Leilãodetelefonia4G rende30%amenos

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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 1º de outubro de 2014 • Economia • 9
CONJUNTURA / Decisão de vender lotes da frequência de 700MHz este ano para
Correio
Econômico
por Vicente Nunes / [email protected]
Travessia dolorosa
ão é o desempenho do mercado financeiro, que vem
reagindo negativamente à possível reeleição da presidente Dilma Rousseff, o que desperta a atenção dos
agentes econômicos. “Isso é o de menos”, diz o presidente de uma das maiores empresas do país. “A nossa grande
preocupação é com uma ruptura na economia real, o que será
um desastre para o país”, alerta.
Sem nenhuma perspectiva de mudança na política econômica de Dilma, se vitoriosa, o empresariado teme uma onda
de desemprego, que levará à queda da renda, ao aumento da
inadimplência e ao travamento do crédito, que já anda escasso. Se esse quadro se confirmar, o consumo entrará em colapso, arrastando a produção e afastando de vez os investimentos. “É uma situação desesperadora, que ainda pode ser afastada se a presidente não insistir nos erros”, afirma o mesmo
executivo. “Posso garantir: os nervos estão à flor da pele no
meio empresarial”, emenda.
A sensação que se tem hoje entre empresários e investidores é
a mesma ou pior do que a que se viu em 2002, quando havia um
temor sobre o que seria um governo do PT. Felizmente, o então
candidato Lula cedeu ao bom senso e não só lançou a Carta ao
Povo Brasileiro, assumindo o compromisso de manter a estabilidade da economia, como , depois de eleito, reforçou os três pilares da economia: o sistema de metas de inflação, o câmbio flutuante e o ajuste fiscal.
Agora, pelo que se depreende do discurso de
Dilma, não há mais esse
compromisso. A perspectiva é de que as contas públicas continuem se deteriorando, a inflação continue próxima do teto de
meta e o câmbio seja usado para que a carestia não
extrapole os 6,5%. “Olhando para a frente, vemos
um quadro desolador”, admite um técnico do Banco
Central, onde o clima é de
decepção. Ele conta que
não há mais ilusão dentro
da instituição. “Não há a
menor possibilidade de o
governo cumprir a meta de
superavit primário deste
ano, de 1,9%. Pior: a gastança do governo vai continuar pressionando a inflação e, se o dólar subir mais, não restará outra
alternativa que não seja o aumento dos juros”, diz.
O BC acreditou que, ao sinalizar uma aproximação com os
agentes econômicos, o governo fosse mudar a rota da política
econômica. Não foi o que aconteceu. “A situação só piorou. Veja os resultados do Tesouro Nacional em agosto. Mesmo tendo
arrecadado R$ 12 bilhões em receitas extraordinárias, ainda
computou um rombo de R$ 10 bilhões”, assinala o técnico da
autoridade monetária. “Na real, em vez de superavit de R$ 4,7
bilhões de janeiro a agosto, o governo tem um deficit”, afirma.
“É por isso que todo mundo está desconfiado. Sozinho, o BC
não pode fazer nada”, emenda.
A grande pergunta que se faz entre empresários e investidores é: “Até quando a economia vai piorar?” Poucos se arriscam a
dizer, diante das incertezas criadas por Dilma, que amplia as
chances de vencer no primeiro turno. “A única certeza que temos, neste momento, é de que a travessia para o próximo ano
será dolorosa”, reforça um executivo do setor siderúrgico. “Não
se pode esquecer que nada do que o atual governo fez para estimular a economia deu certo. A atividade só foi para o buraco e
levará tempo para sair dele”, frisa.
N
A grande
preocupação
de empresários
e investidores é
com uma
ruptura na
economia real,
o que será um
desastre para
o país
Lição foi
aprendida?
» O desânimo do setor produtivo
com Dilma Rousseff não
surpreende Tony Volpon,
diretor de Pesquisas para as
Américas da Nomura
Securities. Diante dos erros de
política econômica cometidos
nos últimos anos, ele se
pergunta: “Será que ela
aprendeu a lição?”. Ele diz
acreditar que sim e, caso a
presidente obtenha mais quatro
anos de mandato nas urnas, a
tendência é de ela ser mais
amigável ao setor privado.
Sacrifício
das contas
» Para Volpon, a ponte entre Dilma
e os empresários e os
investidores poderia começar a
ser reconstruída com o anúncio
do nome do futuro ministro da
Fazenda. “Precisa ser um nome
forte”, afirma. E questiona: “Até
quando a presidente está
disposta a sacrificar as contas
públicas para proteger o
mercado de trabalho, caso a
economia mundial não retome
as forças?” O economista da
Nomura diz mais: “Se o governo
não fizer o ajuste necessário na
economia, o mercado tratará de
fazê-lo. “Nesse contexto, o dólar
poderá subir até R$ 2,60, o que
derrubará o deficit nas contas
externas, dos quase 4% atuais,
para 2% do PIB”, prevê.
Censura
na Funcef
» O conselho deliberativo da
Funcef, fundo de pensão dos
funcionários da Caixa
Econômica Federal, decidiu
submeter ao Comitê de Ética o
diretor de Administração,
Antonio Augusto de Miranda e
Souza. Justificativa: ele criticou
publicamente o nível de
interferência do governo nas
decisões de investimento da
fundação. Para a Funcef, Souza
feriu o código de conduta da
entidade. A decisão provocou
um racha na direção do fundo.
fazer caixa frustra governo, que esperava arrecadar até R$ 8,2 bilhões com o negócio
Leilão de telefonia 4G
rende 30% a menos
» SIMONE KAFRUNI
pressa de realizar o leilão da frequência de 700
megahertz (MHz) para
as operadoras oferecerem serviço de banda larga móvel de quarta geração (4G) saiu
caro ao governo, que pretendia
fazer caixa para fechar as contas
fiscais de 2014. Com quatro participantes na disputa por seis lotes, o ágio ficou em apenas 1%
em duas ofertas, e nas outras
duas, os vencedores pagaram o
preço mínimo. Dois lotes nem
sequer foram arrematados por
falta de interesse. Com isso, o
governo, que esperava arrecadar
até R$ 8,2 bilhões no certame,
vai levar somente R$ 5 bilhões.
As três maiores empresas de telefonia móvel do Brasil, Claro,TIM
e Vivo, conseguiram suas licenças
nacionais da frequência 700 MHz
para operar o 4G. A Claro, do grupo mexicano Telmex (Claro/Embratel/NET), ficou com o primeiro lote, pagando R$ 1,947 bilhão,
R$ 20 milhões a mais do que o preço mínimo de R$ 1,927 bilhão. A
TIM Participações arrematou o lote 2 com uma oferta igual a da Claro, de R$ 1,947 bilhão, portanto
também apenas 1% acima do piso
determinado em edital.
Com as outras duas concorrentes fora do lance, pois já tinham sido vencedoras dos lotes
anteriores, a Telefônica Brasil,
que opera a marca Vivo, manteve
a estratégia de oferecer sempre o
mínimo e conseguiu arrematar o
terceiro lote, oferecendo R$ 1,927
bilhão, sem qualquer ágio.
A
Tecnologia barata
Com apenas quatro participantes, ágio ficou em 1% em duas ofertas e
preço mínimo nas outras duas
O que foi oferecido
Na primeira rodada, a Anatel leiloou quatro lotes nacionais e dois regionais
» Lotes 1, 2 e 3 — abrangência nacional total
» Lote 4 — abrangência nacional subtraídos 87 municípios dos estados de
MG, MS, GO e SP e as cidades de Londrina e Tamarana, ambas no Paraná
» Lote 5 — 87 municípios dos estados de MG, MS, GO e SP
» Lote 6 — cidades de Londrina e Tamarana (PR)
Resultado
Na primeira rodada, dois lotes não receberam propostas, e na segunda,
também não houve oferta
» Lote 1 — arrematado pela Claro por R$ 1,947 bilhão, com ágio de 1%. O
preço mínimo era de R$ 1,927 bilhão
» Lote 2 — arrematado pela TIM por R$ 1,947 bilhão, com ágio de 1%. O
preço mínimo era de R$ 1,927 bilhão
» Lote 3 — arrematado pela Telefônica Brasil (Vivo) pelo preço mínimo de
R$ 1,927 bilhão
» Lote 5 — arrematado pela Algar Telecom por R$ 29,567 milhões. O preço
mínimo era de R$ 29,560 milhões
A operadora regional Algar Telecom optou por fazer oferta apenas no lote 5, em que já opera. A
Algar ofereceu R$ 29,567 milhões,
praticamente o mínimo previsto
no edital da disputa, que era de
R$ 29,560 milhões.
O total pago pelas operadoras
chegou a R$ 5,850 bilhões. Contudo, o governo não arrecadará esse
valor. O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), João Batista Rezende,
explicou que o montante de
R$ 3,6 bilhões que as operadoras
terão que pagar pela limpeza da
frequência de 700MHz, hoje ocupada por canais da tevê analógica, seria rateado entre as vencedoras dos seis lotes. Como duas
licenças continuarão com a
União, o governo terá que assumir uma parcela desse custo.
“Como não houve vencedor para
o lote 4, teremos que abater dos
outros três lotes cerca de R$ 300
milhões de cada, totalizando
R$ 900 milhões”, disse Rezende.
Com isso, o valor que entra
efetivamente para o Tesouro Nacional será de aproximadamente
R$ 5 bilhões. A esse montante,
Rezende explica que podem ser
acrescidos R$ 350 milhões relativos à permissão para as operadoras utilizarem outras faixas, antes
estimado em R$ 500 milhões por
incluir uma possível vencedora
do lote 4, o que não ocorreu.
A ausência da operadora Oi no
leilão frustrou as expectativas de
arrecadação, mas, mesmo assim,
o presidente da Anatel demonstrou satisfação com a disputa. “O
leilão vai possibilitar uma melhoria importante na qualidade e na
capilaridade dos serviços de internet móvel no país”, afirmou.
Segundo ele, não há previsão para que os lotes rejeitados voltem a
ser ofertados ao mercado.
O presidente da Claro, Carlos
Zenteno, afirmou que a operadora conseguiu arrematar o lote
mais disputado do leilão e está
satisfeita com o resultado. “Agora
vamos trabalhar para limpar a
frequência e entregar o serviço
antes do previsto. O prazo máximo é 2018, vamos acelerar o processo”, garantiu.
Na avaliação do presidente da
TIM, Rodrigo Abreu, o prazo de
implementação foi avaliado e está dentro da estratégia da companhia. Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica Vivo, comentou a estratégia da empresa:
“A participação de menos concorrentes permitiu que o leilão fosse
menos competitivo”, pontuou.
Bancários param em todo país
» DIEGO AMORIM
Os bancários entraram em greve por tempo indeterminado e,
enquanto as negociações entre
patrões e sindicalistas não avançarem, os clientes terão de ficar
atentos. Os bancos deixaram claro
que não isentarão ninguém da cobrança de juros, caso pagamentos
vençam durante a paralisação. O
atendimento em caixas eletrônicos, nos Correios, em casas lotéricas e em outros estabelecimentos
credenciados, pela internet ou por
telefone não foram afetados.
Agências amanheceram ontem fechadas, com adesivos de
greve e sindicalistas na porta. A
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT) informou que movimento alcançou 6.572 agências,
em todos os estados, além do
Distrito Federal. Após recusar a
proposta de reajuste de 7,35% nos
salários feita pela Federação Nacional dos Bancos (Febraban), a
entidade pediu uma nova rodada
de conversa, mas acrescentou
que não recebeu resposta.
Fique atento!
Detalhes e dicas para o consumidor não sofrer
perdas durante a greve dos bancários
» Os bancos já avisaram que não
livrarão os clientes dos juros, caso
pagamentos não sejam feitos
durante a greve
» Verifique com atenção a data de
pagamento das contas, para se
programar. Não há prazo para o
fim da greve
» Contas com débito automático
não serão afetadas. Devem ser
descontadas normalmente das
contas correntes
» Pagamentos em boleto com
Em nota, a Febraban disse
confiar na manutenção das negociações para desfecho da convenção coletiva de 2014/2015 e
aproveitou para lembrar os
clientes de bancos públicos e
vencimento durante a paralisação
poderão ser negociados com os
prestadores de serviço
» Procure alternativas para
realizar as transações financeiras,
como caixas eletrônicos, internet,
aplicativo de celular e mesmo
por telefone
» Serviços bancários em casas
lotéricas, agências dos Correios,
redes de supermercados e outros
estabelecimentos comerciais
credenciados não serão
prejudicados pela greve
privados da existência de “vários
canais” para a realização de transações financeiras.
Não é em razão da greve, alerta
a coordenadora institucional da
Associação Brasileira de Defesa
do Consumidor (ProTeste), Maria Inês Dolci, que pagamentos
podem ser ignorados. “Nessa situação, a pessoa só pode ser
isentas dos juros por atraso caso
o serviço desejado seja oferecido
única e exclusivamente nas
agências”, explicou.
A greve foi confirmada em assembleia na noite de domingo.
Os bancários querem 12,5% de
aumento, o “fim de metas abusivas”, “melhorias das condições de
trabalho”, entre outras reivindicações. “Eles têm direito de fazer
greve, mas não estava sabendo e
acabei prejudicada”, lamentava a
desempregada Ana Paula Chagas, 29 anos, moradora de Sobradinho que ontem pegou ônibus
para tentar negociar um empréstimo na Asa Sul, mas deparou-se
com a agência fechada.
A Contraf-CUT avisou que a
paralisação poderá se estender
para setores mais estratégicos
dos bancos. “A greve só não é pior
porque hoje em dia faço quase
tudo pela internet”, afirmou o
correntista e servidor público
Juarez Pereira, 47.
IPD reforça federalismo
Carlos Moura/CB/D.A Press
O Instituto de Direito Público
(IPD) lançou para uma plateia de
secretários de Fazenda e
representantes de 12 estados,o
Núcleo de Estudos sobre
Federalismo e Relações
Intergovernamentais. O diretor de
Pesquisas e Projetos da instituição,
Ricardo MorishitaWada, explicou
que serão desenvolvidos estudos
sobre financiamento e gestão de
políticas socias, controle do
endividamento público,
regulação e mercados, além da
guerra fiscal.“Queremos repensar
o federalismo para dar mais
qualidade de vida aos cidadãos”,
detalhou. Durante o evento, o
ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Gilmar Mendes
avaliou que essas discussões
são relevantes diante da
necessidade de um novo
modelo político institucional.
Fundo garante
não haver crise
» A Funcef informa que não se
manifesta sobre assuntos
discutidos no conselho
deliberativo, pois o colegiado não
se manifestou “conclusivamente”
sobre o caso de Souza. A
fundação garante que não há
crise e que vem funcionando
“dentro da mais absoluta
normalidade”. Para a Associação
Nacional dos Participantes da
fundação, a decisão do conselho
não é democrática e é preciso dar
mais transparência aos
investimentos realizados com
dinheiro dos trabalhadores.
Com Antonio Temóteo
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