Setor imobiliário em ritmo lento

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Recife I 4 de janeiro de 2016 I segunda-feira
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Desemprego vai aumentar
Booby Fabisak/JC Imagem
Emídia Felipe
Com agências
A
“
EM BUSCA DE UMA CHANCE Mais de 70 mil postos de trabalho foram fechados no Estado entre janeiro e novembro passados
Economia em
recessão retira
qualquer sinal
de melhora
(última edição da pesquisa da
instituição sobre mercado de
trabalho, que aguarda acordo
com o governo estadual para
ser retomada), os resultados locais também foram menores do
que no mesmo período de
2014. “Não vejo sinais de que teremos resultados melhores”, comenta Santiago. Para ele, somente com a redução da crise
política e retomada de políticas
expansionistas, como o estímulo ao consumo, poderia reacender a prosperidade dos anos an-
Setor imobiliário
em ritmo lento
P
or trabalhar com investimentos de longo
prazo e, para isso, depender de confiança para investir, oferta de crédito e juros atraentes, o setor imobiliário não coloca grandes expectativas sobre 2016. Este
ano deve seguir no mesmo
ritmo lento de 2015, com lançamentos escassos e possibilidade de ainda mais demissões. A esperança dos empresários é sobre a resolução dos impasses políticos
do País, que vão determinar
quando o ritmo das obras deve seguir a todo vapor.
“O setor vai depender
muito do que acontecer nos
primeiros meses de 2016. A
retomada do mercado imobiliário passa pela retomada
da confiança do País. Hoje
ainda não conseguimos prever quando as coisas irão
normalizar por conta desses
fatores”, resume o diretor
da Associação Brasileira de
Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Fernando Moura, que destaca que
a situação é quase homogênea em todo o País.
Com a produção em baixa
e compradores retraídos, a
tendência é que não haja
grandes variações nos preços dos imóveis, mesmo
diante do aumento de custos como energia, combustíveis e o dólar. “O setor res-
peita a lei da economia: se temos menos gente com condições de comprar, não podemos aumentar muito os
preços”, diz o presidente do
Sindicato da Indústria da
Construção Civil no Estado
de Pernambuco (SindusconPE), Gustavo de Miranda.
Para ele, a continuidade
do desaquecimento das
obras ao longo do próximo
ano deve representar o fechamento de ainda mais vagas de trabalho. Segundo a
Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios
(Pnad), a taxa de desemprego prévia do Brasil em 2015
(que usa por base a média
dos três primeiros trimestres do ano) indica que o setor demitiu 300 mil pessoas
no ano passado.
O remédio para enfrentar
perspectivas pouco animadoras será investir em pesquisas de mercado, áreas
em processo de valorização
e lançamentos diferenciados. “Não vamos ficar aguardando. Apesar das perspectivas, é necessário ter muito
controle, saber conduzir os
investimentos, selecionando
muito bem os investimentos
para não dar um tiro errado”, defende o presidente
da Associação das Empresas
do Mercado Imobiliário de
Pernambuco (Ademi-PE),
André Callou.
teriores.
Para o vice-diretor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense
(UFF), Renaut Michel, a taxa
de desemprego no Brasil deverá continuar crescendo em
2016, por causa da queda no nível da atividade econômica.
“Não há nenhum tipo de expectativa positiva”, disse o especialista em mercado de trabalho.
A sócia e consultora da Ágilis
RH Eline Nascimento pontua
que, antes do último ciclo de desenvolvimento econômico, o
primeiro trimestre era pouco
movimentado em termos de
contratações, principalmente
antes do Carnaval. “Quando a
economia ficou aquecida, isso
mudou especialmente aqui em
Pernambuco e havia fluxo
maior nesse sentido”, relembra.
Porém, o que se deve ver até
março é uma continuidade das
demissões ou pelo menos uma
parada de arrumação nas empresas. “A tendência é que haja
uma análise. As organizações
vão ter que planejar o que vão
fazer com a equipe que têm agora”. Ela complementa que os
processos seletivos, quando necessários, serão mais criteriosos.
Para Eline Nascimento, profissionais com perfil multitarefa, terão mais chances de se
manter empregados. “Pessoas
mais disponíveis para enfrentar
desafios, fazer coisas novas e
ampliar seus leques de atuação
estarão em vantagem, porque a
relação custo/benefício ficará
em maior evidência agora”, ressalta a especialista.
SETORES
Para Renaut Michel, embora
a construção civil, um dos setores que mais empregam no
país, tenha sentido mais os impactos da crise, outros setores
da indústria poderão ser afetados este ano. “A indústria já
vem mal há um bom tempo. Enfrenta um problema sério de
perda de competitividade, de
queda de investimentos. Minha
expectativa é que continue um
ano muito ruim para a indústria, mas em alguma medida vai
afetar também o comércio e o
serviço, porque o ambiente de
incertezas está levando as famílias a consumirem menos. Em
consequência disso, os empresários investem menos e bancos
também não emprestam”.
O único setor que deve continuar apresentando bom desempenho é o agronegócio. “Mas
não vai conseguir ser suficiente
para minimizar o impacto muito ruim da trajetória do emprego nos próximos meses”, acrescentou.
A tendência é que haja uma
análise. As organizações vão
ter que planejar o que vão
fazer com a equipe que têm
agora.”
Eline Nascimento, sócia e
consultora da Ágilis RH
Tom Cabral/JC Imagem
evolução da taxa de desemprego em Pernambuco e no País não deixa dúvidas: 2016 começa também como um ano difícil para o
mercado de trabalho. Empresas em busca de corte de custos
demitem e os desempregados
têm dificuldade na recolocação,
em níveis que não se via há
anos. Para os especialistas, o primeiro trimestre será o mais
complicado, o que exigirá mais
dos profissionais, mesmo daqueles que estão empregados.
A crise no mercado de trabalho, no entanto, não impedirá
contratações isoladas. O setor
público manterá vários concursos (leia matéria na página 8) e
algumas empresas privadas, dependendo do setor, vão contratar.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego do
IBGE, em novembro de 2015, a
Região Metropolitana do Recife registrou taxa de ocupação
de 10%, enquanto esse percentual foi de 5,8% no mesmo mês
de 2014. Números do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostram que
entre janeiro e novembro do
ano passado, mais de 74 mil postos com carteira assinada foram cortados em Pernambuco.
Impacto vindo não apenas do
aperto econômico, mas também os efeitos da operação Lava Jato no polo petroquímico,
especialmente no Complexo Industrial Portuário de Suape.
Nem mesmo as contratações da
fábrica da Jeep e seus fornecedores – instalada no início de
2015 em Goiana (Zona da Mata
Norte) e que continua contratando – conseguiram segurar a
queda.
Economista do Dieese no Estado, Jairo Santiago acrescenta
que de janeiro a agosto de 2015
Ricardo B. Labastier/JC Imagem
PERSPECTIVAS Analistas apontam um 2016 muito difícil para o mercado de trabalho. Crise deve provocar mais demissões
“
Não vejo sinais de que
teremos resultados
melhores [em relação ao
ano passado]”
Jairo Santiago, economista
do Dieese
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