8ª Jornada de Análise do Comportamento Universidade Federal de São Carlos Realização: Comissão Organizadora JAC 8 Laboratório de Estudos do Comportamento Humano Apoio: Patrocínio: I Comissão Organizadora Programação do Evento Conferências Conferência de Abertura: 01 02 03 “How experiences lead to the development of language functions in children” 03 R. Douglas Greer Conferência 1: “Expandindo e integrando os n-elementos da contingência: uma agenda para compreender o comportamento” 04 Lincoln da Silva Gimenes Conferência 2: “Relações afetivas homossexuais: análise de contingências” 05 Patrícia Piazzon Queiroz Conferência 3: “O nascimento da Análise Experimental do Comportamento” 06 Isaías Pessotti Conferência 4: “Mitos e ilusões da psicologia aplicada” aplicada” 07 Armando D. B. Machado Simpósios 08 Simpósio 1: “O que os bebês nos ensinam sobre como eles aprendem” 08 “Desempenho em exclusão de discriminações auditivo-visuais por um bebê de 20 meses” Lucas Tadeu Garcia “Identificar antes de atribuir funções reforçadoras aos estímulos empregados nos estudos com bebês” Naiara Minto de Souza Simpósio 2: “A intervenção social do analista do comportamento e a ética behaviorista radical: possibilidades possibilidades e limites” “Possibilidades e limites da ética behaviorista radical” Alexandre Dittrich “Delineamentos culturais: breve contraponto entre dificuldades práticas e alternativas de pesquisa e desenvolvimento” Kester Carrara Simpósio 3: “Construção Construção de empreendimentos solidários e contingências de reforçamento: é possível a construção de uma Economia Solidária?” “Mapeamento e descrição de classes de comportamentos de indivíduos e organizações no âmbito da Economia Solidária” Ana Lucia Cortegoso “Intervir em processos psicológicos no âmbito de organizações: servem ou não são suficientes os conceitos e procedimentos produzidos pelas análises e sínteses experimentais do comportamento?” Silvio Paulo Botomé II 08 09 10 10 11 12 12 13 Mesa de Encerramento: “A intervenção intervenção clínica da Análise do Comportamento e a questão do comportamento verbal” “Determinação e função do comportamento verbal em situação clínica” Hélio José Guilhardi “Comportamento verbal e clínica analítico-comportamental: incompatíveis?” Roberto Alves Banaco “Comportamento verbal no ambiente da supervisão” Sonia Beatriz Meyer Mini-cursos Mini-curso 1: “A aplicação da Análise do Comportamento: o desenvolvimento de recursos e de sistemas educacionais” 14 14 15 16 17 17 Sergio Vasconcelos de Luna Mini-curso 2: “Discriminação condicional e tolerância aprendida a drogas” drogas” 18 José Lino Oliveira Bueno Mini-curso 3: “A cultura sob a perspectiva do Behaviorismo Radical de B. F. Skinner” 19 Camila Muchon de Melo Mini-curso 4: “As exigências, decorrências e responsabilidades sociais e técnicas do uso dos conceitos de comportamento comportamento operante e de contingências de reforçamento na atuação profissional do psicólogo em instituições” 20 Silvio Paulo Botomé Apresentações Orais 21 A INTRODUAÇÃO GRADUAL AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: UMA FERRAMENTA NO MANEJO DA CRIANÇA NÃO COLABORADORA Ludmila da Silva Tavares Costa; Rosana de Fátima Possobon 21 ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: EXPERIÊNCIAS COM UM CASO DE AUTISMO Aline Terumi Bomura Maciel; Larissa de Menezes Modesto; Vânia Lúcia Pestana Sant’Ana 22 APRENDIZAGEM DE VOCABULÁRIO POR EXCLUSÃO COM CRIANÇAS COM TRANSTORNO FONOLÓGICO E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Aline Roberta Aceituno da Costa; Bruno Diehl dos Santos; Caroline M. Benedito; Gabriela G. Bagnato; Mariana S. Floria; Nayára P. Oliveira; Paula P. Marola; Priscila Ambrózio; Thaís R. de Carvalho; Deisy das Graças de Souza 23 AVALIAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE TESTE DE HABILIDADES PRÉ-ARITMÉTICAS Priscila Mara de Araujo; João dos Santos Carmo; Pedro Eugênio Pereira Aloi 24 BEHAVIORISMO RADICAL ORGANIZACIONAL E A SOCIEDADE: METACONTINGÊNCIA E CULTURA 25 Lucas Roberto Paulino Pedrão; Paula Daniele Ferraresi III COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS EM ESTUDANTES DE 5ª. A 8ª. SÉRIE E A INFLUÊNCIA CULTURAL Ana Carina Stelko-Pereira; Érik Luca de Mello; Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams 26 EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS E ENSINO DE DISCRIMINAÇÃO DE ACORDES TOCADOS NO VIOLÃO Luis Ferando Toniollo Reis; Júlio César Coelho de Rose 27 ESCOLHA E PREFERÊNCIA POR ALIMENTOS COM E SEM VALORES CALÓRICOS EM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E SOBREPESO Marina Zanoni Macedo; Ana Luiza Rocha Faria Duque; Giovana Escobal; Celso Goyos 28 INFORMATIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE PSICOLOGIA Oliver Zancul Prado; Sérgio Henrique Moraes Durand; Fernanda Pallone; Juliana Donadone 29 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA COMO ESTRATÉGIA INICIAL PARA OTIMIZAR O TEMPO DE EXECUÇÃO DE ATIVIDADES DE PORTUGUÊS EM SALA DE AULA Keika Inouye; Elisete Silva Pedrazzani; Maria Amélia Almeida; Cristina Yoshie Toyoda; Enicéia Gonçalves Mendes 30 O CONFLITO ÉTICO E SUA POSSÍVEL SOLUÇÃO NO BEHAVIORISMO RADICAL SKINNERIANO Marina Souto Lopes Bezerra de Castro 31 O EFEITO DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA A ESTRESSORES MODERADOS SOBRE O CONSUMO DE ETANOL EM RATOS Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida; Emileane Costa de Assis de Oliveira 32 O TOC NAS ABORDAGENS PSICANALÍTICA, COMPOTAMENTALISTA RADICAL E DAS NEUROCIÊNCIAS Caio Graco Simões Lopes; João Angelo Fantini 33 OS EFEITOS DE DIFERENTES CONSEQUÊNCIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE SEGUIR REGRAS Andréa Fonseca Farias; Carla Cristina Paiva Paracampo 34 OS EFEITOS DE REGRAS DESCRITIVAS PRESENTES EM HISTÓRIAS INFANTIS SOBRE O COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS Andréa Fonseca Farias; Cintia Caroline Prado Craveiro; Carla Cristina Paiva Paracampo; Wandria de Andrade Mescouto 35 Apresentações de Painéis 36 BREVE ESTUDO DA CRIATIVIDADE NA PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL Marcelo Henrique Oliveira Henklain; Íria Stein Siena; Sílvia Cristina Murari CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AO ESTUDO DA VIOLÊNCIA: PUBLICAÇÕES NO JABA E JEAB Priscila Benitez; Ana Carina Stelko-Pereira IV 36 37 CONTRIBUIÇÕES DAS NOÇÕES SKINNERIANAS DE ENTENDIMENTO DO COMPORTAMENTO DE ALUCINAR SELF PARA O 38 Angelo Bonateli Neto; Lisiane Schandler de Oliveira; Uliana Maria Zanin DISCRIMINAÇÃO DE ESTÍMULOS EM SUJEITOS COM HISTÓRIA DE CONSUMO CRÔNICO DE ETANOL Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida; Emileane Costa Assis de Oliveira O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: NECESSIDADES DE INTERVENÇÃO E TRABALHO DESENVOLVIDO 39 40 Paloma Pegolo de Albuquerque RECOMBINAÇÃO DE UNIDADES MÍNIMAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO COM NOTAS MUSICAIS 41 William Ferreira Perez; Júlio C. C. De Rose SEDENTARISMO INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM APORTE BASEADO NO CONCEITO DE METACONTINGÊNCIA 42 Natália Pinheiro Orti; Kester Carrara UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR Annie Catharine Wielewicki Bueno; Naiara Fernanda Costa; Sílvia Cristiane Murari V 43 jac8 01 02 “How experiences lead to the development of language functions in children” R. Douglas Greer Columbia University Teachers College (Nova Iorque, EUA) Skinner’s verbal behavior theory, and research based extensions of that theory over the last 2-decades, have led to an empirically derived theory of verbal behavior development. Contributions from research in relational frame theory, Naming, stimulus equivalence, and more recently the verbal behavior developmental theory have led to the identification and induction of key language developmental cusps and capabilities in children. The acquisition of verbal behavior developmental cusps allow children to come in contact with language contingencies that they could not contact previously. Cusps, that are also new capabilities, allow children to learn language functions in ways they could not before—indirect contact with the contingencies of reinforcement or corrections and remote contact with contingencies of reinforcement, including ostensive learning. These findings suggest how productive language and emergent novel language are traceable to histories of instruction and experience. These findings hold promise for new ways to educate children more effectively and efficiently. 03 . “Expandindo e integrando os nn-elementos da contingência: uma agenda para para compreender o comportamento” comportamento” Lincoln da Silva Gimenes Universidade de Brasília (Brasília); Ministério da Ciência e Tecnologia O conceito de contingência como um instrumento conceitual utilizado na elaboração de análises funcionais do comportamento é discutido a partir de um paradigma de nelementos, inicialmente proposto por Israel Goldiamond. A partir da definição dos elementos da contingência tríplice, considerada como unidade mínima de análise, outros elementos ou variáveis satélites são incluídos como necessários para a compreensão do comportamento referente. Esses elementos incluem as relações intra e entre contingências, as relações condicionais, as regras de estabelecimento da contingência tríplice (controle abstracional e instrucional), potenciação, programas e história, cenário, e padrões induzidos pela contingência ou comportamentos adjuntivos. Exemplos tanto da área básica quanto aplicada são utilizados para demonstrar a relação desses elementos com o comportamento referente da contingência tríplice. Comportamentos adjuntivos, que podem incluir as emoções, são especialmente considerados. O paradigma é aberto, podendo novos elementos ser incluídos à medida que novos conceitos são desenvolvidos. Dessa forma, macrocontingência e metacontingência estão sendo incorporados como uma expansão do comportamento individual para o comportamento grupal. Considerando o comportamento resultante da metacontingência como culturante – uma analogia ao operante – propõe-se ainda o elemento adjunturante – uma analogia ao adjuntivo – como comportatmentos sociais induzidos pela metacontingência. 04 “Relações afetivas homossexuais: análise de contingências” Patrícia Piazzon Queiroz Instituto de Análise Aplicada do Comportamento (Campinas) As relações afetivas homossexuais, assim como qualquer outra relação afetiva, podem ser compreendidas a partir da análise das contingências atuais e de história de vida dos indivíduos. Além disso, a proposta de Skinner dos três níveis de variação e seleção serão transpostos para os relacionamentos afetivos, oferecendo uma concepção de amor a partir dos referenciais teóricos da Análise do Comportamento e do Behaviorismo Radical. Serão apresentados estudos de caso embasados nos modelo de Terapia por Contingências de Reforçamento. Durante os atendimentos foram identificadas as variáveis em operação na vida do cliente e houve o manejo de contingências alterando os padrões de comportamentos e os sentimentos envolvidos. 05 “O nascimento da Análise Experimental do Comportamento” Isaías Pessotti Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto) Pode-se dizer que a análise experimental do comportamento resulta dos trabalhos de Pavlov, Thorndike e Skinner, mas ela resulta também dos fundamentos conceituais ou teóricos e dos recursos metodológicos dos quais se valeram. São fundamentos e recursos produzidos por seus antecessores. Nesse sentido, Séchenov e outros precederam Pavlov, como Thorndike e outros precederam Skinner. Alguns aspectos da historia da análise experimental do comportamento mostram quanto o nascimento dela resulta da fidelidade do pesquisador à “natureza das coisas” mais do que do projeto inicial de pesquisa. Tanto Pavlov, como Thorndike e Skinner (e outros) encontraram o que não procuravam. Seus achados foram, em grande parte o resultado natural da metodologia escolhida (e dos ajustes técnicos efetuados ao longo das pesquisas). É na escolha dos métodos que a participação dos autores é decisiva. E nesse momento da pesquisa o quadro teórico do qual partem tem um peso decisivo. É nesse aspecto que os precursores no plano teórico exercem sua decisiva influência sobre o curso da ciência. 06 “Mitos e ilusões da psicologia aplicada” aplicada” Armando D. B. Machado Universidade do Minho (Braga, Portugal) O início da psicologia enquanto ciência é simbolicamente atribuído à abertura, por Wilhem Wundt, de um laboratório em 1879. Nas décadas seguintes, a psicologia tentou justificar a sua crescente intervenção na vida social mantendo-se sempre relativamente próxima da investigação fundamental. No entanto, a partir da segunda guerra mundial assistimos ao início de um divórcio que tem vindo a afastar cada vez mais a psicologia aplicada da psicologia fundamental. As consequências deste divórcio, prolongado e litigioso, estão à vista: além de inúmeras intervenções sem qualquer efeito positivo, registam-se inúmeras intervenções com consequências negativas graves. Exemplos de relevo incluem a "Comunicação Facilitada", o "Síndrome das Memórias Reprimidas", o movimento de promoção da "Auto-estima", a patologização de emoções e a vitimização das pessoas. Estes e outros exemplos de fraude, engano, banha da cobra, exagero e leviandade mostram que a psicologia se tornou uma indústria de negócios sustentada por um "marketing" forte e agressivo. Na minha comunicação, discutirei este triste estado de coisas e defenderei a ideia que precisamos urgentemente de mais ciência e menos (desta) psicologia. 07 “O que os bebês nos ensinam sobre como eles aprendem” aprendem” “Desempenho em exclusão de discriminações auditivo-visuais por um bebê de 20 meses” Lucas Tadeu Garcia Universidade Federal de São Carlos (São Carlos) A rápida expansão do vocabulário nos períodos iniciais do desenvolvimento da linguagem nos bebês pode estar relacionada ao desempenho por exclusão presente em algumas aprendizagens de novas discriminações condicionais. Neste estudo, um bebê de 20 meses de idade foi ensinado a fazer discriminações condicionais auditivo-visuais, por exclusão, a partir de relações previamente conhecidas entre objetos e nomes. As tarefas consistiam da emissão de uma palavra falada pelo experimentador, acompanhada pela apresentação atrasada ou simultânea de duas fotografias de objetos afixadas em um caderno. Algumas das figuras eram familiares para a criança, de acordo com informações da mãe. O bebê deveria apontar ou estender a mão para o estímulo correto, e o acerto era reforçado pela entrega da fotografia e pela interação com o experimentador. Inicialmente, houve a identificação das relações familiares e um período de treino para a obtenção do critério de aprendizagem. Em seguida, foram inseridas sondas de exclusão e de aprendizagem em tentativas de linha de base e, por fim, as tentativas continham apenas estímulos novos. Para os estímulos familiares o critério de aprendizagem foi atingido; além disso, a criança escolheu consistentemente o estímulo correto por exclusão. Nas sondas de aprendizagem também foi observada a escolha consistente de estímulos corretos. No entanto, o bebê não demonstrou aprendizagem das novas relações em sessões subseqüentes que continham apenas os três estímulos novos. Os resultados mostram que o procedimento empregado foi eficiente em explicitar as discriminações aprendidas e que pode ser uma ferramenta eficaz no estudo de aprendizagem por exclusão. 08 “O que os bebês nos ensinam sobre como eles aprendem aprendem” dem” “Identificar antes de atribuir funções reforçadoras aos estímulos empregados nos estudos com bebês” Naiara Minto de Sousa Universidade Federal de São Carlos (São Carlos) A pesquisa experimental sobre a aquisição do comportamento simbólico por bebês enfrenta dificuldades ao planejar tarefas condizentes com as características do desenvolvimento desta população, tais como selecionar estímulos antecedentes e conseqüentes adequados aos seus interesses e nível de desenvolvimento. Este estudo teve por objetivo ensinar a um bebê de 15 meses algumas tarefas de discriminação simples, reversão das discriminações e discriminações condicionais arbitrárias que são repertórios básicos para a aquisição do comportamento simbólico. Nas tarefas propostas aos bebês foram empregadas fotografias de animais, afixadas em um caderno manufaturado que era apresentado ao bebê em sessões de brincadeira dele com o experimentador. Supunha-se que olhar e pegar as fotografias seria atraente e brincar com elas seria reforçador para o bebê; assim as fotografias no caderno eram estímulos antecedentes e as fotografias na mão do bebê, conseqüente da resposta de pegar a fotografia, seria reforçador. Entretanto, elas não foram eficientes para manter a atenção do bebê às tarefas. A análise das contingências em operação nas sessões mostrou que o bebê se interessava, principalmente, pelos livros de estórias que ficavam na sala. Os estímulos foram modificados para que as fotografias fossem relacionadas aos livros de estórias e o bebê passou a cumprir as tarefas atingindo os critérios de aprendizagem. Discute-se a importância de identificar a função reforçadora dos estímulos experimentais em cada tarefa ensinada e de ajustar os procedimentos experimentais em função das contingências em vigor. 09 “A intervenção social do analista do comportamento e a ética behaviorista radical: possibilidades e limites” limites” “Possibilidades e limites da ética behaviorista radical” Alexandre Dittrich Universidade Federal do Paraná (Curitiba) Ao tratar de ética, o behaviorista radical está tratando das conseqüências de sua atividade e da atividade de outros, sejam imediatas ou de longo prazo. A maioria dos behavioristas radicais entende que a principal conseqüência a ser produzida por esta comunidade deveria ser a sobrevivência das culturas. Isso significa criar condições para que as culturas enfrentem seus problemas e garantam sua continuidade. Alguns problemas relacionados a esta posição merecem análise cuidadosa: (1) Não há como justificar a sobrevivência das culturas enquanto valor (conseqüência) de forma absoluta; (2) Mesmo que haja concordância quanto a este valor, pode haver discordância sobre quais as formas mais efetivas de produzi-lo; (3) Ao enfrentar discordâncias, seja em relação a seu valor fundamental, seja em relação às formas de produzi-lo, o behaviorista radical deverá posicionar-se politicamente perante grupos com poder especial de decisão, buscando “convencê-los” da pertinência de suas propostas. 10 “A intervenção social do analista do comportamento e a ética behaviorista radical: possibilidades e limites” limites” “Delineamentos culturais: breve contraponto entre dificuldades práticas e alternativas de pesquisa e desenvolvimento” Kester Carrara Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Bauru) Dois aspectos fundamentais da atuação do analista do comportamento nas questões sociais complexas constituirão objeto de discussão no contexto da mesa: (1) identificação, caracterização e análise de fatores limitantes à concretização de delineamentos culturais, incluindo a complexidade de decisões relacionadas a metas ético-morais, resistência à adesão dos agentes políticos e agências de controle às propostas, implicações da complexidade metodológica de estratégias de pesquisa face à natureza entrelaçada de contingências, resistência historicamente estabelecida a intervenções via AC, dilemas de planejamento em função da necessidade de articulação entre reforço imediato e reforço atrasado; (2) identificação, caracterização e análise de possibilidades e encaminhamentos em face de alguns obstáculos, incluindo critérios e estratégias para escolha de metas nos delineamentos, ampliação, diversidade possível e seleção de estratégias de pesquisa e desenvolvimento teórico, critérios de metas plausíveis para estabelecimento de parcerias, consolidação acadêmica e delimitação de campo de atuação profissional para a análise comportamental da cultura. 11 “Construção de empreendimentos solidários e contingências de reforçamento: é possível a construção de uma Economia Solidária? Solidária?” idária?” “Mapeamento e descrição de classes de comportamentos de indivíduos e organizações no âmbito da Economia Solidária” Ana Lucia Cortegoso Universidade Federal do São Carlos (São Carlos) Serão apresentados resultados obtidos a partir de esforço de diferentes pessoas e coletividades para identificar e descrever, como relações que envolvem classes de respostas e classes de estímulos ambientais, comportamentos de diferentes tipos de atores sociais envolvidos com o campo da Economia Solidária. São produtos de trabalho de coletividades, como a equipe da Incubadora Regional de Cooperativas Populares da INCOOP, estudantes de graduação em Psicologia da UFSCar e de pesquisadores em temas relacionados a este movimento social, como contribuição para produção de conhecimento e tecnologia na busca de promoção de relações sociais geradoras de maior igualdade e equilíbrio social do que o que se pode observar a partir de uma organização do trabalho pautada por relações hierarquizadas e tendo lucro como produto de interesse central. Serão apresentadas as principais características propostas para iniciativas da Economia Solidária, e classes de comportamentos identificadas e descritas para a INCOOP (como exemplo de incubadora universitária de empreendimentos solidários), agentes mediadores de processos de incubação, empreendimentos solidários, participantes destes empreendimentos, consumidores e mediadores de processos de incubação envolvendo populações com transtorno mental. 12 “Construção de empreendimentos solidários e contingências de reforçamento: é possível a construção de uma Economia Solidária?” Solidária?” “Intervir em processos psicológicos no âmbito de organizações: servem ou não são suficientes os conceitos e procedimentos produzidos pelas análises e sínteses experimentais do comportamento?” Silvio Paulo Botomé Universidade Federal do Santa Catarina (Florianópolis) A intervenção sobre variáveis que constituem e determinam processos comportamentais em contextos de organizações ou instituições exigem mais do que aquelas realizadas sobre comportamentos de organismos individuais ou de grupos em contextos clínicos, familiares ou educacionais. Em primeiro lugar porque envolvem e dizem respeito não mais a apenas um conjunto de pessoas, mas a seus comportamentos orientados por algo em comum: os objetivos de uma organização que, por sua vez, pode ser identificado, formulado, aprendido e estar presente em graus variados na apresentação de cada comportamento de cada componente de uma organização. Em segundo lugar, porque as contingências sejam as de classes de estímulos antecedentes, sejam das classes de respostas, sejam as que configuram as classes de estímulos conseqüentes são constituídas ou determinadas por variáveis diferentes daquelas que usualmente fazem parte das áreas de conhecimento mais próximas da Psicologia ou familiares aos psicólogos. Também as variáveis relativas às contingências que poderiam funcionar como reforçadoras dos comportamentos de interesse em várias instâncias de uma organização nem sempre são familiares ou estão ao alcance do psicólogo. Isso em si exige um balanço e um reordenamento conceitual constante e uma capacidade de entender a função dos conceitos de Análise e de Síntese Experimentais do comportamento com muita clareza e precisão. A pergunta-chave para um psicólogo que atua em um contexto organizacional – ou mesmo de um sistema de organizações – é “o que muda, se é que muda, do que usualmente é feito em outros contextos para lidar com os processos comportamentais de vários tipos que se misturam e combinam de formas variadas em um contexto organizacional. As experiências conhecidas já mostram uma alta eficácia dos conceitos da Análise e da Síntese Experimentais do Comportamento nesses contextos e vale a pena avaliar com atenção as variáveis manejadas pelos psicólogos que atuam nesses contextos e os aspectos constituintes de seus procedimentos, assim como os resultados que obtém, sempre no âmbito do que diz respeito aos processos comportamentais que interessam, constituem ou determinam o que acontece nas organizações. 13 “A intervenção clínica da Análise do Comportamento e a questão do comportamento verbal” verbal” “Determinação e função do comportamento verbal em situação clínica” Hélio José Guilhardi Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento (Campinas) Comportamento verbal é comportamento regido pelas mesmas leis que regulam qualquer comportamento. A tarefa do terapeuta é determinar de que o comportamento verbal do cliente é função. Diferentemente das concepções tradicionais do comportamento verbal, o significado daquilo que é dito não deve ser buscado na topografia do comportamento, mas nas contingências de reforçamento que o evocam. Acrescente-se que entre tais contingências de reforçamento incluem-se os comportamentos do terapeuta, quer como falante, quer como ouvinte. Como tal, o terapeuta pode contribuir para minimizar, bem como para modelar e manter comportamentos-problema do cliente. Os comportamentos verbais permitem ao terapeuta compor as contingências de reforçamento que estão operando no cotidiano do cliente e, através da aplicação de várias técnicas, influenciá-las na direção desejada. A fidedignidade do relato verbal do cliente pode ser aferida pelo funcionamento das contingências de reforçamento sistematizadas com base em tais relatos. A referência, que permite identificar o funcionamento das contingências de reforçamento, pode ser encontrada na Ciência do Comportamento. As concepções expostas serão ilustradas com exemplos de interações entre cliente e terapeuta. 14 “A intervenção clínica da Análise do Comportamento e a questão do comportamento verbal” verbal” “Comportamento verbal e clínica analítico-comportamental: incompatíveis?” Roberto Alves Banaco Pontifícia Universidade Católica (São Paulo); Núcleo Paradigma (São Paulo) Alguns críticos da abordagem analítico-comportamental têm indicado incongruências entre os princípios da análise do comportamento e a intervenção que temos desenvolvido em gabinete. Tais críticas, além de desprezarem uma prática que tem se firmado ao longo do tempo como uma das mais eficientes no manejo do comportamento humano, desprezam também os esforços para que os estudos em pesquisa básica sobre o comportamento verbal possam de alguma maneira indicar os caminhos de análise e explicação para esses resultados. Extensos estudos sobre comportamento verbal na área de correspondência, controle pela audiência, modelagem sobre relatos de eventos, bem como os estudos sobre equivalência e quadros relacionais têm demonstrado que o controle verbal, além de ser bastante proeminente sobre o responder de humanos é (segundo Glenn) a “cola” que mantém as práticas culturais. Com bases em alguns desses estudos, argumenta-se que a terapia de base verbal possa indicar e obter bons caminhos de mudança de comportamento. 00 15 “A intervenção clínica da Análise do Comportamento e a questão do comportamento verbal” verbal” “Comportamento verbal no ambiente da supervisão” Sonia Beatriz Meyer Universidade de São Paulo (São Paulo) Quando o terapeuta identifica suas emoções e vulnerabilidades desencadeadas pelo comportamento do cliente em sessão, ele pode entender como o comportamento deste afeta os outros e como se desenvolveu este modo de interagir, além de poder influir sobre as contingências às quais responde e promover um ambiente favorável. Quando o terapeuta ignora, negligencia ou tem dificuldade em lidar com seus encobertos frente a algumas reações de seu cliente, suas intervenções podem atuar negativamente na terapia. A supervisão mostra-se importante na medida em que o supervisor (ou grupo de supervisão) pode auxiliar o terapeuta a desenvolver repertório de auto-observação, discriminação e nomeação de sentimentos; a identificar os controles ambientais dos sentimentos negativos relatados; e ensinar repertórios que o ajudem a responder diferencialmente a estas estimulações aversivas. Isso facilita o terapeuta estabelecer contato com as contingências relevantes em sessão; evitar que o terapeuta se engaje em comportamentos de esquiva e supressão de seus sentimentos para com o cliente, que poderiam comprometer suas intervenções terapêuticas. Se o supervisor levar em consideração que as falas do supervisionado e de seu cliente podem ter múltipla determinação e se ele estiver atento ao controle sutil dos autoclíticos, às indicações de edições e à sua eventual ausência, ele pode desenvolver um repertório discriminativo refinado para identificar as variáveis de controle das produções verbais do seu supervisionado. Os conceitos da obra “Comportamento Verbal” podem ser utilizados para auxiliar na avaliação funcional dos casos clínicos em supervisão. 00 16 “A aplicação da Análise do Comportamento: o desenvolvimento de recursos e de sistemas educacionais” Sergio Vasconcelos de Luna Pontifícia Universidade Católica (São Paulo) Há inúmeros registros da baixa penetração da análise do comportamento na educação. A despeito da atualidade de um livro como Tecnologia do ensino (originalmente publicado em 1968), pouco parece ter sido feito quer na produção daquilo que Skinner tanto propagou: a transformação dos conhecimentos e dos princípios gerados pela ciência do comportamento em uma tecnologia capaz de dar conta dos grandes problemas enfrentados pela educação. Entretanto, houve avanços e eles são pouco conhecidos no Brasil ou, pelo menos, pouco divulgados entre nós. Além do enorme sucesso feito pela programação de ensino no final da década de 1960 até final dos anos 1970 (e da sua retomada no Brasil pela Drª Carolina Bori, particularmente na década de 1980) pouco se conhece daquilo que é hoje aplicado em um grande número de escolas norte-americanas (Direct Instruction, Precision Teaching, para citar dois exemplos). O curso terá como objetivos: 1. retomar algumas das grandes propostas de Skinner para a educação; 2. apresentar as bases da programação do ensino; 3. descrever e discutir desdobramentos que a análise do comportamento tomou sob a forma de sistemas de ensino hoje aplicado nos EUA. 00 17 “Discriminação condicional e tolerância aprendida a drogas” drogas” José Lino Oliveira Bueno Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto) A tolerância à droga, um decréscimo na responsitividade em função de administrações repetidas, pode ser afetada por sinais associados à droga. Estudos de condicionamento Pavloviano sustentam a hipótese de uma propriedade não farmacológica de “occasion setting” da tolerância aprendida a drogas, examinada em procedimentos de discriminação condicional complexa, utilizados em ratos. Sinais ambientais associados ao uso da droga podem eliciar síndromes de abstinência, “craving” e recaída à autoadministração de drogas em humanos. 18 “A cultura sob a perspectiva do Behaviorismo Behaviorismo Radical de B. F. Skinner” Skinner” Camila Muchon de Melo Universidade Federal de São Carlos (São Carlos) Ao assumir o comportamento como o objeto de estudo de sua ciência B. F. Skinner estabeleceu o modelo de seleção pelas conseqüências como o modo causal que o relaciona à ocorrência de outros eventos, assim, o comportamento humano é analisado como o produto de interações entre contingências filogenéticas, ontogenéticas e culturais. Investigar o conceito de cultura nessa teoria necessita, portanto, analisá-lo de acordo com esses pressupostos. O modelo de seleção, proposto por Skinner explicitamente em 1981, pretende descrever e explicar o comportamento humano e sua evolução. Além disso, pretende descrever e explicar a evolução da cultura humana. De acordo com essa explicação, as contingências culturais possibilitariam a emergência e a manutenção de comportamentos que podem produzir conseqüências que têm um papel no fortalecimento de uma cultura. Esses comportamentos podem participar como operantes constituintes de uma prática cultural. De igual relevância, quando analisamos as questões culturais na obra de Skinner, é a preocupação do autor com a sobrevivência da cultura. Nesse sentido, o autor construiu uma Ciência do Comportamento humano e propôs, através da Tecnologia do Comportamento, o desenvolvimento de práticas culturais que pudessem promover a sobrevivência da cultura, ou melhor, da humanidade. Isso sugere que as culturas que não proporcionarem práticas de sobrevivência tendem a se extinguir. Assim, uma importante contribuição do autor parece ser a proposta de uma Tecnologia do Comportamento que promova a sobrevivência das culturas. O curso tem com o objetivo abordar as principais questões que envolvem a complexidade da análise da cultura de acordo com a obra de Skinner. Assim, o curso abordará aspectos do comportamento social, a definição de cultura de acordo com o modelo causal skinneriano, a questão da sobrevivência no terceiro nível e alguns aspectos do planejamento cultural. Com isso, o curso pretende propiciar um panorama geral de como essas questões são tratadas no Behaviorismo Radical de Skinner. 19 “As exigências, decorrências e responsabilidades sociais e técnicas do uso dos conceitos de comportamento operante e de contingências de reforçamento na atuação profissional do psicólogo em instituições” instituições” Silvio Paulo Botomé Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis) Desde o simplismo das concepções de respostas como reações a estímulos até as complexas interações entre estímulos antecedentes constituintes de uma classe, respostas de uma classe e estímulos conseqüentes e uma classe, o conceito de comportamento evoluiu desde uma reação observável do organismo ao meio até um complexo sistema de interações. A tal sistema de interações ainda foi acrescentada mais um tipo relação (de fato, vários tipos de relações) que recebeu o nome de contingência de reforçamento. Há, com essas mudanças, algumas interações básicas que possibilitam entender e lidar com uma grande variedade de comportamentos e outras tantas contingências de reforçamento básicas dessas interações. Isso trouxe exigências específicas para análise e para síntese de comportamentos em instituições, assim como acarretou exigências também específicas para o exame das contingências responsáveis pela ocorrência desses comportamentos em conjuntos de condições denominados de organizações ou instituições. O que define uma organização do ponto de vista comportamental é uma das decorrências que precisa ser considerada como resultante indispensável da coerência conceitual com as descobertas sobre o conceito de comportamento de de contingências de reforçamento nas últimas décadas. Tanto as exigências como as decorrências da existência desses conceitos, quanto as de seu uso no âmbito de organizações ou instituições sociais, acarretam responsabilidades técnicas (um reordemamento e uma atualização conceitual, refinando os conceitos de acordo com as descobertas contemporâneas) e responsabilidades sociais (uma avaliação muito cuidadosa e contínua das análises e sínteses realizadas), principalmente porque as concepções, conceitos e procedimentos dos profissionais da Psicologia são parte do problema e não apenas parte da solução nos processos de análise e de síntese comportamentais seja nos processos de caracterização dos problemas, seja nos processos de intervenção sobre eles. Os próprios limites de compreensão do trabalho e do significado do nome da área (implicações ou exigências que ele representa) e os âmbitos de atuação possível podem reduzir o profissional a um despachante de uma profissão concebida apenas nos limites do conceito de mercado de trabalho (demandas sociais e ofertas de emprego) ou a um agente empreendedor no âmbito de um campo de atuação profissional delimitado pelas necessidades sociais e pelas possibilidades de atuação, mesmo que ainda não estejam configuradas, exigindo processos de produção de conhecimento científico tanto sobre umas quanto sobre outras. O que, em última instância, tem também muito a ver com a formação científica do psicólogo no âmbito de seu curso de graduação. Comportamentos individuais, sistemas de interação entre comportamentos e orientação coletiva desses comportamentos em complexos arranjos de condições e de contingências de reforçamento são básicos para a compreensão de um sistema organizacional e, nele, se evidenciam exigências e responsabilidades técnicas e sociais específicas para um analista de comportamento que dificilmente aparecerão para outras concepções de fenômeno ou processo psicológico e do que seja o objeto de trabalho de um psicólogo. 20 A INTRODUAÇÃO GRADUAL AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: UMA FERRAMENTA NO MANEJO DA CRIANÇA NÃO COLABORADORA Ludmila da Silva Tavares Costa; Rosana de Fátima Possobon [email protected] Departamento de Odontologia Social, Área de Psicologia Aplicada, Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas. As crianças podem manifestar o medo do tratamento odontológico por meio de comportamentos de não colaboração. Estes comportamentos podem ser considerados respostas típicas de estresse, ou seja, conseqüências comportamentais da exposição a estímulos aversivos. Isso sugere a necessidade da realização de intervenções psicológicas a fim de diminuir o nível de estresse da criança exposta à situação odontológica. O objetivo deste estudo foi investigar a eficiência da estratégia psicológica de introdução gradual ao tratamento, com sessões planejadas para a adaptação da criança à situação, visando a diminuição do nível de estresse, verificado pela variação do nível de cortisol salivar e pelo aumento do grau de colaboração do paciente durante o tratamento preventivo. A amostra foi composta por 10 crianças (40-52 meses) participantes dos programas oferecidos pelo Cepae-FOP-Unicamp que manifestavam comportamentos de não colaboração durante os procedimentos odontológicos preventivos. As sessões experimentais foram planejadas com passos de aproximação sucessiva ao objetivo final, que era a realização de todos os procedimentos preventivos com colaboração da criança. Os resultados mostraram diferença significativa entre a média de comportamentos de não colaboração emitidos pelas crianças nas sessões inicial (44,6 ± 16,72) e final (5,40 ± 3,92) e diminuição da média da concentração de cortisol salivar entre a consulta inicial (0,65 ± 0,25 µg/dL) e final (0,24 ± 0,10 µg/dL). Após as sessões de introdução gradual ao tratamento, houve diminuição significativa dos comportamentos não colaboradores tais como movimentos de corpo e recusa em sentar na cadeira ou abrir a boca, evidenciando a eficiência da estratégia. Conclui-se que a atuação de um profissional de Odontologia, preparado para lidar com questões comportamentais, pode contribuir para diminuir o grau de aversividade relacionada à situação de tratamento, melhorando o comportamento da criança durante a realização dos procedimentos clínicos e evitando a sua exposição à situações estressantes. 21 ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: EXPERIÊNCIAS COM UM CASO DE AUTISMO Aline Terumi Bomura Maciel; Larissa de Menezes Modesto; Vânia Lúcia Pestana Sant’Ana [email protected] Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá Acompanhamento Terapêutico é uma forma de atuação clínica realizada em diferentes situações e contextos, visando principalmente o aumento do repertório comportamental do cliente. Nesta concepção, no ano letivo de 2008 foi atendido em uma universidade pública do estado do Paraná uma criança de 5 anos diagnosticada com autismo, por um grupo de alunos do 3º ao 5º ano do curso de Psicologia. Tendo em vista a necessidade de generalização, treinamento de novos comportamentos e extinção de comportamentos previamente observados e descritos pela linha de base, optou-se por um trabalho com acompanhantes terapêuticos em situações extra-consultório, buscando diminuir a presença de comportamentos inadequados socialmente, melhorando a interação do cliente com seus familiares e pessoas desconhecidas. Foram realizadas observações na casa do cliente, em situações cotidianas (ida ao supermercado, shopping, parque) e no próprio consultório. A partir desses dados, determinou-se os comportamentos a serem extintos (gritar, chorar, espernear, se jogar no chão, agredir os outros, auto-lesão), os comportamentos a serem mantidos (desviar de outras crianças para não esbarrar nelas, andar de mãos dadas, lavar as mãos, sorrir, pedir o que quer com gestos) e os comportamentos a serem instalados (permanecer de mãos dadas, aguardar na fila do caixa, atender chamados, manter contato visual, pentear-se, vestir-se, verbalizar). Além disso foi feita uma verificação de reforçadores, determinando tipos de alimentos favoritos, bem como demonstrações de afeto (abraçar e acariciar a cabeça). Os atendimentos eram gravados para que os vídeos fossem analisados, e os alunos recebiam supervisão semanalmente. Com os atendimentos percebemos uma diminuição na freqüência dos comportamentos de birra, agressão e auto-lesão, a manutenção dos comportamentos adequados, e a instalação de comportamentos como atender chamados e manter contato visual. Esses comportamentos foram generalizados para outras situações, demonstrando que o acompanhamento terapêutico foi fundamental para o sucesso do atendimento. 22 APRENDIZAGEM DE VOCABULÁRIO POR EXCLUSÃO COM CRIANÇAS COM TRANSTORNO FONOLÓGICO E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Aline Roberta Aceituno da Costa; Bruno Diehl dos Santos; Caroline M. Benedito; Gabriela G. Bagnato; Mariana S. Floria; Nayára P. Oliveira; Paula P. Marola; Priscila Ambrózio; Thaís R. de Carvalho; Deisy das Graças de Souza [email protected] Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos O responder por exclusão tem sido amplamente replicado com relações nome-objeto. Esse estudo, conduzido com quatro crianças com transtornos fonológicos e dificuldades de aprendizagem, teve por objetivos verificar quantas exposições a tentativas de exclusão são necessárias para que ocorra aprendizagem da relação nome-objeto, verificar a possibilidade de extensão do responder por exclusão para pessoas com dificuldades articulatórias e investigar a ocorrência de melhora na articulação de fonemas a partir de ensino por exclusão. O procedimento constava de duas partes: treino de linha de base (eram ensinadas três relações auditivo-visuais) e testes. Um primeiro bloco de tentativas de teste apresentava duas tentativas de exclusão e, logo no bloco seguinte, as tentativas de sonda investigavam a aprendizagem da relação entre os estímulos auditivos e visuais apresentados na tentativa de exclusão do bloco anterior. Eram utilizadas palavras que continham a dificuldade articulatória de cada participante. Todos os participantes responderam por exclusão e aprenderam a relação entre estímulo auditivo e visual após alguns blocos de tentativas de exclusão: um após quatro tentativas de treino, um após cinco tentativas e dois após seis tentativas. Um dos participantes apresentou melhora articulatória. Esses resultados confirmam achados da literatura quanto ao responder por exclusão e apontam que são necessárias poucas exposições a tentativas de exclusão até que haja aprendizagem da relação nome-referente. 23 AVALIAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE TESTE DE HABILIDADES PRÉARITMÉTICAS Priscila Mara de Araujo; João dos Santos Carmo; Pedro Eugênio Pereira Aloi [email protected] Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos Os estudos em Análise do Comportamento demonstram bons resultados em pesquisas que utilizam o Paradigma de Equivalência para a avaliação e ensino de habilidades de leitura e escrita. Na área da Matemática, tão importante quanto a aprendizagem da língua portuguesa para o desenvolvimento integral da criança, alguns estudos têm também exibido bons resultados em pesquisas que analisam o que comumente se chama de “formação do conceito de número”. O presente trabalho tem como objetivo avaliar, utilizando o Paradigma de Equivalência, um procedimento de teste de habilidades pré-aritméticas, que envolvem comportamentos de identificar e sequenciar numerais, identificar números iguais, maiores e menores, contar elementos de conjuntos e comparar conjuntos, identificar tamanhos diferentes (relação maior e menor). Os participantes são crianças que frequentam os três primeiros anos das séries iniciais do Ensino Fundamental, estudantes de escolas públicas. Os estímulos são cartões com numerais impressos e figuras familiares impressas (cachorros, canetas, carros, gatos, bolas e casas). O procedimento envolve a apresentação de um estímulo como modelo e três estímulos como comparações, em blocos de nove a 12 tentativas. As tentativas corretas ou incorretas não são consequenciadas, uma vez que o objetivo do trabalho é desenvolver uma rotina de testes. As crianças participam individualmente das sessões que duram cerca de 30 minutos cada. O experimentador senta-se ao lado da criança para arranjar as tentativas sobre a mesa e anota suas respostas num protocolo. Os dados são posteriormente analisados, individualmente para cada participante, a fim de avaliar seu desempenho, e comparativamente a fim de analisar a suficiência do procedimento para a avaliação das habilidades pré-aritméticas. Os resultados parciais demonstram que o procedimento tem sido eficaz para o mapeamento do repertório inicial do aluno e base para o planejamento de ensino de novas habilidades matemáticas. 24 BEHAVIORISMO RADICAL E A SOCIEDADE: METACONTINGÊNCIA E CULTURA ORGANIZACIONAL Lucas Roberto Paulino Pedrão; Paula Daniele Ferraresi [email protected] Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Universidade Estadual de Londrina O presente trabalho teórico tratou o tema Behaviorismo Radical e sociedade, sob a problemática da relação entre metacontingências e cultura organizacional. Defendeu que o estudo de metacontingências permite ao analista do comportamento desenvolver tecnologias para a mudança de padrões comportamentais nas organizações e na sociedade. Cultura pode ser definida como o conjunto das variáveis, arranjadas por outras pessoas, que contribuem ao controle das interações de um indivíduo. As contingências culturais selecionam práticas que são responsáveis pela manutenção de uma cultura. Para facilitar o estudo dessas contingências foi criado o conceito de metacontingência, que descreve relações funcionais entre contingências específicas, que geram um produto cultural comum aos indivíduos envolvidos. Na programação de metacontingências, os conceitos de contingências tecnológicas e cerimoniais são de fundamental importância. Enquanto na primeira as práticas geralmente envolvem um produto que beneficia grande parte dos envolvidos, na segunda o produto beneficia apenas um ou alguns dos envolvidos. O arranjo dessas contingências em uma organização informa sua cultura organizacional e repercute em sua manutenção, desenvolvimento ou falência. A organização é estruturada em sistemas, cada qual gerando um produto que contribui para o produto agregado final. Nesses sistemas as relações entre os comportamentos, funcionalmente interligadas, são chamadas de contingências culturais entrelaçadas, e são as unidades básicas de análise da complexidade cultural. Essa complexidade envolve três conjuntos de variáveis que controlam o desempenho da organização: 1) ambientais (exteriores à organização); 2) de componentes (quantidade de funcionários); e 3) hierárquica (quantidade de sistemas). Assim, esse trabalho teórico objetivou expor os conceitos fundamentais para a atuação do analista do comportamento em contextos organizacionais. Discutiu-se que o estudo de metacontingências pode ser uma ferramenta do analista do comportamento para a atuação nas diversas organizações, como governamentais, sindicais, empresariais, entre outras. 25 COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS EM ESTUDANTES DE 5ª. A 8ª. SÉRIE E A INFLUÊNCIA CULTURAL Ana Carina Stelko-Pereira; Érik Luca de Mello; Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams [email protected] Universidade Federal de São Carlos Os comportamentos agressivos de alunos devem ser entendidos de acordo com os três níveis de seleção do comportamento, porém a maioria dos estudos visam contingências individuais. Este estudo teve como objetivos investigar se há um perfil quanto aos comportamentos agressivos de alunos em escolas de Curitiba e hipotetizar influências culturais para tanto. Participaram da pesquisa 668 estudantes de 5ª a 8ª séries de três escolas estaduais, com diferentes características quanto a status sócio-econômico e taxa de homicídio do bairro estas se localizavam. Tais estudantes responderam ao Questionário de Investigação de Prevalência de Violência na Escola (QIPVE), de autoria de Stelko-Pereira e Williams. Verificou-se padrões quanto às categorias mais freqüentes de respostas violentas, às condições antecedentes a tais respostas e conseqüentes a estas. Segundo os alunos vítimas, nas três escolas, a forma de vitimização da qual mais sofreram foi, em ordem decrescente: receber xingamentos, ser alvo de fofocas e receber ameaças. Ter o material destruído propositalmente foi a forma de vitimização que menos ocorreu, seguido por ser agredido fisicamente. Quanto às conseqüências de ter agido agressivamente, nas três escolas, os alunos disseram que “nada aconteceu” por parte dos funcionários. Pela análise do comportamento, o grupo do qual o indivíduo faz parte estabelece “bons” e “maus” comportamentos, modelando o comportamento ético. E, conforme o indivíduo segue um padrão de conduta de uma cultura, vem a apoiar tal padrão, ao classificar o comportamento de outros igualmente. Portanto, os padrões encontrados, possivelmente, são fruto de contingências dispostas por uma cultura, na qual agressão física acarreta em maiores punições do que agressão psicológica, as brincadeiras são comumente associadas com competição e agressão e não há contingências para que funcionários das escolas consequenciem adequadamente os comportamentos dos estudantes. Tais contingências devem ser melhor investigadas em estudos futuros. 26 EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS E ENSINO DE DISCRIMINAÇÃO DE ACORDES TOCADOS NO VIOLÃO Luis Fernando Toniollo Reis; Júlio César Coelho de Rose [email protected] Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de São Carlos A equivalência de estímulos é um modelo comportamental da função simbólica que trata a relação entre símbolo e referente como uma relação de equivalência. O presente estudo procurou aplicar este modelo à leitura musical, especificamente à relação entre acordes tocados no violão, respectivas cifras e palavras que descrevem os acordes como “maior”, “menor” e com “sétima”. Os participantes foram oito adultos sem treino musical prévio. Diante de acordes “maiores”, “menores” e “com sétima”, os participantes foram ensinados a discriminá-los, relacionando-os com as cifras correspondentes e com as palavras “maior”, “menor” e “sétima”. Esse treino foi dividido em três etapas, e em cada uma os acordes treinados tiveram uma nota fundamental diferente. No final de cada etapa foi testado se os participantes fizeram as relações entre as cifras e as palavras, e se eles conseguiam discriminar as propriedades “maior”, “menor” e “sétima” em acordes não treinados. A pesquisa está concluída, e os resultados foram positivos em sua maior parte, com os participantes formando relações de equivalência e acertando mais nos testes de generalização conforme avançavam no treino. Os resultados, assim como as dificuldades encontradas, serão discutidos, bem como suas possíveis implicações para pesquisas futuras. 27 ESCOLHA E PREFERÊNCIA POR ALIMENTOS COM E SEM VALORES CALÓRICOS EM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E SOBREPESO Marina Zanoni Macedo1; Ana Luiza Rocha Faria Duque3, Giovana Escobal2, Celso Goyos1,2 [email protected] 1 Programa de Pós-graduação em Psicologia; 2Programa de Pós-graduação em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos; 3Departamento de Nutrição, Centro Universitário Central Paulista Obesidade e sobrepeso são vistos como uma das principais questões de saúde da atualidade. Muito se conhece a respeito dos tipos de alimento que contribuem para isso, porém, poucos resultados têm sido observados no controle da impulsividade envolvida no comportamento de se alimentar. Este estudo investigou escolhas e preferências por alimentos com e sem valores calóricos de quatro crianças entre seis e oito anos de idade, com sobrepeso e deficiência mental. As crianças foram expostas a esquemas de reforçamento concorrentes com encadeamento com valores de intervalo variável de 10s (VI-10) não coincidentes em dois botões seguidos por FR-1. Os esquemas foram controlados por um programa de computador. Respostas de escolha no Botão 1 foram seguidas por uma goma não calórica no respectivo elo terminal e, respostas no Botão 2 foram seguidas de uma goma calórica no respectivo elo terminal. As gomas eram idênticas com relação às características organolépticas, e diferiam apenas quanto às calorias contidas nelas. A sessão era constituída de 12 apresentações dos esquemas. Os dados de interesse foram as respostas nos elos iniciais dos esquemas concorrentes com encadeamento. Os resultados mostraram distribuição semelhante de respostas nos elos iniciais, caracterizando não preferência. O estudo, de natureza exploratória, mostrou que o valor calórico não necessariamente controla o comportamento alimentar e permite introduzir, nos estudos futuros, outras variáveis, isoladamente, para identificar determinantes da escolha alimentar como, por exemplo, sabor, volume, odor, etc. 28 INFORMATIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE PSICOLOGIA Oliver Zancul Prado1,2; Sérgio Henrique Moraes Durand1; Fernanda Pallone1; Juliana Donadone2 [email protected] 1 Instituto de Psicologia Comportamental de São Carlos; 2Universidade Paulista – UNIP O projeto GestorPsi é apresentado e tem os objetivos de desenvolver um sistema informatizado baseado em software livre que possibilite aos estabelecimentos de psicologia ter maior controle sobre serviços prestados, utilizar os registros para realização de pesquisas científicas e avaliar os benefícios obtidos com os serviços prestados a população. Busca-se atender no projeto os principais requisitos normativos relativos à ética e segurança das informações, a saber: resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde, elaborado pela Sociedade brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Atualmente o projeto encontra-se em fase final de desenvolvimento e o presente trabalho apresenta um panorama geral do projeto: sua idealização, início das coletas de dados, processamento dos dados, obtenção de financiamento junto à FAPESP, desenvolvimento inicial do sistema, testes realizados e implementações em estabelecimentos de psicologia. Também são descritas as principais dificuldades enfrentadas pela equipe relacionadas à tecnologia, financiamento e a recursos humanos. Por fim serão apresentados as funcionalidades que ainda serão desenvolvidas como os módulos de atendimento via Internet e o módulo de relatórios, que será utilizado principalmente para avaliação dos serviços prestados e para realização de pesquisas. Os resultados demostram que o projeto tem se beneficiado com a economia de milhares de reais em licenças de softwares, ampla documentação disponibilizada livremente na Internet e a possibilidade de participação nas diversas comunidades ativas no desenvolvimento das tecnologias adotadas no projeto. Também são apresentados resultados do desenvolvimento em termos das características dos módulos do sistema, do seu funcionamento e de como as informações estão relacionadas, o que permite ao mesmo gerenciar serviços de psicologia de diversas áreas e locais distintos como por exemplo desde um consultório com apenas um profissional até uma clínica-escola multiprofissional completa. 29 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA COMO ESTRATÉGIA INICIAL PARA OTIMIZAR O TEMPO DE EXECUÇÃO DE ATIVIDADES DE PORTUGUÊS EM SALA DE AULA Keika Inouye1; Elisete Silva Pedrazzani1; Maria Amélia Almeida2; Cristina Yoshie Toyoda3; Enicéia Gonçalves Mendes2 [email protected] 1 Departamento de Educação Especial, 2Departamento de Psicologia, 3Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos Existem pesquisas apontam que o estudante intrinsecamente motivado envolve-se em suas tarefas pelo gosto de aprimorar conhecimentos e habilidades. Contrariamente, o aluno extrinsecamente motivado, realiza uma atividade escolar por algum interesse além da aquisição do saber, que geralmente se delata pelo anseio de notas boas, prêmios e elogios, ou ainda, para apenas evitar punições. Estudos demonstram que o comportamento extrinsecamente motivado pode não ser sempre negativo. O objetivo deste estudo foi investigar o impacto de uma fonte de motivação extrínseca no desempenho dos alunos medido por meio do tempo empregado para a realização de uma atividade acadêmica. Participaram desta pesquisa alunos (n=16) com idade média de seis anos, matriculados em uma classe de primeira série de uma escola municipal de educação básica. Foi solicitado a todos os participantes que fizessem duas atividades de português diferentes, com graus de dificuldade equivalentes cujo conteúdo já havia sido abordado anteriormente pela professora. Foi explicado a todos os sujeitos que, ao término da primeira atividade (A1), eles ganhariam o direito de pintá-la – uma prática cotidiana normal que significava que na verdade eles não estavam ganhando nada; entretanto, ao término da segunda atividade (A2), cada aluno teria o direito de escolher dois brindes. A1 e A2 somente foram aceitas como concluídas se estivessem de acordo com o enunciado do exercício. Todos os brindes eram diferentes e, portanto, quanto antes a atividade fosse concluída, maior seria a diversidade de escolha do prêmio. Os resultados evidenciaram que o tempo dispensado para fazer a A1 foi significativamente maior (µ = 42,94 minutos, dp = 11,77) quando comparado com a A2 (µ = 37,13 minutos, dp = 10,26), t (15) = 9,685, p<0,001. Isso nos permite supor que a possibilidade de escolha do prêmio ou o próprio prêmio incitaram os alunos a realizarem A2 com maior rapidez. Desta forma, este estudo corrobora o papel promissor do trabalho fundamentado na motivação extrínseca como estratégia inicial para despertar interesse, curiosidade e estímulo para o aluno buscar novidades e desafios. 30 O CONFLITO ÉTICO E SUA POSSÍVEL SOLUÇÃO NO BEHAVIORISMO RADICAL SKINNERIANO Marina Souto Lopes Bezerra de Castro [email protected] Departamento de Filosofia, Universidade Federal de São Carlos O objetivo deste trabalho é apresentar como o behaviorismo radical de B. F. Skinner provê ferramentas conceituais para a análise de certos fenômenos que tradicionalmente são considerados como pertencentes ao campo da Ética. O método utilizado foi o epistemológico-hermenêutico e o resultado foi uma análise teórica detalhada de alguns conceitos e argumentos presentes nos textos do autor publicados entre os anos de 1953 e 1989. Apresentaremos os fundamentos da filosofia da ciência do comportamento e como ela pode interpretar esse tipo de fenômeno. Segundo B. F. Skinner, a filosofia de ciência do comportamento é o behaviorismo radical. De acordo com ele, estabelecemos o nosso objeto de estudo como sendo o próprio comportamento e o modo como esse objeto deve ser abordado e explicado. O modelo explicativo que a teoria skinneriana elaborou para o comportamento se fundamenta no modelo de seleção por conseqüências. Ao derivar o bem da cultura de seu modelo explicativo, Skinner fundamenta sua Ética. O autor estabelece que a sobrevivência da cultura deve ser o valor que norteia alguém que esteja na posição de planejar práticas culturais. Nesse sentido, o bem da cultura pode ser incompatível com alguns bens pessoais. Tal fato pode levar ao conflito entre suscetibilidades filogenéticas herdadas do processo de evolução da espécie - e necessidades culturais. A solução ética para esse conflito dada por Skinner parece ser a escolha pelo bem da cultura. Segundo o autor, uma cultura bem planejada garante a sua própria sobrevivência e, ao mesmo tempo, garante o bem-estar dos indivíduos que a compõem. 31 O EFEITO DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA A ESTRESSORES MODERADOS SOBRE O CONSUMO DE ETANOL EM RATOS Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida; Emileane Costa Assis de Oliveira [email protected] Curso de Psicologia, Centro Universitário de Votuporanga Modelos animais tentam mimetizar psicopatologias como a depressão e a ansiedade permitindo, posteriormente, a análise das contingências envolvidas. O Chronic Mild Stress (CMS), proposto por Willner em 1987 é utilizado em pesquisas como forma de reproduzir, em ambiente experimental, alguns sintomas da depressão. Consiste na exposição crônica dos sujeitos a um protocolo de fatores estressores moderados, o “estresse do dia a dia”, produzindo a anedonia (perda do prazer). A partir do modelo do CMS, o presente trabalho teve como objetivo investigar os efeitos da exposição crônica a estressores moderados sobre o consumo do etanol em ratos. Para tanto, foram utilizados 11 ratos machos, Wistar, experimentalmente ingênuos e com aproximadamente 5 meses no início da pesquisa. O experimento foi dividido em 3 etapas: 1º. teste de preferência (linha de base); exposição ao protocolo de estressores e 2º. teste de preferência (pós-teste). Os testes consistiam em privar os sujeitos de água por um período de 48 h, após o qual eram disponibilizados dois bebedouros simultâneos, um contendo água pura e o outro uma solução de 10% de etanol. Foram realizados 4 testes antes e depois da exposição ao protocolo de estressores. Os sujeitos foram expostos semanalmente a 13 estressores apresentados de modo alternado: inclinação de 30º da gaiola; gaiola com serragem suja e molhada; objeto estranho dentro da gaiola; agrupamento de 2 sujeitos; luz estroboscópica; luz contínua; privação de água e ração; barulho intermitente; apresentação de garrafa vazia após a privação de água; diminuição da temperatura (15ºC); ração restrita após a privação e odor estranho na caixa. A apresentação do protocolo durou 6 semanas ininterruptas, caracterizando exposição crônica aos estímulos estressores. Na linha de base o consumo de água e etanol foi de 22,5 e 2,5 g e no pós-teste 29,9 e 2,7 g, respectivamente. Os dados obtidos apontam pouca alteração no consumo do álcool em sujeitos com história de exposição crônica a estressores moderados. A alta concentração de etanol da solução pode ter contribuído para que esta fosse evitada pelos sujeitos, devido ao odor acentuado da substância. 32 O TOC NAS ABORDAGENS PSICANALÍTICA, COMPOTAMENTALISTA RADICAL E DAS NEUROCIÊNCIAS Caio Graco Simões Lopes; João Angelo Fantini [email protected]. Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos Neste trabalho realizou-se uma pesquisa bibliográfica e um estudo puramente teórico, metodologicamente baseado em leitura e reflexão, visando cotejar os sistemas teóricos representados pela psicanálise clássica de Sigmund Freud, pelo comportamentalismo radical de Burrhus F. Skinner e pelas neurociências, com destaque para a psicofarmacologia. Objetivou-se refletir sobre a possível compatibilidade entre eles e buscar uma abordagem e uma linguagem que pudesse facilitar a compreensão destes sistemas. Foi feito, complementarmente, um ensaio da aplicação das conclusões à compreensão do transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Na comparação entre psicanálise e comportamentalismo radical privilegiou-se o diálogo com a crítica de Skinner à psicanálise, uma vez que Freud não comenta a obra de Skinner, devido à cronologia de suas obras. Como resultado concluiu-se que a psicanálise e o comportamentalismo radical são compatíveis e complementares num grau maior do que indica a crítica skinneriana. Outro resultado foi que a argumentação desenvolvida neste sentido, ao questionar o núcleo da divergência teórica abordada por Skinner, favorece pensar-se como o conhecimento da psicanálise pode acrescentar novos elementos à teorização e à pesquisa no âmbito do comportamentalismo radical e vice-versa e como desenvolvimentos neste sentido podem melhorar a prática clínica. Os resultados da comparação entre psicanálise, comportamentalismo radical e neurociências indicaram que Freud e Skinner, igualmente, consideravam que não cabia utilizar-se de conceitos fisiológicos em suas teorias e que hoje existem estudos neurológicos que tentam demonstrar a existência de estruturas do aparelho nervoso envolvidas nas dinâmicas funcionais do comportamento que propuseram. Também se pôde observar diferentes posturas de teóricos atuais de cada linha quanto à utilização de psicofármacos, sendo os psicanalistas os que apresentam maiores restrições ao seu uso. O resultado do trabalho demonstrou que este enfoque multidisciplinar evoca questões interessantes que, provavelmente, não surgiriam em um outro contexto. 33 OS EFEITOS DE DIFERENTES CONSEQUÊNCIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE SEGUIR REGRAS Andréa Fonseca Farias; Carla Cristina Paiva Paracampo [email protected] Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará Estudos têm mostrado que a manutenção ou abandono do comportamento de seguir regras depende, em parte, do tipo de consequência que este comportamento produz. Será apresentada uma breve descrição dos delineamentos utilizados e dos principais resultados obtidos em um programa de pesquisa que tem investigado os efeitos de diferentes consequências sobre a manutenção do comportamento de seguir regras de crianças, as quais têm sido expostas a um delineamento que, de modo geral, consiste em apresentar aos participantes regras correspondentes as contingências e observar se o comportamento de seguir regras se mantém após mudanças nas contingências de reforço programadas, quando diferentes consequências contingentes a manutenção, ou não, do comportamento de seguir regras são manipuladas. Os resultados destas pesquisas têm mostrado que o seguir regra tende a ser mantido quando este comportamento produz consequências como fichas, bombons ou a verbalização “Certo”. Contudo, quando as regras tornam-se discrepantes, pela mudança nas contingências de reforço programadas, o seguir regras sob algumas condições tende a ser mantido e, sob outras, tende a deixar de ocorrer. O seguir regra tende a ser mantido quando este comportamento apenas deixa de produzir reforçadores (fichas, bombons ou a palavra “Certo”) e tende a deixar de ocorrer quando produz perda de reforçadores (fichas ou bombons), um estímulo sonoro ou a verbalização “Errado”. Outros resultados têm mostrado que quando após a mudança nas contingências são apresentadas consequências concorrentes, sociais e não sociais, contingentes a manutenção do seguir regras, o controle pelas conseqüências sociais tende a prevalecer. A análise dos efeitos de consequências reforçadoras e aversivas, sociais e não sociais sobre o comportamento governado por regras pode ser útil para profissionais que lidam diariamente com questões relativas à aprendizagem e que necessitam manejar contingências de modo mais eficiente em situações aplicadas. 34 OS EFEITOS DE REGRAS DESCRITIVAS PRESENTES EM HISTÓRIAS INFANTIS SOBRE O COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS Andréa Fonseca Farias; Cintia Caroline Prado Craveiro; Carla Cristina Paiva Paracampo; Wandria de Andrade Mescouto. [email protected] Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento,Universidade Federal do Pará A Histórias infantis têm sido utilizadas como recurso lúdico-didático na instalação de comportamentos socialmente aceitos. Nestas histórias, estes comportamentos podem ser aprendidos através de regras descritivas (regras que descrevem generalidades). Serão apresentados dois estudos que investigaram os efeitos das regras descritivas presentes nas histórias infantis sobre o comportamento de crianças. O Estudo 1 verificou se o comportamento de doar se instalaria ou se alteraria após: a) ser lida uma história, que continha uma regra descritiva sobre o comportamento de doar bombons, ou b) serem lidas três histórias que continham regras descritivas sobre o comportamento de doar bombons, doar brinquedos ou doar roupas e sapatos. O estudo 1 era composto, basicamente por três fases. Na Fase 1, linha de base, os participantes eram expostos a um jogo denominado “Parte-Reparte”, onde a tarefa era doar ou não doar bombons. Na Fase 2, era lida uma, ou mais histórias infantis, que continham regras descritivas sobre o comportamento de doar. Na Fase 3, o jogo “Parte-Reparte” era reapresentado. O Estudo 2, avaliou o efeito da apresentação continuada de histórias infantis sobre a instalação e/ou aumento da frequência de comportamentos de estudar. Inicialmente, foram feitas entrevistas com professoras para coletar relatos sobre o desempenho dos participantes (alunos) em atividades escolares. Em seguida, foram realizadas sessões de registro cursivo dos comportamentos das crianças em sala de aula. Depois de categorizados os comportamentos selecionados (copiar, fazer o exercício, entregar o exercício feito para a professora), foram realizadas sessões de registro de ocorrência da emissão dos mesmos (linha de base). Posteriormente, os participantes foram expostos a 13 Fases. Em todas as fases, uma história contendo regras descritivas sobre o comportamento de estudar era apresentada aos alunos e, logo após, registrava-se a ocorrência dos comportamentos selecionados. Os resultados dos dois trabalhos sugerem que a apresentação continuada de regras descritivas foi eficiente na instalação e/ou aumento da frequência dos comportamentos de doar e dos comportamentos de estudar de crianças. 35 BREVE ESTUDO DA CRIATIVIDADE NA PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL Marcelo Henrique Oliveira Henklain; Íria Stein Siena; Sílvia Cristina Murari [email protected] Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Universidade Estadual de Londrina A criatividade não é um tema novo para a ciência. Em função de sua complexidade, já foi investigada sob diferentes perspectivas teóricas e metodológicas. Nos últimos 20 anos novas contribuições teóricas surgiram e percebe-se que, paulatinamente, o foco deixa de ser exclusivamente o delineamento da personalidade do indivíduo criativo e passa a ser a investigação das variáveis do contexto sócio-histórico-cultural envolvidas no comportamento criativo. Ainda assim, a proposta da Análise do Comportamento (AC) parece ser desconsiderada, o que, provavelmente, indica que, mesmo por parte dos pesquisadores que estudam criatividade, ela é pouco conhecida e mal compreendida. Nesse sentido, o presente trabalho teve por objetivo apresentar uma análise introdutória de alguns artigos que relacionam AC e criatividade. Esse estudo indicou que em AC, a definição de criatividade é relativa a parâmetros sócio-histórico-culturais, o comportamento criativo é entendido como produto de contingências de reforçamento e pode ser compreendido com base em dois modelos: (1) Variabilidade Aprendida e (2) Recombinação de Repertórios. O primeiro modelo enfatiza que todo o comportamento sofre variações constantes nas suas diversas dimensões, de modo que sempre existe algum tipo de variação comportamental ocorrendo, sendo o comportamento criativo aquela variação selecionada por seus efeitos reforçadores. O segundo modelo supõe uma situação de conflito, em que o comportamento-solução ou não foi aprendido ou simplesmente o contexto não o produz. Nessa circunstância, pode ocorrer recombinação de repertórios previamente aprendidos, que acontece, por exemplo, quando a combinação de múltiplos estímulos de controle cria condições para a emergência de um comportamento-solução original. Diante dos artigos analisados, verificou-se que a AC está afinada com as tendências mais recentes de pesquisa sobre criatividade e que, portanto, faz-se necessária ampla divulgação da sua produção na área. 36 CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AO ESTUDO DA VIOLÊNCIA: PUBLICAÇÕES NO JABA E JEAB Priscila Benitez; Ana Carina Stelko-Pereira [email protected] Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos A violência é um dos maiores problemas brasileiros, provocando prejuízos financeiros e humanos, é foco de preocupação de várias agências controladoras: governo e lei, religião e educação. O Behaviorismo Radical busca basear práticas que intervenham em comportamentos individuais que produzam sofrimento ao indivíduo, e/ou a outros membros do grupo do qual ele faz parte, de modo a garantir a sobrevivência da cultura. Diante do impacto negativo da violência, cabe-se perguntar: quais contribuições os pesquisadores da análise do comportamento têm feito na compreensão do fenômeno da violência? Para responder esta questão, esta pesquisa objetivou realizar uma análise bibliográfica de estudos concernentes ao tema da violência publicados no Journal of Applied Behavior Analysis e Journal of The Experimental Analysis, os quais foram selecionados pelo sistema de palavras-chaves (“aggression” e “violence”) entre os anos de 1958 a 2009. Encontrou-se 118 pesquisas, as quais tiveram seus resumos lidos e classificados conforme o objetivo do estudo, delineamento e participantes. Verificou-se que 31% das investigações (n=37) estudaram conceitos básicos da análise do comportamento, tais como efeitos de esquemas de reforçamento e punição, com pesquisas experimentais de delineamento com sujeito único, envolvendo poucos participantes com atrasos no desenvolvimento, os comportamentos-alvo eram auto-agressão e agressão a outros. Já 35% (n=41) dos estudos foram realizados com infra-humanos que, também, utilizavam delineamento de sujeito único e que analisaram os efeitos de determinadas contingências nos comportamentos desses animais. E 3% (n=4) dos estudos abordaram situações de violência discutidas socialmente, como violência contra a mulher, na escola e maus-tratos infantis. Entende-se que são necessárias maiores aproximações da análise do comportamento à temática da violência, em estudos que envolvam públicos diversos e diferentes contextos. Sugere-se que sejam investigados outros periódicos da análise do comportamento a fim de verificar contribuições para a prevenção da violência. 37 CONTRIBUIÇÕES DAS NOÇÕES SKINNERIANAS DE SELF PARA O ENTENDIMENTO DO COMPORTAMENTO DE ALUCINAR Angelo Bonateli Neto; Lisiane Schandler de Oliveira; Uliana Maria Zanin [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná Tradicionalmente, os comportamentos tidos como psicóticos (e alucinar é um exemplo) são entendidos enquanto perturbações relativas ao ego ou a um self desestruturado; sendo comumente usado como uma causa hipotética de ação. O behaviorismo radical de Skinner não poderia deixar de analisar essas questões. Então, o que seria este chamado self desestruturado e quais as contribuições possíveis deste autor e seus estudos para o entendimento do comportamento de alucinar? Com a finalidade de entender e definir tal conceito, o presente trabalho busca estudar algumas publicações da obra Skinneriana e verificar sua utilidade para a prática psicológica ao se analisar comportamentos alucinatórios. Assim sendo, o que se pôde notar a partir de determinadas leituras, é que, não se utilizando de explicações mentalistas, e abrindo-se mão da idéia da existência de uma estrutura enquanto causa de comportamentos; a proposta behaviorista radical de compreensão do self ou de fatos de natureza relativa ao self, entende tais fenômenos enquanto resultado de processos de aprendizagem, de histórias de reforçamento indiscutivelmente únicas, e mais, como um conjunto de sistemas de respostas funcionalmente unificado. Torna-se, portanto imprescindível à compreensão dos comportamentos alucinatórios, bem como dos demais, a análise das contingências ambientais que lhe serviram de base. 38 DISCRIMINAÇÃO DE ESTÍMULOS EM SUJEITOS COM HISTÓRIA DE CONSUMO CRÔNICO DE ETANOL Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida; Emileane Costa Assis de Oliveira [email protected] Curso de Psicologia, Centro Universitário de Votuporanga O álcool é uma das substâncias psicoativas de maior consumo e alta capacidade de dependência. As conseqüências psicológicas acusadas por sua utilização podem ser advindas do uso agudo, gerando intoxicação, ou crônico, provocando distúrbio amnéstico alcoólico. Estudos com ratos investigando os efeitos do etanol sobre a memória mostraram que este não prejudicou o desempenho em tarefa operante possivelmente por requer memória a um determinado estímulo. O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos do consumo crônico de etanol na aquisição de controle de estímulos. Para tanto, 6 ratos machos, Wistar, experimentalmente ingênuos foram divididos em 2 grupos (n=3): Grupo Etanol (GE) tratado com solução de 8% de etanol e Grupo Controle (GC) tratado com água pura. Os sujeitos do GE foram submetidos ao consumo de solução de etanol 8% por um período de 21 dias antes do experimento, caracterizando consumo crônico enquanto os sujeitos de GC foram mantidos com o consumo de água pura durante todo o período. Após o período de tratamento crônico, os grupos foram privados das soluções por um período de 48 h e em seguida submetidos à sessão de modelagem da resposta de pressão à barra seguida pelo fortalecimento desta resposta em CRF. O treino discriminativo consistiu em cinco sessões de 50 minutos, duas em FR2/Ext e as demais em FR4/Ext. Nas sessões a luz (SD) sinalizava reforço, sendo este a solução com a qual o grupo foi tratado e o escuro (S∆), extinção. Considerou-se como indicativo de aprendizagem discriminativa o índice discriminativo (ID) 0,8. Os dados mostraram que não houve diferença na aquisição discriminativa entre os grupos, ambos atingindo um ID médio próximo a 0,8 na 3ª sessão. Apontam, portanto, para semelhança na aprendizagem discriminativa em sujeitos com e sem história de consumo crônico de etanol mostrando consistência com pesquisas anteriores. 39 O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: NECESSIDADES DE INTERVENÇÃO E TRABALHO DESENVOLVIDO Paloma Pegolo de Albuquerque [email protected] Projeto Juventude e Esperança No trabalho com adolescentes em conflito com a lei deve-se considerar a estrutura familiar, o grupo social, e a influência da cultura para entendimento dos comportamentos antissociais e assim delinear atendimentos adequados. O objetivo desse trabalho foi caracterizar os adolescentes inseridos na medida socioeducativa de Liberdade Assistida de uma cidade do interior de São Paulo atendidos num Projeto social durante o ano de 2008, apresentando suas principais necessidades de intervenção. Participaram do estudo 76 adolescentes inseridos num Projeto social de um município de pequeno porte do interior de São Paulo. Para obtenção dos dados foram consultados os protocolos de atendimento dos adolescentes, bem como um instrumento de coleta de dados preenchido pela equipe técnica. Dos adolescentes atendidos, 86% eram do sexo masculino e 14% do feminino; e a idade variava de 13 a 20 anos, mas a maioria, 60%, tinham entre 15 e 17 anos. Quanto à escolarização, 44% dos adolescentes não estavam estudando; 42% frequentavam o Ensino Fundamental; e 14% o Ensino Médio. Em relação ao trabalho, 67% não trabalhavam; e, dos 33% que trabalhavam, apenas 3% tinham registro em carteira assinada. Percebeu-se que as principais dificuldades dos adolescentes eram o baixo desempenho escolar e/ou evasão escolar, com consequente inserção deficitária no mercado de trabalho; e uma socialização inadequada na família, com condições ambientais que reforçavam o comportamento delinquente. O acompanhamento familiar mostrou-se imprescindível, e por isso foram realizados em média 20 atendimentos por mês com os familiares, além de visitas domiciliares. Tanto nos atendimentos individuais, quanto nas reuniões grupais com os adolescentes, buscou-se a conscientização acerca dos seus comportamentos e as consequências, principalmente em relação à evasão escolar. Percebeu-se que é necessário um acompanhamento maior nos diversos contextos em que esses jovens estejam inseridos, realizando encaminhamentos dentro da rede social. Deve-se possibilitar que eles aprendam novas habilidades sociais e facilitar a manutenção destas habilidades no seu ambiente. 40 RECOMBINAÇÃO DE UNIDADES MÍNIMAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO COM NOTAS MUSICAIS William Ferreira Perez1, 2; Júlio C. C. De Rose2 [email protected] 1 Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo; 2Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos. Na abordagem skinneriana do comportamento verbal, unidades mínimas de controle podem ser recombinadas, gerando novos comportamentos. O presente estudo pretendeu ensinar relações entre seqüências de duas notas tocadas no piano (estímulos auditivos) e a sua notação correspondente na pauta (estímulos visuais) para, posteriormente, realizar testes com base na recombinação das unidades mínimas ensinadas. O estudo contou com uma participante, universitária, sem história de aprendizado de habilidades musicais, submetida a tarefas auditivo-visuais de matching-to-sample realizadas no computador. Nessa tarefa uma seqüência de duas notas tocadas no piano era apresentada como estímulo modelo (por exemplo, “do-mi”) simultaneamente a estímulos de comparação, dos quais somente um correspondia à notação musical da seqüência auditiva apresentada. O procedimento era iniciado com um pré-teste de todas as relações que seriam ensinadas e testadas. Na seqüência, era realizado o treino das unidades mínimas, ou seja, das seguintes relações “seqüência de notas”– pauta: DO-MI, DO-SOL, MI-SOL, SOL-MI, SOL-DO e MI-DO. Atingido o critério de aprendizagem, foram realizados testes nos quais novas combinações de seqüências de notas eram apresentadas. Os estímulos apresentados nos testes poderiam ser compostos por duas (DO-MI-SOL, DO-SOL-MI, MI-SOL-DO, MIDO-SOL, SOL-MI-DO e SOL-DO-MI) ou três seqüências de notas (DO-MI-SOL-MI, DO-SOL-MI-SOL, MI-SOL-DO-MI, MI-DO-SOL-MI, SOL-MI-DO-MI e SOL-DO-MIDO). No pré-teste, a participante não apresentou em seu repertório as relações que seriam ensinadas e testadas. Durante o treino, não foram necessárias mais do que duas sessões para cada uma das relações ensinadas. Durante os testes, a participante respondeu corretamente diante de todas as novas combinações apresentadas, exceto para a combinação MI-DO-SOL. Tais resultados sugerem a possibilidade de recombinação de unidades mínimas no ensino de notação musical. Estudos futuros deveriam estender os testes para estímulos compostos por um número maior de seqüências. 41 SEDENTARISMO INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM APORTE BASEADO NO CONCEITO DE METACONTINGÊNCIA Natália Pinheiro Orti; Kester Carrara [email protected] Departamento de Psicologia, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho O resumo apresenta um projeto de pesquisa de iniciação científica, pois a pesquisa propriamente dita encontra-se, no presente momento, na fase de coleta de dados. Diante das propostas de Skinner sobre planejamento cultural, a Análise do Comportamento tem investido em pesquisas na direção de elucidar instrumentos de análise e demandas sociais para elaboração de delineamentos culturais que visem propor soluções para problemas sociais complexos. Dentre os desafios para o planejamento cultural, a literatura aponta que o sedentarismo infantil é uma prática cultural que traz muitos prejuízos à saúde dos indivíduos na infância e na vida adulta, além de trazer riscos para a sobrevivência da cultura em longo prazo. Entende-se sedentarismo por falta ou grande redução de atividade física, sendo que a literatura considera sedentária a criança que ocupa menos de trezentos minutos por semana em atividades físicas no deslocamento ou lazer. Diante desse contexto, o presente projeto tem por objetivo identificar e descrever, através do conceito de metacontingência, se em alguma medida as práticas educativas existentes no contexto da Educação Física Escolar determinam a prática cultural do sedentarismo infantil. Participarão deste projeto três educadores físicos e três turmas de aproximadamente 25 alunos de escolas municipais de Ensino Fundamental de Bauru - SP. Os procedimentos incluem aplicação de questionário com alunos para estimar a prevalência de sedentarismo infantil, entrevista semi-estruturada com os educadores físicos sobre questões relacionadas à prática profissional e observação seguida de registro de três aulas de Educação Física de cada uma das três turmas, totalizando doze aulas. Essas observações serão traduzidas em descrição das contingências e metacontingências que envolvem professores e alunos nas aulas de Educação Física. Mediante a análise de resultados que identifiquem contingências presentes na Educação Física que se relacionam com a prática cultural de sedentarismo infantil, pretende-se elaborar um delineamento cultural visando sugerir soluções para a prevenção e redução do sedentarismo infantil nesse contexto. 42 UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR Annie Catharine Wielewicki Bueno; Naiara Fernanda Costa; Sílvia Cristiane Murari [email protected] Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Universidade Estadual de Londrina Embora as possibilidades de contribuições da Análise do Comportamento para a educação sejam inúmeras, poucos analistas do comportamento têm se dedicado a estudar e atuar nesta área. Isto se torna bastante problemático, se considerarmos que ao atuar sobre a educação formal o analista do comportamento pode alterar contingências compartilhadas por um grande número de pessoas, contribuindo para potencializar e ampliar os efeitos na cultura produzidos pela educação. Com o objetivo de contribuir para a ampliação do alcance da Análise do Comportamento no contexto escolar e apresentar os pressupostos desta ciência como um modo eficiente de compreender e intervir sobre o comportamento dos alunos, realizou-se um curso de doze horas para seis professores, de uma escola estadual de Londrina. Ao longo do curso, fez-se uso de atividades práticas que permitiram aos professores vivenciarem algumas contingências com efeitos similares aos que ocorriam em sala de aula e, a partir de então, foram discutidos alguns dos princípios de aprendizagem e manutenção do comportamento. Foram abordados os seguintes temas: o comportamento ocorre de acordo com o contexto; porque as pessoas se comportam; o que é descrição do comportamento e qual sua importância em sala de aula; o que é descrição de contingências e qual sua importância em sala de aula; o papel das conseqüências para o comportamento; a diferença entre o fazer e o dizer e, por fim, alternativas para planejar um ambiente favorável ao aprendizado e programar conseqüências para os comportamentos dos alunos de maneira a diminuir a freqüência dos comportamentos incompatíveis com a aprendizagem e aumentar a freqüência daqueles compatíveis. Acredita-se que por meio de trabalhos como este é possível contribuir, ainda que minimamente, para que a educação atinja o objetivo de preparar o indivíduo pra agir de maneira vantajosa para si e para a cultura num tempo futuro e é a Análise do Comportamento é a ciência mais apta a contribuir para este fim. 43