%HermesFileInfo:E-3:20140920: O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 20 DE SETEMBRO DE 2014 Metrópole E3 Seca dificulta captação de volume morto Desde a segunda quinzena de agosto, Sabesp reduz retirada da reserva profunda das Represas Jaguari-Jacareí; ontem, desligou bombas Fabio Leite Facebook. Curta a página do Metrópole facebook.com/metropoleestadao ENTENDA A OBRA 1 Onde fica Captação MG U ARI Joanópolis Dia s R IO J AG Fer n ão R A seca extrema nas represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, tem dificultado a retirada de cerca de 15% da primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira. Desde a segunda quinzena de agosto, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem reduzido a retirada de água da reserva profunda dos dois principais reservatórios do manancial até desligar as bombas ontem. São cerca de 28 dos 182,5 bilhõesdelitros do volume morto que pararam de ser sugados pela concessionária depois que o trecho da Represa Jacareí, em Joanópolis, virou um córrego naproximidade dotúnel decaptação. Segundo o Estado apurou, a quantidade de água que tem escoado naturalmente do leito do reservatório até o local das comportas tem sido insuficiente para alimentar as bombas flutuantes que retiram até 2 mil litros por segundo da reserva profunda. Aredução dasrepresasJaguari-Jacareí, que correspondem a 82%dacapacidadetotaldoCantareira, tem sido compensada com a retirada do volume mortoda RepresaAtibainha, emNazaré Paulista. É de lá que a Sabesp tem retirado água para abastecer cerca de 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Ontem, foram 20,1 mil litros por segundo. Essa compensaçãotem feitocom queo nível do Atibainha caísse ainda mais rápido, de 74,14% para 27,66% em apenas um mês. Enquanto isso, a Sabesp tem corrido com obras no leito da Represa Jacareí para conseguir usar os cerca de 31 bilhões de litros que restam hoje no reservatório, e uma segunda cota do volume morto, de 106 bilhões de litros, que ainda precisa ser aprovada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgãos gestores do manancial. A empresa vai gastar cerca de R$ 6,4 milhões para escavar e manter um canal subaquático na represa para que a água escoe com volume suficiente até as bombas de captação. “O problema da Represa Jacareí é que acaptação nãofica pertodabarragem, mas do outro lado do reservatório, quase na cabeceira, que é uma região mais alta”, explica o professor de hidrologia MS . od REPRESA CACHOEIRA MG SP PR Em maio, a Sabesp instalou bombas flutuantes na represa e construiu um canal para escoar a água da reserva profunda até a entrada do túnel de captação, que foi cercada por um dique para que o volume fique sempre acima do nível da comporta REPRESAS JAGUARI-JACAREÍ São Paulo Desde a segunda quinzena de agosto, a Sabesp tem reduzido a retirada de água do volume morto das duas maiores represas Nazaré Paulista Rod. Dom Pedro I RIO PARAÍBA DO SUL REPRESA ATIBAINHA ESCAVAÇÃO Redução está sendo compensada com captação do volume morto da represa em Nazaré Paulista BOMBAS CANAL CONSTRUÍDO TUBULAÇÃO COMPORTAS Represas Jaguari-Jacareí ● Retirada da primeira cota do volume morto dos maiores reservatórios do sistema, na região de Bragança Paulista TÚN EL 2.000 104,33 SAÍ DA A G PARA SÃO RAND PAU E LO BILHÕES DE LITROS 2 LITROS POR SEGUNDO TOTAL DA 1ª COTA DO VOLUME MORTO O problema da Universidade de Campinas, Antonio Carlos Zuffo. Segundo ele, é por isso que a Sabesptemsidoobrigadaaescavar o canal para que a água percorra por gravidade até o nível das bombas. “Ainda tem um volume grandenofundo darepresa,masque fica em uma parte mais baixa. Há uma limitação hidráulica e, por isso, é preciso dragar o canal para diminuir a velocidade daágua e aumentar a vazão até a chegada das bombas. O problema é que esse canal construído vai sedimentando aos poucos e exige uma retirada contínua de terra”, afirma. Em nota, a Sabesp negou que houvesse problema de captação do volume morto na Represa Jacareí e disse que as bombas pararam para manutenção. “É lá, inclusive, que está a segunda cota da reserva técnica (volume 31,46 BILHÕES DE LITROS é a capacidade de cada bomba flutuante instalada na represa VOLUME MORTO AINDA DISPONÍVEL morto), que pode ser usada casosejanecessária.A gestãooperacional do sistema permite que se retire água de uma das represas enquanto a outra passapormanutenção,sem quehaja interrupção na produção. A manutenção constante dos canais formados é necessária para manter a capacidade de transporte da água assegurada”, afirma a companhia. Ao todo, a Sabesp já gastou mais de R$ 100 milhões para retirada do volume morto, incluindo o gasto com óleo diesel que alimenta as bombas flutuantes, conforme o Estado revelou em agosto. Até ontem, a empresajáhaviaretiradodasreservas profundas das represas Jaguari-Jacareí e Atibainha 123 bilhões de litros, restando no manancial 82 bilhões de litros. Segundo cálculos feitos pelo professorZuffo,essevolumede- 1. Esvaziamento da represa, que qu virou um córrego, dificulta a chegada da água por gravidade gravida do leito do reservatório até o local onde as bombas estão instaladas 3 A solução Sabesp está usando escavadeiras para retirar terra do fundo da represa, rebaixando o canal subaquático para que a água chegue com vazão suficiente até o nível das bombas FONTE: ANA E DAEE 2. INFOGRÁFICO/ESTADAO ve se esgotar na primeira quinzena de novembro. Em junho, o Estado revelou que uma projeção feita pela Sabesp apontava que a primeira cota pode durar até o dia 27 de outubro. Segundo o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, a segunda cota do volume morto, de 106 bilhões de litros, já poderá serretirada no mêsquevem, caso haja necessidade. Embora o volume de água que tem chegado ao Cantareira em setembro continua abaixo do pior índice já registrado para o mês em 84 anos de medição, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) acredita que as chuvas voltem à normalidade a partir de outubro. Segundo o tucano, todas as medidas tomadas até agora garantem o abastecimentodaGrande SãoPaulo atémarço de 2015 sem racionamento. 3. FOTOS: NILTON FUKUDA/ESTADÃO 4. 2. Em Vargem, há pouco espaço para pescaria 3. Obra para ampliar captação na cidade 4. Toda a estrutura do volume morto está próxima do limite 1. Hoje, a maior parte da água disponível nas represas está dispersa, como em ‘córregos’ PONTOS-CHAVE A pior estiagem da história do Cantareira ● Janeiro Sabesp anuncia que Cantareira atravessa grave período de estiagem. No mês seguinte, é lançado programa de bônus para estimular economia de água. ● Fevereiro/março Criado comitê para monitorar a crise. Por recomendação dele, ANA e DAEE anunciam a primeira redução da vazão para a Sabesp, para 27,9 mil litros/s. ● Abril Após seca bater recorde, vazão para a Grande São Paulo é reduzida para 22,4 mil l/s. ANA e DAEE mantêm vazão e liberam uso do volume morto.