UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA EDUCAÇÃO APOIADA POR AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: EM BUSCA DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO por Flavia Nogueira Martins Rio de Janeiro, novembro de 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA EDUCAÇÃO APOIADA POR AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: EM BUSCA DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO Por Flavia Nogueira Martins Monografia apresentada à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia – Habilitação em Séries iniciais do Ensino Fundamental Orientador(a): Professora Doutora Ana Canen Rio de Janeiro, novembro de 2004 Aos Meus Pais Corina e Fuad e Irmãos Fuad e Raphael i AGRADECIMENTOS À Deus que durante este percurso proporcionou momentos de grandes alegrias. Aos meus pais Corina e Fuad pelo esforço e contribuição em todos os momentos da minha vida e aos meus irmãos Fuad e Raphael pelo amor que muitas vezes não expresso em palavras, mas em demonstrações de carinho e afeto. Aos meus tios Licia, Lidio e Olga e à minha prima Fabiana pela ajuda nas ocasiões oportunas que se traduziram em estímulos e incentivo para continuar. Às minhas amigas de turma Alessandra da Costa, Beatriz Gomes e Danielle Portilho pelos momentos de alegria e companheirismo durante e depois da graduação, além do infinito estímulo para a finalização deste estudo. Às minhas amigas de iniciação científica, Ana Lúcia, Fabricia e Marise que me proporcionaram grandes aprendizados enquanto jovens pesquisadoras. À minha grande orientadora Ana Canen que com paciência, estima e dedicação orientou este trabalho dando estímulo nos momentos de maior dificuldade. À professora, parecerista e amiga Cristina Haguenauer que não apenas apreciou com estima este trabalho, mas me incentivou enquanto jovem pesquisadora e durante vários anos e me apresentou ao universo da educação a distância. Aos professores Mabel Tarré e Reuber Scofano que me ensinaram muito além dos saberes acadêmicos, ensinando e orientando nos momentos de dúvida. Ao LATEC e ao PROEDES pelo espaço cedido para a elaboração deste trabalho. ii RESUMO Trata-se de um estudo que se debruçou na busca de um modelo avaliativo que se adequasse ao universo da educação apoiada por ambientes virtuais de aprendizagem. Para discorrer sobre avaliação buscou-se fundamentação no trabalho realizado por Canen (2000), no qual contextualiza a avaliação a aspectos sociais, abordando possíveis direções para condução de uma avaliação que fuja do caráter repressor e classificatório e Silva (1997) que analisa de forma alternativa a qualidade e os efeitos da utilização da hipermídia no processo de ensino-aprendizagem. Abordou-se também a receptividade dos alunos incluídos nesse novo processo, com o objetivo de identificar o grau de satisfação dos mesmos e a contribuição da plataforma Quantum na aprendizagem dos alunos. O objeto de estudo foi a disciplina de pós-graduação Educação a Distância, oferecida no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A metodologia de investigação utilizada foi o estudo de caso de cunho etnográfico. iii Página Capítulo I – Introdução 7 I - O Problema 7 II - Objetivos e Questões de Estudo 12 III - Metodologia 13 IV - Justificativa 16 Capítulo II - Referencial Teórico 17 I – Ensino e Tecnologias 17 II - Avaliação e Educação 22 III - Avaliação de Softwares 25 Capítulo III - Plataforma Quantum 28 I - Conceito 28 II - Ferramentas e Funcionalidades 29 Capítulo IV - Análise de Dados 37 I - Contexto 37 II - Entrevistas 38 III - Questionários 43 IV – Observações 48 Capítulo V - Considerações Finais 49 I - Conclusão 49 II - Referências Bibliográficas 52 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO I - O PROBLEMA Este estudo nasceu de reflexões surgidas durante a pesquisa Ambientes Educativos Informatizados1 desenvolvida no LATEC / UFRJ (Laboratório de Tecnologias da Informação e da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro) durantes os anos de 2001 e 2002, que tinha como objetivo verificar a contribuição dos ambientes virtuais na aprendizagem do aluno. A partir das situações vivenciadas no dia-a-dia da pesquisa e das leituras dos textos propostos, surgiram questionamentos e idéias sobre a mediação e a avaliação da aprendizagem dos alunos com a utilização da Plataforma Quantum - ambiente virtual de ensino e aprendizagem que tem por objetivo promover a constante troca de informações entre alunos, tutores e professores, além de proporcionar acesso aos recursos tecnológicos desenvolvidos para enriquecer o material didático. O questionamento que me levou a desenvolver este estudo foi: como avaliar os alunos inseridos no processo de ensino aprendizagem apoiados em ambientes virtuais de aprendizagem? O presente trabalho versa especificamente sobre a disciplina Ensino a Distância que pertence ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A disciplina é acessada por um ambiente informatizado presente na Internet, onde é possível entrar em contato com os conteúdos e ter uma interação com os atores (professores e alunos), durante o processo de ensino-aprendizagem. 1 Pesquisa coordenada pela professora doutora Cristina Jasbincheck Haguenauer, na qual fiz parte como bolsista de iniciação científica da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). A interação entre os participantes propicia a formação de comunidades virtuais de aprendizagem, o que leva a trocas de idéias e experiências, enriquecendo todo o processo. Através do ambiente os alunos constroem o conhecimento e os professores acompanham o processo fazendo as devidas intervenções. Isso cria uma rede colaborativa que ultrapassa as limitações físicas de uma sala-de-aula presencial. Dentro desse contexto alguns pré-conceitos são estabelecidos pela sociedade sobre a Educação apoiada na web, também chamada de e-learning2. O mito mais “popular” em relação à introdução das novas tecnologias na educação é o da substituição do professor pelo computador. No entanto, o computador nada mais é que uma ferramenta facilitadora da aprendizagem do aluno e da agilização e transmissão das informações por parte do professor. “Na cibercultura, o computador vai substituir o professor. Estou falando é claro do professor-transmissor de conteúdos, aquele das conhecidas fichas amareladas que serviam para todas as turmas e dos textos que deviam ser lidos sempre do mesmo modo, à prova de qualquer contexto. Aquele a quem cabia apresentar repetidamente conteúdos prontos a pessoas que não sabiam quase nada. Aquele que não permitia as vozes divergentes, a multiplicidade de olhares, as subjetividades criadoras” (Ramal, 2002: 189). Atualmente vivenciamos transformações nos diversos campos da sociedade, tais como: social, político, econômico etc. No entanto, o acesso às informações sistematizadas é realizado apenas por uma determinada camada da população. A outra parcela mal desfruta de uma sala-de-aula com condições mínimas para o aprendizado. A ampliação do ensino virtual é necessária, mas pode tomar dimensões desastrosas se for usada somente como uma estratégia para diminuir a exclusão social bem como para 2 Aprendizagem mediada pelo computador. elevar o nível de escolaridade (ensino fundamental e médio) dos brasileiros. A inclusão digital deve ser estimulada, porém é preciso que a implementação seja pautada em pesquisas e experiências. É necessário que a equipe envolvida identifique as limitações e os potenciais existentes e esteja alinhada aos objetivos de aprendizagem e às necessidades do público-alvo. De acordo com Blikstein e Zuffo (2003) não basta apenas introduzir tecnologias, é fundamental pensar em como elas são disponibilizadas, como o seu uso pode efetivamente desafiar as estruturas educacionais existentes em vez de reforçá-las. O papel das novas tecnologias não é solucionar todos os problemas da educação, pois a base de todos eles não é, necessariamente, a ausência de uma determinada tecnologia, mas sim oferecer instrumentos que proporcionem ao aluno uma educação de qualidade. A idéia de uma Educação para todos independentemente da classe social, não corrobora com o contexto da educação apoiada em tecnologias, pois é preciso pertencer a um determinado grupo ou classe social que possua o Capital Econômico e Simbólico necessários à aquisição desse conhecimento (Bourdieu, 2001). A existência de uma realidade desigual torna o computador uma ferramenta distante para a realidade de muitos estudantes corroborando com o pensamento de Castells (1999), quando afirma que “Na era da informação, a educação é elemento de progresso e de exclusão social”. Neste sentido Luckesi (1989), quando reflete sobre o papel da educação afirma que: “Certamente que a educação, nas suas mais diversas modalidades, não tem condições de sanear nossos múltiplos problemas nem satisfazer nossas mais variadas necessidades. Ela não salva a sociedade, porém, ao lado de outras instâncias sociais, ela tem um papel fundamental no processo de distanciamento da incultura, da acriticidade e na construção de um processo civilizatório mais digno do que este que vivemos”. (Luckesi, 1989:10). De acordo com as questões abordadas, a Plataforma Quantum é um recurso tecnológico inserido num contexto social, econômico e cultural que incorpora elementos excludentes, que por sua vez reforça o analfabetismo digital3 do qual fazem parte os indivíduos que não têm acesso computador. Em contrapartida a esta realidade, prevalecem também os sujeitos participantes desta nova modalidade de ensino, que embora quantitativamente não sejam tão expressivos, ocupam espaço no quadro educacional brasileiro, sendo necessário neste sentido aprofundar estudos sobre eles. Para avaliar a parcela incluída no processo ensino-aprendizagem, direcionou-se o foco dessa investigação aos sujeitos inseridos nesse contexto, utilizando a avaliação como um instrumento de transformação para apresentar o nível de satisfação dos alunos em relação à utilização da plataforma Quantum. Para isso, foram escolhidos para este estudo os alunos matriculados na disciplina Ensino a Distância pertencente ao Programa de PósGraduação em Educação (PPGE) da Faculdade de Educação (FE) do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Canen (2001), afirma que os instrumentos de avaliação interferem significativamente no processo de diagnóstico das construções cognitiva e sóciointeracional dos alunos, configurando-se como indicadores representativos para apontar ou não fenômenos de exclusão e inclusão social. Assim, a partir deste estudo, surgiram os seguintes questionamentos: • Como os alunos participantes dessa modalidade de ensino percebem o impacto da plataforma Quantum no processo de aprendizagem? 3 Termo utilizado para designar a pessoa que não possui conhecimentos na área de informática e não tem acesso às tecnologias de forma geral. • Qual a percepção dos professores quanto à utilização da plataforma Quantum como complemento das atividades desenvolvidas em sala-de-aula? Para discorrer sobre a avaliação dentro de uma perspectiva multicultural utilizou-se Canen (2001). A referida autora articula a avaliação a aspectos sociais mais amplos, abordando possíveis alternativas para a condução de uma avaliação que fuja do caráter repressor e classificatório, incorporando a diversidade cultural em suas propostas. Para analisar o desenvolvimento de modelos avaliativos aplicados ao uso da tecnologia educacional, dialogou-se principalmente com Silva (1997), que analisa de forma alternativa, a qualidade e os efeitos da utilização da hipermídia no processo de ensinoaprendizagem. II – OBJETIVOS E QUESTÕES DE ESTUDO Buscou-se analisar os modelos avaliativos propostos na plataforma Quantum, a qual teve o papel de contribuir para a melhora do ensino e fornecer subsídios no primeiro semestre letivo de 2003, durante o curso da disciplina Educação a Distância que faz parte da grade curricular do curso de mestrado da Faculdade de Educação da UFRJ, onde verificou-se a contribuição deste recurso tecnológico na aprendizagem dos alunos. Para isso, procurou-se responder às seguintes questões: • Como os alunos receptores dessa modalidade de avaliação percebem o impacto desse processo na sua aprendizagem? • Qual a percepção dos professores quanto à utilização da plataforma Quantum como complemento das atividades desenvolvidas em sala-de-aula? III – METODOLOGIA Utilizou-se neste estudo a metodologia de Estudo de Caso de Cunho Etnográfico, pois ela atendeu aos objetivos propostos no projeto de pesquisa. De acordo com André (1998), a pesquisa etnográfica é caracterizada por fazer uso de técnicas que tradicionalmente são associadas à etnografia, ou seja, à observação participante, à entrevista intensiva e a análise de documentos. A observação participante é a técnica em que observador participa das atividades, registrando-as em seu diário e avaliando-as em função de seu tema de pesquisa. As entrevistas por sua vez, têm a finalidade de aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados, a partir das percepções dos sujeitos. Os documentos são usados no sentido de contextualizar o fenômeno, explicitar suas vinculações mais profundas e completar as informações coletadas através de outras fontes. Outra característica importante desse tópico de pesquisa é a ênfase no processo, naquilo que está ocorrendo e não no resultado final. Neste tipo de pesquisa as perguntas freqüentemente utilizadas são: • O que caracteriza esse fenômeno? • O que está acontecendo nesse momento? • Como tem evoluído? O período de tempo em que o pesquisador mantém contato direto com a situação estudada pode variar desde algumas semanas, até meses ou anos. A duração é conseqüência da dedicação, disponibilidade de tempo, experiência no trabalho de campo etc. O pesquisador faz uso de uma grande quantidade de dados descritivos, situações, pessoas, ambientes, depoimentos, diálogos que são por ele reconstruídos e formas de palavras ou transcrições. De certa maneira o estudo de caso enfatiza o conhecimento particular. Enfim, a pesquisa etnográfica busca a formulação de hipóteses, conceitos, abstrações, teorias e não sua testagem. Para isso faz uso de um plano de trabalho aberto e flexível, em que os focos da investigação vão sendo constantemente revistos, as técnicas de coleta reavaliadas, os instrumentos reformulados e os fundamentos teóricos repensados. Este tipo de pesquisa tem por objetivo é a descoberta de novos conceitos, novas relações e novas formas de entendimento da realidade. Para que seja reconhecido como um estudo de caso etnográfico é preciso que preencha os requisitos da etnografia, ou seja, que seja um sistema bem delimitado. Como aluna especial4 da disciplina Educação a Distância durante o primeiro semestre de 2003, pude observar com um olhar mais apurado, o cotidiano vivenciado na turma escolhida para a observação. Participando das atividades propostas pela professora em sala-de-aula e registrei passagens importantes. Além do registro dessas informações, foram utilizados dois instrumentos diferentes na coleta de dados. Para coletar dados referentes aos professores foram realizadas entrevistas semiestruturadas5 e para os alunos foram aplicados questionários estruturados com perguntas fechadas que permitiram perceber nos discursos evidenciados e nas respostas fornecidas, dados e nuances que expressaram as crenças e práticas dos atores envolvidos quanto ao uso das tecnologias como ferramenta de suporte e colaboração. Como critério de validação, procurou-se realizar a triangulação dos dados, definida por Lûdke & André (1986), utilizando-se, pelo menos, três instrumentos na coleta das informações: • questionários envolvendo oito alunos matriculados na disciplina; • entrevistas realizadas com duas professoras da UFRJ que utilizam a plataforma Quantum como complemento ao ensino em sala de aula; 4 Denominação dada ao aluno interessado em cursar disciplinas isoladas e que não está regularmente matriculado no curso em que deseja participar. Um aluno especial torna-se regular somente após aprovação em processo seletivo, e caso ocorra a aprovação nesse processo e na disciplina cursada, o crédito obtido pode ser revalidado. 5 Segundo Mazzotti & Gewandsznajder (1999) as entrevistas semiestruturadas “...também chamadas focalizadas, o entrevistador faz perguntas, mas também deixa que o entrevistado responda em seus próprios termos.” (p. 168) • análise de documentos com base nos registros das contribuições dadas em sala de aula pelos alunos, pela professora e pelos convidados6. Segundo Quivy (1995), a investigação não se limita a um instrumento, como por exemplo, o questionário. Envolve também a utilização de métodos necessários para o desenvolvimento da pesquisa, no que se refere também ao desvendamento a perspectiva do sujeito: “... uma série de perguntas relativas a sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, às suas expectativas, ao seu nível de conhecimento ou de consciência de um acontecimento ou de um problema, ou ainda sobre qualquer outro ponto que interesse” (Quivy, 1995, p: 188). O questionário (anexo 1) continha sete perguntas fechadas que buscavam diagnosticar a receptividade dos alunos quanto à utilização desse novo recurso tecnológico, apresentando o grau de satisfação e uma avaliação informal do ambiente virtual pelos alunos, além de responder às questões levantadas inicialmente, utilizando as seguintes variáveis: a) utilização e navegação na plataforma Quantum; b) contribuição da plataforma no aprendizado; c) facilidades e dificuldades encontradas. As entrevistas (anexo 2) realizadas com as professoras foi orientada por um roteiro de oito perguntas fechadas, que buscaram saber: como a plataforma orienta ou não as práticas educativas dos professores, bem como as limitações encontradas e os potenciais a serem desenvolvidos, e finalmente como é realizado o processo de avaliação. 6 Palestrantes convidados pela professora. IV – JUSTIFICATIVA Este estudo tem a modesta intenção de contribuir para que a implementação de futuros projetos educacionais na área da educação apoiada em tecnologias, sejam experiências bem sucedidas, exemplos de qualidade e eficiência, proporcionando assim novas formas de acesso ao conhecimento que também são viáveis através da educação apoiada por tecnologias. De acordo com a portaria do MEC nº 2.253 de 18 de outubro de 2001 proclamada pelo então Ministro da Educação Paulo Renato Souza, que normatiza os procedimentos de autorização para oferta de disciplinas na modalidade não-presencial em cursos de graduação reconhecidos, 20% da carga horária das disciplinas presencias podem ser realizadas sob a forma de atividades não-presenciais. Essa portaria orienta as práticas educativas a terem uma proposta inclusiva, com o intuito de abranger uma parcela cada vez maior da população. Por isso, faz-se necessário então, o estudo desta nova modalidade de ensino. CAPÍTULO II REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo aborda questões relevantes sobre o cenário em que a educação apoiada por tecnologias, também chamada de e-learning ou educação a distância via web, está inserida, tais como conceituação, benefícios e limitações. Aborda também conceitos sobre a avaliação e a educação e a avaliação de softwares, além das metodologias avaliativas coerentes ao contexto abordado, tais como: avaliação diagnóstica, formativa, somativa e de reação. I – Ensino e Tecnologias É notável a influência e o impacto das tecnologias no contexto educacional, principalmente no que diz respeito às tecnologias da informação e comunicação. A Internet e suas ferramentas estão cada vez mais presentes nos processos educacionais, sejam eles presenciais ou à distância. A educação a distância via web vem ganhando espaço nesse contexto, pois agrega as seguintes vantagens: velocidade da informação, redução de custos e flexibilização de tempo e espaço. Os cursos a distância são projetados para atingir alunos dispersos geograficamente, oferecendo-lhes maior flexibilidade de horário e atendendo a diversos ritmos de aprendizagem. Os processos de ensino-aprendizagem exclusivamente baseados ou complementarmente apoiados nas redes e ambientes digitais interativos se tornaram tão comuns, que em um futuro próximo que será inconcebível pensar em educação sem eles. O inciso III do artigo 47 da LDB (Leis de Diretrizes e Bases) caracteriza a educação a distância por um processo de ensino-aprendizagem realizado com mediação docente e que utiliza recursos didáticos sistematicamente organizados que são apresentados em diferentes suportes tecnológicos de informação e comunicação, os quais podem ser utilizados de forma isolada ou combinadamente, sem a freqüência obrigatória de alunos e professores. Segundo Neto (1998) a EAD começou no Brasil em 1923 com a radiodifusão, através da iniciativa de Edgard Roquette Pinto e um grupo de professores e intelectuais que fundaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, transformada em 1936 em rádio Ministério da Educação e Cultura (Rádio MEC). Em dezembro de 1995 foi criada a Secretaria de Educação a Distância – SEED / MEC com os objetivos de valorizar o papel da EAD na implantação de uma nova cultura educacional; contribuir para a melhoria da qualidade e eficiência da educação básica e desenvolver programas para a formação e capacitação permanente de professores e programas de formação profissional. A universidade como formadora de opinião e gestora do conhecimento tem um papel fundamental na construção das práticas educacionais, principalmente quando o assunto tratado é de vanguarda. Ela é o berço das grandes pesquisas e pode somar importante contribuição para o amadurecimento desta prática no cenário educacional brasileiro. “... o primeiro agrupamento humano que tomou consciência de estar criando uma inteligência coletiva foi a universidade, com as comunidades de cientistas especialistas de vários paises que estudam simultaneamente o mesmo tema. Isso se tornou possível porque a produção do conhecimento e os avanços científicos estão fortemente embasados na colaboração”.(Levy, 2003: página). O e-learning é uma instância da EAD apoiada nas tecnologias da Internet. A sua expansão tem se dado não somente nos ambientes acadêmicos e nas estruturas tradicionais de ensino, mas também no âmbito das empresas que passaram a vislumbrar mais uma possibilidade para capacitação e aperfeiçoamento dos seus funcionários. O e-learning representa, uma possibilidade de educação continuada para as pessoas que querem dar seqüência aos estudos. Para Rosenberg (2002), o e-learning refere-se à utilização das tecnologias da Internet com o objetivo de fornecer um amplo conjunto de soluções que melhoram o conhecimento e o desempenho. Pode-se perceber que além da introdução de novas tecnologias de aprendizagem, o e-learning está impulsionando também uma mudança de paradigmas nos modelos de ensino, que já vem sendo discutida há algum tempo por profissionais da educação. Os alunos e os professores precisam ser capacitados para essa nova prática educativa. É preciso olhar com desconfiança para as iniciativas que tratam a educação online como a mera transposição da sala de aula para o mundo virtual. É importante analisar as situações com mais especificidade, para entender os seus reais benefícios e poder considerar os riscos envolvidos no processo. É possível combinar o conteúdo e os materiais didáticos existentes com as novas tecnologias, pois elas não excluem as anteriores. Segundo Belloni (1999), a utilização de recursos de hipermídia e hipertexto proporciona um aprendizado mais atraente do ponto de vista visual e não linearizado, o que permite ao aluno aprender de acordo com sua necessidade e curiosidade. Nesta perspectiva, Coelho (2000) discute a democratização afirmando que a educação à distância poderá contribuir decisivamente para universalizar, democratizar e agilizar a educação em todos os níveis no Brasil. No entanto, alerta que esta modalidade pode submeter-se ao imediatismo do setor privado. Entre os benefícios que esse tipo de educação oferece destacam-se: a flexibilidade curricular e a ampliação do poder de atendimento a uma demanda crescente que procura os cursos superiores. A EAD pode contribuir, mas exige seriedade, competência e visão crítica de seus limites. É importante ressaltar que, atualmente, muitos profissionais atuantes no mercado de trabalho têm suas necessidades atendidas no que diz respeito à formação continuada com cursos de extensão e / ou pós-graduação produzidos sob medida e que atendem a grandes empresas através de cursos via web, pois não dispendem essas pessoas do ambiente de trabalho, possibilitando-lhes a oportunidade de um estudo de qualidade. A virtualidade na educação, segundo Ramos (2000), nasceu das chamadas Universidades Corporativas, que são instituições voltadas para a educação permanente, com poucas instalações físicas, operando em sistema virtual, com base no conceito de que o aprendizado deve ocorrer a qualquer hora em qualquer lugar. Uma das pioneiras desse modelo de universidade foi a General Eletric, nos EUA que criou em 1955 a Contronville. Vale ressaltar, que nos últimos 10 anos, essas instituições passaram de 400 (quatrocentos) para cerca de 2000 (dois mil). No Brasil, as Universidades Corporativas surgiram copiando o modelo de suas matrizes como: a Motorola, o Banco de Boston e a Ford, ou criando suas próprias experiências a exemplo da Algar e da Alcoa. Observa-se, ainda, que diversas unidades corporativas vêm buscando parcerias com as universidades tradicionais para validar os diplomas de seus cursos, a fim de aproveitar créditos e proporcionar aos funcionários credenciais com grande valor curricular. Em meio à disseminação dessa tecnologia, os objetivos da formação educacional para Roitman (2000) parecem oportunos, pois perseguem uma estrutura curricular e pedagógica que possa resultar em qualidade no ensino de massa, oferecer formação básica sólida que possa facilitar a reciclagem e, sobretudo, não perder de vista que a universidade deve continuar a ser a grande geradora de conhecimento. Entre os cursos de educação à distância criados no Brasil, destacam-se: A UniRede (Universidade Virtual Pública do Brasil) e os do CEDERJ (Centro Universitário de Ensino a Distância do Estado do Rio de Janeiro). A UniRede (Universidade Virtual Pública do Brasil), é o consórcio de 70 instituições públicas de ensino superior que tem por objetivo democratizar o acesso à educação de qualidade por meio da oferta de cursos a distância. A proposta abrange os níveis de graduação, pós-graduação, extensão e educação continuada, de acordo com o Termo de Adesão (Protocolo de Intenções) que criou a UniRede. O consórcio possibilitou a cooperação entre universidades e escolas técnicas, evitando o isolamento e duplicidade entre suas iniciativas. Entre outros avanços, também desobrigou o pagamento de direitos autorais pela disseminação de metodologias, tecnologias e conteúdos elaborados nas instituições. Todas as consorciadas têm experiência na área de educação a distância, motivo pelo qual a universidade virtual recebe o apoio dos ministérios da Educação (MEC), da Ciência e Tecnologia (MCT) e outros parceiros. A parceria com o MEC, por exemplo, possibilitou a estruturação de um ambicioso programa de educação à distância, o “TV na Escola e os Desafios de Hoje”, para habilitar professores da rede pública do ensino fundamental e médio ao uso de TV e vídeo nas atividades pedagógicas. Outro curso, “Formação em Educação a Distância”, cujo objetivo é capacitar educadores de nível superior para a estruturação de cursos a distância, com previsão de atender a 100 mil alunos por ano. Essas e outras ações da UniRede são coordenadas pelo Comitê Gestor e pelo Conselho de Representantes da instituição. O CEDERJ foi criado através do protocolo firmado pelo governador Antony Garotinho, o secretário de C&T / RJ e os reitores das Universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro - UFRJ, UFF, UERJ, UFRRJ e UENF em 18 de março de 2002, e hoje responde pela Fundação CECIERJ/ Consórcio CEDERJ, a qual foi criada a partir da união da autarquia do Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro - CECIERJ e o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro - CEDERJ. Essas considerações mostram a importância e o espaço que a educação a distância vem conquistando no cenário da educação brasileira, mas ao mesmo tempo, indicam a necessidade de se proceder à avaliação desses processos para garantir sua qualidade e seu caráter democratizador. Para isso veremos na próxima seção, a avaliação e seus pressupostos. II – Avaliação e Educação A palavra avaliação se origina do latim e significa “dar valor a...”, ou seja, não está ligada à prática de medir a aprendizagem em números no final de um semestre letivo, o que é muito recorrente em muitas instituições de ensino. A maneira ideal de avaliar é ao longo do processo de ensino-aprendizagem onde é possível promover e acompanhar a participação, a interação, a comunicação, a leitura, a escrita, os conhecimentos adquiridos entre outros aspectos importantes que devem ser desenvolvidos pelo aluno. O ato de avaliar deve-se resumir no resgate da aprendizagem construída pelo aluno no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, o objetivo maior é a assimilação e a interpretação dos fatos. “Pensar em avaliação, é pensar em três aspectos que dela fazem parte: ‘o que’ avaliar, ‘como’ avaliar e ‘para que’ avaliar. O que avaliar: noções ‘decoradas’ ou construção do conhecimento? Como avaliar: através de uma prova final ou por acompanhamento contínuo, formativo? Para que avaliar: para ‘classificar’ em aprovados e reprovados ou para diagnosticar universos culturais, dificuldades a superar e promover aprendizagem e crescimento de alunos e professores?” (Canen, 2001:16). Os instrumentos de avaliação são utilizados para ajudar professores e detectar pontos falhos no diálogo entre professores e alunos, para futuramente se auto-avaliarem, buscando corrigir falhas, modificar práticas e incentivar o desenvolvimento das potencialidades de seus alunos. Avaliar é sinônimo de melhorar, e esta melhoria se refere ao aluno, ao currículo, ao professor e à escola. Neste sentido é compreendida “como um processo, voltado ao aprimoramento das práticas cotidianas de ensino-aprendizagem, levando em conta a realidade concreta dos alunos no contexto escolar” (Canen, 2001: página). A avaliação deve ser contínua e integrada, ou seja, deve ser realizada sempre que possível, evitando a rotina das situações de provas, na qual o aluno é medido somente em uma situação específica, abdicando de tudo aquilo o que foi realizado em sala de aula. A observação é muito importante para o professor na realização da avaliação contínua. De acordo com Luckesi (1999), a avaliação praticada na escola é a da culpa, onde as notas são usadas para fundamentar a classificação de alunos, onde são comparados desempenhos e não objetivos que devem ser atingidos. Para Perrenoud (2000), as classificações escolares refletem, em algumas circunstâncias, desigualdades de competências. Compreender as manifestações da prática avaliativa é ao mesmo tempo compreender aquilo que nela está oculto. Avaliar exige a definição de metas, critérios e procedimentos. Para Luckesi (1999), o valor da avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao professor desafiá-lo a superar as dificuldades e continuar progredindo na construção do conhecimento. Modificar a forma de avaliar implica, também, na reformulação do processo didático-pedagógico, deslocando a idéia da avaliação do ensino para a avaliação da aprendizagem. Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação-reflexão, através de um acompanhamento permanente do professor junto ao aluno durante o processo de aprendizagem. Dessa forma os alunos formados serão seres críticos e participativos na construção do seu próprio conhecimento. • Avaliação Diagnóstica Seu objetivo é verificar o conhecimento prévio do aluno a fim de promover o desenvolvimento e ampliação, assim como buscar a identificação das causas pedagógicas ou não dos repetidos fracassos de aprendizagem, encaminhando o aluno, se for necessário, a outros especialistas (psicólogos, orientadores, pedagogos etc). • Avaliação Formativa É avaliação focada na verificação dos conhecimentos dos alunos. Seu objetivo é mensurar os níveis de aprendizagem, focando na formação cognitiva, técnica e humana e acompanhar o processo de aprendizagem do aluno. Para isso são utilizadas provas objetivas e dissertativas, seminários, trabalhos em grupo, diário de classe, conselho de classe entre outros. • Avaliação Somativa Tem por objetivo identificar a aprendizagem efetivamente ocorrida ao final do período de aprendizagem, visando refletir os resultados obtidos em momentos específicos, traduzindo de forma breve o quanto a meta estabelecida foi atingida. • Avaliação de Reação Tem por objetivo verificar a satisfação dos alunos quanto ao aprendizado ocorrido, deve possuir espaço aberto para sugestões e comentários dos participantes e sua aplicação deve ocorrer antes do encerramento do período letivo. Esse tipo de avaliação deve possuir questões objetivas, facilitando assim a compreensão do aluno. A identificação do avaliador é facultativa para deixá-lo à vontade a expressar suas opiniões. III - Avaliação de Softwares Silva (1997), em sua tese de doutorado, propôs de forma alternativa avaliar os softwares utilizados no contexto educacional, de modo a registrar as potencialidades e as limitações da utilização da hipermídia no processo de ensino-aprendizagem nos cursos universitários. Neste estudo verificou, que a avaliação dos efeitos do emprego da hipermídia não é apenas uma tecnologia potencialmente útil para a educação, é uma ferramenta cognitiva poderosa, especialmente se usada em ambientes construtivistas de aprendizagem. Existem diferentes formas de definir avaliação educacional que variam de acordo com a abordagem adotada. A avaliação voltada para o produto, realizada por especialistas, não é suficiente para determinar a eficácia de um software para uso educacional, sendo fundamental assim, avaliar o software em ambientes reais de aprendizagem. Neste contexto, a avaliação pode assumir diferentes papéis que incluem: • análise de necessidades; • refino de metas e objetivos; • documentação de atividades; • melhoria de programas e produtos; • estimativa de eficácia e impacto; • estimativa de custos. Segundo Silva (1997), aplicar o conceito de qualidade ao software, é difícil, pois é preciso que todas as características do produto estejam equiparadas. Ela define como o conjunto de propriedades a serem satisfeitas em determinado grau de maneira a atender às necessidades dos usuários, como por exemplo: a qualidade de especificação, de projeto, de programa etc. A qualidade do software deve ser observada desde a sua elaboração. A dificuldade de se avaliar aumenta, no caso do produto ser voltado para fins educacionais. Existem diferentes modalidades neste contexto: exercício e prática, tutoriais, simulações, jogos, hipertexto / hipermídia, e sistemas baseados em conhecimento. Como estas modalidades apresentam características diferentes, conseqüentemente serão necessários critérios de avaliação específicos para cada um deles. Características que contribuem para que o software educacional seja de baixa qualidade: • despreparo de pessoal na área educacional; • pressão mercadológica dos fabricantes; • produção descentralizada do foco do ensino; • pouca quantidade de horas destinadas para o desenvolvimento e implementação; • dificuldade de montagem de uma equipe multidisciplinar para o desenvolvimento de um trabalho cooperativo. Usuários do software educacional: • desenvolvedores; • mantenedores; • professores / tutores; • alunos. A qualidade para cada categoria varia de acordo com o ponto de vista de vista destes diferentes usuários. A avaliação voltada para o produto consiste na descrição e apreciação crítica do software educacional por especialistas, que freqüentemente utilizam uma lista de verificação e seguem um conjunto de procedimentos para guiar esse processo. Neste tipo de avaliação não é necessária uma situação real. Já na avaliação voltada para o usuário, deseja-se avaliar os efeitos do programa no “público” que o utiliza, sendo necessária aplicação em ambientes reais de aprendizagem. Neste caso, os seguintes itens devem ser avaliados: • interação entre o usuário e o programa; • níveis de adaptação; • motivações; • efetividade da aprendizagem; • receptividade do usuário em relação ao software. O objetivo principal do processo avaliativo descrito é analisar a eficiência dos processos de aprendizagem envolvidos no uso do software educacional pelos alunos. Silva (1997), afirma que os estudos que apresentaram este nível de avaliação fizeram uso de uma abordagem experimental, onde há comparação entre os resultados da aprendizagem com o uso do software com o método tradicional. As metodologias avaliativas abordadas neste capítulo, se aplicadas ao longo do processo de aprendizagem podem contribuir para melhorias das práticas educativas. No capítulo seguinte será apresentada a plataforma Quantum, que foi a ferramenta escolhida como objeto deste estudo. CAPÍTULO III PLATAFORMA QUANTUM I – Conceito A plataforma Quantum é um sistema gerenciador de informações que permite a administração de cursos e disciplinas da mesma forma que a secretaria de uma universidade. A matrícula, a freqüência, as notas e a participação dos alunos podem ser verificadas como se fosse em curso presencial. Ela oferece ferramentas de interação, comunicação, informação e conteúdo que auxiliam e facilitam o processo de ensinoaprendizagem. Segundo Haguenauer (2003) a equipe do CEDERJ quando idealizou a plataforma sentiu a necessidade de adotar um sistema capaz de atender ao modelo pedagógico desenvolvido pela instituição e que pudesse ser utilizada também pelas universidades consorciadas. Esta plataforma deveria atender aos objetivos acadêmicos e ao mesmo tempo aos objetivos administrativos, ou seja, teria que administrar o processo de ensinoaprendizagem, além de servir de instrumento de matrícula, acompanhamento e avaliação dos alunos (usuários ou não da Internet). A plataforma foi desenvolvida pela equipe técnica da empresa SEMEAR e contou com o suporte de três equipes de testagem de desenho lógico, de projeto físico e de ambiente virtual. As equipes de testagem são ligadas ao LATEC – Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação que conseqüentemente é ligada aos programas de pós-graduação em Educação. O LATEC vem estudando a Plataforma Quantum com o objetivo de produzir uma análise ampla de suas funcionalidades, além de discutir as metodologias de ensino mais adequadas ao seu uso. A equipe da UFRJ conta atualmente com e cinco pesquisadores envolvidos com o estudo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. II - Ferramentas e Funcionalidades As ferramentas são recursos disponíveis na plataforma no formato de links que possuem funções específicas e ações bem definidas. Seu objetivo é facilitar a interação e comunicação e promover a aprendizagem entre os personagens envolvidos neste contexto. De um grupo de ferramentas disponíveis na plataforma apenas foram selecionadas as que iriam de fato ser utilizadas, pelo grupo de estudo envolvido, podendo em outro estudo ser selecionadas um gama maior ou menor de ferramentas. A seguir são apresentadas as suas respectivas funções: Esta figura apresenta um número maior de ferramentas do que as de fato foram usadas na plataforma. Agenda: calendário onde são registrados pelo coordenador os eventos e informações, tais como: época para matrícula, datas de exames, horário de bate-papo (chat), data de início e termino do evento divulgado etc. Bibliografia: local onde são armazenados os títulos e resumos dos livros, artigos, teses, revistas e outros materiais utilizados no curso. Textos de Apoio: local onde são apresentados links com sinopses para webpages indicados no curso. Chat: ambiente de debates em tempo real (comunicação síncrona), onde é possível conversar com alunos, tutores e professores. Ao entrar no chat o participante tem uma visão de todos que estão conectados à Internet e pode ter uma conversa reservada com apenas um ou todos os integrantes da sala. Também pode ser chamado de bate-papo. E-mail: ferramenta utilizada para enviar mensagens com a possibilidade de anexar arquivos para os usuários da plataforma. Apresenta os contatos dos integrantes a relação de todos os participantes. Para enviar uma mensagem basta apenas selecionar um integrante da lista de distribuição. FAQ (Frequently Asked Questions): banco de perguntas e respostas mais freqüentes disponíveis para consulta a qualquer momento, que é alimentada pelo professor. Fórum: recurso utilizado para a realização de debates sobre o tema proposto. Permite que tanto professores como alunos mostrem suas idéias e opiniões acerca dos assuntos propostos. O fluxo de comunicação do fórum é de todos para todos e, neste caso, deve ser feito através do ambiente, ou seja, é preciso estar conectado ao curso. Mural: É um espaço destinado para a divulgação de informações, onde existe a opção de permitir ao aluno que coloque mensagens também. Quadro de avisos: espaço oficial onde somente os professores e coordenadores podem colocar recados e avisos para os alunos. Tira dúvidas: Área específica para a exposição das dúvidas do aluno para posterior esclarecimento pelo professor. Quem está on-line: apresenta a lista dos usuários que se encontram conectados à plataforma. No próximo capítulo seguinte serão abordadas as análises dos dados coletados. CAPÍTULO IV ANÁLISE DE DADOS I - Contexto A análise dos dados deste estudo baseou-se em três pilares: no diagnóstico do contexto das disciplinas Ensino a Distância e Anatomia para Educação Física, nas impressões dos respectivos alunos e nos registros das observações. Para coletar essas informações foram realizadas entrevistas com as professoras que utilizam a plataforma, aplicados questionários aos alunos da disciplina Ensino a Distância e registradas as observações feitas durante a minha participação como aluna especial na referida disciplina. Mazzotti & Gewandsznajder (1999) afirmam que as pesquisas qualitativas costumam usar várias maneiras de obter seus dados. Quando buscamos diferentes maneiras para investigar um mesmo ponto, estamos usando uma forma de triangulação. Realizou-se a triangulação dos dados para respaldar e ampliar as percepções sobre o objeto estudado. Ao buscar diferentes instrumentos de coleta é possível obter múltiplas percepções sobre o fenômeno. II - Entrevistas Segundo Mazzotti & Gewandsznajder (1999) a entrevista permite tratar de temas complexos que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente através de questionários. A entrevista pode ser a principal técnica de coleta de dados ou pode, ser parte integrante da observação participante. O advento de novas tecnologias ofereceu à pesquisa o gravador como um excelente objeto de trabalho. Este tipo de instrumento na entrevista permite ao pesquisador recolher a informação na íntegra, no entanto, a sua utilização apresenta vantagens e desvantagens, tais como: riqueza dos detalhes, conservação dos dados e inibição transmitida ao entrevistado. Queiroz (1983) afirma que apesar do gravador oferecer uma ampliação do poder de registro ao pesquisador, esta técnica não pode ser considerada a única fonte de resgate dos dados. “A fita do gravador é produto perecível que necessita ser armazenado em determinadas condições para salvaguardar sua durabilidade. É verdade que o papel é também um produto perecível, mas suas condições de reprodução e de armazenamento são muito mais fáceis e menos onerosas às da fita gravada, embora ocupe muito mais espaço do que esta”. (Quivy, ano: página). Na análise das entrevistas optou-se por não revelar a identidade das professoras que contribuíram com a pesquisa, tendo em vista que o objetivo central deste trabalho é diagnosticar a percepção, contribuição e experiência das entrevistadas em relação ao uso do ambiente virtual de aprendizagem, então para identificá-las, nomeei-as de professoras A e B. É importante ressaltar que as entrevistadas utilizam a plataforma Quantum com objetivos diferentes. A professora Alfa realiza pesquisa na área de tecnologias da informação e comunicação há cinco anos, possuindo assim um olhar crítico sobre o assunto. Já a professora Beta utiliza a plataforma com um foco diferente, pois não desenvolve nenhum estudo na área e a utiliza apenas como complementação ao ensino da sala-de-aula. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada constituída por um roteiro com oito perguntas que orientaram todo processo. Com este instrumento o pesquisador interfere de “tempos em tempos”, ou seja, quando existem lacunas nas respostas do entrevistado ou aspectos que mereçam maiores aprofundamentos. Análise da entrevista da professora Alfa: Referente a motivação inicial que impulsionou o desenvolvimento das atividades acadêmicas com o apoio do ambiente virtual de aprendizagem, a professora Alfa disse que foi uma evolução, pois já trabalhava com outras mídias no suporte ao ensino. Quando a UFRJ começou a utilizar a Internet, ela iniciou pesquisas nessa área até se dedicar em tempo integral ao ensino e à pesquisa. O aspecto de maior peso levado em consideração pela professora Alfa para organizar a plataforma é o perfil do público-alvo. Se o aluno não pertence à faculdade de educação, a plataforma será apenas um complemento ao ensino, caso contrário, será o aspecto central, como afirma a entrevistada: "Na verdade o que interessa é em que medida este recurso é útil para o aluno...". O segundo ponto analisado é se o aluno está na fase inicial ou final do curso, pois isso influencia na flexibilidade ou não das atividades. Em relação à linguagem adotada na comunicação com os alunos na plataforma ser distinta ou não da linguagem da sala de aula tradicional, a entrevistada falou que existem três aspectos. O primeiro é a utilização da linguagem multimídia interativa, pois é possível combinar fotos, vídeo, desenho estático ou animado e texto, podendo o aluno interagir, anexando arquivos em diferentes mídias. O segundo aspecto diz respeito às ferramentas da plataforma. A professora, referindo-se a escrita do documento, afirma: "... o texto passa a ser mais curto, mais coloquial do que um texto técnico (na apostila ou no livro), no entanto, ao mesmo tempo este texto é mais formal do que a linguagem coloquial verbal". A conseqüência prática desta escrita é a obtenção do equilíbrio entre as formas referidas anteriormente. O terceiro aspecto faz alusão às diferenças entre o discurso planejado com antecedência (fiel à sua forma original) ocorrido na plataforma e o presencial o qual é passível de mudanças de acordo com os questionamentos e dúvidas levantadas pela turma. Isto não quer dizer que na plataforma não ocorram indagações por parte dos alunos, porém não são estes que conduzem, na maioria das vezes, o tema. No tocante às dificuldades encontradas para o bom desenvolvimento das atividades relacionadas à plataforma, a professora citou que eles estão relacionados à infra-estrutura apresentada pela faculdade, pois os poucos recursos disponibilizados são insuficientes para todos os alunos e, além disso, é muito difícil obtê-los através das leis de incentivo à pesquisa, devido à grande demanda. Ela apontou que com três anos de uso, as máquinas ficam obsoletas, neste sentido a dificuldade é a falta de financiamento e a burocracia encontrada dentro da própria Faculdade, assim como o processo de tramitação. Segundo a professora Alfa é possível desenvolver um ensino de qualidade seguindo os pressupostos da educação a distância, mas que é um erro comparar genericamente educação presencial com educação a distância. A questão principal que deve ser levantada neste caso é: a formação dos professores agregada ao uso das tecnologias e a dedicação ao projeto pedagógico aplicado. No que tange aos potenciais e limitações da EAD, a referida professora Alfafirma que este tipo de educação é mais útil para a formação continuada ou formação de profissionais em serviço. Para ela os jovens necessitam vivenciar a socialização e convivência proporcionada pelas universidades. Segundo a mesma o termo EAD deverá desaparecer e ser substituído por "ensino com apoio de tecnologias da informação e da comunicação". A questão principal é o custo da tecnologia, pois a EAD não é mais barata como muitos pregam. Observe a citação da professora: "Tenho bastante receio desta linha de pensamento. Um mau professor faz um grande estrago (causa um grande prejuízo aos seus alunos) durante a sua vida profissional, mas um mau professor, munido da ferramenta amplificadora, que é o ensino a distância, causa um estrago muito maior”. Segundo a professora Alfa, a avaliação realizada neste contexto, só é possível depois da realização de testes e ajustes nas metodologias avaliativas existentes, pois elas são mais do que suficientes. Apenas são necessários alguns ajustes nos modelos avaliativos, tais como: avaliação da logística de implementação, da qualidade da infraestrutura, do grau de interatividade do material didático etc. No tocante ao preenchimento das lacunas do ensino presencial, ela aponta que a EAD não deve ser vista com essa função, e sim como uma ótima oportunidade de valorizar as metodologias existentes e de resgatar os pensadores da educação, suas filosofias e propostas, como declara a entrevistada: "Acredito que o melhor não é apresentar o EAD em contraposição ao ensino presencial ou compará-los diretamente". Segundo a professora Alfa o que deve ser perguntado é o seguinte: "O que é ensino de qualidade? Qual a melhor forma de avaliar? Qual a melhor estratégia de ensino aprendizagem para cada caso?". Se estas perguntas forem respondidas a decisão sobre a modalidade educacional será uma conseqüência, por isso faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas, o experimento de diferentes estratégias e o conhecimento de estudos de caso. Análise da entrevista da professora Beta: Quando se refere à motivação que deu início às atividades no ambiente virtual de aprendizagem, a professora Beta menciona que ela ocorreu pelo fato de querer oferecer algum diferencial para o aluno e dar um suporte para o mesmo fora da universidade. Ao organizar as atividades que serão realizadas pelos alunos, a professora Beta se baseia no programa do curso que é planejado no início do semestre. No que tange ao tipo de linguagem adotada para se comunicar com os alunos, a entrevistada expôs que procura ser mais “carinhosa” e “atenciosa” para que os alunos se sintam a vontade em participar, pois as ela acha que as máquinas tendem a "esfriar" as relações humanas. No que diz respeito às dificuldades apresentadas pela universidade que podem atrapalhar o desenvolvimento do ensino semipresencial, ela diz que o problema maior é referente ao acesso à Internet, pois a maioria dos alunos não possui computador e acessam a rede da casa de parentes e / ou amigos. Neste caso os maiores obstáculos são o custo da linha telefônica e a navegação lenta. Outro empecilho com o qual os alunos se deparam é relativo à utilização dos computadores nos laboratórios de informática das faculdades, onde as máquinas geralmente são antigas e danificadas. Segundo a professora Beta é possível desenvolver um estudo de qualidade seguindo os pressupostos da educação à distância, porém é muito importante haver encontros presenciais como seminários e oficinas para haver a troca de aprendizado entre os participantes. Inclusive nos pressupostos da Educação virtual, aspectos como integração e socialização devem ser considerados tanto nas discussões em esfera macrosociais, bem como nos planejamentos pedagógicos, como por exemplo, na elaboração de um plano de aula. A professora sustenta que os desafios do ensino a distância são: máquinas lentas e analfabetismo digital. Determinados alunos nunca usaram computador e não possuem muito menos e-mail. Por esse motivo alguns consideram a plataforma uma barreira. Outro aspecto existente é a diferença de conhecimento na usabilidade do computador entre alunos dos períodos iniciais e finais. Já os potenciais são associados às funcionalidades da plataforma, tais como: acesso à sala de aula virtual, imagens em movimento que não teriam o mesmo efeito se fossem impressas, vídeos e dúvidas tiradas a qualquer momento sem o aluno precisar esperar a próxima aula para que isso aconteça. Quanto ao parâmetro de avaliação concernente à perspectiva implementada, a professora Beta descreveu o modelo por ela adotado na sala-de-aula, e disse que este deve ser iniciado com uma auto-avaliação por parte dos alunos para que os mesmos saibam o seu rendimento. Observe: "A avaliação final (principal) da disciplina tem que acontecer presencialmente. Ela constitui-se em: 1ª prova + 2ª prova + jogos + plataforma. Dentro da nota de jogos eu o avalio no sentido de como jogar e de como criar um jogo, já no quesito plataforma eu observo tudo o que o aluno fez, e se o ele fez pelo menos 60% do que eu passei, eu dou a nota total". Quando a professora Beta faz menção ao preenchimento das lacunas do ensino presencial através da educação a distância apoiada em tecnologias, a mesma alega que ter acesso ao professor a qualquer hora e momento (“on-line”) é o fator diferencial desta questão. III – Questionários Análise dos Questionários O presente trabalho envolveu quinze alunos pertencentes ao mestrado do curso de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da UFRJ. Foram aplicados quinze questionários, mas apenas oito foram respondidos. O gráfico 1 buscava conhecer as expectativas dos alunos em relação à utilização da plataforma: foi detectado que 1 (um) aluno achou excelente, 6 (seis) acharam bom, 1 (um) achou indiferente e nenhum achou ruim. A partir da análise desses dados constatou-se que apesar de ser um recurso novo e de pouco uso por parte dos alunos, a plataforma não sofreu rejeição, pelo contrário, teve alto grau de aceitabilidade. Gráfico 1 Utilização da plataforma Quantum Indiferente 1 Ruim 0 Excelente 1 Bom 6 Ao analisar o gráfico 2, que apresenta os resultados relativos à importância do ambiente virtual verificou-se que ele foi inovador para 7 (sete) alunos, pouco importante para apenas 1 (um) e um obstáculo para nenhum. Gráfico 2 O ambiente virtual de aprendizagem foi Pouco importante 1 Um obstáculo 0 Inovador 7 Foi observado que as ferramentas mais utilizadas foram: quadro de avisos, fórum, download, e-mail e bibliografia e as menos utilizadas tira dúvidas, mural e biblioteca. As não utilizadas foram FAQ, mapa do site e chat. Constatou-se que as ferramentas mais utilizadas tinham uma relação direta com as atividades promovidas pela professora Alfa durante o semestre, conforme apresenta o gráfico 3. Gráfico3 Ferramentas mais utilizadas Tira dúvidas 1 Quadro de avisos 4 Faq 0 Mapa do site 0 Chat 0 Fórum 5 Mural 2 E-mail 4 Agenda 0 Download 4 Bibliografia 5 Biblioteca 3 Referente a contribuição da plataforma no aprendizado, todos os alunos foram unânimes ao afirmarem que a plataforma ajudou no processo ensino-aprendizagem (gráfico 4). Gráfico 4 Contribuição da plataforma no aprendizado Não fez diferença 0 Atrapalhou 0 Ajudou 8 No gráfico 5, referente ao suposto uso da plataforma por outras disciplinas, os alunos novamente foram unânimes ao afirmarem que gostariam que ela fosse utilizada em outras matérias pelos respectivos professores. Gráfico 5 Utilização do ambiente virtual de aprendizagem por outras disciplinas Não 0 Sim 8 Sobre as dificuldades encontradas, o gráfico 6 fornece os seguintes elementos para análise: 2 (dois) disseram que foi no acesso à plataforma, 3 (três) no uso das ferramentas, 3 (três) não tiveram dificuldades e nenhum marcou a opção falta de familiaridade com o computador. Gráfico 6 Dificuldades encontradas Não teve dificuldade 3 Falta de familiaridade com o computador 0 No uso das ferramentas 3 No acesso à plataforma 2 Segundo o gráfico 7, navegação pelo ambiente, 3 (três) acharam adequada, 4 (quatro) simples e 1 (um) pouco complicada. Nenhum aluno achou muito complicada. Esses dados indicam que o ambiente é de fácil navegação e que as prováveis dificuldades são comuns a qualquer ambiente informatizado que não seja familiar. Gráfico 7 A navegação pelo ambiente foi Muito Complicada, fiquei confuso(a) até o final 0 Pouco Complicada, pois levei um tempo para me adaptar 1 Simples, consegui me orientar desde o início 4 Adequada, porém levei um tempo para me adaptar 3 Um dos fatores observados durante a minha passagem pela turma foi que os alunos já detinham um conhecimento prévio sobre informática, pois utilizam com freqüência recursos eletrônicos disponibilizados na Internet, como e-mail, sites de busca, bate-papo entre outros. Pôde-se concluir com a análise das entrevistas e dos questionários que a inserção de um recurso tecnológico no contexto da sala-de-aula tradicional só tem a contribuir e acrescentar ao processo de ensino-aprendizagem. Ele não é neutro, tem uma influência positiva, pois promove a cultura colaborativa. Os alunos da disciplina reagiram de forma positiva à utilização da plataforma, percebeu-se que ela é um instrumento muito importante no auxílio às atividades acadêmicas, dentre elas, pode-se destacar 1a pesquisa, pois os alunos alimentam com freqüência o banco de dados da ferramenta textos de apoio documentos científicos pesquisados pelos mesmos. IV – Observações Para Mazzotti & Gewandsznajder (1999), as observações de fatos, comportamentos e cenários são valorizadas nas pesquisas qualitativas, mas este tipo de técnica não pode ser a única fonte de informação, pois apresenta algumas desvantagens, como: abrangência apenas dos seus próprios limites temporais e espaciais, enorme gasto de tempo na busca de informações, alta dose de interpretação por parte do observador e interferência na situação observada. No entanto, nenhuma das desvantagens apontadas constitui problema para este tipo de pesquisa, pois os outros instrumentos utilizados na coleta de dados suprem as lacunas deixadas. As observações feitas no campo de pesquisa permitiram vislumbrar as informações que não foram identificadas com a aplicação dos instrumentos de coleta de dados, como por exemplo: identificação de comportamentos não-intencionais ou inconscientes, exploração de questões polêmicas e registro do comportamento dos participantes. Estas observações se caracterizaram por serem assistemáticas, ou seja, eram livres, não possuíam estrutura nem roteiro estabelecido, pois os acontecimentos eram registrados de acordo com o direcionamento dado pela professora Alfa e com a reação dos alunos. CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS I - Conclusão Este estudo objetivou analisar as percepções dos atores envolvidos nesta experiência, com vistas a identificar e entender como a utilização de um ambiente educativo informatizado pode contribuir para a melhoria das práticas educacionais e a promoção do aprendizado de qualidade. As análises das entrevistas, questionários e diário de campo permitiram responder as seguintes questões: • Como os alunos participantes dessa modalidade de ensino percebem o impacto da plataforma Quantum no processo de aprendizagem? Com a coleta de dados diagnosticou-se que a professora Alfa apresentou relatos e termos acerca do contexto em que a educação a distância via web está inserida. No entanto, é interessante mencionar que o público-alvo já possuía um conhecimento prévio do assunto. Percebeu-se que a plataforma Quantum não é uma ferramenta neutra, ao contrário, a análise dos questionários indicou que ela teve uma relevante contribuição, pois em vários momentos resgatou passagens importantes do universo vivenciado pelo educando, através dos documentos salvos no banco de dados e do canal de comunicação criado entre alunos e professores (alunos ↔ alunos ↔ professores). O canal de comunicação permitiu que os questionamentos surgidos no decorrer da aula fossem respondidos assim que uma mensagem fosse enviada para a professora. Este intercâmbio de conhecimentos e experiências só foi possível através das ferramentas de comunicação e colaboração, como: e-mail, chat, mural, quadro de avisos, fórum e tira-dúvidas. É válido, ainda, destacar novamente que por parte dos alunos a utilização da plataforma foi inovadora, ao ser utilizada por uma turma de mestrado de uma universidade pública e a unanimidade ao apontarem que o ambiente contribuiu para o aprendizado, e que o mesmo deveria ser utilizado por outras disciplinas, pois isso enriqueceria as futuras práticas educativas. • Qual a percepção dos professores quanto à utilização da plataforma Quantum como complemento das atividades desenvolvidas em sala-de-aula? O interessante desta apreciação foi que ao analisar os discursos das respectivas professoras foram identificadas diferentes abordagens, pois cada uma tinha um foco diferente ao utilizar o ambiente de aprendizagem. A professora Alfa utilizava com foco na pesquisa e a professora Beta com foco no suporte ao ensino. A professora Alfa abordou questões importantes que foram fundamentais. Segundo ela, para desenvolver esta prática dentro da universidade é preciso levar em consideração o perfil do público-alvo e a infra-estrutura, pois estes aspectos influenciaram diretamente nas estratégias utilizadas. Outra questão é a formação dos professores agregada ao uso das tecnologias e a dedicação ao projeto pedagógico aplicado. A avaliação, segundo a professora Alfa, realizada neste contexto só é possível depois da realização de testes e ajustes nas metodologias avaliativas existentes diferentemente da professora Beta, que não colocava a avaliação desta ferramenta como foco principal e, sim como uma nota complementar. Em relação às defasagens existentes no ensino presencial, a professora Alfa afirma que o objetivo da plataforma não é suprir lacunas, mas sim complementar o aprendizado do aluno e valorizar o papel da Educação. Por fim, a professora Alfa apontou que é preciso estudar esta ferramenta dentro do contexto da universidade para verificar a aceitabilidade da comunidade acadêmica, pois ela é nova para este público. Isso nos leva a concluir que seria interesse ocorrer outras experiências semelhantes com diferentes docentes da universidade, atingindo outras áreas de conhecimento. Já a professora Beta não tem por objetivo verificar os potenciais e as limitações desta ferramenta, diferentemente do que a professora Alfa acredita. Concluiu-se que as práticas avaliativas devem apoiar-se nas metodologias de avaliação existentes, a fim de garantir a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Outras formas de avaliação poderiam ser incluídas neste estudo, tais como: avaliação do professor, do conteúdo disponibilizado, da funcionalidade técnica e operacional dos recursos multimídia etc, entretanto, tais abordagens alargariam demasiadamente esta investigação e podem em futuro próximo, serem abordadas em estudos posteriores. Estas breves considerações indicam o quanto é grande o potencial da Internet para a educação e, por conseqüência, o benefício que podem ter todos que dela usufruírem. II - Bibliografia BOURDIEU, Pierre. Escritos d Educação. Organização: Maria Alice Nogueira, Afrânio Catani. Rio de Janeiro, Vozes, 1998. BLIKSTEIN, Paulo e ZUFFO, Marcelo K. 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QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de, Das técnicas - Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva, São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas / USP, 1983. QUIVY, Raymond, CAMPENHOUDT, Lucvan. Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 1992. SILVA, C.M.T. Hipermídia na educação: desenvolvimento e abordagem alternativa para avaliação de qualidade e efeitos. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997. “Ensino Superior à Distância no RJ”. Jornal da Ciência, ano 14, nº 429. Rio de Janeiro, SBPC, 2000. “Universidade Virtual Pública no Brasil” Jornal da Ciência, ano 14, nº 428. Rio de Janeiro, SBPC, 2000. LISTA DE ANEXOS Anexo 1 –Questionário Anexo 2 – Entrevista ANEXO 1 ANEXO 2