Resumo Expandido Caracterizando Indicadores Naturais a Partir de Plantas do Cerrado do Mato Grosso do Sul Camila Gomes dos Santos - [email protected] – Escola Estadual Professora Nair Palácio de Souza Gabrieli Flores Teixeira - [email protected] - Escola Estadual Professora Nair Palácio de Souza Gabrielly Aparecida Santa Ana Ferreira- [email protected] - Escola Estadual Professora Nair Palácio de Souza Carlos Guilherme Sasso – [email protected] - Escola Estadual Professora Nair Palácio de Souza Escola Estadual Professora Nair Palácio de Souza Ciências Exatas e da Terra – Química Resumo: O potencial hidrogeniônico (pH) é uma grandeza que define a quantidade de íons H+ presentes em uma solução aquosa. É muito útil em diversas situações do nosso dia a dia, onde, a partir destes valores, conseguimos determinar uma série de variáveis técnicas que estão relacionadas a diversos setores da indústria e da agricultura. Em muitas oportunidade estamos longe de termos indicadores industriais, papéis indicadores ácido-base ou peagâmetros, que esclarecem o pH da solução, ou mesmo se o meio é ácido ou básico. Uma alternativa para determinar o meio da solução é utilizar o extrato de folhas ou flores de plantas, que conseguem, em, alguns casos, alterar o equilíbrio químico da solução e assim, alterar a sua cor. Este trabalho está voltado para a pesquisa de plantas típicas do cerrado sul-matogrossense, onde algumas delas foram testadas para a averiguação de possíveis indicadores ácido-base naturais. Após as análises químicas, as plantas foram devidamente catalogadas e identificadas para a elaboração dos resultados. Palavras-chave: Papel indicador, Solos, Antocianinas Resumo Expandido Introdução: O grau de alcalinidade ou acidez de uma solução pode ser expresso pelo seu pH, e depende da quantidade de íons H+ que a solução apresenta. A determinação do pH das soluções é fundamental para o trabalho de diversos setores agrícolas, industriais e do nosso cotidiano. Existem várias formas de determinação do pH, como usando aparelho, papéis indicadores e indicadores químicos. Alguns métodos definem o valor específicos do pH, que varia 0 a 14. A escala de pH foi criada pelo químico dinamarquês Sorensen, com objetivo de melhorar os métodos de controle de indústrias de fermentação (PERUZZO e CANTO, 2006). Assim, podemos dizer que o pH de 0 a 7 é ácido e de 7 a 14 é básico. Quando o pH resulta em 7, o mesmo é chamado neutro, ou seja, a quantidade de íons H+ da solução é igual a quantidade de íons OH-. Para definirmos o meio, ou seja, se o mesmo é ácido ou básico, usamos indicadores. Um dos mais conhecidos é a fenolftaleína, que deixa a solução rósea quando o meio é básico e incolor no meio ácido. Segundo Terci e Rossi (2002), o uso de indicadores de pH é uma prática bem antiga que foi introduzida no século XVII por Robert Boyle. Alguns indicadores, além de determinarem o meio, conseguem também, determinar o pH da solução, sendo portanto, mais precisos e bem mais rigorosos, (PERUZZO e CANTO, 2006). Os indicadores ácido-base são substâncias orgânicas fracamente ácidas (indicadores ácidos) ou fracamente básicas (indicadores básicos) que apresentam cores diferentes para suas formas protonadas e desprotonadas; isto significa que mudam de cor em função do pH ( TERCI e ROSSI, 2002). Já Junior e Bispo (2010), dizem que indicadores são ácidos ou bases orgânicas fracos em que os pares conjugados apresentam cores diferentes. Segundo Peruzzo e Canto (2006), a faixa de viragem é o nome dado ao valor de pH que um indicador ácido-base sofre mudança de coloração. Em muitos casos, principalmente em análises laboratoriais mais simples e em nosso próprio cotidiano, precisamos saber apenas se o meio está ácido ou básico, e sendo assim, a aplicação de indicadores naturais pode resolver esta questão. Em nossa região temos um bioma rico em variedades vegetais, onde muitas destas podem guardar riquezas ainda não descobertas. Partindo deste âmbito, achamos interessantes estudá-las para definirmos as plantas que são possíveis indicadores ácido-base naturais. Bastante conhecido, o repolho roxo é um dos vegetais mais usados como indicadores naturais, onde a sua solução em meio básico e ácido, possuem cores bem distintas. Os alunos participantes da pesquisa são da Escola Estadual Nair Palácio de Souza do 2º ano do Ensino Médio, período matutino. Este trabalho teve seu inicio em março de 2015, onde os discentes pesquisaram no ambiente natural, folhas e flores de plantas da região, identificando-as e buscando possíveis indicadores naturais. O término da pesquisa foi em agosto do mesmo ano e tem como principal finalidade a pesquisa científica em vegetais do cerrado da região, visando plantas que possam funcionar como indicadores ácido-base naturais e assim utilizados para a verificação do meio alcalino ou ácido dos solos e também na construção de papéis indicadores. As análises foram feitas no laboratório de Química da Escola Nair Palácio de Souza e na casa dos discentes envolvidos com o Projeto. Os principais objetivos deste trabalho são caracterizar flores e folhas de vegetais da região que tem potencial para serem considerados indicadores ácido-base naturais, capacitar os discentes para o trabalho laboratorial e o preparo de soluções. Além disso, pretendemos também rerificar a eficiência de indicadores naturais para a determinação dos meios alcalinos ou ácidos de solos da região e produzir papéis indicadores ácido-base a partir de extratos vegetais de plantas do cerrado do Mato Grosso do Sul. Resumo Expandido Justificativa: Esta pesquisa se justifica pelo fato de estudar na prática as temáticas abordadas em sala de aula, como conceitos da química inorgânica e físico – química, além de integrar alunos de diferentes cursos e realidades em um mesmo projeto. Além disso, esta pesquisa conta com um custo relativamente pequeno, sendo assim viável, pois os materiais usados no mesmo serão os próprios vegetais da região devidamente identificados, pilão pequeno, álcool, bechers, um ácido e uma base, ambos diluídos. Outro ponto importante do Projeto foi à prática laboratorial, onde os integrantes da pesquisa tiveram atividades experimentais constantes, trabalhando com uma grande variedade de vidrarias e reagentes. Neste ambiente, os discentes precisaram ter um comportamento adequado para a realização das práticas experimentais, com pontualidade e precisão, visando sua segurança e resultados confiáveis. Objetivos: Caracterizar folhas e flores do cerrado que tenham potencial para serem indicadores ácido-base naturais; Catalogar os vegetais selecionados com nomes científicos; Determinar o meio alcalino ou ácido de solos com indicadores-naturais Confeccionar um papel indicador ácido-base a partir de extratos de vegetais da Clitoria ternatea Metodologias: A clientela participante da pesquisa foram os alunos do 2 ano “B” do ensino médio matutino da Escola Estadual Professora Nair Palácio de Souza. Primeiramente, nas dependências do laboratório de Química da escola foram preparadas uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 0,2 mols por litro, com um volume de 300ml. Ao mesmo tempo, representando a solução ácida, foram preparados 300 ml de ácido clorídrico (HCl) a 0,2 mols por litro. As duas soluções foram devidamente armazenadas e rotuladas em frascos. A elaboração das soluções seguiu a metodologia sugerida por Peruzzo e Canto (2006) onde levou-se em consideração a equação que representa a quantidade de matéria por litro de solvente, definido por: M= m/MM . V (l), onde temos m como a massa em gramas, MM como massa molecular e V (l) como volume em litros. Na sequência dos trabalhos, tivemos a coleta de flores e de folhas típicas do cerrado. Após a coleta, a folha ou a flor era pesada em uma balança de precisão, resultando em amostras de aproximadamente 15g. Assim, o material após pesado será destinado ao almofarix e triturado pelo pistilo. Na sequencia, o material era destinado em um bequer, onde acrescentava-se água até completar um volume de aproximadamente 150 ml. Tomava-se o cuidado de deixar a solução homogênea. Após está parte, separa-se o conteúdo do béquer em mais dois recipientes, tomando o cuidado de deixá-los cada um com cerca de 50 ml de solução. O primeiro béquer era o testemunha, onde não iria adicionar nenhum reagente. No segundo bequer, adicionavas-se a 5 ml da base, e no terceiro béquer, adicionava cerca de 5 ml do ácido. Verificamos se houve alteração da coloração pela perturbação do equilíbrio e anotamos os resultados obtidos. Caso o extrato vegetal promovesse a alteração da coloração da solução em um dos meios, já pode ser considerada como um indicador natural. Entretanto, para ser um bom indicador, o extrato vegetal precisa promover a alteração do equilíbrio no meio ácido e no meio básico. A alteração da cor é comprovada quando se observa a coloração da solução testemunha e a coloração das demais soluções. Assim, podemos representar as soluções: 1º (testemunha): solução do extrato vegetal 2º solução: extrato vegetal + solução ácida 3º solução: extrato vegetal + solução básica Resumo Expandido Caso a amostra da flor ou folha seja coletada com muita antecedência das análises laboratorias, a mesma deverá ser congelada e etiqueta, a fim de não perder suas propriedades especificas. Neste trabalho, não foi permitido a utilização de vegetais que não foram identificados com o nome científico. Os resultados obtidos foram escritos na forma de tabelas e posteriormente, na forma gráfica. A pesquisa também foi dirigida para o preparo do papel indicador ácido-base. O papel usado é denominado papel filtro, já que ele apresenta um potencial maior de absorção.. Para a confecção do papel indicador, preparamos cerca de 100 ml de solução de extrato da flor Feijão Borboleta (Clitoria ternatea), aquecemos a uma temperatura de cerca de 40ºC e mergulhamos por cerca de 12 horas o papel reciclado. Depois, deixamos secar, cortamos o mesmo em fitas e realizamos testes em diferentes meios ácidos e básicos para verificar a eficiência da fita indicadora. No meio ácido a fita ficou roxa e no meio alcalino, ficou verde. As cores são idênticas aos resultados obtidos anteriormente, o que comprova a eficiência da sua aplicação. O papel indicador produzido foi usado para a caracterização do meio alcalino ou ácido dos solos. Para a averiguação deste caráter, coletamos uma amostra de cerca de 40g, peneiramos, deixando-o em partículas reduzidas e a posteriori, selecionamos 20 gramas, diluímos com água destilada, completando um volume na proveta de 100 ml. Separamos a solução em dois béqueres com aproximadamente 40 ml cada. Em um dos bequers, adicionamos 10 ml de ácido acético e no outro 10 ml de hidróxido de sódio diluído em água. Deixamos a solução homogênea. Após isso, adicionamos o extrato de Feijão Borboleta (Clitoria ternatea) até completar um volume fixo de 100 ml. Anotamos a coloração e comparamos com a tabela de indicadores naturais. As cores resultantes foram roxo para o solo em meio ácido e verde para o solo em meio básico, o que esta em conformidade com as cores obtidas na pesquisa a campo. Resultados/Análises dos Resultados: Com a pesquisa, verificamos que são pigmentos como as antocianinas que fazem a alteração da coloração das soluções em diferentes pH. Segundo Terci e Rossi (2002), estes pigmentos são responsáveis pela coloração de diversas flores e que seus extratos apresentavam cores que variavam em função da acidez ou alcalinidade do meio. Além disso, Atualmente, sabe-se que as antocianinas, pigmentos da classe dos flavonóides, são responsáveis pelas cores: azul, violeta, vermelho e rosa de flores e frutas. Neste trabalho foram coletados 40 espécimes da flora do Cerrado do Mato Grosso do Sul, a maioria identificada com seu nome popular e científico, segundo os métodos de taxonomia de Lineu. Dos órgãos vegetais selecionados, 30 foram flores e 10 folhas. Com a pesquisa, notamos que nenhum vegetal concebeu resultados apenas em meio ácido, totalizando 0% dos resultados obtidos. A maior parte das plantas pesquisadas são indicadores apenas no meio alcalino. São cerca de 75 % dos resultados, ou seja, 30 plantas. É importante mencionar que temos entre os resultados, folhas e flores. Em relação às plantas que foram indicadores nos meios acido e básico, obtivemos cerca de 12,5% dos resultados. Este resultado foi um tanto que significativo, já que esperávamos um número bem menor de vegetais que pudessem ser indicadores nos dois meios. Desta maneira, percebemos o potencial das plantas do cerrado. Destacam-se também as folhas que conceberam resultados nos dois meios. Resumo Expandido A tabela acima descreve os resultados de plantas que não tiveram seu equilíbrio químico alterado na presença de soluções acidas ou básicas. Sendo assim, não servem como indicadores ácido-base naturais. Foram cerca de 12,5%, de plantas com tais características. O papel indicador feito a partir de extratos de Feijão borboleta funcionou perfeitamente, tendo resultados significativos ao serem submetidos a meios ácidos e alcalinos. Para os testes, usamos ácido acético (vinagre) para o meio ácido e uma solução de hidróxido de sódio (soda cáustica) em pó para o meio básico. A solução de Feijão Borboleta também mostrou-se adequada para indicar o meio alcalino ou ácido de solos. Conclusões: Com esta pesquisa detalhamos algumas plantas que possuem potenciais de serem consideradas indicadores-naturais. Além disso, preparamos o papel indicador com o extrato de Feijão Borboleta (Clitoria ternatea), e verificamos a eficiência deste extrato para determinar o meio ácido ou alcalino dos solos, onde ambos os resultados foram considerados satisfatórios. Deu-se preferência, nesta pesquisa, para plantas nativas do cerrado do Mato Grosso do Sul. Através dos resultados, verificamos que as flores, por ter mais pigmentos, são bem mais suscetíveis a serem indicadores do que as folhas. A maioria das amostras pesquisadas, foram indicadores em pelo menos um dos meios, chegando a 87,5%. Referências Bibliográficas: CAVALHEIRO, Éder Tadeu Gomes. Aplicação de corantes naturais no ensino médio. Eclet. Quím. 2001, vol.26. JUNIOR, G. W., BISPO, L. M., Corantes Naturais Extraídos de Plantas para Utilização como Indicadores de pH. IRB, Jaraguá do Sul, SC, 2010. PERUZZO, Francisco Miragaia; CANTO, Eduardo Leite . Química na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo : Moderna, 2006. TERCI, D. B. L., ROSSI, A. V.; Indicadores Naturais de pH: Usar papel ou solução? UNICAMP, Campinas, 2002.