O CNE e o futuro, uma visão administrativa do movimento. É comum ouvir-se dizer, e bem, que o CNE só existe porque existem os Jovens… Nada pode ser mais verdadeiro! No entanto, e para prestar um bom serviço a esses mesmos jovens, que, apregoamos defender, não é possível centrar toda a nossa acção na animação e descorar outras áreas também fundamentais. Muitas vezes penso no CNE como uma empresa onde só os seus clientes são importantes. Se é verdade que também uma empresa não pode viver sem clientes, todo o meio envolvente é bem mais alargado, passando por Direcção, Fornecedores, Colaboradores, Meio, Equipamentos, etc. Como aprendi alguns anos atrás com um grande mestre do Escutismo no Oeste o saudoso Chefe Luciano, muitas vezes um dirigente deve ser chamado a desempenhar outras funções que não pedagógicas, nomeadamente Directivas e Administrativas e Financeiras, tão importantes e dignas como as pedagógicas. O CNE sempre padeceu de alguns problemas crónicos, sendo exemplo a falta ou consistência de normas administrativas e financeiras claras e universais (Conheço vários modelos de vários MAF’s sendo adaptados conforme o interesse da Região que os preenche). Na década de 90, adquiri o anterior regulamento geral do CNE, onde apenso se encontrava um manual administrativo e financeiro, bastante completo na parte administrativa mas sem qualquer menção à parte financeira. Alguns anos mais tarde somos confrontados com uma nova edição do referido manual, mas desta vez em versão inversa, nada de administração e só informação financeira. Está na altura de rever ambas as situações e proceder-se à actualização das duas vertentes destes manuais. E distribui-los, e implementá-los em toda a organização, com a disponibilização de todos os modelos em formato papel e digital. Modelos que possam ser preenchidos informaticamente e que mantenham o mesmo aspecto e forma dos seus irmãos em suporte papel. Modelos que perdurem um mínimo de 5 anos sem constantes alterações. Fala-se constantemente, e bem em contenção de custos… Quanto custa a impressão anual de todos os impressos referentes aos Censos? Todos os anos apresentam uma pequena diferença em relação ano anterior, o que impossibilita a sua reutilização! Também a estrutura com o passar dos anos se tornou demasiado pesada. Não querendo entrar em ondas regionalistas, não podemos negar que a estrutura se tornou longa e pouco funcional. Não nos podemos esquecer que vivemos numa era de comunicações cada vez mais céleres. O e-mail revolucionou a forma de comunicar, e, parece-me obvio que o CNE neste momento tem uma estrutura intermédia a mais. Basta ver que temos Regiões com a mesma dimensão de Núcleos…. Não pretendo discutir qual deve ser a estrutura que deve prevalecer, penso é que temos de ter a noção que uma distribuição geográfica mais uniforme e menos hierarquizada, viria a contribuir em muito para melhorar a comunicação no CNE. Vemos por exemplo o caso de um Dirigente que desempenhe funções num Agrupamento. Se estiver numa zona em que exista também o nível de Núcleo, esse elemento passará grande parte do seu ano escutista empenhado em reuniões e conselhos… Outra carência de base foi a falta de um programa de gestão informática. Mais uma vez, cada Região, Núcleo, Agrupamento, adoptou ou criou a base que mais lhe pareceu adequada, criando ilhas estanques, onde a comunicação de dados não fluía de nível para nível. Com a criação do SIIE, pretendeu-se dar uma resposta a esta problemática. Se é claro que passou a existir uma base nacional e comum e acessível a todos os níveis do movimento, será que responde verdadeiramente ás necessidades de todos? Embora já tenha tentado utilizar o SIIE, por diversas vezes, perdoem-me a franqueza, mas não creio que responda às necessidades sentidas pelos Agrupamentos. Um sistema que pressupõe à partida uma ligação à Internet para trabalhar não é prático. Quantas das nossas sedes estão equipadas com ligações à Internet? Resta-nos a boa vontade, habitual e aceder de nossas casas. Pelo que conheço do SIIE, não me parece um sistema pensado para dar respostas de gestão a nível de agrupamento. Penso que teríamos todos a ganhar se existisse uma base comum, mas por exemplo com entradas diferentes para os diferentes níveis. Que permitisse listagens directas sem exportações para folhas de Excel, ou outros artificiosa informáticos. A melhor forma de dinamizar uma novidade, é mostrar a utilidade da mesma. Quantas vezes não me acontece na minha vida profissional, trocar um equipamento por outro mais recente e imediatamente ouvir uma imensidão de queixas, pois antigamente era assim, ou com o modelo anterior fazia assim! E finalmente um mês volvido, vem o mesmo crítico operador admitir que afinal até é mais rápido, cómodo ou pratico e que não voltava a utilizar o velho nem que fosse obrigado! Se queremos que o SIIE seja realmente um sucesso, temos de o tornar mais prático, mostrar quais as vantagens para quem o utiliza, mostrar que não serve “só” para enviar os Censos, mas que é uma ferramenta útil na gestão das unidades e agrupamentos, e por ultimo, criar manuais claros e sessões de formação sobre o mesmo. Não tenho duvidas que devidamente implementado, este sistema terá inúmeras mais valias para o CNE em geral, dos Agrupamentos aos Serviços Centrais, mas para tal terá que existir um envolvimento claro de todos os níveis. Não existem organizações perfeitas. Mesmo empresas, criadas para obter lucros, veiem-se por vezes em situações precárias e algumas acabam mesmo por fechar, vítimas da sua má gestão. Penso que são necessárias oportunidades como esta para fomentar o diálogo a todos os níveis da organização. Mas não podemos passar a vida em debates, fóruns, comissões… É necessário agir, tornar o CNE mais funcional, onde a comunicação flua mais rápida, onde as decisões possam chegar mais rapidamente a todos os interessados. Sempre me bati para que todos possam ter acesso à informação. Quem tem Internet e quem não a tem! Se é verdade que o correio tem custos elevados, também é verdade que muitas vezes é mais pratico ler uma carta que abrir um anexo de um e-mail. Mesmo os pacotões mensais deveriam ser precedidos de um resumo em formato papel, para que realmente todos tivéssemos acesso à mesma informação. Os primeiros 83 anos já passaram, com mais ou menos dificuldades, resta-nos a nós, elementos no activo, perpetuar o trabalho iniciado pelos nossos irmãos mais velhos e relançá-lo no futuro, nunca esquecendo que ao termos secretarias funcionais estamos a trabalhar principalmente para o sucesso das actividades dos nossos irmãos mais novos, verdadeira razão da existência do movimento. Sempre Alerta para Servir Urso Pisteiro Assessor Sec. Int. CNE (Marco Faustino)