Pesquisaemvirologiaé - Sociedade Brasileira de Virologia

Propaganda
Jornal do Comércio
Terça-feira, 26 de agosto de 2014
HÁ 81 ANOS SEMEANDO
GRANDES IDEIAS.
TECNOLOGIA
RURAL
CARTOLÃO
(24/25)
Pesquisa em virologia é
essencial para a economia do País
Projeto - Virologia com ramificações
nacionais e internacionais.
Marcio Nunes Corrêa
Projeto voltado para ruminantes,
em especial com bovinos leiteiros.
Falker
Projeto - Industrialização de equipamentos
de pesquisa científica de campo.
Alternativas Agrícolas
João Kaminski
Projeto - Sistema de recomendação de calcário.
Carlos Tadeu Pippi Salle
Projeto - Pesquisa tecnológica em
sanidade avícola.
Olivas do Sul
ANTONIO PAZ/JC
Os cuidados para manter saudáveis
animais como bovinos, suínos ou aves
podem significar o diferencial para a
economia de uma nação. Essa questão
cresce em importância no caso do Brasil, o maior exportador de carne do planeta, que, somente levando em conta o
rebanho bovino, conta com mais de 200
milhões de cabeças. Um dos que têm a
nítida noção dessa relevância é o professor de virologia do Departamento de
Microbiologia do Instituto de Ciências
Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs),
Paulo Michel Roehe, que há décadas lida
com o assunto.
O professor argumenta que a contaminação dos animais pode representar
a instalação de uma barreira sanitária e
impedir o processo de exportação de um
determinado país. Roehe é graduado em
medicina veterinária pela Ufrgs, mestre
em Ciências em Microbiologia pela University of London e PhD em Virologia
pela University of Surrey. É também pesquisador da Fepagro Saúde Animal - Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério
Finamor (IPVDF) desde 1978 e professor
do ICBS/Ufrgs desde 1991. Nas duas instituições, coordena um grupo de pesquisa
em virologia com ramificações nacionais
e internacionais. Entre as suas principais
linhas de trabalho estão: diagnóstico e
pesquisa de vírus causadores de prejuízos significativos às cadeias produtivas,
desenvolvimento de vacinas e testes
diagnósticos e avaliação de adjuvantes
(substâncias adicionadas às formulas de
medicamentos) vacinais e da atividade
antiviral de extratos de plantas.
Foi no final da década de 1970 que
Roehe iniciou o aprofundamento nos estudos sobre vírus e infecções que afetam
os animais, como é o caso da Doença de
Aujeszky. O professor lembra que esse
era um assunto muito importante naquela época, pois esse mal começou a
ser registrado em Santa Catarina e não
havia vacina para combatê-lo. O pesquisador comenta que encontrou em um
freezer do Instituto de Ciências Básicas
da Saúde uma amostra desse vírus, que
incide sobre suínos, e participou do desenvolvimento da vacina que foi utiliza-
Tecnologia Rural
Paulo M. Roehe
Projeto - Plantio de oliveiras e extração
de azeite de oliva.
Contaminação de animais pode
representar a instalação de uma
barreira sanitária, destaca Roehe
da por muito tempo pelo estado vizinho.
Roehe detalha que uma empresa catarinense tinha importado reprodutores da
Holanda e com isso introduziu o vírus
no Brasil. A doença implica problemas
respiratórios nos animais, podendo levar à morte, especialmente, de leitões.
O professor do ICBS/Ufrgs admite que
um dos maiores obstáculos na sua área
de atuação hoje é fazer com que as pesquisas desenvolvidas nos meios acadêmicos alcancem sua utilidade prática, ou
seja, cheguem ao mercado. “É muito complicado, porque o empresário brasileiro,
via de regra, infelizmente, busca o lucro
mais imediatamente”, lamenta Roehe. O
pesquisador acrescenta que, normalmente, esse investidor não está interessado
em produzir vacinas dentro do território
nacional. É mais barato comprar o produto no exterior, já testado. No entanto, ele
adverte que, ao se proceder dessa forma,
é esquecido um detalhe fundamental.
“Parafraseando uma famosa frase, que
as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam
como lá, os vírus que aqui estão, não são
os mesmos que estão lá”, alerta. O estudioso salienta que as vacinas elaboradas em outros países são feitas a partir
de amostras locais, agentes distintos dos
que se apresentam no Brasil.
Variedade e
adaptação são
desafios
Se, por um lado, o obstáculo no desenvolvimento das pesquisas na área de
virologia passa pela necessidade de investimentos, outra dificuldade a ser superada
é o objeto de estudo da própria ciência: o
vírus. O professor de virologia do Departamento de Microbiologia do ICBS/Ufrgs,
Paulo Michel Roehe, explica que, quando
se trata de virologia, há uma série de variantes a serem examinadas.
Esse é outro problema que se coloca
para os desenvolvedores de vacinas. Devido à evolução natural, os vírus tentam
adaptar-se às vacinas criadas. No entanto,
o pesquisador enfatiza que a biologia molecular é uma ciência que evoluiu muito,
facilitando a identificação de novos vírus.
Apesar desse avanço, Roehe admite que
ainda hoje o conhecimento, em muitas
ocasiões, é atingido por acaso. “A gente
direciona (a pesquisa), porém, às vezes,
mira-se em uma coisa e se acerta em
outra.” Uma das pesquisas que derivou
em um dos trabalhos bem-sucedidos dos
quais Roehe envolveu-se resultou na patente de uma vacina contra o herpesvírus
bovino tipo 5. Ela foi criada com duplo
propósito: combater a encefalite e a raiva.
Dia 01 de setembro
no auditório da FARSUL,
no Parque de Exposições
em Esteio.
13
Download