UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA DA UFPB MESTRADO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO – DIAGNÓSTICO BUCAL ROSANA ARAÚJO ROSENDO AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA Cissus verticillata (L.), EM PORTADORES DE DIABETES MELITO TIPO 2, ATRAVÉS DA CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE NA SALIVA E NO SANGUE João Pessoa 2009 ROSANA ARAÚJO ROSENDO AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA Cissus verticillata (L.), EM PORTADORES DE DIABETES MELITO TIPO 2, ATRAVÉS DA CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE NA SALIVA E NO SANGUE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Diagnóstico Bucal. Orientador: Dr. Lino João da Costa João Pessoa 2009 FICHA CATALOGRÁFICA CATALOGAÇÃO NA FONTE Biblioteca Central - FIP Gr R813a ROSENDO, Rosana Araújo Avaliação da Eficácia da Cissus verticillata (L.), em Portadores de Diabetes Melito tipo 2, através da concentração de glicose na saliva e no sangue. / Rosana Araújo Rosendo.João Pessoa-PB , 2009. 95fls. il. Orientador: Dr. Lino João da Costa Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. 1 Cissus verticillata (L.). 2. Diabetes. 3. Saliva. I.Título II. Universidade Federal da Paraíba – UFPB. BC CDU: 616.314 Francisco das Chagas Leite – Bibliotecário CRB 15/0076 ROSANA ARAÚJO ROSENDO AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA Cissus verticillata (L.), EM PORTADORES DE DIABETES MELITO TIPO 2, ATRAVÉS DA CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE NA SALIVA E NO SANGUE Dissertação aprovada em de 2009 Banca Examinadora _____________________________________________ Prof. Dr. Lino João da Costa Orientador _____________________________________________ Profª. Dra. Margareth de Fátima Formiga de Melo Diniz Examinador Interno _____________________________________________ Profª. Dra. Cristina Ruan Ferreira de Araújo Examinador Externo “Deus imprimiu nas plantas, ervas, flores e frutas, hieróglifos que são a própria assinatura de suas virtudes.” Robert B. Turner Dedico este trabalho aos que dele participaram, desde quando era um sonho: Deus, por permiti-lo; Meus pais João Rosendo e Celiana pelo amor, apoio e exemplo de vida; Às minhas irmãs Hannah e Kaliana que sempre se fizeram presentes, apesar da distância; Ao meu esposo e amado Beethoven pela compreensão diante de minha ausência. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, primeiramente, por ter me gerado pela palavra da verdade, “pois pela graça que me é dada digo a cada um de vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um” e que “Se é um mistério seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação no ensino” (Rom. 12. 3-7). A Lino João da Costa o meu eterno agradecimento pela orientação, confiança, compreensão e apoio. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Estomatologia, pelo excelente desempenho na arte de ensinar; e aos professores e amigos Cláudia Helena Soares de Morais Freitas e Franklin Delano Soares Forte que sempre me apoiaram com uma palavra de conforto. Ao professor Fábio Correia Sampaio, que esteve ao meu lado, tirando minhas dúvidas e acreditando em um resultado positivo do que eu estava fazendo, apostando que, ao final, tudo daria certo, como, de fato, deu. Ao agrônomo e amigo Fernando Antônio Viana, do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (LTF)/UFPB que em nenhum momento exitou em me ajudar. Meu eterno agradecimento pelos importantes esclarecimentos na área de agronomia e pelo fornecimento cuidadoso do material botânico! Ao professor Demetrius Antônio Machado de Araújo por ter tornado possível a realização da parte laboratorial desta pesquisa no Laboratório de Biologia Molecular e Ecologia da UFPB. E às técnicas do laboratório Tereza Cristina Soares de Lima Grisi e Gláucia Veríssimo Fahenia Martins que me ajudaram, me transmitiram seus conhecimentos técnicos e sempre se mostraram solícitas e atenciosas comigo. Foi bom e enriquecedor trabalhar com vocês! Aos meus queridos e amados pais João Rosendo Filho e Celiana Araújo Rosendo, que me deram exemplo de caráter, humildade e verdade. Agradeço a Deus pela graça que tenho de conviver com vocês todos esses anos. Apenas queria dizer que o amor que sinto por vocês é verdadeiramente infinito e agradecer por sempre acreditarem em mim, em meu esforço e dedicação nos estudos e trabalho. Às minhas lindas irmãs Hannah e Kaliana, que estiveram ao meu lado dividindo minhas conquistas, angústias e vitórias. Vocês são dádivas preciosas que Deus colocou em minha vida. Ao meu esposo Beethoven dos Santos da Silva, a quem tenho apreço e admiração. Por todos os dias e noites que estive distante de você, meu amor, peço perdão. Às vezes, faz-se necessário a ausência física em prol da busca de conhecimentos e de um maior crescimento intelectual. Agradeço a sua compreensão, pois sem ela não teria conseguido chegar até aqui! À minha prima Keyla de Medeiros Araújo, por ter me ajudado com seus conhecimentos de bioquímica e farmácia, e por ter me cedido um dos instrumentos, sem o qual, eu não teria conseguido desenvolver esta pesquisa: a Centrífuga Excelsa Baby da Fanem do Brasil. A você, meus sinceros agradecimentos. Aos meus colegas de mestrado, com quem partilhei diversos momentos de aprendizagem, mas, sobretudo, às minhas amigas Ana Lúcia Furtado de Almeida Cavalcante e Rosalya Maria Coura que dividiram comigo intensos momentos de alegrias, tristezas, conquistas e vitórias. Vocês duas são muito especiais para mim! Às amigas Carolina Bezerra Cavalcanti Nóbrega e Roseane da Cunha Uchôa pelo apoio e ajuda na etapa final dessa pesquisa. Aos que participaram, de maneira direta ou indireta, desse estudo: meus familiares, amigos, funcionários da Universidade Federal da Paraíba, companheiros de trabalho, enfim, a todos que deram sua parcela de contribuição para que esse meu sonho se tornasse real. Ao Secretário Municipal de Saúde da cidade de Patos, Sr. José Francisco de Sousa, por ter consentido a realização dessa pesquisa nas Unidades de Saúde desse município. Aos médicos e enfermeiros do Programa Saúde da Família (PSF) do município de Patos, que participaram na triagem dos pacientes da pesquisa, sobretudo aos médicos Jorge Firmino, Theudas Barreto, Ralff Lopes, Urbano Fernandes e Olímpia Tirbutino; e as enfermeiras Luciane Saldanha, Rafaella Lucena, Geuvannynny Matos e Francimeire Bezerra. Aos pacientes portadores de Diabetes Melito Tipo 2 que participaram de meu estudo e que me receberam em suas casas, acreditando em meu trabalho e se mostrando sempre atenciosos, participativos e solícitos. Sem vocês nada disso teria sido possível. A APLAF – Comércio e Indústria Ltda., pela colaboração técnica na confecção dos sachês da planta, utilizados no experimento. Ao CNPQ, por viabilizar recursos financeiros para a realização dessa pesquisa. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO 17 2 REVISÃO DA LITERATURA 19 2.1 Diabetes Melito 19 2.1.1 Conceito e Epidemiologia 19 2.1.2 Etiologia e Classificação 21 2.1.3 Manifestações Sistêmicas 24 2.1.4 Manifestações Bucais 25 2.1.5 Diagnóstico 27 2.1.6 Complicações Agudas e Crônicas 29 2.1.7 Tratamento 31 2.2 Fitoterapia 33 2.2.1 Plantas Utilizadas no Tratamento do Diabetes Melito 36 2.3 Saliva 42 3 OBJETIVOS 48 3.1 Objetivo Geral 48 3.2 Objetivos Específicos 48 4 METODOLOGIA 49 4.1 Considerações Éticas 49 4.2 Caracterização Geral da Área de Estudo 49 4.3 População de Estudo 50 4.4 Critérios de Inclusão 51 4.5 Critérios de Exclusão 51 4.6 Desenvolvimento do Estudo 52 4.7 Instrumento de Coleta de Dados 52 4.8 Material Botânico Cissus verticillata (L.) (Vitaceae) 52 4.8.1 Obtenção dos “sachês do chá” de Cissus verticillata (L.) 53 4.8.2 Preparação do Infuso 54 4.9 Avaliação dos Voluntários 55 4.9.1 Glicemia 55 4.9.2 Coleta e Análise de Saliva 56 4.10 Análise Estatística 60 5 RESULTADOS 62 5.1 Caracterização da Amostra 62 5.2 Avaliação dos pacientes estudados segundo as taxas de Glicose no 64 Sangue 5.3 Avaliação dos pacientes estudados segundo as taxas de Glicose na Saliva 66 6 DISCUSSÃO 69 7 CONCLUSÔES 73 REFERÊNCIAS 74 APÊNDICES 89 Apêndice 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido 89 Apêndice 2 – Questionário utilizado para coleta de dados 91 Apêndice 3 – Ficha de Acompanhamento do Paciente 92 ANEXOS 93 Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética 93 Anexo 2 – Autorização do Secretário Municipal de Saúde 94 Anexo 3 – Identificação Botânica da Planta 95 LISTA DE ABREVIATURAS ADA American Diabetes Association CCEN Centro de Ciências Exatas e da Natureza CCS Centro de Ciências da Saúde DC Diabetes Controlada DL50 Dose Letal 50% DM Diabetes Melito DNC Diabetes Não Controlada ECA Enzima Conversora de Angiotensina EHA Extrato Hidroalcoólico FAF Fração Aquosa das Folhas HbA1c Hemoglobina Glicosilada IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LTF Laboratório de Tecnologia Farmacêutica MPO Mieloperoxidase OMS Organização Mundial de Saúde PSF Programa Saúde da Família RGT Reagente Enzimático SDT Padrão de Glicose SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica SPO Peroxidase Salivar SPSS Statistical Package for the Social Sciences SUS Sistema Único de Saúde UFPB Universidade Federal da Paraíba UV-VIS Ultravioleta e Visível LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Prevalência Mundial de Diabetes em 2025 20 FIGURA 2 Apresentação das folhas e frutos da Cissus verticillata (L.) 40 FIGURA 3 Mapa da Paraíba, demonstrando a localização da cidade de 50 Patos - PB FIGURA 4 Rendimento médio de 17% das folhas da planta 53 Cissus verticillata (L.) FIGURA 5 Sachês do chá de Cissus verticillata (L.), confeccionados pela 54 APLAF - São Paulo FIGURA 6 Infusão da planta Cissus verticillata (L.), administrada 54 diariamente pelos voluntários FIGURA 7 Kit GlucoDr Super Sensor 55 FIGURA 8 Coleta de saliva em repouso da paciente 56 FIGURA 9 Coleta de saliva estimulada da paciente 57 FIGURA 10 Eppendorfs contendo a saliva, em repouso e estimulada do 58 paciente, após centrifugação em centrífuga Excelsa Baby (Fanem Ltda) FIGURA 11 Kit GLUCOSE LIQUICOLOR da In Vitro Diagnóstica (Human do 59 Brasil®) FIGURA 12 Espectrofotômetro UV-VIS (ultravioleta e visível) BECKMAN DU 640®, com comprimento de onda de 500nm 60 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Classificação etiológica do Diabetes Melito 22 QUADRO 2 Principais plantas utilizadas para o Diabetes Melito no Brasil e 37 em João Pessoa - PB QUADRO 3 Classificação da espécie Cissus verticillata (L.) 38 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Critérios para o diagnóstico do Diabetes 28 TABELA 2 Composição média da saliva humana mista e valores normais 43 para o plasma TABELA 3 Distribuição da idade dos pacientes estudados segundo o 62 grupo, Patos - PB TABELA 4 Distribuição dos pacientes estudados considerando-se as 63 variáveis: estado civil, sexo e os hábitos de tabagismo e etilismo, segundo o grupo, Patos - PB TABELA 5 Distribuição dos pacientes estudados considerando-se as 64 variáveis: atividade física, uso da dieta, do adoçante artificial e de medicamentos, segundo o grupo, Patos - PB TABELA 6 Medidas descritivas da taxa de glicose no sangue (mg/dL) dos 65 pacientes estudados, segundo o tempo de avaliação e o grupo, Patos - PB TABELA 7 Medidas descritivas da taxa de glicose no sangue (mg/dL) - 66 inicial e final realizadas no laboratório - segundo o tempo de avaliação e o grupo, Patos - PB TABELA 8 Medidas descritivas das taxas de glicose na saliva (mg/dL) - em repouso e estimulada - segundo o tempo de avaliação e o grupo, Patos - PB 67 RESUMO ROSENDO, ROSANA ARAÚJO. Avaliação da Eficácia da Cissus verticillata (L.), em Portadores de Diabetes Melito Tipo 2, através da Concentração de Glicose na Saliva e no Sangue. (Dissertação). Programa de Pós-Graduação em Odontologia. CCS/UFPB, 2009. O estudo objetivou administrar o infuso das folhas de Cissus verticillata (L.) em pacientes portadores de diabetes melito tipo 2, para investigar a eficácia terapêutica desse vegetal nesses pacientes, através de testes de concentração de glicose na saliva e no sangue. Trata-se de um estudo clínico, experimental, comparativo e descritivo do tipo longitudinal, desenvolvido no município de Patos - PB. Na pesquisa foram incluídos pacientes de ambos os sexos, compreendidos na faixa etária entre 30 e 80 anos de idade, divididos em dois grupos, sendo um grupo controle que administrou a glibenclamida, e um grupo experimental que utilizou o infuso da Cissus verticillata (L.), em jejum, por um período de oito semanas. A avaliação clínica dos pacientes, de ambos os grupos, foi constituída da análise dos níveis de glicose no sangue e na saliva dos mesmos. Os resultados demonstraram que o infuso da Cissus verticillata (L.) foi capaz de produzir um efeito hipoglicemiante no grupo experimental. Os níveis salivares, quando coletados em repouso, apresentaram médias mais elevadas no grupo controle nas avaliações basal, 15 dias e 60 dias e, quando coletados sob estímulo mastigatório, apresentaram médias correspondentemente mais elevadas no grupo experimental, com exceção da avaliação basal, não se comprovando diferença significativa entre os grupos para nenhuma das avaliações (p > 0,05). A correlação entre a taxa de glicemia sangüínea capilar e a concentração de glicose salivar não foi observada no presente estudo. Descritores: Cissus verticillata (L.). Diabetes. Saliva. ABSTRACT ROSENDO, ROSANA ARAÚJO. Evaluation of the effectiveness of Cissus verticillata (L.) in people with Diabetes type 2 Melito, through the concentration of glucose in the blood and saliva. (Essay). Post-Graduate Program in Odontology. CCS/UFPB, 2009. The study objectived administer the infuso sheets Cissus verticillata (L.) in patients with diabetes type 2 melito, to investigate the therapeutic efficacy of this plant in these patients, by testing glucose concentration in the blood and saliva. It is a clinical experimental study, comparison and longitudinal type descriptive, developed in the municipal district of Patos-PB. Patients were included in the search for both sexes, included aged between 30 and 80 years old, divided into two groups, with a control group mid-cap glibenclamida and an experimental group used the infuso of Cissus verticillata (L.) in fasting, for a period of eight weeks. Clinical patient assessment, both groups, was formed from the analysis of the levels of glucose in the blood and saliva. The results showed that the infuso of Cissus verticillata (L.) was able to produce an effect hypoglycaem ic in experimental group. Salivary levels, when collected at rest, higher averages in basal assessments control group, 15 days and 60 days and, when collected under stimulus masticatory made correspondingly higher average in the experimental group, with the exception of basal, no assessment demonstrating significant difference between the groups to none of the trials (p > 0,05). The correlation between the rate of blood capillary blood glucose concentration and salivary was not observed in this study. Descriptors: Cissus verticillata (L.). Diabetes. Saliva. 17 1 INTRODUÇÃO O Diabetes Melito (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos (BRASIL, 2001a). A classificação do diabetes compreende os estágios clínicos e sua etiologia, sendo classificado como tipo 1, tipo 2, outros tipos específicos e diabetes gestacional (NUCCI, 2003). Os sinais e sintomas dessa doença incluem fome e sede, perda de peso, infecções urinárias freqüentes, grandes volumes urinários, cetoacidose, náuseas, vômitos, aterosclerose de grandes e pequenos vasos sangüíneos, insuficiência renal, diminuição brusca da acuidade visual, neuropatia generalizada, impotência sexual e úlceras em membros inferiores (LOMBA; LOMBA, 2005). Quanto ao tratamento do diabetes, a prevenção primária, no que se refere aos fatores de risco, se faz com um regime alimentar saudável e atividade física regular. Essas ações preventivas reduzem ou adiam as necessidades de atenção à doença. A prevenção secundária inclui diagnóstico precoce e tratamento apropriado. Controlar a hipertensão, o colesterol e os níveis de glicemia pode reduzir substancialmente o risco de complicações e desacelerar sua progressão (OPAS, 2003). As plantas sempre foram usadas como fontes de medicamentos para a doença. Parcela representativa da população brasileira vive em estado de pobreza ou miséria, em condições precárias de saneamento básico e saúde, agravadas por um quadro social onde poucos têm acesso à assistência médica especializada e à aquisição de medicamentos recorrendo, na maioria dos casos, à medicina alternativa através do uso de plantas medicinais. A espécie vegetal Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E. Jarvis, pertencente à família Vitaceae é conhecida popularmente como anil trepador, cipó-pucá, cortina japonesa, uva brava e insulina. As folhas são empregadas externamente contra o reumatismo e na cura de abscessos, e o infuso das folhas e do caule utilizadas por via oral, na inflamação muscular, epilepsia, derrame cerebral, hipertensão e ativadora da circulação sanguínea. Recentemente, esta espécie vem sendo muito empregada pela população para o tratamento de diabetes, sendo por isso conhecida 18 como “insulina” e motivo para estudos botânicos, químicos e farmacológicos no Brasil e no exterior (BELTRAME et al., 2001; PEPATO et al., 2003). Mediante a aprovação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, prevendo o tratamento com plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde – SUS, conforme disposto na Portaria 971 de 3 de Maio de 2006 do Ministério da Saúde; e da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos através do Decreto n° 5.813, de 22 de Junho de 2006 foi que nos propusemos a avaliar os efeitos produzidos pela Cissus verticillata (L.), em portadores de diabetes melito tipo 2, através da concentração de glicose na saliva e no sangue. 19 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Diabetes Melito 2.1.1 Conceito e Epidemiologia O diabetes melito é conceituado como uma patologia em que as concentrações de glicose plasmática encontram-se anormalmente elevadas e constantes, como resultado da deficiência absoluta ou relativa de insulina na presença do excesso absoluto ou relativo do glucagon. Tal alteração propicia uma série de alterações metabólicas, gerando uma doença multissistêmica e complicações graves (MARTINS, 2001). A palavra diabetes significa “sifão” (dia-: “passar através de”). Com esse nome, os antigos gregos designavam os indivíduos que eliminavam grande quantidade de urina, como se neles a água ingerida passasse por seus corpos sem se deter (COSTA; ALMEIDA NETO, 1998). O diabetes melito é um problema de saúde pública que afeta grandes contingentes populacionais, sendo considerado uma pandemia em expansão global (CARVALHO et al., 2003). A Federação Internacional de Diabetes (FID, 2003) calcula que 5,1% da população mundial adulta (20 a 79 anos de idade) está diabética e que essa cifra aumentará a 6,3% para o ano de 2025 (Figura 1). 20 Fonte: Federação Internacional de Diabetes, 2006. Figura 1: Prevalência Mundial de Diabetes em 2025. Com relação a esse crescimento, há duas preocupações centrais: a primeira é a de que boa parte dessa expansão ocorrerá em países em desenvolvimento, devido ao crescimento demográfico, ao envelhecimento da população, aos hábitos alimentares pouco saudáveis, à obesidade e ao estilo de vida sedentário; a segunda preocupação é de que há uma crescente incidência, entre os indivíduos mais jovens, de diabetes tipo 2, responsável por quase 90% dos casos (TOMITA et al., 2002; OPAS, 2003). O diabetes melito tem se tornado uma das doenças crônicas mais prevalentes em todo o mundo (ARAÚJO, 1999). A prevalência do diabetes melito aumenta com a idade, tendo seu pico entre 65 e 74 anos. É estimado que 15,7 milhões de indivíduos, ou 5,9% da população dos Estados Unidos tenha diabetes (CARRANZA et al., 2007). Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de diabéticos no mundo é de 180 milhões. O Brasil está em 7° lugar no ranking mundial (BRASIL, 2001b; CONSENSO BRASILEIRO SOBRE O DIABETES (CBD), 2003; FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES (FID), 2003), com uma estimativa 21 que dez milhões de pessoas tenham essa doença e cerca de 90% desses indivíduos sejam portadores do diabetes tipo 2, cujo aumento tem sido observado desde a última década (OLIVEIRA; MILECH, 2004). Estudo multicêntrico sobre a prevalência do DM, realizado em nove capitais brasileiras, encontrou uma prevalência de diabetes melito de 7,6% entre pessoas de 30 a 69 anos de idade (BRASIL, 2001b). Em São Paulo, esses valores foram ainda mais elevados: 9,66%, dos quais 46,5% desconheciam previamente essa condição, sendo somente informados no momento da aferição glicêmica. Além disso, constatou-se que dos casos previamente conhecidos, 22,3% não realizavam qualquer tipo de tratamento ou acompanhamento médico (FRAIGE FILHO, 1999). Na Paraíba, segundo o Ministério da Saúde, existem 135 mil diabéticos e a grande maioria, 37,5 mil, está concentrada na cidade de João Pessoa. O estado e a capital, João Pessoa, apresentam aumento na tendência da mortalidade por diabetes na população de 40 anos e mais, semelhante ao ocorrido no Brasil e na região Nordeste (BRASIL, 2006). 2.1.2 Etiologia e Classificação A etiologia do diabetes está diretamente relacionada aos fatores hereditários e aos fatores ambientais como a obesidade. O risco de ser diabético dobra para cada 20% de excesso de peso. Também devemos ressaltar o fator estresse, que pela estimulação da secreção adrenocortical eleva a glicose sanguínea (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998). A classificação atual do diabetes melito (Quadro1) inclui quatro classes clínicas: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, outros tipos específicos de diabetes e diabetes gestacional. A classificação é baseada na etiologia e não no tipo de tratamento, portanto, os termos diabetes melito insulino-dependente e não insulinodependente, amplamente utilizados no passado, devem ser eliminados, usando-se em substituição, a terminologia diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2 (BORG, 2000; CHACRA; MOISES, 2001; ADA, 2003). 22 Quadro 1: Classificação etiológica do Diabetes Melito. I. Diabetes Tipo 1 Destruição das células beta, usualmente levando à deficiência completa de insulina A. Auto-imune B. Idiopático II. Diabetes Tipo 2 Graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina III. Outros Tipos Específicos A. Defeitos genéticos da função da célula β B. Defeitos genéticos da ação da insulina C. Doenças do pâncreas exócrino D. Endocrinopatias E. Indução por drogas ou produtos químicos F. Infecções G. Formas incomuns de diabetes imuno-mediado IV. Diabetes Gestacional Fonte: GROSS et al., 2002. A etiologia do diabetes tipo 1 está diretamente relacionada à destruição das células beta do pâncreas, usualmente por processo auto-imune ou menos comumente de causa desconhecida (ATKINSON; MACLAREN, 1994; IMAGAWA et al., 2000). O diabetes tipo 1 é também conhecido como diabetes juvenil ou diabetes de início juvenil, embora possa ocorrer em idades mais avançadas. Esse tipo de diabetes resulta de uma falta absoluta de insulina, é muito instável, de difícil controle, tem marcada tendência para cetose e coma, não é precedido por obesidade e necessita de insulina injetável para ser controlado (CARRANZA et al., 2007). O pico de incidência do diabetes tipo 1 ocorre dos 10 aos 14 anos de idade, havendo a seguir uma diminuição progressiva de incidência até os 35 anos, de tal maneira que casos de diabetes tipo 1 de início após esta idade são pouco freqüentes. No entanto, indivíduos de qualquer idade podem desenvolver diabetes tipo 1 (GROSS et al., 2002). O diabetes tipo 1 representa 15% dos diabéticos (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998). Embora menos comum, esse tipo de diabetes é o mais 23 agressivo. Por uma falha nas defesas do organismo, as células do sistema imunológico destroem as células produtoras de insulina, as ilhotas de Langerhans, encontradas no pâncreas. Sem as injeções diárias do hormônio artificial, os pacientes morrem (NEIVA, 2005). A etiologia do tipo 2 de diabetes não está claramente estabelecida como no diabetes tipo 1. A destruição auto-imune do pâncreas não está envolvida. Também, ao contrário do diabetes tipo 1, a maioria dos pacientes apresenta obesidade (GROSS et al., 2002). A obesidade, sobretudo aquela cuja distribuição é predominantemente abdominal, é o fator de risco mais relevante para o desenvolvimento dessa forma de DM. O sedentarismo, história familiar de DM tipo 2, tabagismo, idade acima de 40 anos, síndrome dos ovários policísticos e prévio diabetes gestacional também estão associados ao maior risco de desenvolvimento da doença (DAVIDSON, 2001). O diabetes tipo 2 é o tipo adulto, isto é, o início geralmente ocorre após os 45 anos. Normalmente ocorre em indivíduos obesos e pode freqüentemente ser controlado por dieta ou por agentes hipoglicemiantes orais. Não são comuns o desenvolvimento de cetose e coma (CARRANZA et al., 2007). Já se tem descrito que o diabetes tipo 2 está se manifestando mais precocemente, até mesmo na adolescência (ADA, 2000). A idade de forma isolada parece não definir classificação mas, se aliada a outras variáveis como obesidade e ausência de cetoacidose, podem sugerir o tipo de diabetes. Deve ser levado em conta que, embora a ocorrência de cetoacidose seja característica do estado de deficiência insulínica do tipo 1, o paciente tipo 2 pode apresentar este quadro na vigência de intercorrências graves como infecções ou episódios agudos de doenças cerebrovasculares (KITABCHI et al., 2001) A obesidade tem sido apontada como um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2. Estima-se que entre 80% e 90% dos indivíduos acometidos por esta doença são obesos e o risco está diretamente associado ao aumento do índice de massa corporal (SARTORELLI; FRANCO, 2003). O diabetes tipo 2 ocorre em 80% dos casos (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998). Esse tipo de diabetes evolui de forma silenciosa. No início, o pâncreas mantém a produção de insulina como de hábito. Com o tempo, porém, as células adiposas e musculares tornam-se resistentes à ação do hormônio. Os níveis de glicose no sangue aumentam e, para compensar o excesso desse açúcar, o 24 pâncreas passa a fabricar mais insulina. Tamanha é a sobrecarga que o número de ilhotas de Langerhans vai encolhendo, até o momento em que a secreção de insulina se torna insuficiente para controlar os níveis de glicose. Por isso, mais cedo ou mais tarde, os portadores do tipo 2 de diabetes têm de recorrer às injeções de hormônio sintético. Em cinco anos, metade deles não sobrevive sem as injeções. Os endocrinologistas testemunham um fenômeno alarmante: o surgimento de uma nova modalidade de diabetes, que atinge pessoas gordas. Conhecida como diabetes tipo 3, ou duplo. A doença se caracteriza pela ocorrência concomitante do diabetes tipo 1 e 2. O indivíduo apresenta alterações no sistema imunológico que levam à destruição das células produtoras de insulina – como ocorre no tipo 1 – e também desenvolve resistência à insulina – quadro associado ao tipo 2 (NEIVA, 2005). Na medida em que têm sido elucidados os processos de patogênese do diabetes, tanto em relação a marcadores genéticos como aos mecanismos da doença, tem crescido o número de tipos distintos de diabetes, permitindo uma classificação mais específica e definitiva (GROOS et al., 2002). A categoria outros tipos de diabetes melito contém várias formas de DM decorrentes de defeitos genéticos associados com outras doenças ou com o uso de fármacos diabetogênicos (OLIVEIRA; MILECH, 2004). O diabetes gestacional é a intolerância à glicose, em variados graus de intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo não persistir após o parto (WHO, 1999; TEIXEIRA; MACHADO, 2001). Pacientes com diabetes que engravidam não são classificadas como pertencentes a esse grupo. O diabetes gestacional ocorre em 2% a 4% das gestações e é associado com aumento de morbidade e mortalidade perinatal (CHACRA; MOISES, 2001). 2.1.3 Manifestações Sistêmicas O paciente portador de diabetes melito pode apresentar os seguintes sinais e sintomas: poliúria, polidipsia, glicosúria (SCHNEIDER; BERND; NURKIM, 1995; ROSA; SOUZA, 1996; TRAMONTINA et al., 1997; LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998; GREGORI; COSTA; CAMPOS, 1999; CARRANZA et al., 2007). Hiperglicemia, polifagia e perda de peso são relatados ainda como alguns dos sintomas que caracterizam clinicamente esta doença (SCHNEIDER; BERND; NURKIM, 1995; TRAMONTINA et al., 1997; LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998; GREGORI; 25 COSTA; CAMPOS, 1999). A sonolência e o aparecimento de infecções oportunistas como a candidíase oral e vaginal também podem estar presentes (SHIP, 2003). Quando o nível de glicemia encontra-se elevado, o excesso de glicose não absorvido pelos rins é eliminado pela urina (glicosúria), resultando em diurese freqüente (poliúria) e sede, o que provoca o aumento do consumo de água (polidipsia). Apesar da concentração de glicose estar elevada no sangue, encontrase reduzida no interior da célula, levando à sensação de fome e necessidade da ingestão de alimentos (polifagia) (GREGORI; COSTA; CAMPOS, 1999). Estes autores destacaram ainda a nictúria (micção noturna) freqüente, como um sugestivo sinal para o diagnóstico da doença. 2.1.4 Manifestações Bucais Estima-se que 3 a 4% dos pacientes adultos que se submetem a tratamento odontológico são diabéticos, e uma parte significativa deles desconhece ter a doença (SOUZA et al., 2003). O diabetes está associado a muitas manifestações bucais, principalmente aquelas relacionadas a infecções, inflamações e cicatrização deficiente de feridas (SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). Várias alterações bucais têm sido observadas em pacientes diabéticos. Nos diabéticos não-controlados, as manifestações bucais são graves e são as seguintes: xerostomia e redução do fluxo salivar, acentuada destruição do osso de suporte dos dentes, periodontite complexa, mobilidade e perda dos dentes, ardência e dor na mucosa bucal, atrofia das papilas linguais, aumento da incidência de lesões de cáries, alterações na microbiota da cavidade bucal com predomínio de Cândida albicans, estreptococos hemolíticos e estafilococos, hálito cetônico associado à degradação de gordura para a produção de energia, pulpite na qual o dente afetado pode estar livre de cárie (ROSA; SOUZA, 1996; LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998; BATISTA; NETO, 1999; CARVALHO et al., 2003; LINDHE; KARRING; LANG, 2005; CARRANZA et al., 2007). A predisposição à osteomielite e ao desenvolvimento de líquen plano são citados ainda por Rosa; Souza (1996). A xerostomia pode resultar da hiperglicemia e subseqüente poliúria que esgota os líquidos extracelulares, reduzindo a secreção salivar. A xerostomia e os efeitos associados com a diminuição do fluxo salivar também são problemáticos. 26 Essas condições têm importantes implicações para o tratamento odontológico (SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). O paciente diabético descompensado apresenta redução do fluxo salivar devido ao uso de diversas drogas que interferem no fluxo salivar, provocando uma secura bucal, deixando a boca e a garganta ressecadas, como também a prótese, dificultando sua retenção. Essa prótese irá assim traumatizar a fibromucosa, tanto mecanicamente como fisiologicamente, aumentando o risco de infecções, notadamente por Cândida albicans (BATISTA; NETO, 1999). A dificuldade de adaptação de próteses dentárias é relatada ainda por Carvalho et al. (2003). O diabetes caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas (BRASIL, 2001b; SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). Este distúrbio, por sua vez, diminui a resistência dos tecidos à infecção, de forma que o paciente com diabetes não tratado ou controlado de modo inadequado apresenta, às vezes, periodontite fulminante com formação de abscessos periodontais e papilas gengivais inflamadas, dolorosas e, ocasionalmente, hemorrágicas (SHAFER; HINE; LEVY, 1987). A doença microvascular no periodonto afeta adversamente o fluxo sangüíneo e a migração de leucócitos, predispondo a doença periodontal prematura, abscesso e cicatrização deficiente de feridas (SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). Quando se avalia a etiologia da doença periodontal em pacientes diabéticos, há a possibilidade de fatores sistêmicos estarem contribuindo para a maior severidade na destruição dos tecidos periodontais, normalmente atribuída a estes pacientes (PILLATI; TOLEDO; EL GUINDY, 1995). Nos pacientes diabéticos tipo 1 estão presentes alterações vasculares na gengiva facilitando a maior freqüência da doença periodontal, embora um controle rigoroso de higiene diminua a prevalência dos problemas gengivais mesmo nesses pacientes. O biofilme dental parece ser um fator determinante para o agravamento das doenças periodontais, associado às alterações teciduais que a doença pode ocasionar, tornando-se assim difícil uma avaliação correta (LASCALA, 1995). Acredita-se que a incidência de periodontite associada ao DM cresce a uma taxa anual de 6%, em função do aumento da expectativa de vida dos pacientes e do aperfeiçoamento dos recursos de elucidação diagnóstica (CARVALHO et al., 2003). Em sua maioria, pacientes com DM chegam ao consultório odontológico apresentando manifestações sistêmicas que interferem no atendimento, como 27 angiopatias, cardiopatias, hipertensão arterial, além de respostas diminuídas à infecção. Devido às múltiplas e freqüentes manifestações bucais apresentadas por esses pacientes, os cirurgiões-dentistas devem atualizar seus conhecimentos sobre o diagnóstico e desenvolvimento desses agravos, procedendo à cuidadosa anamnese, para a caracterização das condições clínicas desses pacientes, e seguindo protocolos de atendimento odontológicos especificamente delineados para o seu tratamento (CARVALHO et al., 2003). 2.1.5 Diagnóstico Uma anamnese bem conduzida, além de exames laboratoriais complementares, podem levar ao diagnóstico do diabetes melito (RESS; HALLMON, 2001). O diagnóstico do diabetes deve ser feito precocemente, utilizando métodos sensíveis e acurados, já que mudanças no estilo de vida e a correção da hiperglicemia podem retardar o aparecimento do diabetes ou de suas complicações (GROOS et al., 2002). A presença de açúcar na urina pode ser o primeiro dado para o diagnóstico da doença. Além do exame de urina, temos o chamado teste de glicemia em jejum (SCHNEIDER; BERND; NURKIM, 1995). Em indivíduos normais, a concentração plasmática de glicose situa-se entre 70 e 99 mg/dL. Níveis superiores indicam graus variados de tolerância à glicose (pré-diabetes) ou diabetes (Tabela 1), cujos critérios recentemente atualizados pela ADA (ALVES et al., 2006). diagnósticos foram 28 Tabela 1: Critérios para o diagnóstico do Diabetes. Glicemia (mg/dl) Categoria Jejum Ao acaso 2h (TTOG) < 99 _ < 140 jejum alterada 100-125 _ _ Intolerância à _ _ ≥140 e < 200 Glicemia normal Glicemia de Pré-diabetes glicose Diabetes tipo 1 ou 2 ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 Diabetes gestacional ≥ 110 ≥ 200 ≥ 140 Fonte: AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2004. Notas:- Glicemia de jejum: ausência de ingestão calórica por pelo menos 8 horas. - Glicemia ao acaso: glicemia realizada em qualquer hora do dia sem levar em consideração o tempo desde a última refeição. O diagnóstico deve ser confirmado medindo a glicemia em jejum ou 2 h após o TTOG (Teste de Tolerância Oral à Glicose). - TTOG: é a medida da glicemia basal e 2 horas após a ingestão de 1,75 g/kg de glicose (máx. 75 g). - Um resultado positivo em qualquer dos testes acima deverá ser confirmado nos dias subseqüentes medindo a glicemia em jejum ou 2 h após o TTOG. A ADA propôs que os critérios diagnósticos fossem fundamentados principalmente na medida da glicose plasmática de jejum; sendo recomendado que fosse adotado o valor ≥ 126mg/dL, pois representa o ponto a partir do qual há um aumento acentuado no aparecimento de retinopatia e corresponde ao valor de glicose plasmática 2h após sobrecarga de glicose oral de ≥ 200mg/dL (GROOS et al., 2002). Outra recomendação da ADA foi a introdução da categoria de glicose plasmática de jejum alterada que inclui indivíduos com glicose plasmática de jejum ≥ 100 e < 126mg/dL (GROOS et al., 2002). Os exames laboratoriais usados com maior freqüência para diagnosticar o diabetes melito são: glicemia ou aferição da glicose no sangue, teste de tolerância oral à glicose – curva glicêmica – TTOG (GREGORI; COSTA; CAMPOS, 1999). Além destes, Lauda; Silveira; Guimarães (1998) retratam o hemo-glucoteste (glicofita) e o teste de glicose pós-prandial. O reconhecimento da importância da monitoração do controle glicêmico está diretamente associado com a redução da mortalidade e da incidência das complicações do DM. O referido controle pode ser realizado através de métodos de 29 auto-monitoração (glicemia capilar, glicosúria, cetonúria), e/ou laboratoriais (hemoglobina glicosilada) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2008). A avaliação através da glicemia capilar requer a utilização de fitas reagentes acopladas a aparelhos que fornecem os resultados em poucos segundos. De uma maneira geral, os aparelhos de leitura são bastante acurados com um coeficiente de variação abaixo de 5% (WHO, 1999). O diagnóstico do diabetes baseia-se fundamentalmente nas alterações da glicose plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. A medida de glico-hemoglobina não apresenta acurácia diagnóstica adequada e não deve ser utilizada para o diagnóstico de diabetes (GROSS et al., 2002). A avaliação trimestral da hemoglobina glicosilada (HbA1c) é o padrão ouro para monitoração da glicemia. Ele mede a ligação da glicose com a hemoglobina, no interior das hemácias. Como as hemácias têm uma vida média de 3 meses, a HbA1c reflete a vida média de controle glicêmico nesse período. O valor normal para indivíduos adultos é < 7% (SILVERSTEIN et al., 2005). Logo, de um modo geral, os exames laboratoriais ampliam a capacidade sensorial do cirurgião-dentista e têm um relevante papel na propedêutica, constituindo-se assim de uma ótima estratégia para o diagnóstico, orientação da terapêutica e proservação do paciente (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998). O cirurgião-dentista pode solicitar exames laboratoriais como hemograma e glicose em jejum (SINGI, 1998). O diagnóstico correto e precoce do diabetes melito e das alterações da tolerância à glicose plasmática é extremamente importante por que permite que sejam adotadas medidas terapêuticas que possam evitar o aparecimento de diabetes nos indivíduos com tolerância diminuída e retardar o aparecimento das complicações crônicas nos pacientes diagnosticados com diabetes (GROSS et al., 2002). 2.1.6 Complicações Agudas e Crônicas Há relatos indicando que os pacientes diabéticos são suscetíveis a complicações que causam morbidade e mortalidade prematura. O paciente pode experimentar diversas complicações simultaneamente ou um único problema pode predominar o quadro clínico. São complicações: retinopatia, nefropatia, doença 30 macrovascular e dificuldade na cicatrização de feridas (SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). Além destas, destacam-se as micro e macroangiopatias, neuropatias e hipertensão arterial (TRAMONTINA et al., 1997; COSTA; ALMEIDA NETO, 1998; LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998; GREGORI; COSTA; CAMPOS, 1999; OPAS, 2003). Sensação de desmaio, fraqueza, irritabilidade, palidez, nervosismo, tontura, ansiedade, perda de concentração, sonolência, dor de cabeça, palpitações, falta de coordenação motora, convulsões e coma são outras complicações que podem ser destacadas (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998; GREGORI; COSTA; CAMPOS, 1999). Dentre as alterações provocadas no sistema de defesa incluem-se alterações na quimiotaxia, adesão, fagocitose e morte intracelular de neutrófilos (caracterizando uma deficiência numérica), ocorrendo também a redução da imunidade celular relacionada aos linfócitos T e à atividade dos macrófagos e as deficiências na síntese do colágeno, com maior atividade da enzima colagenase. Daí, a maior susceptibilidade do diabético a infecções (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998; MELGAÇO, 2002; CARVALHO et al., 2003). Em longo prazo, o diabetes melito é responsável por alterações funcionais e estruturais tanto na macro quanto na micro-circulação, sendo estas últimas as responsáveis por maior morbidade. O principal determinante destas complicações é a hiperglicemia sustentada, que acarreta anormalidades bioquímicas e estruturais de olhos, coração, vasos sanguíneos e nervos periféricos (AGUIAR; VILLELA; BOUSKELA, 2007). A doença do pé diabético é resultante de mudanças nos vasos sangüíneos e nos nervos. Com freqüência, ela leva a ulcerações nas extremidades e amputação. Por isso que o diabetes é a causa mais freqüente de amputação não acidental das extremidades inferiores. Anualmente, pouco mais de 800 mil mortes são atribuídas ao diabetes. Entretanto, a maioria dos diabéticos morre de outras doenças crônicas, como as cardiopatias (OPAS, 2003). Em meados da década de 80, chegou-se à conclusão de que o diabetes é fator de risco isolado para infartos e derrames. A probabilidade de um diabético ser vítima de um evento como desse tipo é até três vezes maior que a verificada em não-diabéticos. Em outras palavras, 65% dos diabéticos são vítimas de doenças cardiovasculares e 80% morrem em conseqüência delas (NEIVA, 2005). 31 Dessa forma, em termos de morbidade, o diabetes melito atualmente representa uma das principais doenças crônicas que afetam o homem contemporâneo, acometendo indivíduos de países em todos os estágios de desenvolvimento econômico-social. Assim, são recomendadas medidas preventivas, extrapolando-se as ações assistenciais e demandando-se práticas de saúde mais abrangentes para a população, a fim de minimizar o aparecimento dos fatores de risco ou reduzir a oportunidade de exposição das pessoas a eles (GUIMARÃES; TAKAYANAGUI, 2002). 2.1.7 Tratamento Após estabelecido o diagnóstico de diabetes, os pacientes iniciam diversas modalidades de tratamento para corrigir a hiperglicemia, procurando atingir o melhor controle metabólico possível, isto é, níveis de glicose em jejum <100 mg/dL ou pósprandial <140 mg/dL ou da glico-hemoglobina abaixo do limite máximo do método empregado (GROSS et al., 2002). A insulinoterapia constitui o item principal no tratamento do diabetes melito tipo 1, sendo essencial para a vida desses pacientes, mas pode vir a ser necessária, também, para o tratamento do diabetes melito tipo 2 (MATHEUS; AHMED; VILLAR, 2001; DIB; CALLIARI, 2001). Desde sua descoberta, a insulina permanece no auge do tratamento do diabetes melito, porém as múltiplas injeções são extremamente desgastantes ao paciente. Um sistema de cápsulas de quitosana-alginato-cálcio com insulina foi desenvolvido para a administração do peptídeo via oral. Os resultados mostraram que as cápsulas apresentam características gastro-resistentes, que permitem a sua utilização como sistema para liberação oral de insulina (RODRIGUES et al., 2001). O tratamento do diabetes melito tipo 2 inclui as seguintes estratégias: educação, modificações no estilo de vida, reorganização dos hábitos alimentares e, se necessário, uso de medicamentos. O tratamento medicamentoso apresenta duas modalidades diferentes: a insulinoterapia e a terapia com os hipoglicemiantes orais (ASBCROFT, 1996; TAMBASCIA, 1997; DIB; CALLIARI, 2001; CONSENSO BRASILEIRO SOBRE O DIABETES (CBD), 2003). 32 Uma dieta sem açúcar é imprescindível no controle de qualquer diabetes, já que o açúcar comum e os amidos (carboidratos) ingeridos transformam-se em glicose no organismo. Os exercícios físicos também são importantes, pois o aumento do trabalho muscular consome a glicose mais rapidamente, além de contribuir para melhores condições cardiocirculatórias (LAUDA; SILVEIRA; GUIMARÃES, 1998). As evidências sobre as alterações no estilo de vida, com ênfase na alimentação e prática de atividades físicas, associadas ao aumento de esperança de vida dos brasileiros são apontados atualmente como os principais fatores responsáveis pelo aumento da prevalência do diabetes tipo 2 observado no país. Portanto, a importância da prevenção primária de obesidade e diabetes no Brasil tem sido enfatizada por diversos epidemiologistas (SARTORELLI; FRANCO, 2003). Os hipoglicemiantes orais formam um grupo de drogas que possuem a capacidade de reduzir os níveis glicêmicos com indicações específicas e precisas para aqueles diabéticos tipo 2, em que a dieta e a atividade física não são suficientes para estabelecer o equilíbrio glicêmico (MATHEUS; AHMED; VILLAR, 2001). Segundo Costa; Almeida Neto (1998), para uso oral, os medicamentos usados para tratar o diabetes melito são as sulfoniluréias, substâncias quimicamente aparentadas com as sulfas, que estimulam a produção de insulina pancreática e, ao mesmo tempo, favorecem o aumento do número de receptores (“encaixes”) de insulina em alguns tecidos. As sulfoniluréias são: clorpropamida, glibenclamida, glipizida, gliclazida, glimepirida; os derivados da metiglinida e da fenilalanina: repaglinida e nateglinida; as biguanidas: a metformina; as tiazolidinedionas: as glitazonas e os inibidores de α glicosidase: a acarbose. As sulfoniluréias e a biguanida metformina atualmente ainda representam as drogas mais empregadas no manuseio dos diabéticos tipo 2 (MATHEUS; AHMED; VILLAR, 2001; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2006). Os β-bloqueadores e os inibidores de enzima conversora de angiotensina (ECA) são agentes anti-hipertensivos eficazes nos pacientes com diabetes melito. Os β-bloqueadores oferecem várias vantagens no tratamento da hipertensão ou de doença cardíaca entre as pessoas com diabetes; entretanto, atenuam alguns 33 componentes da resposta autônoma à hipoglicemia e podem aumentar o risco de hipoglicemia (SHORR et al., 1997). Os pacientes diabéticos bem controlados e sem complicações podem ser tratados de modo similar a não-diabéticos, para a maioria dos procedimentos de rotina (ALVES et al., 2006). Assim sendo, o cirurgião-dentista é responsável por: reconhecer os sinais e sintomas do diabetes, para facilitar o diagnóstico e tratamento precoces; tratar adequadamente as condições bucais, para proporcionar boas condições funcionais, conforto e estética ao paciente; e trabalhar em conjunto com o paciente, o médico que o assiste e demais profissionais envolvidos no tratamento para facilitar o controle da doença por tempo prolongado (SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). É dever do cirurgião-dentista realizar o encaminhamento médico para diagnóstico ou controle de pacientes diabéticos ou descompensados, para que o tratamento odontológico possa ser realizado com maior segurança (MELGAÇO, 2002). 2.2 Fitoterapia “Nada é mais imaturo na ciência do que a crença de que nada pode ser aprendido do passado.” Examinando-se o passado vê-se que a história do desenvolvimento dos fármacos ocorreu em etapas: no começo, os vegetais eram utilizados da maneira como eram encontrados no meio ambiente; depois, estes passaram a ser concentrados para melhorar a intensidade e uniformidade de sua ação. Na seqüência, à medida que os progressos da química se impunham, as substâncias ativas puderam ser isoladas e, finalmente, utilizadas como protótipos de moléculas sinteticamente elaboradas, as quais possuíam atividade ainda maior (TYLER, 1999). A origem do conhecimento do homem sobre as virtudes das plantas é muito diversa e curiosa. Muitas foram as fontes que o facilitaram: a inspiração, o instinto, o ensinamento dos animais, as analogias de cor, forma exterior, gosto, etc. Junto a estas causas principais é necessário colocar outras de não menos importância: a casualidade, as tentativas, a observação e, por fim, este conjunto de modalidades 34 que constitui o empirismo, sobre o qual, queira-se ou não, se estabelece sempre a medicina (MORGAN, 2003). Nos últimos anos, constata-se o ressurgimento do emprego de plantas medicinais e de fitoterápicos. O consumo dessas plantas teria sido a primeira forma de uso de medicamentos de que se tem notícia. Muitas descobertas foram feitas pela necessidade de se obterem novas fontes de alimentos, mas provavelmente, um número expressivo deveu-se à curiosidade humana. Em documentos arqueológicos, registram-se fatos a partir do ano 3000 antes de Cristo, o que possibilita afirmar que muitos povos, há milênios, tinham o conhecimento do poder curativo de diversas plantas (ARAÚJO, 1999). As plantas têm sido, desde a antigüidade, um recurso ao alcance do ser humano. Ao longo dos milênios, o homem, empiricamente, aprofundou seus conhecimentos para a melhoria nas condições de alimentação e cura de suas enfermidades, demonstrando uma estreita relação entre o uso de plantas e sua própria evolução (DEVIENNE; RADDI; POZETTI, 2004). Atualmente, as descobertas de várias substâncias de origem vegetal, indicadas pelo uso popular, tiveram suas atividades farmacológicas cientificamente comprovadas (MIGUEL; MIGUEL, 1999). A partir de uma perspectiva histórica, a produção de medicamentos e o tratamento farmacológico de doenças começaram com o uso de plantas medicinais. Métodos populares de cura, praticados pelos povos da região do Mediterrâneo e do Oriente, encontraram expressão no primeiro compêndio de plantas medicinais europeu (SCHULZ; HÄNSEL; TYLER, 2002). Etimologicamente, a palavra fitoterapia vem do grego phytos, que significa plantas, e terapia, que significa cuidado ou tratamento. A fitoterapia é o tratamento do estado geral do organismo e do sintoma por meio das plantas. Portanto, trata-se da arte de curar por meio das plantas medicinais (SALLÉ, 1996). Para Eldin; Dunford (2001), a fitoterapia pode ser definida como o estudo e a aplicação dos efeitos terapêuticos de drogas vegetais e derivados dentro de um contexto holístico. A fitoterapia era a principal opção terapêutica disponível para a população sendo que a variabilidade inerente do sistema era considerado fato perfeitamente normal e aceito (FONTE; CAVALLET; BIASI, 2004). A fitoterapia envolve o uso de 35 plantas, desidratadas ou em forma de extratos, que são administradas em doses terapêuticas para combater os sintomas, sendo assim cada vez mais utilizada em pacientes para substituir ou complementar os medicamentos convencionais (NEWALL; ANDERSON; PHILLIPSON, 2002). Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população de reduzido poder aquisitivo não tem acesso à medicina moderna e medicamentos essenciais, recorrendo aos produtos de origem natural como única fonte terapêutica (Di STASI, 1996). O consumo de medicamentos de origem vegetal decorre, basicamente, do fato desses produtos representarem terapias de menor custo em relação àquelas normalmente oferecidas pela indústria farmacêutica. Atualmente, apenas 30% dos medicamentos comercializados são originados direta ou indiretamente de plantas (DEVIENNE; RADDI; POZETTI, 2004). Define-se medicamento fitoterápico como medicamento farmacêutico obtido por processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (BRASIL, 2004). A garantia de qualidade do material vegetal a ser processado é fundamental na preparação de fitoterápicos, devendo considerar-se aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e de pureza. Por esse motivo, além do teor de substância ativa e intensidade das atividades farmacológica e toxicológica, outros aspectos de qualidade a serem avaliados são a carga microbiana, contaminação química por metais pesados, pesticidas e outros defensivos agrícolas, e presença de matéria estranha como terra, areia, partes vegetais, insetos e pequenos vertebrados ou de produtos oriundos destes (BRASIL, 2004). A natureza não fornece seus produtos com uma composição definida e padronizada. Os constituintes das plantas medicinais podem variar grandemente em razão de fatores genéticos, clima, qualidade do solo e outros fatores externos. O material obtido das plantas medicinais cultivadas apresenta variações menores do que o material conseguido de plantas que crescem livremente. Outra vantagem do 36 cultivo é que o aumento dos constituintes pode ser monitorado durante o crescimento da planta, tornando possível determinar o momento ideal para a colheita (SCHULZ; HÄNSEL; TYLER, 2002). A transformação de uma planta em um medicamento deve visar a preservação da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância de sua ação biológica e a sua segurança de utilização, além de valorizar seu potencial terapêutico (MIGUEL; MIGUEL, 1999). Os fitomedicamentos são produtos medicinais cujos componentes farmacologicamente ativos consistem exclusivamente em materiais vegetais (KELLER, 1996). 2.2.1 Plantas Utilizadas no Tratamento do Diabetes Melito Até os dias atuais, os médicos e a população em geral carecem de informações objetivas e seguras sobre os recursos fitoterápicos para o diabetes melito. Enquanto isso, inúmeros pacientes persistem no uso de chás de plantas para “tratar” a doença, baseando-se na chamada sabedoria popular, aguardando quem as queira, possa estudar, e conhecê-las cientificamente, separando em definitivo o mito da realidade quanto aos seus riscos e benefícios (BRAGANÇA, 1996). Na medicina chinesa tradicional, 82 plantas medicinais têm sido usadas como medicamentos naturais para o tratamento do diabetes melito e suas complicações (LI et al., 2004). Muitas espécies de plantas têm sido usadas etnofarmacologicamente ou experimentalmente para tratar os sintomas do diabetes melito. O mecanismo de ação pelos quais as plantas baixam a glicemia podem ser atribuídos aos seguintes fatores: aumento da liberação de insulina através da estimulação das células beta pancreáticas; resistência aos hormônios que aumentam a glicemia; aumento do número e da sensibilidade do sítio receptor de insulina; diminuição da perda de glicogênio; aumento do consumo de glicose nos tecidos e órgãos; eliminação de radicais livres; resistência à peroxidação dos lipídeos; correção da desordem metabólica causada em lipídeos e proteínas e estímulo ao aumento da microcirculação do sangue no organismo (NEGRI, 2005). 37 No quadro 2, encontram-se as principais plantas utilizadas para o diabetes melito no Brasil (BRAGANÇA, 1996), e em João Pessoa - PB (CARVALHO; DINIZ; MUKHERJEE, 2005). Quadro 2: Principais plantas utilizadas para o Diabetes Melito no Brasil e em João Pessoa - PB. Nome Científico Nome Popular Parte Usada Estudos in vivo Autor - Ano Chrysobalanus iaco L Abagiru Folhas Clínicos PRESTA, 1986 Allium sativum L Alho Bulbo GROVER et al., 2002; BRAGANÇA, 1996 Aloe sp Babosa Folhas Pré-clínicos; pré-clínicos e clínicos Pré-clínicos Chataranthus roseus L G Don Anacardium occidentale L Baccharis genistelloides P Boa noite Folhas Pré-clínicos Cajueiro Cascas Carqueja Planta inteira Clínicos BRAGANÇA, 1996 Allium cepa L Cebola Bulbo Pré-clínicos Eucaliptus globulus Labill Annona muricata L Eucalipto Folhas Pré-clínicos AUGUSTI, 1973; KUMARI et al., 1995; GROVER et al., 2002 GRAY & FLATT, 1998 Graviola Folhas, fruto Cissus verticillata L Insulina vegetal Folhas Pré-clínicos; clínicos Mormodica charantia L Melão-desãocaetano Pata de vaca Fruto Pré-clínicos Folhas Pré-clínicos MODESTO-FILHO, 1989; LINO et al., 2004; SILVA et al., 2002 Pré-clínicos RAPHAEL et al., 2002; GROVER et al., 2001 Bauhinia forticata L Phillanthus sp Quebrapedra Bumelia sartorum Mart Punica granatum L Quixaba RAJASEKARAN et al., 2004; GROVER & VATS, 2001 NAMMI et al., 2003 BARBOSA, 1988 BRAGANÇA, 1996 BELTRAME, 2001 PEPATO et al., 2003; VASCONCELOS, 2004; LIMA, 2007 DAY et al., 1990; GROVER et al., 2002 ALMEIDA et al., 1985; NAIK et al., Casca de Pré-clínicos raiz 1991; MODESTO-FILHO, 1989 JAFRI et al., 2000 Romã Raiz, caule Pré-clínicos e folhas Bowdichia Sucupira Casca do Pré-clínicos BRAGANÇA, 1996 virgiloides Kunth caule Fonte: BRAGANÇA, 1996; CARVALHO; DINIZ; MUKHERJEE, 2005. 38 Cissus verticillata (L.) é uma planta originária da República Dominicana (GARCIA, 2000; CANO; VOLPATO, 2004). O gênero Cissus é o maior da família Vitaceae, sendo constituído de cerca de 350 a 400 espécies de trepadeiras, com uma distribuição pantropical (BELTRAME et al., 2001). A classificação botânica da espécie Cissus verticillata (L.), encontra-se discriminada no quadro 3, abaixo. Quadro 3: Classificação da espécie Cissus verticillata (L.). Classificação da Espécie Cissus verticillata (L.) Divisão Magnoliophyta Classe Magnoliopsida Subclasse Rosidae Ordem Rhamnales Família Vitaceae Gênero Cissus Espécie Cissus verticillata (L.) Nome vernacular “Insulina” Fonte: VASCONCELOS, 2004. Atualmente, Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E. Jarvis apresenta como sinônimo Cissus sicyoides (MIKICH; SILVA, 2001). De acordo com Lorenzi; Matos (2002), são sinônimos da espécie Cissus verticillata (L.): Cissus canescens Lam., Cissus compressicaulis Ruiz & Pav., Cissus ovata Lam., Cissus smilacina Kunth, Cissus tamoides Cambess., Cissus umbrosa Kunth, Phoradendron verticillatum (L.) Ducke, Spondylantha aphylla C. Presl, Viscum vertticillatum (L.), Vitis sicyoides (L.) Baker. Na medicina popular, o chá das partes aéreas do Cissus verticillata (L.) é utilizado como antiinflamatório, antiepiléptico, antihipertensivo, antireumático e antidiabético (SILVA; AKISUE; OGA, 1996). antitérmico, 39 Foi verificada a influência da adubação com nitrogênio e fósforo na produção de biomassa e de mucilagem em plantas de Cissus verticillata (L.) e, como resultado, a produção de mucilagem respondeu positivamente ao aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo, atingindo o maior conteúdo nas mesmas concentrações que proporcionaram o maior ganho de biomassa foliar e de parte aérea total (ABREU et al., 2002). Vários estudos farmacológicos de ação hipoglicemiante e antilipêmico têm sido realizados com extratos fluidos, decocto, infuso e extrato aquoso de Cissus verticillata (L.), em ratos normais e diabéticos, tanto de forma aguda como crônica, verificando-se a diminuição da glicemia e dos triglicerídeos nos mesmos. Também observou-se, em estudos farmacológicos, que a composição química das folhas e dos talos não se alterou, nem mesmo qualitativamente durante a secagem. Os autores concluem que os resultados justificam o uso popular de Cissus verticillata (L.) e o potencial benefício dessa planta na medicina alternativa e no tratamento do diabetes melito tipo 2 (BRAGANÇA, 1996; SILVA; AKISUE; OGA, 1996; LIZAMA; MARTINEZ; PEREZ, 2000; BELTRAME et al., 2001; PEPATO et al., 2003; VIANA et al., 2004). Pepato et al. (1998) realizaram estudos com Cissus verticillata (L.) para avaliar o pressuposto efeito “antidiabetogênico”. Os ensaios farmacológicos foram realizados para observar o efeito da administração oral prolongada do decocto das folhas (150 ml/L de água) de Cissus verticillata (L.) a ratos diabéticos (50 mg/kg de peso de estreptozotocina por via endovenosa), sobre o metabolismo dos carboidratos durante 30 dias. Também investigaram o efeito da administração prévia do decocto quando o grupo escolhido aleatoriamente como experimental recebeu, por cinco dias, o decocto como substituto da água e, em seguida, os animais foram tornados diabéticos. Nesses experimentos, semanalmente, durante 30 dias, determinou-se a glicemia e a glicosúria e, quando do sacrifício dos animais, o glicogênio hepático. O tratamento crônico com Cissus verticillata (L.) melhorou a glicemia, o que se refletiu na redução da glicosúria, porém o mecanismo de ação não ocorre por uma redução da glicogenólise e/ou aumento na síntese de glicogênio. No norte do Paraná, a Cissus verticillata (L.) é conhecida como insulina e o chá das partes aéreas é utilizado no tratamento do diabetes melito tipo 2, cuja 40 prevalência alcança 7% da população acima de 40 anos. O uso popular da Cissus verticillata (L.) ocorre concomitantemente ou em substituição ao tratamento médico convencional (BELTRAME et al., 2001). A atividade antidiabética e antibacteriana de Cissus verticillata (L.) foi avaliada por Beltrame et al. (2002), constatando-se que em ratos diabéticos que receberam, por quatro semanas, o extrato aquoso (15%) das partes aéreas da planta, os níveis séricos de glicose não foram alterados pelo tratamento, enquanto os níveis de colesterol e triglicerídeos foram aumentados. Os autores isolaram dois compostos da parte aérea da planta (β-Sitosterol e Sitosterol-β-D-glucopiranosídeo), os quais demonstraram atividade antibacteriana contra o Bacillus subtilis, com concentrações inibitórias mínimas de 50μg/mL e 100μg/mL, respectivamente. Vasconcelos et al. (2002) realizaram estudo etnofarmacológico de Cissus verticillata (L.) na cidade de João Pessoa – PB e constataram que a população usa as folhas, ilustradas na Figura 2, sob as formas de infusão e decocção, para o tratamento de diabetes melito. Figura 2: Apresentação das folhas e frutos da Cissus verticillata (L.). Nesse mesmo estudo, a ingestão do infuso, preparado com 1,0 grama de pó das folhas (3 folhas secas) em 150 mL de água, uma vez ao dia, corresponderia à posologia mais utilizada da planta. Sendo assim, os autores realizaram preparações semelhantes às utilizadas pela população. Determinaram o peso seco de várias amostras de 1,0 mL, e o material obtido pesou em média 1,8 mg de sólidos. Como o ser humano (peso médio dos voluntários do estudo era de 60 kg) ingere cerca de uma xícara (150 mL) do infuso/dia, concluíram que a dose de uso popular era de 41 4,5mg/kg/dia. Os autores também reproduziram em laboratório a posologia e verificaram que três folhas grandes representam 1,0 grama de pó das folhas e atribuíram à Cissus verticillata (L.) a denominação de alimento com propriedade de saúde. De acordo ainda com os estudos de Santos (2007), em ensaios clínicos de fase II com as folhas de Cissus verticillata (L.) em indivíduos intolerantes à glicose e diabéticos tipo 2, constatou-se que a Cissus verticillata (L.) não causou alterações clínicas, hematológicas, bioquímicas gerais e eletrocardiográficas, confirmando a segurança da utilização da mesma, como alimento, pela população. Diversos são os fatores que interferem nas dosagens habitualmente utilizadas pelos profissionais de saúde abertos à fitoterapia, dentre eles, o peso corporal do paciente. Segundo o peso do paciente, as doses podem variar e induzir o sucesso ou o fracasso do tratamento. Para um adulto de 65 kg, uma dose por dia é habitualmente recomendada (SALLÉ, 1996). Em ensaios realizados para determinar o grau de toxicidade – investigação da dose letal 50% (DL 50), apresentado pela fração aquosa das folhas (FAF) de Cissus verticillata (L.), observou-se que não houve mortes dos camundongos Swiss em nenhuma das duas vias de administração utilizadas – oral e intraperitoneal, demonstrando assim que o produto avaliado possui toxicidade aguda relativamente baixa (VASCONCELOS et al., 2007). Almeida et al. (2007), realizaram estudos com as partes aéreas de Cissus verticillata (L.) avaliando o efeito do extrato hidroalcoólico em ratas grávidas e suas crias, utilizando os seguintes parâmetros: duração da gestação, número de crias para incubar, ganho de peso materno, reflexo postural, dia de abertura de olhos e dia de passagem para a fase adulta. Os resultados mostraram que Cissus verticillata (L.) não exerce nenhum efeito no índice de fertilidade. Porém, todas as doses (300, 600 e 1000 mg/kg) haviam promovido alteração no reflexo postural, mas não no parâmetro “abertura dos olhos”, nem na passagem à fase adulta, que é uma importante fase de desenvolvimento neurológico para a cria. A Cissus verticillata (L.) não modificou a temperatura corpórea, nem a deambulação do animal em todos os períodos. Os estudos feitos com as plantas medicinais usadas, tradicionalmente, no tratamento do diabetes melito demonstraram que, em sua maioria, estas possuem 42 característica hipoglicemiante, confirmando a utilização das mesmas como antidiabéticas na medicina popular (NEGRI, 2005). O estímulo ao uso dos fitoterápicos tem como objetivo: prevenir, curar ou minimizar os sintomas das doenças, com um custo mais acessível à população e aos serviços públicos de saúde, comparativamente àqueles obtidos por síntese química que são, em geral, mais caros devido às patentes tecnológicas envolvidas (TOLEDO et al., 2003). Portanto, dando continuidade aos estudos de Cissus verticillata (L.), e respaldados pela legislação aplicável, de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras das Pesquisas envolvendo Seres Humanos dispostas nas Resoluções N° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, nos propusemos a realizar estudos de avaliação dos efeitos produzidos pela Cissus verticillata (L.) (Vitaceae), através de testes de concentração de glicose na saliva e no sangue dos pacientes portadores de diabetes melito tipo 2. 2.3 Saliva A saliva é uma secreção exócrina mucoserosa, levemente ácida, composta por 99% de água e 1% de substâncias orgânicas (proteínas, lipídeos e carboidratos) e inorgânicas (eletrólitos como o sódio, potássio, cálcio, magnésio, bicarbonato e fosfatos). Estão presentes, ainda, imunoglobulinas, enzimas, mucinas e os produtos nitrogenados como uréia e amônia (PAJUKOSKI et al., 1997; SONESSON; ELIASSON; MATSSON, 2003). Na Tabela 2, podemos evidenciar a composição média da saliva humana mista, assim como os valores normais para o plasma. 43 Tabela 2: Composição média da saliva humana mista e valores normais para o plasma. Não-estimulada (%) Estimulada (%) Água 99,4 99,5 Sólidos 0,6 0,5 Gravidade Específica 1.002-1.008 Média do PH Variação do PH 6.7 6.2 - 7.6 Saliva (mM) Plasma (mM) 2+ 1-2 2.5 2+ 0.2 - 0.5 1.0 + 6 - 26 140 14 - 32 4 1-7 0.03 2 - 23 2 17 - 29 103 2 - 30 27 0.0005 - 0.005 0.001 0.1 - 2.0 _ Uréia (Adultos) 2-6 5 Uréia (Crianças) 1-2 _ Ácido Úrico 0.2 3 Aminoácidos 1-2 2 Glicose 0.05 5 Lactato 0.1 1 Ácidos Graxos (mg/l) 10 3000 Proteínas 1400 - 2000 70000 Glicoproteínas 110 - 300 1400 Amilase 380 _ Lisozima 109 _ Peroxidase 3 _ IgA 194 1300 IgG 14 13000 IgM 2 1000 Lipídeos 20 - 30 5500 Inorgânicas Ca Mg Na + K + NH4 2HPO4 H2PO4 & Cl - HCO3 F - SN Orgânicas Macromoléculas Fonte: EDGAR; O´MULLANE, 1996. - 44 Estes componentes reagem tendo sua função relacionada nas seguintes áreas: (1) bicarbonatos, fosfatos e uréia modulam o pH e a capacidade tampão da saliva; (2) macromoléculas de proteínas e mucinas servem para limpar, agregar, e/ou unir os microorganismos orais e contribuir para o metabolismo da placa dental; (3) cálcio, fosfato e proteínas trabalham juntos como um fator de antisolubilidade e modulam a desmineralização e remineralização; e (4) as imunoglobulinas, proteínas e enzimas favorecem a ação bactericida (HUMPHREY; WILLIAMSON, 2001). De acordo com Camargo; Pupo; Bussoloti Filho (2005) há dois tipos de glândulas salivares: maiores e menores. As menores são responsáveis por apenas 10% de toda a produção salivar e são totalmente compostas por mucopolissacarídeos; as glândulas salivares maiores correspondem aos 90% restantes e são as parótidas (serosas: ricas em eletrólitos e pobres em mucinas), as submandibulares e as sublinguais (seromucosas: apresentando eletrólitos e mucopolissacarídeos). As glândulas submandibulares são principalmente serosas e as sublinguais são principalmente mucosas (THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). As glândulas salivares são inervadas por fibras nervosas parassimpáticas e simpáticas. Estímulos diferentes produzem índices de ativação diferentes entre os dois tipos de nervos (THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). Quando há predominância da inervação simpática, a secreção salivar contém mais proteínas das células acinares, sendo a saliva mais viscosa, enquanto que, no predomínio da inervação parassimpática, é produzida uma secreção mais aquosa (CARLSON, 2000). Várias funções são atribuídas à saliva, dentre elas: função digestiva, lubrificante, solvente para substâncias com propriedade de sabor, defesa contra microorganismos virulentos que invadem a cavidade oral, limpeza oral (diluindo substâncias introduzidas na cavidade oral), além de proteção da cavidade bucal contra danos causados por alterações do pH devido à sua capacidade tampão (THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). O fluxo salivar adequado é reconhecidamente um componente essencial para a mastigação normal, paladar e deglutição. A saliva é fundamental para a lubrificação e proteção da mucosa bucal, neutralização de ácidos nocivos que podem provocar o desenvolvimento de lesões cariosas e destruição de microorganismos. A diminuição do fluxo salivar pode aumentar a suscetibilidade às úlceras bucais, infecções bacterianas, virais, (SILVERMAN; EVERSOLE; TRUELOVE, 2004). fúngicas e cáries dentárias 45 Diariamente, um indivíduo produz, em média, cerca de 0,5 a 1,0 litro de saliva (PORTER; SCULLY; HEGARTY, 2004; FEJERSKOV; KIDD, 2007). As menores taxas de fluxo salivar são encontradas no início da manhã quando comparadas àquelas do final da tarde. Estudos mostram que esse aumento se dá nas primeiras horas do dia, em torno de 25 a 50% ou cerca de 0,1mL/minuto (FLINK; TEGELBERG; LAGERLOF, 2005). Inúmeras são as técnicas de coleta salivar. A explicação do método a ser realizado é fundamental, uma vez que o estresse é um dos mais importantes fatores de hipossalivação momentânea (CAMARGO; PUPO; BUSSOLOTI FILHO, 2005). Os métodos de coleta de saliva constituem-se maneiras através das quais podemos mensurar tanto parâmetros biológicos dos componentes da saliva como modificações do volume do fluxo salivar. Constitui um procedimento não-invasivo, de fácil obtenção e, quando comparado ao exame de sangue e urina, é um processo de fácil aceitação por parte da pessoa examinada, podendo ser aplicada várias vezes na mesma pessoa (SANTOS et al., 2007). No tocante à coleta de saliva, esta pode ser feita de forma estimulada ou não estimulada. A estimulação da produção de saliva pode ser feita de forma mecânica (goma de mascar, parafina, látex) ou química (ácido cítrico). A estimulação afeta a quantidade da saliva produzida, portanto, alguns de seus constituintes também são alterados (MANDEL, 1989). A coleta não estimulada é feita sem estímulos exógenos e o fluxo salivar pode ser alterado por estímulos olfatórios, exposição à luminosidade, posição do corpo e ciclo circadiano (KAUFMAN; LAMSTER, 2000). Obviamente, é mais ou menos impossível obter “saliva verdadeiramente em repouso”, uma vez que, durante a consciência, o fluxo da saliva é sempre influenciado por algum tipo de estímulo. Entretanto, a saliva colhida sem nenhum estímulo mastigatório ou gustativo, simplesmente salivando passivamente dentro de um cilindro, é um indicador mais confiável de fluxo salivar reduzido e hipossalivação, do que a saliva estimulada (THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). O diabetes melito tipo 1, como tal, não danifica as glândulas salivares ao ponto da hipossalivação poder ser identificada como conseqüência normal dessa doença. A secreção salivar reduzida é típica apenas durante períodos de desequilíbrio do diabetes, ou devido ao ataque da doença. Durante esses períodos, é comum o aumento dos níveis de glicose nas secreções salivares (THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). 46 O provável mecanismo pelo qual ocorre um aumento da glicose na saliva dos diabéticos é explicado pelo fato de a glicose ser uma pequena molécula capaz de se deslocar facilmente pela membrana dos vasos sangüíneos, que se encontra com uma permeabilidade aumentada, passando do soro sangüíneo para o fluido gengival, via sulco gengival, chegando à saliva (BELAZI et al., 1998). Dodds; Yeh; Johnson (2000) desenvolveram estudos com o propósito de determinar se a composição e saída de saliva são alteradas em pacientes com diabetes melito tipo 2, por comparação com um grupo controle não-medicado e saudável, e também um grupo de hipertensos. Os autores identificaram 233 sujeitos com diabetes melito tipo 2, 227 com hipertensão e 240 sujeitos saudáveis de controle. Os resultados demonstraram que tanto os sujeitos diabéticos como os hipertensos submetidos tinham reduzido a estimulação e não estimulação da saliva submandibular/sublingual. Aumentos significativos nas concentrações de um número de componentes de proteínas foram encontrados nos sujeitos diabéticos, especificamente, SP lactoferrina, mieloperoxidase (MPO), e peroxidase salivar (SPO), assim como proteína, albumina, lactoferrina e secreção de IgA. Os pacientes diabéticos podem estar mais inclinados à secura oral e infecções que nãodiabéticos. Fiske (2004) e Kadir et al. (2002) enfatizam que os níveis acentuados de glicose na saliva são indicadores importantes de DM e estão diretamente relacionados a problemas como cárie e doenças periodontais. Estes autores desenvolveram um estudo que indicou claramente que os valores de glicose na saliva em diabéticos são alterados e que o controle da doença não melhora de forma significativa esse aspecto. Carda et al. (2006) desenvolveram um estudo a fim de comparar os resultados bioquímicos na saliva em um grupo de amostra de diabéticos contra a saliva de um grupo controle constituído por pacientes não diabéticos; estabelecer se as perturbações bioquímicas salivares são relacionadas com o controle metabólico; determinar se as variáveis orais e periodontais encontradas estão relacionadas com os distúrbios bioquímicos da saliva; e estabelecer a utilidade de medir a bioquímica salivar de pacientes com diabetes melito tipo 2, como um parâmetro opcional para avaliar o estado metabólico. Com respeito às variáveis clínicas estudadas foi verificado que o tempo de evolução do diabetes melito teve uma significativa correlação com o controle metabólico. Na amostra de pacientes diabéticos foi 47 verificado que a maioria dos resultados para a bioquímica salivar era normal para: glicose, amilase, sódio, potássio e cloreto. Enquanto as proteínas totais e a uréia foram aumentadas e, só para a albumina, a maioria de pacientes teve uma concentração diminuída. No grupo controle foi encontrado que, para a maioria dos pacientes, os parâmetros bioquímicos salivares estudados estavam em concentrações normais. Com exceção da albumina e proteínas totais que foram diminuídos. Os parâmetros salivares (pH, fluxo salivar, concentração de glicose e capacidade tampão) foram avaliados em indivíduos portadores de diabetes melito tipo 2 controlados (DC) e não controlados (DNC), em comparação com um grupo de indivíduos não portadores de DM. Dentre os parâmetros salivares estudados, apenas o fluxo salivar e a concentração de glicose salivar são significativamente diferentes em indivíduos diabéticos em comparação com o grupo de indivíduos saudáveis. O controle do status do DM não aumenta o fluxo, nem reduz a concentração de glicose salivar (BERNARDI et al., 2007). Estudos desenvolvidos por Moreira et al. (2007), com o propósito de avaliar o fluxo salivar e comparar as taxas de glicose salivar e sangüínea em pacientes diabéticos tipo 1 e pacientes controles saudáveis, pareados em idade e sexo, demonstraram que a concentração de glicose na saliva dos diabéticos foi maior quando comparado ao grupo controle. Avaliando as taxas de glicose salivar em 40 pacientes diabéticos tipo 2, 20 obesos e 20 não obesos, e comparando-as às dos 22 indivíduos pertencentes ao grupo controle, Aydin (2007) concluiu que os níveis de glicose salivar foram significativamente mais altos nos diabéticos (obesos e não obesos). Vasconcelos (2007), realizou estudo com a finalidade de comparar a concentração de glicose salivar e sangüínea, o fluxo salivar e a xerostomia em pacientes diabéticos tipo 2 e não diabéticos, igualados em gênero e idade. Os resultados demonstraram que os pacientes diabéticos apresentaram concentração de glicose salivar significativamente mais elevada do que os não diabéticos, assim como redução do fluxo salivar total em repouso e estimulado quando comparados com o grupo controle; e que não houve diferença estatisticamente significante quanto à presença de xerostomia entre os diabéticos e não diabéticos. 48 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Analisar a eficácia da planta Cissus verticillata (L.) (Vitaceae), em pacientes com diagnóstico de Diabetes Melito tipo 2, através da concentração de glicose na saliva e no sangue, comparando-os entre si. 3.2 Objetivos Específicos: Verificar a influência da planta Cissus verticillata (L.) (Vitaceae) em pacientes portadores de Diabetes Melito tipo 2 sobre a concentração de glicose na saliva e no sangue. Comparar os efeitos produzidos pela planta Cissus verticillata (L.) (Vitaceae) em pacientes com Diabetes Melito tipo 2, com os efeitos produzidos pela glibenclamida em um grupo controle, através dos níveis de glicose na saliva e no sangue. Comparar a concentração de glicose na saliva com a concentração de glicose encontrada no sangue dos pacientes de ambos os grupos. 49 4 METODOLOGIA Trata-se de um estudo clínico, experimental, comparativo e descritivo do tipo longitudinal. Todas as fotos da pesquisa foram realizadas pela própria pesquisadora. 4.1 Considerações Éticas O presente projeto foi apresentado ao Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal da Paraíba, sendo desenvolvido observando-se as exigências éticas e científicas com seres humanos preconizadas pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, no que se refere aos princípios éticos de beneficência, respeito à dignidade humana e justiça (BRASIL, 1996). Obteve-se parecer favorável, com protocolo de número 0346 (Anexo 1). O estudo contou com a participação livre e espontânea dos pacientes, após convite realizado pela pesquisadora, para participar da pesquisa científica intitulada “Avaliação da Eficácia da Cissus verticillata (L.), em portadores de diabetes melito tipo 2, através da concentração de glicose na saliva e no sangue”, sendo explicado aos mesmos o objetivo da pesquisa, sua importância e o risco de sua participação. Após os devidos esclarecimentos, os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1), concordando em participar do estudo e autorizando a divulgação dos resultados da experiência em eventos e periódicos de divulgação científica. Durante todo o curso dos experimentos, os voluntários foram instruídos ainda a comunicarem à pesquisadora qualquer sinal ou sintoma clínico que porventura apresentassem. 4.2 Caracterização Geral da Área de Estudo A pesquisa foi desenvolvida no município de Patos/PB, o qual se situa a uma distância de 301 Km de João Pessoa; e sua sede localiza-se na região central do estado com vetores viários interligando toda a Paraíba, viabilizando o acesso aos Estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará (Figura 3). 50 Fonte: http://www.a-paraiba.com/diretorio/index.php?cat_id=1&cat_id_thm=1&x=1&y=1. Figura 3: Mapa da Paraíba, demonstrando a localização da cidade de Patos - PB. A extensão territorial deste município é de 513 Km², e sua população total corresponde a 97.276 habitantes, de acordo com o senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2007, sendo 93.605 habitantes na zona urbana e 3.671 habitantes na zona rural. O município de Patos possui 32 postos de atendimento básico de saúde, distribuídos em todos os bairros da cidade. Em todos eles, existem equipes do Programa Saúde da Família (PSF), integradas por médicos, enfermeiros, dentistas e agentes comunitários de saúde, que visitam as famílias e fazem o acompanhamento pré-natal e de clínica médica geral. O estudo foi desenvolvido com a autorização do secretário municipal de saúde, Sr. José Francisco de Sousa (Anexo 2), e com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde localizada na Rua. Doutor João Soares, n° 167 – Bairro Jardim Califórnia, Cep. 58.700-310, Patos/PB. 4.3 População de Estudo De acordo com os dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), o município de Patos apresenta, atualmente, 1.002 pacientes portadores de diabetes melito cadastrados, dos quais 975 são acompanhados pelos profissionais do Programa Saúde da Família. A amostra deste estudo foi constituída por 18 novos pacientes portadores de diabetes melito tipo 2, residentes no município de Patos/PB e que se apresentaram, 51 a partir do momento de iniciação da pesquisa, nas Unidades de Saúde do município, sendo devidamente diagnosticados, cadastrados e acompanhados pelos profissionais que integram as Equipes de Saúde da Família do PSF. Os pacientes, de ambos os sexos, estavam compreendidos na faixa etária de 30 a 80 anos de idade. Em se tratando do diagnóstico, os Agentes Comunitários de Saúde realizaram continuamente a busca ativa de novos casos de pacientes portadores de diabetes na área de abrangência e, de acordo com a sintomatologia descrita pelos mesmos, estes foram encaminhados para as Unidades de Saúde de suas respectivas áreas, onde foram consultados pelo médico. De acordo com a consulta e com os sinais e sintomas apresentados pelo paciente foram solicitados exames complementares, dentre eles a glicemia em jejum. Sendo positivo o resultado desses exames, iniciouse o tratamento. 4.4 Critérios de Inclusão Na pesquisa foram incluídos pacientes de ambos os sexos, compreendidos na faixa etária entre 30 e 80 anos de idade, com diagnóstico de diabetes melito tipo 2, com uma glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL. Indivíduos que deram o seu consentimento livre e esclarecido por escrito e que se comprometeram em seguir o protocolo experimental. 4.5 Critérios de Exclusão Foram considerados critérios de exclusão, os pacientes que demonstraram alterações laboratoriais nos exames de análises clínicas, que revelaram disfunção hepática, renal, alterações cardíacas, grávidas e alcoólatras (100 mg de álcool / dL de sangue) (GOODMAN; GILMAN, 1987). 52 4.6 Desenvolvimento do Estudo O estudo foi desenvolvido no período de Março de 2009 a Outubro de 2009, envolvendo os pacientes portadores de Diabetes Melito tipo 2, de ambos os sexos, sem discriminação de cor. 4.7 Instrumento de Coleta de Dados Para a operacionalização do presente estudo, utilizamos um questionário elaborado pelos pesquisadores (Apêndice 2), contendo informações dos pacientes quanto à identificação e estado de saúde geral. Os pacientes portadores de diabetes melito tipo 2 foram distribuídos em dois grupos distintos, sendo um grupo controle, constituído por 7 pacientes, que administraram um medicamento já testado anteriormente (glibenclamida), com uma concentração de um comprimido de 5mg no turno da manhã, por via oral, conforme prescrição médica. E um grupo experimental, composto por 11 pacientes, que administraram, diariamente, no turno da manhã, o infuso das folhas da planta Cissus verticillata (L.) (Vitaceae), sob a forma de chá. Os resultados dos dois grupos foram então comparados, determinando se o medicamento em teste realmente apresenta algum efeito significativo. Os pacientes utilizaram o medicamento standart (glibenclamida) e o infuso das folhas de Cissus verticillata (L.) por um período de oito semanas. 4.8 Material Botânico Cissus verticillata (L.) (Vitaceae) O material botânico utilizado nos experimentos foi as folhas de Cissus verticillata (L.), obtido no Horto de Plantas Medicinais do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (LTF) “Delby Fernandes de Medeiros” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde a planta é cultivada. A identificação botânica da planta foi realizada pela Professora Drª. Maria Regina de Vasconcelos Barbosa, Curadora do Herbáreo do Departamento de Sistemática e Ecologia (Anexo 3). Amostras representativas das exsicatas foram depositadas no Herbáreo Lauro Pires Xavier, localizado no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN/UFPB), sob número no JPB – 39986. 53 4.8.1 Obtenção dos “sachês do chá” de Cissus verticillata (L.) As folhas foram desidratadas em estufa com ar circulante, a 38˚C, por 72 horas, e trituradas em moinho tipo Harley, sendo o rendimento médio de 17% aproximadamente (Figura 4). Figura 4: Rendimento médio de 17% das folhas da planta Cissus verticillata (L.) Uma vez trituradas, as folhas secas foram encaminhadas para a APLAF – Comércio e Indústria Ltda, localizada no município de Itatiba – São Paulo, empresa responsável pela confecção e controle de qualidade dos “sachês do chá” de Cissus verticillata (L.). Os sachês individuais continham 1 grama do pó das folhas e foram confeccionados com papel filtro de uso específico. Os sachês da referida planta foram a matéria prima para o desenvolvimento do presente estudo (Figura 5). 54 Figura 5: Sachês do chá de Cissus verticillata (L.), confeccionados pela APLAF São Paulo. 4.8.2 Preparação do Infuso O infuso de Cissus verticillata (L.), utilizado na pesquisa, foi preparado pelo próprio voluntário, mediante informações da pesquisadora. Distribuiu-se aos voluntários uma xícara padronizada para o preparo da infusão que consistiu em verter a água em ebulição (150mL) sobre a folha seca pulverizada (três folhas secas pulverizadas correspondendo ao uso popular), e acondicionada no sachê (1 g de pó), permanecendo a folha em contato com a água por um tempo de 10 minutos (Figura 6). O infuso foi ingerido diariamente, no turno da manhã em jejum, durante o período de oito semanas. Figura 6: Infusão da planta Cissus verticillata (L.), administrada diariamente pelos voluntários. 55 4.9 Avaliação dos Voluntários 4.9.1 Glicemia Os pacientes que participaram da pesquisa realizaram, durante as etapas inicial e final do tratamento, o teste de glicemia em jejum em laboratório; e, no decorrer do mesmo, a avaliação da glicose sanguínea era realizada através do hemo-glucoteste (glicofita), em suas residências, pela pesquisadora. A glicemia capilar foi determinada utilizando-se o Kit GlucoDr Super Sensor (Figura 7), com a finalidade de obter medidas quantitativas de glicose sangüínea. Figura 7: Kit GlucoDr Super Sensor. Antes de ser realizada a avaliação da glicose capilar dos pacientes, verificava-se se o número do código no aparelho coincidia com o número do código do frasco. Em seguida, as mãos do avaliador e do paciente eram devidamente lavadas com água e sabão para evitar possíveis alterações nos valores obtidos. Procedia-se a assepsia do dedo indicador da mão direita do paciente com álcool a 70%, embebido em algodão. A fita reagente era devidamente acoplada ao aparelho medidor, com sua face impressa voltada para cima. Com o auxílio de uma lanceta, perfurava-se o dedo indicador do paciente e tomava-se uma gota de sangue do mesmo. A fita teste drenava automaticamente o sangue na direção da câmara de reação e o aparelho começava, dessa forma, a medição, fornecendo o resultado em poucos segundos. Em seguida, os resultados obtidos eram devidamente registrados 56 na ficha de acompanhamento do paciente (Apêndice 3), durante todo o período de tratamento. 4.9.2 Coleta e Análise de Saliva Os pacientes eram, a princípio, orientados a não comer ou beber (exceto água) 1 hora antes da coleta salivar, assim como a não fumar ou sofrer grande estresse físico; além de remover o batom, caso estivessem usando. A coleta da saliva total foi realizada no período matutino, no horário compreendido entre 6 e 9 horas. O indivíduo foi instruído a sentar-se confortavelmente em uma cadeira comum (não odontológica), com a cabeça levemente inclinada. A princípio, a saliva era coletada através do método Spitting. Neste método, a saliva é deixada acumular no soalho bucal e o paciente expele a mesma em um funil de vidro, localizado próximo à sua boca, dentro de um tubo coletor de vidro graduado a cada 60 segundos, de acordo com a técnica preconizada por Navazesh (1993). Nessa etapa, o período de coleta era de aproximadamente dez a quinze minutos. A amostra de saliva secretada durante o primeiro minuto foi desprezada (Figura 8). Figura 8: Coleta de saliva em repouso da paciente. 57 Em um segundo momento, a saliva era coletada empregando-se um estímulo mastigatório, no caso, uma goma básica neutra para chicletes (o hiperbolóide). O paciente mastigava continuamente essa goma durante, aproximadamente, cinco minutos. No primeiro minuto, a saliva era desprezada e, nos próximos quatro minutos, o paciente mastigava a goma básica e expelia a saliva no interior de um coletor de vidro graduado estéril (Figura 9). O funil de vidro, assim como os coletores de vidro eram previamente esterilizados em autoclave 12LX Dabi Atlante. Figura 9: Coleta de saliva estimulada da paciente. Os tubos de ensaio graduados, contendo as amostras de saliva, eram devidamente transportados, dentro de um recipiente térmico contendo em seu interior bolsas de gelo reciclável, até o freezer. Antes de serem armazenadas no freezer, as salivas eram centrifugadas em uma centrífuga Excelsa Baby (Fanem Ltda) a uma velocidade de rotação n°5, por um tempo de 5 minutos. Depois eram retiradas dos tubos de ensaio graduados com o auxilio de uma Pipeta Pasteur de polietileno graduada (3 mL), sendo desprezadas a espuma da saliva e o sedimento. A saliva era então armazenada em eppendorfs (Figura 10), contendo o nome do paciente, a data da coleta e o tipo de método empregado na coleta da saliva (repouso e estimulada). 58 Figura 10: Eppendorfs contendo a saliva, em repouso e estimulada do paciente, após centrifugação em centrífuga Excelsa Baby (Fanem Ltda). No freezer, as amostras de saliva coletadas eram mantidas a uma temperatura de -22°C. Deste, as salivas eram então encaminhadas ao laboratório para análises volumétrica e bioquímica do material. No laboratório, as amostras eram mantidas em freezer a -80°C. Para determinação da glicose salivar foi utilizado o kit GLUCOSE LIQUICOLOR da In Vitro Diagnóstica (Human do Brasil®) (Figura 11). O kit é composto por dois recipientes contendo, cada um, 250mL de reagente enzimático (RGT) e por um frasco contendo 3mL de padrão de glicose (SDT). As amostras de saliva foram descongeladas, centrifugadas e, posteriormente, foram retiradas, com o auxílio da pipeta NICHIPET EX, duas amostras de 10μL que foram colocadas em eppendorfs previamente numerados. Em seguida, foi adicionado 1mL de reagente enzimático em cada recipiente que continha a saliva. 59 Figura 11: Kit GLUCOSE LIQUICOLOR da In Vitro Diagnóstica (Human do Brasil®). Foram preparadas três soluções padrões misturando-se, em eppendorfs distintos, 1mL do reagente enzimático à 10μL do padrão glicose do kit (Glucose Liquicolor – In Vitro Diagnóstica); e uma solução branca composta apenas pelo reagente enzimático (1mL). A solução padrão foi utilizada na fórmula para obtenção da taxa de glicose salivar. A solução branca tem a finalidade de calibrar o espectrofotômetro. Após o preparo das amostras, as mesmas foram levadas ao vibrador DAIGGER VORTEX GENIE 2 TM no nível de velocidade 5, por alguns segundos, para homogeneização da saliva e do reagente enzimático. Após a homogeneização, as amostras, assim como a solução padrão e a solução branca, foram submetidas ao banho-maria sob a temperatura de 37oC, durante 5 minutos. As leituras das absorbâncias das amostras salivares realizaram-se com o uso do Espectrofotômetro UV-VIS (ultravioleta e visível) BECKMAN DU 640®, com comprimento de onda de 500nm (Figura 12). Inicialmente, o aparelho era calibrado com a leitura da solução branca. Em seguida, as amostras anteriormente preparadas (10μL de saliva + 1 mL do reagente enzimático) foram colocadas em cubetas de 1,5 mL. Antes da leitura em espectrofotômetro, procedia-se à secagem da face lisa da cubeta com lenço de papel fino. Lembrando-se que, para cada paciente selecionado, foram feitas duas amostras e duas leituras para obtenção de uma média dos resultados das leituras. 60 Figura 12: Espectrofotômetro UV-VIS (ultravioleta e visível) BECKMAN DU 640®, com comprimento de onda de 500nm. Para obtenção da concentração da glicose salivar, foi realizado um cálculo a partir da seguinte fórmula orientada pelo fabricante: Concentração da Glicose em mg/dL = 100 x Absorbância da Amostra Absorbância do Padrão Os testes de glicose salivar foram realizados no Laboratório de Biologia Molecular e Ecologia (LABIME) do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da UFPB. 4.10 Análise Estatística Para análise dos dados foram utilizadas técnicas de estatística descritiva e inferencial. As técnicas de estatística descritiva compreenderam a obtenção de distribuições absolutas e percentuais das variáveis nominais e a média e o desvio padrão das variáveis numéricas. As técnicas de estatística inferencial compreenderam a utilização dos testes t-Student para amostras independentes e 61 teste F (ANOVA) para medidas repetidas. A verificação da hipótese de igualdade de variâncias foi realizada através do teste F de Levene. Os dados foram digitados na planilha EXCEL e os cálculos estatísticos foram realizados através do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 15. A margem de erro utilizada na decisão dos testes estatísticos foi 5,0%. 62 5 RESULTADOS 5.1 Caracterização da Amostra Tabela 3: Distribuição da idade dos pacientes estudados segundo o grupo, Patos PB. Grupos Estatísticas Grupo Controle Grupo Experimental Valor de p Média 55,29 59,82 p Mediana 57,00 62,00 Desvio padrão 10,48 13,34 Mínimo 34 32 Máximo 67 80 (1) = 0,459 (1): Através do teste t-Student com variâncias iguais. Na tabela 3 verifica-se que a média da idade foi mais elevada entre os pacientes do grupo experimental, do que os pacientes do grupo controle (59,82 x 55,29 anos); entretanto, não se comprova diferença significativa para a margem de erro considerada (5,0%, p > 0,05). 63 Tabela 4: Distribuição dos pacientes estudados considerando-se as variáveis: estado civil, sexo e os hábitos de tabagismo e etilismo, segundo o grupo, Patos - PB. Variável Grupo Controle n % Grupos Grupo Experimental n % TOTAL n % Estado civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo 2 5 - 28,6 71,4 - 1 7 1 2 9,1 63,6 9,1 18,2 3 12 1 2 16,7 66,7 5,5 11,1 Sexo Masculino Feminino 2 5 28,6 71,4 2 9 18,2 81,8 4 14 22,2 77,8 Tabagismo Ex-fumante Fumante Nunca fumou 4 2 1 57,1 28,6 14,3 6 1 4 54,5 9,1 36,4 10 3 5 55,6 16,7 27,8 Etilismo Sim - - - - - - Não 7 100,0 11 100,0 18 100,0 TOTAL 7 100,0 11 100,0 18 100,0 Observa-se na Tabela 4 que a maioria dos pacientes em cada grupo era: casado, do sexo feminino, ex-fumante e nenhum tinha hábito de etilismo. 64 Tabela 5: Distribuição dos pacientes estudados considerando-se as variáveis: atividade física, uso da dieta, do adoçante artificial e de medicamentos, segundo o grupo, Patos - PB. Grupos Grupo Controle Grupo Experimental Variável n % n % TOTAL n % Atividade física Sim - - 3 27,3 3 16,7 Não 7 100,0 8 72,7 15 83,3 Sim 1 14,3 3 27,3 4 22,2 Não 6 85,7 8 72,7 14 77,8 Sim 3 42,9 4 36,4 7 38,9 Não 4 57,1 7 63,6 11 61,1 Sim 4 57,1 6 54,5 10 55,6 Não 3 42,9 5 45,5 8 44,4 TOTAL 7 100,0 11 100,0 18 100,0 Dieta Adoçante artificial Uso de medicamento A Tabela 5 mostra que todos os pacientes do grupo controle e a maioria do grupo experimental não praticavam atividade física; a maioria, em cada grupo, não fazia dieta e não utilizava adoçante artificial; e mais da metade, em ambos os grupos, fazia uso de medicamentos. 5.2 Avaliação dos pacientes estudados segundo as taxas de Glicose no Sangue Nesse estudo, foi realizado ainda o teste de glicemia: o hemo-glucoteste (glicofita), estando os pacientes em jejum de 12 horas. Os valores obtidos, de acordo com os grupos avaliados, encontram-se demonstrados na Tabela 6. 65 Tabela 6: Medidas descritivas da taxa de glicose no sangue (mg/dL) dos pacientes estudados, segundo o tempo de avaliação e o grupo, Patos - PB. Grupos Tempo de Avaliação Grupo Controle Média D.P Grupo Experimental Média D.P Valor de p Basal 192,57 38,81 (A) 150,00 55,82 7 dias 15 dias 142,14 37,57 (B) 123,29 21,71 142,18 48,81 134,91 41,29 p = 0,098 (1) p = 0,999 30 dias 113,71 24,36 132,27 51,08 45 dias 60 dias 107,86 27,17 (C) 104,00 14,57 (B) (BC) (BC) p (3) = 0,002* 134,00 35,71 132,64 30,34 p (3) (1) p (2) = 0,447 p (1) = 0,386 (1) p = 0,118 (1) p = 0,034* = 0,206 (*): Diferença significante a 5,0%. (1): Através do teste t-Student com variâncias iguais. (2): Através do teste t-Student com variâncias desiguais. (3) – Através do teste F (ANOVA) para medidas repetidas. Obs: Se todas as letras entre parêntesis são distintas existe diferenças significativas entre os tempos de avaliação correspondentes através do teste LSD (Least significance diference). Dos resultados contidos na Tabela 6 é possível verificar que: no grupo controle, as médias da glicemia reduziram com o tempo de avaliação do basal até 60 dias e se comprova diferença significativa (p < 0,05), e pelos testes de comparações múltiplas pareadas se comprova diferença significativa entre a avaliação basal com todas as outras avaliações e entre as avaliações 7 dias com 60 dias e 15 dias com 60 dias; no grupo experimental, as médias de glicemia reduziram da avaliação basal até a avaliação com 30 dias e, a partir desta avaliação, oscilaram até a avaliação com 60 dias, entretanto sem diferença significativa entre os grupos. Com exceção da avaliação basal, todas as demais médias foram mais elevadas no grupo experimental do que no grupo controle, entretanto a única diferença significativa ocorreu na avaliação com 60 dias (p < 0,05). 66 Tabela 7: Medidas descritivas da taxa de glicose no sangue (mg/dL) - inicial e final realizadas no laboratório - segundo o tempo de avaliação e o grupo, Patos - PB. Grupos Tempo de Avaliação Grupo Controle Grupo Experimental Média D.P Média D.P Inicial 258,86 64,38 188,55 75,58 p (1) = 0,059 Final 125,86 29,24 141,91 47,42 p (1) = 0,436 p (2) = 0,005* p (2) Valor de p = 0,034* (*): Diferença significante a 5,0%. (1): Através do teste t-Student com variâncias iguais. (2) – Através do teste F (ANOVA) para medidas repetidas. A média e o desvio padrão da glicemia nas avaliações inicial e final se encontram na Tabela 7, onde se destaca que: na avaliação inicial, a média foi mais elevada no grupo controle do que no grupo experimental e, na avaliação final, a média foi mais elevada no grupo experimental do que do controle, sem diferença estatisticamente significativa (p > 0,05); em cada grupo, a média foi mais elevada na avaliação inicial do que final, diferenças estas que se revelaram significativas entre as duas avaliações em cada grupo. 5.3 Avaliação dos pacientes estudados segundo as taxas de Glicose na Saliva Analisando-se a concentração de glicose na saliva dos pacientes, levando-se em consideração o tipo de coleta (em repouso e estimulada), chegamos aos valores referenciados na Tabela 8. 67 Tabela 8: Medidas descritivas das taxas de glicose na saliva (mg/dL) - em repouso e estimulada - segundo o tempo de avaliação e o grupo, Patos - PB. Grupos Variáveis Concentração de glicose na saliva em repouso (%) Tempo de Grupo Controle Grupo Experimental Avaliação Média D.P Média D.P 3,27 1,30 2,29 1,02 5,69 4,48 2,39 1,71 2,73 1,72 3,86 3,33 1,81 2,55 2,70 3,36 3,47 2,22 3,48 6,00 3,38 5,60 3,46 2,21 Basal 7 dias 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias Valor de p p Concentração de glicose na saliva estimulada (%) (2) = 0,192 3,73 2,46 2,25 1,09 2,91 1,71 2,93 2,60 2,53 1,93 2,96 0,72 Basal 7 dias 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias Valor de p p (2) = 0,543 (2) P (2) (1) p = 0,185 (1) p = 0,765 (1) p = 0,178 (1) p = 0,650 (1) p = 0,771 (1) p = 0,762 = 0,677 2,13 1,20 3,04 1,65 3,53 2,31 4,56 7,36 2,77 1,81 3,78 2,72 P Valor de p (1) p = 0,081 (1) p = 0,279 (1) p = 0,552 (1) p = 0,584 (1) p = 0,796 (1) p = 0,456 = 0,476 (1): Através do teste t-Student com variâncias iguais. (2) – Através do teste F (ANOVA) para medidas repetidas. Na Tabela 8 se apresenta os resultados da concentração de glicose na saliva em repouso e quando houve estimulação, segundo o tempo de avaliação e o grupo. Desta tabela destaca-se que: no experimento em repouso, as médias variaram de 1,81 a 5,69% e foram correspondentemente mais elevadas no grupo controle do que no grupo experimental nas avaliações basal, 15 dias e 60 dias; o contrário ocorreu nas outras três avaliações que apresentaram médias mais elevadas no grupo experimental. A maior diferença entre os dois grupos foi de 2,22% e ocorreu na avaliação com 15 dias (de 5,69% para 3,47%). Não se comprova diferença significativa entre os grupos para nenhuma das avaliações (p > 0,05). Quando os resultados foram avaliados com a estimulação da saliva, as médias oscilaram de 2,13 a 4,56% e, com exceção da avaliação basal, as médias foram correspondentemente mais elevadas no grupo experimental; a maior diferença entre os grupos em relação às médias ocorreu na avaliação com 30 dias, com diferença 68 de 1,63%, não se comprovando diferença significativa entre os grupos para nenhuma das avaliações (p > 0,05). Entre as avaliações é possível observar que: as médias no repouso oscilaram no grupo controle, enquanto que no grupo experimental foi registrado um aumento da avaliação basal até 30 dias (de 1,81% para 3,48%), oscilando nas duas últimas avaliações, entretanto sem diferença significativa entre as avaliações para nenhum dos grupos (p > 0,05). Quando a saliva foi estimulada, as médias oscilaram entre as avaliações no grupo controle e aumentaram da avaliação basal até 30 dias no grupo experimental (de 2,13% para 4,56%), oscilando nas duas últimas avaliações. Entretanto, não se comprova diferença significativa entre as avaliações para nenhum dos grupos. 69 6 DISCUSSÃO A espécie vegetal Cissus verticillata (L.) é conhecida como insulina vegetal e é muito utilizada pela população, na forma de infusão, para o tratamento do diabetes melito. O presente estudo avaliou se o infuso preparado a partir das folhas de Cissus verticillata (L.) foi eficaz em pacientes com diabetes melito tipo 2. Entretanto, foram encontradas algumas dificuldades em discutir e correlacionar os resultados desse trabalho com outras pesquisas, tendo em vista a escassez de estudos na literatura envolvendo a administração do infuso dessa planta em pacientes com diagnóstico de diabetes, sendo mais comum os estudos pré-clínicos com animais. A avaliação farmacológica pré-clínica do potencial antidiabético das folhas de Cissus verticillata (L.) já foi investigada e detectada por diversos autores, como Beltrame et al. (2001) e Pepato et al. (2003). Em estudos pré-clínicos, Mori et al. (2001) verificaram atividade hipoglicemiante em camundongos diabéticos hereditariamente, em ratos normais e em ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina, através da administração do extrato das folhas de Cissus verticillata (L.). O tratamento dos camundongos foi de quatro semanas e diminuiu significativamente a glicemia dos mesmos. Os estudos toxicológicos pré-clínicos realizados por Lima (2007), utilizando ratos machos e fêmeas, demonstraram que o extrato hidroalcoólico (EHA) das folhas de Cissus verticillata (L.) levou a uma ligeira redução, não significativa estatisticamente, na glicemia dos animais tratados por 90 dias por via oral, e que apenas as fêmeas tiveram a glicemia reduzida significativamente na dose de 13,5 mg/kg (3x a dose de uso popular) no 15° dia e no 75° dia de tratamento. Vasconcelos (2004) observou em estudos pré-clínicos, utilizando a fração aquosa das folhas de Cissus verticillata (L.) em camundongos Swiss machos normais, que a glicemia teve tendência à queda sem caracterizar diferença significativa entre o tempo basal e sete dias de tratamento. No mesmo estudo, a pesquisadora avaliou a toxicidade do uso do chá das folhas (1g em 150 mL de água) da referida planta em humanos, clinicamente normais, de ambos os sexos e verificou que o infuso foi capaz de diminuir a glicemia, porém, sem diferença significativa em um período de oito semanas. A partir dos resultados desse estudo, demonstrando que a utilização do infuso de Cissus verticillata (L.) leva à diminuição dos níveis de glicemia em pacientes 70 normais, ressalta-se a necessidade de estudos clínicos envolvendo pacientes com diagnóstico de diabetes melito, a fim de se confirmar se esses mesmos resultados se farão presentes nesse grupo de pacientes. Nesta pesquisa, para a avaliação da glicemia dos pacientes, durante o decorrer do acompanhamento, foi realizado o hemo-glucoteste (glicofita), estando os pacientes em jejum de 12 horas, observando-se que, no grupo controle, as médias da glicemia reduziram com o tempo de avaliação (basal até 60 dias), se comprovando diferença significativa (p < 0,05). Já no grupo experimental, o infuso da Cissus verticillata (L.) reduziu os níveis de glicemia da avaliação basal até a avaliação com 30 dias e, a partir desta avaliação, os níveis oscilaram até a avaliação com 60 dias. Com exceção da avaliação basal, todas as demais médias foram mais elevadas no grupo experimental do que no grupo controle, entretanto a única diferença significativa ocorreu na avaliação com 60 dias (p < 0,05). Analisando-se os níveis de glicemia inicial e final, realizados em laboratório, estando os pacientes em jejum, verificou-se que, no grupo controle, a média dos níveis de glicemia reduziram de 258,86 para 125,86 mg/dL e, no grupo experimental, a média desses mesmos níveis reduziram de 188,55 para 141,91 mg/dL, diferenças estas que se revelaram significativas entre as duas avaliações em cada grupo. Assim sendo, mesmo em proporções menores quando comparado com a ação da glibenclamida no grupo controle, podemos afirmar que o infuso da Cissus verticillata (L.) foi capaz de produzir um efeito hipoglicemiante no grupo experimental. Os resultados desse estudo confirmam a ação hipoglicemiante de Cissus verticillata (L.) em seres humanos, como havia sido determinado por Vasconcelos (2004). Entretanto, Santos (2007) constatou em seu estudo clínico de fase aguda, através das curvas glicêmicas traçadas, que em pacientes intolerantes à glicose, o chá das folhas de Cissus verticillata (L.) teve efeito significativo aos 120 minutos, porém, não houve aumento da insulinemia, além da fisiológica, sugerindo que esse efeito não ocorreu por liberação ou secreção da mesma. Nesse mesmo estudo, resultados da avaliação clínica durante o período de administração crônica por 30 e 60 dias, demonstraram que a ingestão diária do chá de Cissus verticillata (L.) não foi capaz de reduzir a glicemia das pacientes de forma significativa comparados com o tempo basal. Ocorreu, porém, diferença significativa entre os grupos em todos os tempos de avaliação. O grupo de pacientes diabéticas teve a glicemia mais elevada do que o grupo de intolerantes à glicose, o que já era esperado. 71 O valor diagnóstico da saliva vem sendo corroborado por uma série de estudos que se utilizam desse fluido corporal como meio, através do qual, se possa analisar substâncias específicas importantes na elucidação diagnóstica de doenças (SCHWARTZ; ZHU; SREEBNY, 1995; LAWRENCE, 2002; LÓPEZ et al., 2003; YARAT et al., 2004). A facilidade de coleta da saliva, bem como o fato de oferecer menor risco de contaminação para o operador quando do manuseio da mesma, representam aspectos importantes para subsidiar a escolha da mesma como meio de diagnóstico. Aliado a isso, os estudos realizados comparando resultados dos testes salivares com outros métodos de credibilidade científica comprovada, como dosagens sangüíneas de substâncias, têm tornado o método confiável e, portanto, com sua aplicabilidade validada (MOURA et al., 2007). Reuterving et al. (1987), avaliando a influência do grau de severidade de diabetes no fluxo salivar e na concentração de glicose em 11 pacientes com tipo 1 e 2 de diabetes, não acharam qualquer diferença significativa em pH, capacidade de memória intermediária, proteínas totais, eletrólitos, lisozimas, peroxidases, nem controle metabólico. Concluíram que o grau de controle metabólico não tem uma grande influência em composição salivar, exceto na concentração salivar de glicose. Estudos desenvolvidos por Carda et al. (2006) demonstraram que somente pacientes diabéticos com glicemia acima de 180 mg/dL e hemoglobina glicosilada acima de 8% tiveram a glicose salivar aumentada (4 pacientes - 23,5%). Enquanto não foi evidenciado nenhuma diferença significativa nos valores de amilase, proteínas totais, nem eletrólitos salivares entre pacientes com diabetes tipo 2 e o grupo controle. Avaliando os níveis de glicose na saliva dos pacientes com diagnóstico de diabetes melito tipo 2, durante a coleta de saliva em repouso e estimulada constatou-se, no presente estudo, que as médias dos níveis de glicose na saliva em repouso oscilaram no grupo controle enquanto que, no grupo experimental, foi registrado um aumento, nesses níveis, da avaliação basal até 30 dias, oscilando nas duas últimas avaliações. Quando a saliva foi estimulada, as médias dos níveis de glicose oscilaram entre as avaliações no grupo controle e aumentaram da avaliação basal até 30 dias no grupo experimental, oscilando nas duas últimas avaliações, não se comprovando diferença significativa entre as avaliações para nenhum dos grupos. Esses resultados demonstram que os níveis de glicose em saliva, durante a coleta 72 em repouso e estimulada, não refletem a ação do infuso da planta sobre os pacientes diabéticos tipo 2, visto que difere da realidade da glicose sanguínea. A correlação entre a taxa de glicemia capilar e a concentração de glicose salivar não foi observada no presente estudo. Isso por que, no grupo controle, a glicemia reduziu nos períodos de avaliação basal até 60 dias, e os níveis de glicose na saliva oscilaram, ao longo desses períodos de avaliação, tanto na coleta de saliva em repouso como estimulada. Já no grupo experimental, a glicemia reduziu da avaliação basal até a avaliação com 30 dias, oscilando nas avaliações com 45 e 60 dias; enquanto os níveis de glicose na saliva, tanto em repouso como estimulada, aumentaram da avaliação basal até 30 dias, oscilando nas avaliações com 45 e 60 dias. Estes resultados corroboram com os encontrados por Forbat et al. (1981), BenAryed et al. (1988), Carda et al. (2006) e Vasconcelos (2007). Forbat et al. (1981) mediram a concentração de sangue e glicose salivar em 31 pacientes com diabetes melito tipo 2, comparando com um grupo de não diabéticos, concluindo nesse estudo que níveis salivares de glicose não refletem níveis de glicose no sangue. Já Ben-Aryeh et al. (1988) estudou 35 diabéticos tipo 2 e os comparou com um grupo controle. Os resultados deste estudo demonstraram níveis aumentados de glicose, proteína total, e potássio; níveis normais de amilase, IgA e sódio, e um fluxo salivar reduzido, não achando qualquer correlação entre sangue e níveis salivares de glicose. Os resultados dessa pesquisa divergem dos encontrados por Reuterving et al. (1987) e Karjalainen; Knuutila; Karr (1996) que afirmam haver correlação positiva entre a glicose salivar e sangüínea. Todas as referências utilizadas nessa dissertação, confrontadas com os resultados encontrados nesse estudo demonstram a necessidade de realização de mais estudos clínicos, a fim de que sejam verificados e comprovados todos os benefícios que podem ser obtidos a partir da ampla utilização da Cissus verticillata (L.) em seres humanos. 73 7 CONCLUSÕES De acordo com os estudos realizados, conclui-se que: O infuso da Cissus verticillata (L.), analisando-se a glicose sanguínea dos pacientes, foi capaz de produzir um efeito hipoglicemiante no grupo experimental, quando administrado por um período de oito semanas. Avaliando-se a glicemia dos pacientes, observamos que tanto o infuso da Cissus verticillata (L.) no grupo experimental, como a glibenclamida no grupo controle, desenvolveram ação hipoglicemiante nos pacientes com diabetes melito tipo 2, o que já era esperado no grupo controle. Os níveis salivares, quando coletados em repouso, apresentaram médias mais elevadas no grupo controle nas avaliações basal, 15 dias e 60 dias e, quando coletados sob estímulo mastigatório, apresentaram médias correspondentemente mais elevadas no grupo experimental, com exceção da avaliação basal. A correlação entre a taxa de glicemia sangüínea capilar e a concentração de glicose salivar não foi observada no presente estudo. Em virtude da escassez de trabalhos na área utilizando seres humanos faz-se necessário que mais estudos e pesquisas clínicas, com maior número de pacientes, sejam realizados a fim de comprovar a eficácia da Cissus verticillata (L.) em pacientes portadores de diabetes melito tipo 2. 74 REFERÊNCIAS ABREU, I. N. et al. Nitrogênio e fósforo na produção vegetal e na indução de mucilagem em plantas de insulina. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p. 536-540, dez. 2002. ADA. American Diabetes Association. Type 2 diabetes in children and adolescents. Diabetes Care, v. 23, p. 381-389, 2000. ______. American Diabetes Association. Report of the Expert Committe on the diagnosis and classification of diabetes mellitus: follow-up report on the diagnosis of diabetes mellitus. Diabetes Care, n. 26, p. 160-167, 2003. ______. American Diabetes Association. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care, Alexandria, v. 27, p. S5-S10, 2004. AGUIAR, L. G. K. de; VILLELA, N. R.; BOUSKELA, E. A microcirculação no diabetes: implicações nas complicações crônicas e tratamento da doença. Arquivos Brasileiros de Endocrionologia & Metabologia, v. 51, n. 2, p. 204-211, 2007. ALMEIDA, E. R. et al. Embriofetotoxic effect and offspring postnatal development exposed to hydroalcoholic fraction extract of Cissus sicyoides L. during wistar rats pregnancy. Journal of Medicinal Plants Research, v. 1, n. 5, p. 109-112, dez. 2007. ALVES, C. et al. Atendimento odontológico do paciente com diabetes melito: recomendações para a prática clínica. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v. 5, n. 2, p. 97-110, mai./ago. 2006. ANDRADE, M. M. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006, cap. 4, 6 e 7, p. 73-79, 91-98. 75 ARAÚJO, I. M. L. Avaliação do efeito hipoglicemiante da citrullus vulgaris schrad (melancia) em indivíduos diabéticos tipo 2 e normais. Dissertação. Universidade Federal da Paraíba/CCS, 1999. 134p. ASBCROFT, F. M. Mechanisms of the glycemic effects of sulfonylureas. Hormone and Metabolic Research, v. 28, p. 456-463, 1996. ATKINSON, M. A.; MACLAREN, N. K. The pathogenesis of insulin dependent diabetes. The New England Journal of Medicine, v. 331, p. 1428-1436, 1994. AYDIN, S. A Comparison of Ghrelin, Glucose, Alpha-amylase and Protein Levels in Saliva from Diabetics. Journal of Biochemistry and Molecular Biology, v. 40, n. 1, p. 29-35, jan. 2007. BATISTA, A. A.; NETO, J. M. Manifestações da diabete na cavidade bucal em pacientes portadores de próteses. Jornal Brasileiro de Clínica e Estética em Odontologia, v. 3, n. 14, p. 70-72, 1999. BELAZI, M. A. et al. Salivary alterations in insulin-dependent diabetes mellitus. International Journal of Pediatric Dentistry, Greece, v. 8, p. 29-33, 1998. BELTRAME, F. L. et al. Estudo fitoquímico e avaliação do potencial antidiabético do Cissus sicyoides L. (Vitaceae). Química Nova, v. 24, n. 6, p. 783-785, 2001. BELTRAME, F. L. et al. Evaluation of the Antidiabetic and Antibacterial Activity of Cissus sicyoides. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 45, n. 1, p. 2125, mar. 2002. BEN-ARYEH, H. et al. Salivary composition in diabetic patients. Journal of Diabetic Complications, v. 2, p. 96-99, 1988. 76 BERNARDI, M. J. et al. Study of the Buffering Capacity, pH and Salivary Flow Rate in Type 2 Well-Controled and Poorly Controlled Diabetic Patients. Oral Health Prev Dent, v. 5, n. 1, p. 73-78, 2007. BORG, W. P.; SHERWIN, R. S. Classification of diabetes mellitus. Advances in Internal Medicine, v. 45, p. 275-295, 2000. BRAGANÇA, L. A. R. Plantas medicinais antidiabéticas: uma abordagem multidisciplinar. Niterói - Rio de Janeiro: Editora da Universidade Federal Fluminense, 1996, 300p. BRASIL. Resolução N° 196 de 18 de Outubro de 1996. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde, 1996. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. Brasília, 2001a, p. 13-15, 21-25 e 31. ______. Ministério da Saúde. Informe de Atenção Básica. Diabetes. n. 6. Ano II. Fev. 2001b. ______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n˚ 48 de 16/03/2004. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de Março de 2004. ______. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde: relato de situação: Paraíba. 2. ed. Brasília, DF, 2006. CAMARGO, A. C. K.; PUPO, D.; BUSSOLOTI FILHO, I. Sialometria. Acta ORL/ Técnicas em Otorrinolaringologia, v. 33, n. 3, p. 14-18, 2005. 77 CANO, J. H.; VOLPATO, G. Herbal mixtures in the traditional medicine of eastern Cuba. Journal of Ethnopharmacology, v. 90, p. 293-316, 2004. CARDA, C. et al. Structural and functional salivary disorders in type 2 diabetic patients. Medicina Oral, Patologia Oral y Cirurgia Bucal, Valência, v. 11, p. 309314, 2006. CARLSON, G. W. The salivary glands: embriology, anatomy, and surgical applications. Oral and Maxillofacial Surgery Clinics of North America, v. 80, p. 261-273, 2000. CARRANZA, F. A. et al. Periodontia Clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, cap.44, p.657-660. CARVALHO, L. A. C. et al. Pacientes Portadores de Diabetes Tipo 2: Manifestações Sistêmicas e Orais de Interesse para o Atendimento Odontológico. RPG Revista de Pós-Graduação, v. 10, n. 1, p. 53-58, jan./mar. 2003. CARVALHO A. C. B.; DINIZ, M. F. F. M.; MUKHERJEE, R. Estudos da atividade antidiabética de algumas plantas de uso popular contra o diabetes no Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 86, n. 1, p. 11-16, 2005. CHACRA, A. R.; MOISÉS, R. C. M. S. Diabetes Melito: Classificação e Diagnóstico. In: CORONHO V. et al (Ed). Tratado de Endocrinologia e Cirurgia Endócrina. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, p. 924-926. CONSENSO BRASILEIRO SOBRE O DIABETES 2002. Diagnóstico e classificação do diabetes melito e tratamento do diabetes melito tipo 2. Sociedade Brasileira de Diabetes. Rio de Janeiro. Maio, 2003, 75p. COSTA, A. A.; ALMEIDA NETO, J. S. Manual de Diabetes: alimentação, medicamentos, exercícios. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 1998, p. 156. 78 DAVIDSON, H. B. Diabetes Mellitus: diagnóstico e tratamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2001, p. 289. DEVIENNE, K. F.; RADDI, M. S. G.; POZETTI, G. L. Das plantas medicinais aos fitofármacos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 6, n. 3, p. 1114, 2004. DIB, S. A.; CALLIARI, L. E. P. Diabetes Melito Tipo I. In: CORONHO V. et al. Tratado de Endocrinologia e Cirurgia Endócrina. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, p. 928-932. DI STASI, L. C. Plantas medicinais: arte e ciência: um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 1996, 230p. DODDS, M. W. J.; YEH, C. K.; JOHNSON, D. A. Salivary alterations in type 2 (noninsulin-dependent) diabetes mellitus and hypertension. Community Dentistry and Oral Epidemiology, v. 28, p. 373-381, mar. 2000. EDGAR, W. M.; O´MULLANE, D. M. Saliva and oral health. 2. ed. London, 1996, cap. 1, p. 1-8. ELDIN, S.; DUNFORD, A. Fitoterapia na Atenção Primária à Saúde. Manole, 2001, cap. 1 e 2, p. 1-22. FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES. El Diabetes Atlas. 2. ed., 2003, 56p. FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES. Diabetes Atlas. 3. ed., 2006. FEJERSKOV, O.; KIDD, E. Cárie Dentária: a doença e seu tratamento clínico. São Paulo: Santos, 2007, cap. 2, p. 7-26. 79 FISKE, J. Diabetes mellitus and oral care. Dent Update, v. 31, n. 4, p. 190-196, may. 2004. FLINK, H.; TEGELBERG, A., LAGERLOF, F. Influence of the time of measurement of unstimulated human hole saliva on the diagnosis of hyposalivation. Archives of Oral Biology, v. 50, p. 553-559, 2005. FONTE, N. N.; CAVALLET, V. J.; BIASI, L. A. A complexidade do trabalho com plantas medicinais: uma reflexão necessária. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 7, n. 1, p. 16-22, 2004. FORBAT, L. et al. Glucose concentrations in parotid fluid and venous blood of patients attending a diabetic clinic. Journal of the Royal Society Medicine, v. 74, p. 725-728, 1981. FRAIGE FILHO, F. Dia Mundial do Diabetes. Diabetes Clin, v. 3, n. 4, p. 177, out. 1999. GARCIA, M. D. Anti-inflammatory activity of Agave and Cissus sicyoides species used in the Caribbean traditional medicine. Journal of Ethnopharmacology, v. 71, n. 3, p. 395-400, 2000. GOODMAN, L. S.; GILMAN, A. G. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987, 248p. GREGORI, C.; COSTA, A. A.; CAMPOS, A. C. O paciente com diabetes melito. RPG Revista de Pós-Graduação, v. 6, n. 2, p. 166-174, abr./jun. 1999. GROSS, J. L. et al. Diabetes melito: diagnóstico, classificação e avaliação do controle glicêmico. Arquivos Brasileiros de Endocrionologia & Metabologia, v. 46, n. 1, p. 16-26, fev. 2002. 80 GUIMARÃES, F. P. M.; TAKAYANAGUI, A. M. M. Orientações recebidas do serviço de saúde por pacientes para o tratamento do portador de diabetes mellitus tipo 2. Revista de Nutrição, Campinas, v. 15, n. 1, p. 37-44, jan./abr. 2002. HUMPHREY, S. P.; WILLIAMSON, R. T. A review of saliva: normal composition, flow, and function. Journal of Prosthetic Dentistry, v. 85, p. 162-169, 2001. IMAGAWA, A. et al. A novel subtype of type 1 diabetes mellitus characterized by a rapid onset and an absence of diabetes-related antibodies. The New England Journal of Medicine, v. 342, p. 301-307, 2000. KADIR, T. et al. Mycological and cytological examination of oral candidal carriage in diabetic patients and non-diabetic control subjects: thorough analysis of local a etiologic and systemic factors. Journal of Oral Rehabilitation, v. 29, p. 452-457, 2002. KAUFMAN, E.; LAMSTER, I. B. Analysis of saliva for periodontal diagnosis – a review. Journal of Clinical Periodontology, Copenhagen, v. 27, n. 7, p. 453-465, jul. 2000. KARJALAINEN, K. M.; KNUUTILA, M. L.; KAAR, M. L. Salivary factors in children and adolescents with insulin-dependent diabetes mellitus. Pediatric Denstistry, Finland, v. 18, n. 4, p. 306-311, jul./aug. 1996. KELLER, J. Herbal medicinal products in Germany and Europe: experiences with national and European assessment. Drug Information Journal, v. 30, p. 933-948, 1996. KITABCHI, A. E. et al. Management of hyperglycemic crises in patients with diabetes. Diabetes Care, v. 24, p. 131-153, 2001. LASCALA, N. T. Compêndio Terapêutico Periodontal. 2. ed. São Paulo: Artes Médicas, 1995, 685p. 81 LAUDA, P. A.; SILVEIRA, B. L.; GUIMARÃES, M. B. Manejo Odontológico do Paciente Diabético. Jornal Brasileiro de Odontologia Clínica, v. 2, n. 9, p. 81-87, 1998. LAWRENCE, H. P. Salivary markers of systemic disease: noninvasive diagnostic of disease and monitoring of general health. Journal of the Canadian Dental Association, Toronto, v. 68, n. 3, p. 170-174, mar. 2002. LI, W. L. et al. Natural medicines used in the traditional chinese medical system for therapy of diabetes mellitus. Journal of Ethnopharmacology, v. 92, p. 1-21, 2004. LINDHE, J.; KARRING, T.; LANG, N. P. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, cap. 6, p. 176180. LIMA, C. M. B. L. Avaliação da toxicidade aguda e crônica do extrato hidroalcoólico das folhas de Cissus sicyoides L.. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Universidade Federal da Paraíba/CCS, 2007, 108p. LIZAMA, R. S.; MARTINEZ, M. M.; PEREZ, O. C. Contribuición al estúdio de Cissus sicyoides L. (bejuco ubí). Revista Cubana de Farmácia, v. 34, n. 2, p. 120-124, 2000. LOMBA, M.; LOMBA, A. Objetivo Saúde. Especialidades Médicas. 2. ed., v. 1, 2005, cap. 6, p. 142-143. LÓPEZ, M. E. et al. Salivary Characteristics of Diabetic Children. Brazilian Dental Journal, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, p. 26-31, jul. 2003. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil Nativas e Exóticas. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 2002, 501p. 82 MANDELL, I. D. The role of saliva in maintaining oral homeostasis. Journal of American Dental Association, v. 119, p. 298-304, 1989. MAPA DA PARAÍBA. Disponível em: http://www.aparaiba.com/diretorio/index.php?cat_id=1&cat_id_thm=1&x=1&y=1. Acesso em: 15 fev. 2009. MARTINS, D. V. Metabolismo dos Carboidratos. In: CORONHO V. et al. (Ed). Tratado de Endocrinologia e Cirurgia Endócrina. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, p. 918-923. MATHEUS, D. R.; AHMED, S.; VILAR, L. Tratamento Farmacológico do Diabetes Tipo 2. In: VILLAR L.; CASTELLAR, E.; MOURA, E.; LEAL, E.; MACHADO, A. C.; TEIXEIRA, L.; CAMPOS, R. Endocrinologia Clínica. Rio de Janeiro: MEDSI Editora Médica e Científica Ltda, 2001, p. 535-557. MELGAÇO, C. A. Diabetes melito e a doença periodontal: revisão da literatura. Jornal Brasileiro de Endo/Perio, v. 3, n. 9, p. 100-104, 2002. MIGUEL, M. D.; MIGUEL, O. G. Desenvolvimento de fitoterápicos. São Paulo: Probe Editorial, 1999, 116p. MIKICH, S. B.; SILVA, S. M. Composição Florística e Fenologia das Espécies Zoocóricas de Remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual no CentroOeste do Paraná, BRASIL. Acta Botânica Brasílica, v. 15, n. 1, p. 89-113, 2001. MOREIRA, A. R. et al. Hipossalivação e aumento da glicose salivar em diabéticos. Revista de Odontologia, n. 30, p. 78-82, 2007. MORI, T. et al. Effect of insulina leaf extract on development of diabetes: comparison between normal, streptozotocin-induced diabetic rats and hereditary diabetic mice. Journal of Japanese Society of Nutrition and Food Science, v. 54, n. 4, p. 197203, 2001. 83 MORGAN, R. Enciclopédia das Ervas e Plantas Medicinais. 9. ed. Hemus, 2003, cap. 1, p. 1-25. MOURA, S. A. B. de et al. Valor Diagnóstico da Saliva em Doenças Orais e Sistêmicas: uma revisão de literatura. Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, João Pessoa, v. 7, n. 2, p. 187-194, mai./ago. 2007. NAVAZESH, M. Method for collecting saliva. In: Saliva as a diagnostic fluid. The New York Academy of Sciences, New York NY, v. 694, p. 72-77, sept. 1993. NEGRI, G. Diabetes Melito: plantas medicinais e princípios ativos naturais hipoglicemiantes. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 41, n. 2, p. 121-142, 2005. NEIVA, P. Diabetes: o início de uma revolução. Revista VEJA. São Paulo: Editora Abril, n. 39, set. 2005. NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Plantas Medicinais: guia para profissional de saúde. XIII-XXVII, São Paulo: Premier, 2002. NUCCI, L. B. A. Campanha Nacional de Detecção do Diabetes Mellitus: cobertura e resultados glicêmicos. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Epidemiologia. Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2003. 120p. OLIVEIRA, J. E. P.; MILECH, A. Diabetes: passado, presente e futuro. In: OLIVEIRA, J. E. P.; MILECH, A. Diabetes Mellitus: clínica, diagnóstico, tratamento interdisciplinar. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 1-6. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Doenças crônico-degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde/ Organização Pan-Americana de Saúde. Brasília, 2003. Disponível em: http//www.opas.org.br. Acesso em: 31 jul. 2004. 84 PAJUKOSKI, H. et al. Salivary flow and composition in elderly patients referred to an acute care geriatric ward. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontics, v. 84, n. 3, p. 265-271, sept. 1997. PEPATO, M. T. et al. Efeito da administração oral crônica de Cissus sicyoides no metabolismo de carboidratos. Anais do XV Simpósio de plantas medicinais do Brasil. Águas de Lindóia – SP, 1998. PEPATO, M. T. et al. Cissus sicyoides (princess vine) in the long-term treatment of streptozotocin-diabetic rats. Biotechnology and Applied Biochemistry, v. 37, p. 15-20, 2003. PILATTI, G. L.; TOLEDO, B. E. C.; EL GUINDY, M. Diabetes mellitus e doença periodontal. Revista ABO Nacional, v. 3, n. 5, out./nov. 1995. PORTER, S. R.; SCULLY, C.; HEGARTY, A. M. An update of the etiology and management of xerostomia. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontics, v. 97, p. 28-46, 2004. Report of a WHO Consultation. Definition, Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus and its Complications. Part I: Diagnosis and classification of diabetes mellitus. (Annex 2. Methods for measuring substances in blood and urine). World Health Organization. Department of Noncommunicable Disease Surveillance. Geneva, 1999. RESS, T. D.; HALLMON, W. W. Modificadores sistêmicos. In: WILSON, T. G.; KENNETH, S. K. Fundamentos de Periodontia. 1. ed. São Paulo: Quintessence, 2001, p. 241-278. REUTERVING, C. O. et al. Salivary flow rate and salivary glucose concentration in patients with diabetes mellitus influence of severity of diabetes. Diabetes Metabolism, v. 13, p. 457-462, 1987. 85 RODRIGUES, C. A. et al. Cápsulas de quitosana-alginato-cálcio para liberação de insulina via oral: estudos in vitro. Alcance (Pesquisa). Itajaí. Ano VIII, n. 5, p. 59-64, set. 2001. ROSA, E. L. S. da; SOUZA, J. G. de. Abscesso Dentofacial Agudo: em um paciente com diabetes mellitus. Revista Gaúcha de Odontologia, v. 44, n. 2, p. 95-96, mar./abr. 1996. SALLÉ, J. O Totum em Fitoterapia. São Paulo: Robe, 1996, cap. 1 e 6, p. 15-21 e 59-61. SANTOS, H. B. Ensaios clínicos de fase II com as folhas de Cissus sicyoides L. Vitaceae em indivíduos intolerantes à glicose e diabéticos tipo 2. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Universidade Federal da Paraíba/CCS, 2007, 167p. SANTOS, P. P. A. et al. Saliva: métodos atuais para coleta e obtenção da amostra. Revista da Faculdade de Odontologia de Porto Alegre, Porto Alegre, v. 48, n. 1/3, p. 95-98, jan./dez. 2007. SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J. Tendências do diabetes mellitus no Brasil: o papel da transição nutricional. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, sup. 1, p. S29-S36, 2003. SCHNEIDER, M.; BERND, G.; NURKIM, N. L. Diabetes Mellitus e suas Manifestações Bucais sobre o Periodonto: uma revisão bibliográfica. Revista Odonto Ciência, v. 10, n. 20, p. 89-98, dez. 1995. SCHULZ, V.; HÄNSEL, R.; TYLER, V. E. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia para as ciências da saúde. 4. ed. São Paulo: Manole, 2002, cap. 1, p. 138. 86 SCHWARTZ, S. S.; ZHU, W. X.; SREEBNY, L. M. Sodium dodecil sulphatepolyacrylamide gel electrophoresis of human whole saliva. Archives of Oral Biology, Oxford, v. 40, n. 10, p. 949-958, oct. 1995. SHAFER, W. G.; HINE, M. K.; LEVY, B. M. Tratado de Patologia Bucal. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987, cap. 12, p. 615-616. SHIP, J. A. Diabetes and oral health: an Overview. Journal of the American Medical Association, Chicago, v. 134, p. 4S-10S, oct. 2003. SHORR, R. I. et al. Anti-hipertensivos e risco de hipoglicemia grave em pessoas idosas que usam insulina ou sulfoniluréias. Journal of the American Medical Association, v. 1, n. 1, p. 60-66, nov./dez. 1997. SILVA, G. A.; AKISUE, G.; OGA, S. Ensaio Farmacológico de Ação Hipoglicemiante dos Extratos Fluidos de Cissus sicyoides L. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 5, n. 2, p. 144-155, 1996. SILVERMAN Jr., S.; EVERSOLE, L. R.; TRUELOVE, E. L. Fundamentos de Medicina Oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, cap. 9, p. 84-92. SILVERSTEIN, J. et al. Care of children and adolescents with type 1 diabetes. Diabetes Care, Alexandria, v. 28, p.186-212, 2005. SINGI, G. Fisiologia para Odontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998, 115p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES - Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes: tratamento e acompanhamento do diabetes mellitus. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2006, 153p. 87 SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/diabetes/exames/valoresdeglicemia.php. Acesso em: 19 mai. 2008. SONESSON, A. M.; ELIASSON, B. L.; MATSSON, A. L. Minor salivary gland secretion in children and adults. Archives of Oral Biology, v. 48, p. 535-539, 2003. SOUSA, R. R. et al. O paciente odontológico portador de diabetes mellitus: uma revisão de literatura. Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, João Pessoa, v. 3, n. 2, p. 71-77, jul./dez. 2003. TAMBASCIA, M. A. Diabete Melito Tipo 2: conceitos diagnósticos e terapêuticos. Revista da Hoechst Mation Roussel, v. 1, p. 22, 1997. TEIXEIRA, L.; MACHADO, A. C. Diabetes Mellitus – Classificação e Diagnóstico. In: VILLAR, L.; CASTELLAR, E.; MOURA, E.; LEAL, E.; MACHADO, A. C.; TEIXEIRA, L.; CAMPOS, R. Endocrinologia Clínica. Rio de Janeiro: MEDSI Editora Médica e Científica Ltda, 2001, p. 511-523. TOLEDO, M. et al. Antochyanins from anil trepador (Cissus sicyoides L.). Food Science, v. 48, p. 1368-1369, 2003. TOMITA, N. E. et al. Condições Periodontais e Diabetes Mellitus na População Nipobrasileira. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 5, p. 607-613, 2002. THYLSTRUP, A.; FEJERSKOV, O. Cariologia Clínica. 3. ed. São Paulo: Santos, 2001, cap. 2, p. 17-43. TRAMONTINA, R. G. et al. Diabetes: um fator de risco para doença periodontal. Quando? Revista Gaúcha de Odontologia, v. 45, n. 1, p. 50-54, jan./fev. 1997. 88 TYLER, V. E. Phytomedicines: back to the future. Journal of Natural Products, v. 62, p. 1589-1592, 1999. VASCONCELOS, T. H. C. et al. Ensaios toxicológicos clínicos com as folhas de Cissus sicyoides L. (Vitaceae). Anais do X Encontro de Iniciação Científica da UFPB. Ciências da Vida, Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - João Pessoa: Ed. Universitária, 2002, 99p. VASCONCELOS, T. H. C. Ensaios toxicológicos pré-clínico e clínico com as folhas de Cissus sicyoides L.. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Universidade Federal da Paraíba/CCS, 2004, 178p. VASCONCELOS, T. H. C. et al. Estudo toxicológico pré-clínico agudo com o extrato hidroalcoólico das folhas de Cissus sicyoides L. (Vitaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, n. 4, p. 583-591, out./dez. 2007. VASCONCELOS, A. C. U. Estudo comparativo da concentração de glicose salivar e sangüínea em pacientes diabéticos tipo 2. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Universidade Federal da Paraíba/CCS, 2007, 73p. VIANA, G. S. B. et al. Hipoglycemic and anti-lipemic effects of the aqueous extract from Cissus sicyoides. BMC Pharmacology, v. 4, n. 9, 2004. YARAT, A. et al. Salivary thromboplastic activity in diabetics and healthy controls. Clinical Oral Investigations, Berlin, v. 8, n. 1, p. 36-39, mar. 2004. 89 APÊNDICE 1 – Ter mo de Consentimento Livre e Esclarecido LINHA DE PEQUISA Doenças Sistêmicas e Infecciosas com Manifestações Bucais. TÍTULO DA PESQUISA Avaliação da Eficácia da Cissus verticillata (L.), em Portadores de Diabetes Melito Tipo 2, através da Concentração de Glicose na Saliva e no Sangue. PESQUISADORA Rosana Araújo Rosendo ORIENTADOR DA PESQUISA Lino João da Costa As informações a seguir descreverão esta pesquisa e o papel que você terá como participante. A pesquisadora e o orientador responsáveis pelo projeto responderão a quaisquer dúvidas que você possa ter sobre este termo e sobre este estudo. Por favor, leia-o cuidadosamente. Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa cujo objetivo geral é avaliar a eficácia da Cissus verticillata (L.), em portadores de diabetes melito tipo 2, através da concentração de glicose na saliva e no sangue. Para decidir se deseja ou não participar deste estudo você deve estar consciente da importância do mesmo para a saúde. Sua participação neste estudo é espontânea, e você poderá recusar-se a participar ou poderá interromper sua participação a qualquer momento sem constrangimento. Todas as informações obtidas em relação a este estudo permanecerão em sigilo, assegurando proteção de sua imagem e respeitando valores morais, culturais, religiosos, sociais e éticos. Os resultados desta pesquisa poderão ser apresentados em congressos ou publicações científicas, porém sua identidade não será divulgada nestas apresentações, nem serão utilizadas quaisquer imagens ou informações que permitam a sua identificação. Se houver qualquer dúvida em relação a este estudo, você poderá receber maiores esclarecimentos com a pesquisadora Rosana Araújo Rosendo, pelos telefones: (83) 3423-2300 / 9961-9951/ 8814-1080; ou com o orientador da pesquisa Lino João da Costa, pelo telefone: (83) 3216-7797 / 99848036. 90 CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO DO PARTICIPANTE DA PESQUISA Eu ________________________________RG n°_______________, li a descrição do estudo e, não havendo qualquer dúvida, concordo em participar do mesmo. Confirmo que recebi cópia do termo de esclarecimento para participação na pesquisa. Compreendo que minha participação é voluntária e que posso desistir de continuar o estudo. Autorizo a liberação dos dados obtidos para apresentação em eventos científicos e publicações, desde que minha identidade seja protegida. Participante do estudo ____________________ __________________ Testemunha 1 Testemunha 2 Patos, ______ de ___________de 2009. 91 APÊNDICE 2 – Questionário Utilizado para Coleta de Dados 1. Dados de Identificação Nome: ___________________________________________ Endereço: ________________________________________ Fone: _________ Sexo: M ( ) F ( ) Data de Nascimento: ___/___/___ Idade: 30 a 39 ( ) 40 a 49 ( ) 50 a 59 ( ) 60 a 69 ( ) 70 a 80 ( ) Estado Civil: Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo ( ) 2. Situação Geral de Saúde Quanto ao tabagismo Fumante ( ) Ex-fumante ( ) Nunca fumei ( ) Faz uso de bebida alcoólica Sim ( ) Não ( ) Se mulher, encontra-se gestante Sim ( ) Não ( ) Realiza atividade física Sim ( ) Não ( ) Se Sim, qual? __________. Faz uso de adoçante artificial? Sim ( ) Não ( ) Faz uso de dieta hipocalórica Sim ( ) Não ( ) Faz uso de medicamentos Sim ( ) Não ( ) Hipoglicemiantes orais ( ) Insulina ( ) Medicação anti-hipertensiva ( ) Qual? ____________________ . Realiza exames para controle do diabetes Sim ( ) Não ( ) Se Sim, qual? _______________________ . Sendo positiva a resposta, com que freqüência? Semanal ( ) Mensal ( ) Trimestral ( ) Outros ( ) Tem o hábito de tomar chá? Sim ( ) Não ( ) Qual? _______________ . 92 APÊNDICE 3 - Ficha de Acompanhamento do Paciente Nome: ______________________________________________ Medicação: __________________________________________ Dia da Avaliação Basal 7° Dia 15° Dia 30° Dia 45° Dia 60° Dia Data da Avaliação Dia da Semana Hora da Avaliação Glicose Capilar 93 ANEXO 1 - Parecer do Comitê de Ética 94 ANEXO 2 - Autorização do Secretário Municipal de Saúde 95 ANEXO 3 – Identificação Botânica da Planta