Incidente com Evo Morales foi erro desnecessário, dizem especialistas europeus 05.07.2013_Opera Mundi_Brazil http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/29831/ (broken link) Para a doutora em direito internacional Anna Ayuso, a imagem de toda a União Europeia foi afetada Um incidente desnecessário e lamentável. Assim definiram diferentes especialistas em política exterior europeia a decisão de Portugal, Espanha, França e Itália de proibir a passagem do avião presidencial de Evo Morales por seus espaços aéreos na última terça-feira (02/07). O presidente boliviano voltava de uma reunião de chefes de Estado em Moscou e, com a recusa desses países, foi obrigado a fazer uma parada na Áustria antes de deixar o continente. A medida dos europeus foi tomada em função da suspeita de que o ex-agente da CIA e da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) Edward Snowden estivesse sendo transportado clandestinamente. “Eu acho que foi um erro político desnecessário”, afirma Anna Ayuso, doutora em Direito internacional pela Universidade Autônoma de Barcelona e pesquisadora principal do Centro de Relações Internacionais de Barcelona. Ela afirma que apesar de a decisão não ter sido tomada pela União Europeia em conjunto, o incidente terá repercussão para o bloco todo. “A imagem da União Europeia foi prejudicada, não só pela falta de coordenação, mas também porque as suspeitas não eram verdadeiras e as medidas tomadas foram precipitadas e desproporcionais”, explica. Susanne Gratius, pesquisadora sênior do centro de pesquisas FRIDE e especialista nas relações entre União Europeia e América Latina, também afirma que o ocorrido “não cria uma boa imagem dos países europeus”. Segundo ela, o incidente “fortalece a imagem de uma Europa colonialista que é bastante difundida na América Latina”. De acordo com ambas especialistas, a medida tomada pelos países europeus deve afetar a relação entre as duas regiões, mas a crise não deve passar do campo político. “Eu não acho que [as reclamações] sejam mais duras do que já foi manifestado por alguns países. A América Latina não é um bloco homogêneo”, explica Anna, que ainda afirma que os países europeus “deveriam reconhecer o erro, em um gesto que no Direito internacional é denominado ‘satisfação’”. Para Susanne, o incidente é ainda mais atípico quando se tem em conta o contexto político do ocorrido. “Ao que parece, tanto os países da União Europeia quanto os da América Latina foram alvos do programa de espionagem dos Estados Unidos, lutamos no mesmo campo de batalha”, afirma. Procurada pela reportagem de Opera Mundi, a assessoria de imprensa do SEAE (Serviço Europeu de Ação Exterior) afirmou que na última quarta-feira (03/07) a Comissão Europeia explicou que não tem competência em questões que envolvem o espaço aéreo de cada país e que, além disso, não possuem informações suficientes para comentar o assunto.