Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR http://revista.univar.edu.br Ano de publicação: 2014 N°.:11 Vol.:1 Págs.:131 - 136 ISSN 1984-431X PERFIL DAS MULHERES QUE REALIZARAM O EXAME PAPANICOLAU EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DO MÉDIO ARAGUAIA MATO-GROSSENSE. Tereza Bárbara Anunciação Santos1; Marcelo Fermanian Catunda Siqueira2 ; Queli Lisiane Pereira3 RESUMO: Trata-se de uma pesquisa quantitativa descritiva, ex post factum no qual, foram feitos os levantamentos de dados dos formulários de requisição de exame citopatológico referentes às três unidades básicas de saúde presentes no município de Pontal do Araguaia – MT durante todo o ano de 2012. A análise dos dados evidencia os grupos de maior vulnerabilidade a partir dos dados coletados correspondentes a faixa etária, grupo étnico, área em que residem, tempo de estudo, se já haviam realizado o exame anteriormente e em que ano foi feito, se faziam uso de contraceptivos orais, realizaram histerectomia ou encontravam-se gestantes ao realizarem o exame naquele período. A identificação do perfil da clientela e a percepção das suas necessidades permite a intervenção nas possíveis dificuldades que impossibilitem o cuidado preventivo à saúde. Por isso é importante que a enfermagem entenda a demanda de suas ações de saúde para a implementação de um atendimento de qualidade para a melhoria e efetividade de suas ações preventivas na qualidade de vida da população. Palavras chave: Câncer; mulher; Papanicolau; prevenção; intervenção. Abstract: This is a descriptive quantitative research, in which ex post factum, any data collection forms for requesting cytopathology were made relating to the three basic health units present in the city of Pontal do Araguaia - MT during the year 2012. Data analysis shows the most vulnerable groups from the corresponding data collected age, ethnic group , area of residence , time of study, had already taken the exam previously and in what year was made , if made use of oral contraceptives underwent hysterectomy or found themselves pregnant when conducting the examination in that period . Identifying the client profile and perception of your needs allows the intervention on the possible difficulties that preclude preventive health care. So it is important that nursing understands the demand of their health actions for the implementation of a quality service for the improvement and effectiveness of their preventive actions on quality of life of the population. Keywords: Cancer; woman; Pap; prevention; intervention. 1. INTRODUÇÃO No mundo o câncer de colo do útero representa um sério problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, essa morbidade é responsável por aproximadamente, 80% dos óbitos por neoplasias. A doença pode ser diagnosticada precocemente através do exame preventivo Papanicolau, sendo esse considerado um instrumento eficiente no diagnóstico da doença. Proporcionando um diagnóstico favorável e promove a redução dos altos índices de mortalidade, o que não justifica os altos índices de câncer do colo uterino (CASTRO, 2010). Silva et al. (2010), descreve que a incidência de câncer de colo uterino é de aproximadamente 500 mil no mundo anualmente. De acordo com a percepção do autor, esse é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo, sendo a causa de óbito de aproximadamente 230 mil mulheres por ano. Segundo Yassoyama et al., (2005), [...] “no Brasil o câncer do colo uterino é a principal causa de mortes por câncer nas regiões norte e nordeste.” Já no que abrange as regiões [...] “sul e sudeste é a segunda causa de morte por câncer, perdendo apenas para o câncer de mama que ocupa a primeira posição”. 1 Acadêmica do curso bacharelado em enfermagem da UFMT/CUA. E-mail: [email protected] Licenciado em Ciências Biológicas e acadêmico do curso bacharelado em enfermagem da UFMT/CUA. E-mail: [email protected] 3 Professora mestra do curso bacharelado em enfermagem da UFMT/CUA. E-mail: [email protected] 2 131 Estudos apontam que há uma evidente relação entre baixo índice educacional com o nível precário relacionado ao fator socioeconômico, o que consequentemente faz com que essas mulheres apresentem maior processabilidade no desenvolvimento do câncer do colo uterino, expondo-as a um maior risco de morbimortalidade já que, tendo em vista a condição precária de conhecimento que essas mulheres possuem sobre as próprias condições de saúde e sobre a existência de serviços que promovem a promoção e a prevenção das doenças, possuem menor frequência no que diz respeito em frequentar os serviços públicos de saúde (DAVIM et al., 2005). Esse tipo de neoplasia atinge em geral grupos que se encontram em locais onde há uma maior barreira de acesso aos serviços públicos de saúde, o que dificulta a detecção precoce e o início do tratamento. O rastreamento proporcionado pelo exame preventivo do câncer do colo uterino é prejudicado devido as [...] “dificuldades econômicas e geográficas, insuficiência de serviços e questão cultural, como medo e preconceito dos companheiros.” (SILVA et al., 2010). De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o controle dessa doença não é dificultado apenas pelos fatores culturais, sociais e econômicos, mas também por fatores comportamentais, multiplicidade de parceiros, tabagismo, má higienização e o uso prolongado de contraceptivos orais. Além desses fatores citados anteriormente, o início precoce das atividades sexuais e a existência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) como corresponsáveis pelo desenvolvimento do câncer do colo do útero, em especial à exposição ao Papiloma Vírus Humano (HPV), que representa um papel significativo no desenvolvimento da neoplasia nas células cervicais (INCA, 2002ª; DAVIM et al., 2005). Silva et al. (2010), assinala que essa patologia apresenta altos potenciais de prevenção e cura se descoberto em seu estágio inicial, podendo ser tratado em nível ambulatorial em cerca de 80% dos casos. Davim et al. (2005), evidencia que além de ser um exame rápido, fácil de ser realizado, de baixo custo, não apresentando nenhum ônus e prejuízo para a paciente, é facilmente encontrado em todos os postos de saúde da rede pública. Com relação aos riscos da infecção em mulheres gestantes, o exame preventivo Papanicolau é de extrema importância durante as consultas pré-natais, já que [...] “a infecção por HPV é mais frequentemente diagnosticada durante a gravidez, em mulheres jovens, com início da atividade sexual antes dos 18 anos de idade, com múltiplos parceiros sexuais [...]” e o papel dos profissionais que a acompanha em orienta-la quanto à adoção de medidas preventivas evitando assim uma posterior infecção (YASSOYAMA et al., 2005). Uma pesquisa realizada por Severiano e Lima (2011), indica que o risco de transmissão do vírus HPV para o bebê é mínimo, pois, o HPV não se mantém em circulação na corrente sanguínea, mas sim na mucosa e epitélio da vagina ou do colo uterino. Nesse caso, não haverá risco de contaminação vertical enquanto a criança estiver no útero. No entanto, a contaminação pode vir a ocorrer no momento do parto caso o bebê venha a entrar em contato com a vulva da mãe. Nesse caso, o parto normal deve ser evitado ao máximo optando assim pela cesariana. Outro fator importante para realização do exame preventivo Papanicolau durante a gestação se deve ao desenvolvimento acelerado das lesões percussoras, já que durante a gestação, a mãe entra em um estado de imunodepressão para que o sistema imunológico da mesma não rejeite o feto e ocasionando assim um aborto. É nesse momento que pode vir a ocorrer o desenvolvimento exacerbado das verrugas e lesões, podendo até mesmo comprometer o momento do parto (SEVERIANO; LIMA, 2011). Sabe-se que muitas pesquisas e ações já foram instituídas até o presente momento com o objetivo de minimizar a morbimortalidade que acomete mulheres no mundo inteiro relacionada ao câncer do colo uterino. No entanto, é de suma importância que se reconheça a impressão que essas mulheres apresentam em relação a esse tipo de câncer e ao exame preventivo. Com isso, torna-se possível traçar novas intervenções procurando focar na importância do autocuidado e consequentemente trazendo melhorias na qualidade de vida e saúde dessas mulheres. Frente à problemática instituída esta pesquisa visa descrever o perfil das mulheres que realizaram o exame preventivo Papanicolau através da Rede Pública de Saúde, no município de Pontal do Araguaia – MT, permitindo assim identificar quais mulheres estão realizando o exame e, consequentemente verificar quais não estão aderindo a ele. Com isso, espera-se então, permitir o planejamento e a implementação de novas estratégias de ações preventivas ficadas nas vulnerabilidades identificadas, reduzindo assim a morbimortalidade relacionada ao desenvolvimento do câncer cervicouterino. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa sendo descritiva, quanto ao objetivo, e ex post facto no que tange o procedimento de coleta. Qualitativa, pois, não se preocupa apenas com a realidade que pode ser quantificada, vai além, se insere numa realidade cheia de crenças, costumes e hábitos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2003). É descritiva uma vez que o processo de desenvolvimento é o foco principal de abordagem, não dando ênfase apenas aos resultados encontrados, mas toda a metodologia utilizada para chegar a eles, que se dá pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (GODOY, 1995). E ex post facto, pois será realizada a partir do fato passado. Assim será possível verificar a existência de relação entre as variáveis e identificar as situações que se desenvolveram naturalmente (GIL, 2002). A coleta de dados foi realizada na Secretaria Municipal de Saúde do município de Barra do Garças – MT, onde são arquivadas todas as fichas de requisição de exame citopatológico das três Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Pontal do Araguaia – MT, sendo essas o Centro de Referência em Saúde Luíza 132 Nogueira, as Unidades de Saúde da Família Geraldo Pimenta e Benjamin Correia. Devido aos dados serem classificados como secundários, ou seja, sendo esses dados anteriormente coletados estando assim disponíveis para pesquisas, não foi necessária aprovação do Comitê de ética. Apesar disso, o sigilo absoluto quanto à identificação das mulheres foi garantido e foram computados apenas os dados correspondentes ao interesse dessa pesquisa. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Obteve-se assim os dados secundários de 161 requisições, dados esses correspondentes a todo o ano de 2012 de 01 de janeiro a 31 de dezembro, a idade média das mulheres foi de 39 anos, sendo a mais nova de 16 anos e a mais velha 82 anos. Dentre toda a amostra, a faixa etária que surge maior frequência é de 30 a 39 anos. Em um estudo realizado por Barcelos et al. (2008), sobre infecções genitais em mulheres atendidas em uma Unidade de Saúde da Família (USF) da capital do Espirito Santo, verificou-se que a média de idade das mulheres que procuram aquela USF é de 30 anos de idade (intervalo interquartil: 24;38), corroborando assim com os achados de Pontal do Araguaia - MT. O exame preventivo é dirigido às mulheres que já iniciaram a vida sexual, que devem submeter-se ao exame periodicamente o seja, inicialmente um exame por ano e no caso de dois exames normais seguidos, o exame deverá ser feito a cada três anos. (INCA, 2007). Pinho e Junior (2005), também afirmam que o planejamento de ações de intervenções e controle da doença se dá, prioritariamente, no plano técnico, pelo diagnóstico precoce de lesões precursoras através do exame de Papanicolau. O fato de ser portador de HPV não significa que necessariamente o portador poderá desenvolver câncer de colo do útero. No entanto, alguns fatores secundários podem colaborar para que o vírus desenvolva um potencial oncogênico. Fatores esses representados por imunodeficiência, tabagismo, uso prolongado de contraceptivos orais e má higienização. (INCA, 2007). Com isso, há a necessidade de focar planejamentos de intervenções para melhorar o índice de cobertura dos exames preventivos de câncer de colo uterino. Acredita-se que ações de educação em saúde como capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sobre a importância de realizar o exame preventivo a fim de incentivar/convencer mulheres a aderirem ao exame; realização de palestras, oficinas de grupo, busca ativa, distribuição de panfletos; identificação os fatores que impedem as mulheres faltosas de realizarem o exame; criação de horários alternativos de coleta para favorecer as mulheres que trabalham fora do domicilio ou que tenham dificuldade em acessar o serviço. Tais ações de baixo custo poderão colaborar significativamente na melhora da cobertura e consequentemente na prevenção do câncer de colo uterino (INCA, 2002a; INCA, 2002b; INCA, 2007; PINHO; JUNIO, 2005). Quanto à etnia os dados da requisição demonstraram que 68% (109) se declararam afrodescendentes, 28% (45) se declaram brancas, 1% amarela e outra 1% indígena, 2% dos registros não tinha marcações com relação raça ou etnia. Segundo Kilsztajn et al., (2005) a má distribuição de renda está além das questões raciais, porém em seu estudo o autor destaca que os afrodescendentes tem renda menor que os não negros e que essa baixa renda pode se refletir em um tempo menor de estudo, pois mesmo criando-se cotas para negros nas universidades, esses não conseguem concluir o curso por questões financeiras. Além disso, a diversidade cultural pode influenciar no comportamento habitual da população feminina, expondo-as diariamente a situações de risco aumentando sua vulnerabilidade às doenças. Com base nas diversidades culturais e étnicos, podemos também citar a população indígena como um grupo de grande vulnerabilidade. Todavia as indígenas não estão risco somente pelo fato de serem culturalmente diferentes, soma-se a isso questões financeiras, o acesso à educação e a dificuldade no acesso aos serviços de saúde (TABORDA et al., 2000). Cerca de 90% (145) dessas mulheres residem em área urbana e 10% (16) residem em área rural. Ferreira (2009) destaca que um dos problemas encontrados pelas mulheres para a não realização do exame preventivo é a dificuldade de ir até a USF por residirem em zona rural, cerca 16 mulheres que são atendidas por essas USF, vivem essa vulnerabilidade social. Percebe-se uma importante diminuição da frequência dessas mulheres que residem em áreas distantes das USF já que o acesso representa barreiras geográficas, demonstradas por dificuldades de locomoção e o tempo gasto até o local de destino, para que usufruam do atendimento conforme cronograma adotado pela unidade. No intuito de tentar minimizar tal problema é necessário pensar em estratégias que aumentem e melhorem o acesso dessas mulheres aos serviços e ações de saúde, tentando em implantar dos horários alternativos e/ou flexíveis de atendimento e realização de mutirões de atendimento em vilarejos próximos as áreas rurais, onde essas mulheres residem. Com relação ao uso de contraceptivos orais somente 32 (19.87%) dessas mulheres fazem o uso regular desse fármaco enquanto que 112 (92,54%) não faziam uso de nenhum tratamento hormonal. Segundo o INCA recomenda-se o exame preventivo periódico a partir do momento em que a mulher inicia sua vida sexual (INCA, 2002b; INCA, 2011). Segundo uma pesquisa realizada por Aldrighi et al., (2002) o uso de contraceptivos orais é um risco para o desenvolvimento do câncer do colo uterino já que pessoas infectadas com o HPV possuem mais chances de desenvolver esse tipo de neoplasia quando fazem uso de esteroides femininos exógenos. Aparentemente esses hormônios atuariam sobre o genoma do HPV fazendo-o desenvolver um potencial carcinogênico. No entanto, é descartada a hipótese de que os contraceptivos orais facilitem a infecção pelo HPV. Tendo em vista tal situação algumas providências devem ser levadas em consideração. Mulheres portadoras de HIV devem ser instruídas quanto aos riscos de se utilizarem contraceptivos orais enquanto que usuárias de contraceptivos orais devem ser incluídas 133 em programas de rastreamento de câncer de colo uterino mais rigorosamente. Em seu estudo Barcelos et al., (2008) relata que cerca de 70% das mulheres entrevistadas possuíam mais de oito anos de estudo. Relacionando com a cidade de Pontal do Araguaia cerca de 51% das mulheres atendidas nas USF dessa cidade, tem mais de oito anos de estudo. Baixa escolaridade e índices baixos de desenvolvimento sociais são fatores que afetam a vida e a saúde das mulheres, pois a pouca instrução está relacionado a um dos fatores motivadores para não realização do exame preventivo Papanicolau (BARBEIRO et al., 2009; DAVIM et al., 2005; VALENTE et al., 2009). Cerca da metade das mulheres atendidas nas USF de Pontal do Araguaia tem baixo índice educacional, todavia esse não é o único motivo que as impedem na realização do Papanicolau, apesar da baixa escolaridade ser apontada como um fator de risco obstétrico e ginecológico, há outros fatores importantes para não realização do exame, como por exemplo, desconhecimento sobre o câncer do colo uterino, da técnica, da importância do exame preventivo, o medo, a vergonha, o constrangimento etc. O déficit educacional é um importante fator de risco colaborativo para a piora da saúde dessas mulheres. Baixa escolaridade indica baixo índice de desenvolvimento social e atrapalha na percepção das mulheres sobre suas próprias condições de saúde. Por esse motivo, deve-se aproveitar cada atendimento para orienta-las adequadamente quando a importância da realização do exame, dos perigos do câncer de colo uterino e dos fatores de risco que podem levar ao seu desenvolvimento (BRASIL, 2002; FERREIRA, 2009). Sobre os exames realizados em gestantes, os dados revelam que somente 1 (um) exame preventivo foi realizado no ano de 2012 nas USF de Pontal do Araguaia. Em seu artigo Murta et al. (2001), esclarece que a gravidez é um fator de risco para infecção por HPV devido a uma modulação do sistema imune ou as mudanças hormonais na gestação, por isso a necessidade da realização do preventivo durante a gravidez. O exame Papanicolau pode ser indicado durante a gestação caso a gestante tenha realizado o último exame há mais de três anos. Todas as orientações necessárias devem ser repassadas as gestantes em cada consulta pré-natal realizada, para que, desse modo seja possível evitar maiores complicações tanto para a mãe como para o recémnascido. Com relação à frequência em que as mulheres fazem o exame preventivo, 64% (103) fizeram o preventivo a menos de 2 anos. No estudo de Oliveira et al., (2012) sobre a adesão das mulheres ao exame colpocitológico na cidade de Iporá – GO, corrobora com os dados encontrados, pois a adesão das mulheres chegou a cerca de 70% dos exames com 2 anos ou menos. O Ministério da Saúde determina que o exame Papanicolau seja realizado anualmente no início de sua adesão. Após dois resultados negativos consecutivos o exame poderá ser feito a cada três anos. No entanto, essa cobertura encontra-se abaixo do determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que determina uma cobertura mínima da população-alvo de no mínimo 80%. (INCA, 2013). É preciso orientar essas mulheres durante os exames a respeito do tempo de retorno ideal para que seja feito um novo exame. Do total de exames preventivos realizados em 2012 nas USF do Pontal do Araguaia, 7 são de mulheres histerectomizadas. Para Salimena e Souza (2010) o exame preventivo ginecológico deve fazer parte da rotina de mulheres pós-histerectomizadas como forma de retorno, avaliação e cuidado próprio. Mais do que uma cirurgia de retirada de um órgão doente, a histerectomia afeta a vida das mulheres antes, durante e depois da cirurgia. Pois além de mudanças fisiológicas há também alterações psicológicas, sexuais e até mesmo culturais. Todavia o enfermeiro tem que ter uma visão compreensiva e humanística sobre o assunto na hora de lidar com pacientes histerectomizadas em sua assistência de enfermagem (SALIMENA; SOUZA, 2010). Dessa forma, o profissional de enfermagem deve orientar essas mulheres que passaram por esse processo de esterilização sobre a necessidade do exame e que mesmo sem o útero ela não está livre desse tipo de câncer. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao contemplar o objetivo desta pesquisa foi possível descrever o perfil das mulheres que haviam realizado o exame Papanicolau durante o ano de 2012, residentes no município de Pontal do Araguaia - MT, por meio do levantamento de dados existentes nas fichas de requisição de exame citopatológico arquivados na Secretaria de Saúde do município. Por meio disso, não apenas foram sanados os objetivos desse trabalho como também uma nova questão pode ser levantada, já que durante a coleta de dados percebeu-se uma deficiência no preenchimento de algumas informações importantes nas requisições o que acabou limitando a amplitude dos dados que poderiam ter sido discutidos. Quanto ao perfil da demanda programática para a prevenção do câncer cervico uterino em 2012 obteve-se os seguintes resultados a idade média foi de de 39 anos, sendo que a mais nova tinha 16 anos e a mais velha 82 anos, sendo 30 a 39 anos, a faixa etária de maior frequência. No aspecto da etnia a maioria das usuárias foi de afrodescendentes. As mulheres indígenas ficaram a margem do programa assim como as mulheres rurais. No que tange a contracepção a maioria das mulheres não utilizam métodos hormonais e 51% tem mais de oito anos de estudo. Chamou atenção o fato de somente uma gestante ter realizado o exame preventivo durante o prénatal em 2012. Conhecer o perfil da clientela da demanda programática para o citopatológico em diferentes nuances permite entender quais mulheres estão aderindo ou não ao exame preventivo e, consequentemente refletir para entender o motivo da não aderência ao exame permitindo assim intervir com um planejamento adequado e a aplicação de intervenções preventivas no intuito de reduzir a morbimortalidade relacionada ao desenvolvimento do câncer cervicouterino. Analisar o perfil dessas mulheres anualmente com base nas requisições preenchidas nas USF ajudará a monitorar e acompanhar de maneira mais eficaz a demanda deste programa preventivo. 134 Com isso, há a necessidade de focar planejamentos de intervenções para melhorar o índice de cobertura dos exames preventivos de câncer de colo uterino. Acredita-se que ações de educação em saúde como capacitação dos ACS sobre a importância de realizar o exame preventivo a fim de incentivar/convencer mulheres a aderirem ao exame; realização de palestras, oficinas de grupo, busca ativa, distribuição de panfletos; identificação os fatores que impedem as mulheres faltosas de realizarem o exame; criação de horários alternativos de coleta para favorecer as mulheres trabalham fora do domicilio ou que tenham dificuldade em acessar o serviço. Tais ações de baixo custo poderão colaborar significativamente na melhora da cobertura e consequentemente na prevenção do câncer de colo uterino. Torna-se importante também o preenchimento adequado das fichas de requisição de exame preventivo, Papanicolau, já que a maioria das fichas utilizadas nessa pesquisa continham lacunas não permitindo identificar informações relevantes com relações às mulheres examinadas. O que levanta a questão da qualidade da informação dos exames realizados nas USF nesse período. Nesse sentido, sugere-se que pesquisas complementares sejam realizadas com base em questionamentos feitos diretamente às mulheres, levantando suas dúvidas e conceitos a respeito do exame preventivo e do câncer do colo do útero e opiniões sobre o atendimento oferecido a elas para que assim possamos entender de maneira mais assertiva e aprofundada as necessidades que essas mulheres possuem para que então possa-se elaborar métodos de intervenção mais adequadas à cada grupo. Dá-se então prosseguimento com a análise do atendimento que os profissionais de enfermagem oferecem a clientela, identificando falhas que venham a ocorrer no processo como déficit de orientação e esclarecimentos, além do registro de dados importantes presentes nas fichas de requisição do exame e nos prontuários das mulheres atendidas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALDRIGHI, J. M. et al. Contracepção hormonal oral, HPV e risco de câncer cérvico-uterino. Rev. Assoc. Med. Bras. [online], vol.48, n.2, pp. 96-96, 2002. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S010442302002000200005> . Acesso em 05 jan. 2014. BARBEIRO, F. M. S. et al. Conhecimentos e práticas das mulheres acerca do exame Papanicolau e prevenção do câncer cérvico-uterino. Revista de pesquisa: Cuidado é fundamental online, v. 1, n. 2, p. 414-422, 2009. BARCELOS, Mara Rejane Barroso et al . Infecções genitais em mulheres atendidas em Unidade Básica de Saúde: prevalência e fatores de risco. Rev. Bras. Ginecol. 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