UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA TAMÍRIS AUGUSTO MARINHO INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B EM CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM GOIÂNIA, GOIÁS Goiânia 2013 TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor (a): Tamíris Augusto Marinho E-mail: [email protected] Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X] Dissertação [X]Sim [ ] Tese [ ] Não Vínculo empregatício do autor Agência de fomento: Universidade Federal de Goiás Conselho Nacional de Sigla: CNPq Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasil UF: GO CNPJ: 33.654.831/0001-36 Infecção pelo vírus da hepatite b em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-Goiás. País: Título: Palavras-chave: HBV, hepatite B, prevalência HBV, catadores de materiais recicláveis. Título em outra língua: Infection of hepatitis B virus among recyclable waste collectors in GoiâniaGoiás. Palavras-chave em outra língua: HBV, hepatites B, prevalence HBV, recyclabe wastw collectors Área de concentração: Microbiologia Data defesa: (dd/mm/aaaa) 11/01/2013 Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública Orientador (a): Regina Maria Bringel Martins E-mail: [email protected] Co-orientador (a):* E-mail: *Necessita do CPF quando não constar no SisPG 3. Informações de acesso ao documento: Concorda com a liberação total do documento [X] SIM [ ] NÃO1 Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. __________________________ Assinatura do (a) autor (a) 1 Data:11/04/2013 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP) Marinho, Tamíris Augusto. Infecção pelo vírus da hepatite B em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-Goiás [manuscrito] / Tamíris Augusto Marinho. - 2013. xv, 96 f. : il., figs, tabs. Orientadora: Profª. Drª. Regina Maria Bringel Martins Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, 2013. Bibliografia. Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas. Apêndices. TAMÍRIS AUGUSTO MARINHO INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE B EM CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM GOIÂNIA, GOIÁS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de Mestre em Medicina Tropical e Saúde Pública. Orientadora: Profª. Drª. Regina Maria Bringel Martins Este trabalho foi realizado com o auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq - processo: 557382/2009-2 e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás/FAPEG - PP/SUS Goiânia 2013 iii Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Aluna: Tamíris Augusto Marinho Orientadora: Profª. Drª. Regina Maria Bringel Martins Membros: 1. Profª. Drª. Regina Maria Bringel Martins 2. Profª. Drª. Sheila Araújo Teles 3. Profª. Drª. Márcia Alves Dias de Matos Data: 11/01/2013 iv DEDICATÓRIA Dedico este estudo aos catadores de materiais recicláveis que trabalham todos os dias na construção de um mundo sustentável; Aos meus avós por me ensinarem as melhores lições de vida; Aos meus queridos pais, Sandra e Pedro, por acreditarem sempre nos meus sonhos e por me amarem incondicionalmente; As minhas irmãs, Tássia e Thaís, minhas primeiras professoras e amigas, obrigada por serem as melhores companheiras que já tive; Ao meu bem, Helberte, pelo carinho, apoio e gentileza nos momentos em que me dedicava completamente a esse projeto. v AGRADECIMENTOS Agradecer a realização desse sonho é um momento muito especial, afinal recebi tantas bênçãos divinas nesse caminho... sempre mediadas por amigos maravilhosos e oportunidades incríveis de aprendizado. A minha gratidão é imensurável, afinal, compartilhar essa vitória é o melhor agradecimento que eu poderia dar a todos vocês: A Deus por me conceder mais uma vida, e com ela esse momento único de crescimento, obrigada meu Pai por sua infinita misericórdia; À minha orientadora, Prof. Dra. Regina Maria Bringel Martins, por me orientar na iniciação científica durante quatro anos de graduação e me oferecer a oportunidade de ingressar no mestrado, não medindo esforços para o sucesso do nosso estudo. Obrigada por tantas oportunidades, você será sempre a minha referência de competência profissional; À Profa. Dra. Carmen Luci Rodrigues Lopes, por ter sido tão parceira e amiga. Ofereceu todo suporte na realização desse projeto, uma pessoa admirável, sempre disposta a ajudar com carinho e delicadeza, características de sua personalidade amável; À Profa. Dra. Sheila Araújo Teles, minha professora na gradução e em disciplinas do mestrado, um grande exemplo de profissional, como docente, pesquisadora e enfermeira, obrigada em especial pelo apoio na análise estatística dos dados deste estudo; À Prof. Dra. Megmar Aparecida dos Santos Carneiro, que sempre presente no Laboratório de Virologia, me ensinou grandes lições de vida, um exemplo de professora, pesquisadora, mãe e mulher; À Prof. Dra. Márcia Alves Dias de Matos, por ser sempre tão competente... faltam-me palavras para conseguir agradecer tudo que aprendi com você, obrigada pelos ensinamentos sobre filogenia molecular, por ser tão disposta e solícita em relação a todas as minhas dúvidas. Você é um grande exemplo, uma mulher forte, batalhadora e humilde, que venceu todos os obstáculos e hoje é uma vencedora; vi Aos professores Sandra Brunini, Ruth Minamisava, Divina Cardoso, Fabíola Fiaccadori, Menira Souza, André Kipnis e Jõao Bosco, por me ensinarem conhecimentos valiosos nas disciplinas da pós-graduação; À toda equipe do Laboratório de Virologia: Nádia Rúbia, Aline Garcia, Ágabo, Aline Pereira, Renata, Andréia, Dulce, Kamilla, Láiza, Laura, Lyriane, Fernanda, Marina, Matheus, Nara, Viviane, Pollyanne, Thaís e Tássia. Obrigada por me ensinarem o significado da palavra equipe! Por todo apoio, desde colaboração nas coletas, processamento dos dados e dicas literárias brilhantes. Quando as dificuldades apertaram... vocês enxugaram as minhas lágrimas, seguraram na minha mão e me ajudaram a seguir em frente... tenho certeza de que a nossa história não acaba aqui, afinal amigos leais como todos vocês eu levarei para sempre em meu coração! Ainda viveremos grandes momentos juntos! Aos meus pais, por me amarem tanto! Por serem tão carinhosos comigo! Obrigada por fazerem de suas filhas sempre prioridade, por abdicarem de suas realizações pessoais e fazerem das minhas vitórias, suas vitórias! Obrigada por me oferecerem um lar, valores morais e todo suprimento para que um dia fosse eu capaz de andar com as minhas próprias pernas! Às minhas irmãs Tássia e Thaís, por cuidarem de mim desde pequenininha, sempre tão amorosas! Vivemos juntas os melhores momentos da minha infância e com vocês aprendi a ser uma pessoa menos egoísta e a cultivar valores familiares. Obrigada por me fazerem acreditar que o tempo apenas amadurece um amor verdadeiro! Aos meus avós, Maria Helena e Dagobert Augusto, pelos ensinamentos sobre família e pelo amor que me dedicaram desde o meu nascimento! Foi seguindo o exemplo de vocês que aprendi mais sobre perseverança e lutar pelos meus sonhos; Ao meu bem, Helberte Fernandes Freitas, por me aceitar exatamente como sou, por incentivar a minha carreira, e sem nehuma cobrança pessoal aceitar as minhas escolhas que sacrificaram alguns de nossos momentos... Você é um homem maravilhoso! Obrigada por me escolher para ser sua companheira nessa vida! vii Às minhas amigas da faculdade Érika, Juliana, Letícia, Pat, Fabiane, Loanny, Queiliene, Déborah e Layz, vivemos momentos incríveis juntas durante cinco anos de convivência e mesmo cada uma seguindo o seu caminho ainda permanecemos unidas! E as minhas amigas de infância Zilda e Marcela, sempre tão queridas! Foram muitos anos de apoio e amizade! À Coordenação, corpo docente e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/UFG, pela dedicação, comprometimento e paciência em todas as etapas deste trabalho; À Incubadora Social da UFG, em especial o coordenador Fernando A. F. Bartholo, por confiar no trabalho e ética do nosso grupo de estudos, pela disponibilidade em nos apresentar cada uma das cooperativas de materiais recicláveis em Goiânia-GO e nos apoiar em todos os momentos necessários; Aos funcionários e professores da Faculdade de Enfermagem que me acolheram e me ensinaram os valores mais nobres sobre enfermagem, docência e pesquisa; À banca do exame de qualificação, composta pelas professoras, Dra. Sheila Araújo Teles, Dra. Márcia Alves Dias de Matos e Dra. Menira Borges de Lima Dias e Souza, por aceitarem contribuir cientificamente com este estudo; Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), pelo apoio financeiro. viii SUMÁRIO ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................ x ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS ..................................................................................xi RESUMO .............................................................................................................................. xii SUMMARY ......................................................................................................................... xiii 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 1.1 Breve Histórico ........................................................................................................................... 1 1.2 Vírus da Hepatite B ..................................................................................................................... 2 1.2.1 Classificação e estrutura do vírus da hepatite B ................................................................... 2 1.2.2 Variabilidade do HBV .......................................................................................................... 6 1.2.3 Replicação viral .................................................................................................................... 8 1.3 Aspectos Clínicos, Patogenia e Tratamento da Infecção pelo HBV ......................................... 10 1.4 Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HBV ...................................................................... 13 1.5 Epidemiologia da Infecção pelo HBV....................................................................................... 18 1.5.1. Transmissão do vírus da hepatite B ................................................................................... 18 1.5.2. Distribuição da infecção pelo HBV................................................................................... 19 1.5.3. Distribuição dos genótipos ................................................................................................ 23 1.6 Prevenção e Controle da Infecção pelo HBV ............................................................................ 25 1.7 Hepatite B e Catadores de Materiais Recicláveis ...................................................................... 27 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 30 3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 31 3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 31 3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................ 31 4. METODOLOGIA ................................................................................................................. 32 4.1 Delineamento, Local e População do estudo............................................................................. 32 4.2 Entrevista e Coleta de sangue.................................................................................................... 32 4.3 Testes Sorológicos .................................................................................................................... 33 4.3.1 Detecção do HBsAg ........................................................................................................... 33 ix 4.3.2 Detecção de anti-HBc total ................................................................................................ 34 4.3.3 Detecção de anti-HBs ......................................................................................................... 34 4.3.4 Detecção do HBeAg ........................................................................................................... 34 4.3.5 Detecção de anti-HBe......................................................................................................... 35 4.4 Testes Moleculares .................................................................................................................... 36 4.4.1 Extração do HBV-DNA ..................................................................................................... 36 4.4.2 Reação em cadeia da polimerase (PCR)............................................................................. 36 4.4.3 Eletroforese em gel de agarose........................................................................................... 37 4.5 Sequenciamento de Nucleotídeos.............................................................................................. 37 4.5.1 Amplificação das amostras................................................................................................. 37 4.5.2 Purificação dos produtos da PCR ....................................................................................... 38 4.5.3 Sequenciamento da região S .............................................................................................. 38 4.5.4 Análise das sequências ....................................................................................................... 40 4.6 Análise dos Dados ..................................................................................................................... 40 5. RESULTADOS ..................................................................................................................... 42 5.1 Características da população estudada ...................................................................................... 42 5.2 Marcadores sorológicos do HBV em catadores de materiais recicláveis .................................. 44 5.3 Fatores de risco associados à infecção pelo HBV ..................................................................... 45 5.4 Detecção dos marcadores HBeAg/anti-HBe, HBV-DNA e características de risco dos indivíduos HBsAg positivos............................................................................................................ 48 5.5 Infecção oculta pelo vírus da hepatite B ................................................................................... 49 5.6 Caracterização molecular das amostras HBV-DNA positivas .................................................. 50 6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 51 7. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 56 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 57 9. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 58 x ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Representação esquemática da estrutura do vírus da hepatite B .......................... 3 Figura 2 - Micrografia eletrônica mostrando a partícula completa (A) e subpartículas (B) do HBV .................................................................................................................................. 3 Figura 3 - Representação esquemática do genoma do HBV com as ORFs: Pré-S/S, Précore/core, P e X ..................................................................................................................... 5 Figura 4 - Subtipos sorológicos do HBV .............................................................................. 6 Figura 5 - Árvore filogenética com os oito genótipos do HBV (A-H) .................................. 7 Figura 6 - Esquema do ciclo replicativo do HBV ................................................................. 9 Figura 7 - Perfil sorológico da hepatite B aguda ................................................................. 17 Figura 8 - Perfil sorológico da hepatite B crônica ............................................................... 17 Figura 9 - Prevalência da infecção pelo HBV em crianças de 5-9 anos, 2005 .................... 21 Figura 10 - Prevalência da infecção pelo HBV em adultos de 19-49 anos, 2005 ............... 21 Figura 11 - Distribuição geográfica dos genótipos do HBV ............................................... 24 Figura 12 - Árvore filogenética da região S do HBV, incluindo os 3 isolados dos catadores de materiais recicláveis de Goiânia-GO e 19 sequências do GenBank (número do acesso e o país de origem estão indicados) ........................................................................................ 50 xi ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 - Prevalência da infecção pelo HBV em estudos realizados na região metropolitana de Goiânia-GO..........................................................................................................................................23 Quadro 2 - Sequência dos primers utilizados na PCR-1 e PCR-2.......................................................37 Quadro 3 - Reagentes utilizados na pré-mistura da reação..................................................................39 Quadro 4 - Primers para sequenciamento............................................................................................39 Tabela 1 - Características sóciodemográficas de 431 catadores de materiais recicláveis em Goiânia, Goiás...................................................................................................................................................43 Tabela 2 - Prevalência dos marcadores sorológicos para hepatite B em 431 catadores de materiais recicláveis de Goiânia, Goiás.............................................................................................................44 Tabela 3 - Fatores de risco associados à infecção pelo HBV em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO........................................................................................................................................46 Tabela 4 - Análise multivariada dos fatores de risco associados à infecção pelo HBV em catadores de materiais recicláveis de Goiânia-GO..................................................................................................47 Tabela 5 - Marcadores HBeAg, anti-HBe e HBV- DNA nos catadores HBsAg reagentes...............48 xii RESUMO O vírus da hepatite B (HBV) continua a ser uma das principais causas de doença hepática em todo o mundo, apesar dos programas de vacinação implementados ao longo da última década. Estima-se que 2 bilhões de indivíduos já foram expostos ao HBV e mais de 240 milhões estão cronicamente infectados em todo mundo. Os indivíduos com hepatite B crônica apresentam risco elevado para o desenvolvimento de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Catadores de materiais recicláveis vivem em condições sociais e ambientais precárias. Atualmente, existem poucos dados sobre a infecção pelo HBV nesta população. Portanto, o objetivo geral do presente estudo foi investigar o perfil epidemiológico da infecção pelo HBV em uma população de catadores de materiais recicláveis em GoiâniaGO. Estudo transversal realizado com 431 indivíduos recrutados nas 15 cooperativas de reciclagem em Goiânia-GO. Todos os participantes foram entrevistados e suas amostras de soro testadas para os marcadores sorológicos do HBV. As amostras HBsAg e anti-HBc positivas foram submetidas à detecção do HBV-DNA pela reação em cadeia da polimerase, e genotipadas por sequenciamento da região S. A prevalência global da infecção por HBV foi de 12,8% (IC 95%: 9,8-16,2). A análise multivariada dos fatores de risco mostrou que idade superior a 40 anos e uso de drogas ilícitas foram independentemente associados à infecção pelo HBV. O DNA viral foi detectado em 2/3 amostras HBsAg positivas e em 1/52 amostras anti-HBc reagentes, resultando, assim, em um índice de infecção oculta pelo HBV de 1,9%. Os genótipos A (subgenótipo A1), D (subgenótipo D3) e F (subgenótipo F2) foram identificados. Apenas 12,3% da população mostrou evidência sorológica de vacinação prévia contra hepatite B. Estes achados evidenciam a necessidade de programas de saúde pública voltados para os catadores de materiais recicláveis, incluindo a vacinação contra hepatite B. xiii SUMMARY Hepatitis B virus (HBV) remains a major cause of liver disease worldwide despite vaccination programs implemented over the last decade. Worldwide, it is estimated that 2 billion people are infected with HBV and that more than 240 million are chronically infected. Patients with chronic hepatitis B are at risk for developing liver cirrhosis and hepatocellular carcinoma. Recyclable waste collectors have a lifestyle that is characterized by unfavorable social and environmental factors. There is currently very little data on HBV infection in this population. Therefore, the aim of the present study was to investigate the epidemiological profile of HBV infection in a population of recyclable waste collectors in Goiânia-GO. A cross-sectional survey was carried out with 431 individuals who were recruited in all 15 recycling cooperatives in Goiânia-GO. All individuals were interviewed, and their serum samples were tested for the presence of HBV serological markers. HBsAg and anti-HBc-positive samples were tested for HBV-DNA by polymerase chain reaction, and were genotyped by sequencing of the S region. The overall HBV prevalence infection was 12.8% (95% CI: 9.8-16.2). A multivariate analysis of risk factors showed that age >40 years and illicit drug use were independently associated with HBV infection. HBV-DNA was detected in 2/3 HBsAg-positive samples, and in 1/52 anti-HBc-reactive samples, resulting in an occult HBV infection rate of 1.9%. HBV genotypes A (subgenotype A1), D (subgenotype D3) and F (subgenotype F2) were identified. Only 12.3% of this population showed serological evidence of previous hepatitis B vaccination. These findings highlight the need of public health programs to recyclable waste collectors, including the hepatitis B vaccination. 1. INTRODUÇÃO 1.1 Breve Histórico As hepatites virais constituem as infecções que ocorrem no fígado, causadas por cinco agentes hepatotrópicos: vírus da hepatite A (HAV) (Feinstone et al. 1973), vírus da hepatite B (HBV) (Dane et al. 1970), vírus da hepatite C (HCV) (Choo et al. 1989), vírus da hepatite D (HDV) (Rizzetto et al. 1977) e vírus da hepatite E (HEV) (Balayan et al. 1983). O sinal que indica hepatite é a icterícia, uma coloração amarelo-alaranjada de pele, conjuntivas e mucosas gerada por elevados níveis de bilirrubina no soro (Hollinger 1996). Eventos epidêmicos envolvendo icterícia foram relatados por Hipócrates antes da era Cristã, e evidenciados no fim do século XIX (Hollinger 1996, Hollinger & Liang 2001, Fonseca 2010). Em 1885, Lurman descreveu a transmissão de um possível agente causador de hepatite por via parenteral em trabalhadores de um estaleiro, após vacinação contra varíola preparada com “linfa” humana na cidade de Bremen na Alemanha (Lurman 1885 apud Hollinger 1996). A partir do século XX, surtos de hepatite foram associados ao uso de medicamentos injetáveis e à coleta de sangue (MacCallum 1972, Fonseca 2010). Em 1942, foi sugerida transmissão parenteral de um possível agente, responsável por uma forma epidêmica de hepatite que afetou 28.585 militares americanos, culminando em 62 óbitos. O referido surto ocorreu após a aplicação de um lote específico da vacina contra febre amarela estabilizada com soro humano (Krugman 1989, Reuben 2002). Posteriormente, foi observada uma frequência elevada de hepatite aguda em indivíduos transfundidos com plasma humano fresco, seco ou sangue total (Morgan & Williamson 1943). MacCallum, em 1947, designou o termo “hepatite B” para uma infecção de longo período de incubação e de transmissão por produtos sanguíneos e outros fluidos corporais (MacCallum et al. 1947). Em 1967, Krugman et al. confirmaram a existência do agente proposto por MacCallum, e o denominaram de hepatite soro homóloga (MS2) (Krugman et al. 1967 apud Fonseca 2010). O termo “hepatite B” foi aprovado pelo 2 Comitê de Hepatites Virais da Organização Mundial de Saúde (OMS 1977), sendo atualmente ainda utilizado. Blumberg et al. (1965) identificaram, em uma amostra de soro de um aborígine australiano, um antígeno que reagia especificamente com um anticorpo presente no soro de um paciente hemofílico denominando-o “antígeno Austrália” – AU. Em 1968, observou-se que o AU (posteriormente denominado de antígeno de superfície do vírus da hepatite B ou HBsAg) era encontrado exclusivamente no soro de pacientes com hepatite B (Prince 1968, Okochi & Murakami 1968, Hollinger 1996). A sua identificação possibilitou um avanço significativo nas pesquisas sobre essa hepatite (Bayer et al. 1968, Almeida et al. 1969). Em 1970, foi identificada a partícula viral completa do HBV, por microscopia eletrônica, denominada inicialmente partícula de Dane (Dane et al. 1970). 1.2 Vírus da Hepatite B 1.2.1 Classificação e estrutura do vírus da hepatite B O vírus da hepatite B pertence à família Hepadnaviridae e ao gênero Orthohepadnavirus (ICTV 2011). A partícula viral completa ou vírion possui 42 nm de diâmetro (Figura 1). Externamente, apresenta um envelope contendo as proteínas L (large), M (middle) e S (small) constituindo o HBsAg. Internamente, a partícula é formada por um nucleocapsídeo icosaédrico de aproximadamente 30 nm de diâmetro, composto pela proteína do core, ou antígeno do core (HBcAg), que envolve o DNA viral e a enzima DNA polimerase/transcriptase reversa (Hollinger 1996, Bruss 2007, Liang 2009). 3 Figura 1 - Representação esquemática da estrutura do vírus da hepatite B Fonte: http://people.rit.edu/japfaa/infectious.html (modificada) Partículas subvirais incompletas, esféricas e tubulares, também são secretadas pelos hepatócitos. Essas partículas lipoprotéicas possuem aproximadamente 22 nm de diâmetro (Figura 2), sendo identificadas no sangue de indivíduos infectados pelo HBV, em uma concentração 10.000 vezes maior que os vírions (Simon et al. 1998, Gilbert et al. 2005, Liang 2009). B A Figura 2 - Micrografia eletrônica mostrando a partícula completa (A) e subpartículas (B) do HBV Fonte: http://www.sciencephoto.com/drlindastannard,uct/sciencephotolibrary 4 O HBV possui um genoma extremamente compacto composto por DNA circular de fita parcialmente dupla com aproximadamente 3.200 pares de bases (pb). A fita menor, denominada incompleta, apresenta polaridade positiva e sentido de leitura 5’ para extremidade 3’. A fita maior, denominada completa, possui polaridade negativa ou L (-) sendo complementar ao RNA pré-genômico. A forma circular da molécula de DNA do HBV é mantida por meio do pareamento de bases das terminações 5´ de ambas as fitas (Liang 2009, Doo & Ghany 2010). O HBV apresenta em seu genoma quatro sequências abertas de leitura (Open Reading Frame - ORF): As regiões Pré-S/S, Précore/core, P e X (Figura 3), que codificam as proteínas virais, e quatro promotores, que regulam a atividade gênica (Ngui et al. 1999, Seeger & Mason 2000, Hatzakis et al. 2006). A primeira ORF é a Pré-S/S, que codifica as proteínas de superfície, denominadas L, M e S, as quais são sintetizadas a partir dos códons de iniciação das regiões Pré-S1, Pré-S2 e S, respectivamente, e apresentam o mesmo códon de terminação no final da região S. Essas proteínas desempenham um importante papel na indução da imunidade contra o HBV, sendo componentes imunogênicos de superfície desse vírus (Heermann et al. 1987, Hourvitz et al. 1996, Le Seyec et al. 1998, Hollinger 2007). A região Pré-core/core, segunda ORF, apresenta dois códons de iniciação responsáveis por codificar a proteína do core (HBcAg) e a proteína “e” (HBeAg), ambos induzem a produção de anticorpos específicos (anti-HBc e anti-HBe, respectivamente). A proteína do core, uma fosfoproteína de 21 Kda, é responsável pela montagem do nucleocapsídeo, sendo importante na etapa de empacotamento do RNA pré-genômico. O HBeAg é um peptídeo solúvel codificado pelas regiões pré-core/core, que é processado e secretado pelas células hepáticas, sendo considerado um importante marcador de replicação viral. Esse antígeno é encontrado durante a infecção aguda ou nos portadores crônicos, podendo induzir tolerância imunológica e, consequentemente, o desenvolvimento de hepatite crônica (Milich et al. 1990, Baumert et al. 1996, Hatzakis et al. 2006, Kay & Zoulim 2007, Liang 2009). A terceira ORF, região X, codifica a proteína multifuncional HBxAg, que tem ação de ativadora transcricional, sendo capaz de modificar a expressão de genes da célula hospedeira e impedir o reparo do DNA, o que explicaria o aumento de mutações 5 celulares importantes. Além disso, a mesma pode interferir na atividade da proteína p53, que apresenta função supressora de tumor e ativadora de apoptose, podendo, assim, propiciar evolução para cirrose ou carcinoma hepatocelular (HCC) nos pacientes cronicamente infectados (Henkler et al. 1995, Kramvis & Kew 1998, Zhang et al. 2001, Bouchard et al. 2004, Wei et al. 2010). A última ORF, região P ou Pol, é a maior (aproximadamente 75% da extensão do genoma viral) e se sobrepõe às demais, codificando a polimerase viral. Essa apresenta quatro domínios: (1) amino-terminal, que atua como proteína terminal ou primase, necessária para o início da síntese da fita de DNA de polaridade negativa; (2) espaçadora, que não tem função bem definida; (3) transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA pré-genômico em DNA e (4) carboxi-terminal, que exibe atividade de ribonuclease H (RNAse H), participando da degradação do RNA prégenômico (Seeger & Mason 2000, Block et al. 2007, Liang 2009). Pré-S1 Pré-S2 S C P Pré-core/core X Figura 3 - Representação esquemática do genoma do HBV com as ORFs: Pré-S/S, Précore/core, P e X Fonte: Neuveut et al. (2010) (modificada) 6 1.2.2 Variabilidade do HBV Subtipos sorológicos Estudos realizados no início dos anos 70 identificaram variações antigênicas no HBsAg, definidas por dois pares de determinantes alélicos mutuamente exclusivos, d/y e w/r, que juntamente com o determinante “a”, resultaram em quatro diferentes subtipos sorológicos do HBV: adw, ayw, adr e ayr (Le Bouvier 1971, Bancroft et al. 1972). Ainda, a identificação do subdeterminante w (w1-w4) e do determinante q (q+/q-) permitiu uma classificação mais ampla em nove subtipos sorológicos: adw2, adw4, ayw1, ayw2, ayw3, ayw4, adrq+, adrq- e ayr (Figura 4) (Couroucè et al. 1976, Couroucè-Pauty et al. 1978, 1983). Figura 4 - Subtipos sorológicos do HBV Fonte: Adaptada de Kidd-Ljunggren et al. (1994) Genótipos A divergência de mais de 8% na sequência genômica completa do HBV permitiu a identificação de oito genótipos, classificados de A a H (Figura 5) (Okamoto et al. 1988, Norder et al. 1992, 1993, 1994, Naumann et al. 1993, Stuyver et al. 2000, Arauz-Ruz et al. 2002, Kubarnov et al. 2010). Foram identificados no Vietnã isolados do HBV que apresentaram divergências em relação aos genótipos conhecidos, sendo sugerida a denominação de genótipo I (Huy et al. 2008, Tran et al. 2008, Yu et al. 7 2010). Posteriormente, o “genótipo J” foi identificado por Tatematsu et al. (2009) em pacientes do Japão. Entretanto, esses novos genótipos do HBV têm sido questionados, necessitando ainda de novos estudos para a classificação definitiva dos mesmos (Kubarnov et al. 2010). Figura 5 - Árvore filogenética com os oito genótipos do HBV (A-H) Fonte: Kramvis et al. (2005) (modificada) A caracterização dos genótipos tem relevância em relação aos aspectos clínicos da doença, pois os mesmos influenciam na terapia antiviral, bem como na progressão da doença hepática. Além disso, apresentam importância epidemiológica, elucidando a dinâmica da infecção e transmissão do HBV (Chu & Lok 2002, Kao 2002, Schaefer 2005). Subgenótipos Os genótipos podem, ainda, serem divididos em subgrupos que apresentam diferenças de 4% a 8% dentro do mesmo grupamento genotípico, denominados subgenótipos, sendo as diferenças menores que 4% conhecidas como clades. Os 8 subgenótipos são designados por letras alfabéticas, seguidas de números correspondentes (Kramvis et al. 2005). Assim, alguns genótipos são divididos em subgenótipos, tais como: A (A1 - A7), B (B1 - B9), C (C1 - C12), D (D1 - D8) e F (F1 - F4) (Norder et al. 2004, Huy et al. 2006, Kramvis et al. 2008, Mulyanto et al. 2009, 2011, Abdou Chekaraou et al. 2010, Kurbanov et al. 2010, Hübschen et al. 2011, Thedja et al. 2011). Estudos adicionais são necessários haja vista que alguns subgenótipos identificados são ainda considerados provisórios, os quais apresentam uma pequena divergência nucleotídica em relação a outros, podendo ser considerados clades de um mesmo subgenótipo (Kurbanov et al. 2010). 1.2.3 Replicação viral O ciclo replicativo do HBV está esquematizado na Figura 6. A adsorção e penetração da partícula viral ocorrem nos hepatócitos do hospedeiro; entretanto, esses mecanismos não estão totalmente esclarecidos. Acredita-se que a proteína L possua sítio de reconhecimento para adsorção do vírus a um receptor localizado na superfície da célula alvo (Hollinger 2007). Após a interação vírus-célula, ocorre a penetração por endocitose. O vírus perde seu envoltório, liberando o nucleocapsídeo contendo DNA, que atravessa os poros nucleares chegando ao núcleo celular (Kann et al. 1997, Beck & Nassal 2007). O HBV-DNA, já no interior do núcleo, é convertido em um DNA de fita dupla circular covalentemente fechado (cccDNA - covalently closed circular) pela ação da DNA polimerase (Beck & Nassal 2007), que em seguida serve de molde para a transcrição do pgRNA (3,5 Kb), essencial para replicação, e de outras moléculas de mRNA viral (0,7; 2,1 e 2,4 Kb). Essa transcrição ocorre por ação da enzima celular RNA polimerase II (Gonçales Jr 2002, Ganem & Prince 2004, Beck & Nassal 2007, Levrero et al. 2009, Liang 2009). As fitas de mRNA são transportadas para o citoplasma e traduzidas em proteínas virais de superfície, core, polimerase e X. No citoplasma, o nucleocapsídeo é formado pela montagem do pgRNA juntamente com a DNA polimerase/transcriptase reversa. Inicia-se então a transcrição do pgRNA dentro do nucleocapsídeo viral, formando a 9 primeira fita de cadeia longa (negativa) do DNA viral. Durante ou após a síntese dessa fita, o pgRNA é degradado pela ação enzimática da RNAse H da polimerase e, por ação da DNA polimerase, ocorre a síntese da fita positiva ou incompleta do DNA viral (Gonçales Jr 2002, Ganem & Prince 2004, Beck & Nassal 2007, Hollinger 2007, Levrero et al. 2009). Posteriormente, o nucleocapsídeo adquire o envelope no retículo endoplasmático rugoso. Em seguida, os vírions são liberados dos hepatócitos. Contudo, algumas moléculas de DNA são transportadas de volta ao núcleo, podendo ser convertidas em cccDNA, resultando na persistência viral intracelular (Seeger & Mason 2000, Ganem & Prince 2004, Beck & Nassal 2007). Segundo Hollinger et al. (2007) ocorre a produção de aproximadamente 1011 moléculas/dia durante a replicação viral, sendo que durante o pico da replicação essa taxa pode aumentar de 100 a 1000 vezes. Liberação Entrada Receptor RE Endocitose Síntese fita (+) Montagem Citoplasma Núcleo Síntese fita (-) cccDNA Encapsidação Transcrição Tradução Figura 6 - Esquema do ciclo replicativo do HBV Fonte: Neuveut (2010) (modificada) 10 1.3 Aspectos Clínicos, Patogenia e Tratamento da Infecção pelo HBV A hepatite B é uma das mais comuns e graves doenças infecciosas devido à alta morbidade e mortalidade, pois a infecção pode ocasionar doença hepática aguda e crônica, incluindo cirrose hepática e carcinoma hepatocelular (HCC) (Kao & Chen 2002, Chang 2007, Chang & Lewin 2007, Liang 2009). Cerca de dois bilhões de indivíduos foram expostos, e aproximadamente 240 milhões são portadores crônicos do HBV em todo o mundo. Estima-se que 600 mil indivíduos morram a cada ano devido a consequências agudas ou crônicas da hepatite B (OMS 2012a). A infecção aguda pelo HBV pode ser assintomática ou sintomática. A forma sintomática apresenta-se de duas formas: benigna (curso da doença longo, com recuperação completa do dano hepático) e grave ou fulminante. De acordo com a evolução da doença, a hepatite aguda pode ser classificada em quatro fases: período de incubação, fase prodrômica ou pré-ictérica, fase ictérica e fase convalescente (Focaccia 2002, Chang 2007). O período de incubação varia de 45 a 180 dias. A fase prodrômica é caracterizada por sintomas inespecíficos, similares aos da gripe, como febre baixa, fadiga, anorexia, mialgia, náuseas e vômitos, dores abdominais, dentre outros (Hollinger 1996, Befeler & Di Bisceglie 2000, Gonçales Jr 2002, Chang 2007). Na fase ictérica, há o surgimento de colúria devido o aumento dos níveis de bilirrubina no sangue; causando acolia fecal e coloração amarelada das mucosas da conjuntiva (esclerótica) e pele, situação clinicamente reconhecida em 20% dos pacientes infectados. Os níveis séricos de bilirrubina (principalmente da fração direta) e aminotransferases (aspartato aminotrasferase - AST e alanina aminotrasferase - ALT) encontram-se elevados, sendo que as últimas estão associadas à presença de lesões hepáticas. Geralmente, essa fase dura cerca de 20 dias, e se manifesta após 10 dias do início dos sintomas em aproximadamente 85% dos casos (Molner & Meyer 1940, Zuckerman 1965, Mendonça & Vigani 2006, Chang 2007). A fase de convalescença dura em média de 20 a 30 dias, apresentando melhora progressiva da sintomatologia clínica, com lenta diminuição da hepatoesplenomegalia, bem como da icterícia e dos sintomas dispépticos, além da eliminação viral (Mendonça & Vigani 2006). 11 Já a hepatite fulminante é marcada pela evolução rápida para insuficiência hepática, presença de encefalopatia hepática, icterícia, coagulopatia e níveis elevados de aminotransferases. A mesma apresenta um alto índice de mortalidade, manifestando-se em 1% dos indivíduos com hepatite B aguda (Inoue et al. 1998, Petrosillo et al. 2000, Carey 2009). A evolução para infecção crônica pelo HBV depende de fatores como idade de aquisição da infecção, contínua replicação do HBV e resposta imune do paciente. A cronicidade por esse vírus acomete 5-10% dos adultos expostos ao HBV na vida adulta. Já dentre as crianças infectadas no primeiro ano de vida, 90% se tornam portadoras crônicas e, dentre aquelas infectadas entre um a quatro anos de idade, 30-50% desenvolvem hepatite B crônica (De Franchis et al. 1993, Maruyama et al. 1993, Maddrey 2001, Jung & Pape 2002, Chang 2007, OMS 2012a). Alguns fatores podem influenciar a progressão da doença hepática nos indivíduos com hepatite B, dentre eles, sexo (masculino), consumo de álcool, história familiar de HCC, infecção na infância pelo HBV, soropositividade para o HBeAg e genoma viral (cccDNA), bem como a presença de coinfecção por outros vírus hepatotrópicos (Baffis et al. 1999, Mendonça & Vigani 2006, Nwokediuko 2011, ElSerag 2012). Ainda, a cronicidade da infecção pode aumentar a chance do desenvolvimento de cirrose e carcinoma hepatocelular (Kew 1998, Arbuthnot & Kew 2001, Feitelson & Lee 2007, Negro 2011). A infecção pelo HBV é responsável por induzir dano tecidual de gravidade variável, não gerando efeito citopático direto nas células hepáticas (Ferrari et al. 2003, Chang & Lewin 2007). O dano ao tecido hepático inicia-se com estimulação da resposta imune celular e humoral do hospedeiro contra antígenos virais específicos, presentes na superfície das células infectadas pelo vírus (Ferrari et al. 2003, Mello & Alves 2006). Em relação a imunidade celular, há lise das células infectadas por linfócitos T citotóxicos CD8+, responsáveis pela resposta direcionada contra múltiplos epítopos do core, da polimerase e das proteínas do envelope do HBV (Rehermann et al. 1996, Rapicetta et al. 2002, Ganem & Prince 2004, Vierling 2007). Porém, a destruição celular não é a única estratégia capaz de eliminar o HBV (Ferrari et al. 2003). Por meio de mecanismos não-citolíticos, os linfócitos T citotóxicos liberam citocinas como interferon-gama (IFN-) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-) no fígado, que atuam 12 na proteção antiviral, regulando a replicação do HBV sem destruir a célula infectada. Dessa forma, o IFN- inibe a expressão gênica do vírus, sendo o principal responsável pelo recrutamento e ativação de células da resposta imune inata no fígado, como macrófagos e células natural killer. Outro mecanismo envolve a resposta imune humoral, onde linfócitos B produzem anticorpos específicos, responsáveis por formar um complexo com as partículas virais livres, prevenindo a infecção de hepatócitos susceptíveis (Rapicetta et al. 2002, Ferrari et al. 2003, Ganem & Prince 2004, Inchauspé & Michel 2007). A infecção oculta, uma forma peculiar de infecção crônica, é caracterizada principalmente, pela persistência do HBV-DNA em indivíduos que apresentam negatividade para o HBsAg. Essa manifestação da hepatite B está relacionada à persistência do cccDNA no fígado e a uma forte supressão da replicação viral e da expressão gênica (Conjeevaram & Lok 2001, Raimondo et al. 2007, Hollinger & Sood 2010, Larrubia et al. 2011, Raimondo 2012). O mecanismo da infecção oculta pelo HBV não foi totalmente elucidado. Algumas hipóteses têm sido sugeridas, como mutações nas regiões S, core e X, integração do genoma viral ao do hospedeiro, formação de imunocomplexos, alteração do padrão da resposta imune, superinfecção e infecção mista com interferência de variantes do HBV (Ferreira 2000, Lok 2004, Fonseca 2007, Lledó et al. 2011, Romero et al. 2011, Raimondo et al. 2012). Nota-se o impacto da infecção oculta em diferentes contextos clínicos, podendo ser transmitida por transfusões de sangue e transplante de fígado, causando formas clássicas de hepatite B nos indivíduos infectados. Em pacientes imunossuprimidos (principalmente por imunoterapia ou quimioterapia), pode haver a reativação e desenvolvimento de hepatite aguda com curso clínico mais grave. Evidências sugerem evolução para cirrose, bem como para carcinoma hepatocelular. Nos coinfectados com o HCV, alguns autores evidenciaram também progressão para fibrose e alteração das enzimas hepáticas (Liu & Kao 2007, Matsuoka et al. 2008, Selim et al. 2011, Fuente et al. 2011, Wong et al. 2011, Shi et al. 2012). O tratamento da infecção causada pelo HBV visa reduzir o risco de progressão da doença hepática e de seus desfechos primários, especificamente cirrose, hepatocarcinoma e, consequentemente, o óbito. Desfechos substitutivos ou intermediários, tais como o nível de HBV-DNA, de enzimas hepáticas e marcadores 13 sorológicos, estão validados e têm sido utilizados como parâmetros para inferir a probabilidade de benefícios da terapêutica em longo prazo, haja vista que a supressão da replicação viral de maneira sustentada e a redução da atividade histológica diminuem o risco de cirrose e do hepatocarcinoma (Papatheodoidis et al. 2002, Coffin & Lee 2009, Marcelim et al. 2009, BRASIL 2011b). Os indivíduos com infecção aguda não necessitam de tratamento antiviral específico, tendo em vista que cerca de 90% dos adultos é curado espontaneamente em um período de aproximadamente três meses. Aos pacientes com hepatite B fulminante, recomenda-se o transplante de fígado (EASL Jury 2003, Chang & Lewin 2007, Pérez 2007, Beckebaum et al. 2009, Shiffman 2010). Há duas categorias de antivirais usadas no tratamento da hepatite B: agentes imunoregulatórios (o interferon alfa convencional e o interferon alfa-peguilado) e os análogos de nucleosídeos (lamivudina, entecavir e telbivudina) ou de nucleotídeos (adefovir e tenofovir) que atuam inibindo a transcrição reversa do HBV (Xu & Chen 2006, Chang & Lewin 2007, Pawlotsky et al. 2008, Coffin & Lee 2009). No Brasil, o protocolo terapêutico para infecção crônica do HBV do Ministério da Saúde indica os seguintes fármacos: interferon-alfa, interferon-alfa peguilado, lamivudina, tenofovir, entecavir e adefovir, nas seguintes situações clínicas: 1) Indivíduos virgens de tratamento, HBeAg reagentes, não cirróticos, 2) Indivíduos virgens de tratamento, HBeAg não reagentes, não cirróticos, 3) Indivíduos virgens de tratamento, cirróticos, HBeAg reagentes ou não reagentes, 4) Pacientes experimentados com antivirais (resistência aos antivirais) e 5) Situações especiais (hepatite viral crônica B em crianças e coinfecções HBV-HDV, HBV-HIV e HBV-HCV (BRASIL 2011b). 1.4 Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HBV A infecção causada pelo HBV pode ser diagnosticada por testes sorológicos capazes de detectar a presença dos marcadores específicos, como antígenos (HBsAg e HBeAg) e anticorpos (anti-HBs, anti-HBe e anti-HBc), bem como pela pesquisa do DNA viral utilizando técnicas da biologia molecular (Gonçales & Cavalheiro 2006, Gonzales & Salinas 2009). Ainda, a avaliação hepática pode ser realizada pela dosagem de bilirrubinas, fosfatase alcalina, gama-glutamiltransferase (-GT), AST e ALT, indicadoras de dano hepatocelular (Fonseca 2007, Liang 2009, Liaw & Chu 2009). A 14 evolução da doença pode ser acompanhada também por meio do exame histológico da biópsia hepática, avaliando a inflamação e necrose, além do dano relativo à fibrose e ao carcinoma hepatocelular (Yun-Fan & Chia Ming 2009). O HBsAg, primeiro marcador sérico detectado na infecção pelo HBV, pode estar presente antes do início dos sintomas e, geralmente surge por volta da quarta semana após a exposição ao vírus (Figura 7). Nos pacientes em que ocorre a recuperação da infecção, os títulos de HBsAg declinam, desaparecendo dentro de cinco a seis meses. Após esse período, há o desenvolvimento de anticorpos específicos para esse antígeno (anti-HBs), cuja presença indica recuperação clínica e imunidade ao HBV (Hollinger 1996, Ferreira 2000, Badur & Akgün 2001, Khouri & Santos 2004, Shiffman 2010). O HBcAg é detectado somente nos hepatócitos infectados, não sendo, portanto, encontrado no soro dos pacientes. No entanto, rotineiramente, detecta-se os anticorpos direcionados contra ele (anti-HBc). O marcador anti-HBc IgM normalmente é detectável no início dos sintomas, aparecendo pouco depois do HBsAg e desaparecendo com a resolução da infecção. Já o anti-HBc total (IgG) persiste por toda a vida, sendo considerado o marcador de exposição ao HBV (Ferreira 2000, Badur & Akgün 2001, Gonçales & Cavalheiro 2006, Hatzakis et al. 2006, Chevaliez & Pawlotsky 2008, Shiffman 2010). Outro antígeno que surge no início da fase aguda é o HBeAg, cuja presença está associada à replicação viral e infecciosidade. Porém, na sua ausência pode haver replicação viral, pois mutações na região pré-core ou no promotor do core impedem a síntese desse antígeno. Em resposta ao HBeAg, anticorpos anti-HBe são detectados, indicando a diminuição de replicação viral. Durante a infecção aguda, esses anticorpos associam-se à uma provável resolução espontânea da infecção (Ferreira 2000, Badur & Akgün 2001, EASL Jury 2003, Gonçales & Cavalheiro 2006, Chevaliez & Pawlotsky 2008, Shiffman 2010). A presença do DNA viral no soro do paciente ocorre dentro de poucos dias após o início da infecção, sendo considerado o marcador mais confiável de infecção presente, além de ser um parâmetro importante para decisões terapêuticas e monitoramento da resposta ao tratamento. Durante a infecção aguda, os níveis do HBV-DNA aumentam, atingindo um pico e, em seguida, ocorre o declínio progressivo desse marcador, sendo que o seu desaparecimento indica infecção aguda espontaneamente resolvida. Métodos moleculares sensíveis podem detectar o HBV-DNA de 10 a 20 dias antes da detecção do 15 HBsAg (EASL Jury 2003, Pawlotsky 2003, Diaz & Mendonça 2006, Gonçales & Cavalheiro 2006, Shiffman 2010). Técnicas moleculares que detectam o DNA viral, como a PCR - reação em cadeia da polimerase, são amplamente empregadas para o diagnóstico da infecção pelo HBV. Além disso, a pesquisa quantitativa (detecção da carga viral), por meio da técnica de PCR em tempo real, vem sendo utilizada para verificar a evolução da infecção (Van Deursen et al. 1998, Ferreira 2000, Pawlotsky 2003, Valsamkis 2007, Seto et al. 2011). Ainda, métodos de genotipagem do HBV, como amplificação por PCR com primers genótipo-específicos, RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism análise do polimorfismo de comprimento dos fragmentos de restrição), hibridização após PCR (LiPA) e sorotipagem, bem como o sequenciamento do genoma viral têm sido utilizados (Valsamakis 2007, Seto et al. 2011). A infecção crônica da hepatite B pode ser diagnosticada pela persistência do HBsAg por seis meses ou mais, podendo ainda, ser detectados os marcadores anti-HBc total e HBeAg ou anti-HBe (Figura 8) (Ferreira 2000, Liang 2009, Liaw & Chu 2009). Diferentes padrões sorológicos e níveis séricos do HBV-DNA relacionam-se com as fases de desenvolvimento da infecção crônica (EASL Jury 2003, Pawlotsky 2003, Liaw & Chu 2009). A primeira é definida como fase de imunotolerância. Essa fase ocorre comumente após a transmissão perinatal, sendo caracterizada pela presença sérica do HBsAg (por um período superior a 6 meses), HBeAg, altos títulos de HBVDNA (105-10 cópias por mL), ALT em níveis normais ou discretamente elevados, lesão hepática histológica mínima e curso assintomático. Sugere-se que a função primordial do HBeAg seria a de induzir ao portador do HBV (HBsAg reagente) o estado de imunotolerância. Nos indivíduos expostos ao HBV na infância, a fase de imunotolerância pode permanecer por uma a quatro décadas. No entanto, quando os adultos se infectam pelo HBV, não é observada essa fase. Os pacientes que apresentam a referida fase são considerados de baixo risco de progressão para cirrose hepática e hepatocarcinoma (Lok & McMahon 2001, Raimondo et al. 2003, Mendonça & Vigani 2006, Fonseca 2007, Elgouhari et al. 2008, Liaw & Chu 2009). A segunda fase, denominada de imunoativa, caracteriza-se pela presença no soro do HBeAg (HBV selvagem) ou anti-HBe (HBV selvagem residual ou mutante précore). Essa fase ocorre após a transmissão horizontal entre crianças ou na fase adulta, e 16 também tardiamente entre pessoas que adquiriram a infecção pelo HBV por transmissão vertical, iniciando logo após a fase de imunotolerância. Elevados níveis da ALT e de HBV-DNA e doença hepática ativa observada na biópsia caracterizam essa fase. Pacientes com hepatite B crônica HBeAg positivos podem apresentar soroconversão espontânea para anti-HBe, com elevação da ALT. Após soroconversão, observa-se níveis normais da ALT e títulos do HBV-DNA menores que 1000 UI/mL (103 cópias/mL) (Lok & McMahon 2001, Raimondo et al. 2003, Mendonça & Vigani 2006, Fonseca 2007, EASL 2009, Liaw & Chu 2009, McMahon 2010). Na terceira fase, conhecida como portador inativo do HBV, nota-se a presença no soro do HBsAg, anti-HBe, títulos baixos ou indetectáveis do HBV-DNA, ALT normal, lesão histológica hepática mínima, curso assintomático e de bom prognóstico. Muitos dos portadores inativos do HBV (70% a 90%) permanecem inativos por toda a vida. Um adicional de 10% a 20% dos portadores inativos apresentam fenômenos de reversão, caracterizado pelo reaparecimento do HBeAg, acompanhado usualmente de elevação da ALT em razão do processo de reativação inflamatória do fígado. Um número bem menor de portadores inativos do HBV desenvolve hepatite B crônica antiHBe positiva (hepatite crônica residual pelo HBV selvagem), que se caracteriza por elevação dos níveis das aminotransferases, título de HBV-DNA maior que 20000 UI/L (>105 cópias m/l) e doença hepática ativa (histológica). Todavia, o curso clínico e as sequelas de hepatite crônica pelo HBV selvagem ou mutante variam de indivíduo para indivíduo (Lok & McMahon 2001, Fattovich 2003, Gonçales & Gonçales Jr 2006, Mendonça & Vigani 2006, Fonseca 2007, Liaw & Chu 2009). A reativação da infecção pode ser considerada a quarta fase de infecção pelo HBV, caracterizando-se pelo reaparecimento da atividade necroinflamatória do fígado nos portadores inativos do HBV ou naqueles com o diagnóstico de infecção resolvida (infecção prévia pelo HBV, sem sinais virológicos, bioquímicos ou evidência histológica de doença ativa viral) (Lok & McMahon 2001, Fonseca 2007, EASL 2009, Liaw & Chu 2009). 17 Sintomas HBeAg anti-HBe anti-HBc Total Título anti-HBc IgM HBsAg anti-HBs 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 52 100 semanas após a exposição Figura 7 - Perfil sorológico da hepatite B aguda Fonte: CDC – http://www.cdc.gov/ncidod/diseases/hepatitis/slideset (modificada) HBeAg anti-HBe HBsAg Título anti -HBc Total anti -HBc IgM 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 52 Anos semanas após a exposição Figura 8 - Perfil sorológico da hepatite B crônica Fonte: CDC – http://www.cdc.gov/ncidod/diseases/hepatitis/slideset (modificada) 18 1.5 Epidemiologia da Infecção pelo HBV 1.5.1. Transmissão do vírus da hepatite B As vias de trasmissão do HBV incluem a vertical, sexual e parenteral/percutânea (Hou et al. 2005, Kwon & Lee 2011). Embora o HBsAg tenha sido encontrado em diversos fluidos corporais, apenas o soro, sêmen e saliva têm demostrado ser infecciosos (Alter 2003). O HBV é estável em superfícies ambientais por mais de sete dias (Bond et al. 1981), podendo consequentemente ocorrer a transmissão indireta do vírus por objetos contaminados. O risco de transmissão é maior quando o nível do HBV-DNA é elevado no soro, principalmente em pacientes HBeAg reagentes (Alter et al. 1976, Alter et al. 2003, Elgouhari et al. 2008, Shiffman 2010, Kwon & Lee 2011). A via vertical caracteriza-se pela transmissão do HBV durante a gestação (transplacentária), no momento do parto (contato com sangue/líquido amniótico contaminado) e após o mesmo (Jonas et al. 2009). Já a disseminação do HBV pela via sexual permite classificar a hepatite B como doença sexualmente transmissível (DST). Esse modo de transmissão ocorre, principalmente em regiões de baixa prevalência, entre adolescentes e adultos com comportamentos de risco, como múltiplos parceiros sexuais, não uso ou uso ocasional de preservativos e história de outras DSTs (Alter 2003, Hou et al. 2005, Carey 2009, Lee & Park 2010, Shiffman 2010, Franco et al. 2012). A via parenteral/percutânea tem o sangue ou produtos sanguíneos com o HBV como fonte de contaminação. Pessoas com risco de infecção por essa via são pacientes que necessitam de transfusões sanguíneas (hemodialisados, hemofílicos e portadores de neoplasias), além de profissionais de saúde e usuários de drogas ilícitas, principalmente, as injetáveis. Ainda, aplicação de piercing, tatuagem e prática de acupuntura com materiais contaminados representam atividades de risco para aquisição do HBV (Teles et al. 2002, Ferreira et al. 2009, Shiffman 2010, Niederhauser 2011, OMS 2012b). Essa infecção pode ocorrer também pelo compartilhamento de objetos cortantes de uso pessoal (lâmina de barbear, escova de dente, alicate de manicure, etc) (Hou et al. 2005, Lavanchy 2008, Elgouhari et al. 2009, Shiffman 2010, Mu et al. 2011). 19 1.5.2. Distribuição da infecção pelo HBV Ott et al. (2012) publicaram uma revisão sistemática da literatura sobre a epidemiologia global da infecção pelo HBV, baseada em 396 estudos de prevalência do HBsAg. Para ilustrar esses dados, dois mapas sobre a prevalência da infecção pelo HBV em crianças 5-9 anos (Figura 9) e em adultos de 19-45 anos (Figura 10) são apresentados. Em áreas de endemicidade elevada para infecção pelo HBV (prevalência do HBsAg maior ou igual a 8%), a transmissão vertical ocorre, principalmente, no período perinatal ou na infância. Essas regiões são consideradas subdesenvolvidas e apresentam uma densidade populacional elevada, como a África Subsaariana, sendo que sua parte ocidental teve, em 1990, a maior prevalência específica por idade no mundo, alcançando até 12% de positividade para o HBsAg entre as crianças e adolescentes até 19 anos. Embora, tenha havido uma diminuição em 2005, a região continua a ter endemicidade alta, principalmente, em indivíduos do sexo masculino (Ott et al. 2012). Nas regiões de endemicidade intermediária, a prevalência do HBsAg varia de 27%. O leste da Ásia apresentou a maior prevalência para o HBV e não houve mudanças significativas entre 1990 e 2005. No geral, a endemicidade permaneceu intermediária alta nessa região, principalmente, em indivíduos do sexo masculino. No sul da Ásia, cerca de 3% da população até 45 anos de idade foi HBsAg positiva, com redução da prevalência nos indivíduos mais velhos (prevalência baixa em 2005). Ao contrário de outras regiões, no sudeste asiático, houve uma forte redução na prevalência do HBsAg entre 1990 e 2005, especialmente na faixa etária de 0-14 anos, com prevalência de 1,21,4%. Nos países com renda elevada, incluindo o Japão, República da Coreia e Cingapura também houve redução significativa, sendo a endemicidade considerada intermediária, com uma prevalência de aproximadamente 4% (Ott et al. 2012). As ilhas do Pacífico e a região da Oceania eram endêmicas em 1990, atingindo um índice para o HBsAg de cerca de 10% em homens com idade de 10-34 anos. A diminuição na prevalência levou a uma mudança para endemicidade intermediária alta nas faixas etárias com até 54 anos, e de endemicidade intermediária em adultos mais velhos (Ott et al. 2012). A soroprevalência do HBsAg mostrou ser baixa na Europa Ocidental, particularmente em mulheres, cuja prevalência foi abaixo de 2% entre 1990-2005. No 20 entanto, nesse período, um aumento em ambos os sexos foi observado, o que provocou uma mudança na endemicidade para intermediária baixa em homens jovens, em 2005, e uma diminuição na prevalência em indivíduos mais velhos. Na Europa Central, a prevalência em lactentes e meninas diminuiu de 6% para 3%. Em contraste, os países do leste Europeu não mostraram uma forte redução na prevalência do HBsAg nas idades mais jovens. Nas Europas Central e Oriental, a idade 0-9 anos continua a ser a mais afetada pela infecção HBsAg (Ott et al. 2012). Em países com renda elevada na América do Norte (Canadá e Estados Unidos), a prevalência declinou em ambos os sexos e em todas as idades, entre 1990 e 2005. A maior positividade para o HBsAg foi em crianças do sexo masculino com idade entre 04 anos (2,14%), e a menor (cerca de 1%) nos indivíduos com mais de 65 anos, em 2005 (Ott et al 2012). Na América Latina, notou-se uma forte diminuição da prevalência do HBsAg entre 1990 e 2005. Na região tropical, a endemicidade passou de intermediária para baixa, onde meninos de 0-9 anos tiveram a maior prevalência da região (endemicidade intermediária), superior a 5% em 1990, e de 1,6% em 2005. Da mesma forma, a prevalência na região central declinou pela metade neste período, e em adultos, foi considerada como de baixa endemicidade em 2005. Outras regiões da América Latina, como os Andes e América do Sul, mostraram uma diminuição da prevalência com a idade e uma endemicidade intermediária (Ott et al. 2012). 21 Figura 9 - Prevalência da infecção pelo HBV em crianças de 5-9 anos, 2005 Fonte: Ott et al. (2012) (modificada) Figura 10 - Prevalência da infecção pelo HBV em adultos de 19-49 anos, 2005 Fonte: Ott et al. (2012) (modificada) 22 No Brasil, um inquérito de base populacional realizado nas capitais brasileiras mostrou uma prevalência para o marcador HBsAg de 0,37% (IC 95%: 0,25-0,50), sendo de 0,05% (IC 95%: 0,01-0,10) na faixa etária de 10 a 19 anos e de 0,6% (IC 95%: 0,410,78) para a faixa de 20 a 69 anos. A prevalência global (anti-HBc), também referente ao conjunto das capitais do Brasil, foi de 7,4% (IC 95%: 6,8-8,0). O percentual de expostos ao HBV na faixa etária de 10 a 19 anos foi de 1,1% (IC 95%: 0,9-1,4) e de 11,6% (IC 95%: 10,7-12,4) para o grupo de 20 a 69 anos. Em todas as regiões, verificou-se um aumento da positividade do anti-HBc total com a idade. Em relação ao gênero, os homens apresentaram maior probabilidade de exposição em todas as regiões e no Distrito Federal, exceto na Região Norte. Observou-se um maior risco de exposição ao HBV nos indivíduos com piores condições socioeconômicas, exceto na Região Sudeste. A transmissão sexual foi relevante nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, sendo que, nessa última, a transmissão sanguínea também se destacou (BRASIL 2011a). Índices variáveis de prevalência da infecção pelo HBV têm sido observados nas diferentes populações estudadas em Goiânia-GO (Quadro 1). 23 Quadro 1 - Prevalência da infecção pelo HBV em estudos realizados na região metropolitana de Goiânia-GO Prevalência N HBsAg(%) Global(%) População feminina 475 - 6,1 Prisioneiros 201 - 26,4 Primodoadores 1033 - 12,8 83 4,8 16,9 Portadores de hanseníase institucionalizados 171 8,8 50,5 Azevedo et al. (1994) Profissionais da saúde 625 2,3 23,4 Porto et al. (1994) Crianças de/na rua 496 2 13,5 Cardoso et al. (1996) Gestantes 1459 0,5 7,5 Borges et al. (1997) Pacientes em diálise 175 13,7 63,4 Teles et al. (1998) Pacientes em hemodiálise 282 12 56,7 Bastos (2000) Pacientes com doenças falciformes 63 0 12,7 Lopes et al. (2001) Profissionais de centros de diálise 152 0,7 24,3 Silva et al. (2002a) Indivíduos com suspeita de hepatite 1396 14,5 50,7 Teles et al. (2002) Pacientes em hemodiálise 536 5,8 - Carneiro & Daher (2003) Anestesiologistas 90 0 8,9 Costa et al. (2004) Idosos residentes em asilos 195 0,5 32,3 Souza et al. (2004) Portadores de doenças mentais 433 1,6 22,4 Tavares et al. (2004) Hemofílicos 102 1,1 43,7 Silva et al. (2005b) Profissionais de laboratório 648 0,7 24,1 Oliveira et al. (2006) Escolares de baixa renda 644 0,6 5,9 Ferreira (2008) Usuários de drogas ilícitas 422 0,7 14,7 Paiva et al. (2008) Dentistas 680 0 6,0 Aires et al. (2012) Pacientes com tuberculose com ou sem HIV 402 1,2 25,6 Referência População Cardoso et al. (1990) Martelli et al. (1990) Rosa et al. (1992) Portadores de hanseníase em tratamento ambulatorial 1.5.3. Distribuição dos genótipos Os genótipos do HBV apresentam uma distribuição geograficamente distinta. Assim, o genótipo A é prevalente nos Estados Unidos, partes da Europa e Índia, sendo também encontrado nas Filipinas, regiões leste, sul e central da África. Os genótipo B e C possuem distribuição geográfica semelhante, sendo detectados em populações no sudoeste da Ásia, Austrália, Japão, China e Vietnã. O genótipo D encontra-se distribuído no Mediterrâneo, Índia e oeste da Europa. O genótipo E é restrito à África 24 Ocidental, enquanto que o F circula nas Américas do Sul e Central e Polinésia. O genótipo G foi inicialmente identificado em amostras provenientes da América do Norte e parte da Europa e, finalmente, o genótipo H que circula nos Estados Unidos, México e América Central (Figura 11) (Kay & Zoulim 2007, Dehesa-Violante & Nuñez-Nateras 2007, Mahtab et al. 2008, Jazayeri et al. 2010, Kew 2010, Kurbanov et al. 2010, Te & Jensen 2010, Kao 2011). No Brasil, estudos mostraram a circulação dos genótipos A, B, C, D, F e G. Entretando, há predominância dos genótipos A, D e F (Mello et al. 2007, Ferreira et al. 2009, Matos et al. 2009, Santos et al. 2010, Alvarado-Mora 2011, Pinho et al. 2011, Ramos et al. 2011, Scaraveli et al. 2011, Silva et al. 2011, Aires et al. 2012, Bertolini et al. 2012, Carvalho et al. 2012, Dias et al. 2012, Matos et al. 2012). Figura 11 - Distribuição geográfica dos genótipos do HBV Fonte: Kurbanov et al. (2010) 25 1.6 Prevenção e Controle da Infecção pelo HBV A prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é possível com mudanças comportamentais referentes ao risco de transmissão parenteral, como o não compartilhamento de objetos cortantes de higiene pessoal (escova de dente, lâmina de barbear, alicates de unha, dentre outros) e de seringas/agulhas, além da triagem para o HBV nos bancos de sangue e o esclarecimento sobre a impossibilidade de portadores do HBV e daqueles que tiverem em risco recente de infecção de doarem sangue, órgãos, tecidos ou sêmen. Outra importante medida é a adoção de práticas de biossegurança nos estabelecimentos de saúde, bem como a orientação adequada dos funcionários em relação ao uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e da imunoprofilaxia pósacidente (Ferreira & Silveira 2004, Hou et al. 2005, BRASIL 2006b, Van Herck 2008, Kwon & Lee 2011, Niederhauser 2011). A triagem sorológica dos doadores de sangue (HBsAg e anti-HBc em alguns países) representa importante estratégia de prevenção. Ainda, alguns países incluíram a detecção do HBV-DNA visando reduzir ainda mais o risco de infecção póstransfusional (Niederhauser 2011). A melhoria dos métodos utilizados para inativação viral de hemoderivados é também medida importante para minimizar o risco de transmissão do HBV (Hou et al. 2005, BRASIL 2006a). A triagem sorológica em gestantes é recomendada no Brasil, fazendo parte do programa de pré-natal como item da lista dos chamados “Testes da Mamãe”, bem como a profilaxia em recém-nascidos de mães HBsAg reagentes (BRASIL 2008, Jonas 2009). Para prevenção da transmissão sexual do HBV, destaca-se o aconselhamento em relação ao uso de preservativo, evitar relação sexual com múltiplos parceiros, tanto homo quanto heterossexuais, dentre outros (Van Herck et al. 2008, Liaw & Chu 2009). A medida de prevenção mais eficaz e segura no controle da hepatite B é a vacinação (Joshi & Kumar 2001, Lavanchy 2004, BRASIL 2005, 2006b, CDC 2007, Kwon & Lee 2011). Disponibilizada a partir de 1982, a primeira geração de vacina contra hepatite B, derivada de plasma de portadores do HBV, é composta por partículas subvirais inativadas (Joshi & Kumar 2001, Shepard et al. 2006, Lee & Park 2010). Com o avanço da tecnologia do DNA recombinante, houve o desenvolvimento da vacina de segunda geração, composta pelo HBsAg recombinante purificado e adsorvido a um adjuvante, que foi disponibilizada a partir de 1986 (Joshi & Kumar 26 2001, Koff 2003, Hou et al. 2005, CDC 2007). Administrada por via intramuscular, a vacina contra hepatite B deve ser aplicada seguindo um esquema de três doses, com um intervalo de um mês entre primeira e segunda dose, e a terceira deve ser administrada seis meses após a primeira dose (0, 1 e 6 meses), sendo que a indução dos anticorpos protetores ocorre em mais de 90% dos adultos e jovens sadios, e acima de 95% em lactentes, crianças e adolescentes (Bruguera 2006, Shepard et al. 2006, Van Herck et al. 2008, Alavian et al. 2012). A resposta vacinal é avaliada pela detecção do marcador anti-HBs, devendo estar presente em níveis superiores ou igual a 10 mUI/mL. No entanto, a imunidade pode persistir após o desaparecimento desses anticorpos ao longo dos anos. Tal fenômeno é explicado pela memória imunológica, ocorrendo um booster com elevação dos níveis de anti-HBs após exposição ao HBV. Por esse motivo, não se recomenda em adultos imunocompetentes dose de reforço da vacina (Hou et al. 2005, Shepard et al. 2006, Van Herck et al. 2008, Aspinall et al. 2011, Alavian et al. 2012). De acordo com a OMS, 177 países incluíram o esquema vacinal de três doses contra hepatite B no calendário vacinal, diminuindo assim a incidência do HBV nesses locais (OMS, 2010). No Brasil, essa vacina faz parte do Programa Nacional de Imunização (PNI), sendo recomendada para recém-nascidos no primeiro dia de vida, crianças, adolescentes e adultos com até 29 anos de idade. Para isso, em 2011, o Ministério da Saúde ampliou em 163% o quantitativo de vacinas adquiridas contra hepatite B – 83,2 milhões de doses (BRASIL 2010a, 2012a). Ainda, a vacina está disponível em estabelecimentos de saúde para grupos específicos, independente de faixa etária, como gestantes após o primeiro trimestre de gestação, trabalhadores da saúde, bombeiros, policiais (militar, civil e rodoviário), carcereiros (delegacias e penitenciárias), coletadores de lixo hospitalar e domiciliar, comunicantes sexuais de portadores do HBV, doadores de sangue, homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, dentre outras), manicures, pedicures e podólogos, populações de assentamentos/acampamentos e populações indígenas (BRASIL 2010b). A “vacina recombinante brasileira”, produzida pelo Instituto Butantan, apresenta uma boa imunogenicidade (Baldy et al. 2004, Oliveira et al. 2006, Junqueira et al. 2011). A partir do segundo semestre de 2012, o Ministério da Saúde recomendou que a 27 primeira dose da vacina monovalente seja administrada ao nascer (hepatite B), e as doses subsequentes após 2, 4 e 6 meses em sua forma pentavalente (DTP: difteria, tétano e coqueluche, Hib: Haemophilus influenzae tipo B e HB: hepatite B) (BRASIL 2012b). Outra medida utilizada na prevenção da infecção pelo HBV é a imunoprofilaxia passiva, pelo uso da imunoglobulina humana hiperimune anti-hepatite B (HBIG). Comumente associada à vacinação, a HBIG é indicada para uso em recém-nascido cuja mãe é HBsAg positiva, imediatamente após o parto ou até 12 horas após o nascimento (Shiffman 2010). Outros casos indicados para profilaxia passiva são: após exposição acidental com sangue HBsAg reagentes, após relação sexual com indivíduos HBsAg reagentes, pacientes submetidos ao transplante hepático, bem como em profissionais acidentados com material biológico contaminado com o HBV (BRASIL 2006b, CDC 2003, 2007). 1.7 Hepatite B e Catadores de Materiais Recicláveis A reciclagem do lixo representa um papel importante na sociedade atual, já que possibilita o reaproveitamento de materiais descartados trazendo benefícios ambientais. Os catadores de materiais recicláveis catam e separam esses materiais presentes no lixo, e os comercializam como fonte de renda e sobrevivência (Medeiros & Macêdo, 2006). No Brasil, o número de catadores de materiais recicláveis cresceu nos últimos anos, estima-se que já representem 1% da população economicamente ativa, ou seja, mais de um milhão de pessoas, que otimizam esforços a favor da reciclagem, sendo que esses trabalhadores exercem atividade laboral em quase todas as cidades do País (CDSUNB 2005). Instituições não governamentais, na década de 90, apoiaram diversos encontros dos catadores de materiais recicláveis em todo Brasil buscando o fortalecimento dessa categoria profissional. Realizou-se, em 2001, o “1º Congresso Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis” e a “1ª Marcha da População de Rua” (Godoy 2005, Medeiros & Macêdo 2006, Silva 2007, Costa 2008). Tais manifestações possibilitaram aos catadores maior organização em nível regional, estadual e nacional, culminando na criação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) (Silva 2007, Costa 2008). Assim, no ano de 2002, os catadores de materiais recicláveis se 28 consolidaram como categoria profissional, sendo regulamentada e registrada na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) (BRASIL 2010c). Segundo Miura (2004), a dificuldade enfrentada pelos catadores não está somente no reconhecimento legal da profissão, mas no seu direito às condições dignas de trabalho e de vida, além da perspectiva estrita da sobrevivência. A atividade de catador de material reciclável é entendida como fonte de dignidade e modo legítimo de obter renda. No entanto, a inclusão desses profissionais no mercado de trabalho apresenta alguns desafios. Entende-se que o catador de materiais recicláveis é incluído por ter um trabalho, mas excluído pelo tipo de trabalho que realiza, isto é, trabalho precário, realizado em condições insalubres, com elevado grau de periculosidade, sem reconhecimento social, com riscos muitas vezes irreversíveis à saúde, e ausência de direitos trabalhistas (Silva et al. 2002b, Medeiros & Macêdo, 2006, Cavalvante & Franco 2007, Dall’Agnol & Fernandes 2007, Gutberlet & Baeder 2008). Os catadores apresentam condições de moradia precárias, vivendo próximos aos lixões, aterros sanitários ou periferias, e realizam a coleta nesses próprios locais, em áreas residenciais ou nas associações/cooperativas onde trabalham (Godoy 2005, Silva et al. 2005a). Assim, o catador vive em um universo de marginalidade e informalidade, não sendo reconhecido como um agente de transformação ambiental (Godoy 2005, Medeiros & Macêdo 2006, Costa 2008). Os mais frequentes agentes presentes nos resíduos sólidos municipais e nos processos dos sistemas de seu gerenciamento, capazes de interferir na saúde humana e no meio ambiente são: agentes físicos (odor, poeira, vibração de equipamentos e visão estética do ambiente), químicos (pilhas, baterias, óleos e graxas, pesticidas/herbicidas, solventes, tintas, produtos de limpeza, cosméticos, remédios e aerossóis) e biológicos (micro-organismos patogênicos em lenços de papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico, absorventes, agulhas e seringas descartáveis, preservativos, resíduos de pequenas clínicas, farmácias, laboratórios e hospitais misturados aos dos domicílios) (Collins & Kennedy 1992, Catapreta & Heller 1999, Ferreira & Anjos 2001, Cavalvante & Franco 2007, Dall’Agnol & Fernandes 2007, Gutberlet & Baeder 2008). Os catadores apresentam um baixo conhecimento referente aos riscos relacionados à atividade que exercem, não possuindo uma visão real do risco causado pelos agentes etiológicos. Desse modo, os catadores relatam informações acerca da 29 adversidade da catação do lixo a partir de experiências pessoais, observação dos colegas de trabalho e relatos de casos vivenciados por amigos ou conhecidos, os quais apresentaram eventos de adoecimento acarretando sintomas graves (Dall’Agnol & Fernandes 2007, Ribeiro & Besen 2007). A situação dos catadores ainda se agrava pelo fato da baixa adesão ao uso de EPIs, como luvas e botas apropriadas, dentre outros (Gonçalves 2004, Porto et al. 2004, Dall’Agnol & Fernandes 2007, Martins 2007, Ribeiro & Besen 2007, Rozman et al. 2008). Assim, os acidentes de trabalho são frequentes em catadores de materiais recicláveis, devido à precariedade e falta de condições adequadas de trabalho. Esses acidentes envolvem ferimentos com objetos perfurocortantes advindos do lixo, bem como perdas de membros por atropelamentos, prensagem em equipamentos de compactação e veículos automotores, além de mordidas de animais (cães, ratos) e picadas de insetos (Poulsen et al. 1995, Ferreira & Anjos 2001, Porto et al. 2004, Ribeiro & Besen 2007, Gutberlet & Baeder 2008). Portanto, esses profissionais podem apresentar risco aumentado em adquirir hepatite B, já que cortes e ferimentos são ocasionados pelo descarte inadequado de materiais perfurocortantes, como vidro, seringa, agulha, lata e madeira (Velloso et al. 1997, 1998). Porto et al. (2004) verificaram que, dentre os acidentes mencionados por catadores em um aterro metropolitano no Rio de Janeiro, destacaram-se os cortes com vidros e perfurações com outros materiais, sendo hepatite uma das doenças referidas por essa população. Foi realizada uma investigação sobre a infecção pelo HIV em catadores de materiais recicláveis em Santos, São Paulo, na qual foi verificada uma prevalência elevada (34,4%) para a infecção pelo HBV (Rozman et al. 2007, 2008). 30 2. JUSTIFICATIVA A hepatite B representa um importante problema de saúde pública. Estima-se que aproximadamente dois bilhões de indivíduos foram expostos ao HBV. Desses, 240 milhões são portadores crônicos em todo mundo e cerca de 600 mil indivíduos cronicamente infectados morrem anualmente por complicações hepáticas relacionadas a esse vírus (OMS 2012a). Diante disso, as investigações sobre comportamentos de risco e estimativa da prevalência da hepatite B em grupos populacionais, como os catadores de materiais recicláveis, contribuem para o rastreamento epidemiológico dessa infecção. Acidentes com cortes e perfurações pelo contato com vidros, materiais ferrosos pontiagudos, agulhas e seringas contaminadas durante a catação, dentre outros, têm sido observados em catadores de materiais recicláveis (Porto et al. 2004, Rozman et al. 2008, Siqueira & Moraes 2009); estando, portanto, essa categoria profissional vulnerável ao contágio por agentes infecciosos (Porto et al. 2004, Gutberlet & Baeder 2008, Siqueira & Moraes 2009). Contudo, os estudos realizados sobre condições de saúde em catadores de materiais recicláveis são escassos (Catapreta & Heller 1999, Porto et al. 2004, Cavalcante & Franco 2007, Almeida et al. 2009, Siqueira & Moraes 2009), sendo a prevalência estimada por Rozman et al. (2007, 2008), em Santos-SP, o único dado na literatura sobre a infecção pelo HBV em catadores de materiais recicláveis. Tendo em vista o risco aumentado desses profissionais em adquirir infecções, como a hepatite B, e que, até o presente momento, são raras as investigações sobre essa virose em catadores de materiais recicláveis, o presente estudo foi proposto visando investigar o perfil epidemiológico da infecção pelo HBV nesta população em Goiânia. Uma vez conhecidos os fatores de risco associados, a prevalência nesta população, além de outros dados como os índices de imunização contra hepatite B e de infecção oculta pelo HBV, bem como os genótipos virais circulantes, acredita-se que este estudo contribuirá para o planejamento e implementação de medidas de prevenção e controle voltadas para os catadores de materiais recicláveis. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral O presente projeto tem como objetivo geral investigar o perfil epidemiológico da infecção pelo HBV em catadores de materiais recicláveis em Goiânia, Goiás. 3.2 Objetivos Específicos Estimar a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO; Analisar os fatores associados a esta infecção; Investigar a ocorrência de infecção oculta pelo HBV nos indivíduos que foram expostos a esse vírus (anti-HBc reagentes); Caracterizar as amostras virais, identificando-se os genótipos circulantes nesta população; Verificar o índice de imunização contra hepatite B na população estudada, considerando o marcador anti-HBs. 4. METODOLOGIA 4.1 Delineamento, Local e População do estudo A presente investigação está inserida em um projeto de pesquisa maior, denominado “Investigação das hepatites virais em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO, com ênfase nas condições de trabalho”. O estudo caracteriza-se como de corte transversal, realizado nas 15 cooperativas de catadores de materiais recicláveis, sendo 12 assistidas pela Prefeitura de Goiânia e Incubadora Social da Universidade Federal de Goiás (UFG) e três em fase de estruturação, localizadas em Goiânia-GO, no período de abril/2010 a maio/2011. Houve uma reunião prévia entre os pesquisadores deste estudo e os dirigentes das cooperativas, para esclarecimento dos objetivos desta investigação, bem como os critérios de inclusão do estudo: possuir idade igual ou superior a 18 anos e estar vinculado a uma das cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Goiânia-GO. Os catadores foram informados sobre os objetivos e procedimentos do estudo, sendo os elegíveis (n=432) convidados a participar da investigação. Por motivo de doença, apenas uma catadora se recusou a participar, sendo assim, a população do estudo foi composta de 431 catadores de materiais recicláveis cooperados em GoiâniaGO. O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFG (Protocolo nº 002/2010), em Goiânia-GO. 4.2 Entrevista e Coleta de sangue Os indivíduos que consentiram em participar da investigação, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), foram entrevistados utilizando um questionário padrão sobre dados sociodemográficos (idade, sexo, raça, estado civil, naturalidade, escolaridade, renda familiar, tempo de trabalho como catador e profissão simultânea à catação de materiais recicláveis) e possíveis fatores de risco (uso de drogas ilícitas, presença de tatuagem, história de transfusão sanguínea, cirurgia, antecedente de prisão, sexo com múltiplos parceiros sem proteção, parceiro do mesmo 33 sexo, história de DST e acidente ocupacional com objeto perfurocortante do lixo) associados à infecção pelo HBV, bem como vacinação prévia contra hepatite B. Em seguida, foi coletada uma amostra de sangue (10 mL), por punção venosa, utilizando seringa e agulha descartáveis. O sangue foi transportado pela equipe, em caixa apropriada, até o Laboratório de Virologia (IPTSP/UFG), onde ocorreu a centrifugação para a obtenção dos soros, os quais foram separados em duas alíquotas e estocados a -20º C (alíquota para análise sorológica) e -70ºC (alíquota para análise molecular). 4.3 Testes Sorológicos Todas as amostras foram testadas para a detecção dos marcadores sorológicos HBsAg, anti-HBc e anti-HBs pelo de ensaio imunoenzimático (ELISA) utilizando-se reagentes comerciais. As amostras HBsAg reagentes foram testadas para os marcadores HBeAg e anti-HBe por ELISA. 4.3.1 Detecção do HBsAg O teste realizado (Hepanostika HBsAg Ultra, Biomérieux, Alemanha) consiste em um ELISA baseado no princípio de sandwich. Resumidamente, na microplaca sensibilizada com anticorpos anti-HBs monoclonais, foram adicionados o diluente de amostra, as amostras e controles (negativo e positivo) em suas respectivas câmaras. Após incubação, foi acrescentado o conjugado (anti-HBs marcado com peroxidase). A placa foi novamente incubada e posteriormente lavada com tampão fosfato. Em seguida, o substrato (peróxido de uréia) foi adicionado juntamente com o cromógeno (tetrametilbenzidina - TMB). Após nova incubação, a reação foi interrompida pela adição de ácido sulfúrico a 1N. Conforme as instruções do fabricante, a leitura espectrofotométrica da reação foi realizada em 450 nm. Foram consideradas positivas as amostras que apresentaram absorbâncias maiores ou igual ao valor do cut-off, obtido pela média das absorbâncias dos controles negativos + 0,040. 34 4.3.2 Detecção de anti-HBc total O princípio da reação (Hepanostika anti-HBc Uni-Form, Biomérieux) baseou-se na inibição competitiva onde cada câmara da placa foi revestida com HBcAg. As amostras em teste e os controles negativo e positivo foram incubados juntamente com o conjugado (constituído de anticorpos anti-HBc humanos ligados à enzima peroxidase) e, em seguida, a placa foi lavada com o tampão fosfato. Posteriormente, foi adicionada a solução substrato/cromógeno (tetrametilbenzidina/peróxido de uréia) e a reação incubada. A mesma foi interrompida com ácido sulfúrico a 1N e a leitura espectrofotométrica realizada em 450 nm. O valor do cut-off foi obtido pela fórmula: 0,25 (CNx + 3CPx), onde “CNx” é igual ao valor médio das absorbâncias dos controles negativos e “CPx” ao dos controles positivos. Assim, foram consideradas amostras positivas, aquelas que apresentaram absorbância menor ou igual ao valor do cut-off. 4.3.3 Detecção de anti-HBs A detecção de anticorpos anti-HBs foi realizada pelo método imunoenzimático qualitativo, tipo sandwich em microplacas sensibilizadas com HBsAg (ad e ay), (ETIAB-AUK-3, Diasorin, Itália). O tampão de incubação, amostras, controles (negativo e positivo) e calibradores foram adicionados às suas respectivas câmaras, exceto no branco. A placa foi incubada e, em seguida, lavada. Após a adição do conjugado (HBsAg marcado com peroxidase, tampão Tris e albumina), a placa foi incubada novamente. Realizada a lavagem, a mistura substrato/cromógeno foi adicionada, sendo a placa mais uma vez incubada. Em seguida, a reação foi bloqueada pela ação de ácido sulfúrico, e a leitura espectofotométrica (filtros de 450 nm e 630 nm) realizada. Após a validação do teste, o cut-off foi definido pelo valor da absorbância média do calibrador 1 (concentração 10 UI/L). As amostras com valores de absorbância maiores ou iguais ao valor do cut-off foram consideradas positivas. 4.3.4 Detecção do HBeAg A detecção do marcador HBeAg foi realizada por ELISA direto não competitivo empregando-se reagentes comerciais (ETI-EBK PLUS, Diasorin). Na microplaca 35 sensibilizada com anticorpos monoclonais de camundongos contra o antígeno e do HBV, foram adicionados o tampão de incubação, amostras, calibrador, controles positivo e negativo. Após este procedimento, a placa foi incubada e, posteriormente, lavada. Acrescentou-se o conjugado enzimático (anti-HBe de camundongo conjugado com peroxidase) diluído e a placa foi novamente incubada. Em seguida, foi realizada a lavagem, o substrato (peróxido de hidrogênio) foi adicionado juntamente com o cromógeno (tetrametilbenzidina - TMB). Após nova incubação em temperatura ambiente, a reação foi interrompida pela adição de ácido sulfúrico a 1N. Conforme as instruções do fabricante, a leitura espectrofotométrica da reação foi realizada em 450/630 nm. Foram consideradas positivas as amostras que apresentaram absorvâncias maiores ou igual ao valor do cut-off, obtido pela média dos valores do calibrador + 0,060 (após subtrair o valor da câmara correspondente ao branco do substrato). 4.3.5 Detecção de anti-HBe A detecção do marcador anti-HBe foi realizada por ELISA competitivo utilizando-se reagentes comerciais (ETI-AB-EBK PLUS, Diasorin). Na microplaca sensibilizada com anticorpos monoclonais de camundongos contra o antígeno “e” do HBV, foram adicionados em todas as câmaras o tampão de incubação, amostras, controles positivo e negativo, calibrador e uma solução contendo HBeAg recombinante (os anticorpos da amostra competem com os anticorpos monoclonais pelo HBeAg). Após este procedimento, a placa foi incubada e lavada. Posteriormente, o conjugado enzimático (anti-HBe de camundongo conjugado com peroxidase) foi acrescentado e a placa foi novamente incubada. Em seguida, foi realizada a lavagem e adicionou-se o cromógeno/substrato. Após nova incubação em temperatura ambiente, a reação foi interrompida pela adição de ácido sulfúrico a 1N. Conforme as instruções do fabricante, a leitura espectrofotométrica da reação foi realizada em filtro duplo de 450/630 nm. Foram consideradas positivas as amostras que apresentaram absorbâncias maiores ao valor do cut-off, obtido pela média dos valores do calibrador + 0,500 (após subtrair o valor da câmara correspondente ao branco do substrato). 36 4.4 Testes Moleculares 4.4.1 Extração do HBV-DNA As amostras HBsAg e/ou anti-HBc reagentes foram submetidas à extração do ácido nucléico viral, realizada em duas etapas (Niel et al. 1994). A primeira consistiu na adição de 250 L do soro em 80 L de solução de lise, sendo esta composta por solução A (Tris 200 mM, SDS 1%, NaCl 700 mM, EDTA 20 mM e tRNA 0,1 mg/mL) e solução B (proteinase K 2 mg/mL dissolvida em solução de CaCl2 0,36 mM; o pH final foi ajustado para 9,0 utilizando o HCl). Os soros, juntamente com a solução de lise, foram incubados por 4 horas a 37ºC. O DNA viral foi extraído pelo uso de fenol/clorofórmio, centrifugado, e a fase superior transferida para tubos contento etanol. Estes foram mantidos a –20ºC durante a noite. A segunda etapa da reação, caracterizou-se pela centrifugação do material e a formação de um precipitado, que em seguida foi lavado com etanol a 70%, seco e ressuspenso em 30 L de água milliQ (auloclavada). 4.4.2 Reação em cadeia da polimerase (PCR) Após a extração do DNA, o mesmo foi submetido a uma semi-nested PCR, para amplificação relativa à região pré-S/S, que foi realizada em duas etapas (Motta-Castro et al. 2005). Para a primeira, denominada PCR-1, utilizou-se uma mistura contendo 1 pmol dos primers PS1 e S2/S22 (Quadro 2) (Invitrogen), responsáveis pela amplificação do fragmento de DNA do nucleotídeo 2826 a 841 do genoma; 0,2 mM de cada dNTP (dATP, dTTP, dCTP, dGTP), 3 mM de Cloreto de magnésio (MgCl2) e 1 U de Taq DNA polimerase, num volume final de 50 l. O HBV-DNA de cada amostra extraído na fase anterior (2 L) foi misturado aos componentes descritos acima, e esta mistura levada ao termociclador seguindo o programa: 94ºC por 3 minutos (desnaturação inicial), 30 ciclos de 95ºC por 30 segundos, 52ºC por 40 segundos e 72ºC por 2 minutos (desnaturação, anelamento e extensão, respectivamente) e 72ºC por 7 minutos (alongamento final). O produto final esperado desta reação era de 1236 pares de bases (pb). 37 A segunda etapa (PCR-2), foi realizada empregando-se os primers PS1 e SR (Quadro 2) (Invitrogen), além dos mesmos componentes mencionados acima. O produto da PCR-1 foi adicionado à nova mistura da reação e levado ao termociclador, seguindo o programa: 94ºC por 3 minutos (desnaturação inicial), 30 ciclos de 94ºC por 20 segundos, 55ºC por 20 segundos e 72ºC por 1 minuto (desnaturação, anelamento e extensão, respectivamente) e 72ºC por 7 minutos (alongamento final). O produto esperado da PCR-2 era de 1099 pares de bases (pb). Quadro 2 - Sequência dos primers utilizados na PCR-1 e PCR-2 Primers Sentido Sequência (5’ 3’) PS1 Sense CCA TAT TCT TGG GAA CAA GA S2 Anti-sense GGG TTT AAA TGT ATA CCC AAA GA S22 Anti-sense GTA TTT AAA TGG ATA CCC ACA GA SR Anti-sense CGA ACC ACT GAA CAA ATG GC 4.4.3 Eletroforese em gel de agarose Ao gel de agarose preparado a 2% em tampão TBE (Tris-Borato EDTA), foi acrescentado brometo de etídio em uma concentração final de 0,5 g/mL. Os produtos obtidos durante a PCR-2 e o marcador de peso molecular (100 pb - Invitrogen) foram misturados ao corante azul de bromofenol, aplicados ao gel e submetidos à eletroforese. As bandas formadas durante a corrida foram visualizadas através de luz ultravioleta em transluminador. 4.5 Sequenciamento de Nucleotídeos 4.5.1 Amplificação das amostras As amostras HBV-DNA reagentes foram novamente amplificadas na região S por uma semi-nested PCR, para o sequenciamento subsequente (Motta-Castro et al. 38 2008). A primeira PCR utilizou primers externos PS1, S2 e S22, nas mesmas condições descritas na PCR-1, perfazendo um volume final de 50 µL. No entanto, a segunda PCR foi realizada com os primers S1, S2 e S22 (Quadro 4), com volume final de 100 µL. Para a amplificação, as amostras foram encaminhadas ao termociclador com o seguinte programa: 94ºC por 3 minutos para desnaturação inicial, 30 ciclos de (95ºC por 30 segundos, 52ºC por 40 segundos, 72ºC por 2 minutos), finalizando com alongamento a 72ºC por 7 minutos. 4.5.2 Purificação dos produtos da PCR Foram acrescentados cinco volumes de tampão PBI (tampão de ligação) a um volume do produto da PCR, e homogeneizados em vórtex. Em seguida, colocou-se a amostra na coluna QIAquick para ligar o DNA que foi centrifugado (aproximadamente 13.000 rpm) por 30-60 segundos e, logo após, o líquido do tubo coletor foi descartado. A coluna foi colocada novamente no tubo, acrescentando-se 0,75 mL de tampão PE (tampão de lavagem), e centrifugando-se por 30-60 segundos. Finalmente, descartou-se o líquido do tubo coletor e a coluna foi reposicionada no tubo e centrifugada por 1 minuto. A coluna QIAquick foi colocada num tubo limpo de microcentrífuga de 1,5 mL, e foram adicionados 30 µL de tampão EB (tampão de eluição) ao centro da membrana, deixando em repouso por 1 minuto, centrifugou-se novamente, e o DNA armazenado a 20° C. 4.5.3 Sequenciamento da região S O sequenciamento da região S do genoma do HBV foi realizado utilizando BigDye Terminator versão 3.01 Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) e os primers específicos S1, S4, S7, S2 e S22. Em um tubo identificado, foi feito a pré-mistura da reação, conforme os Quadros 3 e 4. 39 Quadro 3 - Reagentes utilizados na pré-mistura da reação Pré – mistura da reação Quantidade para 1 amostra Água 6 µL Tampão de sequenciamento 5X 3 µL Primer 2 pmol 3 µL BigDye 1 µL TOTAL 13 µL Quadro 4 - Primers para sequenciamento Primer Posição nt* Sequência (5’ → 3’) S1 (sense) nt 124–143 CTT CTC GAG GAC TGG GGA CC S2 (anti-sense) nt 841–819 GGG TTT AAA TGT ATA CCC AAA GA S22 (anti-sense) nt 841–819 GTA TTT AAA TGG ATA CCC ACA GA S4 (sense) nt 416–436 TGC TGC TAT GCC TCA TCT TCT S7 (anti-sense) nt 676–656 TGA GCC AGG AGA AAC GGG CT *Os nucleotídeos (nt) estão numerados no local de clivagem (EcoRI), localizado na região pré-S2 (genoma completo 3221pb). Foram distribuídos 13 µL da pré-mistura na placa de sequenciamento e 2 µL de amostra de DNA puro em ambiente escuro e centrifugou-se (700 rpm por 1 min). A placa tampada foi incubada no termociclador conforme o programa descrito abaixo. 95°C por 20 seg 25 Ciclos 50°C por 15 seg 60°C por 60 seg 4°C – finalizar Após esta etapa, realizou-se a precipitação das amostras, adicionando 60 µL de Isopropanol 65% (Merck) em cada poço. Em seguida, homogeneizou-se no vórtex (1 min), aguardando 20 minutos a temperatura ambiente no escuro. Logo após, centrifugou-se por 45 minutos (4000 rpm) a 20°C. Posteriormente, foi descartado o 40 sobrenadante e acrescentados 250 µL de etanol a 60%, que foram centrifugados por 10 min (4000 rpm) a 20°C. O sobrenadante foi novamente descartado, e adicionados 100 µL de etanol a 60%, centrifugando-se por 10 minutos (4000 rpm) a 20°C. Descartou-se o sobrenadante e realizou-se uma última centrifugação durante 1 minuto (500 rpm). A placa foi levada ao termociclador no programa Secagem (95°C por 2 min). Logo depois, foram adicionados 10 µL de formamida Hi Di (Applied Biosystems) em cada câmara, e a placa incubada em termociclador no programa Desnaturação (5 min a 95°C). Retirou-se a placa do termociclador, e incubou-se em gelo por 2 minutos e centrifugou-se (700 rpm por 1 min). Finalmente, a placa foi colocada no sequenciador automático (ABI 3130, Applied Biosystems) para leitura dos eletroferogramas. 4.5.4 Análise das sequências A partir da análise das sequências obtidas montou-se uma sequência consenso das fitas sense e anti-sense utilizando o programa SeqMan II versão 5.01 (DNASTAR). A identificação dos genótipos foi realizada pelo alinhamento das sequências consenso de cada amostra com a utilização do programa Clustal X (Thompson et al. 1997) em conjunto com sequências representativas dos genótipos do HBV (A-H) obtidas no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). A edição do alinhamento foi feita pelo programa BioEdit (versão 7.1.3 - Ibis Biosciences, USA). Utilizando-se o programa MEGA (Molecular Evolutionary Genetics Analysis) versão 4 foi construída a árvore filogenética (Tamura et al. 2007). As análises foram feitas pelo método Neighbor-Joining, modelo de substituição de nucleotídeos Kimura 2 parâmetros, e foi avaliada a robustez dos grupos filogenéticos utilizando bootstrap de 1025 repetições. 4.6 Análise dos Dados Os dados coletados durante as entrevistas, bem como os resultados dos testes sorológicos e moleculares, foram analisados empregando-se o programa EpiInfo versão 6.04 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA). Prevalência e estimativas de chance foram calculadas com intervalo de confiança de 95%. Fatores associados à exposição ao HBV (positividade ao HBsAg e/ou anti-HBc) pela análise 41 univariada (p<0,10) foram analisados posteriormente por regressão logística por meio do programa SPSS versão 11.0 for Windows. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes. Os testes Qui-quadrado, Qui-quadrado para tendência e exato de Fisher foram utilizados quando apropriados. 5. RESULTADOS 5.1 Características da população estudada As características sociodemográficas de 431 catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO são apresentadas na Tabela 1. A média de idade da referida população foi de 36,9 anos (dp 13,6). Houve predomínio do sexo feminino, perfazendo um total de 62,4% da população. Quanto à raça, 49,9% declararam ser pardos, 28,8% pretos, 20,6% brancos e 0,7% amarelos. Em relação à naturalidade, 41,6% eram de Goiás, enquanto 58,4% informaram ter nascido em outros estados da Federação. Ao estratificar a população considerando estado civil, verificou-se que 48,7% dos entrevistados referiram ser casados ou viver em união consensual, 39% solteiros e 12,3% viúvos ou separados. Quase 30% dos entrevistados relatou menos de quatro anos de escolaridade, 39,5% de quatro a oito anos de estudo e 31% apresentaram escolaridade superior a oito anos. Do total, 51,0% afirmaram renda entre um e dois salários mínimos, 43,0% inferior a um salário mínimo e 6,0% entre três e cinco salários mínimos. Ainda, 52,7% trabalharam como catador de materiais recicláveis há um ano ou menos, 36,4% de dois a 10 anos e 10,9% há mais de 10 anos. 43 Tabela 1 - Características sociodemográficas de 431 catadores de materiais recicláveis em Goiânia, Goiás N % Feminino 269 62,4 Masculino 162 37,6 Branca 89 20,6 Preta 124 28,8 Parda 215 49,9 3 0,7 Goiás 178 41,6 Outro Estado 250 58,4 Solteiro 168 39,0 Casado/União consensual 210 48,7 Viúvo/ Separado 53 12,3 <4 127 29,5 4-8 170 39,5 >8 133 31,0 < 1 SM * 185 43,0 1-2 SM 220 51,0 3-5 SM 26 6,0 227 52,7 2-10 157 36,4 >10 47 10,9 Característica Média de Idade (dp) 36,9 anos (13,6) Sexo Raça Amarela Naturalidade Sem informação 3 Estado civil Sem informação 3 Escolaridade (anos) Sem informação 1 Média de escolaridade (6,1 anos) Renda familiar Tempo de trabalho como catador (anos) ≤1 Média de tempo de trabalho (3,95 anos) dp: Desvio Padrão; * Salário mínimo 44 5.2 Marcadores sorológicos do HBV em catadores de materiais recicláveis O marcador anti-HBc foi detectado isoladamente em 2,3% dos indivíduos estudados. Este mesmo marcador associado ao HBsAg foi reagente em 0,7% e, quando associado ao anti-HBs, esteve presente em 9,7% dos catadores (Tabela 2), resultando em uma prevalência global de 12,8% (IC 95%: 9,8-16,2) para infecção pelo HBV. Em 53 (12,3%) catadores, verificou-se positividade isolada para o marcador anti-HBs, indicando vacinação prévia contra hepatite B. A suscetibilidade ao HBV, caracterizada pela ausência de qualquer marcador para a hepatite B, foi observada em 323 (74,9%) catadores. Tabela 2 - Prevalência dos marcadores sorológicos para hepatite B em 431 catadores de materiais recicláveis de Goiânia, Goiás. Categoria Marcadores Positivo IC 95% N % anti-HBc 10 2,3 1,2– 4,4 anti-HBc/HBsAg 3 0,7 0,2 – 2,2 anti-HBc/anti-HBs 42 9,7 7,2 – 12,8 Global 55 12,8 9,8 – 16,2 Imunes anti-HBs 53 12,3 9,4 – 15,7 Suscetíveis ausência de marcador 323 74,9 70,5 – 78,9 Infectados IC: intervalo de confiança 45 5.3 Fatores de risco associados à infecção pelo HBV A Tabela 3 apresenta a análise univariada dos fatores de risco associados à infecção pelo HBV, com seus respectivos intervalos de confiança a 95%, em catadores de materiais recicláveis de Goiânia-GO. Dentre os fatores analisados, aqueles que se mostraram estatisticamente significativos pela análise univariada foram: idade, escolaridade, antecedentes de prisão e de DST. Uso de drogas ilícitas (p=0,08) e sexo sem proteção com múltiplos parceiros (p=0,05) apresentaram associação marginal. Após análise multivariada (Tabela 4), verificou-se maior chance de aquisição da infecção pelo HBV com o aumento da idade. Assim, os catadores com idade entre 41-50 anos apresentaram 8,9 (IC 95%: 2,4-32,1) vezes maior chance, de 51-60 anos possuíam 17,8 (IC 95%: 4,6-58,0) vezes maior chance e acima de 60 anos tiveram 38,5 (IC 95%: 8,5-174,7) vezes mais chance de adquirir HBV em relação aqueles com idade igual ou inferior a 30 anos. Quanto ao uso de drogas ilícitas, os catadores que referiram ser usuários tiveram 3,1 (IC 95%: 1,2-8,0) vezes mais chance de aquisição do HBV do que os não usuários. 46 Tabela 3 - Fatores de risco associados à infecção pelo HBV em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO Fator de risco Idade (anos) 30 31-40 41-50 51-60 > 60 Sexo Feminino Masculino Escolaridade (anos) >8 4-8 <4 Tempo de atividade como catador (anos) 1 2-10 >10 Acidente com objeto perfurocortante do lixo Não Sim Transfusão de sangue Não Sim Cirurgia Não Sim Tatuagem Não Sim Uso de drogas ilícitas Não Sim Antecedentes de prisão Não Sim Sexo sem proteção com múltiplos parceiros Não Sim Parceiro mesmo sexo Não Sim Antecedentes de DST c Não Sim a HBV Positivo / Total b % Estimativa de chance (IC 95%)a 4/127 10/107 13/68 18/55 10/21 3,1 9,3 19,1 32,7 47,6 1,0 3,2 (0,96-10,4) 7,3 (2,3- 23,3) 15,0 (4,8-47,0) 28,0 (7,5- 103,9) 0,04 < 0,01 < 0,01 < 0,01 30/235 25/143 12,8 17,5 1,0 1,4 (0,8-2,6) 0,21 7/103 19/155 29/119 6,8 12,2 24,4 1,0 1,9 (0,8-4,7) 4,4 (1,8-10,6) 0,15 0,01 27/195 20/140 8/43 13,8 14,3 18,6 1,0 1,0 (0,5-2,0) 1,4 (0,5-3,6) 0,90 0,42 28/197 27/179 14,2 15,1 1,0 1,1 (0,6-2,0) 0,80 46/329 9/48 14,0 18,8 1,0 1,4 (0,6-3,1) 0,38 20/174 35/204 11,5 17,2 43/307 12/71 14,0 16,9 1,0 1,2 (0,6-2,5) 0,53 40/307 15/71 13,0 21,1 1,0 1,8 (0,9-3,5) 0,08 38/310 16/65 12,3 24,6 1,0 2,3 (1,2-4,5) 0,01 26/223 29/155 11,7 18,7 1,0 1,7 (1,0-3,1) 0,05 50/338 4/22 14,8 18,2 1,0 1,3 (0,4-3,9) 0,66 35/286 20/78 12,2 25,6 1,0 2,5 (1,3-4,6) 0,03 1,0 1,6 (0,9-2,9) P 0,12 IC: intervalo de confiança; bO denominador reflete o número de catadores que responderam a questão. Foram excluídos os vacinados contra hepatite B (anti-HBs isolado); cDST: doença sexualmente transmissível 47 Tabela 4 - Análise multivariada dos fatores de risco associados à infecção pelo HBV em catadores de materiais recicláveis de Goiânia-GO Estimativa de chance (IC 95%)a Fatores de risco Não ajustada Idade (anos) 30 31-40 41-50 51-60 > 60 Sexo Feminino Masculino Escolaridade (anos) >8 4-8 <4 Uso de drogas ilícitas Não Sim Antecedentes de prisão Não Sim Sexo sem proteção com múltiplos parceiros Não Sim Antecedentes de DST Não Sim a b Ajustada b P 1,0 3,2 (0,96-10,4) 7,3 (2,3- 23,3) 15,0 (4,8-47,0) 28,0 (7,5- 103,9) 1,0 3,5 (1,0-12,4) 8,9 (2,4-32,1) 17,8 (4,6-68,0) 38,5 (8,5-174,7) 0,05 0,00 0,00 0,00 1,0 1,4 (0,8-2,6) 1,0 0,8 (0,4-1,9) 0,66 1,0 1,9 (0,8-4,7) 4,4 (1,8-10,6) 1,0 2,0 (0,7-5,3) 2,1 (0,8-5,6) 0,18 0,15 1,0 1,8 (0,9-3,5) 1,0 3,1 (1,2-8,0) 0,02 1,0 2,3 (1,2-4,5) 1,0 1,4 (0,5-3,4) 0,50 1,0 1,7 (1,0-3,1) 1,0 1,4 (0,6-3,2) 0,38 1,0 2,5 (1,3-4,6) 1,0 1,4 (0,7-3,0) 0,35 IC: intervalo de confiança; Estimativa de chance ajustada por: idade, sexo, escolaridade, uso de drogas ilícitas, antecedentes de prisão, sexo sem proteção com múltiplos parceiros e antecedentes de doença sexualmente transmissível (DST) 48 5.4 Detecção dos marcadores HBeAg/anti-HBe, HBV-DNA e características de risco dos indivíduos HBsAg positivos Os três catadores HBsAg positivos (Tabela 5) foram anti-HBe reagentes. O HBV-DNA foi detectado em dois (CT- 43 e CT- 129) deles. Tabela 5 - Marcadores HBeAg, anti-HBe e HBV-DNA nos catadores de materiais recicláveis HBsAg reagentes Catadores HBeAg Anti-HBe HBV-DNA CT- 43 - + + CT- 90 - + - CT- 129 - + + Estes três catadores eram do sexo masculino. O primeiro (CT-43) tinha 40 anos de idade e relatou acidente com material perfurocortante, múltiplos parceiros sexuais (n=10) e antecedentes de DST. O segundo (CT-90) referiu ter 30 anos e história de acidente com material perfurocortante, uso de drogas ilícitas, tatuagem, antecedentes de prisão e múltiplos parceiros sexuais (n=10). O último (CT-129), com 52 anos, informou uso de drogas ilícitas, antecedentes de prisão e múltiplos parceiros sexuais (n>100). 49 5.5 Infecção oculta pelo vírus da hepatite B As amostras anti-HBc isoladas e anti-HBc/anti-HBs reagentes foram submetidas à pesquisa do HBV-DNA, para determinar a presença de infecção oculta pelo HBV. Uma amostra (CT-160, anti-HBc/anti-HBs reagente) apresentou positividade para o DNA viral, resultando, assim, em um índice de infecção oculta de 1,9% (1/52) em catadores de materiais recicláveis anti-HBc reagentes em Goiânia-GO. O indivíduo portador de infecção oculta pelo HBV era do sexo feminino, com idade de 42 anos e relatou acidente com material perfurocortante durante a catação. 50 5.6 Caracterização molecular das amostras HBV-DNA positivas Pela árvore filogenética da região S do HBV (Figura 12), as três amostras HBVDNA positivas foram caracterizadas como dos genótipos A (subgenótipo A1), D (subgenótipo D3) e F (subgenótipo F2). CT43 AY344107 A1 Brasil EU366129 A1 Argentina 91 EU859899 A2 Bélgica AY344098 A2 Brasil 100 86 AB194951 A3 Camarões AB064312 G Estados Unidos AB014366 B Japão X75665 C Japão AB205191 E África 100 AB104712 D1 Egito AB205126 D2 Japão 94 JF815643 D2 Brasil 99 CT129 JF815611 D3 Brasil 89 94 AB048702 D4 Austrália AY090459 F1 Costa Rica CT160 93 HM101130 F2 Brasil AB036915 F3 Venezuela AB166850 F4 Bolívia AY090457 H Nicarágua 0.03 0.02 0.01 0.00 Figura 12 - Árvore filogenética da região S do HBV, incluindo os 3 isolados dos catadores de materiais recicláveis de Goiânia-GO e 19 sequências do GenBank (número do acesso e o país de origem estão indicados) 6. DISCUSSÃO Este trabalho consiste na primeira investigação soroepidemiológica e molecular da infecção pelo vírus da hepatite B em catadores de materiais recicláveis. Embora, o presente estudo tenha sido conduzido em cooperativas/associações responsáveis pela catação e separação dos materiais recicláveis, não representando, portanto, toda a população de catadores, as informações obtidas neste estudo podem subsidiar o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle da hepatite B voltadas para esta população. Após a análise das características sociodemográficas, observou-se que a média de idade de 36,9 anos (dp 13,6) foi próxima às verificadas em Duque de Caxias-RJ (44 anos) (Porto et al. 2004) e em Santos-SP (42,4 anos) (Rozman et al. 2008). A maior parte da população estudada foi constituída de indivíduos do sexo feminino. Dado concordante com outros estudos realizados em catadores por Porto et al. (2004), em Duque de Caxias-RJ, e Almeida et al. (2009), em Governador Valadares-MG. No entanto, divergente de outras investigações conduzidas no Brasil por Silva et al. (2005a), em Pelotas-RS, e Rozman et al. (2008), em Santos-SP. Segundo Porto et al. (2004), a presença feminina é superior nas cooperativas sob alegação de que o trabalho nas linhas de triagem (esteiras mecânicas operadas por catadores vinculados à cooperativa) exigiria menor esforço físico do que na rampa (locais a céu aberto onde os caminhões depositam o lixo a ser posteriormente espalhado e coberto com terra pelos tratores). Esse fato pode explicar a predomonância de mulheres nas cooperativas de catadores de materiais recicláveis em Goiânia. A metade da população estudada apresentou-se como parda (49,9%). Dado semelhante ao mostrado no estudo de Silva et al. (2005a), no qual 47,5% dos catadores eram pardos. Em 2010, segundo o Censo do IBGE (2010) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil conta com uma população de 191 milhões de habitantes, dos quais 91 milhões se autodeclararam brancos (47,7%), 15 milhões como pretos (7,6%), 82 milhões como pardos (43,1%), 2 milhões como amarelos (1,1%) e 817 mil indígenas (0,4%). Assim, o índice de indivíduos pardos do presente estudo se aproximou do verificado na população brasileira. Por outro lado, o percentual de catadores brancos (20,6%) foi aproximadamente a metade do observado pelo Censo do IBGE (2010), enquanto o de pretos (28,8%) foi quase quatro vezes maior. 52 Em relação à escolaridade, a maioria da população (69%) relatou até oito anos de estudo, sendo a média de 6,1 anos. Poucos anos de estudo também foram verificados nessa mesma população por outros autores (Porto et al. 2004, Silva et al. 2005a, Alvarado-Esquivel et al. 2008, Rozman et al. 2008). Segundo o IBGE (2010), a média de escolaridade da população acima de 10 anos de idade é de 7,2 anos em 2010; dado ligeiramente superior ao observado neste estudo. A escolaridade baixa ou mediana dos catadores pode representar um fator de exclusão do mercado de trabalho (Silva 2002b, Magera 2003). Os poucos anos ou ausência de estudo, aliados a condição de viver da catação, retratam que, para muitos trabalhadores, essa atividade constitui a única forma de garantir a sobrevivência e possibilidade de inclusão no mercado de trabalho (Medeiros & Macêdo 2006). Quase a metade da população informou renda familiar inferior a um salário mínimo (43,0%). A renda caracterizada como pouca e instável dos catadores foi mostrada também em outros estudos (Gonçalves 2004, Porto et al. 2004, Silva et al. 2005a, Ribeiro & Besen 2007, Bossi 2008, Rozman et al. 2008, Kirchner et al. 2009). De acordo com o IBGE (2010), o rendimento médio mensal dos domicílios particulares permanentes foi de R$ 2.222,00, alcançando nas áreas urbana e rural R$ 2.407,00 e R$ 1.051,00, respectivamente. Esses valores foram superiores aos informados pelos indivíduos estudados, indicando, assim, que os catadores de materiais recicláveis constituem uma população de baixa renda. Ainda, a média de tempo de trabalho de 3,95 anos, sendo ligeiramente superior à encontrada por Silva et al. (2005a) (3 anos) e inferior à verificada por Rozman et al. (2008) (6,52 anos). O Programa Goiânia Coleta Seletiva, fundado em 2008, possibilitou que todos os materiais recicláveis recolhidos pela Prefeitura fossem doados às cooperativas e associações de catadores conveniadas ao Programa, o que representou um aumento no número de cooperativas/associações nos últimos anos, atraindo assim novos trabalhadores para essa atividade em Goiânia (Prefeitura de Goiânia 2009), fato que pode justificar o pouco tempo de trabalho nas cooperativas relatado por quase a metade da população deste estudo. Ainda, Ferreira (2005) considera a catação e separação do lixo uma forma recente de obtenção de renda para os trabalhadores, principalmente, após a globalização. Afinal, tais trabalhadores não possuíam habilidades necessárias para atender ao novo mercado e se tornaram catadores de materiais recicláveis. 53 A prevalência global da infecção pelo HBV estimada neste estudo de 12,8% (IC 95%: 9,8-16,2) foi superior à reportada em um inquérito brasileiro de base populacional de 5,3% (IC 95%: 4,6-6,1) (Pereira et al. 2009). No entanto, foi menor do que à observada no estudo realizado com 250 catadores de materiais recicláveis por Rozman et al. (2008) de 34,4% (IC 95%: 28,5-40,2). Tal discrepância pode ser justificada pela diferença entre a população deste estudo e a de catadores de Santos-SP, os quais eram mais velhos e predominantemente homens. A média de tempo de trabalho dos catadores em Santos-SP foi maior que em Goiânia-GO. Além disso, comportamentos de risco relacionados à transmissão parenteral (10% dos catadores relataram uso de drogas injetáveis) e sexual (50% referiram mais de 10 parceiros sexuais na vida) foram ressaltados por Rozman et al. (2008). Ainda, Santos-SP é uma cidade portuária, sendo que esse ambiente pode favorecer a marginalização de populações socialmente excluídas como os catadores de materiais recicláveis (Lacerda et al. 1996, Etzel et al. 2001). Dentre os fatores de risco associados a infecção pelo HBV, verificou-se, com aumento da idade, maior chance de aquisição do vírus. A exposição ao HBV está associada a comportamentos de risco adquiridos ao longo da vida, tanto relacionados à transmissão sexual, como ao uso de drogas ilícitas (Bernabe-Ortiz et al. 2011, Matos et al. 2012). Quanto ao uso de drogas ilícitas, os catadores que referiram ser usuários tiveram 3,1 (IC 95%: 1,2-8,0) vezes mais chance de aquisição do HBV do que os não usuários. O uso de drogas ilícitas foi descrito como fator de risco para aquisição do HBV também em outros estudos (Oliveira et al. 2005, Sutton et al. 2006, Reimer et al. 2007, Tseng et al. 2007, Amesty et al. 2008, Ferreira et al. 2009). Como referido, a via sexual tem sido apontada como uma das principais formas de transmissão do HBV (Alter 2003, Kao 2011). Na análise univariada, a variável antecedentes de DST (p=0,03) foi associada à infecção pelo HBV, e sexo sem proteção com múltiplos parceiros foi marginalmente associado (p=0,05). Esses fatores foram associados a essa infecção em outros estudos estudos realizados no Brasil (LewisXimenez et al. 2002, Ferreira et al. 2009, Pinho et al. 2011, Matos et al 2012). A variável antecedentes de prisão também foi associada à infecção pelo HBV na análise univariada (p=0,01). A prisão caracteriza-se como ambiente promíscuo, com hábitos precários de higiene e uma população marginalizada (assassinos, traficantes e 54 usuários de drogas injetáveis) (Catalan-Soares et al. 2000, Adjei et al. 2008, Hennessey et al. 2008, Stief et al. 2010, Saiz de la Hoya et al. 2011), condições que favorecem a disseminação do HBV, assim como de outros agentes infecciosos (Miranda et al. 2004, Strazza et al. 2007, Adjei et al. 2008, Nelwan et al. 2010, Keramat et al. 2011, MirNasseri et al. 2011). Acidente com objeto perfurocortante do lixo, embora não tenha sido associado à infecção pelo HBV, foi relatado por 47,6% (179/376) dos catadores. O risco biológico que envolve a atividade da catação, associado à baixa escolaridade e inexperiência no manuseio com materiais potencialmente contaminados revelam a importância de atividades de educação em saúde para a população de catadores. A segregação correta de cada tipo de lixo e investimentos na segurança ocupacional, com a disponibilização e treinamento quanto ao uso de equipamentos de proteção individuais e coletivos, representam medidas importantes para a qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis (Cavalvanti & Franco 2007). No Brasil, tendo em vista a diversidade populacional e de prevalência da hepatite B, a identificação dos genótipos circulantes torna-se de grande relevância, pois contribui para o conhecimento da epidemiologia do HBV no País. No presente estudo foram identificados os genótipos A (subgenótipo A1), D (subgenótipo D3) e F (subgenótipo F2), que é concordante com outras investigações realizadas no País (Motta-Castro et al. 2005, 2008, Paraná & Almeida 2005, Mello et al. 2007, Sitnik et al. 2007, Bottecchia et al. 2008, Matos et al. 2009, Santos et al. 2010). O HBV-DNA tem sido detectado na ausência do marcador HBsAg, perfil denominado de infecção oculta (Ocana et al. 2011, Candotti et al. 2012). Neste estudo, a prevalência de infecção oculta de 1,9% em catadores anti-HBc reagentes foi semelhante à observada por Matos et al. (2009) (1,7%) em comunidade afrodescendente em Goiás, utilizando os mesmos métodos sorológicos e moleculares. Vale a pena ressaltar a possibilidade de transmissão da hepatite B, mesmo na ausência do marcador HBsAg, nos pacientes com infecção oculta (Conjeevaram & Lok 2001, Raimondo et al. 2007, Hollinger & Sood 2010, Larrubia et al. 2011, Raimondo 2012). No Brasil, a vacinação contra a hepatite B foi introduzida no Programa Nacional de Imunização (PNI) em 1988 e, atualmente, encontra-se disponível nos serviços de saúde pública para faixas etárias específicas, como crianças e adultos com menos de 29 55 anos de idade, bem como para indivíduos com maior chance de exposição ou em casos de acidente com materiais contaminados (BRASIL 2010a, BRASIL 2010b). Entretanto, não especificamente para os catadores de materiais recicláveis. Neste estudo, observouse um alto índice de suscetibilidade para esta infecção, bem como o marcador anti-HBs foi detectado isoladamente em apenas 12,3% da população estudada, sugerindo um índice de imunização baixo contra hepatite B. De fato, apenas 29,8% (28/94) dos catadores, que estavam na faixa etária que a vacina era disponibilizada pelo Ministério da Saúde (até 24 anos), foram imunizados previamente. O presente estudo mostra uma prevalência alta para o HBV quando comparada à população urbana da Região Centro-Oeste (Pereira et al. 2009) e, por outro lado, um índice baixo de imunização contra hepatite B. Estes dados, aliados aos comportamentos de risco, demostram a necessidade de intervenções efetivas que visem à prevenção e o controle da hepatite B nos catadores de materiais recicláveis, como a vacinação contra hepatite B nos locais onde se concentram esta população, incluindo as cooperativas. Tais ações refletirão em melhor qualidade de vida e de assistência a esses indivíduos. 7. CONCLUSÕES A prevalência global da infecção pelo vírus da hepatite B em catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO de 12,8% é superior à encontrada no inquérito de base populacional realizado em nossa região; Os fatores associados a esta infecção, idade maior ou igual a 40 anos e uso de drogas ilícitas, sugerem transmissão sexual e parenteral do HBV; A presença de infecção oculta pelo HBV nos indivíduos anti-HBc reagentes, com índice de 1,9%, evidencia a possibilidade de transmissão viral, mesmo na ausência do marcador HBsAg; Os genótipos A (subgenótipo A1), D (subgenótipo D3) e F (subgenótipo F2) do HBV foram identificados nos indivíduos infectados, corroborando os dados de outros estudos publicados no Brasil; Apenas 12,3% da população foi positiva para o marcador anti-HBs isoladamente, indicando, assim, um baixo índice de imunização contra hepatite B nos catadores de materiais recicláveis em Goiânia-GO. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a realização dos testes no Laboratório de Virologia IPTSP/UFG, os resultados sorológicos foram entregues nas cooperativas de maneira gradativa, Orientamos quanto a importância da vacinação contra a hepatite B, e os indivíduos que apresentaram positividade para o HBsAg foram aconselhados e encaminhados ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia-GO. Além disso, um projeto de extensão foi realizado nas cooperativas de catadores de materiais recicláveis, possibilitando atividades de educação em saúde, com ênfase no uso dos EPIs. Para todos os catadores cooperados, foi entregue um kit de EPIs, incluindo máscara, óculos, luvas e botas, com o intuito de estimulá-los ao uso adequado desses equipamentos. O desenvolvimento do presente estudo despertou a necessidade de uma consciência ambiental, com incentivo ao gerenciamento de resíduos, bem como de fortalecer o programa de coleta seletiva, e consequentemente as cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Finalmente, não podemos deixar de ressaltar o aprendizado sobre as dificuldades e estigmas enfrentados pelos catadores em prol do reconhecimento de sua categoria profissional, que é fundamental na sociedade, uma vez que possibilita o reaproveitamento de materiais descartados trazendo benefícios ambientais. 9. REFERÊNCIAS Abdou Chekaraou M, Brichler S, Mansour W, Le Gal F, Garba A, Dény P, Gordien E 2010. A novel hepatitis B virus (HBV) subgenotype D (D8) strain, resulting from recombination between genotypes D and E, is circulating in Niger along with HBV/E strains. J Gen Virol 91(6): 1609-20. Adjei AA, Armah HB, Gbagbo F, Ampofo WK, Boamah I, Adugyamfi C, Asare I, Hesse IFA, Mensah G 2008. 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