MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS SELEÇÃO DE ÁRVORES MATRIZES DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. PARA PRODUÇÃO DE SEMENTES FERNANDO DOS SANTOS ARAÚJO MACAÍBA-RN, DEZEMBRO DE 2014 i FERNANDO DOS SANTOS ARAÚJO SELEÇÃO DE ÁRVORES MATRIZES DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. PARA PRODUÇÃO DE SEMENTES Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais. Orientador: Prof. Dr. Mauro Vasconcelos Pacheco Coorientadores: Prof. Dr. Fábio de Almeida Vieira Drª. Cibele dos Santos Ferrari MACAÍBA-RN, DEZEMBRO DE 2014 ii Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba Biblioteca Setorial Professor Rodolfo Helinski Araújo, Fernando dos Santos. Seleção de árvores matrizes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. para produção de sementes /Fernando dos Santos Araújo. - Macaíba, RN, 2014. 47 f. : Il Orientador (a): Prof. Dr. Mauro Vasconcelos Pacheco. Co-orientadores: Prof. Dr. Fábio de Almeida Vieira. Profa. Cibele dos Santos Ferrari. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. Programa de Pós- Graduação em Ciências Florestais. 1. Sementes Florestais - Dissertação. 2. Marcador Molecular - Dissertação. 3. Qualidade de Semente - Dissertação. 4. Reflorestamento - Dissertação. 5. Diversidade Genética - Dissertação. I. Pacheco, Mauro Vasconcelos. II. Vieira, Fábio de Almeida. III. Ferrari, Cibele dos Santos. IV. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. V. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. VI. Título. RN/UFRN/BSPRH CDU: 631.528.2 iii SELEÇÃO DE ÁRVORES MATRIZES DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. PARA PRODUÇÃO DE SEMENTES Fernando dos Santos Araújo Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais, Área de Concentração em Manejo e Utilização dos Recursos Florestais, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 16 de dezembro de 2014. Coordenação do PPGCFL ________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Santos Pimenta (UAECIA/UFRN) Coordenador do PPGCFL Banca examinadora ________________________________________________ Prof. Dr. Fábio de Almeida Vieira (UAECIA/UFRN) Presidente ________________________________________________ Prof. Dr. Márcio Dias Pereira (UAECIA/UFRN) Examinador interno ________________________________________________ Profª. Drª. Cristiane Gouvêa Fajardo (UAECIA/UFRN) Examinador externo ao programa ________________________________________________ Profª. Drª. Clarissa Santos da Silva (Universidade da Região da Campanha - URCAMP) Examinador externo à instituição MACAÍBA, RN, DEZEMBRO DE 2014 iv DEDICATÓRIA __________________________________________________________________________ Dedico À minha mãe Maria José dos Santos Araújo, pelo amor e dedicação para que eu pudesse concretizar meus objetivos pessoais e profissionais e aos meus orientadores e amigos Mauro Pacheco, Cibele Ferrari e a Prof. Riselane Bruno que acreditaram no meu potencial para seguir a carreira acadêmica e hoje compartilham este importante momento comigo. v AGRADECIMENTOS __________________________________________________________________________ Agradeço Ao senhor Deus por ter me dado sabedoria, sensibilidade e serenidade para enfrentar os desafios cotidianos, transformando-os em aprendizado para minha vida pessoal e profissional. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais UAECIA/UFRN pela oportunidade e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Norte que em parceria com a CAPES me concederam bolsa de estudos. Ao meu orientador Mauro Pacheco pela sua amizade, paciência e confiança em mim depositada desde o tempo da graduação. À Cibele Ferrari, uma amiga com quem tenho aprendido muito acerca da pesquisa e da importância de enxergar as coisas de uma forma positiva, o que contribuiu muito na elaboração deste trabalho. Ao professor Fábio Vieira pela dedicação integral na elaboração deste trabalho juntamente com toda a equipe do Laboratório de Genética e Melhoramento Florestal da UAECIA/UFRN a quem quero agradecer em especial a Richeliel Albert, Kyvia Pontes, Rodrigo Ferreira, Daniel Garça, Luciana Pinheiro e Cristiane Fajardo À equipe do Laboratório de Sementes Florestais da UAECIA/UFRN pelo apoio técnico no desenvolvimento deste trabalho: Mirella Avelino, Zalenska Negreiros, Heriberto Junior, Luiz Augusto, Josenilda Aprígio, Priscilla Barros, Francival Cardoso, Sarah Nunes e Mariana Duarte. Aos professores que gentilmente aceitaram participar das bancas de qualificação e de defesa: Dr. Eduardo Luiz Voigt, Dr. Márcio Dias Pereira, Drª. Cristiane Fajardo e Drª. Clarissa Santos da Silva. Aos laboratórios de Sementes e Análises de Solo e Vegetal da UAECIA/UFRN pelo apoio técnico para realização de algumas análises. Ao professor Dr. Gualter Guenther por ter nos cedido à Área de Experimentação Florestal da UAECIA/UFRN para o desenvolvimento deste trabalho. Aos colegas de turma do PPGCFL pelo companheirismo. Aos meus amigos e colegas de profissão: Ewerton Torres, Shara Borges, Rafaela Pereira, Amanda Kelly, Givanildo Zildo, Karialane Belarmino, Izabela Taís, Anderson Rodrigo pela troca de experiências na área acadêmica. vi Aos meus melhores amigos Raul Antunes, Ewerton Torres, Shara Borges e Rafaela Pereira pela amizade sincera, a Lui Silva pelo companheirismo, amizade, paciência e amor e a meus pais e irmãos pelo amor familiar e as doces palavras de incentivo e orgulho. vii SUMÁRIO __________________________________________________________________________ APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 1 RESUMO ............................................................................................................................... 3 ABSTRACT ........................................................................................................................... 4 INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 4 CAPÍTULO 1. MARCADORES MOLECULARES ISSR PARA ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. ............................................................. 8 RESUMO ............................................................................................................................... 9 ABSTRACT ......................................................................................................................... 10 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 10 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 12 Coleta de material vegetal e extração de DNA..................................................................... 12 Amplificação do DNA com iniciadores de ISSR.................................................................... 12 Número suficiente de locos para estudo da diversidade genética ........................................ 14 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 14 Seleção dos iniciadores de ISSR ......................................................................................... 14 Determinação do número suficiente de locos para estudo da diversidade genética ............. 17 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 18 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 19 CAPÍTULO 2: DIVERSIDADE GENÉTICA E QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ÁRVORES MATRIZES DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. ................................... 23 RESUMO ............................................................................................................................. 24 ABSTRACT ......................................................................................................................... 25 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 25 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 27 Área de estudo e amostragem ............................................................................................. 27 Qualidade fisiológica de sementes das árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia ................ 27 Diversidade genética de árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia e entre suas progênies .. 29 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 31 Qualidade fisiológica de sementes de diferentes árvores matrizes ...................................... 31 Diversidade genética de diferentes árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia e entre suas progênies ............................................................................................................................. 33 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 41 viii LISTA DE FIGURAS __________________________________________________________________________ CAPÍTULO 1 Figura 1. Valores de correlação de Pearson (r) e estresse de Kruskal (E) em função do número de locos ISSR utilizados para estimar a diversidade genética de nove indivíduos de M. caesalpiniaefolia ............................................................................................................. 18 CAPÍTULO 2 Figura 1. Dendrograma UPGMA de distância genética de Nei para um conjunto de nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia. ............................................................................ 40 ix LISTA DE TABELAS __________________________________________________________________________ CAPÍTULO 1 Tabela 1. Iniciadores de ISSR com suas respectivas sequências de nucleotídeos e número total de locos amplificados ................................................................................................... 15 Tabela 2. Número total de locos, número de locos polimórficos, taxa de polimorfismo e valor do conteúdo de informação polimórfica (PIC) de sete iniciadores de ISSR em nove indivíduos de M. caesalpiniaefolia........................................................................................ 16 CAPÍTULO 2 Tabela 1. Sequência de nucleotídeos de sete iniciadores de ISSR ...................................... 38 Tabela 2. Médias de grau de umidade (GU), germinação (G), emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), condutividade elétrica (CE) e lixiviação de K+ (LK+) de sementes provenientes de nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia .......................... 39 Tabela 3. Coeficientes de correlação de Spearman entre os testes de germinação, condutividade elétrica e lixiviação de K+ com os testes de emergência e índice de velocidade de emergência em campo ................................................................................................... 39 Tabela 4. Parâmetros de diversidade genética obtida a partir da análise de marcadores ISSR em nove árvores matrizes e 18 progênies de polinização aberta provenientes de um plantio de M. caesalpiniaefolia ........................................................................................................ 40 Tabela 5. Matriz de distância genética de Nei de um conjunto de nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia ............................................................................................................. 40 x APRESENTAÇÃO __________________________________________________________________________ A presente dissertação aborda a seleção de árvores matrizes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. com vistas à produção de sementes, estando organizada em dois capítulos apresentados na forma de artigos científicos formatados conforme as normas das revistas científicas escolhidas para submissão. O primeiro capítulo corresponde ao artigo “Marcadores moleculares ISSR para estudo da diversidade genética de Mimosa caesalpiniaefolia Benth.”, preparado para envio à revista “Ciência Agronômica”. Objetivou-se com este trabalho selecionar iniciadores de ISSR (Inter sequências simples repetidas) capazes de detectar polimorfismo genético entre indivíduos de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. para o estudo da diversidade genética desta espécie. O segundo capítulo intitulado de “Diversidade genética e qualidade fisiológica de sementes de árvores matrizes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth.” foi preparado para envio à revista “Pesquisa Agropecuária Brasileira” e teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica das sementes e estimar o nível de diversidade genética de um conjunto de árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia provenientes de uma área plantada no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. 1 RESUMO __________________________________________________________________________ SELEÇÃO DE ÁRVORES MATRIZES DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. PARA PRODUÇÃO DE SEMENTES Plantios florestais com espécies nativas podem ser realizados com o intuito de reverter o quadro de escassez de produtos florestais e mitigar a degradação ambiental no bioma Caatinga. Nestes casos, as sementes florestais de boa qualidade constituem-se em insumos importantes para a formação desses plantios. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar a qualidade fisiológica de sementes e a diversidade genética de diferentes árvores matrizes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. provenientes de uma área plantada no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Dessa área foram amostradas nove árvores matrizes que tiveram suas sementes avaliadas pelos testes de germinação e vigor e sua diversidade genética e de suas progênies estimada por meio de marcadores moleculares ISSR (Inter Sequências Simples Repetidas). Todas as matrizes produziram sementes com elevada taxa de germinação e emergência, porém foram constatadas diferenças sutis de vigor quando avaliadas pelos testes de condutividade elétrica e lixiviação de potássio. Os marcadores ISSR revelaram que existe diversidade genética entre as matrizes e entre suas progênies. A produção de sementes com alta qualidade fisiológica aliada à existência de diversidade genética das nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia permite que as mesmas sejam exploradas para produção de sementes, priorizando-se as mais divergentes geneticamente e que produzem sementes de melhor qualidade. Palavras-chave: sementes florestais, marcador molecular, qualidade de sementes, reflorestamento, diversidade genética. 2 ABSTRACT __________________________________________________________________________ SELECTION OF MAIN TREES OF Mimosa caesalpiniaefolia Benth. FOR SEED PRODUCTION Forest plantations with native species can be performed in order for reverse the shortage of forest products and mitigate environmental degradation in the Caatinga biome. In these cases the quality seeds good are important inputs for the formation of these plantations. Thus, the aim of this study was to evaluate the physiological quality of seeds and genetic diversity of different main trees of Mimosa caesalpiniaefolia Benth. from a planted area in the state of Rio Grande do Norte, Brazil. This area were sampled nine main trees whose seeds were evaluated by germination and vigor and genetic diversity estimated by molecular markers ISSR (Inter Simple Sequence Repeats). All arrays produced seeds with high germination and emergence rate, but feature subtle differences in vigor when evaluated by electrical conductivity and potassium leaching tests. ISSR revealed that there is genetic diversity among individuals and among their progeny. The production of seeds with high physiological quality coupled with significant genetic diversity of nine main trees of M. caesalpiniaefolia allows them to be exploited for seed production, prioritizing the most divergent genetically and produce better quality seeds. Keywords: forest seeds, molecular marker, quality seeds, reforestation, genetic diversity. 3 INTRODUÇÃO GERAL __________________________________________________________________________ O bioma Caatinga, que ocupa o equivalente a 11% do território nacional, vem sofrendo ações de desmatamento, as quais atingem atualmente 46% da sua área, como resultado, principalmente, da exploração madeireira realizada de forma ilegal e insustentável (MMA, 2014). Diante da ameaça de que espécies florestais de importância econômica atual ou potencial estão sofrendo frente a esse ritmo crescente de desmatamento, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem buscado estratégias para minimizar os seus impactos, tendo criado em 2004, através do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica, uma lista unificada de espécies prioritárias para o bioma Caatinga (PAREYN, 2010). Dentre as espécies listadas, está a Mimosa caesalpiniaefolia Benth., uma espécie arbórea de médio porte, conhecida popularmente como sabiá, sansão-do-campo e unha-degato cuja importância econômica para o setor florestal da região está na ampla utilização da madeira como lenha, carvão e na forma de estacas para a construção de cercas. Antes de ser incluída como uma espécie prioritária pelo MMA, plantios artificiais haviam sido implantados no Nordeste em decorrência da escassez de povoamentos naturais para exploração de estacas (DRUMOND et al., 1999). Desde então, estudos relacionados ao aproveitamento tecnológico da madeira (GONÇALVES et al., 2010; ALENCAR, et al., 2011), produção e qualidade da forragem (CARVALHO et al., 2004; VIEIRA et al., 2005; LIMA et al., 2008) e recomposição florestal (ARAÚJO FILHO, et al., 2007; COSTA et al., 2014) têm sido realizados com esta espécie. Estes estudos permitem que as potencialidades de M. caesalpiniaefolia sejam racionalmente exploradas, contudo, outros aspectos comprovadamente importantes continuam sendo negligenciados como a falta de informações relacionadas à qualidade fisiológica e genética das sementes utilizadas para implantação de novas áreas. A obtenção de sementes de boa qualidade e em quantidade suficiente requer planejamento técnico das etapas de produção que começa com a seleção das árvores em que as sementes serão coletadas, as quais devem apresentar características tecnológicas superiores às demais da mesma espécie quando o objetivo é a produção de madeira e outros produtos não madeireiros, mas desprezando-se esses aspectos quando se destinam a restauração florestal (NOGUEIRA e MEDEIROS, 2007). Contudo, ainda segundo este autor, algumas características são comuns para todos os objetivos de produção, tais como, alto vigor, boa condição fitossanitária e produção de sementes em grande quantidade e com qualidade elevada. 4 Rotineiramente, a qualidade fisiológica das sementes é avaliada por meio do teste de germinação em condições favoráveis de laboratório de forma a obter-se a máxima germinação possível (BRASIL, 2009), cuja metodologia para muitas espécies florestais encontra-se descrita por Brasil, (2013) nas Instruções para Análise de Sementes Florestais. Como complemento ao teste de germinação tem-se utilizado testes de vigor que possibilitam detectar diferenças na qualidade fisiológica das sementes que não podem ser detectados pelo teste de germinação (KRZYZANOWSKI e FRANÇA NETO, 2001). Estudos sobre a qualidade das sementes são imprescindíveis para qualquer finalidade a que sejam destinadas, porém, quando o objetivo principal é a recomposição florestal também deve-se verificar se as mesmas possuem diversidade genética adequada (SILVA e PINTO (2009). As estimativas de diversidade genética de espécies vegetais têm sido realizadas por meio de marcadores moleculares capazes de detectar diferenças entre indivíduos ao nível de DNA (VELASCO-RAMÍREZ, et al., 2014). Como exemplo da ampla utilização dos marcadores moleculares pode-se citar os trabalhos desenvolvidos por Sebbenn et al. (2003), Melo Júnior et al. (2004) e Manoel et al. (2012) que têm demonstrado o grande potencial dos marcadores moleculares para estimar a diversidade genética de espécies florestais arbóreas brasileiras visando a coleta de sementes com variabilidade genética. Objetivo geral: Avaliar a qualidade fisiológica de sementes e a diversidade genética de diferentes árvores matrizes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. provenientes de uma área plantada no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Objetivos específicos: Avaliar a qualidade fisiológica de sementes de diferentes árvores matrizes de caesalpiniaefolia. Selecionar iniciadores de ISSR (Inter Sequências Simples Repetidas) capazes detectar polimorfismo genético entre indivíduos de M. caesalpiniaefolia para estudo diversidade genética da espécie. Estimar o nível de diversidade genética entre um conjunto de árvores matrizes e suas progênies por meio de marcadores ISSR. M. de da de BIBLIOGRAFIA ALENCAR, F. H. H.; PAES, J. B.; BAKKE, O. A.; SILVA, G. S. Resistência natural da madeira de sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.) a cupins subterrâneos. Revista Caatinga, v. 24, n. 1, p. 57-64, 2011. 5 ARAÚJO FILHO, J. A.; SOUSA, F. B.; SILVA, N. L.; BEZERRA, T. S. Avaliação de leguminosas arbóreas, para recuperação de solos e repovoamento em áreas degradadas, Quixeramobim-CE. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 2, n. 2, p.1592-1595, 2007. BRASIL. Instruções para análise de sementes de espécies florestais. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Defesa Agropecuária, 2013. 98p. BRASIL. Regras para análises de sementes. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Defesa Agropecuária, 2009. 399p. CARVALHO, F. C.; GARCIA, R.; ARAUJO FILHO, J. A.; COUTO, L. Manejo in situ do sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.) para produção simultânea de madeira e forragem, em um sistema silvipastoril. Agrossilvicultura, v. 1, n. 2, p. 121-129, 2004. COSTA, M. G.; GAMA-RODRIGUES, A. C.; ZAIA, F. C.; GAMA-RODRIGUES, E. F. Leguminosas arbóreas para recuperação de áreas degradadas com pastagem em Conceição de Macabu, Rio de Janeiro, Brasil. Scientia Forestalis, v. 42, n. 101, p. 101-112, 2014. DRUMOND, M. A.; OLIVEIRA, V. R.; LIMA M. F. Mimosa caesalpiniifolia Benth.: Estudos de melhoramento genético realizados pela Embrapa Semiárido. In: QUEIROZ, M.; GOEDERT, S. R. R. (Eds.). Recursos genéticos e melhoramento de plantas para o Nordeste brasileiro, 1999. GONÇALVES, C. A.; LELIS, R. C. C.; ABREU, H. S. Caracterização físico-química da madeira de sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.). Revista Caatinga, v. 23, n. 1, p. 54-62, 2010. KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA NETO, J. B. Vigor de sementes. Informativo ABRATES, v. 11, n. 3, p. 81-84, 2001. LIMA, I. C. A. R.; LIRA, M. A.; MELLO, A. C. L.; SANTOS, M. V. F.; FREITAS, E. V.; FERREIRA R. L. C. Avaliação de sabiazeiro (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.) quanto a acúleos e preferência por bovinos. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 3, n. 3, p. 289-294, 2008. MANOEL, R. O.; CARDIN, L. T.; MOREIRA, J. P.; SILVA, E. C. B.; SENNA, S. N.; KUBOTA, T. Y. K.; FREITAS, M. L. M.; MORAES, M. L. T.; SEBBENN, A. M. Sistema de reprodução, parentesco e tamanho efetivo em sementes de polinização livre de populações fragmentadas de Copaifera langsdorffii Desf., por análise de locos microssatélites. Scientia Forestalis, v. 40, p. 145-155, 2012. 6 MELO JÚNIOR, A. F.; CARVALHO, D.; POVOA, J. R. S.; BEARZOTI, E. Estrutura genética em populações naturais de pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.). Scientia Florestalis, n. 66, p. 56-65, 2004. MMA – Ministério do Meio Ambiente. Bioma Caatinga. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga>. Acesso em: 24 de novembro de 2014. NOGUEIRA, A. C.; MEDEIROS, A. C. S. Coleta de sementes florestais nativas. Embrapa Florestas. Colombo, 2007. 11p. (Circular técnica nº144). PAREYN, F. G. C. A importância da produção não-madeireira na Caatinga. In: GARIGLIO, M. A.; SAMPAIO, E. V. S. B.; CESTARO, L. A.; KAGEYAMA, P. Y. (Orgs.) Uso sustentável e conservação dos recursos florestais da caatinga. Brasília: Serviço Florestal Brasileiro, 2010, p. 129-139. SEBBENN, A. 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Composição química de forrageiras e seletividade de bovinos em bosque de sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.) nos períodos chuvoso e seco. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1505-1511, 2005. 7 CAPÍTULO 1 __________________________________________________________________________ MARCADORES MOLECULARES ISSR PARA ESTUDO DA DIVERSIDADE GENÉTICA DE Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. 8 Marcadores moleculares ISSR para estudo da diversidade genética de Mimosa caesalpiniaefolia Benth.1 Fernando dos Santos Araújo2*, Mauro Vasconcelos Pacheco2, Fábio de Almeida Vieira2, Cibele dos Santos Ferrari2, Kyvia Pontes Teixeira das Chagas2 RESUMO – Conhecer a diversidade genética de espécies florestais arbóreas vítimas da exploração predatória no semiárido brasileiro pode contribuir com a elaboração de estratégias efetivas para sua conservação e aproveitamento futuro. Assim, objetivou-se com este estudo selecionar iniciadores de ISSR (Inter Sequências Simples Repetidas) capazes de detectar polimorfismo genético entre indivíduos de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. para estudo da diversidade genética da espécie. Um total de 27 iniciadores de ISSR foram testados quanto à sua capacidade de amplificar o DNA genômico de três indivíduos (bulk) e todos amplificaram regiões entre sequências simples repetidas no genoma, porém sete foram selecionados por apresentarem bom padrão de amplificação em relação aos demais. Os sete iniciadores selecionados foram utilizados para amplificar o DNA genômico de nove indivíduos e geraram um total de 78 locos, sendo 52,7% polimórficos. O valor do conteúdo de informações polimórfica dos iniciadores variou de 0,261 a 0,489, revelando que os mesmos são mediamente informativos e através da análise de bootstrap foi determinado que 51 locos foram suficientes para estimar a diversidade genética da amostra de indivíduos analisada. Conclui-se que os marcadores gerados pelos iniciadores UBC807, UBC824, UBC827, UBC840, UBC851, UBC873 e UBC881 permitem detectar polimorfismo genético entre indivíduos de M. caesalpiniaefolia, podendo ser utilizados para estimar a diversidade genética desta espécie. Palavras-chave: biologia molecular, semiárido, espécie florestal, DNA, polimorfismo. ____________________________ *Autor para correspondência 1 Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado do primeiro autor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte financiado pela FAPERN/CAPES 2 Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Macaíba, Rio Grande do Norte, Brasil. ([email protected]); 9 Molecular markers ISSR for diversity genetics study of Mimosa caesalpiniaefolia BENTH. ABSTRACT - Know the genetic diversity of forest tree species victims of predatory logging in the Brazilian semiarid region may contribute to the development of effective strategies for conservation and future use. Thus, the aim of this study was to select primers of ISSR (Inter Simple Sequence Repeats) capable of detecting genetic polymorphism between individuals of Mimosa caesalpiniaefolia Benth. for study the genetic diversity of the species. A total of 27 ISSR primers were tested for their ability to amplify genomic DNA the three individuals (bulk) and all primers amplified regions between repeated simple sequences in the genome, but seven were selected because of their good standard of amplification compared to the others. Os seven selected primers were used to amplify genomic DNA of nine individuals and generated a total of 78 loci, which 52.7% polymorphic. The value of the information content polymorphic ranged from 0.261 to 0.489, showing that they are moderately informative and through bootstrap analysis was determined that 51 loci were sufficient to estimate the genetic diversity of the sample of analyzed individuals. We conclude that the markers generated through primers UBC807, UBC824, UBC827, UBC840, UBC851, UBC873 and UBC881 can detect genetic polymorphism between individuals of M. caesalpiniaefolia and can be used to estimate the genetic diversity of this species. Key words: molecular biology, semiarid, forest species, DNA, polymorphism. INTRODUÇÃO Na região semiárida do Brasil, a escassez de produtos florestais provocada pelo desmatamento fez surgir a necessidade de conservar e utilizar de forma sustentável as espécies florestais nativas de importância econômica atual ou potencial, de modo que o governo do país criou em 2004 uma lista unificada de espécies prioritárias, acreditando que o cultivo e aproveitamento destas poderia ser uma alternativa para reduzir a exploração predatória em áreas naturais (PAREYN, 2010). 10 Das espécies listadas, apenas quatro são cultivadas comercialmente, entre elas a Mimosa caesalpiniaefolia Benth., uma árvore de pequeno porte de ocorrência natural no semiárido nordestino, tendo seu maior índice de ocorrência nos estados do Ceará e do Piauí (MAIA, 2004). É uma espécie importante para a exploração florestal no semiárido nordestino que possui estudos avançados de aproveitamento e cultivo (PAREYN, 2010) voltados, principalmente, para exploração de madeira utilizada na forma de estacas e mourões para confecção de cercas e como fonte energética (RIBASKI et al., 2003). Diante e tal importância, justifica-se o desenvolvimento de estudos que possam subsidiar a conservação e melhoramento genético de M. caesalpiniaefolia como forma de garantir sua utilização futura. Para tanto, torna-se relevante caracterizar a sua diversidade genética, pois segundo Srihari et al. (2013) a existência de diversidade genética na popluçaõ a ser conservada permite a evolução de novas combinações de genes, conferindo uma maior capacidade de evolução e adaptação às mudanças nas condições ambientais que são características importantes tanto para conservação, quanto para o melhoramento genético. Atualmente existem várias técnicas disponíveis que permitem o estudo da diversidade genética em plantas como os marcadores morfológicos, bioquímicos e moleculares (VASHISHTHA et al., 2013). Destes, os que mais prosperaram, sendo desenvolvidos e utilizados com sucesso nas últimas duas décadas foram os marcadores moleculares baseados na técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) como SSR (Sequências Simples Repetidas), RAPD (Amplificação Arbitrária de DNA Polimórfico) e ISSR (Inter Sequências Simples Repetidas) (SEMAGN et al., 2006). Na técnica de ISSR são utilizados iniciadores compostos por repetições di-, tri-, tetraou pentanucleotídicas, com ou sem uma sequência de ancoragem de um a três nucleotídeos que têm como alvo as regiões microssatélites no genoma (ZIETJIEWICZ et al., 1994) sem que seja necessário o sequenciamento prévio do genoma (BARTH et al., 2002). 11 Em contraste com outros marcadores moleculares, as sequências alvo dos iniciadores de ISSR são abundantes ao longo do genoma eucariótico e evoluem rapidamente e, consequentemente, ajudam a revelar um número muito maior de locos polimórficos que outros marcadores dominantes como RAPD (ANSARI et al., 2012). Essas características tornam os marcadores ISSR atrativos, sobretudo, quando se trata de espécies que ainda não foram estudadas do ponto de vista genético utilizando marcadores moleculares como a M. caesalpiniaefolia. Assim, o objetivo deste estudo foi selecionar iniciadores de ISSR capazes de detectar polimorfismo genético entre indivíduos de M. caesalpiniifolia para estudo da diversidade genética da espécie. MATERIAL E MÉTODOS Coleta de material vegetal e extração de DNA Foram coletadas amostras de folhas de nove indivíduos de M. caesalpiniaefolia provenientes da Área de Experimentação Florestal (5º53'52,5"S e 35º21'31,6"W) pertencente à Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UAECIA/UFRN) no município de Macaíba, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. As amostras foram acondicionadas em recipiente térmico com gelo e levadas ao Laboratório de Genética e Melhoramento Florestal da UAECIA/UFRN onde foram transferidas para tubos contendo solução tampão contendo 2% de CTAB e armazenadas a -20 ºC. O DNA genômico foi extraído utilizando-se o protocolo proposto por Doyle e Doyle (1987), com modificações, e sua quantificação foi realizada em espectrofotômetro de microplacas (Epoch™), segundo orientações do fabricante. Amplificação do DNA com iniciadores de ISSR As reações para amplificação do DNA foram realizadas em termociclador (Veriti® 96Well) sob as seguintes condições: desnaturação inicial a 94 ºC durante 2 minutos; 37 ciclos de 15 segundos a 94 ºC para desnaturação, 30 segundos a 47 ºC para anelamento do iniciador ao 12 DNA molde e 1 minuto a 72 ºC para extensão; um ciclo de extensão final durante 7 minutos a 72 ºC; resfriamento até atingir 4,0 ºC. As amplificações de PCR foram realizadas em 12 μl reação contendo 2,0 µL de DNA diluído (1:50) adicionados a 10 μL de mix de reação [0,33 µM de iniciador; 1,2 µL de tampão de PCR (Buffer IC Phoneutria®); 0,25 mg.mL-1 de BSA; 2,0 mM de MgCl2; 0,25 mM de dNTP; 0,5 U de Taq DNA polimerase] e completado o volume final com água ultrapura. Os produtos da PCR foram corados com Azul de Bromofenol associado à GelRed™ e separados por eletroforese horizontal em gel de agarose (1,5% p/v) imerso em tampão TAE 1X (Tris-Acetato-EDTA) a uma voltagem constante (100V) durante aproximadamente três horas. Um controle negativo contendo apenas mix de PCR e um padrão de peso molecular com 1.000 pares de base (pb) (K181 DNA Ladder Invitrogen®) foram utilizados em cada eletroforese. Os géis foram fotografados sob luz ultravioleta em um sistema de fotodocumentação (E-Box VX2). Foram testados 27 iniciadores de ISSR (University of British Columbia University de British Columbia - UBC) utilizando-se DNA genômico, em bulk, de três indivíduos de M. caesalpiniaefolia amostrados aleatoriamente do conjunto total de indivíduos. Foram selecionados os iniciadores que apresentaram os melhores padrões de amplificação (locos inequívocos, reprodutíveis, com boa qualidade de resolução e em maior número), os quais foram utilizados para amplificar o DNA genômico dos nove indivíduos amostrados. Cada iniciador foi avaliado quanto ao número total de locos amplificados, número total de locos polimórficos, taxa de polimorfismo e valor do conteúdo de informação polimórfica conforme a equação proposta por Anderson et al. (1993): Onde: Pij é a frequência do alelo "j" no marcador "i". 13 A frequência alélica foi obtida através dos dados de presença (1) e ausência (0) dos locos amplificados por cada iniciador nos nove indivíduos utilizando-se o software POPGENE versão 1.3 (YEH et al. 1997). Número suficiente de locos para estudo da diversidade genética A determinação do número suficiente de locos para obter com precisão as estimativas de diversidade genética dos indivíduos amostrados foi realizada por meio da análise de bootstrap utilizando-se o software GENES (CRUZ, 2001). A partir de uma matriz binária construída com os dados de presença (1) ou ausência (0) dos locos amplificados foi estimada, para cada par de indivíduos, a distância genética de Nei (1978). Em seguida, foram estimados, para cada par de indivíduos, valores de distância genética simulados a partir de reamostragens utilizando-se diferentes números de locos (1, 6, 11, ..., 78 locos) com 10.000 permutações. Com os valores de distância genética simulada foram geradas matrizes, as quais foram correlacionadas (r) com a matriz de distância genética original. O ajuste entre as duas matrizes foi verificado por meio do valor de estresse de Kruskal (KRUSKAL, 1964). O número de locos foi considerado suficiente para realização das estimativas de diversidade genética quando o estresse atingiu valor inferior a 0,05 e a correlação se aproximou do valor máximo (r = 1,0). RESULTADOS E DISCUSSÃO Seleção dos iniciadores de ISSR Todos os 27 iniciadores testados amplificaram sequências entre regiões simples repetidas (microssatélites) no genoma de M. caesalpiniaefolia (Tabela 1). O número de locos amplificados por iniciador variou de 2 a 12, sendo que a maioria amplificou regiões com 5 a 10 locos. 14 Tabela 1 – Iniciadores de ISSR com suas respectivas sequências de nucleotídeos e número total de locos amplificados Iniciador ISSR Sequência de nucleotídeos (5’– 3’) Número total de locos UBC807 AGAGAGAGAGAGAGAGT 9 UBC808 AGAGAGAGAGAGAGAGC 5 UBC809 AGAGAGAGAGAGAGAGG 5 UBC810 GAGAGAGAGAGAGAGAT 9 UBC813 CTCTCTCTCTCTCTCTT 9 UBC818 CACACACACACACACAG 10 UBC821 GTGTGTGTGTGTGTGTT 2 UBC822 TCTCTC TCTCTCTCTCA 7 UBC824 TCTCTCTCTCTCTCTCG 8 UBC825 ACACACACACACACACT 7 UBC826 ACACACACACACACACC 4 UBC827 ACACACACACACACACG 12 UBC829 TGTGTGTGTGTGTGTGC 6 UBC830 TGTGTGTGTGTGTGTGG 8 UBC840 GAGAGAGAGAGAGAGAYT 11 UBC841 GAGAGAGAGAGAGAGAYC 10 UBC842 GAGAGAGAGAGAGAGAYG 4 UBC843 CTCTCTCTCTCTCTCTRA 5 UBC844 CTCTCTCTCTCTCTCTRC 7 UBC851 GTGTGTGTGTGTGTGTYG 9 UBC857 ACACACACACACACACYG 6 UBC859 TGTGTGTGTGTGTGTGRC 10 UBC860 TGTGTGTGTGTGTGTGRA 7 UBC862 AGCAGCAGCAGCAGCAGC 8 UBC873 GACAGACAGACAGACA 11 UBC880 GGAGAGGAGAGGAGA 6 UBC881 GGGTGGGGTGGGGTG 9 R, purina (A ou G); Y, pirimidina (C ou T). Os iniciadores selecionados por apresentarem bom padrão de amplificação em relação aos demais foram UBC807, UBC824, UBC827, UBC840, UBC851, UBC873 e UBC881. Ao avaliar o padrão de amplificação desses iniciadores utilizando DNA genômico de nove indivíduos (Tabela 2) pode-se verificar que apenas UBC807, UBC881 e UBC840 amplificaram o mesmo número de locos observados na pré-seleção, enquanto que UBC851 amplificou um número menor e UBC824, UBC827 e UBC873 um número maior de locos. Essa diferença no perfil de amplificação dos iniciadores está relacionada ao tipo de amostra 15 de DNA utilizado, pois de acordo com Yanaka et al. (2005) quando se utiliza amostras de DNA em bulk, locos com baixa frequência na população podem não ser amplificados. A análise dos nove indivíduos com sete combinações de iniciadores revelou um total de 78 locos, com número médio de 11 locos por iniciador (Tabela 2). Analisando outros trabalhos com iniciadores de ISSR, verificou-se que o número médio de locos por iniciador obtidos nesta pesquisa aproximou-se dos observados em Pongamia pinnata (L.) Pierre (10,75 locos) (KESARI et al., 2010), Praecox chimonanthus (L.) Link (10,45 locos) (ZHAO et al., 2007) e Spondias sp. (10 locos) (SANTANA et al., 2011), sugerindo que o número médio de locos amplificados pelos iniciadores selecionados para M. caesalpiniaefolia, neste estudo, possa ser considerado satisfatório. Tabela 2 - Número total de locos, número de locos polimórficos, taxa de polimorfismo e valor do conteúdo de informação polimórfica (PIC) de sete iniciadores de ISSR em um conjunto de nove indivíduos de M. caesalpiniaefolia. Iniciador UBC 807 UBC 824 UBC 827 UBC 840 UBC 851 UBC 873 UBC 881 Média Total Número total de locos 9 16 14 11 7 12 9 11 78 Número total de locos polimórficos 5 9 4 7 3 8 5 6 41 Taxa de polimorfismo 55,6 56,3 28,6 63,6 42,9 66,7 55,6 52,7 Valor de PIC 0,451 0,450 0,261 0,334 0,381 0,489 0,416 0,397 A combinação dos sete iniciadores revelou um total de 41 locos polimórficos, ou seja, 52,7% do total de locos amplificados. Porém, a capacidade de detectar polimorfismo foi bastante variável entre os iniciadores, que variou de 28,6% (UBC827) a 66,7% (UBC873), com um valor médio de 52,7 % de polimorfismo por iniciador. Essa taxa de polimorfismo pode ser considerada baixa quando comparada aos valores obtidos por outros conjuntos de iniciadores de ISSR em Hagenia abyssinica (Bruce) J.F. Gmel. (81,0%) (FEYISSA et al., 2007), Spondias sp. (80,0%) (SANTANA et al., 2011), Thuja sutchuenensis Franch. (76,1%) 16 (LIU et al., 2013), Larix gmelinii (Rupr.) (98,83%) (ZHANG et al., 2013) e Erythrina velutina Willd. (98,0%) (GONÇALVES et al., 2014). Entretanto, isso não significa que, necessariamente, os iniciadores avaliados para M. caesalpiniaefolia neste estudo amplifiquem regiões com baixo polimorfismo. A taxa de polimorfismo dos iniciadores pode variar em função da população ou grupo de indivíduos que esteja sendo avaliado como demonstrado por Oliveira et al. (2010) em populações de Carapichea ipecacuanha (Brot.) L. provenientes de diferentes regiões geográficas; bem como observado por Yiing et al. (2014) em florestas plantadas e naturais de Neolamarckia cadamba (Roxb.) Bosser.; da mesma forma, constatado por Qian et al. (2013) entre populações de Calanthe tsoongiana Tang & F.T.Wang e por Dai et al. (2013) entre populações de Madhuca hainanensis Chun & F.C. How. Para o conteúdo de informação polimórfica foram obtidos valores de 0,261 (UBC827) a 0,489 (UBC873) e valor médio de 0,397 para a combinação dos sete iniciadores, que segundo Botstein et al. (1980), podem ser classificados como mediamente informativos (Tabela 2). Essa avaliação confirma que os iniciadores selecionados podem ser utilizados para estimar a diversidade genética de M. caesalpiniaefolia, pois iniciadores ISSR classificados como mediamente informativos também foram utilizados com sucesso em outras espécies como Pongamia pinnata (L.) Pierre (KESARI et al., 2010), Dioscorea spp. (VELASCO-RAMÍREZ et al., 2014), Quercus brantii Lindl. (ALIKHANI et al., 2014 ) e Trifolium ssp. (ARYANEGAD et al., 2013). Número suficiente de locos para estudo da diversidade genética Por meio da análise de bootstrap foi possível estimar o número suficiente de locos para o estudo da diversidade genética de M. caesalpiniaefolia (Figura 1). Verifica-se que, com o aumento do número de locos analisados, a cada reamostragem, houve elevação dos valores de 17 correlação e redução dos valores de estresse de Kruskal. Quando a reamostragem foi realizada com 51 locos, o estresse assumiu valor de 0,046 e o coeficiente de correlação de 0,840. Figura 1 – Valores de correlação de Pearson (r) e estresse de Kruskal (E) em função do número de locos de ISSR utilizados para estimar a diversidade genética de nove indivíduos de M. caesalpiniaefolia. 0,552 Valor de estresse (E) Correlação de Pearson (r) 1,000 0,900 0,483 0,800 0,414 0,700 0,345 0,600 0,276 0,500 0,207 0,400 0,138 0,300 0,069 0,200 0,000 Correlação de Pearson (r) Valor de estresse de Kruskal (E) 0,621 0,100 1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 Número de total de locos Valores de estresse abaixo de 0,05 indicam que as estimativas possuem alta precisão (Kruskal, 1964) e valores de r próximos a 1,0 indicam alta correlação positiva entre a matriz de distância genética original e a matriz de distância genética simulada. Dessa forma, assumese que o número de locos utilizados (78 locos) para a realização das estimativas de diversidade genética para os indivíduos amostrados foi considerado suficiente. A determinação do número mínimo de locos de ISSR para estudo da diversidade genética através da análise de bootstrap tem sido realizada para diversos táxons como, por exemplo, em Spondias sp. (SANTANA et al., 2011), Erythrina velutina Willd (GONÇALVES et al., 2014) e orchidaceaes dos gêneros Cattleya e Brassavola (FAJARDO; VIEIRA; MOLINA, 2014). Sua utilização tem contribuído para a otimização do uso de recursos e tempo, traduzidos em menor número de marcadores representativos da amostragem do genoma para caracterização da diversidade genética (GONÇALVES et al., 2014). CONCLUSÃO 18 Os marcadores gerados pelos iniciadores UBC807, UBC824, UBC827, UBC840, UBC851, UBC873 e UBC881 permitem detectar polimorfismo genético entre indivíduos de M. caesalpiniaefolia, podendo ser utilizados para estimar a diversidade genética da espécie. REFERÊNCIAS ALIKHANI, L.; RAHMANI, M.; SHABANIAN, N.; BADAKHSHAN, H.; KHADIVI-KHUB, A. 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Fernando dos Santos Araújo (1), Mauro Vasconcelos Pacheco (1), Fábio de Almeida Vieira (1), Cibele dos Santos Ferrari (1) e Francival Cardoso Félix (1) (1) Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UAECIA/ UFRN). Rodovia RN-160, Km 3, Distrito de Jundiaí, CEP 59280-000, Cx. Postal 07, Macaíba/ RN, (E-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]). Resumo - Mimosa caesalpiniaefolia Benth. é uma espécie florestal arbórea da Caatinga que possui potencial para implantação de plantios comerciais visando a exploração da madeira e para recomposição florestal no semiárido nordestino. Sendo assim, este estudo objetivou avaliar a qualidade fisiológica de sementes e estimar o nível de diversidade genética de um conjunto de árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia provenientes de uma floresta plantada no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Dessa área foram amostradas nove árvores matrizes que tiveram suas sementes avaliadas pelos testes de germinação e vigor e sua diversidade genética e de suas progênies estimada por marcadores moleculares ISSR (Inter Sequências Simples Repetidas). Todas as matrizes produziram sementes com elevada taxa de germinação e emergência, porém foram constatadas diferenças sutis de vigor quando avaliadas pelos testes de condutividade elétrica e lixiviação de potássio. Os marcadores ISSR revelaram que existe diversidade genética entre as matrizes e entre suas progênies. Conclui-se que as árvores matrizes apresentam diversidade genética e produzem sementes de alta qualidade fisiológica com diferenças sutis de vigor, podendo ser exploradas para produção de sementes, priorizando-se aquelas mais divergentes geneticamente e que produzem sementes de melhor qualidade. Termos para indexação: sementes florestais, marcador molecular, semiárido, Fabaceae, sabiá. 24 Genetic diversity and physiological quality of seeds of main trees Mimosa caesalpiniaefolia Benth. Abstract - Mimosa caesalpiniaefolia Benth. is an arboreal forest species from the Caatinga that has potential for deployment of commercial plantations aimed at logging and reforestation in the northeastern semiarid. Thus, this study aimed to evaluate the physiological quality of seeds and estimate the level of genetic diversity of a set of main trees M. caesalpiniaefolia from a planted area in the state of Rio Grande do Norte, Brazil. This area were sampled nine main trees whose seeds were evaluated by germination and vigor and genetic diversity estimated by molecular markers ISSR (Inter Simple Sequence Repeats). All arrays produced seeds with high germination and emergence rate, but feature subtle differences in vigor when evaluated by electrical conductivity and potassium leaching tests. ISSR revealed that there is genetic diversity among individuals and among their progeny. We conclude that the main trees present genetic diversity and physiological produce high quality seeds with subtle differences in force and can be exploited for seed production, giving priority to those most genetically divergent and produce better quality seeds. Index terms: forest seeds, molecular marker, semiarid, Fabaceae, sabiá. Introdução Mimosa caesalpiniaefolia Benth. é uma espécie arbórea lenhosa, pertencente à família Fabaceae, nativa do semiárido brasileiro, de relevante interesse econômico para esta região devido, principalmente, à produção de madeira utilizada como lenha e carvão e de estacas para a construção de cercas (Ribaski et al., 2003). Além disso, vem sendo recomendada para utilização em programas de recuperação de áreas degradadas (Pereira, 2011), de forma que se 25 estima um aumento na demanda de sementes para produção de mudas desta espécie, quer seja com fins de plantio exploratório da madeira, como para restauração florestal. Para a obtenção de sementes florestais de alta qualidade é necessário um planejamento técnico de todas as etapas de produção, iniciando-se com a seleção das árvores matrizes em que serão coletadas as sementes, as quais devem apresentar características produtivas superiores às demais da mesma espécie na área (Nogueira e Medeiros 2007; Oliveira, 2012). Dentre os parâmetros avaliados para seleção de matrizes, a qualidade das sementes é um dos mais importantes (Nogueira e Medeiros, 2007), por isso se faz necessário realizar o controle de qualidade das sementes de cada matriz em laboratório antes de elegê-las como fornecedoras de sementes (Lima et al., 2014). Estudos sobre a qualidade fisiológica das sementes são imprescindíveis para qualquer finalidade a que sejam destinadas, porém, quando o objetivo principal é a recomposição florestal também se deve verificar se as mesmas possuem variabilidade genética adequada (Silva e Pinto, 2009). Assim torna-se relevante estimar a diversidade genética das árvores das quais as sementes serão coletadas, pois segundo Sebbenn (2002) estas devem apresentar baixo grau de parentesco a fim de evitar endogamia nas futuras gerações e conservar o potencial evolutivo da população formada. A avaliação da diversidade genética de espécies florestais arbóreas brasileiras visando a coleta de sementes tem sido realizada por meio de marcadores moleculares baseados em PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) como RAPD (Polimorfismo de DNA Amplificado ao Acaso) (Rabbani et al., 2012) e SSR (Repetições de Sequência Simples) (Gaino et al., 2011) e também por meio de marcadores moleculares bioquímicos como os isoenzimáticos (Sebbenn et al., 2003). Outro marcador molecular que tem sido utilizado para estimar a diversidade genética de espécies arbóreas é o ISSR (Inter Repetições de Sequências Simples). Este foi 26 desenvolvido por Zietjiewicz et al. (1994) e pertence à classe dos marcadores dominantes baseados em PCR. O ISSR não necessita de sequenciamento prévio do genoma (Shi et al., 2010) como o RAPD, entretanto, tem sido considerado mais vantajoso devido à amplificação de fragmentos com maior reprodutibilidade e menor custo de operação quando comparado ao RAPD (Brandão et al., 2011). Considerando a importância da qualidade fisiológica e da diversidade genética das sementes de espécies nativas para programas de recuperação ou conservação e melhoramento vegetal, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica das sementes e estimar o nível de diversidade genética de um conjunto de árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia provenientes de uma área plantada no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Material e Métodos Área de estudo e amostragem A amostragem foi feita em um plantio de M. caesalpiniaefolia localizado na Área de Experimentação Florestal (5º 53' 52,5" S e 35º 21' 31,6" W) pertencente à Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UAECIA/UFRN) no município de Macaíba, Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Essa população consta de 355 plantas com três anos de idade e distribuídas em espaçamento 2 x 2 m (2500 planta.ha-1). Seu cultivo foi realizado a partir de mudas propagadas por sementes de polinização livre coletadas em plantas inermes (sem acúleos) no município de Macaíba/ RN. Foram amostradas, aleatoriamente, nove árvores dentre aquelas que apresentavam frutos maduros no momento da coleta que forneceriam sementes em quantidade suficiente para a realização dos testes propostos. Estes frutos foram beneficiados manualmente, descartando-se as sementes com má formação, danificadas e predadas por insetos. Qualidade fisiológica de sementes das árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia Determinação do grau de umidade 27 Foi realizado pelo método da estufa a 105 ± 3 ºC durante 24 horas conforme Brasil (2009) utilizando-se duas subamostras de 50 sementes. Os resultados foram expressos em porcentagem. Teste de germinação As sementes foram submetidas a tratamento para superar a dormência (desponte na região oposta à micrópila) e desinfestadas com solução de hipoclorito de sódio (2,5% de cloro ativo) durante cinco minutos conforme recomendações de Brasil (2013). Em seguida, foram semeadas em papel toalha (tipo Germitest®) umedecido com água destilada e organizado em forma de rolos. Os rolos foram acondicionados em sacos plásticos transparentes e incubados em germinador tipo B.O.D. (Biochemical Oxygen Demand) regulado à temperatura de 25 ºC com luz constante. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, utilizando-se um total de 100 sementes subdivididas em quatro subamostras de 25. No sétimo dia após o início do teste foram contabilizadas as sementes germinadas (plântulas normais), sendo os resultados expressos em porcentagem. Teste de emergência em campo As sementes de cada matriz foram submetidas a tratamento para superar a dormência (desponte na região oposta à micrópila) e, em seguida, semeadas a 2,0 cm de profundidade em um canteiro de solo arenoso a pleno sol. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, utilizando-se 100 sementes subdivididas em quatro subamostras de 25. No 12º dia após a semeadura foram contabilizadas as plântulas normais emersas, sendo os resultados expressos em porcentagem. Índice de velocidade de emergência Foi calculado a partir da fórmula proposta por Maguire (1962) utilizando-se o número de plântulas emersas diariamente no teste de emergência. Teste de condutividade elétrica e lixiviação de K+ 28 Foram realizados de acordo com metodologia proposta por Avelino (2014), utilizandose amostras de 100 sementes (subdivididas em quatro subamostras de 25), previamente despontadas, de cada matriz. Cada subamostra foi pesada em balança analítica e colocada para embeber em 50 mL de água deionizada por um período de oito horas à temperatura de 30 ºC. Após esse período, foram realizadas as leituras da condutividade elétrica (μS.cm-1.g-1 de semente) e da concentração de K+ (mg.L-1.g-1 de semente) da solução de embebição, utilizando-se condutivímetro de bancada (Tecnal® modelo TEC-4MP) e fotômetro de chama (Micronal®, modelo B462), respectivamente. Análise dos dados Os dados que atenderam aos pressupostos para análise paramétrica (índice de velocidade de emergência e lixiviação de K+) foram submetidos ao teste F pela Análise de Variância (ANOVA) e os que não atenderam (germinação, emergência e condutividade elétrica) foram analisados pelo teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. As médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Posteriormente, foram calculados os coeficientes de correlação de Spearman (não paramétrico) entre as variáveis, sendo a significância dos valores de r verificadas pelo teste t, aos níveis de 5,0 e 1,0% de probabilidade. As análises foram realizadas com o software estatístico ASSISTAT versão 7.6 beta. Diversidade genética de árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia e entre suas progênies Coleta de material vegetal e extração de DNA Foram coletadas amostras de material vegetal (folha) das plantas amostradas e, em seguida, transferidas para tubos contendo solução tampão (2% de CTAB) e armazenados a -20 ºC para posterior extração do DNA. Também foram coletadas aleatoriamente amostras de material vegetal de 18 progênies de uma população de 210 plantas formada a partir de sementes das nove árvores matrizes selecionadas. 29 O DNA genômico foi extraído conforme o protocolo proposto por Doyle & Doyle (1987) com modificações e sua quantificação foi realizada em espectrofotômetro de microplacas (Epoch™), segundo orientações do fabricante. Amplificação do DNA com iniciadores ISSR As reações para amplificação do DNA foram realizadas em termociclador (Veriti® 96Well) sob as seguintes condições: desnaturação inicial a 94 ºC durante 2 minutos; 37 ciclos de 15 segundos a 94 ºC para desnaturação, 30 segundos a 47 ºC para anelamento do iniciador ao DNA molde e 1 minuto a 72 ºC para extensão; um ciclo de extensão final durante 7 minutos a 72 ºC; resfriamento até atingir 4,0 ºC. As amplificações de PCR foram realizadas em 12 µL de reação contendo 2 µL de DNA diluído (1:50 v/v) adicionados a 10 μL de mix de reação [0,33 µM de iniciador; 1,2 µL de tampão de PCR (Buffer IC Phoneutria®); 0,25 mg.mL-1 de BSA; 2,0 mM de MgCl2; 0,25 mM de dNTP; 0,5 U de Taq DNA polimerase] e completado o volume final com água ultrapura. Os produtos da PCR foram corados com Azul de Bromofenol associado à GelRed™ e separados por eletroforese horizontal em gel de agarose (1,5% p/v) imerso em tampão TAE 1X (Tris-Acetato-EDTA) a uma voltagem constante (100V) durante aproximadamente três horas. Um controle negativo contendo apenas mix de PCR e um padrão de peso molecular com 1.000 pares de base (pb) (K181 DNA Ladder Invitrogen®) foram utilizados em cada eletroforese. Os géis foram fotografados sob luz ultravioleta em um sistema de fotodocumentação (E-Box VX2). Análise dos dados A análise dos marcadores ISSR foi feita a partir de uma matriz binária com os dados de presença (1) ou ausência (0) do loco, a partir da qual foram estimados o número de alelos observados, número de alelos efetivos, distância genética de Nei (Nei, 1978) e índice de 30 diversidade de Shannon para os conjuntos de matrizes e para as 18 progênies, utilizando-se o software estatístico POPGENE versão 1.3. Uma matriz de distância genética baseada na diversidade genética de Nei foi gerada para obtenção de dendrogramas através do método de agrupamento hierárquico UPGMA (Unweighted Pair Group Method with Arithmetic mean) utilizando-se o software NTSYS. Resultados e Discussão Qualidade fisiológica de sementes de diferentes árvores matrizes Os resultados das avaliações de qualidade fisiológica das sementes provenientes de nove matrizes de Mimosa caesalpiniaefolia bem como seu grau de umidade são apresentados na Tabela 2. Ao analisar os resultados da determinação do grau de umidade, verifica-se que as sementes das árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia apresentam de 9,1 a 11,0% de umidade. Essa variação entre as sementes encontra-se dentro do limite máximo permitido de 2% que é necessário para padronizar as avaliações e obter resultados consistentes nos testes de vigor (Marcos Filho, 2005). Também se pode verificar que as porcentagens de germinação das sementes e emergência das plântulas de todas as árvores matrizes foram elevadas, não sendo detectada diferença estatística significativa entre o desempenho das mesmas nesses testes. Entretanto, para as demais variáveis (IVE, CE e LK+) constatou-se diferenciação (p<0,05) quanto à qualidade fisiológica entre as sementes das diferentes matrizes. Com base no índice de velocidade de emergência, as sementes das matrizes 6 e 9 foram classificadas como de maior vigor e as sementes da matriz 1 como de menor vigor em relação às demais. Já na avaliação do vigor baseado no teste de condutividade elétrica, as sementes das matrizes 6 e 9 também foram classificadas como de maior qualidade fisiológica, enquanto as sementes das matrizes 1 e 5 foram classificadas como de menor vigor (Tabela 2). No teste de lixiviação de potássio, apenas as sementes da matriz 9 foram classificadas como 31 sendo as mais vigorosas, enquanto as das matrizes 1 e 5 foram classificadas como de menor vigor em relação às demais. Os resultados desses testes indicam que as sementes das diferentes matrizes apresentam diferenças sutis de vigor que são resultados de processos iniciais de deterioração, como os danos nas membranas celulares, que têm sido apontados como um dos primeiros sinais de declínio da qualidade fisiológica das sementes (Panobianco et al., 2007; Shaban, 2013). A variação entre a qualidade fisiológica das sementes das diferentes matrizes de M. caesalpiniifolia encontrada neste estudo pode ser considerada inferior a de árvores matrizes de espécies arbóreas como Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (Lima et al., 2014) e Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn. (Silva et al., 2014) mantidas em estado selvagem. Para estas última, a maior variação observada foi atribuída à grande influência ambiental e à alta variabilidade genética dos indivíduos. A Tabela 3 apresenta a correlação entre os testes de germinação e vigor e o desempenho das plântulas em campo. Verifica-se que não houve correlação (p>0,05) entre o teste de germinação e os testes de emergência e índice de velocidade de emergência. Entretanto, os testes de condutividade elétrica e lixiviação de K+ apresentaram correlações negativas significativas (p<0,05) com o índice de velocidade de emergência, indicando que quanto maior os valores de CE e LK+ das sementes, mais baixa será a velocidade de emergência das plântulas em campo (IVE). Esses resultados corroboram com Marcos Filho (2005) o qual descreve que a redução da velocidade de emergência geralmente é determinada pela desorganização do sistema de membranas, pois segundo este autor pode haver perda de constituintes (exsudados) essenciais à manutenção do potencial osmótico interno da célula, além de que a liberação desses 32 exsudados estimula o desenvolvimento de microrganismos que podem ser prejudiciais à germinação. Diversidade genética de diferentes árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia e entre suas progênies Neste estudo, a aplicabilidade dos marcadores ISSR para avaliar a diversidade genética de M. caesalpiniaefolia mostrou-se satisfatória, pois amplificaram sequências entre regiões simples repetidas (microssatélites) no genoma de M. caesalpiniaefolia cuja avaliação permitiu diferenciar geneticamente os indivíduos amostrados (Tabela 5 e Figura 1). A taxa de locos polimórficos foi diferente para os conjuntos de indivíduos avaliados, sendo de 52,7% para as matrizes e 64,6% nas progênies. As progênies também apresentaram maiores valores de alelos observados (1,646 ±0,05), alelos efetivos (1,426±0,05), diversidade genética de Nei (0,240±0,02) e índice de diversidade de Shannon (0,352±0,03) em relação ao conjunto de árvores matrizes cujos valores para essas variáveis foram, respectivamente, 1,525±0,04; 1,404±0,05; 0,220±0,02 e 0,317±0,03 (Tabela 4), indicando que o conjunto de progênies apresenta maior diversidade genética. Assumindo-se que o sistema de reprodução tem papel determinante na diversidade genética das populações (Liengsiri et al., 1999), esses resultados podem estar relacionados ao sistema de reprodução de M. caesalpiniaefolia. Mesmo não existindo estudos nesse sentido, acredita-se que a alogamia presente em outras espécies do gênero Mimosa (Seijo & Neffa, 2004; Silva et al., 2011) seja esperada para esta espécie. Além disso, quando se aceita a hipótese de que se trata de uma espécie alógama, a alta densidade de indivíduos vizinhos pode vir a favorecer uma maior taxa de cruzamento entre os indivíduos (Gusson, et al., 2006). De uma maneira geral, um nível de diversidade genética baixo ou moderado para o conjunto de matrizes e suas progênies era esperado, uma vez que os indivíduos analisados fazem parte de uma população cultivada com histórico de seleção. Essa hipótese corrobora 33 com o estudo realizados por Yiing et al. (2014) os quais revelaram que populações cultivadas da espécie arbórea Neolamarckia cadamba (Roxb.) Bosser que também tiveram sua reprodução assistida apresentam diversidade genética inferior (I = 0,149; P = 35,145%) a de populações mantidas em estado selvagem (I = 0,176; P = 48,41%). No dendrograma de distância genética para os conjuntos de árvores matrizes apresentado na Figura 1 é possível observar que houve a formação de dois agrupamentos principais, tomando-se como ponto de corte a maior distância genética: o grupo 1 formado pelas matrizes 1, 2, 4, 5, 6 e 9 e o grupo 2 pelas matrizes 3, 7 e 8. Verifica-se que, dentro do mesmo grupo genético (grupo 1), foram agrupadas as matrizes que produziram as sementes de maior e menor vigor, indicando que a qualidade fisiológica das sementes é uma característica fortemente influenciada por outros fatores intrínsecos que afetam as planta individualmente como, o estado nutricional ou danos provocados pelo ataque de pragas e doenças durante a formação das sementes. As estimativas de distância genética de Nei para as nove matrizes de M. caesalpiniaefolia estão apresentados na Tabela 5, na qual se verifica que as matrizes 4 e 5 (0,100) são as mais próximas e as matrizes 7 e 9 (0,333) as mais distantes geneticamente. Essas estimativas permitem que a coleta de sementes seja realizada nas matrizes mais distantes geneticamente, o que resultaria na produção de sementes com maior variabilidade genética, pois quanto mais divergentes forem os genitores selecionados, maior será a variabilidade das suas progênies (Manfio et al., 2012), o que é de grande valia quando as sementes se destinam à recomposição florestal (Sebbenn, 2002). Estes resultados indicam que o conjunto de matrizes estudado apresenta diversidade genética e produzem sementes com altas porcentagens de germinação e emergência cujo potencial pode ser explorado para produção de sementes. 34 Conclusões As árvores matrizes apresentam diversidade genética e produzem sementes de alta qualidade fisiológica com diferenças sutis de vigor, podendo ser exploradas para produção de sementes, priorizando-se aquelas mais divergentes geneticamente e que produzem sementes de melhor qualidade. Agradecimentos À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste estudo. Referências AVELINO, M. C. S. Testes bioquímicos para avaliação do vigor em sementes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. 2014. 65 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Macaíba, 2014. BRANDÃO, M. M.; VIEIRA, F. A.; CARVALHO, D. Fine-scale genetic structure of Myrcia splendens (Myrtaceae). Revista Árvore, v.35, n.5, p.957-964, 2011. BRASIL. Instruções para análise de sementes de espécies florestais. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Defesa Agropecuária, 2013. 98p. BRASIL. Regras para análises de sementes. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Defesa Agropecuária, 2009. 399p. 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Sequência de nucleotídeos de sete iniciadores de ISSR Iniciador ISSR Sequência de nucleotídeos (5’– 3’) UBC807 AGAGAGAGAGAGAGAGT UBC824 TCTCTCTCTCTCTCTCG UBC827 ACACACACACACACACG UBC840 GAGAGAGAGAGAGAGAYT UBC851 GTGTGTGTGTGTGTGTYG UBC873 GACAGACAGACAGACA UBC881 GGGTGGGGTGGGGTG R, purina (A ou G); Y, pirimidina (C ou T). 38 Tabela 2. Médias de grau de umidade (GU), germinação (G), emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), condutividade elétrica (CE) e lixiviação de K+ (LK+) de sementes provenientes de nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia. Matriz GU (%)1 G (%)2 E (%)2 IVE3 CE (μS.cm-1.g-1)4 LK+ (mg.L-1.g-1)3 1 11,0 93 66 2,75 c 254,11 d 7,89 d 2 11,0 98 77 3,52 b 140,95 b 5,09 b 3 10,0 95 82 3,05 b 148,84 b 5,90 c 4 11,0 93 71 3,21 b 193,49 c 6,36 c 5 11,0 97 72 3,25 b 255,30 d 7,19 d 6 9,1 98 68 4,03 a 111,30 a 4,71 b 7 9,5 93 77 3,55 b 152,02 b 5,90 c 8 9,6 96 81 3,38 b 160,07 b 4,92 b 9 9,8 92 83 3,97 a 129,16 a 3,29 a 4,32 12,19 16,23 8,90 13,35 CV (%) 1 Dados não analisados estatisticamente, 2 Não significativo pelo teste de Kruskal-Wallis, 3Significativo pelo teste F (ANOVA), 4Significativo pelo teste de Kruskal-Wallis. Médias Seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Tabela 3. Coeficientes de correlação de Spearman entre os testes de germinação, condutividade elétrica e lixiviação de K+ com os testes de emergência e índice de velocidade de emergência em campo. Testes de laboratório Teste de emergência Índice de velocidade de emergência Germinação -0,0368 ns 0,0901ns Condutividade elétrica -0,1965ns -0,3159* Lixiviação de K+ -0,2764 ns -0,3666* *Significativo (p<0,05) e ns não significativo (p>0,05) 39 Tabela 4: Parâmetros de diversidade genética de um conjunto de nove árvores matrizes e 18 progênies de polinização livre provenientes de um plantio de M. caesalpiniaefolia. Indivíduos n La Lp (%) Na Ne He I Matrizes 9 78 52,7 1,525±0,04 1,404±0,05 0,220±0,02 0,317±0,03 Progênies 18 65 64,6 1,646±0,05 1,426±0,05 0,240±0,02 0,352±0,03 Tamanho amostral (n), número de locos amplificados (La), taxa de locos polimórficos (Lp), número de alelos observados (Na), número de alelos efetivos (Ne), diversidade genética de Nei (He), índice de informação de Shannon (I). Os valores representam a média ± erro padrão. Tabela 5. Matriz de distância genética de Nei de nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia. Matriz 1 2 3 4 5 6 7 8 1 - 2 0,180 - 3 0,182 0,140 - 4 0,120 0,220 0,160 - 5 0,197 0,200 0,243 0,100 - 6 0,182 0,160 0,167 0,180 0,205 - 7 0,227 0,240 0,167 0,140 0,231 0,256 - 8 0,218 0,256 0,149 0,205 0,298 0,254 0,179 - 9 0,151 0,140 0,269 0,200 0,205 0,231 0,333 0,298 9 - Figura 1. Dendrograma UPGMA de distância genética de Nei para um conjunto de nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS __________________________________________________________________________ A produção de sementes com alta qualidade fisiológica aliada à existência de diversidade genética das nove árvores matrizes de M. caesalpiniaefolia permite que as mesmas sejam exploradas para produção de sementes, priorizando-se as mais divergentes geneticamente e que produzem sementes de melhor qualidade. 41