... 72
BB TEM LUCRO LÍQUIDO RECORDE NOMINAL DE R$ 12,2 BILHÕES EM 2012.................................................................................... 74
O PAPEL DOS BANCOS COMUNITÁRIOS NO PROGRAMA FEDERAL CRESCER ........................................................................................ 79
ASCENSÃO E QUEDA NA BRASILPREV ........................................................................................................................................ 80
BANCO DO BRASIL PREVÊ INSTALAÇÃO DE ESCRITÓRIO NA RÚSSIA .................................................................................................. 82
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
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55.
56.
57.
3.
Banco do Brasil 2013
JUROS MAIS BAIXOS, LUCROS MAIS ALTOS .................................................................................................................................. 83
ESTUDO REVELA QUE USUÁRIOS DE BANCO BUSCAM SIMPATIA E ATENDIMENTO ................................................................................ 85
COPOM: ESPECIALISTAS APONTAM QUE OS JUROS PODERÃO SER MANTIDOS ATÉ O FIM DO ANO ........................................................... 85
CAOA BUSCA NOVO PRAZO PARA COMPRAR O BANCO BVA .......................................................................................................... 87
MOODY’S REBAIXA NOTAS DE BNDES, BNDESPAR E CAIXA ....................................................................................................... 87
A CORRIDA PELA CREDICARD ................................................................................................................................................... 88
OFERTA SECUNDÁRIA DA BB SEGURIDADE PODE CAPTAR ATÉ R$ 12,15 BILHÕES .............................................................................. 90
A PARTIR DE AMANHÃ, BANCOS REDUZEM PARA R$ 1 MIL VALOR MÍNIMO DE TED ........................................................................... 91
BC LISTA 19 BANCOS ESTRANGEIROS NA FILA PARA ENTRAR NO BRASIL ........................................................................................... 92
BB LEASING EMITIRÁ DEBÊNTURE ............................................................................................................................................ 94
BB PODE COMPRAR BANCO NA FLÓRIDA ................................................................................................................................... 95
BB NEGOCIA PARA TER 75% DO CAPITAL TOTAL DO BANCO VOTORANTIM ....................................................................................... 95
BANCO PRIVADO JÁ VÊ CENÁRIO MAIS PESSIMISTA PARA CRÉDITO EM 2013 ..................................................................................... 96
VÍDEOTECA ...................................................................................................................................................................... 99
58.
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60.
61.
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63.
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REDUÇÃO TAXAS BANCO DO BRASIL ......................................................................................................................................... 99
DEPÓSITOS EM CADERNETA DE POUPANÇA SUPERAM RETIRADAS EM QUASE R$ 6 BILHÕES EM MARÇO DE 2013 ..................................... 99
TAXA DE INADIMPLÊNCIA DAS FAMÍLIAS CAI PELO QUINTO MÊS SEGUIDO .......................................................................................... 99
MERCADO ACREDITA QUE OS JUROS VÃO COMEÇAR A SUBIR EM MAIO .......................................................................................... 100
ESPECIALISTA COMENTA O RESULTADO DO PIB DE 2012 ............................................................................................................ 100
BRICS FAZEM ACORDO PARA CRIAR BANCO DOS PAÍSES EMERGENTES............................................................................................. 100
UM DOS MAIORES BANCOS DO CHIPRE SERÁ LIQUIDADO............................................................................................................. 100
Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
1. NOÇÕES GERAIS DE ATUALIDADES DE ECONOMIA –
PROF. CÁSSIO ALBERNAZ.
Prof. Dr. Cássio Albernaz1
1. Introdução – O que é uma prova de Atualidades?
O que é uma prova de Atualidades?
Corriqueiramente, concurseiros dos mais diversos níveis se deparam com essa pergunta e a
resposta não é tão óbvia quanto parece ser. A origem dessa confusão começa no conteúdo dos
próprios programas de provas das diferentes instituições organizadoras. As bancas organizadoras
possuem diferentes compreensões sobre o que vem a ser uma prova de Atualidades. Portanto, a
aprovação na prova de Atualidades começa por uma leitura atenta do edital de prova e do seu
conteúdo programático.
Apesar das dificuldades e das desconfianças que se possa ter com relação a este conteúdo
existem alguns terrenos seguros nos quais podemos nos debruçar. Para desvendar esses “nós”
devemos definir algumas prioridades. Inicialmente, é possível entender atualidades como o
domínio global de tópicos atuais e relevantes. Nesse sentido, domínio global significa saber situar
e se situar frente aos temas, algo diferente de “colecionar” e “decorar” fatos da atualidade. A
relevância de tais tópicos se dá em função da “agenda” de debates do momento e do conteúdo
programático do concurso que se vai realizar. Ou seja, nem tudo interessa para uma prova de
Atualidades.
Numa prova séria e bem feita de Atualidades (e pasmem elas existem!), o mundo das
celebridades, o vai e vem do mercado futebolístico, o cotidiano do noticiário policial, etc., têm
pouco valor como conteúdo de prova. Assim, os fatos só passam a ser conteúdos de prova
quando possuem valor histórico, sociológico, e político para compreensão da realidade presente e
dos seus principais desafios.
Dessa forma, o conteúdo de prova refere-se as “atualidades” e seus fatos através de um
desencadeamento global de conhecimentos e noções que se relacionam ao contexto nacional e ao
internacional. Portanto, tal conteúdo tem como característica fundamental a interpretação do
fenômeno histórico político e social a partir de seus diferentes tópicos: política econômica; política
ambiental; política internacional; política educacional; política tecnológica; políticas públicas;
política energética; política governamental; aspectos da sociedade; bem como o
desencadeamento de relações entre esses conteúdos e os fatos da atualidade.
1
Professor da Casa do Concurseiro. [email protected]; http://www.facebook.com/cassioalbernaz; Quer mais
informações? Veja o meu blog http://saberatualidades.blogspot.com/
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
Desde já, chama-se a atenção para o fato de que o conteúdo de Atualidades é muito diferente de
outros conteúdos. Não existem fórmulas, macetes, atalhos, “musiquinhas”, ou qualquer outro
estratagema capaz de preparar um aluno para tal empreitada. O que existe é interesse e leitura.
O que esse material oferece então é o direcionamento para a prova. As chaves de interpretação,
modos de pensar e de relacionar os conteúdos serão fornecidos em aula. Assim, colocamos à
disposição textos para informação e reflexão prévia sobre os principais tópicos de Atualidades.
Por que estudar Atualidades?
Para além da resposta óbvia: - para passar no concurso! O conteúdo de atualidades é hoje um
diferencial em tempos de concursos tão disputados, pois as médias de acertos são elevadas nas
matérias mais tradicionais, como Português, Direitos, etc., os acertos no conteúdo de Atualidades
podem lançar o candidato muitas posições à frente. Esse argumento ganha maior peso porque a
maioria dos concurseiros não sabe o que estudar e nem como estudar.
Para além desse fato, saber refletir sobre Atualidades é um ato de conscientização política e
social, engajamento, e cidadania, por isso muitos concursos públicos exigem esse conhecimento
de forma orientada.
Dessa forma, pergunto aos concursandos: - Por que não estudar Atualidades?
Atualidades do Mercado Financeiro
Esse material tem por objetivo direcionar os candidatos ao concurso do Banco do Brasil sobre
temas ligados a Atualidades do Mercado Financeiro que possuem “força de prova”. Com esse
intuito, apresenta-se a seguir um “clipping de notícias” como referência de temas e de abordagens
que podem aparecer na prova de Atualidades do Mercado Financeiro.
Os textos e os temas aqui elencados foram cuidadosamente selecionados com base nas provas
passadas e na tradição de provas da Fundação Carlos Chagas. Os assuntos foram divididos por
temas para uma melhor organização do conteúdo.
Bons Estudos!
2. Economia mundial
Entenda a crise econômica mundial
Conheça os cinco pontos que ajudam a explicar a turbulência nos mercados
financeiros
Danielle Assalve, iG São Paulo
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
O problema da dívida em países na zona do euro “está assustando o mundo”, nas palavras do
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Embora esteja no foco das atenções dos
investidores, a turbulência na Europa é apenas parte da crise econômica mundial .
Permanecem no radar o elevado nível de endividamento público americano, a fragilidade das
instituições financeiras em diversos países e os claros sinais de desaceleração da economia
mundial.
O iG conversou com especialistas em economia internacional e selecionou cinco pontos
fundamentais para entender a crise. Veja a seguir:
1- Mais do mesmo
“Na verdade, não estamos vivendo uma nova crise mundial. A crise é a mesma que teve início em
2008, estamos só em uma nova fase”, afirma Antonio Zoratto Sanvicente, professor do Insper.
Naquele ano foi deflagrada a crise das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos, com a quebra
do banco Lehman Brothers.
Basicamente, os problemas começaram porque as instituições financeiras emprestaram dinheiro
demais para quem não podia pagar. Isso levou à falência de bancos e à intervenção
governamental para evitar o colapso do sistema financeiro e uma recessão mais aguda.
Ao injetar recursos em bancos e até em empresas, no entanto, os governos aumentaram seus
gastos, em um momento em que a economia mundial seguia encolhendo. O resultado não poderia
ser outro: aprofundamento do déficit público, que em muitos países já era bastante elevado.
Na Grécia, por exemplo, a crise de 2008 ajudou a exacerbar os desequilíbrios fiscais que o país já
apresentava desde sua entrada na zona do euro, diz o economista Raphael Martello, da
Tendências Consultoria.
2- Europa endividada
Faz quase dois anos que a crise da dívida soberana em países da União Europeia tem sido
discutida nos mercados financeiros. Mas foi nos últimos meses que o problema veio à tona com
mais intensidade e se tornou um dos maiores desafios que o bloco já enfrentou desde a adoção
do euro em 2002.
Além da Grécia, países como Portugal, Irlanda, Itália e Espanha sofrem os efeitos do
endividamento descontrolado e buscam apoio financeiro da zona do euro e do Fundo Monetário
Internacional.
Para receber ajuda, no entanto, precisam adotar medidas de “austeridade fiscal” que, na prática,
significam enxugar os gastos públicos, por meio do corte de benefícios sociais e empregos, por
exemplo, e elevar a arrecadação por meio de impostos.
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
O problema é que essas medidas deprimem ainda mais a economia e geram descontentamento,
greves e manifestações. Nas últimas semanas, os movimentos populares têm se intensificado
especialmente na Grécia.
Em meio ao clima de instabilidade e discussão até mesmo sobre a manutenção desses países na
zona do euro, o parlamento alemão aprovou a ampliação do fundo de socorro europeu para um
total de 440 bilhões de euros.
3- Enquanto isso, nos Estados Unidos
O déficit público americano já vinha crescendo vertiginosamente nos anos 2000, respondendo em
parte aos gastos exorbitantes com a guerra do Iraque, em 2003, e às perdas causadas pelo
furacão Katrina, em 2005. “Já existia um problema estrutural, mas com a crise em 2008 o
governo injetou muito recurso nos bancos e empresas e isso levou a um sério aprofundamento do
déficit”, afirma Martello.
O resultado é que a dívida saiu de controle. Nos últimos meses, essa situação criou a necessidade
de elevar o limite de endividamento público do país, para evitar que fosse decretado um calote.
Isso levou a um prolongado embate político entre democratas e republicanos, que gerou enorme
estresse nos mercados financeiros e levou a agência de classificação de risco S&P a rebaixar a
nota de crédito americana no começo de agosto.
Para piorar o cenário, os números revisados do PIB americano no primeiro e segundo trimestre
apontam para desaceleração da economia, que também enfrenta altos índices de desemprego.
Enquanto isso, a disputa política segue firme nos Estados Unidos, desta vez em torno da
aprovação de um pacote proposto por Obama para estimular a geração de empregos no país.
Na avaliação do professor José Márcio Camargo, da PUC-RJ, “a proposta do presidente Barack
Obama de desoneração de impostos deve passar no Congresso americano, mas o aumento de
gastos em infraestrutura para estimular a economia não deve ter aprovação da maioria. A briga
entre políticos, que reprovam os programas de incentivo financeiro, e o Fed, o Banco Central dos
Estados Unidos, pode comprometer a independência da instituição.”
4- Bancos em risco
A fragilidade do sistema financeiro na Europa e Estados Unidos continua a tirar o sono dos
investidores. Se em 2008 os bancos, principalmente americanos, sofreram com a exposição a
hipotecas de alto risco, desta vez, instituições de ambos os lados do Atlântico sentem os efeitos
da exposição a títulos da dívida soberana de países europeus.
É o caso dos bancos franceses, bastante expostos a títulos públicos da Grécia – país que busca
com urgência nova parcela de resgate para evitar o calote.
Alguns estudos tentam estimar o volume total de recursos que seria necessário para recapitalizar
os bancos europeus em caso de um default da Grécia ou mesmo de outros países, como Portugal.
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Mas economistas afirmam que não é possível saber exatamente o tamanho do rombo, pois além
dos títulos públicos, os bancos também estão expostos a seguros contra a dívida.
Por não ser negociado em mercado formal, ninguém sabe ao certo quanto os bancos perderiam
com esses seguros.
5- Mundo em desaceleração
Se há alguns meses a inflação mundial era a principal preocupação de líderes e analistas de
mercado, hoje o tema que domina as conversas é a desaceleração da economia global.
Em um relatório recente, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) alertou para evidente desaceleração da atividade econômica em praticamente todos os
países.
E o Brasil não está imune. Pelo contrário, é a nação que mostra os sinais mais claros de
esfriamento da atividade, segundo a OCDE.
Na avaliação do Banco Central brasileiro, “observa-se moderação do ritmo de atividade” do País,
mas a economia “ainda continuará sendo favorecida pela demanda interna".
No cenário internacional, a autoridade monetária vê "possibilidade elevada de recessão" em
alguns países devido à crise global, "em especial nas economias maduras".
Saiba mais sobre a crise na Europa e entenda quem são os “Piigs”
Cinco países altamente endividados estão no centro da maior turbulência econômica
na região desde a Segunda Guerra
Ilton Caldeira, iG São Paulo
A crise da dívida que afeta a Europa tem reflexos não só no continente, mas em várias outras
partes do mundo, inclusive no Brasil , em um cenário internacional onde as relações econômicas e
financeiras estão cada vez mais interligadas.
Mas as fragilidades causadas pelos altos déficits , que ocorrem quando um país gasta mais do que
arrecada, são mais latentes e concentradas em cinco países da região que adotou o euro como
moeda única: Portugal , Irlanda , Itália , Grécia e Espanha , batizados de “Piigs”, uma sigla
depreciativa criada com a junção das letras iniciais do nome de cada nação, em inglês, e cuja
sonoridade se assemelha com a palavra “porcos”, no mesmo idioma.
O alto risco de um calote nesses países é considerado pelos especialistas como a maior ameaça à
economia da União Europeia desde a Segunda Guerra Mundial. Esse cenário de medo e incertezas
tem levado a indagações sobre a real viabilidade futura da união monetária , com reflexos nas
principais bolsas de valores do mundo , que sofrem com as constantes quedas e fortes oscilações
ao sabor dos acontecimentos de curto prazo.
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
O motivo de tanta tensão é a dificuldade que alguns países vêm enfrentando para conseguir
empréstimos e refinanciar suas dívidas públicas. Essa capacidade de se refinanciar acontece
porque existe um grande desequilíbrio fiscal, com a arrecadação dos governos em queda e os
gastos em alta.
A União Europeia , sob a liderança da Alemanha , a maior economia do bloco, tem buscado saídas
para a crise, mas a falta de medidas concretas e de grande impacto tem contribuído ainda mais
com clima de incerteza.
O resultado dessa falta de ação na vida das pessoas comuns pode ser percebida com a queda de
vários governos na Europa. A crise econômica já derrubou dez chefes de governo desde 2009,
sendo que o último a cair foi o do primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero derrotado nas
eleições parlamentares de 20 de novembro.
Eleitores insatisfeitos com as respostas dadas pelos governos para a crise foram às urnas e
mudaram o comando de países como Irlanda, Portugal e Espanha. Na Grécia e na Itália, os
premiês, também sob forte pressão, renunciaram a seus mandatos.
O sentimento de reprovação às soluções propostas para debelar a crise também pode ser notado
nas manifestações de movimentos como o "Indignados" , que tem protestado em diversas cidades
da Europa contra as distorções geradas por um mundo financeiro com instrumentos de
fiscalização comprovadamente falhos em muitos casos.
Veja a seguir alguns pontos para entender a crise que afeta a Europa e os “Piigs”
Portugal
Portugal enfrenta uma taxa de desemprego superior a 12% e uma economia em contração . O
recém empossado primeiro-ministro Pedro Passos Coelho terá que implantar reformas fiscais e
sociais amplas e urgentes, incluindo mais medidas de austeridade para restaurar a saúde fiscal do
país e encorajar o crescimento econômico.
Os termos do acordo de ajuda financeira acertado com a União Europeia e credores incluem
aumento dos impostos, congelamento de aposentadorias e cortes nos benefícios dos funcionários.
O novo governo terá que implementar o pacote econômico que prevê uma ajuda financeira de 78
bilhões de euros ao país.
Diferentemente de outros países, não houve qualquer estouro de bolha em Portugal. O que houve
foi um processo gradual de perda de competitividade, com o aumento dos salários e redução das
tarifas de exportações de baixo valor da Ásia para a Europa.
Com o baixo crescimento econômico, o governo tem tido dificuldade para obter a arrecadação
necessária para arcar com os gastos públicos crescentes, em parte por causa de uma sucessão de
projetos, incluindo melhorias no setor de transportes, com o objetivo de aumentar a
competitividade portuguesa.
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Quando estourou a crise financeira global, em setembro de 2008, Portugal passou a enfrentar
problemas com sua dívida pública, que ficou cada vez mais difícil de ser financiada.
Irlanda
A República da Irlanda foi uma das maiores casos de sucesso recente na Europa, nos anos précrise. Tanto que devido a esse fato o país foi apelidado de "Tigre Celta". Mas esse crescimento
econômico era dependente de uma frágil bolha imobiliária que ruiu em 2008. O país foi do boom
ao desastre financeiro em um período de apenas três anos.
O preço dos imóveis caiu rapidamente cerca de 60% e os empréstimos de risco, concedidos
principalmente para as construtoras, se acumularam nas carteiras dos principais bancos. Para
ajudar as principais instituições financeiras e evitar um colapso em todo o sistema foi necessário
um aporte emergencial de 45 bilhões de euros, mais de R$ 100 bilhões, o que aprofundou ainda
mais o já elevado déficit no orçamento do governo irlandês.
As finanças do país também estão sendo afetadas pela queda na arrecadação de impostos. À
medida que a economia se retrai, cresce o desemprego e aumentam os temores de que o país
esteja à beira de uma volta à recessão.
O país já adotou uma série de programas de austeridade desde o início da crise da dívida, mas o
governo terá de fazer muito mais nos próximos anos para cumprir as difíceis metas estabelecidas
pela União Europeia (UE), pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu
(BCE), que são credores do país.
Em 7 de novembro, a União Europeia fez uma emissão de bônus dez anos no valor de 3 bilhões
de euros destinados ao programa de assistência financeira à Irlanda. A operação foi realizada por
meio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), com vencimento dos títulos em 4 de
fevereiro de 2022 e rentabilidade de 3,6%.
Itália
O agravamento da situação da economia italiana tem colocado em dúvida as soluções propostas
até agora pela União Europeia para a crise. A Itália possui uma dívida de 1,9 trilhão de euros,
muito maior que a de Grécia, Irlanda e Portugal juntos.
A quebra da Itália , terceira maior economia do bloco, que representa cerca de 20% da União
Europeia, poderia abalar seriamente a estrutura do euro. Para blindar a Itália, os líderes europeus
decidiram em outubro ampliar o Fundo de Estabilidade Financeira (FEEF) para 1 trilhão de euros,
mediante um mecanismo que estimule a compra da dívida dos países mais frágeis, oferecendo
uma garantia de 20% sobre perdas eventuais.
Diante da gravidade da situação, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, nomeou em 13 de
novembro o economista e ex-comissário da União Europeia Mario Monti como primeiro-ministro do
país, em substituição a Silvio Berlusconi , que ocupou o cargo por cerca de dez anos, e passava
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
por uma crise de credibilidade após se envolver em sucessivos escândalos, além de ter seu nome
associado em denúncias de corrupção.
Monti te como função principal implementar o plano de austeridade aprovado em 12 de novembro
pelo parlamento italiano. O pacote contém medidas duras para cortar 59,8 bilhões de euros e
equilibrar o orçamento do país até 2014.
Entre as medidas estão o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de 20% para 21%,
congelamento dos salários de servidores até 2014, aumento da idade mínima de aposentadoria
para as trabalhadoras do setor privado, de 60 anos em 2014 para 65 em 2026, maior rigidez na
aplicação das leis contra evasão fiscal, além de um imposto especial para o setor de energia.
Grécia
A Grécia foi uma das maiores beneficiadas com a de adesão ao euro em 2001. Mas o governo
grego foi incapaz de gerir a expansão dos gastos públicos que dispararam de forma desordenada.
Nesse período, os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Agora, a Grécia é o país de
maior evidência no grupo de devedores da União Europeia.
O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do Produto Interno Bruto (PIB), a maior
relação entre os países da zona do euro. O volume de dívida está muito acima do limite de 60%
do PIB estabelecido pelo pacto de estabilidade do bloco assinado pelo país para fazer parte do
euro.
A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e
deixando a economia cada vez mais exposta aos riscos da crescente dívida. Enquanto os cofres
públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos, deixando o
país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito que veio à tona em
setembro de 2008.
Apesar da ajuda da União Europeia, a Grécia segue em dificuldades. Em meados de 2011, foi
aprovado um segundo pacote de ajuda, de cerca de 109 bilhões de euros, em recursos da União
Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de bancos do setor privado. Um programa de
recompra de dívidas deve somar outros 12,6 bilhões de euros vindos de instituições financeiras
não estatais, chegando a cerca de 50 bilhões de euros apenas a contribuição dos credores
privados.
Diante das pressões, tanto internas como da comunidade financeira internacional, no início de
novembro o primeiro-ministro grego George Papandreou aceitou renunciar ao cargo para que
fosse montado um governo de coalizão no país. Após uma longa negociação entre os partidos
governistas e de oposição, o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas
Papademos foi nomeado em 10 de novembro o novo primeiro-ministro do governo de união
nacional na Grécia, com a missão de restaurar a confiança do mercado financeiro e estabilizar a
situação econômica do país.
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Espanha
Com a taxa de desemprego mais alta entre os países industrializadas (22% da população ativa),
ameaça de resgate financeiro e risco crescente de recessão, a Espanha vive sua pior crise em
mais de quatro décadas.
A fragilidade econômica vem causando uma rápida mudança social na Espanha, empurrando de
volta para a pobreza pessoas que vinham ascendendo economicamente. Segundo o Instituto
Nacional de Estatística (INE), mais de um em cada cinco espanhóis, (21% da população), ou
cerca de 10 milhões de pessoas, era classificado como pobre em julho, e analistas estimam que
este índice chegue a 22% até o fim do ano. Em 1991, o índice era de 14%. Uma em cada quatro
famílias no país não tem dinheiro suficiente para saldar as dívidas no fim de cada mês.
Essas estatísticas recentes contrastam com o perfil de um país que até seis anos atrás criava
cerca de 500 mil empregos por ano e que em uma década de crescimento contínuo importou 5
milhões de imigrantes.
Algumas medidas para tentar ajustar o país ao momento de baixo crescimento como
congelamento de pensões, aumento na idade de aposentadoria, que passou dos 65 para 67 anos,
corte de 5% nos salários do funcionalismo, aumento de impostos, entre outras, foram decretadas
nos últimos meses. Mas essas decisões acabaram com a popularidade dos políticos socialistas, que
chegaram ao poder em 2004, num momento de expansão econômica impulsionada pelo que, no
futuro, se transformaria em uma bolha imobiliária. A forte expansão do setor da construção na
Espanha fez com que o PIB do país crescesse mais de 60% nos últimos 15 anos. Entre 1994 e
2007, os imóveis tiveram uma valorização de mais 170%.
Após a realização de eleições parlamentares em 20 de novembro e sob o comando do novo
primeiro-ministro Mariano Rajoy , de perfil conservador, a Espanha deve ter pela frente períodos
de mais ajustes fiscais, com cortes de gastos do governo e crescimento mais lento.
3. Perspectivas para a economia mundial melhoram em 2013
Valor Econômico - 02/01/2013
Se existem perspectivas mais animadoras para a economia global em 2013, elas se devem
especialmente ao fato de os bancos centrais corajosos estarem conduzindo os destinos dos países
desenvolvidos. Desde 2008, quando uma pavorosa recessão ameaçou o mundo, o Federal
Reserve (Fed, banco central americano) e, depois, o Banco Central Europeu (BCE) conseguiram
evitar a quebra generalizada de bancos dos dois lados do Atlântico e falências de países, no caso
da zona do euro. Conseguir afastar os piores perigos, nessas circunstâncias, já seria uma façanha.
Fazê-lo sem poder contar com o poderoso auxílio das políticas fiscais - e até remando contra as
consequências delas, em certo sentido - é admirável. Durante os últimos cinco anos o mundo
desenvolvido foi regido por juros reais próximos do zero, quando não negativos. Isso por si só
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colocou notáveis desafios para as autoridades monetárias, pois o remédio foi insuficiente para
evitar o colapso de economias inteiras. Os EUA conseguiram navegar relativamente bem após
forte recessão nos últimos meses de 2008 e início de 2009, graças ao ativismo de Ben Bernanke,
um estudioso atento da Grande Depressão. O Fed fez o que nunca tinha feito: comprar títulos
privados, aceitar garantias que seriam rechaçadas em tempos normais e inchar seu balanço em
mais de US$ 1 trilhão. O Tesouro americano entrou no capital de fortalezas bancárias, como o
Citibank. Os grandes bancos levaram uma surra, mas nenhum deles faliu depois da desastrosa
derrocada do Lehman Brothers. O epicentro da crise se deslocou para a zona do euro desde 2010
e lá permanece. A Grécia quebrou e ameaçou levar a união monetária junto consigo. Os títulos
soberanos, considerados os mais seguros, tornaram-se papéis podres diante da montanha de
déficit público acumulada por Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e outros países, em grande parte
para evitar uma catástrofe financeira provocada pela ganância e irresponsabilidade dos bancos.
Em 2012, a falência combinada de Estados e instituições financeiras esteve prestes a se
concretizar. Os líderes europeus agiram com reticências e tardiamente, deixando um vácuo que
foi preenchido pela ação do Banco Central Europeu. O bloco monetário foi duas vezes salvo por
Mario Draghi, presidente do BCE. Em um dos picos da crise, no fim de 2011, Draghi tomou a
dianteira ao dar financiamento ilimitado por três anos, a custo simbólico, para todos os bancos
que dele necessitassem. Afastado provisoriamente o risco imediato de quebra bancária
generalizada, o outro lado do pêndulo da crise se moveu. O custo de financiamento de países
como Itália e Espanha, terceira e quarta maiores economias da zona do euro, foi para a lua. De
novo, Draghi, navegando na estreita linha permitida pelos tratados da União Europeia, anunciou a
compra dos títulos dos países sob sufoco no mercado secundário, desde que se submetessem aos
planos de austeridade da Comissão Europeia, FMI e BCE. Imediatamente o preço exigido pelos
investidores para sustentar a rolagem da dívida dos Estados declinou e hoje está
significativamente abaixo do pico de 2011 - e, o que é mais curioso, sem que o BCE tenha de fato
feito compras maciças de títulos soberanos e Espanha e Itália tenham pedido socorro
formalmente. A compra de títulos soberanos foi uma alternativa levantada desde o início da crise
do euro e só foi tomada, ainda assim, com a união monetária à beira do precipício. Além disso, os
líderes europeus finalmente se convenceram de que deveriam salvar a Grécia e manter a unidade
da zona do euro. Aceitaram que seu fundo de estabilização fosse usado para sanear bancos em
dificuldades e concordaram em criar uma supervisão bancária única para os grandes bancos, a
cargo do BCE. Problemas de fundo do bloco monetário subsistem, como a necessidade de
coordenação das políticas fiscais, envolvendo significativa perda de soberania dos Estados
membros. Mas o BCE conseguiu finalmente comprar tempo e deter a escalada fatal da crise. A
zona do euro continuará em recessão ao longo de 2013 e uma recuperação econômica plena
demorará anos. Se os EUA domarem o abismo fiscal como tudo indica, a China melhorar um
pouco sua performance e os demais emergentes se recuperarem, como dão sinais de fazê-lo, o
drama europeu, que apavorou os mercados nos últimos anos, se tornará administrável. Por isso,
2013 pode ser o ano que marcará o começo do fim da crise global.
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membros. Mas o BCE conseguiu finalmente comprar tempo e deter a escalada fatal da crise. A
zona do euro continuará em recessão ao longo de 2013 e uma recuperação econômica plena
demorará anos. Se os EUA domarem o abismo fiscal como tudo indica, a China melhorar um
pouco sua performance e os demais emergentes se recuperarem, como dão sinais de fazê-lo, o
drama europeu, que apavorou os mercados nos últimos anos, se tornará administrável. Por isso,
2013 pode ser o ano que marcará o começo do fim da crise global.
4. Perspectivas da economia chinesa
Autor(es): Caio Megale e Artur Manoel Passos
Valor Econômico - 08/05/2012
O Brasil teve avanços importantes nos últimos 15 anos. O tripé de política econômica - inflação
controlada, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal - trouxe credibilidade ao país, reduzindo o
custo de captação externo. Reformas, que mudaram as instituições, geraram crescimento e
atraíram novos investimentos externos diretos. Ficaram para trás os antigos problemas
recorrentes no balanço de pagamentos que faziam o Brasil ficar sobressaltado a cada crise
externa. Hoje a dívida externa brasileira não existe e as exportações cresceram muito.
Uma parte do sucesso nas contas externas deve-se ao expressivo ganho nos termos de troca. A
China teve um papel importante nesse processo. A forte demanda por commodities foi decisiva na
elevação dos preços desses produtos no mercado internacional, explicando boa parte deste ganho
nos
termos
de
troca.
Entender a dinâmica da economia chinesa passou a ser, portanto, fundamental para o Brasil.
Como ela se comportará nos próximos anos? O governo chinês dá sinais de estar comprometido
com reformas que modifiquem seu modelo de crescimento. O país deve crescer menos, porém de
forma mais sustentável. Ao mesmo tempo, os sinais apontam para um ritmo lento de ajustes,
seguindo
o
gradualismo
que
marcou
o
país
nas
últimas
décadas.
Estudo sugere que não há espaço para que o investimento continue crescendo mais rápido do que
o PIB, sob pena de surgirem projetos de qualidade duvidosa. O consumo, por sua vez, deverá
ganhar
espaço
na
demanda
doméstica.
Em 2007, o premiê Wen Jiabao afirmou que o crescimento chinês é "instável, desbalanceado,
descoordenado e insustentável", e desde então o governo vem buscando um rebalanceamento. O
último plano quinquenal (2011-2015) reafirma esse diagnóstico e aponta o caminho.
Do lado da demanda, o objetivo é fortalecer o consumo doméstico. Do lado oferta, o plano prevê
o aumento da participação do setor terciário no Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o
governo almeja aumentar o valor agregado das manufaturas e a liberar gradualmente a conta
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financeira
do
balanço
de
pagamentos.
A crise de 2008/2009 interrompeu temporariamente o processo. Em resposta à queda nas
exportações, o governo expandiu os investimentos, principalmente em infraestrutura e no setor
imobiliário. Como consequência, a participação dos investimentos no PIB chegou a quase 50%. A
dívida dos governos locais aumentou cerca de 17% do PIB em 2008 para 26% em 2010.
Aumentou a incerteza em relação ao pagamento dos empréstimos bancários que financiaram essa
expansão, embora o governo tenha espaço para absorver eventuais perdas e prevenir uma crise
bancária.
Passada a crise, o rebalanceamento induzido pelo governo foi retomado. Os investimentos ainda
crescem mais do que o PIB, mas vêm desacelerando. O superávit na conta corrente do balanço de
pagamentos declinou de 10% do PIB em 2007 para menos de 3% em 2011, em parte resultado
do aumento da demanda doméstica e da apreciação da taxa de câmbio - embora o baixo
crescimento cíclico nos países desenvolvidos também tenha contribuído no ajuste.
As reformas devem continuar. A recente redução da meta de crescimento de 8,0% para 7,5% em
2012 indica disposição do governo em aceitar um crescimento menor, necessário para viabilizar
uma evolução mais sustentável à frente (cabe lembrar, contudo, que o crescimento efetivo
costuma ser maior do que a meta). A estrutura tributária deve voltar a ser ajustada em 2012,
aumentando a renda disponível das famílias. Ao mesmo tempo, o governo já elevou duas vezes os
preços de gasolina e diesel e prometeu ajustes nos mecanismos que regulam preços de
eletricidade
e
de
combustíveis.
No setor financeiro, foi anunciado um programa piloto na cidade de Wenzhou que vai viabilizar
uma participação maior do setor privado. Apesar da preocupação com os mecanismos de
financiamento fora do balanço dos bancos, estes podem ser vistos como um passo na direção da
desregulamentação das taxas para os depósitos e empréstimos, desde que estejam sob um
arcabouço
regulatório
bem
desenhado.
Por fim, os aumentos da largura da banda de flutuação diária do yuan em relação à taxa de
referência e do programa de investimento em ativos domésticos para investidores qualificados,
ambos anunciados em abril, vão na direção de diminuir as restrições nos fluxos de capital.
Esses fatores devem levar a uma lenta redução das taxas de crescimento do PIB. A equipe de
economistas do Itaú publicou um estudo tentando medir o crescimento potencial das principais
regiões do mundo (1). Para a China, o estudo sugere que não há espaço para que o investimento
continue crescendo mais rápido do que o PIB, sob pena de surgirem projetos de qualidade
duvidosa, como os que apareceram durante a retomada pós-crise de 2008. O consumo, por sua
vez,
deverá
ganhar
espaço
na
demanda
doméstica.
O cenário do Itaú prevê uma diminuição do crescimento potencial a um valor entre 6,5% e 7,0%
no final desta década. O crescimento menor decorre da desaceleração dos investimentos e de
fatores demográficos (força de trabalho crescendo menos). Além disso, há uma tendência de
relocação da mão de obra: a migração do campo para a cidade continuará, mas os trabalhadores
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irão cada vez mais para o setor de serviços, que é menos produtivo.
Em suma, a China continuará avançando, contribuindo para o crescimento mundial e para a
demanda por commodities. Mas o ritmo será mais moderado, em resposta a medidas
governamentais para rebalancear a economia. Este é um cenário ainda favorável para o Brasil,
mas que traz desafios. Ganham importância reformas estruturais que acelerem a produtividade da
economia e abram espaço para aumentar os investimentos em infraestrutura. Desta forma,
reduziremos ainda mais a dependência do ambiente internacional. Afinal, os ventos externos
favoráveis não devem ser tão forte como nos últimos 10 anos.
(1) Itaú Macro Latam 2020 (março de 2012). Disponível em bit.ly/Macro_Latam_2020
Caio Megale e Artur Manoel Passos são economistas do Itaú Unibanco.
5. Sucesso dos Brics gerou proliferação de acrônimos
econômicos
Nos últimos tempos, noticiário econômico e internacional vê cada vez mais novas
siglas como Pigs, Civets, Carbs, Cement ou Cassh.
BBC
Os Brics podem salvar os Pigs? Talvez com a ajuda dos Cement. Com isso, Civets, Mints, Mist,
Carbs e Cassh poderão continuar crescendo.
No rastro do sucesso do acrônimo Bric, cunhado há dez anos pelo economista-chefe do banco
Goldman Sachs, uma série de novos acrônimos vem aparecendo para denominar grupos de países
com algo em comum, seja para a felicidade da mídia, que pode usá-los para simplificar conceitos
e economizar espaço, seja para simplesmente 'vender' os países aos investidores internacionais.
Novos acrônimos e siglas vêm sendo apresentados com cada vez mais frequência no noticiário
econômico ou internacional. Além dos "filhotes" dos Brics, há a proliferação dos já tradicionais
agrupamentos G (G2, G4, G5, G7, G8, G20, G77 etc...).
Quando Jim O'Neill, do Goldman Sachs, criou os Bric, sua intenção era identificar o grupo dos
quatro países de grandes dimensões com crescimento econômico acelerado (Brasil, Rússia, Índia
e China) nos quais seus clientes poderiam investir com perspectivas de grandes ganhos futuros.
O sucesso do acrônimo, que se utiliza também do trocadilho em inglês com brick (tijolo), numa
referência aos blocos de construção do crescimento global, gerou não só uma atenção global
maior sobre os países como levou-os a institucionalizá-lo, com reuniões de cúpula periódicas e
mecanismos de consultas diplomáticas para a discussão de posições comuns. No rastro, também
popularizou o nome de O'Neill.
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Siglas fáceis
Uma pesquisa acadêmica citada recentemente pelo diário "The Wall Street Journal" mostra que
siglas fáceis de serem lembradas podem ajudar a vender investimentos. O estudo, publicado em
2006, mostrou que as ações cujas siglas formavam sons de palavras comuns reconhecíveis se
valorizaram 8,5% a mais em comparação com as demais.
Isso explica em grande parte a proliferação das siglas. O próprio acrônimo Bric já ganhou
variações, com Brics (com a inclusão recente da África do Sul ao grupo institucionalizado) ou Brick
(com a inclusão da Coreia do Sul, como defendem alguns analistas).
Desde o ano passado, com o agravamento da crise da dívida nos países da Europa, parte da mídia
passou a se referir aos países em dificuldades como Pigs (porcos, em inglês). Fazem parte do
grupo Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. Com a contaminação da Itália pela crise, a sigla
ganhou um novo I e gerou os Piigs.
Compreensivelmente e diferentemente dos Brics, porém, nem os Pigs ou os Piigs se assumem
como tal nem há um "pai" declarado do acrônimo.
A maioria dos acrônimos que apareceram nos últimos tempos tem sentido positivo. Os Civets
(nome em inglês dos cervos almiscareiros) reúnem Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e
África do Sul. O acrônimo foi criado pela Economist Intelligence Unit (EIU), o braço de pesquisas
da revista "The Economist", para agrupar países emergentes com economias dinâmicas e
diversificadas e com populações jovens.
Os Civets são de alguma maneira complementares aos Brics, da mesma maneira que o grupo
Cement (cimento em inglês, num trocadilho que envolve também os tijolos Brics). O Cement
(Countries in Emerging Markets Excluded by New Terminology, ou Países nos Mercados
Emergentes Excluídos pela Nova Terminologia) foi criado pelos críticos dos Brics que afirmam que
o crescimento do grupo depende diretamente do crescimento dos demais países emergentes. Para
eles, sem cimento os tijolos não servem para nada.
Outra adição recente ao rol dos acrônimos econômicos é o Carbs (abreviação em
carboidratos), que reúne Canadá, Austrália, Rússia, Brasil e África do Sul. O acrônimo
pelo Citigroup, que em um relatório publicado neste mês chamado Carbs make
(Carbos deixam você forte) argumentou que os cinco países têm economias
particularmente sensíveis às variações nos preços das commodities.
inglês para
foi cunhado
you strong
e moedas
Outros acrônimos criados nos últimos anos incluem, entre outros, Eagles (Emerging and Growth
Leading Economies), Mints (Malásia, Indonésia, Nova Zelândia, Tailândia e Cingapura), Mist
(México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia) e Cassh (Canadá, Austrália, Cingapura, Suíça e Hong
Kong).
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A lista não para de crescer. Em alguns casos, porém, quando a lógica do agrupamento dos países
não combina com a cunhagem de um acrônimo, outras soluções são necessárias, como no caso
dos Next-11 (Próximos 11).
O grupo, criado também pelo pai dos Bric, Jim O'Neill, inclui os países em que ele vê potencial
para se juntar às maiores economias do século 21 - Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, México,
Nigéria, Paquistão, Filipinas, Coreia do Sul, Turquia e Vietnã. Ganha um prêmio quem conseguir
criar um acrônimo simples com as iniciais desses países.
6. Crise financeira americana
Entenda a crise financeira que atinge a economia dos EUA
da Folha Online
A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o
país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O
principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas
chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise
das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram
caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento
de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos
financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a
cair para 1% ao ano.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de
uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova
compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o
dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento
do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de
renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar
renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser
pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos
"subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia
em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também
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interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim
por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de
não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter
medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez
(retração de crédito).
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do
Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso,
a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no
valor dos imóveis.
Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de
novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo,
desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se
compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos
que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o
pessimismo influencia os mercados globais.
Financiadoras
Em setembro do ano passado, o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP
Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas
ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito 'subprime'
(de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas
por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime"
americano.
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais
empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home
Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos
EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou
prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America.
Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns têm anunciado perdas bilionários e prejuízos
decorrentes da crise. Entre as vítimas mais recentes da crise estão as duas maiores empresas
hipotecárias americanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Consideradas pelo secretário do Tesouro
dos EUA, Henry Paulson, "tão grandes e tão importantes em nosso sistema financeiro que a
falência de qualquer uma delas provocaria uma enorme turbulência no sistema financeiro de
nosso país e no restante do globo", no dia 7 deste mês foi anunciada uma ajuda de até US$ 200
bilhões.
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As duas empresas possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a
habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae)
e de US$ 821 milhões (Freddie Mac).
Menos sorte teve o Lehman Brothers: o governo não disponibilizou ajuda como a que foi
destinada às duas hipotecárias. O banco previu na semana passada um prejuízo de US$ 3,9
bilhões e chegou a anunciar uma reestruturação. Antes disso, o banco já havia mantido conversas
com o KDB (Banco de Desenvolvimento da Coréia do Sul, na sigla em inglês) em busca de vender
uma parte sua, mas a negociação terminou sem acordo.
O Bank of America e o Barclays também recuaram, depois que ficou claro que o governo não iria
dar suporte à compra do Lehman. Restou ao banco entregar à Corte de Falências do Distrito Sul
de Nova York um pedido de proteção sob o "Capítulo 11", capítulo da legislação americana que
regulamenta falências e concordatas.
Combate
Como medida emergencial para evitar uma desaceleração ainda maior da economia --o que faz
crescer o medo que o EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo
consumo--, o presidente americano, George W. Bush, sancionou em fevereiro um pacote de
estímulo que incluiu o envio de cheques de restituição de impostos a milhões de norteamericanos.
O pacote estipulou uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até
US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais por
filho. Quem não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, teve direito a
cheques de US$ 300.
7. Obama toma posse e busca acordo contra crise fiscal
OBAMA TOMA POSSE EM BUSCA DE DIÁLOGO COM OPOSIÇÃO E DÁ ALARGADA PARA 2016
Autor(es): Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo - 21/01/2013
Barack Obama tomou posse oficialmente ontem como presidente dos Estados Unidos, depois de
uma cerimônia simples na Casa Branca. Hoje ele presta juramento público perante o Congresso e
começa, na prática, seu segundo governo com o desafio de melhorar o diálogo com a oposição
republicana e evitar o nó fiscal. Outro tema econômico urgente será a discussão sobre os cortes
de gastos públicos até 2022. O democrata tenta preservar os programas sociais que os
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republicanos pretendem enxugar. Ao mesmo tempo, foi dada a largada para a sua sucessão, em
2016. Ontem, o juramento do vice-presidente, Joe Biden, teve mais visibilidade que o do próprio
Obama
Celebração discreta. Em seu segundo mandato, democrata persegue acordo com republicanos no
Congresso para evitar nó fiscal que tornaria inviáveis seus programas sociais e colocaria em risco
o triunfo de seu partido nas próximas eleições presidenciais
O presidente dos EUA, Barack Hussein Obama, iniciou ontem seu segundo e último mandato em
uma cerimônia simples na Casa Branca. Hoje, no Congresso, fará seu juramento público.
Terminados os festejos, amanhã, terá o desafio de melhorar o complicado diálogo com a oposição
republicana, para evitar o nó fiscal que levaria ao fracasso de seu segundo governo. Ao mesmo
tempo, dará a largada para sua sucessão, na eleição de 2016.
Apenas a família, 12 convidados, 1 assessor e o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts,
diante de quem jurou cumprir a Constituição, assistiram ao juramento de ontem, no Salão Azul da
Casa Branca. Não houve discursos nem acenos ao público. "Bom trabalho", disse a filha caçula,
Sasha, de 11 anos, ao referir-se aos últimos quatro anos. "Sim, fiz bom trabalho", respondeu
Obama.
O juramento do vice-presidente, Joe Biden, teve mais visibilidade e audiência de políticos e estrategistas de peso, entre os quais David Axelrod, a deputada Nancy Pelosi, líder democrata na
Câmara, e a presidente do Partido Democrata, Debbie Schultz. Sua ambição de concorrer na eleição de 2016 foi reforçada no fim da campanha de 2012 e, em seguida, na negociação do acordo
tributário, no fim de dezembro, e ao compilar o pacote de controle de armas. Biden tem 70 anos.
"Podemos começar a fazer os cálculos políticos do número de delegados (para o Colégio Eleitoral)
necessários para a escolha do candidato democrata. Posso ver um monte de delegados aqui",
afirmou à imprensa a estrategista democrata Donna Brazile, presidente na cerimônia no
Observatório Naval, em Washington.
Obama já perdeu em seu gabinete uma potencial sucessora e concorrente de Biden nas primárias
democratas de 2016, Hillary Clinton, ex-primeira-dama e ex-senadora. Hillary promete descansar,
depois de quatro anos na liderança do Departamento de Estado e de viagens a mais de cem
países. Apesar de sua recente internação por uma trombose e de seus 65 anos, ela é tida como
uma candidata capaz de obter consenso no partido.
Democrata mais apagado, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, também é apontado como
potencial candidato.
Manobras políticas de curto prazo terão certamente impacto no jogo eleitoral de 2016. Obama
terminou seu mandato com pobre qualidade de diálogo com a oposição republicana, ainda
amarrada pelos radicais do Tea Party. A Casa Branca está em negociação com o Congresso sobre
dois temas econômicos de suma importância para a sociedade americana e para o restante de sua
gestão e também sobre sua política para controle de armas.
Obama deverá conseguir do Congresso autorização para elevar o limite de endividamento federal
antes de meados de fevereiro, quando o atual teto de US$ 16,4 trilhões será alcançado. Portanto,
tende a se livrar do risco momentâneo de ser obrigado a declarar a suspensão de pagamentos da
dívida, fornecedores, servidores e militares pela primeira vez na história americana.
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Os efeitos previstos dessa atitude vergonhosa para qualquer governo - como a pressão para o
aumento dos juros para o consumidor e o investidor, em prejuízo do consumo e o emprego serão contornados. Mas Obama ainda está ameaçado de ter seu governo e a sociedade americana
periodicamente expostos a esse mesmo risco.
A bancada democrata na Câmara insiste em aumentar o teto da dívida por apenas três meses e
resiste em dar ao presidente o poder para aumentar esse limite quando necessário. Trata-se de
uma espécie de torniquete sobre o governo Obama, com poder de limitar o poder de barganha da
Casa Branca em outros projetos de seu interesse, como a Reforma da Imigração, a regulamentação das reformas da Saúde e de Wall Street e o fim da guerra do Afeganistão.
Em outro tema econômico urgente, o acordo com o Congresso sobre os cortes de gastos públicos
até 2022, Obama tenta preservar os gastos com programas sociais da ansiedade republicana em
vê-los enxugados.
A discussão se complica pelo alto grau de polarização ideológica dos dois partidos, percebido
desde o início de 2011, e pela baixa tolerância de Obama a fazer concessões. A sociedade americana sofrerá com qualquer escolha final ou com a ausência de um acordo.
Os programas de saúde gratuita para os americanos pobres serão alvo de cortes de gastos públicos a partir de 2013, assim como as aposentadorias e pensões da Previdência Social. Despesas
com a Defesa não serão poupadas - e isso significará restrições na estratégia americana na guerra
do Afeganistão, em futuras ações militares dos EUA no exterior e nas contratações de empresas
do setor. Mesmo dentro do país, já há planos para o fechamento de bases, com repercussão
desastrosa para as economias locais.
O peso desses cortes e seus de efeitos dependerá do acordo a ser firmado até 28 de fevereiro. Se
não houver consenso, o governo de Obama será obrigado a reduzir em US$ 100 bilhões os gastos
públicos apenas neste ano, sobretudo nas áreas social e de defesa. Entre 2014 e 2022, outros
US$ 446 bilhões serão podados. A retração do ritmo de recuperação econômica do país, será inevitável
8. Eua aprovam projeto contra "abismo fiscal" e bolsas sobem
ACORDO ADIA RISCO DE ‘ABISMO FISCAL’ NOS ESTADOS UNIDOS
Autor(es): Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo - 03/01/2013
A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou, nos últimos minutos do prazo fixado,
projeto parcial de ajuste nas contas públicas que evita o chamado “abismo fiscal” e consequente
nova recessão. Por 257 votos a favor e 167 contra, os congressistas mantiveram os cortes de
impostos para a classe média e o aumento das taxas sobre os mais ricos. Como não houve acerto
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sobre gastos públicos, foi adiado para março o risco de o país enfrentar um corte automático de
US$ 560 bilhões no setor até 2022 – US$ 110 bilhões somente neste ano – e uma possível
suspensão dos pagamentos das obrigações da dívida, de fornecedores e servidores. Os mercados,
tanto nos EUA quanto na Europa, reagiram bem à medida. A nova rodada de negociações será o
primeiro desafio do segundo mandato de Barack Obama, que começa no dia 21. As conversas
serão dificultadas pela piora do ambiente para diálogo entre republicanos e democratas
Sem entendimento sobre os gastos públicos, pacto ficou restrito ao capítulo tributário; corte nos
gastos só será negociado em 2 meses
A sanção presidencial ao acordo parcial de ajuste nas contas públicas americanas adiou para
março o risco de os Estados Unidos enfrentarem um corte automático de US$ 560 bilhões nos
gastos públicos e o risco de suspensão dos pagamentos das obrigações da dívida, de fornecedores
e servidores públicos. Mesmo incompleto, o acordo saiu nos últimos minutos do prazo fixado e
trouxe alívio ao evitar a queda do país no "abismo fiscal" no primeiro dia útil do ano e em uma
nova recessão.
Os mercados foram reabertos ontem, depois dos feriados de ano-novo, mais calmos em todo o
mundo. O diretor de Relações Internacionais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gerry Rice,
parabenizou o Congresso pelo acordo, sem o qual "a recuperação econômica poderia descarrilar".
"Entretanto, ainda resta muito a ser feito para colocar as finanças públicas dos EUA de volta em
um caminho de sustentabilidade sem ameaçar a ainda frágil recuperação."
Aprovado pelo Senado na noite de segunda-feira, o acordo foi tema de debates tensos na Câmara
dos Deputados no dia seguinte. Os republicanos radicais do Tea Party resistiam a aprová-lo sem
emendas. No final da noite, recuaram. Em votação concluída às 23I1 (2h de ontem, no horário de
Brasília), o texto obteve 257 votos a favor - 87 de republicanos - e 167 contra.
Formulado pelos líderes democrata e republicano do Senado, o acordo restringiu-se ao capítulo
tributário, para impedir uma elevação generalizada dos recolhimentos de impostos logo nos
primeiros dias do ano. Como não houve acerto sobre gastos públicos, o Senado adiou por dois
meses a adoção do corte automático de US$ 110 bilhões em despesas apenas em 2013. A medida
seria posta em prática na ausência de um acordo.
Novo round. A segunda rodada de negociações deverá começar depois da posse do presidente
dos EUA, Barack Obama, em seu segundo mandato, no dia 21. Será seu primeiro desafio. O corte
automático de gastos - US$ 560 bilhões até 2022 e US$ 110 bilhões este ano - em 10 de março só
será impedido com a aprovação de uma proposta bipartidária alternativa.
Nesse mesmo período, o governo terá ainda de extrair do Congresso a autorização para elevar o
teto da dívida pública. O tema fora adicionado aos debates do acordo fiscal porque o governo
alcançaria em 31 de dezembro o limite de US$ 16,4 trilhões. Mas o Tesouro suspendeu alguns
investimentos e abriu uma brecha de US$ 200 milhões, que devem se esgotar ao final de dois
meses. Sem a autorização do Congresso, o Tesouro terá de suspender os pagamentos, pela
primeira vez na história.
"A atmosfera política em Washington continua ruim. Só não impediu que o acordo fosse aprovado
porque havia o risco de uma potencial crise econômica. O governo continua disfuncional", afirmou
WardMcGarthy, economista-chefe da Jefferies & Co. "Foi um sombrio começo de 2013.0 acordo
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não é bom para a economia. Não faz nada para reduzir o peso dos gastos públicos. Não reforma
os programas de benefícios sociais do governo", escreveu o analista conservador Daniel Mitchell,
do Gato Institute.
O acordo assinado custará um aumento de US$ 4 trilhões na dívida pública até 2022, segundo j
projeções do Escritório de Orça- j mento do Congresso. Tal como está, permitiu a elevação, de
35% para 39,6%, da alíquota do imposto de renda para os americanos com renda anual acima de
US$ 400 mil US$ 450 para casais).
Houve aumento do imposto sobre ganhos de capital e de propriedade de imóveis para os seg- 1
mentos mais ricos. Os trabalha. dores, entretanto, terão de pagar mais imposto sobre salário.
O texto manteve o seguro-desemprego para 2 milhões trabalhadores sem ocupação há mais de
um ano.
9. Crise financeira européia
Entenda a crise da Grécia e suas possíveis consequências
País tem pesadas dívidas e vem recebendo ajuda externa.
Papandreou chegou a pedir referendo sobre ajuda financeira, mas recuou.
Do G1,
A Grécia tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertado preocupação
entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica. Mesmo com seguidos pacotes
de ajuste e ajuda financeira externa, o futuro da Grécia ainda é incerto.
O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do Produto Interno Bruto (PIB) do país,
a maior relação entre os países da zona do euro. O volume de dívida supera, em muito, o limite
de 60% do PIB estabelecido pelo pacto de estabilidade assinado pelo país para fazer parte do
euro.
A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e
deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às
alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram.
Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de
impostos – deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de
crédito de 2008.
O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje,
eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos que refinanciem sua dívida.
Ajuda e protestos
Em abril de 2010, após intensa pressão externa, o governo grego aceitou um primeiro pacote de
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ajuda dos países europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 110 bilhões de euros ao
longo de três anos.
Em contrapartida, o governo grego aprova um plano de austeridade fiscal que inclui alta no
imposto de valor agregado (IVA), um aumento de 10% nos impostos de combustíveis, álcool e
tabaco, além de uma redução de salários no setor público, o que sofre forte rejeição da
população.
Apesar da ajuda, a Grécia segue com problemas. Em meados de 2011, foi aprovado um segundo
pacote de ajuda, em recursos da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do
setor privado. A contribuição do setor privado foi estimada em 37 bilhões de euros. Um programa
de recompra de dívidas deve somar outros 12,6 bilhões de euros vindos do setor privado,
chegando a cerca de 50 bilhões de euros.
Em outubro, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os líderes da zona do euro
alcançaram um acordo com os bancos credores, que reduz em 50% a dívida da Grécia,
eliminando o último obstáculo para um ambicioso plano de resposta à crise. Com o plano, a dívida
grega terá um alívio de 100 bilhões de euros após a aceitação, pela maior parte dos bancos, de
uma redução superior a 50% do valor dos títulos da dívida.
No mesmo mês, o país enfrentou violentos protestos nas ruas. A população se revoltou contra um
novo plano de cortes, previdência e mais impostos, demissões de funcionários públicos e redução
de salários no setor privado, pré-requisito estabelecido pela União Europeia e pelo FMI para
liberar uma nova parcela do plano de resgate, de 8 bilhões de euros.Manifestantes entram em
confronto com a polícia em Atenas (Foto: Reuters)
Muitos servidores públicos acreditam que a crise foi criada por forças externas, como
especuladores internacionais e banqueiros da Europa central. Os dois maiores sindicatos do país
classificaram as medidas de austeridade como “antipopulares” e “bárbaras”.
Plebiscito e turbulências no mercado
Em 1º de novembro, o então primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, provocou novas
turbulências nos mercados e na zona do euro ao anunciar que convocaria um referendo sobre o
novo pacote de ajuda da União Europeia, perguntando aos eleitores se querem adotá-lo ou não.
A expectativa do premiê era que o plebiscito “validasse” as medidas de austeridade necessárias
para receber a ajuda financeira. Uma pesquisa, no entanto, mostrou que aproximadamente 60%
dos gregos enxergam a cúpula dos líderes europeus, que acertaram um novo pacote de ajuda de
130 bilhões de euros, como negativa ou provavelmente negativa.
A convocação de plebiscito enfrentou rejeição da oposição e dos membros do próprio partido de
Papandreou. Com isso, o governo ficou enfraquecido, e Papandreu terminou deixando o cargo,
sendo substituído por Lucas Papademos.
Calote
Como membro da zona do euro, a Grécia enfrenta pressão dos demais membros para colocar
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suas contas em ordem e evitar a declaração de moratória – o que significaria deixar de pagar os
juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da
dívida.
No caso da Grécia, isso traria enormes dificuldades. As taxas de juros pagas pelos governos da
zona do euro têm sido mantidas baixas ante a presunção de que a UE e o Banco Central Europeu
proveriam assistência a países da região, justamente para evitar calotes.
Uma moratória grega, além de estimular países como Irlanda e Portugal a fazerem o mesmo,
significaria um aumento de custos para empréstimos tomados pelos países menores da UE, sendo
que alguns deles já sofrem para manter seus pagamentos em dia.
Se Irlanda e Portugal seguissem o caminho do calote, os bancos que lhes emprestaram dinheiro
seriam afetados, o que elevaria a demanda por fundos do Banco Central Europeu.
Um calote grego pode fazer com que investidores questionem se a Irlanda e Portugal não
seguirão o mesmo caminho. O problema real diz respeito ao que acontecerá com a Espanha, que
só tem conseguido obter dinheiro no mercado a custos crescentes.
A economia espanhola equivale à soma das economias grega, irlandesa e portuguesa. Seria muito
mais difícil para a UE estruturar, caso seja necessário, um pacote de resgate para um país dessa
dimensão.
(Com informações da Reuters, France Presse e BBC)
10.
O que a Grécia significa
Autor(es): agência o globo:Paul Krugman
O Globo - 13/03/2012
Então a Grécia deu oficialmente o calote nos credores privados. Foi um calote "ordeiro",
negociado ao invés de simplesmente anunciado, o que suponho seja bom. Ainda assim, a história
está longe de acabar. Mesmo com esse alívio em sua dívida, a Grécia - como outras nações
europeias forçadas a impor austeridade numa economia deprimida - parece condenada a muitos
anos mais de sofrimento.
Esta é uma fábula digna de ser contada. Nos últimos dois anos, a história da Grécia tem sido,
segundo um recente texto sobre economia política, "interpretada como uma parábola sobre os
riscos de irresponsabilidade fiscal". Não passa um dia sem que, nos EUA, algum político ou
comentarista entoe, com um ar de grande sabedoria, que é preciso cortar gastos do governo
imediatamente, ou vamos acabar como a Grécia, Grécia eu lhes digo.
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Apenas para usar um exemplo recente, quando Mitch Daniels, governador de Indiana, apresentou
a resposta republicana ao discurso do presidente Obama sobre o Estado da União, insistiu que
"estamos a uma pequena distância de Grécia, Espanha e outros países europeus que hoje
enfrentam a catástrofe econômica". Ninguém aparentemente lhe disse que a Espanha tinha baixo
déficit governamental e superávit orçamentário às vésperas da crise; o país está em apuros
devido aos excessos do setor privado, não do setor público.
Mas o que a experiência da Grécia de fato mostra é que se incorrer em déficits em tempos de
fartura pode criar problemas - o que é o caso da Grécia, embora não o da Espanha - tentar
eliminar déficits quando você já está em apuros é uma receita para depressão.
Hoje em dia, depressões econômicas induzidas por políticas de austeridade são visíveis em toda a
periferia europeia. A Grécia é o pior caso, com o desemprego escalando para 20% e os serviços
públicos, incluindo o setor de saúde, entrando em colapso. Mas a Irlanda, que fez tudo o que
queria o pessoal da austeridade, também está em terrível estado, com o desemprego perto dos
15% e o PIB em queda de dois dígitos. Portugal e Espanha estão em situação crítica também.
Impor austeridade numa crise não inflige apenas grande sofrimento. Há evidência crescente de
que é autodestrutivo mesmo em termos puramente fiscais, pois a combinação de receitas em
queda devido à economia deprimida e perspectivas de longo prazo piores reduz a confiança do
mercado e torna a carga da dívida futura mais difícil de carregar. Deve-se perguntar como países
que estão sistematicamente negando um futuro a sua juventude - o desemprego entre jovens na
Irlanda, que costumava ser menor do que nos EUA, é agora de quase 30%, chegando perto dos
50% na Grécia - conseguirão crescimento suficiente para pagar o serviço da dívida.
Não é isso o que devia ter acontecido. Há dois anos, quando muitos começaram a pedir um giro
do estímulo para a austeridade, prometeram grandes vantagens em troca do sofrimento. "A ideia
que medidas de austeridade possam trazer estagnação é incorreta", declarou, em junho de 2010,
Jean-Claude Trichet, então presidente do Banco Central Europeu. Ele insistiu que, ao invés disso,
a disciplina fiscal inspiraria confiança, e isso levaria ao crescimento econômico.
Cada ligeira melhora de um indicador de uma economia em austeridade era aclamada como prova
de que essa política funciona. A austeridade irlandesa foi proclamada uma história de sucesso,
não uma vez, mas duas - a primeira no verão de 2020 e de novo no último outono; em cada vez a
suposta boa notícia rapidamente se evaporou.
Pode-se perguntar que alternativa países como Grécia e Irlanda tinham, e a resposta é que não
tinham e não têm boas alternativas a não ser deixar o euro, um passo extremo que,
realisticamente, seus líderes não podem dar até que todas as outras opções tenham falhado - um
estado de coisas tal que, se me perguntarem, diria que a Grécia dele se aproxima rapidamente.
A Alemanha e o Banco Central Europeu poderiam ter agido para tornar esse passo extremo menos
necessário, tanto ao exigir menos austeridade quanto ao fazer mais para impulsionar a economia
europeia como um todo. Mas o principal ponto é que os EUA de fato têm uma alternativa: temos
nossa própria moeda e podemos tomar empréstimos a prazos longos e a juros historicamente
baixos; então, não necessitamos entrar numa espiral descendente de austeridade e contração
econômica.
Então, é tempo de parar de invocar a Grécia como um exemplo de cautela diante do perigo dos
déficits; de um ponto de vista americano, a Grécia deveria, ao contrário, ser vista como exemplo
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dos perigos de tentar reduzir o déficit rapidamente demais, enquanto a economia ainda está
profundamente deprimida. (E sim, a despeito de algumas boas notícias ultimamente, nossa
economia ainda está profundamente deprimida.)
Se você quer saber quem está realmente tentando transformar os EUA em Grécia, não são os que
defendem mais estímulos à economia; são os partidários de que imitemos a austeridade ao estilo
grego, embora não enfrentemos constrangimentos de crédito ao estilo grego, e assim
mergulhemos numa depressão ao estilo grego.
11.
G-20: Posição da Grécia no cenário de crise expõe
divisão e vulnerabilidade da União Europeia
Ao abrir-se a reunião do G-20, em Cannes, sob a presidência da França, os países da zona do
euro e da UE (União Europeia) apresentam-se divididos e vulneráveis às pressões dos Estados
Unidos e dos Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China. Vulnerabilidade que decorre,
em grande parte, da posição da Grécia no cenário de crise.
Obtido na madrugada do dia 27 de outubro, depois de muitas reuniões técnicas e de intervenções
diretas da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy, o acordo
sobre a zona euro e a dívida grega foi saudado como uma etapa importante da construção
europeia.
Apenas alguns dias depois, tudo parece rolar por água abaixo com a decisão de George
Papandreou, o primeiro ministro socialista grego, de submeter o acordo a um referendo nacional.
Sem data certa – a imprensa grega diz que o voto popular será provavelmente realizado em
janeiro –, o anúncio do referendo já provocou uma queda nas bolsas e gerou novas tensões na
UE.
Segundo este acordo, em troca de severas restrições orçamentárias controladas pela UE, o FMI
(Fundo Monetário Internacional) e o Banco Central Europeu, a Grécia obteria um abatimento de
50% em sua dívida com os bancos europeus e novos empréstimos da União Europeia. Alvo de
protestos em seu país, Papandreou resolveu transferir para o eleitorado grego a responsabilidade
pelo acordo que endossou em Bruxelas na quinta feira passada.
Questionada por deputados de sua própria legenda, a atitude do primeiro-ministro ameaça
novamente a moeda única europeia. A notícia surpreendeu e irritou os outros governos europeus,
já que nada levava a crer que Papandreou fizesse esta altíssima aposta política. De fato, uma
sondagem recente indicou que 60% dos gregos desaprovam o acordo de Bruxelas. O primeiroministro grego pensa que poderá virar o jogo eleitoral e obter uma maioria favorável ao acordo no
referendo do mês de janeiro. Mas os especialistas observam que a Grécia tem pouca experiência
em referendos e que, num escrutínio de um só turno que exige maioria absoluta, a vitória de
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Papandreou não será fácil. Como declarou ao “Financial Times” uma alta fonte da UE, o anúncio
do referendo foi “como um raio num céu azul”. No meio tempo, interveio a notícia da falência da
corretora americana MF Global, causada por seus investimentos nos títulos das dívidas da Bélgica,
Itália, Irlanda e Portugal.
Mencionada de maneira discreta, a hipótese de uma exclusão da Grécia da zona euro é agora
tema de discussão entre as lideranças europeias. Depois de o presidente Sarkozy declarar que o
acordo europeu para a adesão de Atenas ao euro, realizado no final dos anos 1990, havia sido
“um erro”, um editorial do jornal Le Monde afirma que o anúncio do referendo grego “leva a
questionar a presença da Grécia na zona euro”.
Nestas circunstâncias, as dissensões entre os países membros da zona euro aparecem à luz dia.
Não se restringindo à Grécia. Numa conferência de imprensa no fim de semana, ao ser
interrogado sobre a credibilidade do plano italiano de contenção de despesas públicas, o
presidente Sarkozy sorriu ironicamente. Foi o que bastou para surgir uma crise política entre Paris
e Roma, com o ministro italiano dos negócios estrangeiros, Franco Frattini, acusando a França de
atiçar “um ataque dos especuladores” contra a Itália.
12.
Presidente de Chipre anuncia pacote para reativar a
economia
Autor(es): Nicósia
O Globo - 01/04/2013
Um dia depois de o Banco Central estipular as condições que vigorarão sobre os depósitos
superiores a - 100 mil - cujos correntistas perderão 60% de suas economias acima do teto
garantido pelo Estado e receberão 37,5% do valor a descoberto em ações do banco -, o
presidente de Chipre, Nicos Anastasiades, anunciou um programa urgente de recuperação
econômica, aplicável em um prazo de três e seis meses. Segundo o jornal espanhol "El País", os
detalhes do plano devem ser apresentados na quinta-feira, quando representantes da troika Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - visitarem Nicósia
para avaliar o impacto do resgate de ¬ 10 bilhões e duas exigências mínimas: o controle de
capitais e a reestruturação do setor bancário cipriota.
Anastasiades explicou em entrevista ao jornal "Fileléfzeros" as linhas gerais do plano. Ao contrário
do que espera a maioria da população, o pacote não se baseia em medidas de austeridade, mas,
fundamentalmente, em apressar a tramitação de projetos de investimento e em atrair capital
estrangeiro, baixar a elevadíssima conta de luz - muito superior que as irrisórias tarifas de
telefonia móvel -, dar incentivos fiscais às empresas que reinvestirem seus lucros e recorrer a
fundos europeus para combater o desemprego entre jovens, que em dezembro era de 28,4%,
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segundo dados da Eurostat. Outra medida prevista é uma reforma legislativa para permitir a
abertura de cassinos na ilha.
O presidente cipriota assegurou ter negociado com a troika que não haverá reduções salariais,
demissão de funcionários públicos ou diminuição de aposentadorias até 2015. Cerca de 60 mil
trabalhadores, de uma população de 800 mil, dependem do Estado.
- São mensagens contraditórias, nas quais ninguém acredita - disse ao "El País" uma professora
de Ensino Médio, que preferiu não se identificar.
13.
Chipre: fila nos bancos
Correio Braziliense - 29/03/2013
Nicósia — Os cipriotas fizeram filas sem tumultos diante dos bancos, que reabriram, ontem, sob
um rigoroso controle de saques, destinado a evitar uma fuga de capitais, depois de o governo ser
forçado a aceitar um pacote de resgate da União Europeia. Os bancos passaram quase duas
semanas fechados, enquanto o governo negociava os termos de uma ajuda de 10 bilhões de
euros (US$ 13 bilhões). Foi a primeira vez que um plano de socorro financeiro na Zona do Euro
impôs prejuízos a correntistas bancários.
Os saques foram limitados a 300 euros por dia, e os bancos foram proibidos de descontar
cheques. Os empregados das instituições chegaram cedo para trabalhar, em Nicósia, onde cédulas
de euros eram distribuídas por caminhões blindados.
O Banco Central Europeu não comentou rumores de que, para atender a demanda por dinheiro
vivo, teria enviado mais cédulas de euros à ilha. As autoridades dizem que a restrição aos saques
será temporária — incialmente por sete dias —, mas economistas afirmam que
será difícil suspendê-la enquanto a economia estiver em crise.
Medo
Em Nicósia, havia alívio, mas também alguma apreensão. “Você não tem ideia do quanto eu
estava esperando por isso”, disse o aposentado Froso Kokikou, numa fila do Banco Popular do
Chipre (Laiki). “Tenho uma sensação de medo e frustração por precisar ficar desse jeito na fila;
parece um país de terceiro mundo, mas o que se pode fazer?”, disse Kokikou. “Foi o que nos
impuseram, e temos de conviver com isso.” A Bolsa cipriota permaneceu fechada.
Com apenas 860 mil habitantes, Chipre tem 68 bilhões de euros depositados em seus bancos —
um sistema financeiro desproporcional ao tamanho do país, que atraía muitos depósitos de
estrangeiros, especialmente russos, como um paraíso fiscal. A economia local acabou
contaminada pela crise na vizinha Grécia. O ministro das Relações Exteriores, Ioannis Kasoulides,
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disse que o governo espera suspender completamente o regime de controles de capital sobre seus
bancos em cerca de um mês.
14.
Caso do Chipre não é modelo para outros resgates, diz
BCE
Publicado em Exame
Segundo presidente do banco, sua proposta para a ajuda da ilha não contemplava a
participação dos depositantes
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse nesta quinta-feira que o
resgate do Chipre "não é um modelo" que será aplicado em outros países e que a proposta da
instituição para a ajuda da ilha não contemplava a participação dos depositantes.
O presidente do BCE atribuiu a um "mal-entendido" as controvertidas declarações do chefe do
eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que afirmou que o resgate do Chipre seria um modelo.
Draghi explicou que cada um dos países que até agora recorreram a um resgate se encontravam
em situações muito "distintas", como por exemplo no caso da "da Irlanda e Espanha".
No entanto, o presidente do BCE insistiu na necessidade de se atuar com rapidez em situações
como as vividas na Irlanda, Grécia e Espanha, porque "qualquer demora é extremamente
decepcionante".
Draghi conversou com a imprensa após o Conselho do BCE, que além dos assuntos sobre política
monetária tratou do caso do Chipre.
A instituição decidiu manter as taxas de juros na zona do euro em 0,75%, mesmo índice desde
julho de 2012.
15.
Blocos econômicos
10 anos de Brics
A força dos emergentes
Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric para se referir a quatro
países de economias em desenvolvimento – Brasil, Rússia, Índia e China – que desempenhariam,
nos próximos anos, um papel central na geopolítica e nos negócios internacionais.
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O acrônimo ganhou uso corrente entre economistas e se tornou um dos maiores símbolos da nova
economia globalizada. Neste quadro, os países emergentes ganharam maior projeção política e
econômica, desafiando a hegemonia do grupo de nações industrializadas, o G7 (formado por
Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão).
Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam conferências anuais. Em abril do ano
passado, a África do Sul foi admitida no grupo, adicionando-se um “s” ao acrônimo, que passou a
ser Brics.
No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos últimos dez anos, os países
do Bric apresentaram crescimento além da média mundial. Estima-se que, em 2015, o PIB
(Produto Interno Bruto) do Brics corresponda a 22% do PIB mundial; e que, em 2027, ultrapasse
as economias do G7.
A China é o “gigante” do grupo. A abertura da economia chinesa, mediante um conjunto de
reformas, tornou o país a segunda maior economia do planeta, atrás somente dos Estados Unidos
e ultrapassando Japão e países da Europa.
A economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro que compõem o grupo. O
PIB chinês, em 2010, foi de US$ 5,8 trilhões, superior aos US$ 5,5 da soma de todas as outras –
Brasil (US$ 2 trilhões), Rússia (US$ 1,5), Índia (US$ 1,6) e África do Sul (US$ 364 bilhões).
Mas os chineses enfrentam hoje desafios em áreas como meio ambiente e política, alvos da
pressão internacional.
Brasil
A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional positiva, que dificilmente seria
alcançada de outro modo e em um curto período. Como resultado, o país tem hoje representação
nas principais cúpulas internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das
Nações Unidas) e o G20.
O Brasil entrou no grupo em razão do crescimento econômico, ocorrido principalmente a partir de
2005. Esse crescimento foi possível por causa do controle da inflação, com a implantação do Plano
Real, em 1994, e o aumento das exportações para países como China, principal parceiro
comercial, a partir de 2001.
Com a estabilidade econômica, veio a confiança do mercado e o aumento do crédito para
empresas e consumidores. O setor privado contratou mais gente, gerando mais empregos, e
houve aumento de salários, fazendo que, entre 2005 e 2006, 30 milhões de brasileiros migrassem
das classes D e E para a C, a classe média. Contribuíam também, para isso, programas sociais
como o Bolsa Família. Assim, mais pessoas passaram a consumir, aquecendo o mercado de
varejo.
Desigualdade
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Banco do Brasil 2013
Os programas do governo Lula também tiveram reflexos no âmbito da justiça social. Na última
década e meia, o país foi o único entre os Brics a reduzir a desigualdade, de acordo com a OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Porém, mesmo assim, a
distância entre ricos e pobres no Brasil ainda é a maior entre os países emergentes.
A desigualdade é medida pelo índice Gini, que caiu de 0,61 para 0,55 entre 1993 e 2008 (quanto
menor o valor, melhor o índice). Nos demais países do Brics, houve aumento. Mesmo assim, o
Gini do Brasil é o maior entre eles e o dobro da média dos países ricos: no Brasil, 10% dos mais
ricos ganham 50 vezes mais do que os 10% mais pobres.
Outro desafio para o país é fazer ajustes na política econômica. A divulgação do resultado do PIB
do terceiro trimestre deste ano, que registrou uma variação zero em relação ao trimestre anterior,
apontou a desaceleração da economia. Para sair da estagnação, o governo terá que fazer
reformas, inclusive no sistema de tributação, para estimular o investimento por parte do setor
privado.
16.
A Venezuela e o Mercosul
Renata Giraldi e Mariana Tokarnia - Repórteres da Agência Brasil
Os chanceleres do Mercosul conseguiram hoje (6) fechar uma série de negociações para garantir
que, em 5 de abril de 2013, a Venezuela terá atendido às principais exigências para ser integrada
de forma plena ao bloco. Até lá, um terço dos produtos venezuelanos estarão dentro da
nomenclatura e das normas do Mercosul.
Os ministros anunciaram também que, paralelamente, o Mercosul buscará o chamado
fortalecimento produtivo, para incentivar o desenvolvimento do comércio e da economia na
região.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o fortalecimento produtivo se refere
a incrementar a capacidade tecnológica e adotar medidas que incentivem a competitividade
industrial e leve ao desenvolvimento do comércio estratégico. “A reunião foi muito produtiva e
estamos avançando de forma acelerada”, disse ele.
Patriota acrescentou ainda que, durante as discussões que ocorreram hoje, no Conselho do
Mercado Comum (CMC), foi definido o Sistema Integrado do Mercosul (SIM) que se refere à
implementação de ações que incentivem o intercâmbio de estudantes em nível superior –
graduação e pós-graduação na região.
Também foram discutidas a ampliação do Programa Ciência sem Fronteiras, a aproximação do
setor privado com os órgãos públicos, a rede de agricultura familiar e a realização da Cúpula
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Social. As reuniões do CMC foram divididas em duas etapas – pela manhã, com chanceleres e
embaixadores, e à tarde, com os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais da
região.
Os chanceleres adiaram a retomada da reunião, na parte da tarde, para irem ao velório do
arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, que foi homenageado pelo grupo na primeira etapa de
reuniões. Os ministros e embaixadores saíram juntos do Palácio Itamaraty em direção ao Palácio
do Planalto – onde o arquiteto está sendo velado.
17.
O que a crise da União Europeia ensina ao Mercosul?
IPEA
Marco Aurélio Weissheimer – de Porto Alegre
A integração entre nações é, essencialmente, um projeto político. Não há acordo comercial que dê
conta de superar as contradições provocadas pelas desigualdades entre povos e nações. “Fazer a
Europa é fazer a paz”, gostava de repetir o francês Jean Monnet (1888-1979), um dos precursores
da união continental. Os conflitos sociais que voltaram a tomar as ruas de diversas cidades
europeias atualizam o pensamento do político francês e lançam uma alerta para os construtores
da integração social, política e econômica na América do Sul
Nos últimos meses, multiplicam- -se os diagnósticos pessimistas a respeito do futuro do euro, da
União Europeia e do processo de integração continental. Os efeitos avassaladores da crise
econômico-financeira de 2008 jogaram países como Grécia, Islândia, Irlanda, Portugal e Espanha
à beira de um precipício que ameaça dissolver direitos sociais e trabalhistas que marcam a história
do Estado de Bem-Estar Social europeu. A Grécia já tinha situação fiscal deteriorada antes da
crise. No caso da Irlanda, a queda de receita decorrente da crise e os gastos realizados para
atenuar seu impacto no sistema bancário e no nível de emprego transformaram a crise privada
em uma crise das finanças públicas. Em Portugal e na Espanha, que vinham tendo desempenho
econômico mais fraco que a média européia, a situação se agrava. Um conjunto de turbulências
domésticas espalhou-se pelo continente, no bojo da união monetária.
A crise econômica vem acompanhada de notícias que compõem um cenário quase surreal. No dia
10 de junho, por exemplo, a Comissão Europeia cortou quase 80% da ajuda alimentar para os
pobres, reduzindo o programa de ajuda alimentar de 500 milhões de euros para 113 milhões de
euros. A Federação Europeia dos Bancos Alimentares e organizações de ajuda humanitária
advertiram que essa medida pode agravar o problema da fome no continente. Cerca de 43
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
milhões de pessoas enfrentam hoje o risco de pobreza alimentar no território europeu. Elas não
conseguem pagar uma refeição adequada a cada dois dias. Uma realidade incompatível com o
projeto de integração no velho continente.
LIÇÕES DA TUBURLÊNCIA Considerado o mais avançado processo de unidade entre países da
história, o projeto da União Europeia está em crise e os seus problemas estão sendo
acompanhados com atenção por lideranças envolvidas em outros processos de integração no
mundo. Aqui na América do Sul, uma pergunta adquire crescente importância: o que a crise
europeia tem a ensinar aos países do Mercosul que, em março, completou vinte anos? Na
tentativa de responder tal questão é preciso, obviamente, levar em conta as importantes
diferenças existentes entre os processos europeu e latino- -americano. Apesar das diferenças, há
um importante elemento em comum: a conjuntura político-econômica mundial e suas crises não
deixam nenhum continente ileso. Há muitos tópicos semelhantes e, mesmo nas diferenças, há
formas de responder a esses problemas que podem ser mais ou menos eficazes.
Professor na Universidade de Harvard e Prêmio Nobel de Economia em 1998, Amartya Sen,
advertiu, em um recente artigo publicado no jornal inglês The Guardian, que está em jogo na
Europa não apenas o euro, mas a própria ideia de democracia. O economista resume assim o
perigo que estaria rondando o Velho Mundo:
“A Europa liderou o mundo no que diz respeito à prática da democracia. É, portanto, preocupante
que os perigos para a governabilidade democrática de hoje, que entram pela porta traseira das
prioridades financeiras, não recebam a atenção que merecem”.
AMEAÇA DAS AGÊNCIAS DE RISCO A Grécia, assinala Amartya Sen, ilustra o perigo de
permitir que agências de classificação de risco dominem o terreno político. O economista chama a
atenção para a temeridade de se submeter processos e práticas políticas constitutivas da
democracia à lógica do sistema financeiro internacional:
“Há questões de fundo que devem ser enfrentadas a respeito de como o governo democrático da
Europa pode ser minado pelo papel enormemente aumentado das instituições financeiras e das
agências de classificação de riscos, que hoje se apropriaram de certas partes do terreno político
da Europa. Deter a marginalização da tradição democrática na Europa envolve uma urgência que
é difícil de exagerar.”
O Prêmio Nobel de Economia aponta ainda uma lição da crise atual que deveria ser levada em
conta em outros processos de integração pelo mundo. Para eles, os países do euro entraram eu
uma situação complicada na direção de uma moeda única, sem promover uma maior integração
política e econômica. Ele resume:
“A pressa em inaugurar uma casa que estava em construção acabou resultando numa receita
desastrosa. Obrigou-se a incorporar à maravilhosa ideia de uma Europa democrática unida um
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precário programa de incoerente fusão financeira”.
IRONIAS HISTÓRICAS A história costuma ser rica em paradoxos e ironias. A crise que atinge
gravemente hoje diversos países europeus fornece novos exemplos. Durante aproximadamente
duas décadas, entre os anos 1980 e 1990, diversos países da América Latina aplicaram os pacotes
de austeridade propostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outras
instituições financeiras como solução para superar recorrentes crises econômicas. Esses pacotes
trouxeram consigo políticas de privatizações, de demissão de funcionários públicos, de arrocho
salarial. A guinada progressista na região, a partir dos anos 2000 deu-se, em larga medida, como
uma reação aos efeitos perversos dessas políticas. Agora, são os gregos, portugueses, espanhóis,
italianos e irlandeses, entre outras nacionalidades europeias, que começam a conviver com tais
políticas.
Na avaliação de Antonio Lassance, professor de Ciência Política e pesquisador do Ipea, no
momento atual, o Mercosul reúne mais razões de otimismo que os demais blocos:
“A União Europeia, sob crise aguda, vive um de seus piores momentos. O North America Free
Trade Agreement (Nafta) acentuou os problemas da economia mexicana, e os Estados Unidos
patinam para superar a recessão. A Ásia Pacific Economic Cooperation (Apec), além de muito
heterogênea e pouco institucionalizada, pouco avançou diante da competição entre seus países,
que disputam muitas vezes o mesmo espaço”.
“A crise mostrou a falência dos modelos neoliberais tanto em nossos países como
nos desenvolvidos. As regras financeiras devem permitir espaço para os desenvolvimentos
nacionais e o mesmo deve acontecer com as regras sobre comércio e meio ambiente”
CASO EXEMPLAR Lassance cita um estudo de Charles Kupchan, especialista em Relações
Internacionais da Universidade de Georgetown, que destaca a arquitetura política e institucional
do Mercosul como um caso exemplar. Kupchan dedica parte de seu livro How Enemies Become
Friends (Princeton University, 2010) ao processo de reaproximação entre Brasil e Argentina, nos
anos 1980, que acabou atraindo, na década seguinte, o Paraguai e o Uruguai. Trata-se de um
caso, segundo Kupchan, de antigos inimigos que conseguiram se entender e passaram a se tratar
como atores confiáveis. A Europa, certamente, não é inexperiente neste ponto. Após duas
grandes guerras, para não falar de outros longos e sangrentos conflitos passados, nações que
foram inimigas de morte conseguiram fazer avançar um processo de integração política e
econômica. Mas as fragilidades que aparecem agora mostram que essa é uma condição
necessária, mas não suficiente, para um processo de integração dar certo.
Neste aspecto, Kupchan ecoa uma posição de Amartya Sen: a economia deve ficar subordinada à
política e não o contrário. A mão invisível do liberalismo é incapaz de produzir a arquitetura de um
processo de integração, destaca Lassance:
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“Ela deve ser induzida por projetos nacionais e tudo deve começar com um dos atores, em geral o
de maior peso, dispondo- -se a fazer concessões. É a diplomacia que impulsiona a economia, e
não o contrário. Ela constrói o ambiente que produz saldos comerciais e financeiros positivos no
longo prazo, facilita a inserção de empresas e enraíza a interdependência econômica”.
“NÃO REPETIR ERROS DOS IMPÉRIOS” Em entrevista ao jornal argentino Página/12, o Alto
Representante do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães, defendeu essa posição, destacando que
o Brasil não vai “repetir os erros dos impérios”. Maior país em extensão territorial e população e
principal economia da região, o País, assegurou Guimarães, quer associar-se e cooperar com seus
dez vizinhos e com outros países em desenvolvimento, segundo uma lógica que não é
exclusivamente econômica:
“Temos interesses em comum com os países mais pobres, os países em desenvolvimento, para
mudar as regras do mundo. A crise que vivemos mostrou a falência dos modelos neoliberais tanto
em nossos países como nos desenvolvidos. As regras financeiras devem permitir espaço para os
desenvolvimentos nacionais e o mesmo deve acontecer com as regras sobre comércio e meio
ambiente.”
Esse é, justamente, o problema que a União Europeia enfrenta hoje, conforme a advertência de
Amartya Sen: as regras financeiras não só não vem permitindo espaço para os desenvolvimentos
nacionais, como vem solapando os próprios espaços de soberania política. E um processo de
integração regional é entre outras coisas, uma construção política e institucional que tem o
desafio de integrar diferentes espaços de soberania nacional.
REJEIÇÃO DA ALCA O processo de integração sul-americano é muito mais jovem que o europeu
e pode tentar evitar o caminho da subordinação a uma determinada lógica econômica. Samuel
Pinheiro Guimarães integrou um governo que, em conjunto com a Argentina e outros países,
rejeitou o modelo da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) defendido pelos Estados Unidos.
“Nós não quisemos a Alca, em 2005, não somente por razões comerciais. A Alca era uma política
econômica completa, que envolvia comércio, investimentos, negócios e propriedade intelectual”,
observa o ex-secretário geral do Itamaraty.
A rejeição do projeto dos EUA veio acompanhada da implementação de diferentes movimentos de
integração regional: além do Mercosul, do Pacto Andino e de outras alianças regionais, surgiram a
Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da América, integrada hoje por Venezuela, Cuba, Bolívia,
República Dominicana, Nicarágua, Equador, San Vicente e Granadinas, Antigua e Barbuda) e a
Unasul (União de Nações Sul-Americanas, formada pelos doze países da América do Sul). Esses
movimentos expressam a diversidade política e econômica da região e, até aqui, não se revelaram
excludentes. Pelo contrário, o objetivo é que sejam complementares. “A Unasul é um modo de
manter próximos países que, comercialmente, optaram por outras políticas. É bom que todos
integremos o Conselho Sul-Americano de Defesa”, disse Pinheiro Guimarães ao jornal Página/12.
POLÍTICA SOBERANA A posição do Brasil será fundamental para determinar as possibilidades
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de êxito dessa articulação de diferentes movimentos integracionistas. No prefácio ao livro
Relações Brasil-Estados Unidos no contexto da globalização: rivalidade emergente, de Luiz Alberto
Moniz Bandeira, o Alto Representante do Mercosul resume assim a “receita” brasileira para que
isso se torne realidade:
“(Desenvolvemos) uma política altiva, ativa, soberana, não intervencionista, não impositiva, não
hegemônica, que luta pela paz e pela cooperação política, econômica e social, em especial com os
países vizinhos e irmãos sul-americanos, começando pelos países sócios do Brasil no Mercosul, um
destino comum que nos une, com os países da costa ocidental da África, também nossos vizinhos,
e com países semelhantes: com mega-populações, mega-territoriais, mega-diversos, megaambientais, megaenergéticos, mega-subdesenvolvidos, mega-desiguais. Nossos verdadeiros
aliados são nossos vizinhos, daqui e de ultramar, com os quais nosso destino político e econômico
está definitivamente entrelaçado, e nossos semelhantes, os grandes Estados da periferia”.
Essa dimensão política do Mercosul e de outros espaços de integração ainda está engatinhando. O
Parlamento do Mercosul está em processo de formação. A Venezuela aguarda decisão do
Congresso paraguaio para ser admitida como membro pleno do Mercosul e o Brasil promulgou no
início de julho o decreto que estabelece a adesão do país a Unasul.
O fortalecimento desses espaços políticos e institucionais constitui uma condição fundamental
para enfrentar desafios e problemas estruturais do bloco, tais como as assimetrias entre os países
que compõem o Mercosul, o problema das tarifas aduaneiras e a perspectiva da adoção de uma
moeda comum no futuro.
CRESCIMENTO ECONÔMICO No terreno estritamente comercial o desempenho do bloco é
positivo. A economia do Mercosul cresceu 8% em 2010, superando todas as outras uniões
aduaneiras ou associações de livro comércio do mundo. Após vinte anos de Mercosul, houve
também um aumento significativo do intercâmbio comercial, que passou de US$ 4,5 bilhões em
1991 para US$ 45 bilhões em 2010. Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio
Patriota, a expectativa para 2011 é superar a casa dos US$ 50 bilhões. “O intercâmbio comercial
cresceu mil por cento”, acrescentou o subsecretário-geral para América do Sul, Central e Caribe,
embaixador Antônio José Simões. Segundo ele, esse desempenho é superior ao de outros acordos
de livre comércio, como o assinado há sete anos por Chile e Estados Unidos.
EXPANSÃO COMERCIAL Ao anunciar esses projetos de expansão, em 28 de junho, durante a
41ª Cúpula do bloco, no Paraguai, Antonio Patriota rebateu as críticas de que o Mercosul perdeu
força e não conseguiu transformar-se em um verdadeiro projeto de integração política, econômica
e comercial, como a União Europeia. Patriota lembrou a crise vivida hoje pela União Europeia e o
fato de o Mercosul ter superado, em crescimento, a Associação de Nações do Sudeste Asiático
(Asean).
Ex-presidente do Parlamento do Mercosul, o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) defende essa
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estratégia de expansão, assinalando que as exportações extrazona (para terceiros Estados) do
bloco sul-americano aumentaram 200% entre 2002 e 2008, bem acima da média de crescimento
do comércio mundial, que foi de 147%. No mesmo período, acrescenta o parlamentar brasileiro,
as exportações dentro do bloco aumentaram 300% e os investimentos diretos subiram de
aproximadamente US$ 15 bilhões, em 2003, para US$ 57 bilhões, em 2008. E essa elevação de
investimentos, destaca o Dr. Rosinha, ocorreu sem recurso a privatizações, tal como aconteceu
nas décadas de 1980 e 1990 na América Latina.
O futuro do Mercosul, assim como o seu nascimento há vinte anos, tem um olhar ligado ao
destino da União Europeia. O bloco sulamericano foi concebido para ser um verdadeiro mercado
comum, por meio da constituição de uma união aduaneira, mediante a Tarifa Externa Comum. A
Declaração de Assunção estabelece, no seu artigo 1°, que a adoção de uma tarifa externa comum
e de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados são dimensões essenciais e
constitutivas do processo de integração. Mas a integração que o Mercosul busca não se esgota aí,
propondo também a livre circulação de pessoas, a harmonização das legislações, a constituição de
instituições supranacionais, de um Parlamento sul-americano e a formação de uma cidadania
comum.
LIMITAÇÃO EUROPEIAS Esse é, em linhas gerais, o modelo que inspirou também a criação da
União Europeia que hoje se encontra em uma encruzilhada. A incorporação de países com
economias mais frágeis, as dificuldades colocadas pela unidade monetária resultante da criação do
euro e a limitação da capacidade de os Estados definirem suas políticas econômicas internamente
trazem desafios cuja solução passa, inevitavelmente, pela esfera política.
Na avaliação do economista Michael Hudson, pesquisador na Universidade do Missouri e
presidente do Institute for the Study of Long-Term Economic Trends (Islet), o que está em jogo
na crise atual da UE é se a Grécia, a Irlanda, Espanha, Portugal e o resto da Europa terminarão
por destruir a agenda de um reformismo democrático e derivar para uma oligarquia financeira.
Repetindo a preocupação de Amartya Sen com o futuro da democracia europeia, Hudson afirma:
“O objetivo financeiro é evitar os parlamentos para exigir um ‘consenso’ que dê prioridade aos
credores estrangeiros a custo do conjunto da economia. Exige-se dos parlamentos que abdiquem
de seu poder político legislativo. O significado do ‘mercado livre’, neste momento, é planificação
central nas mãos dos banqueiros centrais. Essa é a nova via rumo à servidão pela dívida a que
estão levando os ‘mercados livres’ financeirizados: mercados ‘livres’ para que os privatizadores
cobrem preços monopolistas por serviços básicos ‘livres’ de regulações de preços e de regulações
antioligopólicas, ‘livres’ de limitações ao crédito para proteger os devedores e, sobretudo, ‘livres’
de interferências por parte dos parlamentos eleitos”.
A concentração do poder político nas mãos do setor financeiro ameaça o projeto de integração
europeia, do ponto de vista da continuidade da construção de uma comunidade democrática no
velho continente. As limitações políticas são gritantes e crescentes, aponta ainda Hudson:
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“O Banco Central Europeu não tem atrás de si nenhum governo eleito que possa arrecadar
impostos. A Constituição da UE proíbe ao BCE o resgate de governos. E os artigos do acordo com
o FMI proíbem também que esta ofereça apoio fiscal aos déficits orçamentários nacionais”.
UNIR PESSOAS A crise atual da União Europeia atualiza as palavras de um de seus principais
defensores, o francês Jean Monnet. Como consultor de alto nível do governo francês, Monnet foi o
principal inspirador da Declaração Schuman, de 9 de maio de 1950, que levou à criação da
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, considerada o ato fundador da União Europeia.
Monnet tinha claro que o projeto de unificação não podia se limitar à esfera econômica. Sua frase
que resume esse espírito é bem conhecida. “Mais do que coligar Estados, importa unir os
homens”.
Talvez seja essa uma das principais lições que a experiência da União Europeia pode trazer ao
Mercosul e aos demais movimentos e processos de integração na América do Sul. A integração
entre nações é, essencialmente, um projeto político. Não há acordo comercial que dê conta de
superar as contradições provocadas pelas desigualdades entre povos e nações (e intra povos e
nações). “Fazer a Europa é fazer a paz”, gostava de repetir Monnet. Os conflitos sociais que
voltaram a tomar as ruas de diversas cidades europeias atualizam o pensamento do político
francês e lançam uma alerta para os construtores da integração na América do Sul: o principal
objetivo estratégico de um processo de integração é buscar a paz, a solidariedade e a harmonia
entre os povos e não meramente aumentar a balança comercial deste ou daquele país, deste ou
daquele bloco regional. Ao presenciar diretamente o que está acontecendo na Europa, o Mercosul
tem a chance de não repetir esses erros.
18.
Tendências da economia brasileira
Classe C passou a ser maioria da população brasileira em 2011, mostra pesquisa
22/03/2012
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
No ano passado, 2,7 milhões de brasileiros mudaram o perfil de renda, deixando as classes D e E
para fazer parte da classe C. Além disso, 230 mil pessoas saíram da classe C e entraram para as
classes mais ricas (A e B).
A maior da parte da população (54%) fazia parte da classe C em 2011, uma mudança em relação
ao verificado em 2005, quando a maioria (51%) estava na classe D/E. Um total de 22% dos
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brasileiros está no perfil da classe A/B, o que também representa um aumento em comparação ao
constatado em 2005, quando a taxa era 15%.
É o que mostra a sétima edição da pesquisa Observador Brasil 2012, feita pela empresa Cetelem
BGN, do Grupo BNP Paribas, em parceria com o instituto Ipsos Publics Affairs.
O levantamento indica ainda que a capacidade de consumo do brasileiro aumentou. A renda
disponível, ou o montante de sobra dos ganhos, descontando-se as despesas, subiu de R$ 368,
em 2010, para R$ 449, em 2011, uma alta de pouco mais de 20%. Na classe C, houve um
aumento de 50% (de R$ 243 para R$ 363).
Enquanto a renda média familiar das classes A/B e D/E ficaram estáveis, na classe C cresceu
quase 8%. Mas a pesquisa mostra que em todas as classes houve um aumento da renda
disponível, que ultrapassou R$ 1 mil, entre os mais ricos.
“O aumento da renda disponível em todas as classes sociais indica que houve maior contenção de
gastos”, destaca a equipe técnica responsável pela pesquisa.
19.
IPI congelado rende economia de até R$ 2,4 mil
Desconto de até R$ 2,4 mil com IPI congelado
Autor(es): » DECO BANCILLON » VICTOR MARTINS » ROSANA HESSEL
Correio Braziliense - 01/04/2013
Montadoras esperam ampliar vendas com a decisão do governo de manter imposto até dezembro,
mas endividamento alto atrapalha
Com a decisão do governo de congelar o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) para automóveis, o consumidor que decidir levar para casa um carro zero-quilômetro deixará
de pagar até R$ 2,4 mil, caso opte pelos modelos mais caros. Essa é a diferença entre o preço
médio cobrado nas concessionárias por um veículo de até 2 mil cilindradas, movido a gasolina,
atualmente taxado em 8%, e o que ele passaria a custar a partir de hoje, com 10% de tributo,
conforme previa inicialmente o cronograma definido pelo governo.
Segundo comunicado divulgado no sábado pelo Ministério da Fazenda, o desconto do IPI será
mantido até 31 de dezembro de 2013. Com isso, carros flex e movidos a gasolina de até 1.000
cilindradas continuarão sendo tributados em 2%. Sem a prorrogação, a taxação subiria para
3,5%. O mesmo vale para veículos flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, que atualmente pagam 7%
de tributo. Caso o cronograma fosse mantido, a alíquota passaria para 9%. Já para os modelos
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
movidos a gasolina, que são mais poluentes, o tributo foi congelado em 8% —sem a alteração, no
entanto, pagariam 10% de imposto.
Fontes do setor automobilístico calculam que o preço médio dos carros subiria entre R$ 300 e R$
400 caso o IPI tivesse sido elevado. Com a manutenção do desconto, porém, a expectativa das
montadoras é de que o consumidor siga comprando, como fez em 2012, quando as vendas
subiram 4,6%. Ao todo, foram vendidos 3,8 milhões de carros em 2012. O problema é o elevado
nível de endividamento das famílias.
Aposta
A estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) era de
que os emplacamentos crescessem de 3,5% a 4,5% em 2013. Para isso, porém, o Produto
Interno Bruto (PIB) teria de crescer, pelo menos, 4%, um número que, hoje, parece distante de
ser alcançado. Pelo último relatório Focus divulgado pelo Banco Central, a previsão do mercado
financeiro é de avanço de 3%. Mesmo diante dessa expectativa pessimista, o Ministério da
Fazenda mantém a aposta de que o país retornará o ritmo mais forte do PIB neste ano.
Em declarações recentes, o ministro Guido Mantega avaliou que a expansão da economia ficará
entre 4% e 4,5% em 2013. Não é o que pensa o próprio setor automotivo, que está mais
cauteloso. “Aparentemente, pelo que temos acompanhado, a projeção da Fazenda não deverá se
concretizar”, argumentou uma fonte do setor. Mesmo dentro do governo, há quem aponte
excesso de otimismo do ministro. É o caso do Banco Central, que prevê incremento de 3,1% para
o PIB 2013.
Para dar uma forcinha à estimativa da Fazenda, o governo tem concedido diversos incentivos
tributários, como a prorrogação do IPI para a indústria automobilística, que custará aos cofres
públicos o equivalente a R$ 2,2 bilhões apenas entre abril e dezembro. A aposta é que o desconto
dará novo fôlego à produção, já que as montadoras empregam, atualmente, cerca de 130 mil
trabalhadores. Pelos cálculos de Mantega, o setor representa 25% da produção nacional.
20.
Indústria atrasada, economia enigmática
Publicado em Carta Capital
Por Mario Osava, da IPS
A indústria é o órgão enfermo da economia do Brasil. A produção do setor caiu 2,7% em 2012,
apesar dos estímulos recebidos do governo, contrariando indicadores relacionados, como a forte
expansão do comércio varejista e o desemprego em seu nível mínimo histórico. O enigma de uma
economia paralisada, mas com sintomas de crescimento excessivo para as potencialidades do
país, incluindo escassez da mão de obra e inflação em alta, parece ter sido revelado segundo
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Banco do Brasil 2013
várias explicações apresentadas.
Algumas causas com as quais lidam os economistas seriam uma queda na quantidade de jovens
que se incorporam ao mercado de trabalho e o excesso de estoques acumulados. A redução da
atividade manufatureira é o que mais preocupa o governo de Dilma Rousseff e os operadores
econômicos, porque acentua uma tendência e coloca em xeque o futuro do país. A
desindustrialização, há anos reconhecida por empresários do setor e poucos economistas, agora
está difícil de ser negada.
As expectativas repousam nas projeções de melhorias para este ano. Mas os baixos investimentos
refletidos no retrocesso de 11,8% na produção de bens de capital em 2012 e o auge inflacionário,
que pode provocar medidas do Banco Central para conter a demanda, não permitem esperar que
a recuperação tenha o vigor pretendido.
Os resultados no fechamento de 2012 foram “uma ducha fria”, frustrando esperanças de retomar
o crescimento e indicando que na indústria brasileira “a crise é mais profunda”, não apenas um
efeito conjuntural devido aos graves problemas da economia global, afirmou Julio de Almeida,
consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O Brasil “não
acompanhou a evolução industrial do mundo” nos últimos 20 anos, como fizeram China, Coreia do
Sul e Índia. Assim, sem desenvolver setores mais dinâmicos, como o eletrônico e o farmacêutico,
tampouco avançou suficientemente em inovações tecnológicas, disse Almeida à IPS. Além disso,
há cerca de 15 anos, a indústria e alguns “serviços organizados” sofrem um acúmulo de custos,
sejam logísticos, financeiros ou energéticos, que reduzem sua competitividade.
Agravando tudo, os salários aumentaram nos últimos cinco anos muito acima da produtividade.
Somente no ano passado, cresceram, em média, 5,8%, enquanto o rendimento caiu 0,8%,
segundo o Iedi.
É possível sobreviver sendo pouco competitivo se a economia mundial crescer em um bom ritmo,
mas os problemas apareceram com a crise iniciada em 2008 nos Estados Unidos e que depois se
espalhou especialmente para a Europa, que “estreitou o mercado industrial” no mundo e colocou
o mercado interno brasileiro sob intensa disputa, observou Almeida.
Apesar de tudo, este economista acredita que este ano pode haver uma recuperação, graças às
medidas governamentais que baratearam a eletricidade e reduziram tributos para alguns setores
industriais, além de baixar juros, estabilizar a taxa de câmbio e anunciar fortes investimentos em
infraestrutura de transporte. Porém, será necessário aumentar a produtividade com fortes
investimentos em inovações tecnológicas, especialmente porque o Brasil tem “uma indústria
avantajada”, ressaltou.
De fato, a indústria da velha geração metal-mecânica, especialmente a automobilística, é
predominante no país, com um peso crescente. Com uma longa cadeia produtiva, incluindo peças
de automóveis e máquinas agrícolas, o segmento de veículos representava 21% do produto
industrial em 2011, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea).
Essa participação duplicou nos últimos 20 anos, enquanto a indústria de transformação, em seu
conjunto, transitou o caminho inverso em sua contribuição para o produto interno do país, caindo
para 14,6% em 2011. Ou seja, a importância do automóvel para a economia brasileira continua
crescendo.
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Por isso, a principal medida do governo para atenuar os efeitos recessivos da crise financeira
internacional de 2008 foi reduzir impostos sobre os veículos a partir de dezembro daquele ano,
após três meses de abrupta queda nas vendas. É uma fórmula repetida em outras crises. O
petróleo e o aço também continuam sendo elementos fundamentais do esforço brasileiro para
reverter a desindustrialização.
Agora se busca recuperar a indústria naval, aproveitando o petróleo descoberto debaixo da
camada de sal no leito do Oceano Atlântico, perto da costa brasileira. Para impulsionar a produção
nacional foi criada uma legislação que exige componentes variáveis e crescentes de origem
nacional, que podem chegar a até 70% do total da construção de cada navio, plataforma, sonda e
demais equipamentos destinados à atividade petroleira.
Todo esse esforço, baseado em intervenções do Estado, como estímulos tributários ou financeiros
a setores escolhidos e medidas consideradas protecionistas, incluindo barreiras aduaneiras e a
imposição de muito conteúdo nacional em produtos como automóveis, além dos navios
petroleiros, provoca a rejeição por parte de muitos analistas de correntes liberais, com forte
audiência entre os operadores e os meios de comunicação especializados em economia.
A desindustrialização não é necessariamente uma “doença”, já que “a indústria vai mal, mas o
Brasil vai muito bem”, com muito emprego e salários elevados, resumiu o economista Edmar
Bacha, em entrevistas realizadas no ano passado ao anunciar o livro coletivo que organizou sob o
título O futuro da indústria no Brasil, publicado este mês.
Em sua análise, o setor manufatureiro brasileiro perdeu competitividade principalmente pela
explosão salarial que elevou custos. A média salarial no Brasil, em dólares, cresceu 14,4% ao ano
entre 2006 e 2011, um recorde mundial longe de ser ameaçado por Austrália, que aparece em
segundo lugar com 9%, segundo os coautores do livro, Beny Parnes e Gabriel Hartung.
Bacha, que participou de governos anteriores que implantaram políticas econômicas mais liberais,
afirmou que a competitividade não se constrói com protecionismos, mas com maior abertura
comercial, que permita a integração com as cadeias produtivas internacionais. O México é
apresentado como um exemplo disso.
Ampliando o olhar dos especialistas, a única coincidência sobre as causas da perda de capacidade
industrial é a falta de competitividade. Há divisões tanto na interpretação de suas origens como
em seu significado e remédios, segundo o lugar onde se detém cada observador. Os analistas
vinculados ao setor primário, por exemplo, questionam a primazia atribuída à indústria como
promotora do progresso e da inovação. Argumentam que a agricultura agrega hoje muita
tecnologia e muito conhecimento, incorporando pesquisa científica e mecanização.
Mas no governo brasileiro se destacam os “desenvolvimentistas”, começando pela presidente
Dilma Rousseff. Por isso é irônico que a queda da indústria se acentue enquanto o país é
administrado por dirigentes que priorizam o setor e que, para recuperar sua competitividade,
adotaram medidas acusadas de serem extremamente intervencionistas pelos partidários de
soluções de mercado.
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
21.
Banco do Brasil 2013
Não há desinflação grátis
Autor(es): Ilan Goldfajn
O Estado de S. Paulo - 02/04/2013
Está ficando claro que o governo quer combater a inflação via desonerações tributárias, pelo
menos parcialmente. Para alguns, é a solução ideal. A redução dos impostos leva a uma queda de
preços que alivia a inflação, economizando altas exageradas de juros (e seus efeitos colaterais
sobre a atividade, o emprego e o salário). Ao mesmo tempo se ataca aelevadíssima carga
tributária, um problema estrutural no Brasil. Parece um almoço grátis, contrariando a máxima de
que isso não existe em economia. Infelizmente, não é o caso. Vejamos por quê.
Para começar, as desonerações não são de graça nas contas públicas. Sem uma compensação via
corte de gastos do governo ou aumento de outros impostos, as desonerações reduzem o
superávit primário, como tem sido o caso recentemente. O superávit primário, quê já atingiu
acima de 4% do produto interno bruto (PIB) no passado, caminha para ficar pouco abaixo de 2%
este ano, e em direção a 1% no ano que vem. Mesmo com o benefício de juros menores, a
relação dívida-PIB começaria a subir no médio prazo se mantida essa política. A estabilidade da
relação dívida-PIB (ou melhor, a sua queda) é uma das razões por que a meta de superávit
primário tem sido considerada um dos pilares da política macroeconômica.
A essencial redução da carga tributária, para ser sustentável e benéfica para a economia, deve ser
calcada na queda dos gastos públicos. O espírito da Lei de
Responsabilidade Fiscal requeria exatamente isto: que fossem especificadas compensações para
quedas permanentes de receita. Na contramão, neste ano a Lei de Diretrizes Orçamentárias
permite que as desonerações sejam abatidas da meta (além dos já tradicionais abatimentos do
PAC), tornando a meta de superávit primário de 3,1%, na prática, uma meta de 1,9% do PIB.
A redução da carga tributária baseada em piora fiscal tende a ser temporária, já que em algum
momento será necessário fazer um ajuste fiscal (isto é, corte de gastos ou volta da carga
tributária) para restabelecer a estabilidade da dívida pública no médio prazo e a responsabilidade
fiscal.
Mas ter custo fiscal não é necessariamente ruim, desde que os benefícios das desonerações sejam
palpáveis. Infelizmente, no combate à inflação os benefícios percebidos das desonerações no
curto prazo não se estendem no longo prazo.
A queda do superávit primário equivale a uma política expansionista, que gera aumento da
demanda e pressiona a inflação. Afinal, corte de impostos é um clássico instrumento de incentivo
ao consumo: quanto mais repassado ao consumidor, maior o incentivo.
Mas não falta consumo no Brasil. Seu crescimento tem sistematicamente excedido a expansão do
PIB, principalmente nos últimos dois anos. O Banco Central tem reconhecido nos seus
documentos oficiais que o crescimento do PIB tem sofrido de problemas de oferta. Ou seja, o
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
crescimento tem sido limitado pela produção, não pela falta de incentivo ao consumo (ou
demanda em geral). Um sinal dessa limitação é que crescentemente a demanda está sendo
satisfeita com importações, o que tem piorado sistematicamente a conta corrente no balanço de
pagamentos (já alcançando um déficit de quase de 3% do PIB, de um superávit de 2% no
passado não tão distante).
Esse descompasso entre o crescimento da oferta e demanda é a raiz da parte mais resistente da
inflação. Para além dos choques de commodities e dos aumentos de preços temporários de
alimentos (devidos a efeitos climáticos) ocorridos, está ficando claro que a inflação se está
estabelecendo num patamar mais alto. Um bom termômetro desse fenômeno é a inflação de
serviços, que resiste à queda e se mantém em tomo de 8% ao ano.
Ao estimular o consumo, a política de desonerações agrava o descompasso entre a oferta e a
demanda e alimenta a inflação no médio prazo.
Poder-se-ia argumentar que reduzir impostos estimula a oferta (aumenta a produção), já que
reduz os custos das empresas. De fato, se as desonerações tivessem focado nos custos das
empresas, e não nos consumidores, o impacto seria diferente. Com custos menores as empresas
produziriam mais. No entanto, as desonerações estão sendo direcionadas aos consumidores. Há
uma pressão para o repasse integral dos benefícios aos preços, o que auxilia na inflação de curto
prazo, mas não auxilia restabelecer a competitividade das empresas. Sem mexer na
competitividade das empresas dificilmente haverá incentivo a maior produção e investimento. A
política de desonerações incentiva o consumo, mas não o investimento, na contramão da
necessidade atual da economia brasileira.
O peculiar dessa política é que os efeitos no curto prazo são contrários aos efeitos permanentes
na inflação. Enquanto no curto prazo a queda dos impostos tende a reduzir os preços e a gerar
um alívio temporário, o impacto permanente é de mais inflação. E quanto maior o repasse do
benefício tributário pelas- empresas aos preços, maior será o incentivo ao consumo. Ou seja,
quanto mais bem-sucedida a política sobre a inflação no curto prazo, mais difícil será segurar a
inflação no médio prazo.
Há um certo consenso tio País sobre os objetivos para a economia. É necessário combater a
inflação, reduzir a carga tributária e o custo das empresas e incentivar a produção e o
investimento. Mas o diabo está no desenho das políticas. As desonerações tributárias, se
repassadas aos preços, aliviam a inflação no curto prazo, mas a pioram no longo prazo, já que
incentivam o consumo, e não o investimento. Desonerações focadas nas empresas, financiadas
por cortes de gastos públicos, teriam efeito benéfico no longo prazo. Da mesma forma, inúmeras
reformas que atacam a complexidade de produzir no País, com impacto direto na produtividade,
poderiam incentivar o crescimento no Brasil e, simultaneamente, combater a inflação de forma
permanente.
22.
Prof. Cássio Albernaz
Inflação em alta, crescimento pífio
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
Autor(es): ROSANA HESSEL » VICTOR MARTINS
Correio Braziliense - 29/03/2013
Banco Central admite que vai seguir a cartilha de Dilma e protelar ao máximo a elevação dos juros
para estimular a retomada da atividade produtiva. Pelas suas projeções, o IPCA deste ano será de
5,7% e o Produto Interno Bruto terá incremento de 3,1%
O Banco Central deixou bem claro ontem que é a presidente Dilma Rousseff quem determina o
rumo da política monetária. Durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, sinalizou
que vai tolerar a continuidade da alta dos preços até que a economia se recupere. Para o diretor
de Política Econômica do órgão, Carlos Hamilton Araújo, porém, há um único remédio eficaz para
conter a alta inflação: a taxa básica de juros (Selic). Diante das incertezas no mercado interno e
externo, o BC indicou que deve esperar mais um pouco para tomar qualquer decisão. Na visão
dos analistas, esse prazo pode acabar em maio, quando a maioria do mercado espera aumento de
0,25 ponto percentual na Selic, de 7,25% para 7,50% ao ano.
“No momento, a nossa percepção de inflação é maior que a média. Isso, em parte, se deve a
aumentos grandes, e com frequência elevada, de itens que são muito visíveis. Alimentos e
combustíveis são os principais pontos. E quando os aumentos de preços estão concentrados
nesses itens, a percepção da população é de que há mais inflação do que o índice de preços
aponta”, justificou Hamilton. Ao explicar sobre as armas necessárias para conter a alta do custo
de vida, o diretor do BC falou em “remédios ruins” que podem ser usados pelo Comitê de Política
Monetária (Copom) e citou o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1940-45 e 195155). “Tem várias coisas que podem ser feitas. Consta que, em certa oportunidade, Churchill disse
que democracia é o pior sistema de governo com exceção de todos os outros. Para combater a
inflação, a taxa de juros é o pior remédio à exclusão de todos os demais”, afirmou Carlos
Hamilton. “Agora, sobre o que vai ser feito, especificamente, o Copom vai se reunir, e isso é uma
decisão do Comitê”, completou.
Na avaliação do economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, com essa afirmação, o BC
sinalizou que vai obedecer à presidente Dilma, apesar de não concordar. “Esse comentário vai em
direção oposta ao que a presidente disse. Neste momento, o melhor é focar no combate da
inflação e menos na retomada do crescimento. E os juros são, realmente, a ferramenta mais
eficiente para conter a alta de preços”, destacou. Na última quarta-feira, em Durban, na África do
Sul, Dilma afirmou que “não concorda com políticas de combate à inflação que olhem a questão
da redução do crescimento econômico”. Diante da péssima repercussão entre os investidores, a
presidente disse que sua fala foi “manipulada” pela imprensa e pelo mercado.
Abandono
No relatório divulgado ontem, o BC elevou a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) deste ano de 4,8% para 5,7%. Em 2014, prevê alta de 5,3%. Com isso, o governo
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Dilma Rousseff será marcado por um período de forte inflação e de crescimento pífio, com o
Produto Interno Bruto (PIB) apontando média de crescimento anual de 2,55%. Nas contas do BC,
o avanço do PIB em 2013 será de apenas 3,1%, depois de 2,7% em 2011 e de 0,9% no ano
passado. Essa combinação nada confortável, de fraca atividade e custo de vida elevado, mostra
que a autoridade monetária praticamente abandonou o compromisso de levar a inflação para o
centro da meta, de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA acumulado
em 12 meses, por sinal, baterá em 6,7% no segundo trimestre deste ano, rompendo o teto da
meta, de 6,5%.
Na visão do economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, o relatório de 100
páginas do BC confirma parte das declarações da presidente Dilma em Durban. “O texto diz que o
país tem um problema de crescimento e de choque de oferta. Enquanto tivermos esse quadro,
com a economia patinando, o Banco Central não deverá tomar medidas mais firmes, como o
aumento de juros”, disse. “Para que os juros não subam agora, o Ministério da Fazenda vai ajudar
no controle da inflação com mais desonerações”, completou. A seu ver, a alta da Selic, se vier,
começará apenas em agosto, chegando a 8,5% ao ano em dezembro. “A visão que tenho é de
que há um risco inflacionário muito alto. O BC precisar agir, mas o risco de a economia não
crescer é alto”, afirmou.
DUAS PERGUNTAS PARA
SERGIO VALE, economista-chefe da MB Associados
O Banco Central vem demorando para aumentar a taxa básica de juros (Selic), mesmo com a
inflação se mantendo em um nível preocupante, o que pode custar caro ao país mais à frente. É o
que ressalta o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. No entender dele, isso só
demonstra que a autoridade monetária está confortável em trabalhar com uma meta inflacionária
informal de 5,5% e não de 4,5% ao ano, como foi definido pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN).
Com esta previsão de 5,7% de inflação em 2013 de crescimento de 3,1%, o BC deixa a
entender que não deverá elevar os juros como deveria?
Ao anunciar projeção de inflação de 5,7% para este ano, o Banco Central deixa a percepção é de
que está atrasado para subir a taxa Selic. Esse atraso apenas aumenta as expectativas não
apenas para 2013, mas para os anos seguintes, pois sinaliza que a instituição está confortável
com
níveis próximos de 5,5%. Esse número está na cabeça de todo mundo como a verdadeira meta de
inflação hoje. O perigo de atrasar ainda mais a decisão de aumentar os juros é a meta de inflação
subir mais um pouco, para 6%.
Qual o fator do relatório de inflação que o senhor considera mais preocupante e que poderá
espantar os investidores?
O fato de a expectativa de inflação ter subido quase um ponto percentual de um relatório para o
outro e o BC praticamente não mudar o tom. Pelo contrário, a autoridade monetária continua
insistindo que a inflação tende a passar logo, que são problemas que não vão ocorrer mais, como
câmbio, aumento forte de salários e de alimentos. O problema é que os pontos relevantes foram
praticamente deixados de lado. Um indicador importante, como a difusão (total de produtos e
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
serviços com preços remarcados), que está em mais de 75%, foi praticamente relevado às traças
no documento.
23.
Brasil tem a 6ª maior economia
Brasil passa Reino Unido e é 6 maior economia
O Globo - 07/03/2012
PIB atinge US$ 2,48 tri, acima dos US$ 2,26 tri dos britânicos. No 4 trimestre, crescimento do país
fica apenas em 28 lugar
Paulo Justus
Apesar do fraco desempenho registrado em 2011, inferior ao de outros países emergentes, o
Brasil ultrapassou o Reino Unido e pulou do sétimo para o sexto lugar entre as maiores economias
no mundo. Convertido em dólares, o PIB brasileiro chegou a US$ 2,48 trilhões no período, acima
dos US$ 2,26 trilhões alcançados pelo Reino Unido - que avançou apenas 0,8% no ano passado.
O ranking, segundo o banco WestLB, continua sendo encabeçado pelos Estados Unidos, com US$
15,32 trilhões, seguido pela China, com US$ 7,42 trilhões.
- Estamos próximos da França, que ocupa a quinta posição e teve um PIB 12% maior que o Brasil
no ano passado, com US$ 2,78 trilhões - disse o estrategista-chefe do banco, Luciano Rostagno,
responsável pela conversão dos PIBs em dólares.
Ele acredita que o país deve ultrapassar a França em 2015, estimativa semelhante à do FMI. Isso
considerando que o Brasil cresça 3,5% este ano, 4,5% no ano que vem e 5% em 2014 e 2015.
Em contrapartida, a variação do PIB francês precisa se manter entre 1,5% e 2,5% nos próximos
anos.
Resultado foi pior que o de outros emergentes
A comparação não é tão positiva para o Brasil quando se examina, não o valor monetário, mas a
variação do PIB. Por esse critério, o país ficou na rabeira do Bric (grupo que reúne Brasil, Rússia,
Índia e China) e abaixo de outros emergentes. Numa amostra com 18 economias, os 2,7%
registrados em 2011 colocam o Brasil em oitavo lugar, atrás de China (9,2%) e Índia e Peru
(ambos com 6,9%), por exemplo. Mas o país bateu as principais economias europeias, que
atravessam grave crise financeira, e os EUA (1,7%).
Já na análise que leva em consideração o desempenho do quarto trimestre de 2011 frente ao
mesmo período do ano anterior, a alta de 1,4% do Brasil o coloca em 28 lugar entre as 46
economias que já divulgaram o dado.
- Nosso PIB teve alta de 2,7%, mas a inflação ficou no teto da meta, de 6,5%. Isso mostra que
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
nossa capacidade de crescer não só está limitada, mas está se reduzindo - disse Alessandra
Ribeiro, analista da Tendências Consultoria.
Segundo ela, o mau desempenho do Brasil em relação aos emergentes mostra que o país ainda
não fez a lição de casa. Em 2011, afirmou, a economia brasileira foi, mais uma vez, puxada pelo
consumo das famílias, enquanto o desempenho dos países asiáticos refletiu uma poupança maior
e um nível mais elevado de investimento.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, as economias asiáticas ainda se
beneficiam da proximidade com a China. No caso dos países do Leste da Europa, que também
registraram crescimento expressivo, o melhor desempenho se deve à baixa base de comparação
dos anos anteriores.
- Muitos desses países europeus que tiveram crescimento alto no ano passado sofreram bastante
nos anos anteriores. A Letônia, por exemplo, que cresceu 5,8% no quarto trimestre, chegou a ter
uma queda de dois dígitos no PIB na época da crise - afirmou.
Mesmo na América Latina, o país teve um desempenho aquém do de outras economias. Neste
caso, mais uma vez, a falta de investimento fez a diferença, diz Carlos Honorato, professor da
Fundação Instituto de Administração (FIA):
- Peru e Colômbia crescem mais que o país porque fizeram as reformas do Estado e planejaram a
atuação em setores específicos. Não conseguimos ter uma visão de longo prazo.
Segundo levantamento da Austin Rating, o crescimento de 2,7% do PIB brasileiro em 2011 ficou
abaixo da média de 3,8% dos 18 países que já divulgaram o dado. No quarto trimestre, a alta de
1,4% também ficou abaixo da média de 2,5% de 46 países.
24.
Mesmo 6ª economia, Brasil continua pobre, diz
economista da Unctad
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil pedem cautela com previsão de que Brasil vai ultrapassar
Inglaterra e se tornar 6ª maior economia do mundo.
Da BBC
O Brasil continuará sendo um país pobre, mesmo com a previsão de que a sua economia vai
ultrapassar a britânica como 6ª maior do mundo, segundo o economista Joerg Mayer, da divisão
de globalização e desenvolvimento estratégico da Conferência das Nações Unidas para o Comércio
e o Desenvolvimento (Unctad, sigla em inglês).
"O país ganha um pouco de prestígio, mas, como a população brasileira é muito numerosa, a
renda média é muito mais baixa", disse o economista à BBC Brasil. "Mesmo como sexta economia
mundial, o Brasil continua pobre", afirmou.
Agnès Bénassy-Quéré, diretora do Centro de Pesquisas Prospectivas e de Informações
Internacionais, em Paris, também relativiza as projeções divulgadas nesta semana. "É preciso
muita precaução", disse a economista à BBC Brasil.
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
"O Brasil apresenta um crescimento fulgurante, pois os cálculos são feitos em dólar, que tem se
desvalorizado nos últimos anos. Não é possível dizer que esses números são definitivos", afirmou
a economista.
Para Bénassy-Quéré, o excesso de valor do real é o fator principal para a economia brasileira
ultrapassar a da Grã-Bretanha. "A moeda brasileira valorizou-se muito nos últimos anos, enquanto
a libra esterlina sofreu uma forte desvalorização. Isso faz uma diferença enorme."
Assim como o representante da Unctad, a economista francesa acredita que o cálculo mais
realista para mostrar a situação da economia brasileira atualmente deveria basear-se no PIB per
capita.
"O PIB per capita do Brasil representa apenas 25% do americano", diz Bénassy-Quéré. "Nas
projeções que fizemos, em 2050 o PIB per capita brasileiro alcançará apenas 45% do nível
registrado nos EUA."
Maré alta
Apesar da dificuldades, ambos acreditam que o crescimento da economia ajudará a melhorar os
índices sociais brasileiros a longo prazo. "Na maré alta, todos os barcos sobem", afirma BénassyQuéré. Para ela, o momento é de investir em setores estratégicos para o desenvolvimento da
sociedade brasileira.
"É preciso adotar medidas políticas que mudem dois pontos essenciais: a educação e a
poupança", diz a economista.
"Se pegarmos o nível de educação no Brasil, vemos que ele é muito baixo, com menos de 10% da
população ativa com um diploma universitário. Isso situa o país muito abaixo de China, Índia e
Rússia, por exemplo."
Sobre o risco de inflação devido ao forte crescimento da economia - destacado constantemente
pelo Banco Central na hora de aumentar as taxas de juros -, Mayer afirma que basta uma política
salarial atrelada à produtividade.
"Se os salários aumentam junto com a produção e não por causa da demanda, é possível
controlar a inflação sem mexer nas taxas de juros", explica o economista.
As projeções de que o Brasil deve ultrapassar a Grã-Bretanha como 6ª economia mundial foram
feitas pelo Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês), com sede na
Grã-Bretanha.
A previsão, que já havia sido feita por outras entidades, só poderão ser confirmadas nos primeiros
meses de 2012, quando ambos os países divulgarão o resultado do crescimento de suas
economias.
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
25.
Desaceleração da economia foi maior do que a
esperada, mas ajudou Banco Central a reduzir Selic
08/06/2012
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
A desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2011 – motivada por uma série
de medidas adotadas no período pelo governo para evitar o aumento da inflação – foi maior do
que a esperada. Além disso, apesar de a inflação de serviços ainda seguir em níveis elevados, o
conjunto de informações analisadas pelo Banco Central (BC) sugere tendência declinante da
inflação acumulada em 12 meses, em direção à meta de inflação, que em 2012 tem como centro
4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Esses fatores, de acordo com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do
BC, divulgada hoje (6), estão entre as justificativas da redução da taxa básica de juros, a Selic,
para 8,5% ao ano, o nível mais baixo já registrado desde que a atual política monetária foi
adotada, no início de 1999. A taxa básica de juros é responsável por remunerar os títulos públicos
depositados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
O Copom manteve a projeção de que não haverá reajuste nos preços da gasolina e do gás de
botijão no acumulado de 2012. No caso das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade, foram
mantidas as estimativas de reajuste de 1,5% e de 1,3%, respectivamente. Essas projeções
também levaram a autoridade monetária a considerar o cenário favorável para a redução da Selic.
Segundo o comitê, o processo de redução dos juros foi favorecido, também, pelas mudanças na
estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito,
bem como pela geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência
decrescente para a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB). Esses fatores,
diz a ata, “contribuem para que a economia brasileira hoje apresente sólidos indicadores de
solvência e de liquidez”.
De acordo com a ata, o cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa
de câmbio do dólar em R$ 2,05 e da taxa Selic em 9% ao ano. Nesse cenário, avalia o Copom, a
projeção para a inflação de 2012 diminuiu em relação ao percentual considerado na reunião de
abril, e se encontra em torno do valor central de 4,5% para a meta fixada.
No cenário de mercado, a projeção de inflação para 2012 também diminuiu e se encontra em
torno do valor central da meta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que
mede a inflação oficial do país, ficou em 0,64% em abril, ante 0,21% em março e 0,45% em
fevereiro. Em 12 meses, a inflação acumulada chega a 5,1% em abril, resultado inferior aos
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
5,24% registrados em março.
O Copom avalia que a demanda doméstica tende a melhorar, especialmente o consumo das
famílias, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda
e a expansão moderada do crédito.
Esse ambiente, diz a ata, tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda
doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política recentemente implementadas. O
comitê, no entanto, pondera que iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das
despesas do setor público. Em relação ao mercado de trabalho, o Copom avalia que, de acordo
com os dados analisados, “embora o mercado de trabalho continue robusto, há sinais de
moderação na margem”.
O cenário internacional também tem contribuído para o controle dos preços no Brasil. Segundo o
Copom, até o momento a fragilidade da economia global tem apresentado uma contribuição
“desinflacionária” para o país.
“Eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia,
e que continuam elevados os riscos associados ao processo de desalavancagem – de bancos, de
famílias e de governos – ora em curso nos principais blocos econômicos. Esses e outros
elementos, portanto, compõem um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza
muito acima do usual. Para o comitê, o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última
reunião, manteve sinais favoráveis”, diz a ata.
26.
Inadimplência já pressiona taxas
Valor Econômico - 01/04/2013
Empresas que precisaram usar crédito neste começo de ano perceberam que as taxas de juros de
quase todas as linha ficaram mais caras. No caso de pessoas físicas, dependendo do banco, quem
entrasse no cheque especial ou financiasse um carro entre janeiro e março deste ano teria igual
percepção de preços mais altos.
Os motivos: inadimplência resistente e juro futuro em alta.
Levantamento feito pelo Valor aponta que, depois de caírem em 2012, as taxas de juros das
principais modalidades de crédito oferecidas pelos cinco maiores bancos do país se estabilizaram
neste ano ou até sofreram uma leve alta. A taxa média mensal cobrada das empresas por Banco
do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander subiu até 0,5 ponto percentual do quarto
trimestre de 2012 para o início deste ano. No caso de pessoas físicas, o movimento de alta se deu
em Banco do Brasil e Santander.
Daqui para a frente, de acordo com três executivos de bancos públicos e privados consultados, a
tendência é que os cortes de taxas vistos em 2012 não se repitam. Apenas linhas como crédito
consignado, imobiliário e empréstimos a grandes empresas ainda devem passar por reduções. Por
serem modalidades que envolvem mais garantias, todos os bancos têm manifestado intenção de
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
fazer mais negócios nelas, o que acirra a concorrência.
A persistência da inadimplência e a perspectiva de elevação da taxa básica de juros da economia
estão entre os fatores mais citados pelos bancos para justificar a interrupção da trajetória de
declínio. Segundo o diretor de um banco privado, as instituições reduziram as taxas em 2012
acreditando que a inadimplência cairia de uma forma mais acentuada. Como isso não aconteceu,
a queda dos juros comprimiu os ganhos dos bancos. Por isso, as recentes remarcações.
A alta dos juros nos mercados futuros, impulsionada pela expectativa de elevação da Selic,
também já é citada como capaz de encarecer o preço do dinheiro.
Para a Caixa, o que pode permitir uma nova rodada de redução é o ganho de eficiência. "À
medida que a gente tenha sucesso [em reduzir custos e ganhar eficiência], vamos transferir isso
para os clientes", disse Márcio Percival, da Caixa.
Uma melhor análise de risco também pode mexer nos custos. "O cadastro positivo, a ser
implantado em agosto deste ano, será de fundamental importância para que os bancos possam
desenvolver uma leitura mais adequada e individualizada da qualidade de crédito", afirmou o
Santander em nota. Itaú e Banco do Brasil afirmaram que revisam de forma permanente as taxas
que cobram.
27.
Inflação é maior para quem ganha até 2,5 salários
INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS AFETA MAIS A BAIXA RENDA
Autor(es): Fernanda Nunes
O Estado de S. Paulo - 01/04/2013
Alta de alimentos impacta mais consumidor de baixa renda do que a média da população, informa
FGV
O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC - C1), indicador que mede a inflação entre a
população com renda até 2,5 salários mínimos calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi
de 6,94% em fevereiro, superior ao da média dos brasileiros, de 6,04%. A alta foi puxada pela
disparada de preços dos alimentos adquiridos por esses consumidores, que subiram mais do que
os da média da população nos últimos 12 meses. Em fevereiro, a inflação dos alimentos foi de
13,94% no IPC-C1, ante 12,29% da inflação geral, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Disponibilidade Interna (IPC - DI). A previsão é de que a desoneração de parte da cesta básica,
adotada pelo governo em março, represente um alívio para esse consumidor de baixa renda. A
desaceleração, porém, deve ser lenta, de acordo com especialistas, e não ocorrerá em menor de
três meses.
Em 12 meses, preços dos alimentos mais consumidos por quem ganha até 2,5 salários mínimos
subiram mais que os da média da população
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
O aumento dos preços dos alimentos ao longo dos últimos meses vem tirando o fôlego e
comprometendo a capacidade de compra de um grupo em especial: o consumidor de baixa renda.
Para esse segmento, base da festejada “nova classe média”, a inflação pesa mais.
O indicador que mede a variação de preços em 12 meses para as famílias com ganho mensal de
até 2,5 salários mínimos, em fevereiro, foi de 6,94%, nível superior ao da média dos brasileiros,
que registrou 6,04%.
A diferença da inflação por classe de renda ocorre, na verdade, desde julho do ano passado. A
Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calcula o índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-Ci,
a chamada inflação dabaixa renda) e o índice de PreÇOS ao consumidor - Disponibilidade Interna
(IPC-DI), vem registrando o deslocamento.
Isso acontece porque os preços dos alimentos adquiridos pelos consumidores de rendimento mais
baixo dispararam. Para a população mais pobre, 30% do salário são destinados às compras de
supermercado, enquanto para a média dos brasileiros os alimentos representam 20% das
despesas. Em fevereiro, último indicador divulgado, a inflação dos alimentos variou 13,94% no
IPC-Ci e 12,29% no IPC-DI.
A inflação para a baixa renda
• Queda
ANDRÉ BRAZ
ECONOMISTA “A tendência da inflação dos alimentos é desacelerar.
A medida do governo de desoneração da cesta básica, cedo ou tarde, terá resultado. Mas essa
desaceleração deve ser lenta.”
passou a ser mais sentida neste início de ano, com o fim de alguns programas de incentivo ao
consumo, como a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens duráveis.
Mas o maior peso vem dos alimentos e a tendência, segundo o economista André Braz, do
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre)da FGV,é que a alta de preços desseS produtos perca o
fôlego daquf pàra frente. Com isso, diz Braz* a baixa renda pode ter um alívio nos próximos
meses.
Enquanto isso, a expectativa é que o governo mire suas ações exatamente no alívio do orçamento
desse grupo de consumidores, que vem puxando o aumento do consumo das famílias na
economia. O professor da Faculdade de Economia e coordenador da Fipe Rafael Costa Lima
acredita que as medidas devem ter como foco a inflação como um todo, porém, com atenção
especial a setores que atendam à
“nova classe média”.
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Ainda assim, a avaliação do economista é que, com a renda do trabalho se mantendo em alta, o
consumo pela população de baixa renda continuará forte. “Não imagino que a inflação vai corroer
tanto o poder de com: pra dessa população”, afirmou.
Para o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Bruno Fernandes, no entanto, a
variação de preços para esse grupo de consumidores é preocupante.
Idosos. Além dos pobres, a população idosa é outro grupo que também é mais punido com a
inflação dos alimentos. O último dado disponível do IPC-3Í, que mede a inflação das famílias com
indivíduos com mais de 60 anos, mostra que, em 2012, o indicador teve alta de 5,82%, enquanto
o IPC-DI foi de 5,74%. A FGV apura a inflação dos mais idosos trimestralmente, portanto, os
resultados deste ano ainda não são conhecidos.
Braz, da FGV, diz que, na atual conjuntura os idosos sentem mais os efeitos da inflação por
consumirem mais alimentos in natura, que têm sido os vilões dos preços. O economista pondera,
no entanto, que essa alta pode ser contrabalançada pelo fato de os mais idosos sentirem menos
os efeitos do reajuste de transporte público, porque boa parte deles tem passe livre no ônibus. /
COLABOROU M.C.
28.
BB e caixa derrubam juros para estimular a economia
CORRIDA PELOS JUROS BAIXOS
Autor(es): Geralda Doca, Gabriela Valente,
O Globo - 05/04/2012
BB se antecipa à Caixa e anuncia cortes de até 78% em suas taxas. Expectativa é que bancos
privados sigam caminho
A concorrência começou no próprio governo. Quando soube que a Caixa Econômica Federal
lançaria no domingo seu pacote de redução dos juros com uma campanha publicitária no intervalo
do "Fantástico", o Banco do Brasil (BB) se antecipou e anunciou corte de até 78% em suas taxas
no início da tarde de ontem. Decidiu também divulgar o pacote, batizado de "Bompratodos", na
próxima edição do programa dominical. A propaganda do BB só iria ao ar no dia 15. O movimento
coordenado para derrubar o custo do crédito foi uma determinação da presidente Dilma Rousseff
para impulsionar o crescimento do país, como antecipou O GLOBO em fevereiro.
- O Banco do Brasil optou por ser pioneiro na redução dos juros - disse o vice-presidente de
Atacado, Paulo Caffarelli, que aposta que o comportamento do banco terá impacto no mercado.
Em comunicados divulgados ontem depois do anúncio dos cortes pelo BB, o Itaú Unibanco
informou que está analisando o cenário para decidir se irá ou não reduzir juros. Já o Bradesco
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
afirmou que "avalia a possibilidade de redução" de suas taxas, enquanto o Santander disse em
nota que "vem reduzindo as taxas de juros de seus produtos, nos últimos meses".
Segundo interlocutores do governo, os estudos apontam que a tacada nos juros vai reduzir os
ganhos dos dois bancos em mais de R$ 2,5 bilhões por ano. No BB, os juros do financiamento de
veículos, por exemplo, caíram de no mínimo 1,24% ao mês para 0,99% ao mês. Quem recebe
salário pelo banco terá juros de 3% ao mês no crédito rotativo do cartão. A taxa anterior chegava
a 13,62%.
O BB também lançou linhas específicas para estimular o consumo. O juro médio será reduzido em
45% na aquisição de eletroeletrônicos, materiais de construção, serviços de turismo,
equipamentos de informática e outros bens e serviços.
A Caixa só divulgará o pacote de medidas na segunda-feira mas, segundo fontes, os cortes serão
ainda mais ousados. Quem recebe salário pelo banco - por exemplo, boa parte dos funcionários
públicos - poderá pagar juros de apenas 1,30% ao mês no cheque especial. No cartão de crédito,
a taxa cairá de 12,86% para 5,98%.
O alvo do BB são os 31 milhões de pessoas que recebem seus salários por outras instituições;
17,8 milhões de aposentados que não têm relacionamento com o banco e ainda 50 milhões de
clientes da chamada nova classe média que tendem a consumir cada vez mais serviços bancários.
A expectativa é atingir 69 milhões de pessoas. O BB aumentará em R$ 26,8 bilhões os limites de
crédito para micro e pequenas empresas e em R$ 16,3 bilhões os limites para pessoas físicas.
Para especialistas,
taxas são insustentáveis
Apesar da determinação do Palácio do Planalto de usar os bancos públicos para forçar queda nos
spreads (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final), dentro do
próprio governo há dúvidas de que as duas instituições terão fôlego para segurar empréstimos tão
baratos por muito tempo, caso haja uma corrida para eles. Há também preocupação com o risco.
Para o economista Roberto Troster, as novas taxas para cheque especial e cartão são
insustentáveis a longo prazo. Ele lembrou que, em fevereiro, a taxa média anual do cheque
especial da Caixa estava em 140% ao ano e com a mudança, ficará em 15% (para quem recebe
pelo banco).
Segundo Carlos Coradi, presidente da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, os acionistas
do BB vão começar a reclamar quando virem minguando o lucro do banco, que tem ficado no
patamar do setor privado. Caffarelli, do BB, nega que haverá recuo nos ganhos, já que conta com
elevação da base de clientes.
Para especialistas, os cortes podem levar a uma redução de juros em outros bancos, mas ainda
não há espaço para um movimento de quedas acentuadas das taxas no país.
- O ideal seria se baixasse os juros do crédito para todos os clientes, mas se for só para quem tem
salário no banco é como se fosse consignado - diz Miguel Oliveira, economista da Associação
Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac).
Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, observa que os juros tendem a cair de qualquer
forma, já que a Selic, que está em queda, deve fechar o ano em 9%. Basta a inadimplência, que
era superior a 7% em fevereiro, ceder.
Após o anúncio dos cortes, as ações do BB despencaram 5,91%, a maior queda do Ibovespa,
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
índice de referência da Bolsa, que recuou 1,18%. Também afetaram as ações do setor bancário
como um todo, com quedas nas ações preferenciais (PN, sem voto) de Itaú Unibanco (3,08%) e
Bradesco PN (2,52%). As do Santander caíram 1,79%.
29.
OCDE indica que Brasil vai crescer abaixo da tendência
OCDE prevê crescimento no mundo mas em ritmos diferentes
RFI
Os últimos dados dos indicadores avançados da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicados hoje e referentes a janeiro,
confirmam que os países ricos caminham para a retomada do crescimento,
especialmente a Alemanha. Já o crescimento do Brasil, que não faz parte da entidade,
deve continuar ligeiramente abaixo da tendência.
No quadro geral, o índice de indicadores da atividade econômica dos 34 países da OCDE subiu
para 100,4 em janeiro, 0,1 ponto percentual acima do índice de dezembro. Dados acima de 100
demonstram uma tendência superior à esperada anteriormente, portanto os dados indicam
crescimento econômico "firme", na análise da organização, baseada em Paris.
O índice para o Brasil – que é analisado mesmo sem ser membro – permaneceu em 99,4 em
janeiro. A China e a Índia, por sua vez, registram um crescimento bem menos acelerado do que
as previsões.
Na zona do euro, a Alemanha apresentou a melhor performance, com avanço de 99,2 para 99,6
pontos. França e Itália, segunda e terceira economias do bloco, a economia permanece estável,
porém sem tendência de crescimento. Já o Reino Unido “se aproxima da sua tendência a longo
prazo, mas num ritmo lento”, conforme a OCDE.
A avaliação dos economistas é de que os números comprovam o fim do deterioramento da
situação, mas indicam que os europeus só devem registrar verdadeiro crescimento a partir de
2014. Fora da zona do euro, os Estados Unidos e o Japão demonstraram a continuidade do
crescimento.
30.
A crise europeia e o Pibinho do Brasil
Mercado vê Pibinho de 1,9% em 2012
Autor(es): VICTOR MARTINS ROSANA HESSEL VERA BATISTA
Correio Braziliense - 17/07/2012
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
Enquanto espanhóis saem às ruas e chamam de "assalto" o corte de benefícios pelo governo de
Rajoy, no Brasil analistas de mercado refazem as contas e reduzem de 2,01% para 1,9% a
previsão de crescimento do país. No dia a dia, brasileiros começam a sentir no bolso os efeitos da
crise global: medo de calote leva concessionárias a exigir entrada de 60% no financiamento de
veículos.
Pela 10ª semana seguida, analistas cortam projeção para o avanço do Produto Interno Bruto. Se
confirmado, será o pior resultado desde 2009. Apesar do fraco ritmo da atividade, inflação
continuará corroendo o poder de compra das famíliasNotíciaGráfico
O pessimismo está cada vez maior. Para desespero do governo, o mercado financeiro refez as
contas e cortou, pela 10ª semana seguida, a projeção de crescimento da economia para 2012, de
2,01% para 1,9%. Foi a primeira vez que as previsões para 2012 ficaram abaixo de 2%. Mais do
que nunca, segundo especialistas, está claro que o efeito da crise mundial será maior do que o
estimado pelo Banco Central, que, até três meses atrás, acreditava que o impacto das
turbulências internacionais na economia brasileira seria de um quarto do observado em 2008.
Será muito maior. E, pior: já compromete o ano de 2013. Tanto que as estimativas de avanço da
atividade também recuaram, de 4,5% em agosto do ano passado para 4,1% ontem.
"Infelizmente, a realidade está falando mais alto. A falta de confiança dos consumidores e,
sobretudo, dos empresários, está minando a economia brasileira. Teremos, em 2012, o pior
resultado desde 2009, quando o Brasil afundou na recessão", admitiu um técnico da equipe
econômica. O BC constatou, porém, que nem tudo está perdido. Em maio último, a queda de
0,02% na prévia do PIB calculado pela instituição só não foi maior graças à reação esboçada no
Centro-Oeste e no Nordeste, regiões que cresceram, respectivamente, 1,2% e 0,3% no período.
Essas economias estão sendo puxadas pelo aumento da massa salarial, pelo consumo de serviços
e de bens duráveis e pela ligeira recuperação do agronegócio.
"A economia do Centro-Oeste está sendo impulsionada pelo setor agroindustrial, que predomina
em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e em Goiás. A região ainda tem peso grande do setor
público por conta do Distrito Federal", explicou Júlio Myragaia, coordenador da Comissão de
Política Econômica do Conselho Federal de Economia. Ele lembro ainda que Brasília, por ter 55%
do seu PIB determinado pelo funcionalismo público, é menos afetada pela crise. "Quem está
sofrendo mais com a desaceleração mundial é a indústria, e isso é uma coisa favorável para o DF
e para o Centro-Oeste. O setor tem peso de apenas 2% no PIB da região", observou.
Problemas
Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, endossou: "A alta dos preços da
soja e do milho deram sustentação à renda no interior do país". Na sua avaliação, a crise é mais
visível na indústria porque o setor está mais exposto ao comércio exterior. "Mas isso não quer
dizer que os problemas estão restritos às fábricas. Outros segmentos da economia começam a dar
sinais de fraqueza", disse. Nos cálculos dele, o PIB brasileiro, diante do quadro de desaceleração,
deve terminar o ano com crescimento de 1,5%. Para Mauro Schneider, economista-chefe do
Banco Banif, o avanço será de, no máximo, 1,7%.
Pelos números do BC, a maior economia do Brasil, São Paulo, amargou, em maio, retração de
0,66%, mês em que a indústria nacional — concentrada majoritariamente no estado — demitiu
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
1,7% dos funcionários e diminuiu a produção em 4,3% na comparação com igual período do ano
passado. Apenas as fábricas paulistas encolheram 6,9% nessa mesma base de comparação. Minas
Gerais também sofreu os efeitos da crise e teve seu PIB dilapidado em 2,43% devido,
principalmente, à menor produção de carros da Fiat e à diminuição do ritmo dos fornos da
Usiminas.
Apesar da fraca atividade do país e das perspectivas ruins, a inflação, mesmo em nível tolerável,
se mantém resistente. Mauro Schneider explicou que o custo de vida no país é elevado por causa
da enorme quantidade de contratos corrigidos pela inflação passada. Em média, 30% do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência pelo governo, vêm desses contratos,
incluindo as tarifas públicas. "Outro problema é a redução da oferta. Enquanto a indústria se
retrai, o consumo continua forte, mesmo que em bases menores que a observada recentemente",
assinalou. Para 2012, o mercado estima um IPCA de 4,87%. Em 2013, a estimativa é de alta de
5,50%.
Essa resistência da inflação, num quadro de baixo crescimento, está ressuscitando entre os
especialistas o debate sobre a possibilidade de o Brasil enfrentar o que chamam de estagflação.
Ou seja, a combinação de fraco avanço do PIB com elevados índices de preços. "Esse temor tende
a aumentar nos próximos meses, principalmente devido à quebra na safra de soja e de milho dos
Estados Unidos, que já está forçando a alta dos preços desses produtos, base da cadeia
alimentar", destacou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal.
Ele ressaltou que esse risco se potencializa quando o crescimento dos países emergentes perde
fôlego, como agora. "Ainda vamos ouvir falar muito nessa palavra, estagflação. Os preços das
commodities agrícolas (produtos com cotação internacional) vinham caindo, mas, com a quebra
da safra dos EUA, ocorreu uma inversão, o que é bastante preocupante, pois a economia global,
principalmente a europeia, está à beira de uma recessão", completou Leal. "Os alimentos vão ficar
mais caros, pois ninguém deixa de comer. Agora, a produção industrial continuará desacelerando
se a crise na Europa perdurar."
Desânimo
Com a enxurrada de notícias ruins, o Brasil caiu da segunda para a oitava posição no ranking
mundial de otimismo entre os empresários. Segundo a pesquisa International Report (IBR) 2012,
da Consultoria Grant Thornton , 61% dos executivos brasileiros têm boas expectativas para os
próximos 12 meses contra os 86% registrados no primeiro trimestre do ano. Situação contrária
ocorreu com o otimismo global, que subiu quatro pontos percentuais, de 19% para 23%.
Segundo Fábio Luís de Souza, da Grant Thornton, com a continuidade da crise internacional, o
empresariado brasileiro começa a sentir os efeitos dos cortes de investimentos e da fragilidade do
consumo, já que as famílias estão muito endividadas e o governo não consegue executar seus
projetos a contento. "As perspectivas não são mais animadoras, com a confirmação de um
crescimento modesto do PIB e as políticas de incentivo do governo focadas no consumo e não no
investimento produtivo", afirmou.
Na América Latina, o nível de otimismo caiu 20 pontos percentuais, de 73% para 53%. Na
América do Norte, subiu de 47% para 52%. E, no Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul), manteve-se em 41%. Na Zona do Euro, melhorou dois pontos, mas continuou negativo (2%). Espanha é o país com maior grau de pessimismo: -66%, seguida de Grécia (-58%), Holanda
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Banco do Brasil 2013
(-46%) e Japão (-41%). Segundo o estudo, entre os mais otimistas estão os empresários do Peru
(96%), do Chile (90%) e do Canadá (70%).
31.
Economia: Em marcha lenta, Brasil perde posto de sexta
economia mundial
José Renato Salatiel
UOL
Guido Mantega, ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, ocupou o mesmo cargo, bem
como o de ministro do Planejamento no governo Lula
Em um ano de crescimento em ritmo lento, o Brasil perdeu para o Reino Unido o sexto lugar no
ranking das maiores economias do mundo. O desaquecimento da economia brasileira é resultado
da crise internacional, que afetou os Estados Unidos e a União Europeia.
Nas últimas décadas, a estabilidade econômica fez com que o Brasil fosse um dos países que mais
subissem no ranking das maiores economias mundiais. Em meio à crise que atingiu as nações
europeias, o país ultrapassou a Itália e se tornou a sétima maior economia em 2010. No final do
ano passado, superou o Reino Unido e assumiu a 6a posição do ranking, liderado por Estados
Unidos, China, Japão, Alemanha e França.
Este ano, porém, a queda do PIB (Produto Interno Bruto) e a desvalorização do real perante o
dólar causaram a queda de colocação. Segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), que elabora a
lista, somente em 2016 o Brasil poderá reassumir o posto ocupado pelos britânicos, em razão,
principalmente, da taxa de câmbio.
Isso acontece porque o levantamento é feito com base no PIB nominal – a soma de todas as
riquezas de um país – convertido em dólar. O real tem hoje uma desvalorização aproximada de
12% em relação ao dólar, enquanto a libra esterlina (moeda inglesa), atingiu uma valorização de
quase 4%.
A desaceleração da economia foi outro fator preponderante para o rebaixamento. Dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontaram, em novembro, um aumento de apenas
0,6% da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período no
ano anterior.
O fraco desempenho fez com que o mercado revisse as projeções iniciais de crescimento de 4,5%
para somente 1,2% este ano, índice inferior ao de muitos países europeus em crise e abaixo da
média de 3,1% estimada para a América Latina.
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Tal situação foi provocada pela recessão na Europa e desaceleração econômica nos Estados
Unidos e na China, cujos efeitos atingiram o setor de produção e os investimentos na indústria
brasileira.
Nos países desenvolvidos, a crise gera desemprego, reduz o consumo e diminui o valor de
commodities (produtos em estado bruto, como café e petróleo), o que gera impactos nas
exportações brasileiras e na produção nacional. Os investimentos, por sua vez, também são
reduzidos, pois esses países em dificuldades financeiras precisam redirecionar recursos para cobrir
os prejuízos nas contas domésticas.
Para 2013, o Governo Federal e o Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe)
projetam um crescimento econômico de 4%, enquanto analistas do mercado financeiro, mais
cautelosos, apontam 3,4%. Mas isso dependerá da melhoria na economia internacional.
Zona do Euro
As expectativas para a economia mundial em 2013, no entanto, não são das melhores. A Europa e
os Estados Unidos devem continuar em lenta recuperação de suas finanças, segundo analistas.
Em 2012, a Zona do Euro, formada por 17 países que adotaram a moeda única, entrou
oficialmente em recessão econômica. Este termo significa que houve uma retração na atividade
econômica, com queda na produção, maiores taxas de desemprego e perda do poder aquisitivo da
classe média.
Há um consenso de que uma economia entra em recessão após dois trimestres seguidos de
redução no PIB. Foi o que aconteceu na Europa, que registrou no terceiro trimestre deste ano
uma queda de 0,1%, seguindo a tendência do segundo trimestre, que apresentou contração de
0,2% na economia.
A recessão na Zona do Euro foi causada pela crise das dívidas públicas. Os gastos públicos dos
países europeus, que já eram altos antes da crise de 2008, tornaram-se insustentáveis quando os
governos tiveram que “injetar” trilhões de dólares no mercado para evitar a falência dos bancos.
Depois, para equilibrar as contas, tiveram que apelar para pacotes econômicos que incluíram o
corte de benefícios sociais e aumento de impostos. As indústrias tiveram que demitir, aumentando
o número de desempregados.
Agora, se as contas não forem balanceadas, a dívida pública de metade dos 27 países que
compõem a União Europeia (UE) será o correspondente a 60% do PIB dessas nações em 2014,
segundo um relatório divulgado recentemente por especialistas da Comissão Europeia.
Emergentes
Já nos Estados Unidos, que ainda sentem o efeito da crise, democratas e republicanos tentam
chegar a um acordo para evitar o abismo fiscal no primeiro dia de 2013. Abismo fiscal é uma série
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Banco do Brasil 2013
de medidas previstas, como cortes de gastos e de tributos, que, caso sejam efetivadas, podem
levar o país a um novo período de recessão.
Nesse cenário global, os chamados emergentes, que ganharam destaque ao continuarem
crescendo em meio à crise de 2008, agora também passam por dificuldades. É o caso, além do
Brasil, da China, que terá em 2012 o pior desempenho em três anos – aumento de 7,4% no PIB,
a metade de três décadas atrás, mas ainda excepcional se comparado ao de outros países.
Entender essas mudanças na economia mundial é importante porque elas influenciam movimentos
políticos que, por sua vez, geram transformações sociais.
32.
Brasil e UE tentam acelerar investimentos
Valor Econômico - 01/04/2013
José Durão Barroso já informou a presidente Dilma sobre quem integrará o lado europeu da
comissão
A União Europeia (UE) e o Brasil estão acelerando a implementação de um comitê de ministros
para reduzir entraves e promover investimentos e competitividade nos dois lados. A iniciativa foi
acertada na cúpula UE-Brasil, em fevereiro em Brasília, e não é por acaso que tem nível
ministerial, conforme negociadores. Pelo menos no papel, o objetivo é tomar decisões concretas,
em sintonia com empresários europeus e brasileiros.
Algumas decisões para estimular negócios podem ocorrer ou ser sugeridas na cúpula que ocorrerá
neste ano em Bruxelas.
O presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso, enviou carta à presidente Dilma Rousseff
informando que os representantes europeus no grupo serão o vice-presidente da comissão e
comissário de Indústria, Antonio Tajani; o comissário de Comércio, Karel de Gucht; e a comissária
para Ciência, Pesquisa e Inovação, Màire Geoghegan-Quinn. O Brasil está ultimando sua escolha.
A UE tem pressa. Um estudo da Comissão Europeia concluiu que 90% do crescimento econômico
global deve ser gerado fora de seus 27 países membros, até 2015.
A UE é o principal parceiro comercial do Brasil. É também o maior investidor no país com estoque
de mais de € 180 bilhões, mais que todos os investimentos europeus somados na China, Índia e
Rússia. Por sua vez, o estoque de investimentos diretos brasileiros nos países da UE superam os €
67 bilhões, transformando o Brasil no quinto maior investidor no bloco.
Conforme os europeus, existe crescente interesse em estabelecer ou ampliar a presença no Brasil,
inclusive por parcerias público-privadas. E há foco em crescente competitividade de empresas
brasileiras no mercado europeu.
Enquanto os europeus reclamam de problemas burocráticos que causam protecionismo, o lado
brasileiro aponta questões de regras de concorrência não escritas ou sobre ajuda do Estado para
inovação e tecnologia, que são complicadas e dificultam empresa brasileira instalada na UE a ter
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
aceso aos programas.
Estudo de três especialistas do Centre for European Policy Studies, Daniel Gross, Cinzia Alcidi e
Alessandro Giovannini, examina o interesse estratégico da Europa e o potencial da economia
brasileira, e sugere que Brasília e Bruxelas busquem nova iniciativa econômica bilateral. Como o
Brasil não pode negociar acordos comerciais clássicos sem o Mercosul, a ideia seria de brasileiros
e europeus aprofundarem outros temas, como facilitação de comércio e para investimentos
diretos brasileiros na Europa em crise.
Para Luigi Gambardella, presidente da UEBrasil, entidade que procura reforçar os vínculos
bilaterais, o Brasil tem também um interesse vital em aprofundar sua parceria econômica com a
Europa para não ficar isolado pelo lançamento da negociação UE-Estados Unidos e pelo avanço do
Acordo Comercial Transpacífico (TPP) que reune EUA, Japão, Austrália, Chile, Malásia, Nova
Zelândia, Peru, Cingapura, Vietnã e outros. "Esses países estão entre os clientes brasileiros mais
importantes e o Brasil não pode correr o risco de ser bloqueado por essas novas grandes
iniciativas bilaterais."
33.
O fim da era Lula na economia
Autor(es): Tony Volpon
Valor Econômico - 03/05/2012
Acabou a mais recente "época de ouro" da economia brasileira? Depois de dez anos de
desempenho surpreendente, há hoje muitas dúvidas sobre as perspectivas para os próximos anos.
O governo certamente não concordaria com qualquer avaliação mais pessimista, mas o recente
frenesi de medidas mostra que os ocupantes de Brasília estão preocupados.
A preocupação com o crescimento não é novidade. Desde agosto do ano passado o Banco Central
(BC) tem proporcionado estímulo monetário; e a, na época, muita criticada decisão de iniciar um
ciclo de cortes de juros agora parece acertada.
A estratégia adotada naquele momento foi bastante ortodoxa, enfatizando o afrouxamento
monetário com política fiscal austera. Mas, recentemente, temos assistido a uma quase avalanche
de medidas pontuais, direcionadas aos dois setores que mais preocupam: indústria e o mercado
de crédito. O governo parece finalmente entender que o Brasil enfrenta fatores estruturais e
domésticos que impedem um crescimento mais vigoroso. Que esses se manifestarão e foram
potencializadas durante uma severa crise internacional não deveria ser nenhuma surpresa:
deficiências estruturais sempre ficam mais evidentes em momentos de piora conjuntural.
Novo paradigma de crescimento tem que mudar a relação investimento, consumo e poupança
Os problemas da indústria têm sido explicados basicamente pela valorização contínua do real
nesses últimos anos, mas essa é uma explicação parcial. Comparando os períodos pré e pós-crise,
vemos que antes da crise, e apesar da forte valorização cambial, a indústria estava em franca
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expansão e investindo pesadamente. Depois da crise a história é outra, com fraco desempenho,
baixos investimentos e queda de produtividade. A razão para esse desempenho distinto se
encontra não nos movimentos do dólar, mas sim em dois fatores do período pós-crise.
Primeiro, enfrentando um mundo com baixo crescimento, as grandes potências industriais hoje
varrem o globo procurando onde vender e acharam um mercado convidativo no Brasil. Isso na
verdade não tem nada a ver com o mercado cambial, sendo um ajuste esperado nos competitivos
mercados de bens internacionalmente transacionáveis.
O segundo fator que tem debilitado a nossa indústria tem sido o aumento contínuo no custo da
mão de obra. De fato percebemos que o aumento do custo unitário de trabalho acelerou no
período pós-crise. Forçado a contratar em um mercado de trabalho apertado pela demanda do
setor de serviços e políticas salariais expansionistas, a indústria perdeu a corrida entre aumento
de custos e produtividade. Mais do que uma "guerra cambial", o Brasil enfrenta e perde uma
"guerra laboral".
Encarando a fortíssima concorrência de um lado e o aumento da folha de pagamento do outro, a
indústria vê suas perspectivas piorarem e, por instinto de sobrevivência, corta custos, incluindo
investimentos. Isso coloca a indústria em um círculo vicioso e autodestrutivo dado o impacto que
isso tem sobre sua produtividade.
Igualmente preocupante é a dinâmica no mercado de crédito. Aqui o problema é claro: o ainda
altíssimo custo na ponta do tomador. Depois de cair por muito tempo, o custo do crédito ao
consumidor tem ficado relativamente estável desde 2009. É verdade que o sistema enfrenta o
aumento da inadimplência nesse momento. Apesar das condições favoráveis do mercado de
trabalho, o consumidor chegou ao limite prudente de endividamento. Empurrar mais crédito goela
abaixo da pessoa física não vai resolver nada.
A questão da indústria e do mercado de crédito mostra que o que podemos chamar de "modelo
Lula" de crescimento chegou a sua exaustão. Esse modelo procurou acelerar e multiplicar os
ganhos de riqueza que começaram dez anos atrás com a forte alta de preço das nossas
exportações devido ao crescimento espetacular da China. Os mecanismos foram privilegiar ganhos
salariais e o aumento do crédito, assim expandindo a renda e o consumo. Por muitos anos o
modelo teve sucesso exemplar, mas fica evidente que nos próximos anos os resultados não serão
os mesmos.
Das medidas anunciadas até agora pelo governo algumas, como desoneração da folha, vão na
direção certa, e outras, de cunho protecionista, na direção errada. Mas o seu conjunto, e nisso
incluímos a queda na taxa de juros e a alta do dólar pela atuação do BC, nos parece insuficiente
para mudar a dinâmica estrutural negativa que enfrentamos. Elas podem somente se justificar
como uma ponte para mudanças mais profundas, porque o que precisamos é efetivamente um
novo modelo.
O que poderia ser um novo modelo? Acreditamos que qualquer novo paradigma de crescimento
tem que mudar de forma significativa a relação investimento-consumo-poupança. Basicamente
continuamos a investir e poupar pouco e consumir muito, e há sim uma escolha a ser feita nessa
relação: nem todo o consumo "puxa" investimento e poupança.
Para tal nossa política econômica tem que caminhar em duas direções novas. Primeiro temos que
parar de querer sempre redobrar a aposta que mais consumo resolve tudo. Também temos que
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parar de confundir crédito com poupança. A falência do modelo atual reside essencialmente na
triste verdade que uma ênfase exagerada em aumentar a demanda pode destruir a oferta. Menos
consumo e mais produtividade deve ser o novo mantra.
Segundo, temos que identificar novas fontes de poupança doméstica. Está mais do que claro que
a estrutura do nosso Estado de bem-estar social milita contra a formação de poupança doméstica.
Devemos, politicamente, debater até que ponto vale a pena a troca entre crescimento e
segurança social. Mas devemos também perceber que ainda existe dentro da economia um
agente que poderia contribuir com mais poupança: o próprio Estado. Diminuído seu consumo e
assim liberando recursos para investimentos públicos e privados, o Estado poderia dar forte
contribuição para levar a economia a um novo equilíbrio. Tal mudança pode, a nosso ver, ser feita
sem comprometer os avanços sociais desses últimos anos. Basta nossos governantes terem
vontade e visão política para tal.
Tony Volpon é diretor do Nomura Securities International, Inc.
34.
Para Brasil crescer, Dilma acena com política 'proativa'
Autor(es): Por Assis Moreira | De Hannover
Valor Econômico - 07/03/2012
O governo brasileiro terá "posição proativa" para ampliar cada vez mais a taxa de crescimento do
país de forma sustentável, disse ontem a presidente Dilma Rousseff em conversa com a primeiraministra alemã, Angela Merkel, em meio a novos indicadores de deterioração da economia global.
Enquanto Dilma falava, empresários acompanhavam as notícias sobre o desempenho do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro, que cresceu apenas 2,7% em 2011, sobre o declínio de 0,3% do
PIB da zona do euro no quarto trimestre de 2011, por causa de menos gastos das famílias,
investimentos e exportações, além de redução da estimativa de crescimento da China para 7,5%
neste ano.
A presidente brasileira aproveitou a rápida entrevista à imprensa para voltar a culpar a crise nos
países desenvolvidos pela diminuição da expansão econômica agora também nos emergentes.
"Manifestei à chanceler Merkel a preocupação do Brasil com a expansão monetária que vem
ocorrendo por parte dos países desenvolvidos, que provoca desvalorização das moedas, e que nós
consideramos bastante adverso para o comércio internacional do Brasil", afirmou Dilma, que no
dia anterior ouvira Merkel por sua vez mencionar "protecionismo unilateral".
Quando um jornalista alemão perguntou se Dilma tinha dado garantias de que não iria continuar o
protecionismo, a presidente abordou o aumento do IPI nos carros importados: "Eu queria
assegurar que diante da valorização das moedas de forma artificial, o Brasil tomará todas as
medidas que não firam as disposições da Organização Mundial do Comércio para evitar a
desindustrialização da economia brasileira."
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A chanceler alemã reiterou que as megaoperações de liquidez na Europa são para dar tempo para
a zona do euro fazer reformas e insistiu que o objetivo não é causar instabilidade e que espera
discutir os desequilíbrios da economia mundial na reunião de cúpula do G-20 no México, em
junho.
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou que o decreto com o novo regime
tributário do setor automotivo, concedendo prazo maior para montadoras estrangeiras instalarem
fábricas no Brasil, está agora com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a expectativa é de
que seja logo assinado. Pimentel confirmou que o decreto vai reduzir gradualmente o IPI para as
montadoras que se instalarem no país.
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2. NOÇÕES GERAIS DE ATUALIDADES DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL – PROF. EDGAR ABREU.
35.
Bancos têm de oferecer serviços gratuitos; conheça este
e outros direitos
Aiana Freitas
Fonte: Do UOL, em São Paulo – 28/03/2012
Abrir conta no banco é algo cada vez mais corriqueiro na vida do consumidor brasileiro. Conhecer
o que pode ou não ser cobrado, porém, é fundamental neste início de relacionamento para que o
consumidor não acabe gastando mais do que o necessário com a conta.
"Muita gente acaba pagando por serviços que não usa, principalmente as pessoas mais humildes,
que não têm acesso a informação", diz o advogado especializado em direito bancário Alexandre
Berthe. "É preciso monitorar sempre o extrato da conta", sugere.
Todos os consumidores têm, por exemplo, direito a uma quantidade mínima de serviços gratuitos,
como determina o Banco Central. Entre eles estão o fornecimento de um cartão de débito, a
realização de até quatro saques mensais e a retirada de dois extratos.
"Dependendo do uso que o consumidor faz da conta, esses serviços podem ser suficientes, e ele
não precisa contratar um pacote de tarifas", diz a assessora técnica do Procon de São Paulo Edila
Moquedace.
Conta-salário permite transferência sem cobrança
Trabalhadores contratados pelo regime da CLT e funcionários públicos também podem optar por
ter uma conta-salário. Essa conta é vantajosa para quem já tem conta em banco, mas precisa
abrir outra numa instituição diferente só para receber o salário pago pela empresa. Se ele abrir
uma conta-salário, poderá transferir o valor recebido sem pagar nenhuma tarifa.
A portabilidade de crédito é outro direito pouco exercido pelo consumidor, segundo os
especialistas. Ela prevê que quem tem algum tipo de financiamento com um banco (empréstimo
pessoal, financiamento de carro ou imóvel, por exemplo) possa transferir essa dívida para outra
instituição que ofereça melhores condições de juros e prazos, sem que precise pagar por esta
transferência.
Teste mostra que faltam informações em bancos
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Um teste feito recentemente pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) comprovou
como o início de relacionamento do cliente com o banco pode ser conturbado.
Em dezembro de 2011, voluntários do instituto abriram contas em agências de seis bancos (Banco
do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú Unibanco e Santander) e avaliaram as
informações dadas aos novos clientes.
Os bancos foram reprovados em vários quesitos. Nenhum deles informou, espontaneamente,
sobre a existência dos serviços gratuitos aos consumidores e todos concederam cheque especial
sem o cliente ter solicitado.
"O que parece é que os bancos não tomam o cuidado necessário para manter a base de
funcionários informada sobre o que deve ser feito", diz o gerente de testes e pesquisas do Idec,
Carlos Thadeu de Oliveira. "Não podemos dizer que eles agem de má-fé, mas o fato é que
ganham dinheiro com isso."
Procurados pela reportagem, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC informaram que
seus funcionários são orientados a dar as informações completas aos clientes. Os demais bancos
não enviaram resposta.
Bancos lideram listas de reclamações
Em 2011, pela primeira vez em 12 anos, os bancos passaram as empresas de planos de saúde
como o setor que mais teve reclamações no Idec. Também em 2011, o banco Bradesco ficou no
topo da lista de queixas do Procon-SP, superando a Telefonica, que liderava a lista havia seis
anos.
Para a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o aumento das queixas se deve "à elevação da
base de clientes das instituições financeiras, ao maior grau de exigência dos clientes e ao
crescimento no consumo de produtos como cartões de crédito"
36.
Governo torna permanente instrumento de captação de
bancos menores
Fonte: O Valor - Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves | 26/07/2012
BRASÍLIA - O Conselho Monetário Nacional (CMN) criou uma modalidade permanente de
Depósitos a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Crédito (DPGE), além de
diminuir os custos e dobrar o valor que pode ser emitido por meio desse instrumento.
O DPGE é uma modalidade de depósito a prazo com garantia especial do FGC criada na crise de
2009 para socorrer bancos de menor porte. Com medo de quebra desses bancos, muita gente
correu para os bancos grandes, gerando problemas de liquidez nas instituições de menor porte.
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Diante disso, o CMN criou, na época, o DPGE, que garante depósitos de até R$ 20 milhões por
depositante.
Esse instrumento tinha data para acabar em dezembro de 2015, mas agora será permanente,
segundo Maurício Moura, consultor da diretoria do Banco Central. Para isso, porém, suas regras
foram reformuladas. Somente essa nova modalidade, chamada de DPGE II, poderá ser emitida a
partir de 2016.
A medida vem em um momento que os bancos de menor porte estão com dificuldades para
captar recursos no mercado, mas dessa vez por causa de fraudes que foram encontradas em
alguns deles, como no Banco Cruzeiro do Sul, que está sob intervenção especial do BC.
A resolução aprovada nesta quinta-feira pelo colegiado abre a possibilidade de que a instituição
emissora do DPGE faça alienação fiduciária de recebíveis em favor do Fundo Garantidor de Crédito
(FGC). Essa nova modalidade é que é chamada de DPGE II. O título com a regras antigas (sem
alienação) é chamado de DPGE I.
O Banco Central, que faz parte do conselho, explicou que a medida reduz o risco do FCG e, por
isso, permite diminuir a contribuição das instituições financeiras ao fundo. O percentual cai de 1%
para 0,3% ao ano sobre o volume desses depósitos, quando houver a alienação de recebíveis. Os
DPGEs sem alienação continuarão sujeitos a contribuição de 1% ao ano.
Inicialmente, a emissão da nova modalidade de DPGE (DPGE II) fica limitada a valor equivalente
ao Patrimônio de Referência (PR) de Nível 1 da instituição emissora. Esse limite vigorará até 31 de
dezembro de 2012, quando passará a subir 20% ao ano, até atingir valor equivalente a duas
vezes o PR de Nível 1 em janeiro de 2017.
O limite para captação de DPGE sem alienação fiduciária de recebíveis ao FGC (DPGE I)
continuará sendo reduzido à razão de 20% ao ano, até a completa proibição de sua emissão, a
partir de janeiro de 2016. Bancos que tiverem limite podem continuar emitindo DPGE I. Mas terão
que deixar de captar esses depósitos quando começarem a captar a nova modalidade.
37.
BC E FGC viram réus em ações contra o Cruzeiro do Sul
Fonte: Isto é dinheiro Por Mariana Durão em 14/11/2012
O suposto esquema de pirâmide financeira com fundos de investimento do Banco Cruzeiro do Sul,
dos banqueiros Luís Felippe e Luís Octávio Índio da Costa, pode resvalar no Banco Central (BC) e
no Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Pelo menos dois cotistas do FIP BCSul Verax 5 Platinum
incluíram as instituições governamentais entre os réus de ações na Justiça Federal do Rio.
Os processos contestam a negativa de pedidos de resgate de recursos aportados por eles no
fundo durante a intervenção do BC no Cruzeiro do Sul, decretada em junho. Somados, os valores
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das causas chegam a quase R$ 5 milhões, o que inclui a devolução dos recursos, custos
processuais e danos morais.
De acordo com as ações, os cotistas pediram a baixa de suas aplicações poucos dias antes de o
BC intervir no banco, em 4 de junho, após detectar um rombo calculado à época em R$ 1,3 bilhão
(mais tarde avaliado em cerca de R$ 3 bilhões). Na prática, a transferência dos valores aos
investidores foi vetada pelo FGC, que assumiu o banco durante o Regime de Administração
Especial Temporária (RAET). Por essa razão, a tese é de que BC e FGC são responsáveis pela
negativa aos resgates.
Procurado, o Banco Central informou que "foi citado dos termos da ação judicial e, no prazo legal,
que ainda não começou a fluir, apresentará em juízo suas manifestações técnicas e jurídicas".
Ao lado do BC e do FGC, são réus das ações o Banco Cruzeiro do Sul, BCSul Verax Serviços
Financeiros (administradora do fundo) e a Patrimonial Maragato. Foi em debêntures da Maragato,
de propriedade dos próprios controladores do Cruzeiro do Sul, que foram aplicados os recursos do
fundo de investimento em participações (FIP), como revelou o jornal Estado de S.Paulo em junho.
No pedido, um dos cotistas diz que essa foi a primeira negativa de resgate desde que passou a
depositar recursos no fundo, em 2006. A norma que regula os FIPs(fundos de investimentos em
participações) não prevê resgate antes do vencimento do fundo, cujo prazo era 2015. Apesar
disso, o BCSul Verax 5 Platinum tinha liquidez diária.
O Banco Cruzeiro do Sul admite o fato em carta enviada em abril de 2011 à Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), em resposta a um investidor. As condições descritas para o FIP na carta são
liquidez diária, não tributação de IOF, Imposto de Renda de 15% e média de rentabilidade
próxima a 110% do CDI.
"Por anos o produto teve liquidez diária, mas no RAET o saque foi negado. Como os Índio da
Costa faziam para tornar um fundo fechado em um fundo com características de CDB não nos
interessa. Se os atos são recriminados por CVM e BC, que paguem e busquem recuperar os
recursos judicialmente", disse um cotista, que preferiu não se identificar.
Os cotistas também contestam a alegação de que o Cruzeiro do Sul nunca teve ingerência sobre a
gestão e administração do FIP BCSul 5 Verax Platinum, feita em resposta ao pedido de tutela
antecipada de um dos processos. Eles citam um documento datado de outubro - quando o banco
já sob a gestão do FGC - a que a Agência Estado teve acesso. Nele, a Cruzeiro do Sul DTVM,
subsidiária do banco, renuncia aos serviços de distribuição de cotas dos FIPs BCSul Verax 5
Platinum e BCSul Verax Equity, prestados pela Verax Serviços Financeiros.
A 16ª Vara Federal Cível negou o pedido de tutela antecipada em que o autor de uma das ações
pedia o sequestro de bens do Cruzeiro do Sul no valor de suas cotas até o julgamento da ação.
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38.
Leonardo Gomes Pereira é nomeado presidente da CVM
Decreto da presidente Dilma foi publicado no 'Diário Oficial da União'. Vice-presidente executivo
da Gol foi indicado pelo ministro Mantega
Fonte: G1 em 24/10/2012
Leonardo Gomes Pereira foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para exercer o cargo de
presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O decreto foi publicado nesta quarta-feira
(24), no “Diário Oficial da União”.
O executivo assume a vaga de Maria Helena Santana para cumprir mandato até 14 de julho de
2017.
A data da cerimônia de posse do cargo, no entanto, ainda não foi definida pelo Ministério da
Fazenda – ao qual a autarquia está subordinada.
Pereira vem de atuações no setor privado. Ele é vice-presidente executivo da Gol Linhas Aéreas e
conselheiro da Companhia Vale do Araguaia, onde já foi presidente. Também ocupou a diretoria
de Planejamento Corporativo e de Relações com Investidores da Globopar e foi diretor executivo
financeiro da Net Serviços de Comunicação.
Engenheiro de produção e economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela
Universidade Candido Mendes, respectivamente, atuou no Citibank como vice-presidente e diretor
da área de aviação para a América Latina, em Nova Iorque, tendo também trabalhado na Ásia e
na América Latina em diferentes posições, incluindo a de Revisor Sênior de Risco de Negócios.
Leonardo Pereira foi indicado para a presidência da CVM pelo ministro da Fazenda, Guido
Mantega, em julho. Na semana passada, o Senado aprovou a indicação por 43 votos a favor, 3
contra e 1 abstenção.
39.
BC cria fundo para garantir depósitos em cooperativas
de crédito
Fonte: Terra Economia em 29/10/2012
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, anunciou nesta segunda-feira a criação do
Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGC-Cop), que tem como objetivo garantir
depósitos nas cooperativas de crédito, além de poder atuar em um eventual suporte financeiro
das instituições.
"O fundo será nacional, independente, e contará com participação de todas cooperativas de
crédito que captam depósitos, além de bancos cooperativos", disse Tombini na abertura do IV
Fórum de Inclusão Financeira do Banco Central, em Porto Alegre.
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A medida foi anunciada como parte de ações do Banco Central para a inclusão financeira.
Segundo Tombini, o volume de operações em cooperativas de crédito alcançou R$ 40 milhões em
junho deste ano, correspondendo a um aumento de 39% em relação a dezembro de 2010. O
fundo, segundo Tombini, poderá fortalecer e estimular as cooperativas de crédito.
O que é Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
O FGC foi criado em 1995, com aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), como entidade
privada sem fins lucrativos para administrar mecanismos de proteção a titulares de investimentos.
A cobertura estipulada pelo fundo para cada investidor no caso de quebra da instituição financeira
é de até R$ 70 mil. Todas as instituições financeiras, associações de poupança e empréstimo no
País são obrigadas a aderir ao FGC. Apenas não estavam obrigadas à adesão as cooperativas de
crédito e as seções de crédito dessas cooperativas. Segundo o FGC, as autorizações do Banco
Central para funcionamento de novas instituições financeiras estão condicionadas à adesão ao
fundo.
40.
Banco público ainda vai liderar crédito em 2013
Fonte: Valor em 20/12/2012
Os bancos públicos continuarão liderando a expansão do crédito em 2013, mas perderão fôlego
em relação a 2012, levando o conjunto de operações do sistema financeiro a um crescimento
nominal mais moderado. A carteira de empréstimos e financiamentos dos bancos privados
registrará aumento mais acentuado que o deste ano, porém, ainda mais fraco que a das
instituições estatais. Com a desaceleração no setor financeiro público, medida em relação ao
Produto Interno Bruto (PIB), a taxa real de expansão do crédito total cairá pela metade, saindo de
4% para 2% do PIB.
Esse é, em resumo, o cenário apontado pelas projeções divulgadas ontem pelo Banco Central
(BC) para o crédito no Brasil. A autoridade monetária calcula que o crescimento nominal se situará
em torno de 14% em 2013, ante 16% esperados em 2012. O próximo ano, portanto, seria o
terceiro ano seguido de desaceleração nesse critério, pois, após chegar a 21% em 2010, a
velocidade de expansão do estoque de operações já tinha recuado em 2011, para 19%.
No acumulado até novembro, as estatísticas mostraram elevação de 13,5% neste ano. A carteira
do sistema fechou o mês em R$ 2,304 trilhões. Pelo nono mês consecutivo, o crédito no Brasil
cresceu como proporção do PIB, de outubro para novembro, saindo de 52,2% para 52,6%.
A projeção do Banco Central (BC) indica que essa relação avançará para 53% até o fim deste ano
e para 55% até o encerramento de 2013. Em dezembro de 2011, era de 49%. O incremento real
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esperado no próximo ano, portanto, é apenas
metade do que está muito perto de se confirmar
em 2012.
Além da perda de ritmo dos bancos públicos,
contribui para a expectativa de tal desaceleração
real o fato de que a economia brasileira deverá
crescer mais no próximo ano do que neste e, com
ela, o denominador da relação crédito/PIB.
O baixo crescimento real da economia este ano certamente ajudou a elevar o crédito como
proporção do PIB. O percentual aumentou apesar de a carteira do sistema vir apresentando
elevação nominal "moderada" ao longo dos últimos meses, adjetivo usado pelo presidente do BC,
Alexandre Tombini, em discursos recentes.
Em novembro, mês em que a expansão nominal foi de 1,5%, houve uma aceleração, mas muito
discreta em relação a outubro (1,43%, no dado revisado). O ritmo tampouco foi muito maior que
aquele observado em agosto e setembro, meses em que o saldo das operações de crédito no
Brasil cresceu nominalmente 1,3%.
Com crescimento muito acima da média do sistema, a carteira dos bancos públicos aumentou
22,5% no acumulado do ano até novembro, levando o BC a revisar de 24% para 26% a expansão
projetada para 2012 inteiro. Para 2013, a autoridade monetária aposta em moderação e projeta
18%.
Em 2012, a taxa de crescimento do estoque de crédito dos bancos públicos vem sendo expressiva
principalmente por causa da ordem dada pelo governo federal para que Caixa Econômica Federal
e Banco do Brasil reduzissem taxas de juros e expandissem as operações.
Os bancos privados, por outro lado, se mantiveram receosos em ampliar muito suas operações
diante da resiliência da inadimplência dos tomadores de crédito (carteiras com recursos livres). O
BC divulgou projeções separadas para instituições de controle nacional e estrangeiro. Somando os
dois segmentos, as estimativas pressupõem que o estoque de crédito do sistema financeiro
privado vai se expandir apenas 8,2% em 2012, taxa que subiria para 10,6% em 2013.
A aceleração será mais acentuada nos bancos de controle nacional, cujo ritmo de crescimento
deve se fortalecer de 7% para 10%. A taxa de expansão da carteira dos bancos privados de
controle estrangeiro deve passar de 11% para 12%, ainda na comparação deste com o próximo
ano.
A inadimplência das operações de crédito com recursos livres (a amostra do BC pega quase tudo
nesse caso) até baixou em novembro, mas muito discretamente. A participação daquelas com
pagamentos em atraso há mais de 90 dias passou de 5,9% para 5,8% do conjunto de operações
consideradas. A queda ocorreu somente no segmento de pessoas físicas, cuja inadimplência saiu
de 7,9% para 7,8%. A inadimplência das empresas ficou em 4,1%.
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Ainda quanto ao passado recente, os números divulgados ontem pelo BC apontaram nova
redução de taxas de juros e também de spread bancário, contrariando previsão implícita feita pelo
presidente da autarquia, Alexandre Tombini, quando divulgou nota comentando o resultado do
PIB do terceiro trimestre. Na ocasião, ele atribuiu a queda do nível de atividade do setor de
intermediação financeira a "eventos que tendem a não se repetir", o que, segundo fontes
governamentais, foi uma referência à expectativa de que o spread médio pararia de cair.
41.
BB tem lucro líquido recorde nominal de R$ 12,2 bilhões
em 2012
Fonte: site BB 21/02/2013
Crédito cresce 25% no ano e atinge participação de mercado histórica de 20,4%
O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 12,2 bilhões em 2012, o que corresponde a
retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio (RSPL) de 19,8%. O lucro líquido sem Previ
em 2012 foi de R$ 11,4 bilhões, aumento de 10,2% em relação a 2011, marca recorde.
No quarto trimestre o lucro líquido foi de R$ 4,0 bilhões, alta de 45,5% em relação ao trimestre
anterior com RSPL de 27,0%. Desconsiderando a Previ, o lucro líquido no período ficou em R$ 3,8
bilhões.
A remuneração aos acionistas no exercício somou R$ 4,9 bilhões, equivalente a 40% do lucro
líquido (payout), sendo R$ 3,3 bilhões na forma de juros sobre capital próprio (JCP) e R$ 1,6
bilhão em dividendos.
BB mantém crescimento em ativos após atingir marca histórica
O Banco do Brasil, primeiro banco brasileiro a atingir marca de R$ 1,0 trilhão em ativos, manteve
sua trajetória de crescimento no ano, alcançando ao final de 2012 o valor de R$ 1,15 trilhão,
evolução de 17,2% em relação a 2011 e de 4,2% em relação ao final do 3T12. A expansão da
carteira de crédito foi o principal fator para o crescimento durante o ano.
Carteira de crédito atinge R$ 581 bilhões
A carteira de crédito ampliada, que inclui TVM Privados e garantias prestadas, atingiu R$ 581
bilhões em dez/2012, crescimento de 9,1% em relação ao trimestre anterior e 24,9% em 12
meses. Destaque para carteira PJ, com crescimento de 30,3% em 12 meses. O BB encerrou o ano
mais uma vez como líder em crédito no Sistema Financeiro Nacional, atingindo patamar histórico
de 20,4% de participação de mercado, contra 19,2% em dez/11.
Inadimplência em queda
Ao final de 2012 os índices de inadimplência do BB se mantiveram menores do que os observados
no SFN. O índice de operações vencidas há mais de 90 dias ficou em 2,05% da carteira de
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crédito, abaixo dos 2,19% registrados em set/2012 e 2,16% em dez/2011. No mesmo período, o
SFN registrou aumento no seu índice, de 3,60% em dez/2011 para 3,64% em dez/2012. As
operações classificadas na faixa de risco AA-C representaram 94,5% do total da carteira ao final
de dez/2012, contra 92,4% observados no SFN. O nível de cobertura da carteira de crédito, que
demonstra a provisão existente sobre operações vencidas há mais de 90 dias, encerrou dezembro
em 196,5%.
Desembolso para investimento atinge R$ 42,8 bilhões
Em 2012, o BB consolidou sua posição como um dos mais importantes agentes financiadores do
crédito para investimento no País. No ano, foram analisados grandes projetos em áreas como
Energia, Petróleo, Infraestrutura Rodoviária e Setor Naval, onde R$ 47,5 bilhões já foram
contratados ou estão em fase de contratação.
O desembolso de crédito para investimento atingiu no ano o montante de R$ 42,8 bilhões
(crescimento de 27% em relação a 2011), com destaque para as linhas de repasse de recursos do
BNDES, Pronaf, Investimento Agropecuário, FCO e PROGER. Nas linhas de repasse do BNDES,
desde 2008 o BB é o agente financeiro líder no repasse global de recursos. Em 2012, o Banco do
Brasil atingiu participação de mercado de 28,6%, com a realização de 572 mil operações.
Destaca-se também a liderança absoluta do BB no cartão BNDES, com desembolso de R$ 6,9
bilhões, equivalente a 72% do total da linha no BNDES.
BOMPRATODOS incrementa negócios do Banco do Brasil
No ano de 2012 o Banco do Brasil estabeleceu uma nova forma de se relacionar com seus
clientes. Ao lançar o BOMPRATODOS em abril, o BB iniciou um movimento que estimulou a
mudança de comportamento do consumidor ao tomar crédito de forma consciente com taxas
melhores, além de registrar incremento substancial no volume de negócios. O sucesso das
medidas BOMPRATODOS tem permitido ao Banco do Brasil ampliar as melhorias nas condições
negociais, proporcionando perenidade e sustentabilidade no relacionamento com seus clientes PF
e PJ.
Carteira de Crédito PF cresce 26% no ano
A Carteira de Crédito PF Orgânica, que corresponde à carteira de crédito classificada do Banco do
Brasil excluindo-se as operações provenientes do Banco Votorantim e de carteiras adquiridas,
finalizou o ano com saldo de R$ 115,6 bilhões, crescimento de 7,1% no trimestre e de 25,9%
sobre o mesmo período do ano anterior. Desse total, 74,1% estão concentrados nas linhas de
crédito de menor risco (Crédito Consignado, CDC Salário, Financiamento de Veículos e Crédito
Imobiliário). Destaques para as carteiras de Financiamento de Veículos e de Crédito Consignado,
com crescimentos nos últimos 12 meses de 134,9% e 20,4% respectivamente.
Crédito imobiliário atinge R$ 12,9 bilhões
O crédito imobiliário (PF e PJ), segmento em que o BB começou a operar em 2008, finalizou o ano
com saldo de R$ 12,9 bilhões, expansão de 68,5% em 12 meses. O volume contratado no 4º
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
trimestre de 2012 atingiu R$ 3,1 bilhões, 89% a mais do que o observado no mesmo período de
2011. O volume de negócios com pessoas físicas no trimestre chegou a R$ 1,9 bilhão e de
pessoas jurídicas a R$ 1,2 bilhão. A carteira PF se destaca mais uma vez, com crescimento de
69,0% em um ano, finalizando 2012 com saldo de R$ 10,2 bilhões. Ao todo, foram contratadas
12.144 operações no último trimestre, com crescimento de 59,1% sobre o trimestre anterior.
O BB também superou a meta estabelecida do Programa Minha Casa Minha Vida para 2012,
ultrapassando 114 mil unidades habitacionais contratadas nas faixas 1, 2 e 3. Os primeiros
projetos da faixa 1 (renda familiar mensal até R$ 1.600,00) foram iniciados em junho e o banco já
conta com 50.349 unidades habitacionais contratadas, em empreendimentos localizados em 17
Estados brasileiros.
Crédito PJ mantém crescimento
O BB registrou crescimento de 30,3% em 12 meses na carteira de crédito PJ, apresentando saldo
de R$ 273,8 bilhões ao final de 2012. Destaque para as operações de capital de giro, que
apresentaram crescimento de 39,7% em 12 meses e de 17,3% em relação ao trimestre anterior,
influenciado pelo grande volume de contratações de empresas do segmento corporate e large
corporate. As operações com MPE finalizaram o ano com crescimento de 30,7% em relação ao
mesmo período de 2011 e as Médias e Grandes empresas apresentaram alta de 30,1% em 2012.
Carteira de Agronegócios alcança a marca de R$ 108 bilhões
O Banco do Brasil encerrou o ano alcançando a marca de R$ 108,0 bilhões em sua carteira de
agronegócios, valor 20,8% maior do que o registrado em 2011 e 9,8% em relação ao trimestre
anterior, proporcionando 62,5% de participação no Sistema Nacional de Crédito Rural. Destaques
para o Pronaf, que finalizou o ano com saldo de R$ 24,2 bilhões, crescimento de 20,7% em 12
meses e o Pronamp, que apresentou crescimento de 66,1% em relação a dez/11. O Programa
Agricultura de Baixo Carbono (ABC) já teve R$ 1,6 bilhão contratado na safra 2012/2013, o que
corresponde a cerca de 88% dos valores contratados no Sistema Nacional de Crédito Rural
(SNCR).
Mais um ano como líder no Comércio Exterior
O Banco do Brasil, principal parceiro do comércio exterior brasileiro, finalizou mais um ano como
líder no mercado de câmbio de exportação e importação. No câmbio de exportação o volume
contratado no 4T12 foi de US$ 13,3 bilhões, com participação de mercado de 26,2%. No câmbio
de importação o volume contratado foi de US$ 13,2 bilhões, alta de 18% em relação ao mesmo
período do ano anterior e de 9,4% em relação ao trimestre anterior, finalizando o ano com 23,1%
de participação de mercado. As operações de ACC/ACE encerraram o ano com participação de
mercado de 32,1%. O BB consolidou em 2012 sua liderança no ranking mensal dos repasses do
BNDES Exim, com participação de 27,9% (R$ 1,8 bilhão).
Captações Comerciais atingem R$ 516 bilhões
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
O saldo de depósitos totais finalizou 2012 em R$ 472 bilhões, montante 6,7% superior ao
registrado em 2011. O BB, com sua base de mais de 58,5 milhões de clientes e 64.192 pontos de
atendimento, manteve a liderança no Sistema Financeiro Nacional. O Banco registrou no ano
R$ 516 bilhões em Captações Comerciais (que incluem Depósitos Totais, LCA, LCI e Operações
Compromissadas com Títulos Privados), apresentando evolução de 14,5% em relação a dez/2011.
As captações em Letras de Crédito do Agronegócio finalizaram 2012 com saldo de R$ 34 bilhões,
crescimento de 358,2% em 12 meses e 49,1% em relação ao último trimestre.
Maior captação externa já realizada
Em jan/2013, o BB concluiu a maior captação já realizada pela instituição no mercado externo de
capitais. Trata-se de emissão de dívida perpétua subordinada no montante de US$ 2,0 bilhões,
nos mesmos moldes das transações realizadas no primeiro trimestre de 2012. Em 2012, o Banco
do Brasil recebeu três premiações internacionais pela realização de captações nestes moldes,
sendo o "Deal of the Year" na modalidade de Financing Innovation, pela Latin Finance, "Latin
American Bond of the Year", pela IFR e FIG Capital Raising, pela The Banker.
Líder em administração de recursos de terceiros
Líder no ranking Anbima desde 1994, com participação de mercado de 20,0%, a BB DTVM atingiu
o volume de R$ 444 bilhões em recursos administrados, crescimento de 6,8% em relação a
dezembro de 2011. Considerando os 50% dos recursos administrados pela Votorantim Asset
Management – VAM, o BB administra R$ 461 bilhões, equivalentes a 20,7% do mercado.
Liderança em Mercado de Capitais
O Banco do Brasil obteve em 12 meses variação de 29,9% em suas receitas com Mercado de
Capitais, proporcionando ao final de dez/2012 a liderança no Ranking Anbima em quantidade de
operações de Renda Fixa no Curto Prazo e de Renda Variável. No mesmo Ranking, o BB passou
do 9º lugar em dez/2011 em volume de operações de Renda Variável para o 3º lugar em
dez/2012.
Fundo Imobiliário tem demanda mais de 12 vezes superior à oferta
Encerrada em dez/2012, a oferta secundária do Fundo Imobiliário Progressivo II (constituído por
64 imóveis utilizados pelo Banco do Brasil, entre agências e prédios administrativos, para locação
ao próprio BB pelo prazo inicial de 10 anos), teve demanda superior a R$ 20 bilhões, finalizando o
processo com captação de R$ 1,6 bilhão. Do total de 48.789 investidores, 95,0% eram pessoas
físicas.
Faturamento com cartões de crédito mantém ritmo de crescimento
O faturamento com cartões de crédito cresceu 23,0% em 12 meses e 26,4% no 4º trimestre de
2012 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Com uma base ativa de 21 milhões de
cartões, a evolução do faturamento reflete o consumo impulsionado pelas datas comemorativas e
uma maior utilização dos cartões como instrumento de acesso às linhas tradicionais de crédito do
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Banco do Brasil 2013
Banco. Destaca-se no 4º trimestre a intensa utilização dos cartões como meio de pagamento
junto ao segmento empresarial, que resultou em crescimento de 61,4% em relação ao mesmo
trimestre de 2011.
Rede Mais Banco do Brasil tem atuação recorde em 2012
A Rede de Correspondentes Mais Banco do Brasil, que inclui o Banco Postal, propiciou em 2012 o
acolhimento de mais de 2,3 milhões de propostas de abertura de conta-corrente, 556 mil adesões
ao cartão de crédito e R$ 7,446 bilhões de desembolso em crédito, totalizando 1,5 milhão de
operações. Comparando com o ano de 2011, foi observado um incremento de 146% em
desembolso de crédito. Desse montante, o crédito consignado respondeu por 35% do total.
Índice de Basileia fortalecido
O Banco do Brasil encerrou dezembro de 2012 com Patrimônio de Referência 34,1% superior ao
observado no mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 107.925 milhões. O Índice de Basileia
encerrou o ano em 14,83%. Em janeiro de 2013, o BB realizou emissões de Letras Financeiras
Subordinadas no País totalizando R$ 5,2 bilhões e captação externa sob a forma de Instrumento
Híbrido de Capital e Dívida no montante de US$ 2,0 bilhões. Caso o total dessas emissões seja
autorizado pelo Banco Central a compor o capital do BB, haverá aumento de cerca de 128 bps no
seu Índice de Basileia, tendo como base os números publicados em dezembro/2012.
BB atualiza seu Plano de Sustentabilidade – Agenda 21
A partir da consulta aos seus públicos de relacionamento - funcionários, clientes, acionistas,
fornecedores, sociedade civil, especialistas e executivos do Banco – o BB atualizou, no final de
2012, o seu Plano de Sustentabilidade, a Agenda 21 Empresarial, para o período 2013-2015. A
Agenda 21 tem o intuito de aprimorar, constantemente, os negócios, práticas administrativas e
investimentos sociais da Organização, alinhando-os às melhores práticas mundiais e contribuindo
para que a Empresa seja referência no tema. A listagem do BB no Índice Dow Jones de
Sustentabilidade da Bolsa de Nova Iorque (DJSI), e pela oitava vez consecutiva no Índice de
Sustentabilidade Empresarial BM&FBovespa (ISE), são reconhecimentos que evidenciam os
avanços do BB nos últimos anos.
Reconhecimentos
No quarto trimestre de 2012, o Banco do Brasil foi eleito o Banco que mais respeita o cliente, de
acordo com pesquisa realizada pela Shopper experience, e publicada pela revista Consumidor
Moderno. O BB também foi eleito a Instituição que mais agrada aos correntistas, na pesquisa
realizada pela CVA Solutions e publicada pela revista Exame. Foi ainda 1º lugar na categoria
especial Top Intangíveis Brasil, do Prêmio Intangíveis Brasil 2012, realizado pelo Grupo Padrão e
Dom Strategy Partners. O Banco também apareceu em 1º lugar no ranking América Economia
Intelligence – Os 250 maiores Bancos da América Latina.
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Em 2012, o BB continuou sendo a marca mais lembrada na categoria “Banco”, no prêmio Folha
Top of Mind, o que acontece consecutivamente desde a primeira edição do prêmio, em 1992. Foi
também o mais lembrado na categoria “Finanças” e, entre instituições financeiras, é o que
aparece em primeiro quando o assunto é Copa do Mundo e Olimpíadas. A Instituição também se
destacou como 1º lugar na categoria Bancos no prêmio Marcas de Confiança 2012- Ranking
Seleções do Reader´s Digest, e 3º lugar no ranking geral.
42.
O papel dos bancos comunitários no programa federal
Crescer
Fonte: Folha de São Paulo – Joaquim Melo em 05/03/2013
Em 24 agosto de 2011, estive presente no Palácio do Planalto, quando a presidenta Dilma Roussef
fez o lançamento do Crescer. O programa constituiu-se numa novidade sem precedentes no
contexto da intervenção pública no campo do microcrédito produtivo no Brasil. Isso porque o
governo alterou o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), passando aos
Bancos Públicos (BB, Caixa, BNB e Basa) a tarefa de dar escala ao microcrédito enquanto uma
estratégia de Inclusão Produtiva.
O Crescer estabeleceu juros para o microcrédito em, no máximo, 8% a.a., e TAC de 1%. Foi
estabelecida uma meta de 3,4 milhões de clientes, a ser cumprida pelos bancos até 2013, quando
será feita uma avaliação do projeto.
A Rede Brasileira de Bancos Comunitários, refletindo sobre o programa, redigiu uma carta e
enviou ao Ministro da Fazenda. Transcrevo um trecho:
"A competência e expertise dos bancos públicos são muito valiosas e necessárias para qualquer
ação mais contundente de transformação da realidade. Porém, para uma efetiva excelência no
alcance das metas relativas ao Programa Crescer, consideramos de grande relevância a realização
de parcerias com o campo das Finanças Solidárias: os Bancos Comunitários de Desenvolvimento,
os Fundos Solidários, as cooperativas de crédito, as Oscips de microcrédito e outras instituições
que são portadoras de reconhecido acúmulo de experiência (de mais de uma década) na operação
do microcrédito nas comunidades empobrecidas, sobretudo na região Norte e Nordeste do Brasil.
Há uma diferença sensível no trato do microcrédito, conforme a ênfase no indivíduo ou no
território. No primeiro caso, o risco de fragmentação e dispersão, além da capacidade de gerar
desenvolvimento, não são garantidos. Já o segundo caso envolve o primeiro. Além disso, a ênfase
no território permite requalificar a própria prática do microcrédito, possibilitando organizar o
desenvolvimento a partir da própria base comunitária.
A experiência dos Bancos Comunitários tem nos revelado que o sucesso do microcrédito em um
território empobrecido se dá pelo fato de ele ajudar as pessoas a encontrar formas coletivas de
consumo, comercialização e produção, a criarem redes locais de prossumatores, onde todos,
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
simultaneamente, são produtores, consumidores, atores e atrizes de transformação social. (...)
Assim, não seria salutar o governo federal se beneficiar desses mecanismos e formas de inovação
social reveladas pela sociedade?"
De 12 a 15 de março, estaremos realizando em Fortaleza o 3º Encontro Nacional da Rede
Brasileira de Bancos Comunitários e os 15 anos de Banco Palmas, o primeiro banco comunitário
do Brasil.
Nessa data, já seremos 103 bancos comunitários em 19 Estados do Brasil e somaremos mais de
100 mil operações de microcrédito. E o que é mais importante: tudo feito pela comunidade, com
controle social, gerando várias oportunidades de negócios a partir da oxigenação das economias
locais.
Nesta data, restará ao Crescer apenas nove meses para alcançar os 3,4 milhões de operações. E
sabemos que os bancos públicos estão bem longe disso. Vão ter que correr contra o tempo para
"bater sua meta". E é aí que mora o perigo: essa oferta "sob pressão" de crédito para os mais
pobres pode levar a um endividamento sem precedentes para as classes populares. Esse seria o
pior dos mundos.
Mas, como a esperança é a única que não morre, as finanças solidárias continuam provocando o
governo federal para incluir as várias experiências nesse campo como operadoras do Crescer,
dentro da lógica da Economia Solidária.
O convite se estende aos bancos públicos para pensarmos formas de cooperação no alcance das
metas do programa. Nessa perspectiva, dentro do 3º Encontro da Rede Brasileira de Bancos
Comunitários, vamos ter uma mesa específica para diálogo com os bancos públicos, objetivando
juntarmos forças, embora com metodologias diferentes, para, dentre outras ações, ajudarmos a
alavancar o Crescer.
43.
Ascensão e queda na Brasilprev
Histórico de brigas e disputa pelo poder podem ter sido as causas da demissão de Ricardo Flores
da Brasilprev.
Fonte: isto é Dinheiro Por Fernando TEIXEIRA em 01/02/2013
“Razões pessoais e familiares.” Essa foi a justificativa apresentada pelo executivo Ricardo Flores
para explicar por que deixou, na segunda-feira 28 de janeiro, a presidência da BrasilPrev. Sua
passagem pelo maior fundo de previdência aberta do País em captação líquida de recursos, com
R$ 58,6 bilhões em ativos e 1,47 milhão de clientes, durou apenas cinco meses. Flores, que antes
presidia a Previ, a fundação de previdência do Banco do Brasil, será substituído na Brasilprev por
Miguel Cícero Terra Lima, também funcionário de carreira do banco estatal. Flores disse à
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
DINHEIRO que “era o momento de buscar novos rumos, após mais de 34 anos de trabalhos
prestados ao Banco do Brasil” (leia entrevista ao final da reportagem).
Mas quem conhece os meandros de Brasília sabe que a queda de Flores foi o último capítulo de
uma longa série de desentendimentos com o presidente do BB, Aldemir Bendine. Também
funcionário de carreira do BB e homem de confiança do ministro da Fazenda Guido Mantega,
Bendine tem alinhado o banco com as orientações do Planalto. Ele comandou a ampliação da
carteira de empréstimos, compensando a retração dos bancos privados, além de ter se
transformado, ao lado de Jorge Hereda, da Caixa, em ponta de lança do processo de redução de
juros. Já Flores teve seu nome envolvido no vazamento de informações que provocaram
mudanças na cúpula do BB em meados de 2012, provocando a demissão do vice-presidente de
governo da instituição, Ricardo Oliveira, ligado a Bendine.
Embora Bendine tenha negado na época, as rusgas entre ele e Flores teriam surgido no fim de
2010, quando este presidia a Previ, fundo de pensão com um patrimônio de R$ 151 bilhões e
maior acionista da Vale. Nessa condição, Flores presidia também o conselho de administração da
mineradora, com a atribuição de escolher seu principal executivo. Fato ou versão, Bendine teria
ambicionado suceder Roger Agnelli, que deixou a liderança da Vale em março de 2011. Versão ou
fato, Flores teria barrado Bendine, o que azedou as relações entre ambos e dificultou sua
permanência na Previ. Flores nega. Sua permanência foi dificultada pelo histórico de conflitos e
pela troca de farpas com a cúpula do BB e sua repercussão na imprensa.
“Ninguém quer ver o nome do seu plano de aposentadoria envolvido em escândalos nos jornais”,
afirma uma fonte próxima da companhia. Ao que tudo indica, a vida do gaúcho Terra Lima será
mais fácil. Ele conta com o apoio dos funcionários da instituição e da cúpula do governo. Em
2011, ele foi indicado por Mantega para dirigir o Banco do Nordeste, mas não assumiu o cargo
devido à oposição de parlamentares nordestinos. “Ele tem mais de 30 anos de BB, é carismático,
conhece bem a Brasilprev e foi o presidente interino entre Sérgio Rosa e Ricardo Flores diz a
fonte. Procurados, os diretores do BB e da Brasilprev não deram entrevista.
“Não tenho desavença com o presidente do BB”
Ricardo Flores falou à DINHEIRO sobre sua saída da Brasilprev:
DINHEIRO - Por que deixar a BrasilPrev?
RICARDO FLORES - Tomei a decisão de deixar a Brasilprev por motivos pessoais e familiares,
conforme comunicado interno e à imprensa. Após quase cinco meses à frente da Brasilprev, com
os excelentes resultados fechados em 2012, entendi que era o momento de buscar novos rumos,
pois tenho mais de 34 anos de trabalhos prestados ao Banco do Brasil.
DINHEIRO - Há alguma relação entre a sua saída e as recentes desavenças com o presidente do
BB, Aldemir Bendine?
FLORES - Não há nenhuma relação, mesmo porque não tenho desavença com o presidente do
Banco do Brasil.
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
DINHEIRO - O sr. vetou o nome de Bendine para presidir a Vale quando estava no conselho da
mineradora?
FLORES - A escolha do presidente da Vale ocorreu mediante consenso entre os sócios, cumprindo
rigorosamente as normas do Acordo de Acionistas, por intermédio da contratação de um head
hunter internacional para conduzir esse processo. Não procede a versão de que houve veto.
DINHEIRO - Em algum momento, o senhor se sentiu rejeitado pela cúpula da Brasilprev?
FLORES - Nunca me senti rejeitado pela cúpula da Brasilprev ou de qualquer outra instituição. No
caso da Brasilprev, fui extremamente bem recebido não só por sua cúpula, mas também pelos
funcionários e colaboradores da empresa. Inclusive, existem vários registros em atas de reuniões
quanto à minha boa condução dos trabalhos, bem como a satisfação dos sócios com a superação
de metas e os resultados.
DINHEIRO - O sr. foi acusado de divulgar um dossiê denunciando irregularidades no Banco Postal,
Isso é verdade? Houve envolvimento de Allan Toledo, ex-vice-presidente de Atacado do BB?
FLORES - A versão que envolve meu nome no assunto da compra do Banco Postal é totalmente
falsa e não encontra respaldo na verdade dos fatos. Não tive qualquer tipo de participação nesse
episódio. É importante registrar que, à época, eu nem sequer fazia parte da direção do Banco do
Brasil. Não tenho nenhuma informação a respeito do sr. Allan Toledo sobre o citado caso.
44.
Banco do Brasil prevê instalação de escritório na Rússia
Fonte: Isto é Dinheiro
O principal objetivo do Banco do Brasil na Rússia é atender empresas brasileiras que operam no
país.
O vice-presidente de Negócios Internacionais do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli afirmou
à Agência Brasil que a instituição pretende instalar um escritório em Moscou no primeiro trimestre
deste ano.
Na última quinta-feira (14), o Banco Central autorizou a abertura de uma unidade do banco na
Rússia. Segundo Caffarelli, as negociações para que a instituição comece a operar no país estão
adiantadas "se a coisa andar bem", futuramente será aberta uma agência, disse o executivo.
O principal objetivo do Banco do Brasil na Rússia é atender empresas brasileiras que operam no
país, entre elas Embraer, a joalheria H. Stern, a fábrica de carrocerias Marcopolo, a Tramontina e
o frigorífico JBS. , dentre outros. Ele relaciona também clientes do BB que atuam na Rússia, como
o Centro de Negócios Apex-Brasil e a Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria e Turismo.
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
45.
Juros mais baixos, lucros mais altos
As taxas de juro caíram para os menores níveis da história do País e, mesmo assim, os bancos
públicos ganharam dinheiro como nunca. Conheça o segredo de BB e Caixa.
Fonte: isto é Dinheiro Por Cláudio GRADILONE em 22/02/2013
Quando o preço baixa, a freguesia compra mais. Os balanços de 2012 do Banco do Brasil e da
Caixa Econômica Federal, divulgados na semana passada, mostram que esse velho princípio do
varejo está mais atual do que nunca. Os dois bancos estatais divulgaram resultados recordes em
2012, ano em que o governo induziu a queda das taxas de juros para os menores níveis da
história do País – a Selic, juro básico da economia, caiu de 12% para 7,25%. Nesse ambiente, o
Banco do Brasil lucrou R$ 12,2 bilhões, com crescimento de 0,7% no ano. Já a Caixa obteve um
lucro recorde de R$ 6,07 bilhões, com avanço de 17% em relação a 2011
“Os resultados de 2012 mostraram o acerto da nossa estratégia”, disse Jorge Hereda, presidente
da Caixa, na quarta-feira 20. “O Banco do Brasil lucrou vendendo mais produtos para mais
clientes”, afirmou, no dia seguinte, Aldemir Bendine, presidente do BB. O que chamou a atenção
nos dois casos foi o forte avanço na concessão de crédito. No BB, a carteira de empréstimos
chegou a R$ 580 bilhões, um crescimento de 24,9% em relação a 2011. Já o avanço da Caixa foi
mais significativo. Os empréstimos aumentaram 42,8% e atingiram R$ 361 bilhões, sendo que a
carteira imobiliária, a mais importante do banco, avançou 44% e, por pouco, não chegou a R$
200 bilhões.
Ambas instituições estabeleceram metas ambiciosas para 2013. Neste ano, a Caixa projeta uma
expansão de 35% na carteira de empréstimos, ao passo que os concorrentes privados de varejo
calculam uma média de 15%. “Vamos chegar ao fim de 2013 anunciando um resultado tão bom
quanto esse”, afirmou o presidente da Caixa. A meta de Bendine é ampliar a carteira do BB em
até 20%. “O banco iniciou um processo de ampliação da rede de agências e de contratação de
pessoal em 2011, e vamos colher mais frutos neste ano”, disse ele. A reação do mercado aos
resultados foi positiva: as ações do Banco do Brasil avançaram 4,1% na quinta-feira 21, em um
pregão onde as cotações de Itaú Unibanco e Bradesco recuaram.
“O crescimento de 24,9% na carteira de crédito do BB foi bem superior aos 7% de média do
mercado, e o banco conseguiu isso melhorando as margens financeiras e melhorando a qualidade
dos ativos”, avalia Mario Pierry, analista-chefe do Deutsche Bank. Karina Freitas, da corretora
Concórdia, também elogiou o desempenho. “O BB surpreendeu não só pelo bom crescimento das
carteiras, mas também pelo aumento sólido nas receitas provenientes de seguros e de prestação
de serviços.” Tanto Bendine quanto Hereda atribuíram o bom desempenho à estratégia de se
anteciparem ao ajuste do mercado financeiro aos juros menores. As carteiras de empréstimos de
ambos avançaram e a inadimplência recuou.
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
Segundo Bendine, as taxas menores estimularam clientes endividados a trocar seus
financiamentos por créditos mais baratos, o que facilitou o pagamento das parcelas. Para ele, o
mais surpreendente dos resultados de 2012 foi a
ativação da base de clientes. O BB possui 55 milhões
de correntistas, e é difícil trazer mais pessoas para
esse universo. No entanto, afirmou, a redução dos
juros e das tarifas e o maciço esforço publicitário
fizeram com que 12,8 milhões de pessoas ampliassem
sua atuação com o banco. “Desse total, 9,5 milhões
passaram a usar pelo menos um produto, e 3,3
milhões tomaram seu primeiro financiamento”, disse.
Pierry, do Deutsche, notou que os resultados do
Banco Votorantim, uma notória fonte de prejuízos
para o BB, estão melhorando. Bendine quer mais. “O
Votorantim não vai dar prejuízo em 2013”, disse ele
ao apresentar os resultados. Apesar de o BB ter
injetado R$ 4,2 bilhões no Votorantim ao longo dos
últimos quatro anos para sanear a carteira de
financiamentos automotivos do banco, Bendine afirma
que os resultados futuros serão positivos. Segundo
ele, o banco possui uma estrutura muito bem azeitada
para ampliar esses empréstimos, algo estratégico para
o BB.
Bendine não comentou as negociações para ampliar a
participação acionária no Votorantim. Um dos trunfos do BB para 2013 são os financiamentos
imobiliários, algo relativamente recente na história da instituição. Atualmente, a carteira desses
empréstimos é de R$ 12,9 bilhões. A meta para o fim de 2012 é mais do que dobrar essa cifra,
atingindo R$ 27 bilhões. “Temos um objetivo interno de sermos o segundo maior banco em
empréstimos imobiliários até o fim deste ano”, disse Bendine. Outro coringa para ampliar os
negócios é a expansão internacional. Além de transformar diversos escritórios na Europa e na Ásia
em agências, o BB está negociando a compra de instituições nos Estados Unidos, nos estados da
Flórida e de Nova Jersey.
Os ganhos do BTG Pactual
Lucro do banco de investimentos cresce 70% em relação a 2011
Os lucros não foram recordes apenas para os gigantes estatais de varejo. O banco
investimentos BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, anunciou um ganho de R$ 3,2 bilhões
ano passado, alta de 69,4% em relação a 2011, apesar do prejuízo de R$ 603 milhões
PanAmericano, controlado pelo BTG em associação com a Caixa. A rentabilidade patrimonial
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de
no
do
do
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
BTG foi de 28,7%. Segundo Nataniel Cezimbra, analista do BB Investimentos, esse número está
bem acima da média de 16,4% registrada pelos bancos privados brasileiros.
“O bom desempenho mostra a força do nosso modelo de negócios”, disse Esteves. O ritmo lento
do mercado de capitais reduziu as emissões de ações e o saneamento do PanAmericano afetou o
resultado, o que foi compensado pelo crescimento de 60% na carteira de empréstimos
corporativos, que atingiu R$ 33,8 bilhões. Esteves avalia que o desempenho de 2013 será
beneficiado pelo aquecimento do mercado de capitais.
46.
Estudo revela que usuários de banco buscam simpatia e
atendimento
Fonte: Isto é Dinheiro – 27/02/2013
Estudo realizado pelo Instituto Fractal de Análises de Mercado mapeou os fatores que os
correntistas consideram na hora de escolher sua instituição bancária.
Estudo realizado pelo Instituto Fractal de Análises de Mercado mapeou os fatores que os
correntistas consideram na hora de escolher sua instituição bancária.
Os resultados foram obtidos com base na análise das respostas de dois grupos de usuários: com
renda superior a R$ 4 mil mensais e outro com renda entre R$ 800 e R$ 4 mil ao mês.
O primeiro perfil – com ganhos acima de R$ 4 mil e considerado de alta renda – destaca a solidez
da instituição bancária como primeiro aspecto a ser verificado. Além disso, a pesquisa identificou
neste público itens que geram “desconfianças” em relação ao banco são: fraudes, falência,
roubos, além da falta de segurança nas transações.
Já o segundo perfil - usuários com renda entre R$ 800 e R$ 4 mil mensais – preferem bancos que
ofereçam simpatia e atendimento mais próximo, pois se sente mais seguro quando recebe uma
atenção maior. Trata-se de um sentimento de acolhimento e acompanhado de explicações sobre o
uso dos produtos financeiros.
47.
Copom: Especialistas apontam que os juros poderão ser
mantidos até o fim do ano
Como já era esperado pelos principais analistas do mercado, o Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central (BC) decidiu pela manutenção da taxa Selic em 7,25% ao ano,
resultado divulgado na noite desta quarta-feira (6/3).
Fonte: Isto é Dinheiro - Por Luiz Gustavo PACETE em 07/03/2013
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Banco do Brasil 2013
Pela terceira vez, o Copom decidiu por manter a taxa que segue com o menor patamar histórico.
Para o economista e presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, a
decisão pode ser tomada porque “a inflação não está fora do controle e assim não há porque
mexer na taxa Selic”.
Antonio Madeira, economista da LCA Consultores explica à DINHEIRO que os principais fatores
que possibilitaram a manutenção da taxa são: o crescimento abaixo do potencial, ociosidade
importante de recursos, o que ajuda a conter a inflação. “O discurso de Alexandre Tombini,
presidente do Banco Central, tem sido mais conservadores nos últimos dias, o que possibilitou
algumas alterações no comunicado”.
Para o economista e professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, a manutenção da
taxa mostra que o governo está aceitando uma inflação mais alta, desde que ela não supere o
teto da meta. “Até o fim do ano os juros poderão ser mantidos. O baixo crescimento do PIB ajuda
a manter a taxa”, afirma.
Analistas apontam que a redução da taxa básica de juros tem sido uma das iniciativas importantes
e corajosas do governo para a retomada da competitividade da indústria nacional. Juntamente
com a desoneração da folha de pagamentos de aproximadamente 40 setores, mais acesso ao
crédito, os estímulos tributários para alguns setores, MP dos Portos e a redução dos preços de
Energia Elétrica.
O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo
Gonçalves, acredita que existe uma premissa que a taxa Selic permaneça no patamar de 7,25%
ao ano. “Acredita-se que esse item possa represar a inflação temporariamente. Entretanto,
medidas de choque começam a ser necessárias, mesmo que isso represente aumento de juros e o
início de um processo de recessão: baixo consumo e perdas de postos de trabalho”, aponta.
Para Gonçalves, o governo mantém a mesma receita de antigos presidentes, em especial com a
falta de investimentos estruturais. “Tais práticas precisam mudar para acompanhar o cenário
internacional. É preciso reduzir a patamares favoráveis a tributação. Ainda há muito espaço para
isso, para não sacrificar a empregabilidade e levar ao caos o País”, analisa.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 16 e 17 de abril.
Projeções para o resto do ano:
Levantamento realizado pela Agência Estado mostra a opinião de analistas para a manutenção da
taxa durante o ano. 73 instituições financeiras foram consultadas:



36 têm a expectativa de estabilidade, em 7,25%, ao longo do ano;
Outras 36 esperam que a taxa suba, encerrando o ano entre 7,50% e 9,00%
Apenas uma instituição acredita que o Copom cortará o juro referencial em 0,25 ponto
porcentual, para 7,00% ao ano, até o fim de 2013.
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
48.
Caoa busca novo prazo para comprar o Banco BVA
Fonte: isto é Dinheiro - Clayton Netz e Cláudio Gradilone – 08/03/2013
O prazo final para que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) encontre um comprador para o Banco
BVA aproxima-se do fim. Sob intervenção do Banco Central (BC) desde 19 de outubro de 2012, o
BVA poderá ser liquidado se não encontrar comprador. O candidato mais forte à compra é o
empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade. Caoa, como é conhecido, investiu R$ 500 milhões no
BVA.
A única saída para evitar a intervenção é reduzir o passivo a descoberto do BVA, de modo que os
ativos e o patrimônio líquido do banco sejam suficientes para pagar os compromissos da
instituição financeira. Pelas contas do banco Brasil Plural, que assessora Caoa, o passivo a
descoberto do BVA pode ser de R$ 2,7 bilhões, acima dos R$ 1,5 bilhão estimados anteriormente
pela empresa de auditoria PwC.
Na ponta do lápis, é necessário que 95% dos credores concordem com uma redução de cerca de
65% no que têm a receber. Segundo fontes que acompanham negociação, Caoa já teria
conseguido a adesão de 60% dos credores. Faltam outros investidores, principalmente sindicatos
e fundos de pensão, que ainda não concordaram em abrir mão de seus direitos.
O prazo final para encontrar uma solução encerra-se nesta sexta-feira 8, mas Caoa está buscando
prorrogar o prazo até a próxima segunda-feira. Caso as partes não cheguem a um acordo, o BVA
poderá ser o quinto banco de pequeno porte a ser liquidado nos últimos dois anos.
49.
Moody’s rebaixa notas de BNDES, BNDESPAR e Caixa
Engajamento nas ‘políticas anticíclicas’ do governo enfraquece bancos, diz agência de classificação
de risco.
Fonte: O GLOBO – 20/03/2013
RIO – A Moody’s rebaixou nesta quarta-feira as notas do BNDES, de sua subsidiária BNDESPAR e
da Caixa, citando como motivo a participação das instituições nas “políticas anticíclicas” do
governo brasileiro. A agência de classificação de risco diminuiu o rating de longo prazo do BNDES,
do BNDESPAR e da Caixa de A3 para Baa2, ambos com perspectiva estável.
A Moody’s lembra que o BNDES e a Caixa são de propriedade do governo e seu engajamento nas
medidas do governo para minimizar os efeitos da crise internacional tem resultado em um
“significativo aumento” nos empréstimos.
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“Ao mesmo tempo, o governo tem exigido que BNDES e Caixa contribuam com um crescente
montante de dividendiso, enquanto repõe o capital do banco com injeções de capital não líquido.
Esta prática tem resultado em níveis de capital relativamente baixos, que limitam a capacidade
dos bancos de absorver perdas em situações de stress, enfraquecendo sua posição de crédito”.
A estratégia de alto crescimento também introduz uma maior volatilidade para os balanços do
BNDES e da Caixa, bem como de seus resultados, afirmou a Moody’s.
A agência destaca ainda que o risco de crédito fundamental aumentou, como demonstra o
aumento dos empréstimos do BNDES para seus dez maiores tomadores para o equivalente a
quatro vezes seu capital em 2012, contra 3,4 vezes em 2010.
A exposição da Caixa passou de 1,1 vez o capital em 2010 para 1,5 vez em 2012, de acordo com
estimativas da Moody’s. Além disso, o portfolio de empréstimos da Caixa se expandiu cerca de
40% nos últimos três anos, “desempenho que está bem acima da taxa de crescimento do sistema,
e que expõe a qualidade de seus ativos à potencial deterioração, à medida que o banco mira
novos tomadores de empréstimos e segmentos de mercado”, diz o comunicado da agência.
50.
A corrida pela Credicard
Os maiores bancos do País se atropelam para comprar a principal processadora independente de
cartões de crédito
Fonte: Isto é Dinheiro Por Cláudio GRADILONE – 22/03/2013
Nos últimos dias de fevereiro, o executivo
mexicano Manuel Medina-Mora, copresidente do
Citigroup e responsável pelas atividades de
banco de varejo do gigante americano, fez uma
discreta visita ao Brasil. Na agenda, além da
inspeção regulamentar das tropas aquarteladas
no edifício de granito rosado e vidros azuis da
avenida Paulista, Medina-Mora reuniu-se com
um interlocutor em especial, o banqueiro
Roberto Setubal, CEO do Itaú Unibanco. Ambos
discutiram a compra da Credicard, empresa
administradora de cartões de crédito controlada
pelo Citi e que está à venda desde o início deste
ano. O acesso às informações da Credicard, conhecido como data-room, foi aberto no início de
março.
Se não houver atraso, os candidatos terão até os primeiros dias de abril para elaborar suas
propostas. O nome do novo proprietário deverá ser anunciado em meados do mês. Transações
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
desse tipo são tratadas como segredo de Estado, daí nenhum dos sete entrevistados para esta
reportagem ter concordado em aparecer. No entanto, o quadro que emerge das conversas é
bastante claro. Setubal desponta como o franco favorito. Mesmo assim, nada garante a vitória do
Itaú. O arquirrival Bradesco, também está participando do páreo, seguido de perto pelo Santander
e pelo Banco do Brasil. O BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, chegou a fazer exercícios de
alongamento, mas abandonou a corrida em seus primeiros metros.
Esperam-se fortes emoções na que será a maior transação no mercado de cartões realizada nos
últimos dez anos, desde que o controle da Credicard, que era compartilhado por Citibank, Itaú e
Unibanco, ficou apenas com o banco americano. O que está em jogo é a última grande emissora
de cartões disponível no mercado, com 7 milhões de plásticos. A Abecs, entidade de classe que
representa o setor, não tem números fechados para 2012. No entanto, uma estimativa informal
dos profissionais avalia que os pagamentos com cartões no Brasil e no Exterior movimentaram R$
470 bilhões no ano passado, um crescimento de 21% em relação a 2011. Os cartões de crédito da
Credicard responderam por 4,5% dessas transações.
Além da fatia relevante de mercado e da equipe azeitada, a Credicard conta com uma das marcas
mais fortes no segmento. Não por acaso, o preço final de venda poderá superar R$ 2 bilhões – o
dobro do valor patrimonial da companhia. O negócio faz sentido para todos os participantes da
corrida. O líder é o Itaú Unibanco, cujos cartões movimentam 28% das transações. Essa cifra não
considera os sete pontos percentuais de participação da Hipercard, adquirida pelo Unibanco em
2003. A compra da Credicard colocaria o banco dirigido por Setubal na liderança isolada no
mercado. Essa não é a única vantagem. A Credicard é uma administradora de cartões, mas não
possui uma processadora de transações, que são realizadas por computadores instalados fora do
Brasil.
ara o Itaú, que conhece bem a empresa, é relativamente simples capturar esses negócios usando
os recursos de que já dispõe, principalmente a empresa de adquirência Redecard, cujo capital foi
fechado no início do ano. Há outro item, menos tangível, mas igualmente importante. Um dos
fundadores da Credicard nos anos 1970, o Itaú não veria com bons olhos essa marca no portfólio
do arquirrival da Cidade de Deus. No caso do Bradesco, as vantagens de ganho de escala são
semelhantes. A diferença é o peso da marca Credicard, cujas transações internacionais funcionam
como um excelente complemento à bandeira nacional Elo, lançada pelo banco presidido por Luiz
Carlos Trabuco em parceria com o BB e com a Caixa Econômica Federal em março de 2011.
A aquisição colocará o banco mais perto do Itaú na área de cartões, uma das principais
ferramentas dos bancos para capturar clientes e garantir sua fidelidade. Os plásticos fornecem
informações instantâneas sobre gastos e padrões de consumo, e permitem oferecer produtos e
empréstimos sob medida, uma informação muito preciosa para qualquer instituição financeira. Um
raciocínio semelhante vale para o Banco do Brasil. A diferença é a estratégia de atuação do
bancão presidido por Aldemir Bendine. A compra do controle de uma empresa privada vai sujeitála imediatamente às restrições e amarras da administração pública, por isso a transação poderá
ser feita tanto pela Elo quanto pelo Banco Votorantim ou pela BV Financeira.
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Banco do Brasil 2013
O caso do Santander tem características especificas. Em condições normais de temperatura e
pressão, os espanhóis são quem tem mais a ganhar com a compra da Credicard. Além de duplicar
sua fatia de mercado, o banco ganha uma marca tradicional no Brasil, algo que faz falta em sua
estratégia. Outra vantagem é turbinar sua empresa de adquirência e processamento de
transações GetNet. No entanto, mesmo que a subsidiária brasileira do Santander tenha caixa para
pagar a fatura, ela terá de enfrentar, além da concorrência, a situação complicada dos bancos na
Europa, o que torna mais difícil para o presidente Marcial Portela convencer os acionistas a
desembolsar dinheiro.
E a situação do vendedor? No caso do Citi, a venda da Credicard representa uma desistência
definitiva da conquista de uma posição relevante no varejo brasileiro. A mais recente tentativa do
Citi de ganhar musculatura foi iniciada em 2006 com um agressivo processo de abertura de
agências. Esse processo foi interrompido com a crise dos financiamentos imobiliários nos Estados
Unidos e, a partir de agora, o Citi deverá concentrar-se apenas nas operações corporativas e nos
clientes de alta renda. Para isso, o banco comandado por Helio Magalhães, que fez carreira na
American Express, manterá a bandeira Diners. Procurado, o Citi informou que não comenta
rumores de mercado. Da mesma forma, Santander, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Banco
Votorantim não concederam entrevista. Façam suas apostas, senhores.
51.
Oferta secundária da BB Seguridade pode captar até R$
12,15 bilhões
Fonte: O valor em 03/04/2013
A oferta de ações da BB Seguridade, empresa de seguros, previdência e capitalização do Banco do
Brasil, movimentará até R$ 12,15 bilhões, segundo anúncio da operação divulgado nesta quartaPágina 90
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feira. O preço dos papéis é estimado entre R$ 15 e R$ 18 na oferta pública que terá início no fim
deste mês, mas o valor final só deve ser conhecido no dia 23, após o período de coleta de
intenções de compra de investidores no Brasil e no exterior.
Se o Banco do Brasil conseguir ofertar aos investidores apenas o lote inicial de ações e o preço for
fixado no piso de R$ 15, a transação ficará em R$ 7,5 bilhões. Se atingir o teto do intervalo, ou
seja de R$ 18, e o banco conseguir vender mais ações por meio dos lotes suplementar e adicional,
a oferta atingirá R$ 12,15 bilhões.
Havia expectativa no mercado de que a oferta movimentaria algo em torno de R$ 10 bilhões e
que a BB Seguridade seria avaliada em cerca de R$ 30 bilhões - valor acima das projeções iniciais.
Pelas primeiras contas feitas por analistas, a BB Seguridade era comparada a outras duas
companhias de seguros já listadas na bolsa de valores: Porto Seguro e SulAmérica. Mas o fato de
a BB Seguridade contar com uma subsidiária dedicada à corretagem dos seguros fez com que
subisse sua avaliação.
A oferta pública será secundária, em que os atuais acionistas vendem participação na empresa e
ficam com os recursos captados. Não haverá parcela primária. A intenção do Banco do Brasil era
vender uma fatia entre 25% e 30% da companhia.
No dia 10 de abril tem início o período de reserva para investidores da oferta de varejo, que
termina em 22 de abril. O preço da ação será conhecido no dia 23, após o processo de intenção
de compra de todos os investidores.
Desconto para funcionários
Funcionários do Banco do Brasil poderão comprar as ações da BB Seguridade com desconto.
Quem adquirir os papéis à vista receberá um bônus de 12%. Também poderão usar para a
compra licença prêmio, folgas e abonos. Se optarem pela compra em 12 parcelas sem juros, o
bônus cai para 8,475%, sendo que poderão comprar um mínimo de R$ 1 mil e um máximo de R$
12 mil. O BB tem 114 mil funcionários.
As ações da BB Seguridade serão negociadas na BM&FBovespa a partir do dia 25 e a liquidação da
oferta ocorrerá no dia 29. A empresa fará parte do Novo Mercado de governança da bolsa.
O BB Banco de Investimento será o coordenador líder da oferta, em conjunto com J.P. Morgan,
Bradesco BBI, Itaú BBA, BTG Pactual, Citigroup, Votorantim e Brasil Plural.
52.
A partir de amanhã, bancos reduzem para R$ 1 mil valor
mínimo de TED
Fonte: Agência Brasil em 21/03/2013
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Banco do Brasil 2013
Brasília - A partir de amanhã (22), o valor mínimo para a realização de uma Transferência
Eletrônica Disponível (TED) cai de R$ 2 mil para R$ 1 mil, informou hoje (21) a Federação
Brasileira de Bancos (Febraban).
De acordo com Febraban, os “clientes pessoas físicas e jurídicas terão acesso ampliado a um meio
prático, ágil e seguro de realizar transferências de recursos entre bancos diferentes”.
A TED faz com que o crédito entre na conta do destinatário no mesmo dia em que a transferência
é solicitada. Em outras formas de movimentação financeira, como o Documento de Crédito (DOC),
é preciso aguardar pelo menos um dia para a conclusão da operação.
Segundo a Febraban, os bancos estabelecem um valor mínimo para esse tipo de transferência
para evitar que a TED gere uma demanda em excesso e sobrecarregue os sistemas de pagamento
e de compensação das transações financeiras. De acordo com a federação, investimentos em
tecnologia na rede de comunicações entre os bancos permitiram a redução sucessiva desses
limites nos últimos anos: de R$ 5 mil para R$ 3 mil em 2010, para R$ 2 mil em novembro de 2012
e, agora, para R$ 1 mil.
Para transferências interbancárias abaixo de R$ 1 mil, os clientes podem recorrer aos DOCs, que
têm valor limitado a R$ 5 mil por transação.
A Febraban informou ainda que as tarifas cobradas para a realização de TED variam de banco
para banco, conforme a política comercial de cada um. Os preços das tarifas podem ser
consultados no Sistema de Divulgação de Tarifas de Serviços Financeiros da Febraban.
53.
BC lista 19 bancos estrangeiros na fila para entrar no
Brasil
Fonte: Valor em 25/03/2013
Existem 19 instituições estrangeiras interessadas em entrar no sistema financeiro do Brasil,
afirmou ao Valor, Sidnei Correa Marques, diretor do Banco Central (BC) responsável pela área de
autorização de novas empresas. A conta inclui os pedidos em análise e aqueles que ainda devem
ser protocolados, mas cujo interesse pelo mercado brasileiro já foi manifestado em conversas com
diretores do BC.
Os interessados são de 15 países diferentes, entre eles Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália,
Holanda e China. Em princípio, todos querem constituir subsidiárias em vez de entrar no país
adquirindo instituições existentes. Em dez casos, "na maioria de instituições sistemicamente
importantes em nível global", a intenção é montar aqui um banco múltiplo ou comercial.
Página 92
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
No atual cargo desde março de 2011, mas funcionário antigo da BC, Sidnei disse não lembrar de
ter visto lista tão grande de pretendentes nos últimos anos. "O número está acima da média",
destacou o diretor sem revelar nomes nem qual seria a média.
Como parâmetro de comparação, ele lembrou que de 2010 até agora, período em que nenhum
pedido teria sido negado, o BC autorizou a criação de nove novas instituições de controle
estrangeiro e obteve do Palácio do Planalto decreto abrindo caminho para a constituição de outras
quatro, o que dá um total de 13 em pouco mais de três anos.
O diretor considera como já atendidos e, portanto, fora dos 19 apontados, esses quatro processos
cuja autorização formal do BC é iminente porque já foram objeto de decreto da presidente Dilma
Rousseff reconhecendo o pleito como de interesse do governo brasileiro. Tal reconhecimento é
exigido pela Constituição Federal, vem antes da autorização formal de funcionamento, mas só é
concedido depois que o BC, na condição de autoridade de supervisão bancária, se mostra
favorável ao pedido da instituição.
Entre os 19 também não estão pedidos que logo de início o BC costuma rejeitar, antes mesmo da
formalização. O diretor revela que a política, nesses casos, é convencer o interessado a sequer
formalizar a intenção de ingresso no país. Com isso, embora já tenha acontecido, "é raríssimo" o
BC reprovar algum pedido formal, disse ele.
Questionado se a atual lista de pleiteantes não estaria "maior que a normal" por causa de alguma
demora na análise das demandas, Sidnei respondeu que não. O tempo da decisão do BC varia
muito conforme o plano de negócios de cada um e, levando isso em consideração, tem sido
normal, assegurou.
"O sistema financeiro é estratégico em qualquer país. Os processos tomam o tempo necessário
para que a decisão possa ser tomada em bases sólidas e seguras", disse ele, evitando falar sobre
o caso do UBS. O banco suíço, que já esteve anteriormente no Brasil, esperou mais de dois anos
para conseguir autorização do governo para voltar ao país - é um dos quatro casos já com decreto
favorável.
Marques acredita que o aumento do interesse dos estrangeiros em entrar no Brasil não tem
relação com a crise internacional de liquidez que abalou bancos de diversas partes do mundo e
que se desdobrou na desaceleração da economia mundial. "A crise já tem cinco anos e esse
aumento de interesse é recente", disse.
O diretor avalia que o fenômeno está mais ligado à melhora da visão sobre o Brasil do que à piora
do cenário em países ricos. "O Brasil representa grande oportunidade de negócios para essas
instituições por vários fatores: mercado consumidor amplo e em crescimento; economia estável e
crescendo de forma sustentável; sistema financeiro sólido e aderente às melhores práticas
internacionais; economia aberta com comércio internacional diversificado; oportunidades de
investimento em infraestrutura; fortalecimento do mercado de capitais; e instituições
democráticas e estáveis", entre outros.
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Banco do Brasil 2013
A maioria dos estrangeiros que quer constituir novos bancos está de olho na clientela de pessoas
jurídicas principalmente. Muitos querem vir porque empresas clientes em outros países já vieram
ou pretendem investir aqui. A intenção dos estrangeiros não é só atuar em crédito. É também
atuar fortemente em operações de mercado de capitais, acrescentou o diretor.
O BC leva em consideração, na sua análise,
uma série de questões além do óbvio e em
princípio
saudável
aumento
de
concorrência. Conforme Marques, os
quesitos incluem entrada de novas
tecnologias;
fomento
ao
comércio
internacional;
acesso
a
investidores
externos;
visibilidade
da
economia
brasileira; ampliação de
fontes
de
financiamento de longo prazo para o setor
de infraestrutura; e maior integração do
SFN ao sistema financeiro global. Também
são consideradas a avaliação feita pelo
supervisor do país de origem sobre a
instituição interessada e a qualidade dessa supervisão bancária
54.
BB Leasing emitirá debênture
Fonte: Valor em 28/03/2013
A BB Leasing, do Banco do Brasil, registrou emissão de R$ 20 bilhões em debêntures. Os papéis
possuem prazo de dez anos e rendimento equivalente a 100% da taxa do depósito interfinanceiro
(DI).
As emissões de debêntures de empresas de leasing são usadas como uma forma alternativa de
captação pelos bancos. Os papéis são usados como lastro em operações compromissadas
realizadas entre as instituições e os clientes, em condições semelhantes às de um CDB tradicional.
As debêntures de leasing foram largamente usadas até 2008, quando o Banco Central passou a
exigir o recolhimento do compulsório sobre as operações, assim como ocorre com o CDB. O
instrumento, porém, voltou com força a partir de 2011 quando o estoque de emissões começou a
vencer. Esperava-se que as letras financeiras, criadas no ano anterior, substituíssem as
debêntures de leasing, mas o Banco Central vedou o uso da letra como lastro em operações
compromissadas. (VP)
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
55.
BB pode comprar banco na Flórida
Fonte: Valor em 03/04/2013
Entre as opções de crescer por meio de aquisições nos Estados Unidos, o Banco do Brasil analisa a
compra do City National Bank of Florida, unidade americana do espanhol Bankia, que recebeu o
maior socorro do governo na reestruturação bancária do país. Não há, entretanto, uma definição
sobre o futuro das negociações.
Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, apurou que o banco público brasileiro avalia comprar
o banco com sede em Miami. No entanto, essa aquisição não estaria sendo colocada como
prioritária pelo BB em relação às demais que pretende fazer para atingir o objetivo de ampliar sua
rede nos Estados Unidos.
"Está em análise assim como outras negociações. Não quer dizer que esse negócio vai ser
colocado à frente dos demais", disse uma fonte a par do assunto.
O diretor de atacado, negócios internacionais e private bank do BB, Paulo Rogério Caffarelli, já
disse publicamente que o BB tem interesse em ampliar as agências nos Estados Unidos, com foco
em New Jersey e na Flórida.
O banco brasileiro só tem três agências naquele país e pretende ampliar a rede para atender à
demanda de serviços dos brasileiros que moram nos Estados Unidos. Tal expansão pode ser tanto
via crescimento orgânico como por meio da aquisição de outros bancos, sendo a última opção a
mais rápida.
Além dos Estados Unidos, o BB também tem interesse em aumentar sua atuação em países da
América do Sul, com Chile, Peru e Colômbia.
A venda do City National Bank of Florida foi anunciada pelo Bankia como parte do esforço de
reestruturação. O Goldman Sachs, contratado para vender o banco, estaria pedindo algo entre
US$ 900 milhões e US$ 1 bilhão, mas fontes do mercado dizem que o valor pode baixar para a
casa dos US$ 600 milhões. O National City tem US$ 4,8 bilhões em ativos e 26 agências
O BB é o maior banco da América Latina em ativos e reúne cerca de US$ 15 bilhões nos EUA.
56.
BB negocia para ter 75% do capital total do Banco
Votorantim
Fonte: Valor – 04/04/2013
Sócio desde 2009 do Banco Votorantim, o Banco do Brasil (BB) fez oferta de R$ 2 bilhões à família
Ermírio de Moraes para aumentar sua participação no capital do banco. Hoje, o BB detém 49,09%
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Banco do Brasil 2013
das ações ordinárias (com direito a voto) e 50% das ações preferenciais. Com a operação,
manterá a fatia de ONs, mas passará a ter 100% das ações PN e 75% do capital total.
O grupo Votorantim continuará com o controle do banco, uma vez que manterá 50,01% das
ações ordinárias. O novo acordo de acionista, que está sendo negociado entre as partes, dará
maior poder ao BB nas futuras decisões do Votorantim. As negociações estão bem avançadas.
A expectativa é que o negócio seja concluído até o fim de maio. O BB anunciou ao mercado, no
dia 21 de janeiro, o interesse em ampliar sua fatia no capital do banco Votorantim. Nas
negociações, dois bancos de investimento estrangeiros estão assessorando os sócios: o
Rothschild, pelo Banco do Brasil, e o J. P. Morgan, pelo Votorantim.
Na nova configuração, os dois sócios devem manter o mesmo número de representantes que
possuem hoje no conselho de administração - três cada um.
Não há intenção, também, de m mudar o atual presidente do banco, João Roberto Gonçalves
Teixeira, que preside a instituição desde setembro de 2011. Ex-executivo do banco Santander,
Teixeira foi indicado pelo BB para substituir Wilson Massao Kuzuhara. Sua gestão é bem avaliada
pelos sócios.
O Banco do Brasil não tem interesse em deter a maioria das ações ordinárias do Votorantim
porque isso significaria estatizar o banco. A estatização dificultaria a gestão do banco, uma vez
que o submeteria às regras de funcionamento de órgãos públicos.
O modelo de associação é inspirado na Brasilprev, empresa privada de previdência complementar
que o BB possui em sociedade com o americano Principal Financial Group. O BB possui 74,9% do
total das ações e o grupo americano, 25,1%.
Desde que se tornou sócio do Votorantim, o BB tem atuado para melhorar a gestão do banco, que
no ano passado teve prejuízo de R$ 1,988 bilhão. Para 2013, a expectativa é que ocorra novo
prejuízo, embora bem menor que o de 2012. Os sócios fixaram como meta que, no último
trimestre, o banco volte a gerar resultado positivo.
Procurados, Banco do Brasil e Votorantim Finanças informaram que não iriam se pronunciar.
57.
Banco privado já vê cenário mais pessimista para
crédito em 2013
Fonte: Valor Por Carolina Mandl e Felipe Marques | De São Paulo em 05/04/2012
Encerrado o primeiro trimestre, os bancos privados já começam a prever que o crédito fechará
2013 dentro do cenário mais pessimista que projetaram para o ano. Uma instituição financeira,
inclusive, já avalia rever para baixo a projeção que deu a investidores, segundo o Valor apurou.
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Prof. Cássio Albernaz e Prof. Edgar Abreu
Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
Entre os três maiores bancos privados - Itaú Unibanco, Bradesco e Santander -, a avaliação é que
os desembolsos de empréstimos ficaram aquém do imaginado de janeiro a março,
comprometendo o desempenho do ano. Por isso agora já preveem que o crescimento do crédito
pode ficar distante da projeção de máxima divulgada ao mercado. A chance maior é que fique na
parte inferior dos intervalos de expectativa informados.
Pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em março já mostrou uma ligeira revisão
para baixo na projeção dos analistas. Em janeiro, os bancos previam que o estoque de crédito
teria uma evolução de 15,9% neste ano. Em março, nova sondagem mostrou que o ânimo
arrefeceu para 15,6%.
No início de 2013, os três bancos privados anunciaram que esperavam crescer um mínimo de
11% (piso divulgado pelo Itaú) e um máximo de 17% (topo da expectativa do Bradesco). Bem
menos conservadores, os bancos públicos soltaram projeções de crescer mais. O Banco do Brasil
disse que o estoque avançaria de 16% a 20%, enquanto a Caixa Econômica Federal indicou
37,5% (ver tabela).
Segundo o Valor apurou, executivos de bancos privados têm justificado o pessimismo com três
motivos. O primeiro é a dúvida sobre o que acontecerá com a atividade econômica. Quanto o
Produto Interno Bruto (PIB) crescerá de fato? É essa resposta - que ainda segue indefinida - que
determinará principalmente a demanda das empresas por empréstimos para financiar seus
projetos.
Mas não é só isso. Se o PIB não reagir - e a inflação seguir em alta - ganha corpo um cenário em
que o desemprego comece a reaparecer, com impacto não só na procura por crédito, como
também na capacidade de pagamento das pessoas físicas.
"Se o crédito cresce menos, é mais uma questão de oferta restrita do que de demanda", avalia o
diretor da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza. Para ele, ainda há um múltiplo do crédito sobre
o crescimento da atividade econômica, condicionado à entrada de novos tomadores no sistema. A
Boa Vista projeta que o saldo de operações deve avançar 14,5% em 2013, enquanto o PIB cresce
a 3%.
O segundo fator é a inadimplência. Os calotes, assim como o endividamento das famílias, embora
tenham melhorado nos últimos meses, seguem em níveis elevados. Considerando todos os tipos
de crédito, o índice de inadimplência vem estável desde dezembro em 3,7%. Só alguns
segmentos, como o de veículos para pessoas físicas, mostram melhora.
O endividamento também melhorou, mas não o suficiente para aplacar a reticência de alguns
bancos. Em janeiro, em média, 21,65% da renda líquida das famílias eram destinados a honrar
dívidas financeiras, ante 21,89% em dezembro, segundo o Banco Central (BC), com ajuste
sazonal. Um ano antes, esse percentual era de 22,97%, o maior da série histórica, que começa
em janeiro de 2005. Os bancos têm ponderado que o número de pessoas tomando crédito no país
ainda é limitado, o que faz com que o peso da dívida, na prática, seja maior que a média do BC.
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
O terceiro motivo do pessimismo tem relação com o afã dos bancos em controlar os calotes.
Algumas instituições começam a se
questionar se não exageraram na
seletividade de clientes. Um filtro mais
rigoroso do que o necessário pode estar
impedindo a concessão de empréstimos.
A calibragem entre a taxa de
inadimplência "ideal" e o rigor na escolha
de tomadores é algo que ainda está em
fase de ajuste em algumas instituições.
A diferença de ânimo dos bancos públicos
e privados em relação ao crédito traduz a
disparidade de crescimento dos dois tipos de instituição. Enquanto o estoque de operações dos
bancos públicos avançou 28,9% no acumulado em doze meses encerrados em fevereiro, os
privados de controle nacional avançaram 6,9%. Os estrangeiros avançaram 8,4%.
O próprio BC espera para 2013 uma desaceleração no mercado de crédito quando projetou
expansão de 14% no começo do ano, abaixo inclusive do consenso do mercado. Em 2012, o
estoque do sistema avançou 16,2%. Os três maiores bancos privados cresceram menos, 7,1%.
Na contramão, a Caixa vê espaço para os empréstimos irem além e mantém a projeção de 37,5%
de expansão da carteira. Em evento recente, Márcio Percival, vice-presidente de finanças do
banco, disse que a projeção de avanço de 15,6% da Febraban é "conservadora".
Percival defende que a demanda de crédito corporativo, em especial na infraestrutura, será o
motor do avanço do crédito no ano. "Já estamos sentindo demanda mais forte em capital de giro",
disse na ocasião. Nos dois primeiros meses deste ano, na comparação com igual período de 2012,
a carteira de crédito da Caixa avançou 43,1%.
Se esse cenário se confirmar, 2013 pode repetir 2012 e mostrar um descompasso entre bancos
públicos e privados no que diz respeito ao crédito, com os primeiros crescendo a uma velocidade
muito superior e ganhando mercado. O Banco do Brasil não quis se manifestar. Procurados pela
reportagem para comentar suas expectativas oficialmente, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco
informaram que não se pronunciariam.
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Atualidades do Mercado Financeiro - Banco do Brasil
3. VÍDEOTECA
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58.
Redução taxas Banco
do Brasil
Fonte: BANCO DO BRASIL
59.
Depósitos em
caderneta de poupança
superam retiradas em quase
R$ 6 bilhões em março de
2013
Fonte: G1
60.
Taxa de
inadimplência das famílias cai
pelo quinto mês seguido
Fonte: G1
Prof. Cássio Albernaz
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Atualidades do S.F.N
Banco do Brasil 2013
61.
Mercado acredita que
os juros vão começar a subir
em maio
Fonte: G1
62.
Especialista comenta o
resultado do PIB de 2012
Fonte: G1
63.
Brics fazem acordo
para criar banco dos países
emergentes
Fonte: UOL
64.
Um dos maiores
bancos do Chipre será
liquidado
Fonte: Estadão
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