Anastomoses Porto-Cava

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Anastomoses Porto-Cava
Normalmente representadas por simples vénulas unindo o sistema porta
(visceral digestivo) ao sistema cava, elas são susceptíveis de um consideravel
desenvolvimento quando ocorrem obstruções portais, o que explica o seu grande
interesse prático.
Podemos destinguir cinco grandes tipos de anastomoses porto-cava:
- da região da cárdia
- da região umbilical
- da região rectal
- peritoneo-parietais
- porto-suprahepáticas
Anastomoses da Região da Cárdia
As veias do polo superior do estomago (sistema porta) anastomosam-se, por
um lado com as veias esofágicas, e por outro lado com a veia diafragmática inferior
esquerda.
Anastomoses com as veias esofágicas - o plexo parietal gástrico, que depende da
veia coronária estomáquica e das pequenas veias gástricas, tributárias da veia
esplénica (e também da veia gástrica posterior, quando ela existe), está em
continuação com o plexo parietal esofágico (este é um afluente visceral do sistema das
veias azigos e por consequência da veia cava superior).
Anastomoses com a veia diafragmática inferior esquerda - esta veia participa na
irrigação da face posterior da cárdia; os seus afluentes gástricos formam a veia
colateral gástrica e anastomosam-se com o sistema porta. A veia diafragmática
esquerda drena, ou directamente na veia cava inferior, ou, por um tronco comum com
a veia suprarenal principal, na veia renal esquerda. Ela vai receber as veias
suprarenais superiores que estão anastomosadas com outras veias suprarenais. As
suprarenais inferiores vão drenar na veia renal esquerda. Por intermédio do sistema
suprarenal os vasos da cárdia estão anastomosados com a veia renal esquerda.
As anastomoses da região da cárdia são de uma extrema importância na
prática. Na verdade, no curso de uma hipertensão completa portal, as veias parietais
dilatam-se e formam varizes cardio-esofágicas cuja ruptura provoca graves
hemorragias digestivas. No curso de tromboses e compressões da veia esplénica, o
sangue venoso do baço passa, na sua maior parte, pelas veias gástricas curtas, pelo
polo superior do estômago, depois pela veia coronária estomáquica, atingindo o
fígado (assim as hemorragias gástricas são igualmente frequentes nesta
eventualidade).
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Anastomoses da Região Umbilical
O ligamento redondo estende-se do umbigo ao sulco umbilical do fígado, onde
ele termina sobre a extremidade anterior do recessos umbilical (veia paramediana
esquerda). Ele representa um segmento da veia umbilical atrofiada após a nascença. O
seu lúmen pode permanecer parcialmente permeável (existem sempre veias paraumbilicais). Este sistema encontra-se em conexão, por um lado, com a veia porta no
fígado, e por outro lado, com as veias abdominais parietais ao nível do umbigo.
Pelas veias epigástricas superiores, depois tóracicas internas (mamária interna)
o sangue atinge as veias subclávias, isto é, o sistema cava superior. Por intermédio das
veias epigástricas inferiores, ele atinge as veias iliacas externas, isto é, o sistema cava
inferior. Isto não é mais que duas correntes esquemáticas, em que todo o sistema
venoso parietal serve de meio de derivação em caso de hipertensão portal.
Anastomoses da Região Rectal
São na prática as menos importantes. A origem da veia mesentérica
inferior está representada pelas veias hemorroidais superiores. As veias
hemorroidais médias (-» hipogástrica) e inferiores (-» pudenda interna -»
hipogástrica) são tributárias da veia cava inferior. Os três pedículos hemorroidais
estão anastomosados entre eles e o recto é então uma linha anastomótica entre o
sistema porta e o sistema cava inferior.
Anastomoses Peritoneo-Parietal
São numerosas e desenvolvem-se consideravelmente em caso de obstrução
portal.
As veias de Retzius - unem as veias do intestino delgado e do colon às veias parietais
posteriores. As veias do intestino delgado estão anastomosadas, dum lado e do outro
da raíz mesentérica, com as veias retro-peritoneais, em particular com as veias
genitais e para-uretais. As veias do colon comunicam com as veias parietais no curso
do seu trajecto pelo mesocolon ascendente ou descendente.
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Anastomose porto-renal de Tuffer e Lejars - estes dois autores descreveram as
anastomoses directas entre o tronco da veia esplénica e o sistema renal esquerdo. Em
certos casos de hipertensão portal esta anastomose pode-se dilatar consideravelmente.
As veias ligamentares do fígado - os ligamentos falciformes e coronários estão
recobertos de pequenas veias do sistema porta. Elas estão em conexão com a
circulação diafragmática e consequentemente com os sistemas cava superior e
inferior. Em presença dum obstáculo à circulação portal o curso venoso inverte-se.
Os vasos neoformados - se o fluxo portal se encontra impedido, para além das
anastomoses atrás descritas que realçam a anatomia normal, existe uma circulação
viscero-parietal (porto-cava), mais ou menos importante, que se faz notar pelas
visceras digestivas que aderem à parede abdominal ou pela aderência peritoneal
patológica ou pós-operatória. Esta via de derivação é suficiente para dissimular as
consequências da hipertensão portal e evitar em particular as varizes esofágicogástricas.
Anastomoses Supra-hepáticas
No feto a veia porta comunica com o tronco cava inferior pelo canal venoso
d’Arantius. À nascença, este atrofia-se, no entanto, pode permanecer permeável e essa
via pode ser suficiente para impedir a hipertensão portal em casos de cirrose.
Mostrou-se que em 3% dos casos existem anastomoses directas, intrahepáticas entre o sistema porta e as veias supra-hepáticas, por intermédio de pequenos
capilares.
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