1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA GRADUAÇÃO Andressa Raquel Irgang dos Santos Ijuí, RS, Brasil 2016 2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Andressa Raquel Irgang dos Santos Relatório de Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, Área de Bovinocultura de Leite, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária. Orientador: Profº. Med. Vet. Dr. Felipe Libardoni Supervisor: Med. Vet. Jorge Luis Schifer Ijuí, RS, Brasil 2016 3 Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Departamento de Estudos Agrários Curso de Medicina Veterinária A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio da Graduação RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA elaborada por Andressa Raquel Irgang dos Santos como requisito parcial para obtenção do grau de Médica Veterinária COMISSÃO EXAMINADORA: ______________________________________ Felipe Libardoni, Dr. (UNIJUÍ) (Orientador) ______________________________________ Roberta da Fontoura Pereira, Dra. (UNIJUÍ) (Banca) Ijuí, 02 de Julho de 2016. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho á minha família, que sempre foi e será meu esteio, minha fortaleza, minha fé e meus maiores idealizadores. Aqueles que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e me incentivando a lutar pelos meus sonhos. Mas principalmente a ele que não me deixou desistir nos momentos mais difíceis da minha graduação: meu amor, William. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus por ter me concedido a graça da vida e por me acompanhar em todos os momentos de minha trajetória. Em segundo lugar, agradeço á minha família, que significam tudo pra mim. Pai e mãe tenho orgulho de ser filha de vocês, por ser quem são e por me dar sempre o melhor de vocês. À minha família, por sua capacidade de acreditar е investir em meus sonhos. Seus cuidados е dedicação fоі o que deram еm alguns momentos, а esperança pаrа seguir e a certeza dе qυе não estou sozinha nessa caminhada. Aos meus irmãos, Luís Fernando e Vanessa, por serem meus fiéis companheiros, amigos e confidentes, sabem que sem os conselhos de vocês eu não chegaria até aqui. Muito obrigada! Á minha cunhada Josiane, pela paciência, amizade e compreensão. Ao meu namorado, William, não caberia todas as palavras aqui pra descrever o quanto você foi e é importante nesse momento. Teu apoio e teu entendimento são únicos! Obrigada pelo teu carinho e pelo teu amor nesse momento! Ás minhas amigas irmãs do coração, Jéssica Tomio. e Loana Tamiosso. Agradeço todos os dias por Deus ter colocado vocês em minha vida, com certeza ela se tornou mais colorida e engraçada com a presença de vocês, por isso dedico esta conquista á vocês. As meus amigos João P. Galvão, Antônio Z., Rafael Dala Rosa, Simoní M., Paula, Gustavo, Tábata, Cindi e Débora, agradeço pelo ombro amigo de sempre, pelas risadas largas e noites longas de estudo. Muito obrigada pelos ensinamentos. Aos demais amigos agradeço pelo carinho e companheirismo ao longo de minha formação. Agradeço ao efetivo do 7º RPMon, que me ensinaram que o certo é sempre o certo e que o errado é o errado e não deves ser feito. Vocês foram essenciais nesse momento! Mais que homens e mulheres da justiça, tornaram-se meus amigos os quais admiro demais pelo trabalho desenvolvido em prol da comunidade. Agradeço ao Dr. Jorge S. e sua amada esposa Fátima, que além dos conhecimentos profissionais me ensinaram a ser alguém melhor, pois suas condutas e éticas são um exemplo á ser seguido por todos! Levarei todos os seus ensinamentos pra vida. Ao meu orientador Felipe Libardoni que só tenho á agradecer pelo incentivo, apoio e principalmente por acreditar que eu era capaz. Em especial aos professores, Roberta P., Gabrieli S., Maria A., Magda M. e Dagmar C., obrigado por me ensinar que ser professor e ser amigo é algo ímpar. Com certeza seus ensinamentos foram e serão pra sempre lembrados, fica aqui minha admiração e respeito por vocês. Aos outros professores, agradeço pelos conhecimentos á mim repassados. 6 Á minha querida amiga e segunda mãe, Lenecir Burtet, obrigado pelo amor, carinho incondicional e pelos ensinamentos da vida rural! E por fim, não menos importante, ao meu querido avô Arnaldo Valmor Irgang que com certeza está lá no céu olhando por mim e festejando pela realização do nosso sonho! 7 RESUMO Relatório de Graduação Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA CLÍNICA, CIRURGICA E REPRODUTIVA DE GRANDES ANIMAIS AUTORA: ANDRESSA RAQUEL IRGANG DOS SANTOS ORIENTADOR: FELIPE LIBARDONI Data e Local da Defesa: Ijuí, 02 de Julho de 2016. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Clínica, Cirurgia e Reprodução de Grandes Animais, na Agropecuária Farma Campo, que está localizada na Rua das Chácaras, nº391, na cidade de Ijuí– Rio Grande do Sul, durante o período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016, contabilizando um total de 150 horas. O estágio ocorreu sob supervisão do Médico Veterinário Jorge Luís de Lima Schifer , sob orientação do professor Doutor em Medicina Veterinária Felipe Libardoni. A realização do estágio teve como principal objetivo aplicar os conhecimentos teóricos obtidos durante a graduação, proporcionando uma abordagem ampla sobre a rotina clínica, reprodutiva e cirúrgica realizada a campo na área de grandes animais, sobre os recursos disponíveis nestas condições. As atividades que foram acompanhadas estão expressas em forma de tabelas onde estão especificados os casos clínicos, cirúrgicos e solicitação de exames complementares que foram acompanhados. Serão relatados dois casos clínicos, o primeiro refere-se á uma Intoxicação por Solanum fastigiatum e o outro sobre Rinotraqueite infecciosa bovina (IBR), ambos ocorridos em bovinos. O estágio curricular supervisionado proporciona a concretização da teoria aplicada na graduação associada com a realidade deparada no campo profissional, permitindo uma troca de conhecimentos entre acadêmico e supervisor resultando na descoberta de outras técnicas, ampliando assim, o horizonte de conhecimentos, tanto profissional quanto pessoal, instigando a prática do raciocínio e o desenvolvendo da independência em relação á tomada de atitudes frente às dificuldades encontradas na clínica, neste sentido se torna indispensável esta vivência para a formação de um profissional ético e responsável. Palavras-chave: Bovino. Propriedades Rurais. Aprendizado. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................ 12 3. RELATO DE CASO 1 .................................................................................. 16 3.1. INTOXICAÇÃO POR Solanum fastigiatum (SOLANACEAE) EM UM BOVINO¹..............................................................................................................................16 Resumo ................................................................................................................................. 16 Introdução ............................................................................................................................. 16 Metodologia .......................................................................................................................... 18 Resultados e discussões ........................................................................................................ 18 Conclusão.............................................................................................................................. 22 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 22 4 RELATO DE CASO 2 ................................................................................... 24 4.1. INFECÇÃO PELO HERPESVÍRUS BOVINO TIPO 1 (BoHV-1) EM UMA VACA HOLANDESA¹ ....................................................................................................... 24 Resumo ................................................................................................................................. 24 Introdução ............................................................................................................................. 24 Metodologia .......................................................................................................................... 26 Resultados e Discussão ......................................................................................................... 27 Conclusão.............................................................................................................................. 31 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 31 5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 34 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 35 7. ANEXOS ........................................................................................................ 39 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Exames Reprodutivos realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016 .......................................................................................................................................12 Tabela 2 - Manejo sanitário do rebanho leiteiro em propriedades rurais realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016 .....................................................................................12 Tabela 3 - Problemas reprodutivos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016 .......................................................................................................................................13 Tabela 4 - Ocorrências Clínicas no período do puerpério acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016...............................................................................................................................13 Tabela 5 - Atendimentos clínicos e procedimentos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016 ..............................................................................................................................14 Tabela 6 - Atendimentos cirúrgicos e necropsias acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período 05 de Abril a 13 de maio de 2016...............................................................................................................................14 Tabela 7 - Exames complementares solicitados acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Clínica, Reprodução e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo- Ijuí, no período 05 de Abril a 13 de maio de 2016...............................................................................................................................15 Tabela 8 - Terapêuticas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016...................................15 10 LISTA DE ANEXOS ANEXO A - Laudo Histopatológico de Bovino...................................................................40 ANEXO B - Resultado do Exame por Soroneutralização em Bovino (IBR)........................41 11 1. INTRODUÇÃO O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária é o momento onde o aluno de graduação tem a ocasião de vivenciar o cotidiano do profissional da área podendo desempenhar o papel de Médico Veterinário aprendendo e realizando, desde pequenos procedimentos até situações complexas, que determinam um caso clínico. Este estágio foi realizado na área de clínica, reprodução e cirurgia de grandes animais, com ênfase em bovinos leiteiros. A execução ocorreu na Agropecuária Farma Campo, do dia 05 de Abril a 13 de maio de 2016, totalizando 150 horas. A supervisão interna foi feita pelo Médico Veterinário Jorge Luis de Lima Schiffer e a orientação pelo professor Doutor em Medicina Veterinária Felipe Libardoni. A agropecuária Farma Campo é uma empresa familiar fundada dia 05 de Março de 2015. O proprietário Jeferson Porazzi, com experiência no ramo do agronegócio, teve a visão deste mercado em ascendência e resolveu estabelecer um novo conceito na cidade de Ijuí. O objetivo da empresa é atender Ijuí e região, tendo a perspectiva em cidades de Augusto Pestana, Jóia, Catuípe, Coronel Barros, Ajuricaba, Bozano, dentre outras. Atualmente o atendimento oferecido na empresa destina-se à agricultores e produtores de animais. Conta com atendimento de médico veterinário, técnicos em agropecuária e parceria com fabricantes e suas devidas assistências técnicas específicas, a fim de cumprir a ideologia da empresa em oferecer os melhores produtos aliados aos melhores técnicos para obter os melhores resultados no ramo agropecuário aumentando a eficiência econômica das propriedades. Por ser uma empresa nova e com ideias condizentes com os princípios que desejo seguir, voltada ao agronegócio e a prestação de serviço especializada na região onde pretendo atuar, escolhi desenvolver o meu estágio neste local, visando à aproximação com os produtores rurais que são assistidos pelo Médico Veterinário com anos de experiência nessa área. 12 2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Farma Campo – Ijuí serão apresentadas a seguir divididas nas seguintes áreas: exames reprodutivos, manejo sanitário do rebanho leiteiro, problemas reprodutivos, problemas no pós-parto, atendimentos clínicos gerais e atendimentos cirúrgicos, além da solicitação de exames complementares. Tabela 1. Exames reprodutivos realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Cirurgia e Reprodução de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Palpação retal Bovina 38 9,5 Exame vaginal Bovina 1 0,25 Ultrassonografia via transretal Bovina 361 90,25 400 100 Total Tabela 2. Manejos sanitários do rebanho leiteiro em propriedades rurais realizados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Cirurgia e Reprodução de Grandes Animais na Farma Campo –Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Vacinação para Brucelose Bovina 7 3,867 Vacinação para Clostridiose Bovina 87 48,066 Bovina 87 48,066 181 100 Vacinação para IBR,BVD e Leptospirose Total 13 Tabela 3. Problemas reprodutivos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica, Cirurgia e Reprodução de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Retenção de placenta Bovina 7 5,65 Cisto folicular Ovariano Bovina 6 4,84 Bovina 4 3,23 Bovina 107 86,29 124 100 Endometrite pós-puerperal catarral crônica de grau I Endometrite pós-puerperal catarral crônica de grau II Total Tabela 4. Ocorrências clínicas no período do puerpério acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Deslocamento de abomaso à esquerda Bovina 1 16,67 Deslocamento de abomaso à direita Bovina 1 16,67 Distúrbio digestivo Bovina 2 33,33 Mastite clínica Bovina 1 16,67 Mastite Subclínica Bovina 1 16,67 6 100 Total Tabela 5. Atendimentos clínicos e procedimentos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. 14 Procedimento Espécie Total % Casqueamento corretivo Bovina 1 7,69 Intoxicação por Solanum fastigiatum Bovina 1 7,69 Suspeita de Intoxicação por Bovina 1 7,69 Suspeita de Tristeza Parasitária Bovina 1 7,69 Suspeita de Leptospirose Bovina 1 7,69 Suspeita de Urolitíase Bovina 1 7,69 Trauma por queda na região do carpo Bovina 1 7,69 Suspeita de Artrite Séptica (articulação Bovina 1 7,69 Distúrbio digestivo Bovina 3 23,08 Suspeita de Coccidiose Bovina 1 7,69 Rinotraqueíte Viral Bovina Bovina 1 7,69 13 100 Solanum fastigiatum metatarso-falangeana) Total Tabela 6. Atendimentos cirúrgicos e necropsias acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Amochamento térmico Bovina 7 21,88 Descorna por fio serra Bovina 6 18,75 Identificação com ferro quente Bovina 7 21,88 Cesariana Bovina 1 3,13 Abomasopexia Bovina 1 3,13 Necropsia Bovina 1 3,13 Orquiectomia Bovina 7 21,88 15 Exérese de 3ª pálpebra Bovina 1 3,13 Extirpação de globo ocular Bovina 1 3,13 32 100 Total Tabela 7. Exames complementares solicitados acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Histopatológico Bovina 1 5,26 Sorologia IBR Bovina 6 31,58 Sorologia BVD Bovina 6 31,58 Sorologia Leptospirose Bovina 6 31,58 19 100 Total Tabela 8. Terapêuticas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Farma Campo – Ijuí, no período de 05 de Abril a 13 de maio de 2016. Procedimento Espécie Total % Fisioterapia Bovina 1 33,33 Papilomavírus Bovina 2 66,67 3 100 Total 16 3. RELATO DE CASO 1 3.1. INTOXICAÇÃO POR Solanum fastigiatum (SOLANACEAE) EM UM BOVINO ¹ Andressa Raquel Irgang dos Santos², Felipe Libardoni³, Jorge Luís Lima Schifer4 Resumo A intoxicação por Solanum fastigiatum é uma patologia que vem surgindo com maior frequência nas propriedades produtoras de leite. Causam grandes prejuízos econômicos devido aos transtornos gerados no espaço físico da propriedade. Está relacionado diretamente com o manejo alimentar dos bovinos, onde a presença desta planta, ou ausência de alimentos em períodos de seca, levam os animais a ingerir esta invasora a fim de suprir suas necessidades alimentares. Os sinais clínicos caracterizam-se por mudança no comportamento do animal, incoordenações motoras, rigidez muscular, opistótono, nistagmo, podendo ocorrer crises de epilepsia que duram segundos ou minutos. A diminuição da produção de leite também pode ser um indicativo de alteração comportamental. Os parâmetros fisiológicos em situações mais avançadas são impossíveis de aferir, dificultando até mesmo a aproximação do médico veterinário para a estipulação do diagnóstico. O tratamento é inexistente nestes casos, devido às lesões irreversíveis no sistema nervoso. Neste relato, uma vaca de 4 anos e 5 meses de idade apresentou mudança no seu comportamento de rotina, incoordenação motora, rigidez muscular e andar em forma de marcha e indícios de cegueira, mostrando sinais condizentes com patologias a nível de sistema nervoso central. O animal veio a óbito devido ao trauma sofrido na contenção, podendo concluir-se que esta patologia é característica de animais que ingerem a planta S. fastigiatum há bastante tempo, e que com a ausência de tratamentos o quadro clínico se agrava, podendo ocasionar a morte por traumas secundários às lesões primárias, sendo a retirada da planta a melhor forma de controle a ser indicada para a não ocorrência desta problemática. Palavras-chave: Bovinocultura de leite. Plantas Tóxicas. Doenças neurológicas. Introdução A intoxicação por plantas nos animais de produção é uma casuística que vem surgindo desde os tempos da colonização portuguesa no Brasil. No Rio Grande do sul, a mortalidade anual de bovinos é estimada em 5% de todo o rebanho, totalizando uma média de 650.000 17 cabeças de gado mortas anualmente (RIET-CORREA e MEDEIROS, 2001). Dentre as plantas de maior interesse econômico pode-se citar a Solanum fastigiatum, encontrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (GÓRNIAK, 2008). Solanum fastigiatum, popular “Jurubeba” ou “Joá- preto” (RECH et al, 2006), é considerada uma planta tóxica, por possuir a propriedade de ocasionar prejuízos ao desenvolvimento do animal ou causar a sua morte quando ingerida de forma natural e espontânea (Riet-Correa e Schild, 1993). Este arbusto é considerado uma invasora de pastagens ou de terrenos desabrigados podendo atingir até 1m de altura, com folhas largas e flores brancas. Para que ocorra a intoxicação, o bovino necessita ingerir grandes quantidades da planta, porém essa ingestão não está associada ao fator fome (RECH et al, 2006). O principio ativo tóxico da S. fastigiatum ainda não é conhecido, especula-se que seja uma substância que inibe as enzimas α –manosidase lissosomal, acumulando oligossacarídeos não-metabolizados dentro dos lisossomos, semelhantes ao encontrado na Ipomoea carnea, promovendo a formação de vacúolos nas células do sistema nervoso central, ocasionando a perda da função ou até a morte das células (GÓRNIAK, 2008). Esses vacúolos são observados nos neurônios de Purkinje ocasionanando no aparecimento dos sinais neurológicos característicos nesta intoxicação (RIET-CORREA et al., 1983). A evolução desta intoxicação estende-se por vários meses e caracteriza-se por convulsões epileptiformes recorrentes. Quando os animais sofrem perturbações exibem nistagmo, opistótono, tremores, extensão dos membros anteriores, desequilíbrio e quedas laterais ou posteriores, recuperando-se em segundos ou minutos. No intervalo das crises não demonstram sinais clínicos expressivos. Os animais mais acometidos demonstram andar em marcha, manifestação de hipermetria, perda de peso, podendo permanecer por um tempo maior na posição de decúbito. Para verificar problemas no sistema nervoso, é aplicado o teste conhecido como head raising test, que incide em elevar a cabeça do animal durante um minuto e soltá-la logo após, se houver convulsão, o teste é considerado positivo (PIENAAR et al. 1976). Em bovinos a mortalidade é considerada baixa (3,4%) (RECH et al, 2006), já que normalmente os produtores eliminam os animais afetados após a observação dos primeiros sinais clínicos (RIET-CORREA et al, 2001 ). As intoxicações por S. fastigiatum não possuem tratamento, por isso, o que se preconiza, é a profilaxia, que consistente em impedir que o bovino tenha acesso às pastagens que possui alta concentração da planta. (GÓRNIAK, 2008; RIET-CORREA et al. 2001). Devido à importância das intoxicações em bovinos, este trabalho objetivou relatar um caso de intoxicação por S. fastigiatum em bovino. 18 Metodologia Em março de 2016 foi atendido no interior de Coronel Barros, Rio Grande do Sul, um bovino, fêmea, de 4 anos e 5 meses de idade, pesando 560Kg de peso vivo, da raça holandesa com histórico de incoordenação motora, rigidez muscular, hipermetria e cegueira. Durante a anamnese o proprietário relatou que o animal estava se alimentando normalmente, mas que vinha perdendo peso, diminuindo a produção de leite nos últimos dois dias e demonstrando sinais de inquietude. Ainda, o proprietário relatou que a mesma fora tratada por outro médico veterinário para timpanismo na mesma semana, porém não havia demonstrado sinais de melhora clínica. Na tentativa de realizar o exame clínico para a determinação do diagnóstico, houve a contenção da paciente, porém, o bovino acabou sofrendo uma queda ocasionando o seu óbito por edema de glote. Em seguida, houve a realização da necropsia da paciente. Coletou-se material para análise histopatológica dos rins, fígado, pulmão, baço, placenta e feto, coração, encéfalo e o cerebelo fixado em formalina á 10%. Estas amostras foram encaminhadas ao laboratório de patologias, em recipiente plástico asséptico, armazenado a fresco, transportado em local apropriado e insípido em menos de 40 minutos após coleta. Para o estudo morfométrico do cerebelo, foi selecionada uma fatia longitudinal cerebelo do bovino. Os neurônios de Purkinje foram contados em 20 campos microscópicos com objetiva 10. Em cada campo foram contados todos os neurônios de Purkinje de uma folha cerebelar e após, foi realizada a contagem média do número de neurônios de Purkinje. A avaliação da espessura da camada molecular, foi realizada em 3 medidas/folha (faces laterais e ápice da folha) nas mesmas folhas cerebelares em que foram contados os neurônios de Purkinje, utilizando ocular micrométrica. Resultados e discussões Após causar prejuízos econômicos na propriedade, uma vaca holandesa de alta produção, apresentou distúrbios neurológicos. O produtor rural solicitou atendimento médico veterinário ao perceber que o animal não se encontrava com um comportamento adequado à rotina de manejo seguida pela propriedade. Este animal havia parado de se alimentar e confrontava tudo o que estava ao seu redor. Durante a avaliação clínica do bovino, houve a suspeita de uma patologia envolvendo o sistema nervoso, pois o animal apresentava sinais de 19 nistagmo, rigidez muscular, incoordenação motora, hipermetria e andar semelhante à marcha dos equinos e indícios de cegueira, sendo observações compatíveis com lesões neurológicas, a qual impossibilitava a aproximação de qualquer pessoa, prejudicando a análise dos parâmetros fisiológicos para o estabelecimento de um diagnóstico mais preciso. Ao tentar conter o animal com cordas, a mesma entrou em conflito e sofreu uma queda levando-a a óbito por fechamento da glote. Segundo Sanches et al, (2000) as doenças que acometem o sistema nervoso central (SNC) são causadas por alterações congênitas, degenerativas, neoplásicas, circulatórias ou pela presença de agentes virais e bacterianos, que cursam com sinais de incoordenação motora, rigidez muscular, hipermetria e nistagmo. Em bovinos, os distúrbios do sistema nervoso central (SNC) envolvem um grupo de enfermidades consideradas importantes (BARBOSA et al, 2005). Nos casos de intoxicação por S. fastigiatum há o aparecimento de sinais clínicos característicos de disfunção cerebelar, devendo ser considerada diagnóstico diferencial para outras doenças do sistema nervoso central em ruminantes adultos, como a raiva, a encefalopatia hepática decorrente de insuficiência hepática por ingestão de Senecio spp., a meningoencefalite por herpesvírus bovino, a babesiose cerebral, a febre catarral maligna e a polioencefalomalacia, ambas principais doenças encontradas no Rio Grande do Sul (RISSI et al, 2010; RECH et al, 2006). A diferença entre elas são descritas no exame de histopatologia, onde a intoxicação pela S. fastigiatum não evidencia lesões significativas na macroscópia, apenas na histologia cursa com sinais característicos, tais como a vacuolização e posterior desaparecimento das células de Purkinje do cerebelo. Os axônios destas células, localizados na camada granular, substância branca, medula e pedúnculos cerebelares, sofrem degeneração Walleriana. As lesões histológicas são confinadas ao cerebelo e consistem na vacuolização com ocasionais esferóides axonais na camada de células granulares e na substância branca cerebelar. Nos casos avançados, há acentuada perda dos neurônios de Purkinje e proliferação dos astrócitos de Bergmann (RIET-CORREA et al, 2002 ). De acordo com Radostis et al. (2010) a capacidade funcional do sistema nervoso é regulada em função dos outros órgãos, dificultando a distinção de doenças secundárias ou primárias do sistema nervoso, pois na doença primária há lesões anatômicas com consequências sérias e amplas, já nas injúrias secundárias, ao menos nas fases iniciais, há probabilidade das lesões encontrarem-se nas funções dos órgãos, podendo responder melhor a tratamentos nos órgãos primários. Como a intoxicação por S. fastigiatum causa lesões cerebelares, esta doença é caracterizada como primária, causando anormalidades no estado mental, movimentos involuntários, anormalidades na postura e andar, paralisia, distúrbio de 20 sensação, cegueira podendo ocorrer anormalidades no sistema nervoso autônomo, referindo então, que são inúmeras as consequências que se pode ter neste quadro. Essas doenças do sistema nervoso são consideradas graves por cursar com prognósticos reservados, decorrendo com situações de tratamento antieconômicas aos produtores por um período indefinido, as quais, muitas vezes são doenças incuráveis, principalmente em animais adultos. As doenças neurológicas apresentam dificuldades na determinação dos diagnósticos, exigindo do clínico a obrigação de tentar chegar ao melhor diagnóstico possível, utilizando todos os meios de auxílio disponíveis ao seu alcance. Segundo o proprietário, o bovino atendido nesse relato de caso mantinha um comportamento normal até então. A propriedade apresentava rotina de vacinações periódicas contra leptospirose, carbúnculo sintomático e raiva, porém havia falhas nutricionais e de manejo, principalmente em relação ao controle de ectoparasitas e plantas invasoras. No referido caso relatado, as ferramentas utilizadas pelo médico veterinário para a determinação da suspeita clínica, foram à verificação da presença da planta nos locais de acesso dos animais, a ingestão da mesma, observações dos sinais clínicos e a realização da necropsia, encaminhando os órgãos para a análise histopatológica, para a confirmação das suspeitas de uma doença degenerativa. Na necropsia, priorizou-se a retirada de fragmentos dos principais órgãos do tórax, abdômen e crânio. Abriu-se a cavidade torácica, localizando os pulmões e coração, seguindo para a região abdominal verificando rúmen, intestino delgado, fígado, rins, baço, placenta, feto e por cerebelo na caixa cranial. Coletou-se material de vários pontos e observou-se significativa quantidade de hemorragia no cerebelo. O coração também foi explorado, mas apenas lesões petequeais foram localizadas e o aumento do órgão por morte agonizante foi verificado. No laudo da biopsia observaram-se alterações no cerebelo com leve vacuolização do citoplasma, ausência de neurônios de Purkinje e proliferação leve de células de Bergman, com autólise e congestão multifocais leves. Pulmão com inflamação mista multifocal moderada na parede alveolar, na luz de bronquíolos e lesões de morte agônica nos lóbulos pulmonares, porém, não condizentes com a hipótese de intoxicação No coração houve a presença de Sarcocystis sp., entretanto, esse achado microscópico é considerado acidental e irrelevante neste caso. Com o laudo da biópsia obteve-se o diagnóstico de intoxicação por ingestão de Solanum fastigiatum, em processo inicial. (ANEXO A) Na descrição microscópica houve o aparecimento de leve vacuolização do citoplasma com ausência dos neurônios de Purkinje, leve proliferação das células de Bergman com autólise e congestão multifocais leves no cerebelo, o que é descrito por Mendez e Riet-Correa (2008) como característico de lesões presentes em intoxicação por Solanum fastigiatum. Riet- 21 Correa et al. (2001) ainda cita que as células de Purkinje podem se encontrar aumentadas de tamanho, com coloração rosa-clara, com perda dos grânulos de Nissl e presença de vacúolos pequenos e numerosos dando um aspecto esponjoso à célula. Em seguida, esse tipo de célula acaba sendo substituída por células da glia. Houve observação de numerosos esferóides axonais na porção granular e na substância branca do cerebelo e nos pedúnculos cerebelares, juntamente com microcavitação com aparecimento de macrófagos, acúmulo perivascular e gliose, que evidenciam um processo de degeneração Walleriana, nestes casos a microscopia eletrônica como diagnóstico complementar pode determinar que essas inclusões sejam sucedidas pelas alterações do retículo endoplasmático liso, parecendo ser o resultado de uma interação entre o princípio ativo da planta e lipídios das células afetadas com a formação de complexos que são menos sensíveis à degradação que os lipídios normais. As lesões demonstradas neste caso de intoxicação por Solanum fastigiatum teve como reflexo a perda de precisão na movimentação da musculatura corporal. Desta forma, os sinais de incoordenação motora são resultados da ausência das informações transportadas para os neurônios de Purkinje sugerindo deficiência na resposta correta dos movimentos da musculatura corporal da paciente. Colville e Bassert (2010) descrevem que o cerebelo é responsável pela movimentação ordenada mantendo o equilíbrio, postura e reflexos complexos nos animais. Basicamente, ele projeta o movimento que o corpo pretende fazer posicionando de forma adequada a musculatura e as articulações, para que as intenções do córtex cerebral sejam realmente executadas de forma correta. Danos ou doenças que abrangem o cerebelo resultam na condição de hipermetria, tornando os movimentos voluntários bruscos e exagerados. Na composição do cerebelo, têm-se as células de Purkinje, classificadas como neurônios altamente diferenciados como moduladoras das informações aferentes que chegam ao córtex cerebelar, fazendo a integração neuronal de todas as informações recebidas pelo corpo controlando os movimentos musculares corporais (BAUER-MOFFETT E ALTMAN, 1976). Como método de controle pode-se evidenciar o manejo das pastagens como um fator de grande redução da incidência da intoxicação por S. fastigiatum, considerando os seguintes princípios: ofertando uma dieta apropriada às necessidades fisiológicas dos ruminantes e eliminando a presença da planta nos lugares de acesso dos animais. (GÓRNIAK, 2008; MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2008). Rech et al. (2006) menciona ainda que quando há a retirada dos animais levemente afetados logo após o aparecimentos dos sinais clínicos pode instigar na recuperação das lesões, porém, não há descrição concreta desta medida devido à rara irreversibilidade das lesões cerebelares. 22 Conclusão Baseando-se nos sinais clínicos, dados epidemiológicos, nos resultados dos exames complementares, e nos dados da literatura, conclui-se que a morte desse bovino decorreu em virtude de intoxicação por Solanum fastigiatum. Referências Bibliográficas BAUER-MOFFETT, C.; ALTMAN, J. The effect of ethanol chronically administered to preweanling rats on cerebellar development: a morphological study. Brain Research, USA, 3rd, v. 119, n. 2, p. 249-268, May, 1977. COLVILLE, T.; BASSERT, M. J. Anatomia e Fisiologia Clínica para Medicina Veterinária. 2ª ed. São Paulo. Elsevier. 2010. p. 544 U GÓRNIAK, L. S. Introdução ao estudo das plantas tóxicas. In: SPINOSA, de S. H.; GÓRNIAK, L. M.; NETO-PALERMO, J. Toxicologia aplicada á Medicina Veterinária. 1ª ed. Barueri: Manole. 2008. Cap. 15, p. 415-413. PIENAAR J.G.; et al. Maldronksiekte in cattle: a neuronopathy caused by Solanum kwebense N.E. Br. Onderstepoort J. Vet. Res. 1976. p. 43:67-74. RADOSTITS, O. M.; GAY, C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Clínica veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2000 p. 1735. RECH, R. R. et al. Intoxicação por Solanum fastigiatum (Solanaceae) em bovinos: epidemiologia, sinais clínicos e morfometria das lesões cerebelares. Pesquisa veterinária Brasileira. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria, v 26 (3), p. 183-189, July/Sept 2006. RIET-CORREA, F. & MEDEIROS, R.M.T. Intoxicações por plantas em ruminantes no Brasil e no Uruguai: importância econômica, controle e riscos para a saúde pública. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, 2001. v. 21, n. 1, p. 00-00. 23 RIET-CORREA, F.; MÉNDEZ, M.C.; SCHILD A.L. (Eds). Intoxicações por Plantas e Micotoxicoses em Animais Domésticos. Vol.1. Editorial Agropecuária Hemisfério Sul SRL, Montevideo, 1993. p. 132-136. RIET-CORREA, F. RIET-CORREA, G. SCHILD, L. A. Importância do exame clínico para o diagnóstico das enfermidades do sistema nervoso em ruminantes e equídeos. Pesquisa Veterinária Brasileira. Goiás, v. 22, n. 4, p. 161-168, , out./dez. 2002. RIET-CORREA, F. et al. Doenças de ruminantes e eqüinos.. São Paulo. Varela, Vol. II , p.574 , 2001 RIET-CORREA, F. et al. Relatório de Atividade e Doenças da Área de Influência do Laboratório Regional de Diagnóstico no Período 1978/1982.UFPel, Pelotas, RS, p. 5455, 1983. RISSI, R. D. Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. Santa Maria, vol.30, n.11, p.958-967, fev. 2010. SANCHES, A. et al. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no Sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, vol.20, n.3, p.113-118, July/Sept. 2000. 24 4 RELATO DE CASO 2 4.1. INFECÇÃO PELO HERPESVÍRUS BOVINO TIPO 1 (BoHV-1) EM UMA VACA HOLANDESA¹ Andressa Raquel Irgang dos Santos², Felipe Libardoni³, Jorge Luís Lima Schifer4 Resumo O Herpesvírus bovino tipo 1 é um vírus comumente encontrado nas propriedades produtoras de leite. Causam grandes prejuízos econômicos devido aos gastos com o uso de tratamentos sintomático, profilaxia por vacinações, queda na produção leiteira e tentativa de inseminações. Essa condição está relacionada com a infecção viral e a resposta da imunidade do animal a fatores de estresse. Os sinais clínicos caracterizam-se por doenças respiratórias, vulvovaginite pustular infecciosa, balanopostite pustular infecciosa, conjuntivite, abortos á partir dos 4 meses de gestação e infertilidade. Não existe tratamento específico para o agente infeccioso, pois o mesmo adota mecanismos de latentência nos animais infectados. A melhor forma de controlar esta infecção se dá pela implantação de medidas de prevenção através da detecção de animais positivos, cuidados com manipulação das secreções dos mesmos e a utilização de vacinações preventivas em todo o rebanho. Neste relato uma vaca após protagonizar um abordo no terço final da gestação, apresentou cios recorrentes e dificuldades fecundativas, sendo avaliada e diagnosticada via exames sorológicos com herpesvírus tipo 1. O tratamento recomendado foi a aplicação de vacinas semestrais posterior e acompanhamentos gestacionais á nível de rebanho. Concluiu-se que a patologia é característica de animais infectados com o vírus sendo esse excretado e transmitido pelas secreções respiratórias, oculares, genitais, seminais, por contato direto com aerossóis, monta natural, inseminação artificial ou por contato indireto através de fômites, sendo a vacinação um meio eficaz de controle e prevenção. Palavras-chave: Vaca de leite. Doença Viral. Manejo Vacinal. Introdução O Herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1) é um vírus pertencete á família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae e gênero Varicellovirus (ALMEIDA, 2015). Acredita-se que seu desenvolvimento em mamíferos ocorre á quase um bilhão de anos, sofrendo adaptações á cada transferência de hospedeiro, tornando-se cada vez mais evoluído e especializado 25 (FRANCO e ROEHE, 2007). Recentemente, pesquisas revelaram que existem pelo menos cinco principais biótipos, o que resulta nas diferentes condições clínicas dessa infecção viral (PRINGLE, 2000). O BoHV-1 está diretamente relacionado á perdas econômicas na bovinocultura de leite e de corte, uma vez que diminui os índices indicativos de eficiência reprodutiva do rebanho, comprometendo o intervalo entre partos, as frequências de endometrites, a taxa de concepção, taxa de mortalidade embrionária precoce ou tardia, porcentagem de abortos, natimortos, mortalidade neonatal, peso ao nascer, aumento de custos quanto ao número de doses de sêmen e serviços especializados (ENGELS e ACHERMANN, 1996; JUNQUEIRA E ALIFIERI, 2006). Este patógeno está relacionado ao aparecimento de diferentes de manifestações clínicas, tais como: doença respiratória (rinotraqueíte infecciosa bovina, IBR), conjuntivite, vulvovaginite (vulvovaginite pustular infecciosa, IPV), balanopostite (balanopostite pustular infecciosa, IPB), infertilidade, abortos e infecção multissistêmica fatal de neonatos (Kahrs 1977). Uma infecção latente é estabelecida nos neurônios dos gânglios sensoriais e autonômicos quando ocorre a sobrevivência dos animais infectados. Em situações de estresse ou de administração de corticosteroides nesses animais permanentemente infectados, ocorre a reativação viral levando á replicação no sítio da infecção primária, o aparecimento dos sinais clínicos mais brandos e a excreção do vírus, tornando este animal o responsável pela manutenção do BoHV-1 dentro do rebanho (FRANCO e ROEHE, 2007; MUYKELS et al, 2007). A excreção e a transmissão do BoHV-1 são realizadas através das secreções respiratórias, oculares, genitais e sêmen de bovinos infectados, via contato direto por aerossóis, monta natural, inseminação artificial ou por contato indireto através de fômites (FRANCO e ROEHE, 2007; PRINGLE, 2000). Suas manifestações clínicas incluem os sistemas respiratórios, genital, reprodutivo e nervoso, dificultando a conclusão do diagnóstico clínico por apresentar sinais compatíveis com patologias infecciosas e parasitárias rotineiras (TAKIUCHI, ALFIERI e ALFIERI, 2004). A infecção pelo BoHV-1 é difundida globalmente em rebanhos bovinos e é considerada uma das restrições previstas no Código Internacional de Saúde para o comércio internacional de animais vivos ou pelos seus subprodutos como sêmen, embriões e produtos de biotecnologia animal, por ser considerada uma enfermidade de relevância socioeconômica dentro das fronteiras dos países (OIE,2001). Apenas alguns países da Europa como a Áustria, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega são consideras zonas livres através da erradicação da 26 infecção por meio da identificação sorológica, eliminação de animais soropositivos dos rebanhos e inserção de programas de erradicação do vírus (ACKERMANN e ENGELS, 2006; MUYLKENS et al, 2007; VAN DRUNEN LITTEL-VAN DEN HURK, 2006). No Brasil, estima-se que a prevalência dos rebanhos infectados está na média de 30 á 70% de um total aproximado de 190 milhões cabeças de gado (FRANCO e ROEHE, 2007). Já no Rio Grande do Sul são descritas taxas de soropositividade de 71,3% dos rebanhos da região sul do Estado (VIDOR et al., 1995). Para a determinação do diagnóstico é necessário o uso técnicas que identificam a presença do BHV-1 diretamente em amostras clínicas (TAKIUCHI, ALFIERI E ALFIERI, 2001). Dentre as técnicas mais utilizadas estão às inoculações de cultivos celulares, imunofluorescência (IFA), detecção do DNA viral pela análise Reação da Polimerase em cadeia (PCR), ensaios imunoenzimáticos (ELISA) e a soroneutralização (SN). Em rebanhos que possuem histórico comprovado da infecção, com sorologia alta e com sistemas de cria e recria de animais sem procedência, recomenda-se a implementação de vacinação contínua e regular para a redução da circulação do vírus (FRANCO e ROEHE, 2007). Diante da grande casuística desta patologia viral nos rebanhos bovinos brasileiros, este trabalho objetivou relatar um caso de Herpesvírus Bovino Tipo I em uma vaca leiteira na cidade de Ijuí. Metodologia Foi realizado um atendimento no interior do município de Ijuí/RS/Brasil, em uma vaca holandesa multípara de 5 anos, com escore corporal 3, adquirida á cerca de meio ano, á qual apresentava histórico de problemas reprodutivos. Na anamnese, o proprietário relatou que no ato da compra do animal, a mesma apresentava-se em uma gestação de aproximadamente 5 meses, não sabendo informar se o produto gerado era gestado á partir de uma inseminação artificial ou advindo de uma monta natural. Já acomodada nas novas instalações, a fêmea, ao chegar ao terço final da gestação protagonizou um aborto de uma bezerra e a partir deste acontecimento, não houve a concepção de uma nova gestação, apresentando sinais de cio recorrente. Ao exame clínico de inspeção das mucosas voltadas a área reprodutiva, verificou-se que a vulva estava edemaciada (inchada) com presença de muco cristalino e transparente. Em seguida prosseguiu-se com a realização do exame interno por via retal, não havendo constatação de feto ou alterações anátomo-fisiológicas, no trato reprodutivo da paciente. 27 Na avaliação ultrassonográfica pela via endoretal, o útero apresentou-se túrgido, assimétrico com ovário direito em formato oval e com folículos pré-ovulatórios e ovário esquerdo com presença de pequeno corpo lúteo (CL) em regresso, sugerindo que esta matriz estaria na fase do proesto a estro. Ao exame vaginal com o auxílio do espéculo observou-se mucosa vaginal hiperêmica (avermelhada). Após a efetivação dos exames do trato reprodutivo, pensou-se na afecção por doenças reprodutivas infecciosas, desta forma, optou-se pela coleta de sangue da vaca para posterior realização de exames específicos laboratoriais. Com a cauda jogada diretamente sobre o costado da paciente localizou-se a veia coccígea (caudal) entre 6ª e a 7ª vértebra ao final da prega caudal. Preconizou-se a limpeza da região com o uso de água e detergente e posterior secagem com papel toalha. Em seguida, fez-se venopunção com agulha canhão com rosca descartável com adaptador de calibre 25x0,7, com 3,8 cm de comprimento acoplado ao tubo contendo vácuo sem anticoagulante. A colheita foi diretamente em ângulo reto a pele e o osso, retirando o sangue gradualmente enquanto o vácuo era aplicado a seringa, até a chegada de 6ml. O material da paciente foi encaminhado juntamente com mais duas coletas sanguíneas de animais controles da propriedade para os laboratórios de virologia e microbiologia da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, para os testes de soroneutralização (SN) para Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarréia Viral Bovina (BVD) e soroaglutinação para Leptospirose. Foi informado ao produtor a possibilidade de sinais de cio pela matriz nos próximos dias, devendo evitar o uso da inseminação artificial (IA) antes dos resultados sorológicos. Ainda sim, se recomendou a separação do lote de vacas prenhez e imunocomprometidas e se caso houvesse algum sinal de alteração na fisiologia da paciente, esta deverá ser informada imediatamente ao veterinário. Resultados e Discussão Após a ocorrência de aborto no terço final da gestação, uma vaca holandesa multípara de alta produção, apresentou distúrbios reprodutivos. Ao exame reprodutivo via retal por palpação e com o auxílio do ultrassom, houve a constatação da ausência de alterações fisiológicas. Diante dos resultados obtidos pelos exames, suspeitou-se da presença de doenças infectocontagiosas, sendo determinada a realização da colheita sanguínea da paciente para posterior pesquisa de doenças infectocontagiosas que acometem o aparelho reprodutivo através do método de soroneutralização e soroaglutinação. Segundo o proprietário, a vaca 28 havia sido adquirida á cerca de meio ano na condição de prenhez com aproximadamente 5 meses, sendo que, já instalada e adaptada ao novo habitat, ao chegar ao sexto mês gestacional protagonizou um aborto e a partir deste acontecimento não houve nova concepção. No momento do atendimento, houve a instrução de separação deste animal do lote de vacas prenhez e imunossuprimidas e que não houvesse tentativas de inseminação, a fim de esperar os resultados obtidos do laboratório para que se soubesse a origem desta disfunção. Caso houvesse algum sinal clínico de possíveis alterações fisiológicas com este animal, a solicitação de uma nova reavaliação pelo médico veterinário se tornaria imprescindível. De acordo com Fernandes (2006) a ocorrência de abortos são comuns em bovinos e resultam em baixos índices de prenhez e nascimentos. O diagnóstico etiológico é complexo, pois as causas são múltiplas. Segundo Juffo (2010) as causas de abortos em bovinos podem ser classificadas em quatro grupos amplos: abortos causados por bactérias, fungos, protozoários e vírus. Dentro desses grupos existem os agentes com maiores índices de prevalência, como a Brucella abortus, Campylobacter spp., Leptospira spp., Aspergillus sp., Neospora caninum, Diarréia viral bovina (BVDV) e Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR)/ Vulvovaginite pustular infecciosa (IPV). Frente á essa problemática, o diagnóstico deve ser realizado com total critério o qual envolve o histórico reprodutivo e as avaliações sorológicas da mãe e do feto. Já nível de rebanho deve-se obter o histórico de introdução de novos animais, taxa de incidência de abortos, índices de prenhez, repetições de cios, tipos de inseminações utilizadas e manejos nutricionais e sanitários (FERNANDES, 2006). No referido caso, a matriz já tinha protagonizado o aborto á mais de 4 meses na propriedade, com repetições sucessivas de cio, porém não houve acesso ao natimorto e restos fetais para a realização de exames complementares. Segundo Franco e Rohede (2007) para a obtenção do diagnóstico presuntivo da infecção por herpesvírus bovinos deve-se utilizar os dados do histórico da propriedade, sendo estes os sinais clínicos e lesões observadas ao exame clínico. Os exames complementares mais utilizados nessa situação consistem em amostras de tecidos e coletas de sangue. Neste caso para a obtenção do diagnóstico definitivo a análise de eleição foi pela determinação sanguínea de anticorpos através do exame de soroneutralização. A solicitação dos examse por soroneutralização e soroaglutinação para obtenção do diagnóstico preciso foi realizada, focando na pesquisa por doenças mais encontradas na região, como IBR, BVD e Leptospirose, pois segundo Ferreira (2009) e Caron, (2001) o teste de SN é recomendado pela Organização Internacional de Epizootias (OIE), o qual detecta os anticorpos que possuem a habilidade de neutralizar a infectividade do vírus (anticorpos neutralizantes) considerado positivo toda a neutralização que determina um título igual ou 29 superior a 1 (seguindo a convenção da diluição inicial). Esta prova apresenta uma sensibilidade de 89.2% e especificidade próxima a 100%. Após 30 dias da realização do exame, foi constatado o resultado de infecção pelo BoHV-1 associado á Rinotraquíte Infecciosa Bovina confirmando o diagnóstico infeccioso (ANEXO B). Somado á isso, os testes diagnóstico solicitados para BVDV e Leptospirose apresentaram resultado negativo, corroborando com o resultado de positivo para BoHV-1. Entretanto, Franco e Rohede (2007) afirmam que a técnica sorológica de SN indica nestes casos apenas que o bovino entrou em contato prévio com o agente, seja por infecção natural ou por vacinação, portanto esta técnica não é considerada eficiente para diagnosticar um evento de doença clínica. Desta forma, quando se deseja obter um diagnóstico mais preciso, deve-se coletar soro do animal na fase aguda (sinais clínicos evidentes) e após quatro semanas, um aumento de quatro vezes na titulação dos anticorpos entre as duas coletas é indicativo de confirmação da infecção. Portanto nesta condição, uma nova colheita de sangue e posterior avaliação laboratorial por SN poderia confirmar precisamente o diagnóstico de BoHV-1. Em relação a causa do BoHV-1 neste animal, pode-se suspeitar que o transporte desse animal para seu novo habitat tenha desencadeado um quadro de estresse o qual levou á reativação da infecção até então latente, iniciando a replicação de partículas virais nas células nervosas sendo estas transportadas ao sítio primário (gânglios regionais), ocasionando uma viremia provavelmente associada ao envolvimento dos monócitos e linfócitos ultrapassando a barreira materno-fetal e produzindo a infecção letal no feto (aborto). Os mecanismos que envolvem o estabelecimento, a manutenção e reativação das infecções latentes têm sido frequentemente estudados, porém muitos detalhes moleculares ainda são desconhecidos. Com base em achados de pesquisas acredita-se que as replicações virais nas células infectadas geram a morte das mesmas por causar severas alterações estruturais e bioquímicas ocasionando nos episódios de recrudescência que se caracteriza pelo aparecimento dos sinais clínicos nos animais, podendo ser estes respiratórios, como na IBR cursando com abortos entre o quinto e o oitavo mês e a Vulvovaginite pustular em fêmeas, que acarreta no aparecimento de vesículas distribuídas na mucosa evoluindo para pústulas e úlceras cobertas por material fibrinoso de coloração branco-amarelada, sendo esta a característica viral mais branda (FRANCO e ROEHE, 2007). Neste caso, o aborto ao terço final da gestação condiz com as descrições dos referidos autores sobre a infecção pelo agente da IBR. É possível adotar medidas de controle para manter a propriedade livre, desde que sejam empregadas medidas de profilaxia, tais como a utilização de sêmen livre de BoHV-1, 30 determinação da quarentena aos bovinos recentemente adquiridos na propriedade e a utilização de exames sorológicos anuais, visando impedir a reintrodução do BHV-1 no rebanho (Del Fava et al, 1998). Franco e Roehe (2007) recomendam a utilização de contínuas vacinações para o combate do vírus, as quais reduzem à circulação viral e a ocorrência da doença clínica, reduzindo desta forma as perdas econômicas em rebanhos com históricos da doença. Já em zonas livres a indicação é a adoção de medidas de biossegurança para evitar a entrada do agente. Tais como exames no ato da compra para descarte de positivos, teste dos reprodutores (sêmen e embriões) antes da sua introdução no rebanho. Segundo Fulton (2001), há mais de 165 tipos de vacinas contra o vírus da Rinotraqueíte Bovina Infecciosa (RBI) e Herpesvírus Bovino tipo 1 (VRBI). Estas vacinas têm classificações conforme sua via de administração e o estado viral na sua composição, tais como: vacina para administração parenteral com vírus vivo modificado (VVM), intranasal (VVM), vacina com vírus vivo termossensível quimicamente modificado para uso parenteral, vacinas inativadas e uma combinação recentemente lançada contendo o vírus inativado para uso parenteral. Em relação a sua composição, as formulações podem conter um único componente ou diferentes combinações. O uso das vacinas apresenta relativo sucesso na prevenção da doença clínica e contribui para a diminuição da circulação viral, porém, não é eficaz na erradicação (FRANCO e ROEHE, 2007). Em relação ao descarte, Del Fava et al. (1998) apresenta melhores resultados com o do descarte das matrizes sororeagentes comcomitando com a reposição de novilhas não reagentes. Com base nestes estudos houve a indicação de um calendário de vacinações reprodutivas na propriedade e a avaliação da possibilidade de descarte desta matriz. Nos resultados apontados em estudos realizados por Schuch (2001), houve a constatação que a utilização de vacinas contra o vírus BHV-1 não impossibilita a infecção vital, mas pode reduzir consideravelmente a incidência e consequentemente diminui as perdas econômicas. As vacinas mais encontradas na rotina veterinária possuem formulações com vários antígenos (IBR, BDV, Leptospirose, Parainfluenza tipo 3, vírus Respiratório Sincicial Bovino). O uso destas vacinas reprodutivas não é obrigatório pelos Órgãos de Defesa Animal, ficando á critério do médico veterinário e dos produtores. Em relação á esquematização vacinal principalmente das vacinas inativadas propõe-se a aplicação na primeira incidência de rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR). A dose da vacina em bezerros é indicada no segundo mês de vida seguindo com reforços de 21 a 28 dias e após a revacinação é anual já nas fêmeas a indicação vacinal é preventiva, aplicando-se duas doses antes do serviço com um intervalo 31 de quatro semanas (HALFEN E VIDOR, 2001). Desta forma a instituição do calendário foi proposta e aceita pelo produtor sempre seguindo a indicação dos fabricantes das vacinas. Conclusão Os fatores determinantes para a ingressão do Herpesvírus Tipo 1 estão inteiramente relacionados a relocação de animais infectados no rebanho, devendo adotar medidas preventivas destes animais, visando evitar a introdução de doenças infectocontagiosas, como a IBR, nos animais já existentes no local. Nas medidas de cautela inclui a determinação de um calendário de vacinação adequado, realização de exames ginecológicos e andrológicos minuciosos nas fêmeas e machos do plantel e identificação sorológica dos animais positivos. Outro fator determinante para o não aparecimento dessa patologia refere-se á adoção de medidas de bem estar animal, a fim de amenizar o estresse dos animais diminuindo o fator de reativação de infecções latentes. Referências Bibliográficas ACKERMANN, M.; ENGELS, M. Pro and contra IBR-eradication. Veterinary microbiology. Ghent , Bélgica, 2006, v. 113, n. 3, p. 293-302. ALMEIDA, G. R. De. Prospecção e caracterização de peptídeos recombinantes miméticos a antígenos totais de herpesvírus bovino 1 por meio de phage display. 2015. 60 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015. CARON, L. F. Intercorrência entre diarreia viral bovina (bvdv), rinotraqueíte infecciosa bovina (ibr/ipv) e leptospirose dos bovinos em vacas. 2001. 57 F. Tese (Mestre em Ciências Veterinárias e Pós- Graduação em Ciências Veterinárias, Setor de Ciências Agrárias) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2001. DEL FAVA, C. et al. Erradicação do herpesvírus bovino-1 (BHV-1) de um rebanho bovino leiteiro em manejo semi-intensivo. Pesq. Vet. Bras, Nova Odessa, v. 18, n. 2, p. 65-68, abr./jun. 1998. 32 ENGELS, M.; ACHERMANN, M. Pathogenesis of ruminant herpesvirus infections. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.54, p.3-15, 1996. FERREIRA, R. N. Prevalência da Rinotraqueíte Bovina (IBR) em touros bubalinos em propriedades localizadas no Amapá e Ilha de Marajó (PA), Brasil. 2009. 68f. Dissertação (Mestre em Ciência Animal e Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal do Pará. Universidade Federal Rural da Amazônia. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Amazônia Oriental, Belém, 2009. FULTON R. W. Vacinas de Doenças Respiratórias de Bovinos In: SMITH, B. T. Medicina interna de grandes animais. 3ª ed. Barueri: Manole. 2006. Cap. 44, p. 1371-1434. FRANCO, A. C.; ROEHDE, P. M. Herpesviridae. In: FLORES, E. F. Virologia veterinária: Virologia geral e doenças virais. 1ª ed. Santa Maria: Ufsm, 2007. Cap 17, p. 433-488. HALFEN, D.C.; VIDOR, T. Infecções por herpesvírus bovino-1 e herpesvírus bovino-5. In: RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. São Paulo: Livraria Varela, 2001. vol. I, 426 p JUFFO, G. D. Aborto em bovinos principais causas infecciosas. 2010. 28f. Trabalho de conclusão de graduação - Universidade Federal do Rio Grande do sul, Porto Alegre, 2010. JUNQUEIRA, J. RC; ALFIERI, A. A. Falhas da reprodução na pecuária bovina de corte com ênfase para causas infecciosas. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 27, n. 2, p. 289-298, abr./jun. 2006. KAHRS, R. F. Infectious bovine rhinotracheitis: a review and update. Journal of the American Veterinary Medical Association, Europa, v. 171, n.10, p.1055-1064, nov.1977. MUYLKENS, B. et al. Benoît et al. Bovine herpesvirus 1 infection and infectious bovine rhinotracheitis. Veterinary research, Belgium, v. 38, n. 2, p. 181-209, set/nov. 2007. 33 OIE. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE EPIZOOTIAS. World Organisation for Animal Health. Infectious bovine rhinotracheitis/ infectious pustular vulvovaginitis, Chapter 2.3.5. 10ª edição, Paris, France, 2001, p.176-178 PRINGLE, J. Doenças do sistema respiratório inferior e do tórax. In: OGILVIE, T. H. Medicina interna de grandes animais. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed. 2000. Cap 6, p. 131-150 FERNANDES, G.C. Doenças da Reprodução. In: RIET-CORREA, F. et al. Doenças de Ruminantes e Equinos. São Paulo Varela, 2006. 2 ªed. Vol.2, Cap. 6, p. 349-470. SCHUCH, L. F. D. Diarréia viral bovina. In: RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. São Paulo: Varela, 2001. Vol. I, 426 p. TAKIUCHI, E.; ALFIERI, A. F.; ALFIERI, A. A. Herpesvírus bovino tipo 1: Tópicos sobre a infecção e métodos de diagnóstico. Semina: Ciências Agrárias, v. 22, n. 2, p. 203209, 2004. VAN DRUNEN LITTEL-VAN DEN HURK, S. Rationale and perspectives on the success of vaccination against bovine herpesvirus-1. Veterinary microbiology, Canada, v. 113, n. 3-4, p. 275-282, 2006. VIDOR, Telmo et al. Herpes bovino tipo 1 (BHV 1): I. Sorologia de rebanhos com problemas reprodutivos. Ciência Rural, Santa Maria, v. 25, n. 3, p. 421-424, jun/ago.1995. 34 5. CONCLUSÃO O estágio curricular supervisionado em medicina veterinária é o momento muito importante na vida acadêmica de todo o estudante, pois ele consegue proporcionar a possibilidade praticar o conhecimento adquirido em toda a sua graduação. Esta experiência também permite o contato com os produtores rurais, desta forma, há troca de conhecimento da rotina aliado às metodologias aprendidas em sala de aula, unem-se, formando um conhecimento inovador, tanto para a questão profissional quanto para a questão pessoal. Em relação às atividades desenvolvidas, todas foram importantes para a minha formação profissional e pessoal, pois os conhecimentos novos perante as situações de rotina vivenciadas me tornaram uma profissional mais responsável perante minhas atitudes. A tomada de decisões diante dos atendimentos clínicos, cirúrgicos ou reprodutivos aliados á conversações é um momento único e satisfatório a todo acadêmico, pois implica no envolvimento e desenvolvimento dos conhecimentos obtidos, diante de tal fato, posso dizer que não me arrependo da escolha que fiz, pois sei que me faz muito feliz e tenho certeza que és a certa para minha vida profissional e pessoal. 35 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACKERMANN, M.; ENGELS, M. Pro and contra IBR-eradication. Veterinary microbiology. Ghent , Bélgica, 2006, v. 113, n. 3, p. 293-302. ALMEIDA, G. R. De. Prospecção e caracterização de peptídeos recombinantes miméticos a antígenos totais de herpesvírus bovino 1 por meio de phage display. 2015. 60 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015. BAUER-MOFFETT, Christina; ALTMAN, Joseph. The effect of ethanol chronically administered to preweanling rats on cerebellar development: a morphological study. Brain Research, USA, 3rd, v. 119, n. 2, p. 249-268, May, 1977. CARON, L. F. Intercorrência entre diarreia viral bovina (bvdv), rinotraqueíte infecciosa bovina (ibr/ipv) e leptospirose dos bovinos em vacas. 2001. 57F. Tese (Mestre em Ciências Veterinárias e Pós- Graduação em Ciências Veterinárias, Setor de Ciências Agrárias) Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2001. COLVILLE, T.; BASSERT, M. J. Anatomia e Fisiologia Clínica para Medicina Veterinária. 2ª ed. São Paulo. Elsevier. 2010. p. 544 U DEL FAVA, C. et al. Erradicação do herpesvírus bovino-1 (BHV-1) de um rebanho bovino leiteiro em manejo semi-intensivo. Pesq. Vet. Bras, Nova Odessa, v. 18, n. 2, p. 65-68, abr./jun. 1998. ENGELS, M.; ACHERMANN, M. Pathogenesis of ruminant herpesvirus infections. Veterinary Microbiology, Amsterdan, v.54, p.3-15, 1996. FERREIRA, R. N. Prevalência da Rinotraqueíte Bovina (IBR) em touros bubalinos em propriedades localizadas no Amapá e Ilha de Marajó (PA), Brasil. 2009. 68f. Dissertação (Mestre em Ciência Animal e Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal do Pará. Universidade Federal Rural da Amazônia. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Amazônia Oriental, Belém, 2009. 36 FRANCO, A. C.; ROEHDE, P. M. Herpesviridae. In: FLORES, E. F. Virologia veterinária: Virologia geral e doenças virais. 1ª ed. Santa Maria: Ufsm, 2007. Cap 17, p. 433-488. FULTON R. W. Vacinas de Doenças Respiratórias de Bovinos In: SMITH, B. T. Medicina interna de grandes animais. 3ª ed. Barueri: Manole. 2006. Cap. 44, p. 1371-1434. HALFEN, D.C.; VIDOR, T. Infecções por herpesvírus bovino-1 e herpesvírus bovino-5. In: RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. São Paulo: Livraria Varela, 2001. vol. I, 426 p. GÓRNIAK, L. S. Introdução ao estudo das plantas tóxicas. In: SPINOSA, de S. H.; GÓRNIAK, L. M.; NETO-PALERMO, J. Toxicologia aplicada á Medicina Veterinária. 1ª ed. Barueri: Manole. 2008. Cap. 14, p. 367-413. JUFFO, G. D. Aborto em bovinos principais causas infecciosas. 2010. 28f. Trabalho de conclusão de graduação - Universidade Federal do Rio Grande do sul, Porto Alegre, 2010. JUNQUEIRA, J. RC; ALFIERI, A. A. Falhas da reprodução na pecuária bovina de corte com ênfase para causas infecciosas. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 27, n. 2, p. 289-298, abr./jun. 2006. KAHRS, R. F. Infectious bovine rhinotracheitis: a review and update. Journal of the American Veterinary Medical Association, Europa, v. 171, n.10, p.1055-1064, nov.1977. MUYLKENS, B. et al. Benoît et al. Bovine herpesvirus 1 infection and infectious bovine rhinotracheitis. Veterinary research, Belgium, v. 38, n. 2, p. 181-209, set/nov. 2007. OIE. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE EPIZOOTIAS. World Organisation for Animal Health. Infectious bovine rhinotracheitis/ infectious pustular vulvovaginitis, Chapter 2.3.5. 10ª edição, Paris, France, 2001, p.176-178 PIENAAR J.G.; et al. Maldronksiekte in cattle: a neuronopathy caused by Solanum kwebense N.E. Br. Onderstepoort J. Vet. Res. 1976. p. 43:67-74. 37 PRINGLE, J. Doenças do sistema respiratório superior. In: OGILVIE, T. H. Medicina interna de grandes animais. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed. 2000. Cap. 7, p. 131-150 RADOSTITS, O. M.; GAY, C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Clínica veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2000 p. 1735. RECH, R. R. et al. Intoxicação por Solanum fastigiatum (Solanaceae) em bovinos: epidemiologia, sinais clínicos e morfometria das lesões cerebelares. Pesquisa veterinária Brasileira. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria, v 26 (3), p. 183-189, July/Sept 2006. RIET-CORREA, F. & MEDEIROS, R.M.T. Intoxicações por plantas em ruminantes no Brasil e no Uruguai: importância econômica, controle e riscos para a saúde pública. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, 2001. v. 21, n. 1, p. 00-00. RIET-CORREA, F.; MÉNDEZ, M.C.; SCHILD A.L. (Eds). Intoxicações por Plantas e Micotoxicoses em Animais Domésticos. Vol.1. Editorial Agropecuária Hemisfério Sul SRL, Montevideo, 1993. p. 132-136. RIET-CORREA, F. RIET-CORREA, G. SCHILD, L. A. Importância do exame clínico para o diagnóstico das enfermidades do sistema nervoso em ruminantes e equídeos. Pesquisa Veterinária Brasileira. Goiás, v. 22, n. 4, p. 161-168, out./dez. 2002. RIET-CORREA, F. et al. Doenças de ruminantes e eqüinos.. São Paulo. Varela, Vol. II , p.574 , 2001 RIET-CORREA, F. et al. Relatório de Atividade e Doenças da Área de Influência do Laboratório Regional de Diagnóstico no Período 1978/1982.UFPel, Pelotas, RS, p. 54-55, 1983. RISSI, R. D. Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. Santa Maria, vol.30, n.11, p.958-967, fev. 2010. 38 SANCHES, A. et al. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no Sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, vol.20, n.3, p.113-118, July/Sept. 2000. SCHUCH, L. F. D. Diarréia viral bovina. In: RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. São Paulo: Varela, 2001. Vol. I, 426 p. TAKIUCHI, E.; ALFIERI, A. F.; ALFIERI, A. A. Herpesvírus bovino tipo 1: Tópicos sobre a infecção e métodos de diagnóstico. Semina: Ciências Agrárias, v. 22, n. 2, p. 203209, 2004. VAN DRUNEN LITTEL-VAN DEN HURK, S. Rationale and perspectives on the success of vaccination against bovine herpesvirus-1. Veterinary microbiology, Canada, v. 113, n. 3-4, p. 275-282, 2006. VIDOR, Telmo et al. Herpes bovino tipo 1 (BHV 1): I. Sorologia de rebanhos com problemas reprodutivos. Ciência Rural, Santa Maria, v. 25, n. 3, p. 421-424, jun/ago.1995. 39 7. ANEXOS 40 41