Space jam Einstein disse uma vez que, se alguém usa palavras como «vermelho», «difícil» ou «desiludido», todos sabemos basicamente o que se quer dizer. Todavia, quanto à palavra «espaço», «cuja relação com a experiência psicológica é menos directa, existe uma vasta incerteza de interpretação»". Esta incerteza vem de longe: o esforço para entender o significado do espaço é antiga. Demócrito, Epicuro, Lucrécio, Pitágoras, PIatão, Aristóteles e muitos dos seus seguidores ao longo dos tempos debateram-se, de diversas formas, com o significado de «espaço». Há uma diferença entre espaço e matéria? O espaço tem existência separada da presença de objectos materiais? Existe algo a que se possa chamar «espaço vazio»? O espaço e a matéria são mutuamente exclusivos? O espaço é finito ou infinito? Durante milénios, as análises do esp%o surgiam frequentemente em conjunção com perguntas teológicas. Deus, de acordo com alguns, é omnipresente, uma ideia que confere ao espaço uma natureza divina. Esta linha de raciocínio foi proposta por Henry More, um teólogo e filósofo do século XVII, que, pensam alguns, poderá ter sido um dos mentores de Newton". More acreditava que, se o espaço fosse vazio, não existiria, mas também argumentava que esta observação é irrelevante porque, mesmo des- provido de objectos materiais, o espaço está cheio de espírito, portanto nunca está verdadeiramente vazio. O próprio Newton adoptou uma versão desta ideia, admitindo que o espaço estava cheio de «substância espiritual» bem como de substância material, mas foi cuidadoso ao acrescentar que tal matéria espiritual «não pode ser obstáculo ao movimento da matéria; não mais que se nada estivesse no seu caminho»? O espaço absoluto, declarou Newton, é o aparelho sensível de Deus. Tais elocubrações filosóficas e religiosas acerca do espaço podem ser interessantes e motivar o debate; no entanto, tal como no comentário cauteloso de Einstein que reproduzimos acima, falta-lhes a precisão da descrição crítica. Mas há uma pergunta fundamental, formulada precisamente, que emerge deste discurso: deveremos atribuir uma realidade independente ao espaço, como fazemos com objectos materiais mais vulgares, como o livro que seguramos neste momento, ou devemos pensar no espaço apenas como uma linguagem que descreve relações entre objectos materiais comuns? o TECIDO DO COSMOS 1 BRIAN GREENE ; TRAD. PEDRO MIGUEL FERREIRA AUTOR(ES): Greene. Brian; Ferreira. Pedro Miguel Figueiredo. trad, EDiÇÃO: 1a ed PUBLICAÇÃO: Lisboa: Gradiva. 2006 DESCR. FíSICA: 890. [3] p, : il. ; 21 cm COLECÇÃO: Ciência aberta; 150 NOTAS: Til. orig.: The fabric oflhe cosmos ISBN: 989-616-105-4 DEP. LEGAL: PT -- 241150106