genética Somos todos igualmente diferentes A Genética prova que é uma besteira maltratar o outro só porque ele não é igual à gente: ninguém é melhor do que ninguém! Roberta Nunes MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2016 43 No planeta inteiro, há mais de 7 bilhões de pessoas, e cada uma delas é um ser único no mundo. Basta olhar ao redor para perceber as diferenças, seja no temperamento, nas atitudes, na religião, no gênero, na etnia, nas características físicas, nas habilidades, nos conhecimentos e nas culturas. Por alguma razão, esses elementos fazem mais diferença do que deveriam fazer, não é, mesmo? Se olharmos para a história do Brasil, já conseguimos perceber algumas coisas. Aliás, somos resultado dos índios que viviam aqui, dos colonizadores portugueses que chegaram por volta dos anos 1500, e dos africanos trazidos como escravos. Além deles, há os imigrantes, que foram chegando com o decorrer dos anos. Só por aí já dá para perceber que somos um povo bem misturado, mas que compartilha traços em comum. Você já se perguntou sobre o que nos faz ser diferentes ou semelhantes um dos outros? Em primeiro lugar, todos temos um DNA – uma sigla para uma palavra bem 44 MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2016 complicada: ácido desoxirribonucleico. Duvido que você consiga pronunciá-la rapidinho! Esse DNA contém as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e o funcionamento de todos os seres vivos. Por meio dele, é possível saber mais sobre a natureza humana, compreender as doenças, a descendência e outro tantão de dados. É como se fosse um livro com mais de 3 bilhões de letras e muitas informações sobre o corpo humano. Em Minas Gerais, um cientista estuda muito essa área, que se chama Genética. O nome dele é Sérgio Danilo Junho Pena. Você sabia, por exemplo, que 99,5% dessas informações presentes no DNA são iguais entre as pessoas? Só 0,5% são diferentes, mas já é o bastante para garantir que cada um de nós seja único no mundo todo. Apesar disso, ainda têm pessoas que acreditam que são melhores que as outras e usam as diferenças para tentar se justificar, por exemplo, em relação à cor da pele. O Sérgio conta que, na verdade, não existe raça: somos todos seres humanos diversos. Vamos desinventar a tristeza? Essa diversidade está presente na sala de aula do João Pedro, de 9 anos, que nos contou que lá tem gente branca, negra, grande e pequena. Alguns usam óculos; outros, não! Ah! Existem, ainda, colegas com cabelos de tamanhos e cores diferentes. Para o João, isso não deveria fazer diferença para as pessoas. Ele acha que existe preconceito quando alguém sofre uma injustiça só porque é diferente. “As pessoas deviam ser tratadas de maneira igual”, diz. Já Rosa Allegra, também de 9 anos, comenta que alguns de seus colegas ficam fazendo brincadeiras de mau gosto. “Às vezes, as pessoas reparam e humilham as pessoas. Eu não ligo para a aparência dos outros. Eu nem reparo nisso. Tem gente que fica magoada com essas palavras que saem da boca das pessoas que não gostam das outras”, comenta. O Sérgio Pena sugere uma coisa: “Por que não elogiar a diferença? Que cha- to seria se fossemos todos iguais”. Quando perguntei isso à Rosa, ela comentou sobre o quanto as pessoas ainda costumam ver as diferenças como algo ruim, e lembrou do Cebolinha, que costuma chamar a Mônica de “gordinha, baixinha e dentuça” nas histórias em quadrinhos do Mauricio de Sousa. “Tem gente que é diferente, sofre humilhação e fica triste. As pessoas tinham que mudar as atitudes”, acrescenta Rosa. Aliás, se a Genética nos mostra que temos muito mais semelhanças do que diferenças, mas todos somos um evento único no mundo, podemos valorizar o que nos diferencia e aceitar os outros como eles são. Assim, o mundo ficaria mais colorido. Na canção “Apesar de você”, do músico Chico Buarque, a letra diz: “Você que inventou a tristeza, / Ora, tenha a fineza / De desinventar...”. Pensando nisso, que tal desinventar o racismo, o preconceito e a mania de tentar seguir um padrão que, na verdade, nem existe? MINAS FAZ CIÊNCIA • ESPECIAL 2016 45