21 estudo da prevalência de câncer colorretal no período

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Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775
21
ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE CÂNCER COLORRETAL NO PERÍODO DE 2005
EM UM HOSPITAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA CIDADE DE
DOURADOS-MS
STUDY OF PREVAILANCE OF COLORRETAL CANCER DURING 2005 IN
HOSPITAL OF THE UNIFIED SYSTEM OF HEALTH IN DOURADOS CITY- MS
GIURIZATO, Clarinez Soares Brito 1; AREIAS, Marco Aurélio Camargo2
Resumo
O estudo levantou a prevalência de casos de câncer colorretal atendidos pelo Sistema Único de Saúde em um
hospital geral na Cidade de Dourados-MS no ano de 2005, descrevendo aspectos epidemiológicos, fatores de
risco, tratamento oferecido e suas complicações através método descritivo, quantitativo, transversal e
retrospectivo. Com uma amostra intencional de trinta (30) pacientes com diagnóstico de Câncer Colorretal,
identificados através do livro de registros do Serviço de Endoscopia e Colonoscopia do referido estabelecimento.
O protocolo de pesquisa recebeu aprovação do CEP-UNIGRAN. Os resultados apontaram para uma taxa
prevalência de câncer colorretal em maior incidência na faixa etária de 51 e 60 anos, predominância do sexo
feminino, maior freqüência nos segmentos de reto e sigmóide. As complicações: baixa imunidade e depressão,
seguidas de metástase e infecção da ferida, nenhum caso de recidiva. A faixa etária é o maior fator de risco para
o desenvolvimento de câncer colorretal. A ausência de dados especializados nos prontuários impediram a
associação com hereditariedade e alimentação, que podem ser elementos desencadeantes do processo de
carcinogênese colorretal. Constatou-se uma melhor evolução do tratamento cirúrgico quando seguido de
quimioterapia, apontando para a necessidade de um atendimento periódico por equipe multidisciplinar tendo em
vista as complicações. A literatura ressalta a importância do diagnóstico precoce para a diminuição da incidência
de metástases e intercorrências cirúrgicas, fato confirmado no estudo, ficando claro a necessidade de campanhas
junto à população para a detecção precoce, além de serem realizados outros levantamentos de maior amplitude.
Palavras-Chave: Câncer Colorretal, Prevalência, Sistema Único de Saúde.
Abstract
The study raised the prevailance of the cases of colonrectum cancer cared for by the unified system of health in a
general hospital in the city of Dourados-MS. It will describe the epidemiologic aspects, factors of risk, treatment
offered and its complications through descriptive, quantitative, transversal and retrospective method. With a
intentional sample of thirthy (30) patients with colorectal cancer diagnosis, identified by the logbook of the
Endoscopy and Colonoscopy Service of that established. The research protocol received approval of the CEPUNIGRAN. The results pointed to a prevalence rate of colorectal cancer in higher incidence in the age bracket of
51 and 60 years, prevalence of female, greater frequency in segments of the rectum and sigmoid. The
complications: low immunity and depression, followed by metastasis and the wound infection, no case of
relapse. The age group is the biggest risk factor for the development of colorectal cancer. The lack of specialized
data in records prevented the association with heredity and diet, elements that may be triggering the process of
colorectal carcinogenesis. It was a better development of surgical treatment when followed by chemotherapy,
indicating the need for regular care by a multidisciplinary team with a view to the complications. The literature
highlights the importance of early diagnosis to reducing the incidence of metastases and surgical complications,
a fact confirmed in the study, it being understood the need for campaigns among the population for early
detection, and other surveys are conducted with greater amplitude.
Key-Words: Colonrectum cancer, Prevailance, Unified System of Health.
1
Acadêmica do curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN/MS. E-mail:
[email protected]
2
Prof. Mestre em ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Orientador na linha de pesquisa de
Epidemiologia: Estatísticas da Saúde. Professor da disciplina de administração de enfermagem hospitalar no
Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN/MS. E-mail: mareia.com.br
GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo
Interbio v.2 n.2 2008 - ISSN 1981-3775
Introdução
Segundo o INCA (2006), no Brasil, o
câncer colorretal (CCR) é o quinto tumor
mais freqüente em homens e o quarto entre
as mulheres. A maior incidência de casos
ocorre na faixa etária entre 50 e 70 anos, mas
as possibilidades de desenvolvimento já
aumentam a partir dos 40 anos. Nesta idade,
os indivíduos são considerados com risco
médio para CCR e este risco dobra a cada
década. Os casos restantes ocorrem em
indivíduos com história familiar conhecidas
de CCR, de adenomas ou de tumores
colorretais prévios, bem como doenças
inflamatórias de longa duração.
Conforme informações de Saad et al.
(2005), a porcentagem de diagnóstico na fase
precoce ainda é muito baixa, o que implica
no aumento do número de diagnósticos nas
fases mais avançadas, comprometendo assim
o prognóstico visto que a grande maioria
dos pacientes procura atendimento nas fases
mais avançadas, seja por medo, pudor ou
ignorância. O mesmo autor ainda observa
que em algumas situações o diagnóstico
inicial por parte dos médicos é equivocado, o
que contribui também para o baixo número
de diagnósticos precoces.
Para Malheiros et al. (2005) o câncer
colorretal é figura entre os cinco primeiros
tipos de cânceres mais freqüentes no Brasil e
sua mortalidade tem sido mantida no mesmo
nível por 40 anos. Com o aumento da
expectativa de vida e a progressiva
industrialização e globalização, as neoplasias
ganharam importância crescente no perfil de
mortalidade, ocupando no Brasil o segundo
lugar como causa de óbito. Malheiros et al.
(2005) ainda enfatiza que embora o câncer
colorretal seja mais comum na sexta década
de vida e a incidência aumente com o
avançar da idade, observa-se uma grande
freqüência do diagnóstico em doentes mais
jovens.
A literatura de Giovanoni e Forones in
Miszputen (2002) relata que o Câncer
colorretal, é a neoplasia maligna mais
comum do tubo digestivo, seu tipo
histológico
mais
freqüente
é
o
22
Adenocarcinoma, que responde por mais de
90% dos casos. Sua incidência tem
aumentado a cada ano sendo vista como uma
das principais causas de morte por tumor no
Brasil.
De acordo com Cruz et al. (2004), os
traços da história familiar merecem ser
ressaltados como fatores de risco: parentes
em primeiro
grau
com adenomas
diagnosticados antes dos 60 anos de idade,
história pregressa de adenomas ou câncer de
mama, ovário ou endométrio, portadores de
RCUI (retocolite ulcerativa inespecífica) ou
doença de Crohn, bem como hábitos
alimentares com dietas pobre em fibras
vegetais e rica em gordura animal.
A faixa etária tem se apresentado como
fator de risco significativo para o
desenvolvimento do câncer colorretal.
Fernandes in Matos (2004), relata que o
CCR tem seu pico de incidência na sexta
década de vida, embora pessoas de qualquer
idade possam apresentar a afecção. De
acordo com o INCA (2006), a maior
incidência de casos ocorre na faixa etária
entre 50 e 70 anos, mas as possibilidades de
desenvolvimento já aumentam a partir dos
40 anos.
O tratamento primário do câncer
colorretal segundo Aguiar et al. (2002) é a
ressecção cirúrgica. Os estudos préoperatórios incluem avaliação completa do
cólon por colonoscopia, TC de abdome,
radiografia de tórax e aferição de antígeno
carcinoembrinogênico
(CEA).
Este
tratamento consiste na retirada do tumor, que
pode ser endoscópica (colonoscopia) ou
cirúrgica. A ressecção endoscópica é
realizada nos casos iniciais do câncer, ou
seja, naqueles em que não houve o
comprometimento mais profundo da parede
do intestino.
A literatura de Cruz et al. (2005) relata
que ressecar o CR preservando ou não o
esfincter anal e a continuidade intestinal é o
grande dilema e assunto de infindáveis
discussões
acadêmicas.
Partindo
do
pressuposto de que a equipe que aborda o
portador de CR é de elevada qualidade
científica e técnica e que o meio hospitalar
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conta com todos os recursos necessários para
se executarem quaisquer cirurgias, o fator
que determina se o ânus será removido com
a doença ou não, com a consequente
colostomia definitiva é a altura do tumor de
reto.
Para Fernandes in Matos (2004), na
maioria dos casos de câncer de cólon, o
segmento do intestino afetado pelo câncer é
removido cirurgicamente e as extremidades
remanescentes são anastomosadas. Para o
câncer de reto, o tipo de cirurgia depende de
quão distante do ânus o câncer está
localizado e de quão profundamente ele
invadiu a parede retal.
A introdução da terapia neo-adjuvante,
na concepção de Pinho et al. (2006)
representou outro marco no tratamento do
câncer colorretal, oferecendo a possibilidade
de uma regressão tumoral parcial ou total,
vindo a se constituir como um elemento
terapêutico capaz de reduzir índices de
recidiva local e sobrevida. Acrescenta ainda
que o desenvolvimento de técnicas de
biologia molecular representa hoje ainda
uma importante perspectiva através de uma
melhor caracterização da neoplasia e o
desenvolvimento
de
medicamentos
específicos, em especial através de terapias
monoclonais.
A ocorrência de complicações inicia-se
no momento do diagnóstico, conforme
ressalta Jucá et al. (2004), e pode ser
complexa por estar associada a fatores
relacionados ao paciente, tais como
imunidade, estado nutricional, emocional ou
doenças associadas como também por fatores
relacionados ao próprio procedimento
cirúrgico e tratamentos coadjuvantes. Em
função disto, a decisão entre tratamento
conservador e cirúrgico deve ser criteriosa, o
qual deve ser realizado observando-se a
qualidade de vida do paciente.
Na visão de Silva (2006), a presença de
um câncer, a depender do tipo, localização e
estadiamento, assim como o seu tratamento,
levam a alterações físicas, psicológicas e
sociais, não só para o portador da neoplasia,
mas também para as pessoas que convivem
com ele.
23
A tristeza e o pesar segundo Ballone
(2005) são reações normais às crises que se
enfrenta ao se saber com câncer, e todos
pacientes as sofrem num momento ou outro.
Não obstante, sendo a tristeza comum nesses
pacientes, será muito importante diferenciar
entre os níveis "normais" de tristeza e a
depressão. As pessoas que recebem um
diagnóstico de câncer, passam por vários
níveis de estresse e angústia emocional. O
medo da morte, a interrupção de planos
futuros, as mudanças físicas e psíquicas, as
mudanças do papel social e do estilo de vida,
bem como as preocupações financeiras e
legais são assuntos importantes para
qualquer pessoa com câncer. Entretanto, nem
todas as pessoas com diagnóstico de câncer
sofrem uma depressão grave.
O período de transição entre o
diagnóstico e a decisão do tipo de tratamento
a ser adotado na visão de Wyngaarden e
Smith (1990) leva o paciente à angústia,
podendo desta forma desencadear outras
patologias associadas como a anemia
provocada pela queda de resistência do
paciente, principalmente se o mesmo estiver
sendo
submetido
à
tratamento
quimioterápico, devido á sua toxicidade. Os
autores acima citados ainda lembram que
toxicididade primária dos quimioterápicos
pode levar à mielossupressão e a mucosite,
além de sintomas gastrointestinais como
estomatite e diarréia.
Segundo informações da OMS (2005),
é considerada presença de anemia quando o
nível de hemoglobina é inferior a 13g/dl para
homens e a 12g/dl para mulheres. As drogas
antineoplásicas provocam efeitos colaterais
que devem ser tratados com atenção para que
não haja maiores complicações que possam
prejudicar o tratamento.
O Câncer colorretal é uma neoplasia
maligna que além de acometer a parede do
intestino, pode também comprometer outros
órgãos. As vias de disseminação, de acordo
com Fernandes in Matos (2004) podem ser
classificadas da seguinte maneira:
• Linfática: Trata-se da principal via por
causa dos vasos linfáticos que drenam as
paredes do cólon.
GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo
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• Sanguínea ou Hematogênica: Trata-se da
forma de disseminação que implanta
células neoplásicas nos órgãos à distância.
Normalmente, a implantação ocorre no
fígado e nos pulmões, mas também é
possível em ossos, cérebro, ovários e pele.
• Por continuidade: Quando ocorre a
infiltração tumoral através da parede do
próprio órgão.
• Por contigüidade: Invasão de órgãos
vizinhos ao cólon e ao processo
neoplásico em desenvolvimento.
• Por implante: A determinação exata da
origem desses tipos de lesão é inviável;
porém, o implante em tecido mucoso ou
cruento durante o ato cirúrgico é
perfeitamente possível.
Segundo dados fornecidos pela
SES/MS (2006), em 2005 1,23% dos óbitos
hospitalares na Cidade de Dourados-MS
tiveram causa definida como neoplasia
maligna. não foram encontrados dados
estatísticos
recentes
especificando
isoladamente os diagnósticos de CCR
atendidos e tratados pelo SUS, pois os dados
estatísticos fornecidos pela SES/MS (2006),
informam apenas a mortalidade por CCR
Materiais e Métodos
Foi realizado um estudo descritivo, de
caráter quantitativo, do tipo transversal e
retrospectivo como Trabalho de Conclusão
de Curso para graduação em Enfermagem do
estabelecimento
de
Ensino
Superior
denominado
UNIGRAN
–
Centro
Universitário da Grande Dourados. Segundo
Baruffi (2004) O estudo descritivo tem como
objetivo descrever, analisar, registrar,
interpretar e correlacionar fatos ou
fenômenos. A pesquisa descritiva trabalha
sobre dados ou fatos colhidos da própria
realidade. A coleta de dados aparece como
uma das atividades características da
pesquisa descritiva.
A amostra foi do tipo intencional, que
segundo Gressler (2003) “como o nome já
indica, o pesquisador, intencionalmente,
toma, para amostra, elementos que
apresentam as caracteristicas desejadas por
24
ele”. Tal amostra se deu através da
identificação de trinta (30) pacientes com
diagnóstico de Câncer Colorretal, através do
livro de registros do Serviço de Endoscopia e
Colonoscopia do Hospital Evangélico.
Dos pacientes identificados, vinte e
três (23) foram internados e tratados no
referido hospital e foram incluídos como
sujeitos deste estudo através de dados
coletados em seus prontuários.
Além da revisão bibliográfica, foi
elaborado pela pesquisadora um instrumento
de coleta de dados através de formulário
contendo
sexo,
idade,
procedência,
localização do tumor (TU), sintomas iniciais,
tempo
de
diagnóstico,
aspectos
epidemiológicos, tratamento, local de
tratamento, complicações e situação atual.
O projeto do presente estudo foi
submetido à apreciação da Comissão de
Ética em Pesquisa da UNIGRAN, que deu
parecer favorável à sua realização.
Resultados e Discussão
Dos pacientes estudados, doze
(52,18%) eram do sexo feminino e onze
(47,82%) do sexo masculino, conforme
Figura 1. Este levantamento mostrou discreta
prevalência do sexo feminino, perfil
concordante com os dados disponibilizados
pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA
(2006), e também com a literatura científica
levantada.
Sexo
54,00%
52,18%
52,00%
50,00%
48,00%
47,82%
Feminino
masculino
46,00%
44,00%
Figura 1 – Distribuição por sexo dos pacientes
estudados
A idade média ao diagnóstico teve
variação de 40 a 90 anos, dividindo-se a
idade a cada década, encontrou-se maior
prevalência na faixa etária compreendida
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entre 51 e 60 anos de idade, com sete
(30,43%) dos pacientes neste grupo,
seguidos de seis (26,08%) pacientes
compreendidos na faixa etária entre 71 e 80
anos, quatro (17,39%) na faixa etária entre
40 e 50 anos, quatro (17,39%) na faixa etária
entre 81 e 90 anos e somente dois (8,69%)
pacientes na faixa etária entre 61 e 70 anos,
conforme verificado na Figura 2. Estes dados
discordam de outros estudos e da literatura
de Fernandes in Matos (2004) que relata o
CCR com pico de incidência na sexta década
de vida, embora pessoas de qualquer idade
possam apresentar a afecção. Esta
amostragem se faz concordante com o INCA
(2006) que relaciona a maior incidência de
casos na faixa etária entre 50 e 70 anos com
possibilidades de desenvolvimento a partir
dos 40 anos. Esta diferença pode ser reflexo
da pequena amostragem do número de
pacientes pesquisados ou até mesmo por
algum fator intrínseco desconhecido na
Região de Dourados- Mato Grosso do Sul.
Faixa etária
40,00%
30,43%
26,08%
30,00%
20,00%
10,00%
17,39%
17,39%
8,69%
40-50
51-60
61-70
71-80
25
o restante, 21,73% foi utilizado apenas
quimioterapia e/ou radioterapia.
Procedência dos pacientes
estudados
80,00%
60,86%
60,00%
39,13%
40,00%
Dourados
Outras Cidades
20,00%
0,00%
Figura 3 – Distribuição segundo a procedência dos
pacientes estudados
O índice de ressecção se mostrou
abaixo do informado pela literatura que
indica uma taxa de ressecabilidade de 71 a
75% e também comparado aos dados obtidos
por Mendes et al. (1992) que estudou 61
pacientes e teve um índice de ressecção de
100%, porém significativo em relação ao
número de pacientes pesquisados neste
estudo. De qualquer forma o tratamento
cirúrgico, de acordo com Fernandes in Matos
(2004) permanece como único método capaz
de proporcionar cura aos pacientes, e com o
tratamento quimioterápico consegue-se a
extensão de sobrevida obtendo-se melhor
qualidade; porém os resultados se encontram
aquém do desejado.
81-90
0,00%
Tratamento
Figura 2 – Distribuição segundo a idade estratificada
por década
Os dados concernentes à procedência
do paciente mostraram que, apesar da
instituição pesquisada receber grande parte
de pacientes provenientes de outras Cidades,
a quantidade recebida de Dourados-MS foi
significativamente maior. Dos pacientes
pesquisados, quatorze (60,86%) eram
procedentes de Dourados-MS e apenas nove
(39,13%) dos pacientes residiam em outras
cidades, conforme verificado na Figura 3.
Quanto ao tratamento mais utilizado
observou-se a prevalência da cirurgia
acompanhada de quimioterapia, a qual esteve
presente em 52,17% dos casos, seguidos de
26,08% somente com tratamento cirúrgico e
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
52,17%
26,08%
21,73%
Cirurgia +
quimioterapia
Cirurgia
Quimioterapia e
/ou radioterapia
Figura 4 – Distribuição do tipo de tratamento mais
utilizado nos pacientes estudados
Em relação às complicações mais
comuns detectadas após o diagnóstico do
CCR, a prevalência maior foi de baixa
imunidade seguida de anemia, encontrada
em dezenove (82,60%) dos pacientes. A
depressão predominou em onze (47,82%)
dos pacientes, seguidos de cinco (21,73%)
dos pacientes com metástase hepática, um
GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo
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paciente (4,34%) com infecção da ferida
operatória e surpreendentemente não houve
nenhuma recidiva entre os pacientes
pesquisados.
Complicações
100,00%
anemia
82,60%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
Depressão
47,82%
21,73%
4,34%
Metástase
hepática
Infecção da ferida
operatória
Figura 5 – Distribuição das complicações
encontradas após o diagnóstico de câncer colorretal
nos pacientes estudados
A baixa imunidade e anemia,
geralmente são causas da toxicidade de
alguns quimioterápicos utilizados no
tratamento do câncer colorretal. Wyngaarden
e Smith (1990) explicam que a toxicidade
primária dos quimioterápicos está ligada à
mielossupressão e a mucosite, além de
sintomas gastrintestinais como estomatite e
diarréia.
O diagnóstico do câncer leva na
maioria das vezes, a um período de muita
ansiedade e angústia, desencadeando um
quadro de depressão que pode vir associada a
sintomas somáticos, como perda de apetite e
fadiga,
que
também
podem
estar
relacionadas ao catabolismo da doença ou ao
seu tratamento (SILVA, 2006). O paciente
submetido a ostomia, segundo Leite in Matos
(2004) ressalta, sofre uma ruptura de sua
imagem corporal, o que ocasionando
sentimentos discriminatórios de estigma.
O número de pacientes com metástase
hepática foi significativo, concordando com
a literatura científica onde as complicações
ocorrem em 10% a 20% dos doentes.
Fernandes in Matos (2004) relata que
indivíduos com ressecção de metástases no
fígado apresentando novas lesões, não
devem ser reabordados cirurgicamente.
Na visão de Albuquerque (2005), se
após o estadiamento rigoroso, com métodos
de imagem, que avaliem o corpo inteiro e ao
diagnóstico só for encontrado metástase
26
pulmonar ressecável ou a recidiva de local
ressecável, o paciente deverá ser operado.
Este mesmo autor afirma ainda, que se indica
imediata ressecção da metástase hepática ou
das metástases, sempre que possível e a
quimioterapia sistêmica quando a lesão
hepática for inoperável, com avaliação
periódica por métodos de imagem de 3 em 3
meses, indicando-se a ressecção assim que a
doença metastática torne-se ressecável.
Oliveira et al. (2004) afirma que a extirpação
hepática é atualmente o único tratamento
para doentes com metástases hepáticas do
carcinoma
colo-retal
que
oferece
oportunidade razoável de sobrevivência de
longo prazo. Um terço dos doentes com
metástase hepática do carcinoma colorretal é
candidato à extirpação cirúrgica.
Conforme Oliveira et al. (2001), que
estudou os fatores de risco para infecção de
sítio cirúrgico em cirurgia colorretal eletiva,
afirma-se que apesar dos múltiplos esforços
de controle e vigilância de rotinas e
padronização de técnicas e da evolução dos
antibióticos em sua aplicação profilática, a
cirurgia colorretal eletiva está ainda
associada com taxas de morbidade e até
mesmo de mortalidade relacionadas à
infecção do sítio cirúrgico.Existem variações
de acordo com o centro médico onde os
estudos tenham sido feitos.
Os dados sobre recidiva foram
idênticos ao estudo realizado por Jucá et al.
(2004), que avaliou 32 pacientes operados
por câncer colorretal no período de 1997 a
2002 e não obteve nenhum caso de recidiva.
De acordo com Fernandes in Matos (2004), a
alternativa é o acompanhamento do paciente
através de exames tais como dosagens
séricas,
exames
radiológicos
e
procedimentos endoscópicos com a intenção
de possibilitar rápida identificação de
recorrência
neoplásica
e
pronta
reintervenção.
Conclusão
Ao estudar a prevalência dessa
neoplasia, tendo como parâmetro apenas o
ano de 2005, com informações coletadas em
GIURIZATO, Clarinez Soares Brito; AREIAS, Marco Aurélio Camargo
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uma área delimitada, nota-se que o aumento
desse período poderia tornar essa informação
mais significativa em relação à estatística
populacional do período. Porém, observou-se
que em todo o período de estudo, a taxa de
prevalência de câncer colorretal seguiu a
faixa etária com maior índice entre 51 e 60
anos. Esta apresentação mostra que os
pacientes mais jovens retardam sua procura à
assistência médica pelo fato de que o
diagnóstico nessa idade ser frequentemente
ignorado ou por ser considerado como uma
condição clínica de pacientes idosos.
As características epidemiologias aqui
estudadas demonstraram ênfase no sexo
feminino, faixa etária acima de 60 anos,
maior freqüência nos seguimentos do reto e
sigmóide e com doença avançada ao
diagnóstico, o que leva a observar menor
possibilidade de cura e prognóstico mais
reservado, ou seja, indefinido.
A faixa etária é o maior fator de risco
para o desenvolvimento de câncer colorretal
presente neste estudo, visto que a ausência
de dados especializados nos prontuários
impediram a associação com hereditariedade
e alimentação, os quais são elementos que
podem desencadear o processo de
carcinogênese colorretal em importante
escala.
Constatou-se uma melhor evolução do
tratamento cirúrgico quando seguido de
quimioterapia na amostra observada, fato
este destacado pela extensão e qualidade da
sobrevida dos pacientes, como aqueles
resultados
observados
em
trabalhos
nacionais e internacionais.
O diagnóstico de câncer por si só já
leva a um período de angústia e depressão,
podendo desta forma desencadear outras
patologias associadas como a queda de
resistência aqui enfatizada, precisando,
portanto este paciente ser acompanhado
periodicamente por equipe multidisciplinar
tendo preferência em filas de espera, seja
para atendimento ou para exames.
Em concordância com Malheiros et al.
(2005) quando ressalta que o diagnóstico
precoce poderia levar a uma diminuição da
incidência de metástases nos jovens e o
27
procedimento cirúrgico cuidadoso em idosos
poderia diminuir as complicações intras e
pós-operatórias,
ambos
cuidados
colaborariam para aumentar a sobrevida
destes pacientes. As informações obtidas
durante esta pesquisa também auxiliam na
determinação da necessidade de campanhas
junto à população para a detecção precoce e
prevenção do câncer colorretal, indicando a
necessidade de serem revistos os conceitos
sobre saúde e qualidade de vida.
Se a prevalência de Câncer Colorretal
foi valorizada nesta pesquisa mesmo sendo
realizada em apenas uma instituição; em um
curto período, parece natural que seja um
aspecto que merece ser fortalecido em
futuras ações e instalações de programas
preventivos e assistência de enfermagem e
outros levantamentos de maior amplitude.
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