Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 21 ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE CÂNCER COLORRETAL NO PERÍODO DE 2005 EM UM HOSPITAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA CIDADE DE DOURADOS-MS STUDY OF PREVAILANCE OF COLORRETAL CANCER DURING 2005 IN HOSPITAL OF THE UNIFIED SYSTEM OF HEALTH IN DOURADOS CITY- MS GIURIZATO, Clarinez Soares Brito 1; AREIAS, Marco Aurélio Camargo2 Resumo O estudo levantou a prevalência de casos de câncer colorretal atendidos pelo Sistema Único de Saúde em um hospital geral na Cidade de Dourados-MS no ano de 2005, descrevendo aspectos epidemiológicos, fatores de risco, tratamento oferecido e suas complicações através método descritivo, quantitativo, transversal e retrospectivo. Com uma amostra intencional de trinta (30) pacientes com diagnóstico de Câncer Colorretal, identificados através do livro de registros do Serviço de Endoscopia e Colonoscopia do referido estabelecimento. O protocolo de pesquisa recebeu aprovação do CEP-UNIGRAN. Os resultados apontaram para uma taxa prevalência de câncer colorretal em maior incidência na faixa etária de 51 e 60 anos, predominância do sexo feminino, maior freqüência nos segmentos de reto e sigmóide. As complicações: baixa imunidade e depressão, seguidas de metástase e infecção da ferida, nenhum caso de recidiva. A faixa etária é o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer colorretal. A ausência de dados especializados nos prontuários impediram a associação com hereditariedade e alimentação, que podem ser elementos desencadeantes do processo de carcinogênese colorretal. Constatou-se uma melhor evolução do tratamento cirúrgico quando seguido de quimioterapia, apontando para a necessidade de um atendimento periódico por equipe multidisciplinar tendo em vista as complicações. A literatura ressalta a importância do diagnóstico precoce para a diminuição da incidência de metástases e intercorrências cirúrgicas, fato confirmado no estudo, ficando claro a necessidade de campanhas junto à população para a detecção precoce, além de serem realizados outros levantamentos de maior amplitude. Palavras-Chave: Câncer Colorretal, Prevalência, Sistema Único de Saúde. Abstract The study raised the prevailance of the cases of colonrectum cancer cared for by the unified system of health in a general hospital in the city of Dourados-MS. It will describe the epidemiologic aspects, factors of risk, treatment offered and its complications through descriptive, quantitative, transversal and retrospective method. With a intentional sample of thirthy (30) patients with colorectal cancer diagnosis, identified by the logbook of the Endoscopy and Colonoscopy Service of that established. The research protocol received approval of the CEPUNIGRAN. The results pointed to a prevalence rate of colorectal cancer in higher incidence in the age bracket of 51 and 60 years, prevalence of female, greater frequency in segments of the rectum and sigmoid. The complications: low immunity and depression, followed by metastasis and the wound infection, no case of relapse. The age group is the biggest risk factor for the development of colorectal cancer. The lack of specialized data in records prevented the association with heredity and diet, elements that may be triggering the process of colorectal carcinogenesis. It was a better development of surgical treatment when followed by chemotherapy, indicating the need for regular care by a multidisciplinary team with a view to the complications. The literature highlights the importance of early diagnosis to reducing the incidence of metastases and surgical complications, a fact confirmed in the study, it being understood the need for campaigns among the population for early detection, and other surveys are conducted with greater amplitude. Key-Words: Colonrectum cancer, Prevailance, Unified System of Health. 1 Acadêmica do curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN/MS. E-mail: [email protected] 2 Prof. Mestre em ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Orientador na linha de pesquisa de Epidemiologia: Estatísticas da Saúde. Professor da disciplina de administração de enfermagem hospitalar no Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN/MS. E-mail: mareia.com.br GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 Introdução Segundo o INCA (2006), no Brasil, o câncer colorretal (CCR) é o quinto tumor mais freqüente em homens e o quarto entre as mulheres. A maior incidência de casos ocorre na faixa etária entre 50 e 70 anos, mas as possibilidades de desenvolvimento já aumentam a partir dos 40 anos. Nesta idade, os indivíduos são considerados com risco médio para CCR e este risco dobra a cada década. Os casos restantes ocorrem em indivíduos com história familiar conhecidas de CCR, de adenomas ou de tumores colorretais prévios, bem como doenças inflamatórias de longa duração. Conforme informações de Saad et al. (2005), a porcentagem de diagnóstico na fase precoce ainda é muito baixa, o que implica no aumento do número de diagnósticos nas fases mais avançadas, comprometendo assim o prognóstico visto que a grande maioria dos pacientes procura atendimento nas fases mais avançadas, seja por medo, pudor ou ignorância. O mesmo autor ainda observa que em algumas situações o diagnóstico inicial por parte dos médicos é equivocado, o que contribui também para o baixo número de diagnósticos precoces. Para Malheiros et al. (2005) o câncer colorretal é figura entre os cinco primeiros tipos de cânceres mais freqüentes no Brasil e sua mortalidade tem sido mantida no mesmo nível por 40 anos. Com o aumento da expectativa de vida e a progressiva industrialização e globalização, as neoplasias ganharam importância crescente no perfil de mortalidade, ocupando no Brasil o segundo lugar como causa de óbito. Malheiros et al. (2005) ainda enfatiza que embora o câncer colorretal seja mais comum na sexta década de vida e a incidência aumente com o avançar da idade, observa-se uma grande freqüência do diagnóstico em doentes mais jovens. A literatura de Giovanoni e Forones in Miszputen (2002) relata que o Câncer colorretal, é a neoplasia maligna mais comum do tubo digestivo, seu tipo histológico mais freqüente é o 22 Adenocarcinoma, que responde por mais de 90% dos casos. Sua incidência tem aumentado a cada ano sendo vista como uma das principais causas de morte por tumor no Brasil. De acordo com Cruz et al. (2004), os traços da história familiar merecem ser ressaltados como fatores de risco: parentes em primeiro grau com adenomas diagnosticados antes dos 60 anos de idade, história pregressa de adenomas ou câncer de mama, ovário ou endométrio, portadores de RCUI (retocolite ulcerativa inespecífica) ou doença de Crohn, bem como hábitos alimentares com dietas pobre em fibras vegetais e rica em gordura animal. A faixa etária tem se apresentado como fator de risco significativo para o desenvolvimento do câncer colorretal. Fernandes in Matos (2004), relata que o CCR tem seu pico de incidência na sexta década de vida, embora pessoas de qualquer idade possam apresentar a afecção. De acordo com o INCA (2006), a maior incidência de casos ocorre na faixa etária entre 50 e 70 anos, mas as possibilidades de desenvolvimento já aumentam a partir dos 40 anos. O tratamento primário do câncer colorretal segundo Aguiar et al. (2002) é a ressecção cirúrgica. Os estudos préoperatórios incluem avaliação completa do cólon por colonoscopia, TC de abdome, radiografia de tórax e aferição de antígeno carcinoembrinogênico (CEA). Este tratamento consiste na retirada do tumor, que pode ser endoscópica (colonoscopia) ou cirúrgica. A ressecção endoscópica é realizada nos casos iniciais do câncer, ou seja, naqueles em que não houve o comprometimento mais profundo da parede do intestino. A literatura de Cruz et al. (2005) relata que ressecar o CR preservando ou não o esfincter anal e a continuidade intestinal é o grande dilema e assunto de infindáveis discussões acadêmicas. Partindo do pressuposto de que a equipe que aborda o portador de CR é de elevada qualidade científica e técnica e que o meio hospitalar GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 conta com todos os recursos necessários para se executarem quaisquer cirurgias, o fator que determina se o ânus será removido com a doença ou não, com a consequente colostomia definitiva é a altura do tumor de reto. Para Fernandes in Matos (2004), na maioria dos casos de câncer de cólon, o segmento do intestino afetado pelo câncer é removido cirurgicamente e as extremidades remanescentes são anastomosadas. Para o câncer de reto, o tipo de cirurgia depende de quão distante do ânus o câncer está localizado e de quão profundamente ele invadiu a parede retal. A introdução da terapia neo-adjuvante, na concepção de Pinho et al. (2006) representou outro marco no tratamento do câncer colorretal, oferecendo a possibilidade de uma regressão tumoral parcial ou total, vindo a se constituir como um elemento terapêutico capaz de reduzir índices de recidiva local e sobrevida. Acrescenta ainda que o desenvolvimento de técnicas de biologia molecular representa hoje ainda uma importante perspectiva através de uma melhor caracterização da neoplasia e o desenvolvimento de medicamentos específicos, em especial através de terapias monoclonais. A ocorrência de complicações inicia-se no momento do diagnóstico, conforme ressalta Jucá et al. (2004), e pode ser complexa por estar associada a fatores relacionados ao paciente, tais como imunidade, estado nutricional, emocional ou doenças associadas como também por fatores relacionados ao próprio procedimento cirúrgico e tratamentos coadjuvantes. Em função disto, a decisão entre tratamento conservador e cirúrgico deve ser criteriosa, o qual deve ser realizado observando-se a qualidade de vida do paciente. Na visão de Silva (2006), a presença de um câncer, a depender do tipo, localização e estadiamento, assim como o seu tratamento, levam a alterações físicas, psicológicas e sociais, não só para o portador da neoplasia, mas também para as pessoas que convivem com ele. 23 A tristeza e o pesar segundo Ballone (2005) são reações normais às crises que se enfrenta ao se saber com câncer, e todos pacientes as sofrem num momento ou outro. Não obstante, sendo a tristeza comum nesses pacientes, será muito importante diferenciar entre os níveis "normais" de tristeza e a depressão. As pessoas que recebem um diagnóstico de câncer, passam por vários níveis de estresse e angústia emocional. O medo da morte, a interrupção de planos futuros, as mudanças físicas e psíquicas, as mudanças do papel social e do estilo de vida, bem como as preocupações financeiras e legais são assuntos importantes para qualquer pessoa com câncer. Entretanto, nem todas as pessoas com diagnóstico de câncer sofrem uma depressão grave. O período de transição entre o diagnóstico e a decisão do tipo de tratamento a ser adotado na visão de Wyngaarden e Smith (1990) leva o paciente à angústia, podendo desta forma desencadear outras patologias associadas como a anemia provocada pela queda de resistência do paciente, principalmente se o mesmo estiver sendo submetido à tratamento quimioterápico, devido á sua toxicidade. Os autores acima citados ainda lembram que toxicididade primária dos quimioterápicos pode levar à mielossupressão e a mucosite, além de sintomas gastrointestinais como estomatite e diarréia. Segundo informações da OMS (2005), é considerada presença de anemia quando o nível de hemoglobina é inferior a 13g/dl para homens e a 12g/dl para mulheres. As drogas antineoplásicas provocam efeitos colaterais que devem ser tratados com atenção para que não haja maiores complicações que possam prejudicar o tratamento. O Câncer colorretal é uma neoplasia maligna que além de acometer a parede do intestino, pode também comprometer outros órgãos. As vias de disseminação, de acordo com Fernandes in Matos (2004) podem ser classificadas da seguinte maneira: • Linfática: Trata-se da principal via por causa dos vasos linfáticos que drenam as paredes do cólon. GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 • Sanguínea ou Hematogênica: Trata-se da forma de disseminação que implanta células neoplásicas nos órgãos à distância. Normalmente, a implantação ocorre no fígado e nos pulmões, mas também é possível em ossos, cérebro, ovários e pele. • Por continuidade: Quando ocorre a infiltração tumoral através da parede do próprio órgão. • Por contigüidade: Invasão de órgãos vizinhos ao cólon e ao processo neoplásico em desenvolvimento. • Por implante: A determinação exata da origem desses tipos de lesão é inviável; porém, o implante em tecido mucoso ou cruento durante o ato cirúrgico é perfeitamente possível. Segundo dados fornecidos pela SES/MS (2006), em 2005 1,23% dos óbitos hospitalares na Cidade de Dourados-MS tiveram causa definida como neoplasia maligna. não foram encontrados dados estatísticos recentes especificando isoladamente os diagnósticos de CCR atendidos e tratados pelo SUS, pois os dados estatísticos fornecidos pela SES/MS (2006), informam apenas a mortalidade por CCR Materiais e Métodos Foi realizado um estudo descritivo, de caráter quantitativo, do tipo transversal e retrospectivo como Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Enfermagem do estabelecimento de Ensino Superior denominado UNIGRAN – Centro Universitário da Grande Dourados. Segundo Baruffi (2004) O estudo descritivo tem como objetivo descrever, analisar, registrar, interpretar e correlacionar fatos ou fenômenos. A pesquisa descritiva trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade. A coleta de dados aparece como uma das atividades características da pesquisa descritiva. A amostra foi do tipo intencional, que segundo Gressler (2003) “como o nome já indica, o pesquisador, intencionalmente, toma, para amostra, elementos que apresentam as caracteristicas desejadas por 24 ele”. Tal amostra se deu através da identificação de trinta (30) pacientes com diagnóstico de Câncer Colorretal, através do livro de registros do Serviço de Endoscopia e Colonoscopia do Hospital Evangélico. Dos pacientes identificados, vinte e três (23) foram internados e tratados no referido hospital e foram incluídos como sujeitos deste estudo através de dados coletados em seus prontuários. Além da revisão bibliográfica, foi elaborado pela pesquisadora um instrumento de coleta de dados através de formulário contendo sexo, idade, procedência, localização do tumor (TU), sintomas iniciais, tempo de diagnóstico, aspectos epidemiológicos, tratamento, local de tratamento, complicações e situação atual. O projeto do presente estudo foi submetido à apreciação da Comissão de Ética em Pesquisa da UNIGRAN, que deu parecer favorável à sua realização. Resultados e Discussão Dos pacientes estudados, doze (52,18%) eram do sexo feminino e onze (47,82%) do sexo masculino, conforme Figura 1. Este levantamento mostrou discreta prevalência do sexo feminino, perfil concordante com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA (2006), e também com a literatura científica levantada. Sexo 54,00% 52,18% 52,00% 50,00% 48,00% 47,82% Feminino masculino 46,00% 44,00% Figura 1 – Distribuição por sexo dos pacientes estudados A idade média ao diagnóstico teve variação de 40 a 90 anos, dividindo-se a idade a cada década, encontrou-se maior prevalência na faixa etária compreendida GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 entre 51 e 60 anos de idade, com sete (30,43%) dos pacientes neste grupo, seguidos de seis (26,08%) pacientes compreendidos na faixa etária entre 71 e 80 anos, quatro (17,39%) na faixa etária entre 40 e 50 anos, quatro (17,39%) na faixa etária entre 81 e 90 anos e somente dois (8,69%) pacientes na faixa etária entre 61 e 70 anos, conforme verificado na Figura 2. Estes dados discordam de outros estudos e da literatura de Fernandes in Matos (2004) que relata o CCR com pico de incidência na sexta década de vida, embora pessoas de qualquer idade possam apresentar a afecção. Esta amostragem se faz concordante com o INCA (2006) que relaciona a maior incidência de casos na faixa etária entre 50 e 70 anos com possibilidades de desenvolvimento a partir dos 40 anos. Esta diferença pode ser reflexo da pequena amostragem do número de pacientes pesquisados ou até mesmo por algum fator intrínseco desconhecido na Região de Dourados- Mato Grosso do Sul. Faixa etária 40,00% 30,43% 26,08% 30,00% 20,00% 10,00% 17,39% 17,39% 8,69% 40-50 51-60 61-70 71-80 25 o restante, 21,73% foi utilizado apenas quimioterapia e/ou radioterapia. Procedência dos pacientes estudados 80,00% 60,86% 60,00% 39,13% 40,00% Dourados Outras Cidades 20,00% 0,00% Figura 3 – Distribuição segundo a procedência dos pacientes estudados O índice de ressecção se mostrou abaixo do informado pela literatura que indica uma taxa de ressecabilidade de 71 a 75% e também comparado aos dados obtidos por Mendes et al. (1992) que estudou 61 pacientes e teve um índice de ressecção de 100%, porém significativo em relação ao número de pacientes pesquisados neste estudo. De qualquer forma o tratamento cirúrgico, de acordo com Fernandes in Matos (2004) permanece como único método capaz de proporcionar cura aos pacientes, e com o tratamento quimioterápico consegue-se a extensão de sobrevida obtendo-se melhor qualidade; porém os resultados se encontram aquém do desejado. 81-90 0,00% Tratamento Figura 2 – Distribuição segundo a idade estratificada por década Os dados concernentes à procedência do paciente mostraram que, apesar da instituição pesquisada receber grande parte de pacientes provenientes de outras Cidades, a quantidade recebida de Dourados-MS foi significativamente maior. Dos pacientes pesquisados, quatorze (60,86%) eram procedentes de Dourados-MS e apenas nove (39,13%) dos pacientes residiam em outras cidades, conforme verificado na Figura 3. Quanto ao tratamento mais utilizado observou-se a prevalência da cirurgia acompanhada de quimioterapia, a qual esteve presente em 52,17% dos casos, seguidos de 26,08% somente com tratamento cirúrgico e 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 52,17% 26,08% 21,73% Cirurgia + quimioterapia Cirurgia Quimioterapia e /ou radioterapia Figura 4 – Distribuição do tipo de tratamento mais utilizado nos pacientes estudados Em relação às complicações mais comuns detectadas após o diagnóstico do CCR, a prevalência maior foi de baixa imunidade seguida de anemia, encontrada em dezenove (82,60%) dos pacientes. A depressão predominou em onze (47,82%) dos pacientes, seguidos de cinco (21,73%) dos pacientes com metástase hepática, um GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 paciente (4,34%) com infecção da ferida operatória e surpreendentemente não houve nenhuma recidiva entre os pacientes pesquisados. Complicações 100,00% anemia 82,60% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% Depressão 47,82% 21,73% 4,34% Metástase hepática Infecção da ferida operatória Figura 5 – Distribuição das complicações encontradas após o diagnóstico de câncer colorretal nos pacientes estudados A baixa imunidade e anemia, geralmente são causas da toxicidade de alguns quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer colorretal. Wyngaarden e Smith (1990) explicam que a toxicidade primária dos quimioterápicos está ligada à mielossupressão e a mucosite, além de sintomas gastrintestinais como estomatite e diarréia. O diagnóstico do câncer leva na maioria das vezes, a um período de muita ansiedade e angústia, desencadeando um quadro de depressão que pode vir associada a sintomas somáticos, como perda de apetite e fadiga, que também podem estar relacionadas ao catabolismo da doença ou ao seu tratamento (SILVA, 2006). O paciente submetido a ostomia, segundo Leite in Matos (2004) ressalta, sofre uma ruptura de sua imagem corporal, o que ocasionando sentimentos discriminatórios de estigma. O número de pacientes com metástase hepática foi significativo, concordando com a literatura científica onde as complicações ocorrem em 10% a 20% dos doentes. Fernandes in Matos (2004) relata que indivíduos com ressecção de metástases no fígado apresentando novas lesões, não devem ser reabordados cirurgicamente. Na visão de Albuquerque (2005), se após o estadiamento rigoroso, com métodos de imagem, que avaliem o corpo inteiro e ao diagnóstico só for encontrado metástase 26 pulmonar ressecável ou a recidiva de local ressecável, o paciente deverá ser operado. Este mesmo autor afirma ainda, que se indica imediata ressecção da metástase hepática ou das metástases, sempre que possível e a quimioterapia sistêmica quando a lesão hepática for inoperável, com avaliação periódica por métodos de imagem de 3 em 3 meses, indicando-se a ressecção assim que a doença metastática torne-se ressecável. Oliveira et al. (2004) afirma que a extirpação hepática é atualmente o único tratamento para doentes com metástases hepáticas do carcinoma colo-retal que oferece oportunidade razoável de sobrevivência de longo prazo. Um terço dos doentes com metástase hepática do carcinoma colorretal é candidato à extirpação cirúrgica. Conforme Oliveira et al. (2001), que estudou os fatores de risco para infecção de sítio cirúrgico em cirurgia colorretal eletiva, afirma-se que apesar dos múltiplos esforços de controle e vigilância de rotinas e padronização de técnicas e da evolução dos antibióticos em sua aplicação profilática, a cirurgia colorretal eletiva está ainda associada com taxas de morbidade e até mesmo de mortalidade relacionadas à infecção do sítio cirúrgico.Existem variações de acordo com o centro médico onde os estudos tenham sido feitos. Os dados sobre recidiva foram idênticos ao estudo realizado por Jucá et al. (2004), que avaliou 32 pacientes operados por câncer colorretal no período de 1997 a 2002 e não obteve nenhum caso de recidiva. De acordo com Fernandes in Matos (2004), a alternativa é o acompanhamento do paciente através de exames tais como dosagens séricas, exames radiológicos e procedimentos endoscópicos com a intenção de possibilitar rápida identificação de recorrência neoplásica e pronta reintervenção. Conclusão Ao estudar a prevalência dessa neoplasia, tendo como parâmetro apenas o ano de 2005, com informações coletadas em GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775 uma área delimitada, nota-se que o aumento desse período poderia tornar essa informação mais significativa em relação à estatística populacional do período. Porém, observou-se que em todo o período de estudo, a taxa de prevalência de câncer colorretal seguiu a faixa etária com maior índice entre 51 e 60 anos. Esta apresentação mostra que os pacientes mais jovens retardam sua procura à assistência médica pelo fato de que o diagnóstico nessa idade ser frequentemente ignorado ou por ser considerado como uma condição clínica de pacientes idosos. As características epidemiologias aqui estudadas demonstraram ênfase no sexo feminino, faixa etária acima de 60 anos, maior freqüência nos seguimentos do reto e sigmóide e com doença avançada ao diagnóstico, o que leva a observar menor possibilidade de cura e prognóstico mais reservado, ou seja, indefinido. A faixa etária é o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer colorretal presente neste estudo, visto que a ausência de dados especializados nos prontuários impediram a associação com hereditariedade e alimentação, os quais são elementos que podem desencadear o processo de carcinogênese colorretal em importante escala. Constatou-se uma melhor evolução do tratamento cirúrgico quando seguido de quimioterapia na amostra observada, fato este destacado pela extensão e qualidade da sobrevida dos pacientes, como aqueles resultados observados em trabalhos nacionais e internacionais. O diagnóstico de câncer por si só já leva a um período de angústia e depressão, podendo desta forma desencadear outras patologias associadas como a queda de resistência aqui enfatizada, precisando, portanto este paciente ser acompanhado periodicamente por equipe multidisciplinar tendo preferência em filas de espera, seja para atendimento ou para exames. Em concordância com Malheiros et al. (2005) quando ressalta que o diagnóstico precoce poderia levar a uma diminuição da incidência de metástases nos jovens e o 27 procedimento cirúrgico cuidadoso em idosos poderia diminuir as complicações intras e pós-operatórias, ambos cuidados colaborariam para aumentar a sobrevida destes pacientes. As informações obtidas durante esta pesquisa também auxiliam na determinação da necessidade de campanhas junto à população para a detecção precoce e prevenção do câncer colorretal, indicando a necessidade de serem revistos os conceitos sobre saúde e qualidade de vida. Se a prevalência de Câncer Colorretal foi valorizada nesta pesquisa mesmo sendo realizada em apenas uma instituição; em um curto período, parece natural que seja um aspecto que merece ser fortalecido em futuras ações e instalações de programas preventivos e assistência de enfermagem e outros levantamentos de maior amplitude. Referências Bibliográficas AGUIAR, H. Mário et al . Gastroenterologia e Hepatologia: Programa de auto avaliação de conhecimento médico. 2ª ed. Barra da Tijuca-RJ: ed de publicações científicas ltda – Copyright. 2002. ALBUQUERQUE, A.C.D. Luiz. Consensos do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia: Metástases Hepáticas do Câncer do Aparelho Digestivo. Boletim CBC. Edição especial. 2006. BALLONE, G. J. Depressão no Câncer - in Psiqweb, internet. 2005. disponível em www.psiquiweb.med.br , acesso em 09/09/2007, 22:14:21s. BARUFFI, Helder. Metodologia da Pesquisa: Orientações metodológicas para a elaboração da monografia, 4. ed. Ver. E atual. Dourados: Hbedit, 2004, p. 56. 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