Educação apoiada por ambientes virtuais de - Latec-UFRJ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO APOIADA POR AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM: EM BUSCA DE UM MODELO DE
AVALIAÇÃO
por
Flavia Nogueira Martins
Rio de Janeiro, novembro de 2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO APOIADA POR AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM: EM BUSCA DE UM MODELO DE
AVALIAÇÃO
Por
Flavia Nogueira Martins
Monografia apresentada
à Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como requisito parcial à obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia –
Habilitação em Séries iniciais do Ensino Fundamental
Orientador(a):
Professora Doutora Ana Canen
Rio de Janeiro, novembro de 2004
Aos Meus Pais
Corina e Fuad e
Irmãos
Fuad e Raphael
i
AGRADECIMENTOS
À Deus que durante este percurso proporcionou momentos de grandes alegrias.
Aos meus pais Corina e Fuad pelo esforço e contribuição em todos os momentos da minha
vida e aos meus irmãos Fuad e Raphael pelo amor que muitas vezes não expresso em
palavras, mas em demonstrações de carinho e afeto.
Aos meus tios Licia, Lidio e Olga e à minha prima Fabiana pela ajuda nas ocasiões
oportunas que se traduziram em estímulos e incentivo para continuar.
Às minhas amigas de turma Alessandra da Costa, Beatriz Gomes e Danielle Portilho pelos
momentos de alegria e companheirismo durante e depois da graduação, além do infinito
estímulo para a finalização deste estudo.
Às minhas amigas de iniciação científica, Ana Lúcia, Fabricia e Marise que me
proporcionaram grandes aprendizados enquanto jovens pesquisadoras.
À minha grande orientadora Ana Canen que com paciência, estima e dedicação orientou
este trabalho dando estímulo nos momentos de maior dificuldade.
À professora, parecerista e amiga Cristina Haguenauer que não apenas apreciou com estima
este trabalho, mas me incentivou enquanto jovem pesquisadora e durante vários anos e me
apresentou ao universo da educação a distância.
Aos professores Mabel Tarré e Reuber Scofano que me ensinaram muito além dos saberes
acadêmicos, ensinando e orientando nos momentos de dúvida.
Ao LATEC e ao PROEDES pelo espaço cedido para a elaboração deste trabalho.
ii
RESUMO
Trata-se de um estudo que se debruçou na busca de um modelo avaliativo que se
adequasse ao universo da educação apoiada por ambientes virtuais de aprendizagem. Para
discorrer sobre avaliação buscou-se fundamentação no trabalho realizado por Canen
(2000), no qual contextualiza a avaliação a aspectos sociais, abordando possíveis direções
para condução de uma avaliação que fuja do caráter repressor e classificatório e Silva
(1997) que analisa de forma alternativa a qualidade e os efeitos da utilização da hipermídia
no processo de ensino-aprendizagem.
Abordou-se também a receptividade dos alunos incluídos nesse novo processo, com
o objetivo de identificar o grau de satisfação dos mesmos e a contribuição da plataforma
Quantum na aprendizagem dos alunos.
O objeto de estudo foi a disciplina de pós-graduação Educação a Distância,
oferecida no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). A metodologia de investigação utilizada foi o estudo de caso de
cunho etnográfico.
iii
Página
Capítulo I – Introdução
7
I - O Problema
7
II - Objetivos e Questões de Estudo
12
III - Metodologia
13
IV - Justificativa
16
Capítulo II - Referencial Teórico
17
I – Ensino e Tecnologias
17
II - Avaliação e Educação
22
III - Avaliação de Softwares
25
Capítulo III - Plataforma Quantum
28
I - Conceito
28
II - Ferramentas e Funcionalidades
29
Capítulo IV - Análise de Dados
37
I - Contexto
37
II - Entrevistas
38
III - Questionários
43
IV – Observações
48
Capítulo V - Considerações Finais
49
I - Conclusão
49
II - Referências Bibliográficas
52
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
I - O PROBLEMA
Este estudo nasceu de reflexões surgidas durante a pesquisa Ambientes Educativos
Informatizados1 desenvolvida no LATEC / UFRJ (Laboratório de Tecnologias da
Informação e da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro) durantes os anos
de 2001 e 2002, que tinha como objetivo verificar a contribuição dos ambientes virtuais na
aprendizagem do aluno.
A partir das situações vivenciadas no dia-a-dia da pesquisa e das leituras dos textos
propostos, surgiram questionamentos e idéias sobre a mediação e a avaliação da
aprendizagem dos alunos com a utilização da Plataforma Quantum - ambiente virtual de
ensino e aprendizagem que tem por objetivo promover a constante troca de informações
entre alunos, tutores e professores, além de proporcionar acesso aos recursos tecnológicos
desenvolvidos para enriquecer o material didático.
O questionamento que me levou a desenvolver este estudo foi: como avaliar os
alunos inseridos no processo de ensino aprendizagem apoiados em ambientes virtuais de
aprendizagem?
O presente trabalho versa especificamente sobre a disciplina Ensino a Distância que
pertence ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). A disciplina é acessada por um ambiente informatizado presente na
Internet, onde é possível entrar em contato com os conteúdos e ter uma interação com os
atores (professores e alunos), durante o processo de ensino-aprendizagem.
1
Pesquisa coordenada pela professora doutora Cristina Jasbincheck Haguenauer, na qual fiz parte como
bolsista de iniciação científica da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
A interação entre os participantes propicia a formação de comunidades virtuais de
aprendizagem, o que leva a trocas de idéias e experiências, enriquecendo todo o processo.
Através do ambiente os alunos constroem o conhecimento e os professores acompanham o
processo fazendo as devidas intervenções. Isso cria uma rede colaborativa que ultrapassa as
limitações físicas de uma sala-de-aula presencial.
Dentro desse contexto alguns pré-conceitos são estabelecidos pela sociedade sobre a
Educação apoiada na web, também chamada de e-learning2. O mito mais “popular” em
relação à introdução das novas tecnologias na educação é o da substituição do professor
pelo computador. No entanto, o computador nada mais é que uma ferramenta facilitadora
da aprendizagem do aluno e da agilização e transmissão das informações por parte do
professor.
“Na cibercultura, o computador vai substituir o professor.
Estou falando é claro do professor-transmissor de conteúdos,
aquele das conhecidas fichas amareladas que serviam para
todas as turmas e dos textos que deviam ser lidos sempre do
mesmo modo, à prova de qualquer contexto. Aquele a quem
cabia apresentar repetidamente conteúdos prontos a pessoas
que não sabiam quase nada. Aquele que não permitia as
vozes
divergentes,
a
multiplicidade
de
olhares,
as
subjetividades criadoras” (Ramal, 2002: 189).
Atualmente vivenciamos transformações nos diversos campos da sociedade, tais
como: social, político, econômico etc. No entanto, o acesso às informações sistematizadas é
realizado apenas por uma determinada camada da população. A outra parcela mal desfruta
de uma sala-de-aula com condições mínimas para o aprendizado.
A ampliação do ensino virtual é necessária, mas pode tomar dimensões desastrosas
se for usada somente como uma estratégia para diminuir a exclusão social bem como para
2
Aprendizagem mediada pelo computador.
elevar o nível de escolaridade (ensino fundamental e médio) dos brasileiros. A inclusão
digital deve ser estimulada, porém é preciso que a implementação seja pautada em
pesquisas e experiências. É necessário que a equipe envolvida identifique as limitações e os
potenciais existentes e esteja alinhada aos objetivos de aprendizagem e às necessidades do
público-alvo.
De acordo com Blikstein e Zuffo (2003) não basta apenas introduzir tecnologias, é
fundamental pensar em como elas são disponibilizadas, como o seu uso pode efetivamente
desafiar as estruturas educacionais existentes em vez de reforçá-las. O papel das novas
tecnologias não é solucionar todos os problemas da educação, pois a base de todos eles não
é, necessariamente, a ausência de uma determinada tecnologia, mas sim oferecer
instrumentos que proporcionem ao aluno uma educação de qualidade.
A idéia de uma Educação para todos independentemente da classe social, não
corrobora com o contexto da educação apoiada em tecnologias, pois é preciso pertencer a
um determinado grupo ou classe social que possua o Capital Econômico e Simbólico
necessários à aquisição desse conhecimento (Bourdieu, 2001).
A existência de uma realidade desigual torna o computador uma ferramenta distante
para a realidade de muitos estudantes corroborando com o pensamento de Castells (1999),
quando afirma que “Na era da informação, a educação é elemento de progresso e de
exclusão social”.
Neste sentido Luckesi (1989), quando reflete sobre o papel da educação afirma que:
“Certamente que a educação, nas suas mais diversas
modalidades, não tem condições de sanear nossos múltiplos
problemas nem satisfazer nossas mais variadas necessidades.
Ela não salva a sociedade, porém, ao lado de outras
instâncias sociais, ela tem um papel fundamental no processo
de distanciamento da incultura, da acriticidade e na
construção de um processo civilizatório mais digno do que
este que vivemos”. (Luckesi, 1989:10).
De acordo com as questões abordadas, a Plataforma Quantum é um recurso
tecnológico inserido num contexto social, econômico e cultural que incorpora elementos
excludentes, que por sua vez reforça o analfabetismo digital3 do qual fazem parte os
indivíduos que não têm acesso computador. Em contrapartida a esta realidade, prevalecem
também os sujeitos participantes desta nova modalidade de ensino, que embora
quantitativamente não sejam tão expressivos, ocupam espaço no quadro educacional
brasileiro, sendo necessário neste sentido aprofundar estudos sobre eles.
Para avaliar a parcela incluída no processo ensino-aprendizagem, direcionou-se o
foco dessa investigação aos sujeitos inseridos nesse contexto, utilizando a avaliação como
um instrumento de transformação para apresentar o nível de satisfação dos alunos em
relação à utilização da plataforma Quantum. Para isso, foram escolhidos para este estudo os
alunos matriculados na disciplina Ensino a Distância pertencente ao Programa de PósGraduação em Educação (PPGE) da Faculdade de Educação (FE) do Centro de Filosofia e
Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Canen
(2001),
afirma
que
os
instrumentos
de
avaliação
interferem
significativamente no processo de diagnóstico das construções cognitiva e sóciointeracional dos alunos, configurando-se como indicadores representativos para apontar ou
não fenômenos de exclusão e inclusão social. Assim, a partir deste estudo, surgiram os
seguintes questionamentos:
•
Como os alunos participantes dessa modalidade de ensino percebem o impacto da
plataforma Quantum no processo de aprendizagem?
3 Termo utilizado para designar a pessoa que não possui conhecimentos na área de informática e não tem
acesso às tecnologias de forma geral.
•
Qual a percepção dos professores quanto à utilização da plataforma Quantum como
complemento das atividades desenvolvidas em sala-de-aula?
Para discorrer sobre a avaliação dentro de uma perspectiva multicultural utilizou-se
Canen (2001). A referida autora articula a avaliação a aspectos sociais mais amplos,
abordando possíveis alternativas para a condução de uma avaliação que fuja do caráter
repressor e classificatório, incorporando a diversidade cultural em suas propostas. Para
analisar o desenvolvimento de modelos avaliativos aplicados ao uso da tecnologia
educacional, dialogou-se principalmente com Silva (1997), que analisa de forma
alternativa, a qualidade e os efeitos da utilização da hipermídia no processo de ensinoaprendizagem.
II – OBJETIVOS E QUESTÕES DE ESTUDO
Buscou-se analisar os modelos avaliativos propostos na plataforma Quantum, a qual
teve o papel de contribuir para a melhora do ensino e fornecer subsídios no primeiro
semestre letivo de 2003, durante o curso da disciplina Educação a Distância que faz parte
da grade curricular do curso de mestrado da Faculdade de Educação da UFRJ, onde
verificou-se a contribuição deste recurso tecnológico na aprendizagem dos alunos. Para
isso, procurou-se responder às seguintes questões:
•
Como os alunos receptores dessa modalidade de avaliação percebem o impacto
desse processo na sua aprendizagem?
•
Qual a percepção dos professores quanto à utilização da plataforma Quantum como
complemento das atividades desenvolvidas em sala-de-aula?
III – METODOLOGIA
Utilizou-se neste estudo a metodologia de Estudo de Caso de Cunho Etnográfico,
pois ela atendeu aos objetivos propostos no projeto de pesquisa.
De acordo com André (1998), a pesquisa etnográfica é caracterizada por fazer uso
de técnicas que tradicionalmente são associadas à etnografia, ou seja, à observação
participante, à entrevista intensiva e a análise de documentos. A observação participante é a
técnica em que observador participa das atividades, registrando-as em seu diário e
avaliando-as em função de seu tema de pesquisa. As entrevistas por sua vez, têm a
finalidade de aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados, a partir das
percepções dos sujeitos. Os documentos são usados no sentido de contextualizar o
fenômeno, explicitar suas vinculações mais profundas e completar as informações coletadas
através de outras fontes. Outra característica importante desse tópico de pesquisa é a ênfase
no processo, naquilo que está ocorrendo e não no resultado final. Neste tipo de pesquisa as
perguntas freqüentemente utilizadas são:
•
O que caracteriza esse fenômeno?
•
O que está acontecendo nesse momento?
•
Como tem evoluído?
O período de tempo em que o pesquisador mantém contato direto com a situação
estudada pode variar desde algumas semanas, até meses ou anos. A duração é conseqüência
da dedicação, disponibilidade de tempo, experiência no trabalho de campo etc. O
pesquisador faz uso de uma grande quantidade de dados descritivos, situações, pessoas,
ambientes, depoimentos, diálogos que são por ele reconstruídos e formas de palavras ou
transcrições. De certa maneira o estudo de caso enfatiza o conhecimento particular.
Enfim, a pesquisa etnográfica busca a formulação de hipóteses, conceitos,
abstrações, teorias e não sua testagem. Para isso faz uso de um plano de trabalho aberto e
flexível, em que os focos da investigação vão sendo constantemente revistos, as técnicas de
coleta reavaliadas, os instrumentos reformulados e os fundamentos teóricos repensados.
Este tipo de pesquisa tem por objetivo é a descoberta de novos conceitos, novas relações e
novas formas de entendimento da realidade. Para que seja reconhecido como um estudo de
caso etnográfico é preciso que preencha os requisitos da etnografia, ou seja, que seja um
sistema bem delimitado.
Como aluna especial4 da disciplina Educação a Distância durante o primeiro
semestre de 2003, pude observar com um olhar mais apurado, o cotidiano vivenciado na
turma escolhida para a observação. Participando das atividades propostas pela professora
em sala-de-aula e registrei passagens importantes.
Além do registro dessas informações, foram utilizados dois instrumentos diferentes
na coleta de dados. Para coletar dados referentes aos professores foram realizadas
entrevistas semiestruturadas5 e para os alunos foram aplicados questionários estruturados
com perguntas fechadas que permitiram perceber nos discursos evidenciados e nas
respostas fornecidas, dados e nuances que expressaram as crenças e práticas dos atores
envolvidos quanto ao uso das tecnologias como ferramenta de suporte e colaboração.
Como critério de validação, procurou-se realizar a triangulação dos dados, definida
por Lûdke & André (1986), utilizando-se, pelo menos, três instrumentos na coleta das
informações:
•
questionários envolvendo oito alunos matriculados na disciplina;
•
entrevistas realizadas com duas professoras da UFRJ que utilizam a plataforma
Quantum como complemento ao ensino em sala de aula;
4
Denominação dada ao aluno interessado em cursar disciplinas isoladas e que não está regularmente
matriculado no curso em que deseja participar. Um aluno especial torna-se regular somente após aprovação
em processo seletivo, e caso ocorra a aprovação nesse processo e na disciplina cursada, o crédito obtido pode
ser revalidado.
5 Segundo Mazzotti & Gewandsznajder (1999) as entrevistas semiestruturadas “...também chamadas
focalizadas, o entrevistador faz perguntas, mas também deixa que o entrevistado responda em seus próprios
termos.” (p. 168)
•
análise de documentos com base nos registros das contribuições dadas em sala de
aula pelos alunos, pela professora e pelos convidados6.
Segundo Quivy (1995), a investigação não se limita a um instrumento, como por
exemplo, o questionário. Envolve também a utilização de métodos necessários para o
desenvolvimento da pesquisa, no que se refere também ao desvendamento a perspectiva do
sujeito:
“... uma série de perguntas relativas a sua situação social,
profissional ou familiar, às suas opiniões, às suas
expectativas, ao seu nível de conhecimento ou de consciência
de um acontecimento ou de um problema, ou ainda sobre
qualquer outro ponto que interesse” (Quivy, 1995, p: 188).
O questionário (anexo 1) continha sete perguntas fechadas que buscavam
diagnosticar a receptividade dos alunos quanto à utilização desse novo recurso tecnológico,
apresentando o grau de satisfação e uma avaliação informal do ambiente virtual pelos
alunos, além de responder às questões levantadas inicialmente, utilizando as seguintes
variáveis:
a) utilização e navegação na plataforma Quantum;
b) contribuição da plataforma no aprendizado;
c) facilidades e dificuldades encontradas.
As entrevistas (anexo 2) realizadas com as professoras foi orientada por um roteiro
de oito perguntas fechadas, que buscaram saber: como a plataforma orienta ou não as
práticas educativas dos professores, bem como as limitações encontradas e os potenciais a
serem desenvolvidos, e finalmente como é realizado o processo de avaliação.
6
Palestrantes convidados pela professora.
IV – JUSTIFICATIVA
Este estudo tem a modesta intenção de contribuir para que a implementação de
futuros projetos educacionais na área da educação apoiada em tecnologias, sejam
experiências bem sucedidas, exemplos de qualidade e eficiência, proporcionando assim
novas formas de acesso ao conhecimento que também são viáveis através da educação
apoiada por tecnologias.
De acordo com a portaria do MEC nº 2.253 de 18 de outubro de 2001 proclamada
pelo então Ministro da Educação Paulo Renato Souza, que normatiza os procedimentos de
autorização para oferta de disciplinas na modalidade não-presencial em cursos de
graduação reconhecidos, 20% da carga horária das disciplinas presencias podem ser
realizadas sob a forma de atividades não-presenciais.
Essa portaria orienta as práticas educativas a terem uma proposta inclusiva, com o
intuito de abranger uma parcela cada vez maior da população. Por isso, faz-se necessário
então, o estudo desta nova modalidade de ensino.
CAPÍTULO II
REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo aborda questões relevantes sobre o cenário em que a educação apoiada
por tecnologias, também chamada de e-learning ou educação a distância via web, está
inserida, tais como conceituação, benefícios e limitações.
Aborda também conceitos sobre a avaliação e a educação e a avaliação de
softwares, além das metodologias avaliativas coerentes ao contexto abordado, tais como:
avaliação diagnóstica, formativa, somativa e de reação.
I – Ensino e Tecnologias
É notável a influência e o impacto das tecnologias no contexto educacional,
principalmente no que diz respeito às tecnologias da informação e comunicação. A Internet
e suas ferramentas estão cada vez mais presentes nos processos educacionais, sejam eles
presenciais ou à distância.
A educação a distância via web vem ganhando espaço nesse contexto, pois agrega
as seguintes vantagens: velocidade da informação, redução de custos e flexibilização de
tempo e espaço.
Os cursos a distância são projetados para atingir alunos dispersos geograficamente,
oferecendo-lhes maior flexibilidade de horário e atendendo a diversos ritmos de
aprendizagem. Os processos de ensino-aprendizagem exclusivamente baseados ou
complementarmente apoiados nas redes e ambientes digitais interativos se tornaram tão
comuns, que em um futuro próximo que será inconcebível pensar em educação sem eles.
O inciso III do artigo 47 da LDB (Leis de Diretrizes e Bases) caracteriza a educação
a distância por um processo de ensino-aprendizagem realizado com mediação docente e que
utiliza recursos didáticos sistematicamente organizados que são apresentados em diferentes
suportes tecnológicos de informação e comunicação, os quais podem ser utilizados de
forma isolada ou combinadamente, sem a freqüência obrigatória de alunos e professores.
Segundo Neto (1998) a EAD começou no Brasil em 1923 com a radiodifusão,
através da iniciativa de Edgard Roquette Pinto e um grupo de professores e intelectuais que
fundaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, transformada em 1936 em rádio Ministério
da Educação e Cultura (Rádio MEC).
Em dezembro de 1995 foi criada a Secretaria de Educação a Distância – SEED /
MEC com os objetivos de valorizar o papel da EAD na implantação de uma nova cultura
educacional; contribuir para a melhoria da qualidade e eficiência da educação básica e
desenvolver programas para a formação e capacitação permanente de professores e
programas de formação profissional.
A universidade como formadora de opinião e gestora do conhecimento tem um
papel fundamental na construção das práticas educacionais, principalmente quando o
assunto tratado é de vanguarda. Ela é o berço das grandes pesquisas e pode somar
importante contribuição para o amadurecimento desta prática no cenário educacional
brasileiro.
“... o primeiro agrupamento humano que tomou consciência
de estar criando uma inteligência coletiva foi a universidade,
com as comunidades de cientistas especialistas de vários
paises que estudam simultaneamente o mesmo tema. Isso se
tornou possível porque a produção do conhecimento e os
avanços
científicos
estão
fortemente
embasados
na
colaboração”.(Levy, 2003: página).
O e-learning é uma instância da EAD apoiada nas tecnologias da Internet. A sua
expansão tem se dado não somente nos ambientes acadêmicos e nas estruturas tradicionais
de ensino, mas também no âmbito das empresas que passaram a vislumbrar mais uma
possibilidade para capacitação e aperfeiçoamento dos seus funcionários. O e-learning
representa, uma possibilidade de educação continuada para as pessoas que querem dar
seqüência aos estudos.
Para Rosenberg (2002), o e-learning refere-se à utilização das tecnologias da
Internet com o objetivo de fornecer um amplo conjunto de soluções que melhoram o
conhecimento e o desempenho.
Pode-se perceber que além da introdução de novas tecnologias de aprendizagem, o
e-learning está impulsionando também uma mudança de paradigmas nos modelos de
ensino, que já vem sendo discutida há algum tempo por profissionais da educação.
Os alunos e os professores precisam ser capacitados para essa nova prática
educativa. É preciso olhar com desconfiança para as iniciativas que tratam a educação online como a mera transposição da sala de aula para o mundo virtual. É importante analisar
as situações com mais especificidade, para entender os seus reais benefícios e poder
considerar os riscos envolvidos no processo.
É possível combinar o conteúdo e os materiais didáticos existentes com as novas
tecnologias, pois elas não excluem as anteriores. Segundo Belloni (1999), a utilização de
recursos de hipermídia e hipertexto proporciona um aprendizado mais atraente do ponto de
vista visual e não linearizado, o que permite ao aluno aprender de acordo com sua
necessidade e curiosidade.
Nesta perspectiva, Coelho (2000) discute a democratização afirmando que a
educação à distância poderá contribuir decisivamente para universalizar, democratizar e
agilizar a educação em todos os níveis no Brasil. No entanto, alerta que esta modalidade
pode submeter-se ao imediatismo do setor privado. Entre os benefícios que esse tipo de
educação oferece destacam-se: a flexibilidade curricular e a ampliação do poder de
atendimento a uma demanda crescente que procura os cursos superiores. A EAD pode
contribuir, mas exige seriedade, competência e visão crítica de seus limites.
É importante ressaltar que, atualmente, muitos profissionais atuantes no mercado de
trabalho têm suas necessidades atendidas no que diz respeito à formação continuada com
cursos de extensão e / ou pós-graduação produzidos sob medida e que atendem a grandes
empresas através de cursos via web, pois não dispendem essas pessoas do ambiente de
trabalho, possibilitando-lhes a oportunidade de um estudo de qualidade.
A virtualidade na educação, segundo Ramos (2000), nasceu das chamadas
Universidades Corporativas, que são instituições voltadas para a educação permanente, com
poucas instalações físicas, operando em sistema virtual, com base no conceito de que o
aprendizado deve ocorrer a qualquer hora em qualquer lugar. Uma das pioneiras desse
modelo de universidade foi a General Eletric, nos EUA que criou em 1955 a Contronville.
Vale ressaltar, que nos últimos 10 anos, essas instituições passaram de 400 (quatrocentos)
para cerca de 2000 (dois mil). No Brasil, as Universidades Corporativas surgiram copiando
o modelo de suas matrizes como: a Motorola, o Banco de Boston e a Ford, ou criando suas
próprias experiências a exemplo da Algar e da Alcoa. Observa-se, ainda, que diversas
unidades corporativas vêm buscando parcerias com as universidades tradicionais para
validar os diplomas de seus cursos, a fim de aproveitar créditos e proporcionar aos
funcionários credenciais com grande valor curricular.
Em meio à disseminação dessa tecnologia, os objetivos da formação educacional
para Roitman (2000) parecem oportunos, pois perseguem uma estrutura curricular e
pedagógica que possa resultar em qualidade no ensino de massa, oferecer formação básica
sólida que possa facilitar a reciclagem e, sobretudo, não perder de vista que a universidade
deve continuar a ser a grande geradora de conhecimento.
Entre os cursos de educação à distância criados no Brasil, destacam-se: A UniRede
(Universidade Virtual Pública do Brasil) e os do CEDERJ (Centro Universitário de Ensino
a Distância do Estado do Rio de Janeiro).
A UniRede (Universidade Virtual Pública do Brasil), é o consórcio de 70
instituições públicas de ensino superior que tem por objetivo democratizar o acesso à
educação de qualidade por meio da oferta de cursos a distância.
A proposta abrange os níveis de graduação, pós-graduação, extensão e educação
continuada, de acordo com o Termo de Adesão (Protocolo de Intenções) que criou a
UniRede. O consórcio possibilitou a cooperação entre universidades e escolas técnicas,
evitando o isolamento e duplicidade entre suas iniciativas. Entre outros avanços, também
desobrigou o pagamento de direitos autorais pela disseminação de metodologias,
tecnologias e conteúdos elaborados nas instituições.
Todas as consorciadas têm experiência na área de educação a distância, motivo pelo
qual a universidade virtual recebe o apoio dos ministérios da Educação (MEC), da Ciência
e Tecnologia (MCT) e outros parceiros.
A parceria com o MEC, por exemplo, possibilitou a estruturação de um ambicioso
programa de educação à distância, o “TV na Escola e os Desafios de Hoje”, para habilitar
professores da rede pública do ensino fundamental e médio ao uso de TV e vídeo nas
atividades pedagógicas. Outro curso, “Formação em Educação a Distância”, cujo objetivo é
capacitar educadores de nível superior para a estruturação de cursos a distância, com
previsão de atender a 100 mil alunos por ano. Essas e outras ações da UniRede são
coordenadas pelo Comitê Gestor e pelo Conselho de Representantes da instituição.
O CEDERJ foi criado através do protocolo firmado pelo governador Antony
Garotinho, o secretário de C&T / RJ e os reitores das Universidades públicas do Estado do
Rio de Janeiro - UFRJ, UFF, UERJ, UFRRJ e UENF em 18 de março de 2002, e hoje
responde pela Fundação CECIERJ/ Consórcio CEDERJ, a qual foi criada a partir da união
da autarquia do Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro - CECIERJ e o Centro de
Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro - CEDERJ.
Essas considerações mostram a importância e o espaço que a educação a distância
vem conquistando no cenário da educação brasileira, mas ao mesmo tempo, indicam a
necessidade de se proceder à avaliação desses processos para garantir sua qualidade e seu
caráter democratizador. Para isso veremos na próxima seção, a avaliação e seus
pressupostos.
II – Avaliação e Educação
A palavra avaliação se origina do latim e significa “dar valor a...”, ou seja, não está
ligada à prática de medir a aprendizagem em números no final de um semestre letivo, o que
é muito recorrente em muitas instituições de ensino. A maneira ideal de avaliar é ao longo
do processo de ensino-aprendizagem onde é possível promover e acompanhar a
participação, a interação, a comunicação, a leitura, a escrita, os conhecimentos adquiridos
entre outros aspectos importantes que devem ser desenvolvidos pelo aluno.
O ato de avaliar deve-se resumir no resgate da aprendizagem construída pelo aluno
no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, o objetivo maior é a assimilação e a
interpretação dos fatos.
“Pensar em avaliação, é pensar em três aspectos que
dela fazem parte: ‘o que’ avaliar, ‘como’ avaliar e ‘para
que’ avaliar. O que avaliar: noções ‘decoradas’ ou
construção do conhecimento? Como avaliar: através de uma
prova final ou por acompanhamento contínuo, formativo?
Para que avaliar: para ‘classificar’ em aprovados e
reprovados ou para diagnosticar universos culturais,
dificuldades a superar e promover aprendizagem e
crescimento de alunos e professores?” (Canen, 2001:16).
Os instrumentos de avaliação são utilizados para ajudar professores e detectar
pontos falhos no diálogo entre professores e alunos, para futuramente se auto-avaliarem,
buscando corrigir falhas, modificar práticas e incentivar o desenvolvimento das
potencialidades de seus alunos. Avaliar é sinônimo de melhorar, e esta melhoria se refere
ao aluno, ao currículo, ao professor e à escola.
Neste sentido é compreendida “como um processo, voltado ao aprimoramento das
práticas cotidianas de ensino-aprendizagem, levando em conta a realidade concreta dos
alunos no contexto escolar” (Canen, 2001: página).
A avaliação deve ser contínua e integrada, ou seja, deve ser realizada sempre que
possível, evitando a rotina das situações de provas, na qual o aluno é medido somente em
uma situação específica, abdicando de tudo aquilo o que foi realizado em sala de aula. A
observação é muito importante para o professor na realização da avaliação contínua.
De acordo com Luckesi (1999), a avaliação praticada na escola é a da culpa, onde as
notas são usadas para fundamentar a classificação de alunos, onde são comparados
desempenhos e não objetivos que devem ser atingidos.
Para Perrenoud (2000), as classificações escolares refletem, em algumas
circunstâncias, desigualdades de competências. Compreender as manifestações da prática
avaliativa é ao mesmo tempo compreender aquilo que nela está oculto. Avaliar exige a
definição de metas, critérios e procedimentos.
Para Luckesi (1999), o valor da avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar
conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao professor desafiá-lo a superar as
dificuldades e continuar progredindo na construção do conhecimento. Modificar a forma de
avaliar implica, também, na reformulação do processo didático-pedagógico, deslocando a
idéia da avaliação do ensino para a avaliação da aprendizagem.
Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar
oportunidades de ação-reflexão, através de um acompanhamento permanente do professor
junto ao aluno durante o processo de aprendizagem. Dessa forma os alunos formados serão
seres críticos e participativos na construção do seu próprio conhecimento.
•
Avaliação Diagnóstica
Seu objetivo é verificar o conhecimento prévio do aluno a fim de promover o
desenvolvimento e ampliação, assim como buscar a identificação das causas pedagógicas
ou não dos repetidos fracassos de aprendizagem, encaminhando o aluno, se for necessário,
a outros especialistas (psicólogos, orientadores, pedagogos etc).
•
Avaliação Formativa
É avaliação focada na verificação dos conhecimentos dos alunos. Seu objetivo é
mensurar os níveis de aprendizagem, focando na formação cognitiva, técnica e humana e
acompanhar o processo de aprendizagem do aluno. Para isso são utilizadas provas objetivas
e dissertativas, seminários, trabalhos em grupo, diário de classe, conselho de classe entre
outros.
•
Avaliação Somativa
Tem por objetivo identificar a aprendizagem efetivamente ocorrida ao final do
período de aprendizagem, visando refletir os resultados obtidos em momentos específicos,
traduzindo de forma breve o quanto a meta estabelecida foi atingida.
•
Avaliação de Reação
Tem por objetivo verificar a satisfação dos alunos quanto ao aprendizado ocorrido,
deve possuir espaço aberto para sugestões e comentários dos participantes e sua aplicação
deve ocorrer antes do encerramento do período letivo. Esse tipo de avaliação deve possuir
questões objetivas, facilitando assim a compreensão do aluno. A identificação do avaliador
é facultativa para deixá-lo à vontade a expressar suas opiniões.
III - Avaliação de Softwares
Silva (1997), em sua tese de doutorado, propôs de forma alternativa avaliar os
softwares utilizados no contexto educacional, de modo a registrar as potencialidades e as
limitações da utilização da hipermídia no processo de ensino-aprendizagem nos cursos
universitários.
Neste estudo verificou, que a avaliação dos efeitos do emprego da hipermídia não é
apenas uma tecnologia potencialmente útil para a educação, é uma ferramenta cognitiva
poderosa, especialmente se usada em ambientes construtivistas de aprendizagem.
Existem diferentes formas de definir avaliação educacional que variam de acordo
com a abordagem adotada. A avaliação voltada para o produto, realizada por especialistas,
não é suficiente para determinar a eficácia de um software para uso educacional, sendo
fundamental assim, avaliar o software em ambientes reais de aprendizagem.
Neste contexto, a avaliação pode assumir diferentes papéis que incluem:
•
análise de necessidades;
•
refino de metas e objetivos;
•
documentação de atividades;
•
melhoria de programas e produtos;
•
estimativa de eficácia e impacto;
•
estimativa de custos.
Segundo Silva (1997), aplicar o conceito de qualidade ao software, é difícil, pois é
preciso que todas as características do produto estejam equiparadas. Ela define como o
conjunto de propriedades a serem satisfeitas em determinado grau de maneira a atender às
necessidades dos usuários, como por exemplo: a qualidade de especificação, de projeto, de
programa etc.
A qualidade do software deve ser observada desde a sua elaboração. A dificuldade
de se avaliar aumenta, no caso do produto ser voltado para fins educacionais. Existem
diferentes modalidades neste contexto: exercício e prática, tutoriais, simulações, jogos,
hipertexto / hipermídia, e sistemas baseados em conhecimento. Como estas modalidades
apresentam características diferentes, conseqüentemente serão necessários critérios de
avaliação específicos para cada um deles.
Características que contribuem para que o software educacional seja de baixa
qualidade:
•
despreparo de pessoal na área educacional;
•
pressão mercadológica dos fabricantes;
•
produção descentralizada do foco do ensino;
•
pouca
quantidade de
horas
destinadas
para
o
desenvolvimento
e
implementação;
•
dificuldade
de
montagem de uma
equipe
multidisciplinar para o
desenvolvimento de um trabalho cooperativo.
Usuários do software educacional:
•
desenvolvedores;
•
mantenedores;
•
professores / tutores;
•
alunos.
A qualidade para cada categoria varia de acordo com o ponto de vista de vista destes
diferentes usuários.
A avaliação voltada para o produto consiste na descrição e apreciação crítica do
software educacional por especialistas, que freqüentemente utilizam uma lista de
verificação e seguem um conjunto de procedimentos para guiar esse processo. Neste tipo de
avaliação não é necessária uma situação real.
Já na avaliação voltada para o usuário, deseja-se avaliar os efeitos do programa no
“público” que o utiliza, sendo necessária aplicação em ambientes reais de aprendizagem.
Neste caso, os seguintes itens devem ser avaliados:
•
interação entre o usuário e o programa;
•
níveis de adaptação;
•
motivações;
•
efetividade da aprendizagem;
•
receptividade do usuário em relação ao software.
O objetivo principal do processo avaliativo descrito é analisar a eficiência dos
processos de aprendizagem envolvidos no uso do software educacional pelos alunos.
Silva (1997), afirma que os estudos que apresentaram este nível de avaliação
fizeram uso de uma abordagem experimental, onde há comparação entre os resultados da
aprendizagem com o uso do software com o método tradicional.
As metodologias avaliativas abordadas neste capítulo, se aplicadas ao longo do
processo de aprendizagem podem contribuir para melhorias das práticas educativas.
No capítulo seguinte será apresentada a plataforma Quantum, que foi a ferramenta
escolhida como objeto deste estudo.
CAPÍTULO III
PLATAFORMA QUANTUM
I – Conceito
A plataforma Quantum é um sistema gerenciador de informações que permite a
administração de cursos e disciplinas da mesma forma que a secretaria de uma
universidade. A matrícula, a freqüência, as notas e a participação dos alunos podem ser
verificadas como se fosse em curso presencial. Ela oferece ferramentas de interação,
comunicação, informação e conteúdo que auxiliam e facilitam o processo de ensinoaprendizagem.
Segundo Haguenauer (2003) a equipe do CEDERJ quando idealizou a plataforma
sentiu a necessidade de adotar um sistema capaz de atender ao modelo pedagógico
desenvolvido pela instituição e que pudesse ser utilizada também pelas universidades
consorciadas. Esta plataforma deveria atender aos objetivos acadêmicos e ao mesmo tempo
aos objetivos administrativos, ou seja, teria que administrar o processo de ensinoaprendizagem, além de servir de instrumento de matrícula, acompanhamento e avaliação
dos alunos (usuários ou não da Internet).
A plataforma foi desenvolvida pela equipe técnica da empresa SEMEAR e contou
com o suporte de três equipes de testagem de desenho lógico, de projeto físico e de
ambiente virtual.
As equipes de testagem são ligadas ao LATEC – Laboratório de Pesquisa em
Tecnologias da Informação e da Comunicação que conseqüentemente é ligada aos
programas de pós-graduação em Educação. O LATEC vem estudando a Plataforma
Quantum com o objetivo de produzir uma análise ampla de suas funcionalidades, além de
discutir as metodologias de ensino mais adequadas ao seu uso. A equipe da UFRJ conta
atualmente com e cinco pesquisadores envolvidos com o estudo de Ambientes Virtuais de
Aprendizagem.
II - Ferramentas e Funcionalidades
As ferramentas são recursos disponíveis na plataforma no formato de links que
possuem funções específicas e ações bem definidas. Seu objetivo é facilitar a interação e
comunicação e promover a aprendizagem entre os personagens envolvidos neste contexto.
De um grupo de ferramentas disponíveis na plataforma apenas foram selecionadas as que
iriam de fato ser utilizadas, pelo grupo de estudo envolvido, podendo em outro estudo ser
selecionadas um gama maior ou menor de ferramentas. A seguir são apresentadas as suas
respectivas funções:
Esta figura apresenta um número maior de ferramentas do que as de fato foram usadas na
plataforma.
Agenda: calendário onde são registrados pelo coordenador os eventos e informações, tais
como: época para matrícula, datas de exames, horário de bate-papo (chat), data de início e
termino do evento divulgado etc.
Bibliografia: local onde são armazenados os títulos e resumos dos livros, artigos, teses,
revistas e outros materiais utilizados no curso.
Textos de Apoio: local onde são apresentados links com sinopses para webpages indicados
no curso.
Chat: ambiente de debates em tempo real (comunicação síncrona), onde é possível
conversar com alunos, tutores e professores. Ao entrar no chat o participante tem uma visão
de todos que estão conectados à Internet e pode ter uma conversa reservada com apenas um
ou todos os integrantes da sala. Também pode ser chamado de bate-papo.
E-mail: ferramenta utilizada para enviar mensagens com a possibilidade de anexar arquivos
para os usuários da plataforma. Apresenta os contatos dos integrantes a relação de todos os
participantes. Para enviar uma mensagem basta apenas selecionar um integrante da lista de
distribuição.
FAQ (Frequently Asked Questions): banco de perguntas e respostas mais freqüentes
disponíveis para consulta a qualquer momento, que é alimentada pelo professor.
Fórum: recurso utilizado para a realização de debates sobre o tema proposto. Permite que
tanto professores como alunos mostrem suas idéias e opiniões acerca dos assuntos
propostos. O fluxo de comunicação do fórum é de todos para todos e, neste caso, deve ser
feito através do ambiente, ou seja, é preciso estar conectado ao curso.
Mural: É um espaço destinado para a divulgação de informações, onde existe a opção de
permitir ao aluno que coloque mensagens também.
Quadro de avisos: espaço oficial onde somente os professores e coordenadores podem
colocar recados e avisos para os alunos.
Tira dúvidas: Área específica para a exposição das dúvidas do aluno para posterior
esclarecimento pelo professor.
Quem está on-line: apresenta a lista dos usuários que se encontram conectados à
plataforma.
No próximo capítulo seguinte serão abordadas as análises dos dados coletados.
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DE DADOS
I - Contexto
A análise dos dados deste estudo baseou-se em três pilares: no diagnóstico do
contexto das disciplinas Ensino a Distância e Anatomia para Educação Física, nas
impressões dos respectivos alunos e nos registros das observações.
Para coletar essas informações foram realizadas entrevistas com as professoras que
utilizam a plataforma, aplicados questionários aos alunos da disciplina Ensino a Distância e
registradas as observações feitas durante a minha participação como aluna especial na
referida disciplina.
Mazzotti & Gewandsznajder (1999) afirmam que as pesquisas qualitativas
costumam usar várias maneiras de obter seus dados. Quando buscamos diferentes maneiras
para investigar um mesmo ponto, estamos usando uma forma de triangulação.
Realizou-se a triangulação dos dados para respaldar e ampliar as percepções sobre o
objeto estudado. Ao buscar diferentes instrumentos de coleta é possível obter múltiplas
percepções sobre o fenômeno.
II - Entrevistas
Segundo Mazzotti & Gewandsznajder (1999) a entrevista permite tratar de temas
complexos que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente através de
questionários. A entrevista pode ser a principal técnica de coleta de dados ou pode, ser
parte integrante da observação participante.
O advento de novas tecnologias ofereceu à pesquisa o gravador como um excelente
objeto de trabalho. Este tipo de instrumento na entrevista permite ao pesquisador recolher a
informação na íntegra, no entanto, a sua utilização apresenta vantagens e desvantagens, tais
como: riqueza dos detalhes, conservação dos dados e inibição transmitida ao entrevistado.
Queiroz (1983) afirma que apesar do gravador oferecer uma ampliação do poder de
registro ao pesquisador, esta técnica não pode ser considerada a única fonte de resgate dos
dados.
“A fita do gravador é produto perecível que necessita ser
armazenado em determinadas condições para salvaguardar
sua durabilidade. É verdade que o papel é também um
produto perecível, mas suas condições de reprodução e de
armazenamento são muito mais fáceis e menos onerosas às
da fita gravada, embora ocupe muito mais espaço do que
esta”. (Quivy, ano: página).
Na análise das entrevistas optou-se por não revelar a identidade das professoras que
contribuíram com a pesquisa, tendo em vista que o objetivo central deste trabalho é
diagnosticar a percepção, contribuição e experiência das entrevistadas em relação ao uso do
ambiente virtual de aprendizagem, então para identificá-las, nomeei-as de professoras A e
B.
É importante ressaltar que as entrevistadas utilizam a plataforma Quantum com
objetivos diferentes. A professora Alfa realiza pesquisa na área de tecnologias da
informação e comunicação há cinco anos, possuindo assim um olhar crítico sobre o
assunto. Já a professora Beta utiliza a plataforma com um foco diferente, pois não
desenvolve nenhum estudo na área e a utiliza apenas como complementação ao ensino da
sala-de-aula.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada
constituída por um roteiro com oito perguntas que orientaram todo processo. Com este
instrumento o pesquisador interfere de “tempos em tempos”, ou seja, quando existem
lacunas nas respostas do entrevistado ou aspectos que mereçam maiores aprofundamentos.
Análise da entrevista da professora Alfa:
Referente a motivação inicial que impulsionou o desenvolvimento das atividades
acadêmicas com o apoio do ambiente virtual de aprendizagem, a professora Alfa disse que
foi uma evolução, pois já trabalhava com outras mídias no suporte ao ensino. Quando a
UFRJ começou a utilizar a Internet, ela iniciou pesquisas nessa área até se dedicar em
tempo integral ao ensino e à pesquisa.
O aspecto de maior peso levado em consideração pela professora Alfa para
organizar a plataforma é o perfil do público-alvo. Se o aluno não pertence à faculdade de
educação, a plataforma será apenas um complemento ao ensino, caso contrário, será o
aspecto central, como afirma a entrevistada: "Na verdade o que interessa é em que medida
este recurso é útil para o aluno...". O segundo ponto analisado é se o aluno está na fase
inicial ou final do curso, pois isso influencia na flexibilidade ou não das atividades.
Em relação à linguagem adotada na comunicação com os alunos na plataforma ser
distinta ou não da linguagem da sala de aula tradicional, a entrevistada falou que existem
três aspectos. O primeiro é a utilização da linguagem multimídia interativa, pois é possível
combinar fotos, vídeo, desenho estático ou animado e texto, podendo o aluno interagir,
anexando arquivos em diferentes mídias. O segundo aspecto diz respeito às ferramentas da
plataforma. A professora, referindo-se a escrita do documento, afirma: "... o texto passa a
ser mais curto, mais coloquial do que um texto técnico (na apostila ou no livro), no
entanto, ao mesmo tempo este texto é mais formal do que a linguagem coloquial verbal". A
conseqüência prática desta escrita é a obtenção do equilíbrio entre as formas referidas
anteriormente. O terceiro aspecto faz alusão às diferenças entre o discurso planejado com
antecedência (fiel à sua forma original) ocorrido na plataforma e o presencial o qual é
passível de mudanças de acordo com os questionamentos e dúvidas levantadas pela turma.
Isto não quer dizer que na plataforma não ocorram indagações por parte dos alunos, porém
não são estes que conduzem, na maioria das vezes, o tema.
No tocante às dificuldades encontradas para o bom desenvolvimento das atividades
relacionadas à plataforma, a professora citou que eles estão relacionados à infra-estrutura
apresentada pela faculdade, pois os poucos recursos disponibilizados são insuficientes para
todos os alunos e, além disso, é muito difícil obtê-los através das leis de incentivo à
pesquisa, devido à grande demanda. Ela apontou que com três anos de uso, as máquinas
ficam obsoletas, neste sentido a dificuldade é a falta de financiamento e a burocracia
encontrada dentro da própria Faculdade, assim como o processo de tramitação.
Segundo a professora Alfa é possível desenvolver um ensino de qualidade seguindo
os pressupostos da educação a distância, mas que é um erro comparar genericamente
educação presencial com educação a distância. A questão principal que deve ser levantada
neste caso é: a formação dos professores agregada ao uso das tecnologias e a dedicação ao
projeto pedagógico aplicado.
No que tange aos potenciais e limitações da EAD, a referida professora Alfafirma
que este tipo de educação é mais útil para a formação continuada ou formação de
profissionais em serviço. Para ela os jovens necessitam vivenciar a socialização e
convivência proporcionada pelas universidades. Segundo a mesma o termo EAD deverá
desaparecer e ser substituído por "ensino com apoio de tecnologias da informação e da
comunicação". A questão principal é o custo da tecnologia, pois a EAD não é mais barata
como muitos pregam. Observe a citação da professora: "Tenho bastante receio desta linha
de pensamento. Um mau professor faz um grande estrago (causa um grande prejuízo aos
seus alunos) durante a sua vida profissional, mas um mau professor, munido da ferramenta
amplificadora, que é o ensino a distância, causa um estrago muito maior”.
Segundo a professora Alfa, a avaliação realizada neste contexto, só é possível
depois da realização de testes e ajustes nas metodologias avaliativas existentes, pois elas
são mais do que suficientes. Apenas são necessários alguns ajustes nos modelos avaliativos,
tais como: avaliação da logística de implementação, da qualidade da infraestrutura, do grau
de interatividade do material didático etc.
No tocante ao preenchimento das lacunas do ensino presencial, ela aponta que a
EAD não deve ser vista com essa função, e sim como uma ótima oportunidade de valorizar
as metodologias existentes e de resgatar os pensadores da educação, suas filosofias e
propostas, como declara a entrevistada: "Acredito que o melhor não é apresentar o EAD em
contraposição ao ensino presencial ou compará-los diretamente". Segundo a professora
Alfa o que deve ser perguntado é o seguinte: "O que é ensino de qualidade? Qual a melhor
forma de avaliar? Qual a melhor estratégia de ensino aprendizagem para cada caso?". Se
estas perguntas forem respondidas a decisão sobre a modalidade educacional será uma
conseqüência, por isso faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas, o experimento de
diferentes estratégias e o conhecimento de estudos de caso.
Análise da entrevista da professora Beta:
Quando se refere à motivação que deu início às atividades no ambiente virtual de
aprendizagem, a professora Beta menciona que ela ocorreu pelo fato de querer oferecer
algum diferencial para o aluno e dar um suporte para o mesmo fora da universidade.
Ao organizar as atividades que serão realizadas pelos alunos, a professora Beta se
baseia no programa do curso que é planejado no início do semestre.
No que tange ao tipo de linguagem adotada para se comunicar com os alunos, a
entrevistada expôs que procura ser mais “carinhosa” e “atenciosa” para que os alunos se
sintam a vontade em participar, pois as ela acha que as máquinas tendem a "esfriar" as
relações humanas.
No que diz respeito às dificuldades apresentadas pela universidade que podem
atrapalhar o desenvolvimento do ensino semipresencial, ela diz que o problema maior é
referente ao acesso à Internet, pois a maioria dos alunos não possui computador e acessam a
rede da casa de parentes e / ou amigos. Neste caso os maiores obstáculos são o custo da
linha telefônica e a navegação lenta. Outro empecilho com o qual os alunos se deparam é
relativo à utilização dos computadores nos laboratórios de informática das faculdades, onde
as máquinas geralmente são antigas e danificadas.
Segundo a professora Beta é possível desenvolver um estudo de qualidade seguindo
os pressupostos da educação à distância, porém é muito importante haver encontros
presenciais como seminários e oficinas para haver a troca de aprendizado entre os
participantes. Inclusive nos pressupostos da Educação virtual, aspectos como integração e
socialização devem ser considerados tanto nas discussões em esfera macrosociais, bem
como nos planejamentos pedagógicos, como por exemplo, na elaboração de um plano de
aula.
A professora sustenta que os desafios do ensino a distância são: máquinas lentas e
analfabetismo digital. Determinados alunos nunca usaram computador e não possuem
muito menos e-mail. Por esse motivo alguns consideram a plataforma uma barreira. Outro
aspecto existente é a diferença de conhecimento na usabilidade do computador entre alunos
dos períodos iniciais e finais. Já os potenciais são associados às funcionalidades da
plataforma, tais como: acesso à sala de aula virtual, imagens em movimento que não teriam
o mesmo efeito se fossem impressas, vídeos e dúvidas tiradas a qualquer momento sem o
aluno precisar esperar a próxima aula para que isso aconteça.
Quanto ao parâmetro de avaliação concernente à perspectiva implementada, a
professora Beta descreveu o modelo por ela adotado na sala-de-aula, e disse que este deve
ser iniciado com uma auto-avaliação por parte dos alunos para que os mesmos saibam o seu
rendimento. Observe: "A avaliação final (principal) da disciplina tem que acontecer
presencialmente. Ela constitui-se em: 1ª prova + 2ª prova + jogos + plataforma. Dentro da
nota de jogos eu o avalio no sentido de como jogar e de como criar um jogo, já no quesito
plataforma eu observo tudo o que o aluno fez, e se o ele fez pelo menos 60% do que eu
passei, eu dou a nota total".
Quando a professora Beta faz menção ao preenchimento das lacunas do ensino
presencial através da educação a distância apoiada em tecnologias, a mesma alega que ter
acesso ao professor a qualquer hora e momento (“on-line”) é o fator diferencial desta
questão.
III – Questionários
Análise dos Questionários
O presente trabalho envolveu quinze alunos pertencentes ao mestrado do curso de
Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da UFRJ. Foram aplicados quinze
questionários, mas apenas oito foram respondidos.
O gráfico 1 buscava conhecer as expectativas dos alunos em relação à utilização da
plataforma: foi detectado que 1 (um) aluno achou excelente, 6 (seis) acharam bom, 1 (um)
achou indiferente e nenhum achou ruim. A partir da análise desses dados constatou-se que
apesar de ser um recurso novo e de pouco uso por parte dos alunos, a plataforma não sofreu
rejeição, pelo contrário, teve alto grau de aceitabilidade.
Gráfico 1
Utilização da plataforma Quantum
Indiferente 1
Ruim 0
Excelente 1
Bom 6
Ao analisar o gráfico 2, que apresenta os resultados relativos à importância do
ambiente virtual verificou-se que ele foi inovador para 7 (sete) alunos, pouco importante
para apenas 1 (um) e um obstáculo para nenhum.
Gráfico 2
O ambiente virtual de aprendizagem foi
Pouco importante 1
Um obstáculo 0
Inovador 7
Foi observado que as ferramentas mais utilizadas foram: quadro de avisos, fórum,
download, e-mail e bibliografia e as menos utilizadas tira dúvidas, mural e biblioteca. As
não utilizadas foram FAQ, mapa do site e chat. Constatou-se que as ferramentas mais
utilizadas tinham uma relação direta com as atividades promovidas pela professora Alfa
durante o semestre, conforme apresenta o gráfico 3.
Gráfico3
Ferramentas mais utilizadas
Tira dúvidas 1
Quadro de avisos 4
Faq 0
Mapa do site 0
Chat 0
Fórum 5
Mural 2
E-mail 4
Agenda 0
Download 4
Bibliografia 5
Biblioteca 3
Referente a contribuição da plataforma no aprendizado, todos os alunos foram
unânimes ao afirmarem que a plataforma ajudou no processo ensino-aprendizagem (gráfico
4).
Gráfico 4
Contribuição da plataforma no aprendizado
Não fez diferença 0
Atrapalhou 0
Ajudou 8
No gráfico 5, referente ao suposto uso da plataforma por outras disciplinas, os
alunos novamente foram unânimes ao afirmarem que gostariam que ela fosse utilizada em
outras matérias pelos respectivos professores.
Gráfico 5
Utilização do ambiente virtual de aprendizagem por
outras disciplinas
Não 0
Sim 8
Sobre as dificuldades encontradas, o gráfico 6 fornece os seguintes elementos para
análise: 2 (dois) disseram que foi no acesso à plataforma, 3 (três) no uso das ferramentas, 3
(três) não tiveram dificuldades e nenhum marcou a opção falta de familiaridade com o
computador.
Gráfico 6
Dificuldades encontradas
Não teve dificuldade 3
Falta de familiaridade
com o computador 0
No uso das ferramentas 3
No acesso à plataforma 2
Segundo o gráfico 7, navegação pelo ambiente, 3 (três) acharam adequada, 4
(quatro) simples e 1 (um) pouco complicada. Nenhum aluno achou muito complicada.
Esses dados indicam que o ambiente é de fácil navegação e que as prováveis dificuldades
são comuns a qualquer ambiente informatizado que não seja familiar.
Gráfico 7
A navegação pelo ambiente foi
Muito Complicada, fiquei
confuso(a) até o final 0
Pouco Complicada, pois levei
um tempo para me adaptar 1
Simples, consegui me
orientar desde o início 4
Adequada, porém levei um
tempo para me adaptar 3
Um dos fatores observados durante a minha passagem pela turma foi que os alunos
já detinham um conhecimento prévio sobre informática, pois utilizam com freqüência
recursos eletrônicos disponibilizados na Internet, como e-mail, sites de busca, bate-papo
entre outros.
Pôde-se concluir com a análise das entrevistas e dos questionários que a inserção de
um recurso tecnológico no contexto da sala-de-aula tradicional só tem a contribuir e
acrescentar ao processo de ensino-aprendizagem. Ele não é neutro, tem uma influência
positiva, pois promove a cultura colaborativa.
Os alunos da disciplina reagiram de forma positiva à utilização da plataforma,
percebeu-se que ela é um instrumento muito importante no auxílio às atividades
acadêmicas, dentre elas, pode-se destacar 1a pesquisa, pois os alunos alimentam com
freqüência o banco de dados da ferramenta textos de apoio documentos científicos
pesquisados pelos mesmos.
IV – Observações
Para Mazzotti & Gewandsznajder (1999), as observações de fatos, comportamentos
e cenários são valorizadas nas pesquisas qualitativas, mas este tipo de técnica não pode ser
a única fonte de informação, pois apresenta algumas desvantagens, como: abrangência
apenas dos seus próprios limites temporais e espaciais, enorme gasto de tempo na busca de
informações, alta dose de interpretação por parte do observador e interferência na situação
observada. No entanto, nenhuma das desvantagens apontadas constitui problema para este
tipo de pesquisa, pois os outros instrumentos utilizados na coleta de dados suprem as
lacunas deixadas.
As observações feitas no campo de pesquisa permitiram vislumbrar as informações
que não foram identificadas com a aplicação dos instrumentos de coleta de dados, como por
exemplo: identificação de comportamentos não-intencionais ou inconscientes, exploração
de questões polêmicas e registro do comportamento dos participantes. Estas observações se
caracterizaram por serem assistemáticas, ou seja, eram livres, não possuíam estrutura nem
roteiro estabelecido, pois os acontecimentos eram registrados de acordo com o
direcionamento dado pela professora Alfa e com a reação dos alunos.
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
I - Conclusão
Este estudo objetivou analisar as percepções dos atores envolvidos nesta
experiência, com vistas a identificar e entender como a utilização de um ambiente
educativo informatizado pode contribuir para a melhoria das práticas educacionais e a
promoção do aprendizado de qualidade. As análises das entrevistas, questionários e diário
de campo permitiram responder as seguintes questões:
•
Como os alunos participantes dessa modalidade de ensino percebem o impacto da
plataforma Quantum no processo de aprendizagem?
Com a coleta de dados diagnosticou-se que a professora Alfa apresentou relatos e
termos acerca do contexto em que a educação a distância via web está inserida. No entanto,
é interessante mencionar que o público-alvo já possuía um conhecimento prévio do assunto.
Percebeu-se que a plataforma Quantum não é uma ferramenta neutra, ao contrário, a
análise dos questionários indicou que ela teve uma relevante contribuição, pois em vários
momentos resgatou passagens importantes do universo vivenciado pelo educando, através
dos documentos salvos no banco de dados e do canal de comunicação criado entre alunos e
professores (alunos ↔ alunos ↔ professores). O canal de comunicação permitiu que os
questionamentos surgidos no decorrer da aula fossem respondidos assim que uma
mensagem fosse enviada para a professora. Este intercâmbio de conhecimentos e
experiências só foi possível através das ferramentas de comunicação e colaboração, como:
e-mail, chat, mural, quadro de avisos, fórum e tira-dúvidas.
É válido, ainda, destacar novamente que por parte dos alunos a utilização da
plataforma foi inovadora, ao ser utilizada por uma turma de mestrado de uma universidade
pública e a unanimidade ao apontarem que o ambiente contribuiu para o aprendizado, e que
o mesmo deveria ser utilizado por outras disciplinas, pois isso enriqueceria as futuras
práticas educativas.
•
Qual a percepção dos professores quanto à utilização da plataforma Quantum como
complemento das atividades desenvolvidas em sala-de-aula?
O interessante desta apreciação foi que ao analisar os discursos das respectivas
professoras foram identificadas diferentes abordagens, pois cada uma tinha um foco
diferente ao utilizar o ambiente de aprendizagem. A professora Alfa utilizava com foco na
pesquisa e a professora Beta com foco no suporte ao ensino.
A professora Alfa abordou questões importantes que foram fundamentais. Segundo
ela, para desenvolver esta prática dentro da universidade é preciso levar em consideração o
perfil do público-alvo e a infra-estrutura, pois estes aspectos influenciaram diretamente nas
estratégias utilizadas. Outra questão é a formação dos professores agregada ao uso das
tecnologias e a dedicação ao projeto pedagógico aplicado.
A avaliação, segundo a professora Alfa, realizada neste contexto só é possível
depois da realização de testes e ajustes nas metodologias avaliativas existentes
diferentemente da professora Beta, que não colocava a avaliação desta ferramenta como
foco principal e, sim como uma nota complementar.
Em relação às defasagens existentes no ensino presencial, a professora Alfa afirma
que o objetivo da plataforma não é suprir lacunas, mas sim complementar o aprendizado do
aluno e valorizar o papel da Educação.
Por fim, a professora Alfa apontou que é preciso estudar esta ferramenta dentro do
contexto da universidade para verificar a aceitabilidade da comunidade acadêmica, pois ela
é nova para este público. Isso nos leva a concluir que seria interesse ocorrer outras
experiências semelhantes com diferentes docentes da universidade, atingindo outras áreas
de conhecimento. Já a professora Beta não tem por objetivo verificar os potenciais e as
limitações desta ferramenta, diferentemente do que a professora Alfa acredita.
Concluiu-se que as práticas avaliativas devem apoiar-se nas metodologias de
avaliação existentes, a fim de garantir a qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
Outras formas de avaliação poderiam ser incluídas neste estudo, tais como:
avaliação do professor, do conteúdo disponibilizado, da funcionalidade técnica e
operacional dos recursos multimídia etc, entretanto, tais abordagens alargariam
demasiadamente esta investigação e podem em futuro próximo, serem abordadas em
estudos posteriores.
Estas breves considerações indicam o quanto é grande o potencial da Internet para a
educação e, por conseqüência, o benefício que podem ter todos que dela usufruírem.
II - Bibliografia
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“Universidade Virtual Pública no Brasil” Jornal da Ciência, ano 14, nº 428. Rio de Janeiro,
SBPC, 2000.
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 –Questionário
Anexo 2 – Entrevista
ANEXO 1
ANEXO 2
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