ID: 69448609 10-05-2017 | Imobiliário Tiragem: 32559 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 13,38 x 24,20 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Portugal não pode viver só do investimento privado O investimento público tem de acompanhar o investimento privado. Os indicadores económicos do setor têm, consistentemente, revelado Manuel Reis uma dinâmica que, essencialmenCampos te ao nível do investimento privado e, em particular, do mercado da habitação, consolidam um nível de recuperação da atividade e de emprego que, longe da dimensão que é necessária, é um facto inegavelmente positivo. Temos consciência de que o trabalho realizado nos últimos anos, permite encarar o futuro com mais otimismo e hoje é amplamente reconhecido que, à semelhança do que acontece na restante Europa, é imprescindível ter um setor da construção e do imobiliário forte e dinâmico, que possa continuar a ser o grande motor do investimento Todos sabemos e, consequenteque os recursos são mente, do cresescassos, mas o cimento econódesafio tem de passar mico e do emnecessariamente, pela prego. Porém, não é adequada utilização dos possível deixar de referir a nosfundos comunitários preocupação que estão disponíveis. sa quando é coRecordo que em nhecida a análise à execução 2016, em matéria orçamental até de investimento março, realizada e, em especial, de pela UTAO. Com efeito, verifica-se investimento em que, nos primeiconstrução, Portugal ros três meses voltou a apresentar de 2017, o invesvalores só comparáveis timento público está a crescer, com o período mas apresenta pré-adesão à CEE uma execução a um ritmo inferior ao previsto no próprio Orçamento. Segundo os valores ajustados pela UTAO, nos três primeiros meses do ano, a evolução abaixo do expectável fica-se a dever, sobretudo, à incapacidade de a Administração Central acompanhar as autarquias ao nível do investimento, já que esta apresenta uma redução de 11,3% nas verbas executadas, enquanto a Administração local regista um crescimento de quase 44%, face a 2016. Neste quadro, se a retoma do investimento público enquanto alavanca para a captação do investimento privado e a consolidação do mercado imobiliário, a par do apoio à internacionalização das empresas, são as grandes prioridades para o setor e para o país, que é necessário reafirmar e defender, enfrentamos uma situação que é urgente inverter. Todos sabemos que os recursos são escassos, mas o desafio tem de passar necessariamente, pela adequada utilização dos fundos comunitários que estão disponíveis. Recordo que em 2016, em matéria de investimento e, em especial, de investimento em construção, Portugal voltou a apresentar valores só comparáveis com o período pré-adesão à CEE. Ora, esta é uma situação insustentável. O Plano Estratégico dos Transportes e das Infraestruturas, que foi objeto de um amplo consenso, permitiu identificar as prioridades e, ao nível do financiamento, estão disponíveis diversos instrumentos como é o caso do Mecanismo Conecting Europe, do Plano Juncker e do Portugal 2020. Importa, assim, definir com urgência o calendário e ritmo de implementação para maximizar as oportunidades de financiamento existentes. O diferencial entre concursos públicos promovidos e respetivos contratos celebrados não pode continuar a aumentar. Relembro que em 2016 deveremos ter registado um valor de concursos anunciados que supera os contratos celebrados em 1.038 milhões de euros, valor este que, desde 2011 já atinge 5.084 milhões. O Estado deve cumprir o seu papel. Tem de planear, investir e transmitir confiança, pois sem confiança não há investidores. Presidente da CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário