Folhear Antigas Agendas

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Folhear antigas agendas, se deparar com velhas anotações de um tempo outro, em que meu
corpo e meus sonhos estavam em outro lugar.Faxinar o vivido...revirar o tal baú-vida a partir
de certas materialidades que, de repente, nos surgem. A menina que fui, o endereço que
tinha, a letra ainda tremida dos primeiros passos dados como escrevente, como leitora, como
alguém começa a querer entender o mundo. Fico à procura do que sou naquilo que fui, do que
ainda tenho em mim de um tempo em que ainda não havia perdas nem dores reais. Cavo
espaços, forço a memória e o que me vem é um álbum mal conservado de histórias que
apenas se anunciavam, mas já repleta de lembranças. Ausências antes presentes, medos
inexistentes e outros, tão inteiros em mim. Desfazer um espaço para construir outros, retomar
o tempo, para continuar seguindo. Tarefas estranhas, silêncios imensos, chuvas torrenciais em
mim. É o tal tamanho da vida...às vezes feito de estreitezas, outras vezes, do tamanho do
mundo.
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