Anais da 8ª Jornada de Análise do

Propaganda
8ª Jornada de Análise do Comportamento
Universidade Federal de São Carlos
Realização:
Comissão Organizadora JAC 8
Laboratório de Estudos do Comportamento Humano
Apoio:
Patrocínio:
I
Comissão Organizadora
Programação do Evento
Conferências
Conferência de Abertura:
01
02
03
“How experiences lead to the development of language functions in children”
03
R. Douglas Greer
Conferência 1:
“Expandindo e integrando os n-elementos da contingência: uma agenda para compreender o
comportamento”
04
Lincoln da Silva Gimenes
Conferência 2:
“Relações afetivas homossexuais: análise de contingências”
05
Patrícia Piazzon Queiroz
Conferência 3:
“O nascimento da Análise Experimental do Comportamento”
06
Isaías Pessotti
Conferência 4:
“Mitos e ilusões da psicologia aplicada”
aplicada”
07
Armando D. B. Machado
Simpósios
08
Simpósio 1: “O que os bebês nos ensinam sobre como eles aprendem”
08
“Desempenho em exclusão de discriminações auditivo-visuais por um bebê de
20 meses”
Lucas Tadeu Garcia
“Identificar antes de atribuir funções reforçadoras aos estímulos empregados
nos estudos com bebês”
Naiara Minto de Souza
Simpósio 2: “A intervenção social do analista do comportamento e a ética behaviorista
radical: possibilidades
possibilidades e limites”
“Possibilidades e limites da ética behaviorista radical”
Alexandre Dittrich
“Delineamentos culturais: breve contraponto entre dificuldades práticas e
alternativas de pesquisa e desenvolvimento”
Kester Carrara
Simpósio 3: “Construção
Construção de empreendimentos solidários e contingências de reforçamento: é
possível a construção de uma Economia Solidária?”
“Mapeamento e descrição de classes de comportamentos de indivíduos e
organizações no âmbito da Economia Solidária”
Ana Lucia Cortegoso
“Intervir em processos psicológicos no âmbito de organizações: servem ou não
são suficientes os conceitos e procedimentos produzidos pelas análises e
sínteses experimentais do comportamento?”
Silvio Paulo Botomé
II
08
09
10
10
11
12
12
13
Mesa de Encerramento: “A intervenção
intervenção clínica da Análise do Comportamento e a questão do
comportamento verbal”
“Determinação e função do comportamento verbal em situação clínica”
Hélio José Guilhardi
“Comportamento verbal e clínica analítico-comportamental: incompatíveis?”
Roberto Alves Banaco
“Comportamento verbal no ambiente da supervisão”
Sonia Beatriz Meyer
Mini-cursos
Mini-curso 1:
“A aplicação da Análise do Comportamento: o desenvolvimento de recursos e de sistemas
educacionais”
14
14
15
16
17
17
Sergio Vasconcelos de Luna
Mini-curso 2:
“Discriminação condicional e tolerância aprendida a drogas”
drogas”
18
José Lino Oliveira Bueno
Mini-curso 3:
“A cultura sob a perspectiva do Behaviorismo Radical de B. F. Skinner”
19
Camila Muchon de Melo
Mini-curso 4:
“As exigências, decorrências e responsabilidades sociais e técnicas do uso dos conceitos de
comportamento
comportamento operante e de contingências de reforçamento na atuação profissional do
psicólogo em instituições”
20
Silvio Paulo Botomé
Apresentações Orais
21
A INTRODUAÇÃO GRADUAL AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: UMA FERRAMENTA NO
MANEJO DA CRIANÇA NÃO COLABORADORA
Ludmila da Silva Tavares Costa; Rosana de Fátima Possobon
21
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: EXPERIÊNCIAS COM UM CASO DE AUTISMO
Aline Terumi Bomura Maciel; Larissa de Menezes Modesto; Vânia Lúcia Pestana Sant’Ana
22
APRENDIZAGEM DE VOCABULÁRIO POR EXCLUSÃO COM CRIANÇAS COM TRANSTORNO
FONOLÓGICO E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Aline Roberta Aceituno da Costa; Bruno Diehl dos Santos; Caroline M. Benedito; Gabriela G. Bagnato;
Mariana S. Floria; Nayára P. Oliveira; Paula P. Marola; Priscila Ambrózio; Thaís R. de Carvalho;
Deisy das Graças de Souza
23
AVALIAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE TESTE DE HABILIDADES PRÉ-ARITMÉTICAS
Priscila Mara de Araujo; João dos Santos Carmo; Pedro Eugênio Pereira Aloi
24
BEHAVIORISMO RADICAL
ORGANIZACIONAL
E
A
SOCIEDADE:
METACONTINGÊNCIA
E
CULTURA
25
Lucas Roberto Paulino Pedrão; Paula Daniele Ferraresi
III
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS EM ESTUDANTES DE 5ª. A 8ª. SÉRIE E A INFLUÊNCIA
CULTURAL
Ana Carina Stelko-Pereira; Érik Luca de Mello; Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
26
EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS E ENSINO DE DISCRIMINAÇÃO DE ACORDES TOCADOS NO
VIOLÃO
Luis Ferando Toniollo Reis; Júlio César Coelho de Rose
27
ESCOLHA E PREFERÊNCIA POR ALIMENTOS COM E SEM VALORES CALÓRICOS EM
CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E SOBREPESO
Marina Zanoni Macedo; Ana Luiza Rocha Faria Duque; Giovana Escobal; Celso Goyos
28
INFORMATIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE PSICOLOGIA
Oliver Zancul Prado; Sérgio Henrique Moraes Durand; Fernanda Pallone; Juliana Donadone
29
MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA COMO ESTRATÉGIA INICIAL PARA OTIMIZAR O TEMPO DE
EXECUÇÃO DE ATIVIDADES DE PORTUGUÊS EM SALA DE AULA
Keika Inouye; Elisete Silva Pedrazzani; Maria Amélia Almeida; Cristina Yoshie Toyoda;
Enicéia Gonçalves Mendes
30
O CONFLITO ÉTICO E SUA POSSÍVEL SOLUÇÃO NO BEHAVIORISMO RADICAL SKINNERIANO
Marina Souto Lopes Bezerra de Castro
31
O EFEITO DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA A ESTRESSORES MODERADOS SOBRE O CONSUMO DE
ETANOL EM RATOS
Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida;
Emileane Costa de Assis de Oliveira
32
O TOC NAS ABORDAGENS PSICANALÍTICA, COMPOTAMENTALISTA RADICAL E DAS
NEUROCIÊNCIAS
Caio Graco Simões Lopes; João Angelo Fantini
33
OS EFEITOS DE DIFERENTES CONSEQUÊNCIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE SEGUIR
REGRAS
Andréa Fonseca Farias; Carla Cristina Paiva Paracampo
34
OS EFEITOS DE REGRAS DESCRITIVAS PRESENTES EM HISTÓRIAS INFANTIS SOBRE O
COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS
Andréa Fonseca Farias; Cintia Caroline Prado Craveiro; Carla Cristina Paiva Paracampo;
Wandria de Andrade Mescouto
35
Apresentações de Painéis
36
BREVE ESTUDO DA CRIATIVIDADE NA PERSPECTIVA COMPORTAMENTAL
Marcelo Henrique Oliveira Henklain; Íria Stein Siena; Sílvia Cristina Murari
CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AO ESTUDO DA
VIOLÊNCIA: PUBLICAÇÕES NO JABA E JEAB
Priscila Benitez; Ana Carina Stelko-Pereira
IV
36
37
CONTRIBUIÇÕES DAS NOÇÕES SKINNERIANAS DE
ENTENDIMENTO DO COMPORTAMENTO DE ALUCINAR
SELF
PARA
O
38
Angelo Bonateli Neto; Lisiane Schandler de Oliveira; Uliana Maria Zanin
DISCRIMINAÇÃO DE ESTÍMULOS EM SUJEITOS COM HISTÓRIA DE CONSUMO
CRÔNICO DE ETANOL
Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida; Emileane Costa
Assis de Oliveira
O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: NECESSIDADES DE INTERVENÇÃO
E TRABALHO DESENVOLVIDO
39
40
Paloma Pegolo de Albuquerque
RECOMBINAÇÃO DE UNIDADES MÍNIMAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO COM
NOTAS MUSICAIS
41
William Ferreira Perez; Júlio C. C. De Rose
SEDENTARISMO INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM APORTE
BASEADO NO CONCEITO DE METACONTINGÊNCIA
42
Natália Pinheiro Orti; Kester Carrara
UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NO
CONTEXTO ESCOLAR
Annie Catharine Wielewicki Bueno; Naiara Fernanda Costa; Sílvia Cristiane Murari
V
43
jac8
01
02
“How experiences lead to the development of language functions in children”
R. Douglas Greer
Columbia University Teachers College (Nova Iorque, EUA)
Skinner’s verbal behavior theory, and research based extensions of that theory over
the last 2-decades, have led to an empirically derived theory of verbal behavior
development. Contributions from research in relational frame theory, Naming, stimulus
equivalence, and more recently the verbal behavior developmental theory have led to the
identification and induction of key language developmental cusps and capabilities in
children. The acquisition of verbal behavior developmental cusps allow children to come
in contact with language contingencies that they could not contact previously. Cusps, that
are also new capabilities, allow children to learn language functions in ways they could not
before—indirect contact with the contingencies of reinforcement or corrections and remote
contact with contingencies of reinforcement, including ostensive learning. These findings
suggest how productive language and emergent novel language are traceable to histories of
instruction and experience. These findings hold promise for new ways to educate children
more effectively and efficiently.
03
.
“Expandindo e integrando os nn-elementos da contingência: uma agenda para
para
compreender o comportamento”
comportamento”
Lincoln da Silva Gimenes
Universidade de Brasília (Brasília); Ministério da Ciência e Tecnologia
O conceito de contingência como um instrumento conceitual utilizado na elaboração
de análises funcionais do comportamento é discutido a partir de um paradigma de nelementos, inicialmente proposto por Israel Goldiamond. A partir da definição dos
elementos da contingência tríplice, considerada como unidade mínima de análise, outros
elementos ou variáveis satélites são incluídos como necessários para a compreensão do
comportamento referente. Esses elementos incluem as relações intra e entre contingências,
as relações condicionais, as regras de estabelecimento da contingência tríplice (controle
abstracional e instrucional), potenciação, programas e história, cenário, e padrões
induzidos pela contingência ou comportamentos adjuntivos. Exemplos tanto da área básica
quanto aplicada são utilizados para demonstrar a relação desses elementos com o
comportamento referente da contingência tríplice. Comportamentos adjuntivos, que podem
incluir as emoções, são especialmente considerados. O paradigma é aberto, podendo novos
elementos ser incluídos à medida que novos conceitos são desenvolvidos. Dessa forma,
macrocontingência e metacontingência estão sendo incorporados como uma expansão do
comportamento individual para o comportamento grupal. Considerando o comportamento
resultante da metacontingência como culturante – uma analogia ao operante – propõe-se
ainda o elemento adjunturante – uma analogia ao adjuntivo – como comportatmentos
sociais induzidos pela metacontingência.
04
“Relações afetivas homossexuais: análise de contingências”
Patrícia Piazzon Queiroz
Instituto de Análise Aplicada do Comportamento (Campinas)
As relações afetivas homossexuais, assim como qualquer outra relação afetiva,
podem ser compreendidas a partir da análise das contingências atuais e de história de vida
dos indivíduos. Além disso, a proposta de Skinner dos três níveis de variação e seleção
serão transpostos para os relacionamentos afetivos, oferecendo uma concepção de amor a
partir dos referenciais teóricos da Análise do Comportamento e do Behaviorismo Radical.
Serão apresentados estudos de caso embasados nos modelo de Terapia por Contingências
de Reforçamento. Durante os atendimentos foram identificadas as variáveis em operação
na vida do cliente e houve o manejo de contingências alterando os padrões de
comportamentos e os sentimentos envolvidos.
05
“O nascimento da Análise Experimental do Comportamento”
Isaías Pessotti
Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto)
Pode-se dizer que a análise experimental do comportamento resulta dos trabalhos de
Pavlov, Thorndike e Skinner, mas ela resulta também dos fundamentos conceituais ou
teóricos e dos recursos metodológicos dos quais se valeram. São fundamentos e recursos
produzidos por seus antecessores. Nesse sentido, Séchenov e outros precederam Pavlov,
como Thorndike e outros precederam Skinner. Alguns aspectos da historia da análise
experimental do comportamento mostram quanto o nascimento dela resulta da fidelidade
do pesquisador à “natureza das coisas” mais do que do projeto inicial de pesquisa. Tanto
Pavlov, como Thorndike e Skinner (e outros) encontraram o que não procuravam. Seus
achados foram, em grande parte o resultado natural da metodologia escolhida (e dos
ajustes técnicos efetuados ao longo das pesquisas). É na escolha dos métodos que a
participação dos autores é decisiva. E nesse momento da pesquisa o quadro teórico do qual
partem tem um peso decisivo. É nesse aspecto que os precursores no plano teórico exercem
sua decisiva influência sobre o curso da ciência.
06
“Mitos e ilusões da psicologia aplicada”
aplicada”
Armando D. B. Machado
Universidade do Minho (Braga, Portugal)
O início da psicologia enquanto ciência é simbolicamente atribuído à abertura, por
Wilhem Wundt, de um laboratório em 1879. Nas décadas seguintes, a psicologia tentou
justificar a sua crescente intervenção na vida social mantendo-se sempre relativamente
próxima da investigação fundamental. No entanto, a partir da segunda guerra mundial
assistimos ao início de um divórcio que tem vindo a afastar cada vez mais a psicologia
aplicada da psicologia fundamental. As consequências deste divórcio, prolongado e
litigioso, estão à vista: além de inúmeras intervenções sem qualquer efeito positivo,
registam-se inúmeras intervenções com consequências negativas graves. Exemplos de
relevo incluem a "Comunicação Facilitada", o "Síndrome das Memórias Reprimidas", o
movimento de promoção da "Auto-estima", a patologização de emoções e a vitimização
das pessoas. Estes e outros exemplos de fraude, engano, banha da cobra, exagero e
leviandade mostram que a psicologia se tornou uma indústria de negócios sustentada por
um "marketing" forte e agressivo. Na minha comunicação, discutirei este triste estado de
coisas e defenderei a ideia que precisamos urgentemente de mais ciência e menos (desta)
psicologia.
07
“O que os bebês nos ensinam sobre como eles aprendem”
aprendem”
“Desempenho em exclusão de discriminações auditivo-visuais por um
bebê de 20 meses”
Lucas Tadeu Garcia
Universidade Federal de São Carlos (São Carlos)
A rápida expansão do vocabulário nos períodos iniciais do desenvolvimento da
linguagem nos bebês pode estar relacionada ao desempenho por exclusão presente em
algumas aprendizagens de novas discriminações condicionais. Neste estudo, um bebê de
20 meses de idade foi ensinado a fazer discriminações condicionais auditivo-visuais, por
exclusão, a partir de relações previamente conhecidas entre objetos e nomes. As tarefas
consistiam da emissão de uma palavra falada pelo experimentador, acompanhada pela
apresentação atrasada ou simultânea de duas fotografias de objetos afixadas em um
caderno. Algumas das figuras eram familiares para a criança, de acordo com informações
da mãe. O bebê deveria apontar ou estender a mão para o estímulo correto, e o acerto era
reforçado pela entrega da fotografia e pela interação com o experimentador. Inicialmente,
houve a identificação das relações familiares e um período de treino para a obtenção do
critério de aprendizagem. Em seguida, foram inseridas sondas de exclusão e de
aprendizagem em tentativas de linha de base e, por fim, as tentativas continham apenas
estímulos novos. Para os estímulos familiares o critério de aprendizagem foi atingido; além
disso, a criança escolheu consistentemente o estímulo correto por exclusão. Nas sondas de
aprendizagem também foi observada a escolha consistente de estímulos corretos. No
entanto, o bebê não demonstrou aprendizagem das novas relações em sessões subseqüentes
que continham apenas os três estímulos novos. Os resultados mostram que o procedimento
empregado foi eficiente em explicitar as discriminações aprendidas e que pode ser uma
ferramenta eficaz no estudo de aprendizagem por exclusão.
08
“O que os bebês nos ensinam sobre como eles aprendem
aprendem”
dem”
“Identificar antes de atribuir funções reforçadoras aos estímulos
empregados nos estudos com bebês”
Naiara Minto de Sousa
Universidade Federal de São Carlos (São Carlos)
A pesquisa experimental sobre a aquisição do comportamento simbólico por bebês
enfrenta dificuldades ao planejar tarefas condizentes com as características do
desenvolvimento desta população, tais como selecionar estímulos antecedentes e
conseqüentes adequados aos seus interesses e nível de desenvolvimento. Este estudo teve
por objetivo ensinar a um bebê de 15 meses algumas tarefas de discriminação simples,
reversão das discriminações e discriminações condicionais arbitrárias que são repertórios
básicos para a aquisição do comportamento simbólico. Nas tarefas propostas aos bebês
foram empregadas fotografias de animais, afixadas em um caderno manufaturado que era
apresentado ao bebê em sessões de brincadeira dele com o experimentador. Supunha-se
que olhar e pegar as fotografias seria atraente e brincar com elas seria reforçador para o
bebê; assim as fotografias no caderno eram estímulos antecedentes e as fotografias na mão
do bebê, conseqüente da resposta de pegar a fotografia, seria reforçador. Entretanto, elas
não foram eficientes para manter a atenção do bebê às tarefas. A análise das contingências
em operação nas sessões mostrou que o bebê se interessava, principalmente, pelos livros de
estórias que ficavam na sala. Os estímulos foram modificados para que as fotografias
fossem relacionadas aos livros de estórias e o bebê passou a cumprir as tarefas atingindo os
critérios de aprendizagem. Discute-se a importância de identificar a função reforçadora dos
estímulos experimentais em cada tarefa ensinada e de ajustar os procedimentos
experimentais em função das contingências em vigor.
09
“A intervenção social do analista do comportamento e a ética
behaviorista radical: possibilidades e limites”
limites”
“Possibilidades e limites da ética behaviorista radical”
Alexandre Dittrich
Universidade Federal do Paraná (Curitiba)
Ao tratar de ética, o behaviorista radical está tratando das conseqüências de sua
atividade e da atividade de outros, sejam imediatas ou de longo prazo. A maioria dos
behavioristas radicais entende que a principal conseqüência a ser produzida por esta
comunidade deveria ser a sobrevivência das culturas. Isso significa criar condições para
que as culturas enfrentem seus problemas e garantam sua continuidade. Alguns problemas
relacionados a esta posição merecem análise cuidadosa: (1) Não há como justificar a
sobrevivência das culturas enquanto valor (conseqüência) de forma absoluta; (2) Mesmo
que haja concordância quanto a este valor, pode haver discordância sobre quais as formas
mais efetivas de produzi-lo; (3) Ao enfrentar discordâncias, seja em relação a seu valor
fundamental, seja em relação às formas de produzi-lo, o behaviorista radical deverá
posicionar-se politicamente perante grupos com poder especial de decisão, buscando
“convencê-los” da pertinência de suas propostas.
10
“A intervenção social do analista do comportamento e a ética
behaviorista radical: possibilidades e limites”
limites”
“Delineamentos culturais: breve contraponto entre dificuldades práticas
e alternativas de pesquisa e desenvolvimento”
Kester Carrara
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Bauru)
Dois aspectos fundamentais da atuação do analista do comportamento nas questões
sociais complexas constituirão objeto de discussão no contexto da mesa: (1) identificação,
caracterização e análise de fatores limitantes à concretização de delineamentos culturais,
incluindo a complexidade de decisões relacionadas a metas ético-morais, resistência à
adesão dos agentes políticos e agências de controle às propostas, implicações da
complexidade metodológica de estratégias de pesquisa face à natureza entrelaçada de
contingências, resistência historicamente estabelecida a intervenções via AC, dilemas de
planejamento em função da necessidade de articulação entre reforço imediato e reforço
atrasado; (2) identificação, caracterização e análise de possibilidades e encaminhamentos
em face de alguns obstáculos, incluindo critérios e estratégias para escolha de metas nos
delineamentos, ampliação, diversidade possível e seleção de estratégias de pesquisa e
desenvolvimento teórico, critérios de metas plausíveis para estabelecimento de parcerias,
consolidação acadêmica e delimitação de campo de atuação profissional para a análise
comportamental da cultura.
11
“Construção de empreendimentos solidários e contingências de
reforçamento: é possível a construção de uma Economia Solidária?
Solidária?”
idária?”
“Mapeamento e descrição de classes de comportamentos de indivíduos
e organizações no âmbito da Economia Solidária”
Ana Lucia Cortegoso
Universidade Federal do São Carlos (São Carlos)
Serão apresentados resultados obtidos a partir de esforço de diferentes pessoas e
coletividades para identificar e descrever, como relações que envolvem classes de
respostas e classes de estímulos ambientais, comportamentos de diferentes tipos de atores
sociais envolvidos com o campo da Economia Solidária. São produtos de trabalho de
coletividades, como a equipe da Incubadora Regional de Cooperativas Populares da
INCOOP, estudantes de graduação em Psicologia da UFSCar e de pesquisadores em temas
relacionados a este movimento social, como contribuição para produção de conhecimento
e tecnologia na busca de promoção de relações sociais geradoras de maior igualdade e
equilíbrio social do que o que se pode observar a partir de uma organização do trabalho
pautada por relações hierarquizadas e tendo lucro como produto de interesse central. Serão
apresentadas as principais características propostas para iniciativas da Economia Solidária,
e classes de comportamentos identificadas e descritas para a INCOOP (como exemplo de
incubadora universitária de empreendimentos solidários), agentes mediadores de processos
de incubação, empreendimentos solidários, participantes destes empreendimentos,
consumidores e mediadores de processos de incubação envolvendo populações com
transtorno mental.
12
“Construção de empreendimentos solidários e contingências de
reforçamento: é possível a construção de uma Economia Solidária?”
Solidária?”
“Intervir em processos psicológicos no âmbito de organizações: servem
ou não são suficientes os conceitos e procedimentos produzidos pelas
análises e sínteses experimentais do comportamento?”
Silvio Paulo Botomé
Universidade Federal do Santa Catarina (Florianópolis)
A intervenção sobre variáveis que constituem e determinam processos
comportamentais em contextos de organizações ou instituições exigem mais do que
aquelas realizadas sobre comportamentos de organismos individuais ou de grupos em
contextos clínicos, familiares ou educacionais. Em primeiro lugar porque envolvem e
dizem respeito não mais a apenas um conjunto de pessoas, mas a seus comportamentos
orientados por algo em comum: os objetivos de uma organização que, por sua vez, pode
ser identificado, formulado, aprendido e estar presente em graus variados na apresentação
de cada comportamento de cada componente de uma organização. Em segundo lugar,
porque as contingências sejam as de classes de estímulos antecedentes, sejam das classes
de respostas, sejam as que configuram as classes de estímulos conseqüentes são
constituídas ou determinadas por variáveis diferentes daquelas que usualmente fazem parte
das áreas de conhecimento mais próximas da Psicologia ou familiares aos psicólogos.
Também as variáveis relativas às contingências que poderiam funcionar como reforçadoras
dos comportamentos de interesse em várias instâncias de uma organização nem sempre são
familiares ou estão ao alcance do psicólogo. Isso em si exige um balanço e um
reordenamento conceitual constante e uma capacidade de entender a função dos conceitos
de Análise e de Síntese Experimentais do comportamento com muita clareza e precisão. A
pergunta-chave para um psicólogo que atua em um contexto organizacional – ou mesmo de
um sistema de organizações – é “o que muda, se é que muda, do que usualmente é feito em
outros contextos para lidar com os processos comportamentais de vários tipos que se
misturam e combinam de formas variadas em um contexto organizacional. As experiências
conhecidas já mostram uma alta eficácia dos conceitos da Análise e da Síntese
Experimentais do Comportamento nesses contextos e vale a pena avaliar com atenção as
variáveis manejadas pelos psicólogos que atuam nesses contextos e os aspectos
constituintes de seus procedimentos, assim como os resultados que obtém, sempre no
âmbito do que diz respeito aos processos comportamentais que interessam, constituem ou
determinam o que acontece nas organizações.
13
“A intervenção clínica da Análise do Comportamento e a
questão do comportamento verbal”
verbal”
“Determinação e função do comportamento verbal em situação clínica”
Hélio José Guilhardi
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento (Campinas)
Comportamento verbal é comportamento regido pelas mesmas leis que regulam
qualquer comportamento. A tarefa do terapeuta é determinar de que o comportamento
verbal do cliente é função. Diferentemente das concepções tradicionais do comportamento
verbal, o significado daquilo que é dito não deve ser buscado na topografia do
comportamento, mas nas contingências de reforçamento que o evocam. Acrescente-se que
entre tais contingências de reforçamento incluem-se os comportamentos do terapeuta, quer
como falante, quer como ouvinte. Como tal, o terapeuta pode contribuir para minimizar,
bem como para modelar e manter comportamentos-problema do cliente. Os
comportamentos verbais permitem ao terapeuta compor as contingências de reforçamento
que estão operando no cotidiano do cliente e, através da aplicação de várias técnicas,
influenciá-las na direção desejada. A fidedignidade do relato verbal do cliente pode ser
aferida pelo funcionamento das contingências de reforçamento sistematizadas com base
em tais relatos. A referência, que permite identificar o funcionamento das contingências de
reforçamento, pode ser encontrada na Ciência do Comportamento. As concepções expostas
serão ilustradas com exemplos de interações entre cliente e terapeuta.
14
“A intervenção clínica da Análise do Comportamento e a
questão do comportamento verbal”
verbal”
“Comportamento verbal e clínica analítico-comportamental:
incompatíveis?”
Roberto Alves Banaco
Pontifícia Universidade Católica (São Paulo); Núcleo Paradigma (São Paulo)
Alguns críticos da abordagem analítico-comportamental têm indicado
incongruências entre os princípios da análise do comportamento e a intervenção que temos
desenvolvido em gabinete. Tais críticas, além de desprezarem uma prática que tem se
firmado ao longo do tempo como uma das mais eficientes no manejo do comportamento
humano, desprezam também os esforços para que os estudos em pesquisa básica sobre o
comportamento verbal possam de alguma maneira indicar os caminhos de análise e
explicação para esses resultados. Extensos estudos sobre comportamento verbal na área de
correspondência, controle pela audiência, modelagem sobre relatos de eventos, bem como
os estudos sobre equivalência e quadros relacionais têm demonstrado que o controle
verbal, além de ser bastante proeminente sobre o responder de humanos é (segundo Glenn)
a “cola” que mantém as práticas culturais. Com bases em alguns desses estudos,
argumenta-se que a terapia de base verbal possa indicar e obter bons caminhos de mudança
de comportamento.
00
15
“A intervenção clínica da Análise do Comportamento e a
questão do comportamento verbal”
verbal”
“Comportamento verbal no ambiente da supervisão”
Sonia Beatriz Meyer
Universidade de São Paulo (São Paulo)
Quando o terapeuta identifica suas emoções e vulnerabilidades desencadeadas pelo
comportamento do cliente em sessão, ele pode entender como o comportamento deste afeta
os outros e como se desenvolveu este modo de interagir, além de poder influir sobre as
contingências às quais responde e promover um ambiente favorável. Quando o terapeuta
ignora, negligencia ou tem dificuldade em lidar com seus encobertos frente a algumas
reações de seu cliente, suas intervenções podem atuar negativamente na terapia. A
supervisão mostra-se importante na medida em que o supervisor (ou grupo de supervisão)
pode auxiliar o terapeuta a desenvolver repertório de auto-observação, discriminação e
nomeação de sentimentos; a identificar os controles ambientais dos sentimentos negativos
relatados; e ensinar repertórios que o ajudem a responder diferencialmente a estas
estimulações aversivas. Isso facilita o terapeuta estabelecer contato com as contingências
relevantes em sessão; evitar que o terapeuta se engaje em comportamentos de esquiva e
supressão de seus sentimentos para com o cliente, que poderiam comprometer suas
intervenções terapêuticas. Se o supervisor levar em consideração que as falas do
supervisionado e de seu cliente podem ter múltipla determinação e se ele estiver atento ao
controle sutil dos autoclíticos, às indicações de edições e à sua eventual ausência, ele pode
desenvolver um repertório discriminativo refinado para identificar as variáveis de controle
das produções verbais do seu supervisionado. Os conceitos da obra “Comportamento
Verbal” podem ser utilizados para auxiliar na avaliação funcional dos casos clínicos em
supervisão.
00
16
“A aplicação da Análise do Comportamento: o desenvolvimento de recursos e de
sistemas educacionais”
Sergio Vasconcelos de Luna
Pontifícia Universidade Católica (São Paulo)
Há inúmeros registros da baixa penetração da análise do comportamento na
educação. A despeito da atualidade de um livro como Tecnologia do ensino (originalmente
publicado em 1968), pouco parece ter sido feito quer na produção daquilo que Skinner
tanto propagou: a transformação dos conhecimentos e dos princípios gerados pela ciência
do comportamento em uma tecnologia capaz de dar conta dos grandes problemas
enfrentados pela educação. Entretanto, houve avanços e eles são pouco conhecidos no
Brasil ou, pelo menos, pouco divulgados entre nós. Além do enorme sucesso feito pela
programação de ensino no final da década de 1960 até final dos anos 1970 (e da sua
retomada no Brasil pela Drª Carolina Bori, particularmente na década de 1980) pouco se
conhece daquilo que é hoje aplicado em um grande número de escolas norte-americanas
(Direct Instruction, Precision Teaching, para citar dois exemplos). O curso terá como
objetivos: 1. retomar algumas das grandes propostas de Skinner para a educação; 2.
apresentar as bases da programação do ensino; 3. descrever e discutir desdobramentos que
a análise do comportamento tomou sob a forma de sistemas de ensino hoje aplicado nos
EUA.
00
17
“Discriminação condicional e tolerância aprendida a drogas”
drogas”
José Lino Oliveira Bueno
Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto)
A tolerância à droga, um decréscimo na responsitividade em função de
administrações repetidas, pode ser afetada por sinais associados à droga. Estudos de
condicionamento Pavloviano sustentam a hipótese de uma propriedade não farmacológica
de “occasion setting” da tolerância aprendida a drogas, examinada em procedimentos de
discriminação condicional complexa, utilizados em ratos. Sinais ambientais associados ao
uso da droga podem eliciar síndromes de abstinência, “craving” e recaída à autoadministração de drogas em humanos.
18
“A cultura sob a perspectiva do Behaviorismo
Behaviorismo Radical de B. F. Skinner”
Skinner”
Camila Muchon de Melo
Universidade Federal de São Carlos (São Carlos)
Ao assumir o comportamento como o objeto de estudo de sua ciência B. F. Skinner
estabeleceu o modelo de seleção pelas conseqüências como o modo causal que o relaciona
à ocorrência de outros eventos, assim, o comportamento humano é analisado como o
produto de interações entre contingências filogenéticas, ontogenéticas e culturais.
Investigar o conceito de cultura nessa teoria necessita, portanto, analisá-lo de acordo com
esses pressupostos. O modelo de seleção, proposto por Skinner explicitamente em 1981,
pretende descrever e explicar o comportamento humano e sua evolução. Além disso,
pretende descrever e explicar a evolução da cultura humana. De acordo com essa
explicação, as contingências culturais possibilitariam a emergência e a manutenção de
comportamentos que podem produzir conseqüências que têm um papel no fortalecimento
de uma cultura. Esses comportamentos podem participar como operantes constituintes de
uma prática cultural. De igual relevância, quando analisamos as questões culturais na obra
de Skinner, é a preocupação do autor com a sobrevivência da cultura. Nesse sentido, o
autor construiu uma Ciência do Comportamento humano e propôs, através da Tecnologia
do Comportamento, o desenvolvimento de práticas culturais que pudessem promover a
sobrevivência da cultura, ou melhor, da humanidade. Isso sugere que as culturas que não
proporcionarem práticas de sobrevivência tendem a se extinguir. Assim, uma importante
contribuição do autor parece ser a proposta de uma Tecnologia do Comportamento que
promova a sobrevivência das culturas. O curso tem com o objetivo abordar as principais
questões que envolvem a complexidade da análise da cultura de acordo com a obra de
Skinner. Assim, o curso abordará aspectos do comportamento social, a definição de cultura
de acordo com o modelo causal skinneriano, a questão da sobrevivência no terceiro nível e
alguns aspectos do planejamento cultural. Com isso, o curso pretende propiciar um
panorama geral de como essas questões são tratadas no Behaviorismo Radical de Skinner.
19
“As exigências, decorrências e responsabilidades sociais e técnicas do uso dos
conceitos de comportamento operante e de contingências de reforçamento na
atuação profissional do psicólogo em instituições”
instituições”
Silvio Paulo Botomé
Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis)
Desde o simplismo das concepções de respostas como reações a estímulos até as complexas interações
entre estímulos antecedentes constituintes de uma classe, respostas de uma classe e estímulos conseqüentes e
uma classe, o conceito de comportamento evoluiu desde uma reação observável do organismo ao meio até
um complexo sistema de interações. A tal sistema de interações ainda foi acrescentada mais um tipo relação
(de fato, vários tipos de relações) que recebeu o nome de contingência de reforçamento. Há, com essas
mudanças, algumas interações básicas que possibilitam entender e lidar com uma grande variedade de
comportamentos e outras tantas contingências de reforçamento básicas dessas interações. Isso trouxe
exigências específicas para análise e para síntese de comportamentos em instituições, assim como acarretou
exigências também específicas para o exame das contingências responsáveis pela ocorrência desses
comportamentos em conjuntos de condições denominados de organizações ou instituições. O que define uma
organização do ponto de vista comportamental é uma das decorrências que precisa ser considerada como
resultante indispensável da coerência conceitual com as descobertas sobre o conceito de comportamento de
de contingências de reforçamento nas últimas décadas. Tanto as exigências como as decorrências da
existência desses conceitos, quanto as de seu uso no âmbito de organizações ou instituições sociais,
acarretam responsabilidades técnicas (um reordemamento e uma atualização conceitual, refinando os
conceitos de acordo com as descobertas contemporâneas) e responsabilidades sociais (uma avaliação muito
cuidadosa e contínua das análises e sínteses realizadas), principalmente porque as concepções, conceitos e
procedimentos dos profissionais da Psicologia são parte do problema e não apenas parte da solução nos
processos de análise e de síntese comportamentais seja nos processos de caracterização dos problemas, seja
nos processos de intervenção sobre eles. Os próprios limites de compreensão do trabalho e do significado do
nome da área (implicações ou exigências que ele representa) e os âmbitos de atuação possível podem reduzir
o profissional a um despachante de uma profissão concebida apenas nos limites do conceito de mercado de
trabalho (demandas sociais e ofertas de emprego) ou a um agente empreendedor no âmbito de um campo de
atuação profissional delimitado pelas necessidades sociais e pelas possibilidades de atuação, mesmo que
ainda não estejam configuradas, exigindo processos de produção de conhecimento científico tanto sobre
umas quanto sobre outras. O que, em última instância, tem também muito a ver com a formação científica do
psicólogo no âmbito de seu curso de graduação. Comportamentos individuais, sistemas de interação entre
comportamentos e orientação coletiva desses comportamentos em complexos arranjos de condições e de
contingências de reforçamento são básicos para a compreensão de um sistema organizacional e, nele, se
evidenciam exigências e responsabilidades técnicas e sociais específicas para um analista de comportamento
que dificilmente aparecerão para outras concepções de fenômeno ou processo psicológico e do que seja o
objeto de trabalho de um psicólogo.
20
A INTRODUAÇÃO GRADUAL AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: UMA
FERRAMENTA NO MANEJO DA CRIANÇA NÃO COLABORADORA
Ludmila da Silva Tavares Costa; Rosana de Fátima Possobon
[email protected]
Departamento de Odontologia Social, Área de Psicologia Aplicada, Centro de Pesquisa e Atendimento
Odontológico para Pacientes Especiais, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade
Estadual de Campinas.
As crianças podem manifestar o medo do tratamento odontológico por meio de
comportamentos de não colaboração. Estes comportamentos podem ser considerados
respostas típicas de estresse, ou seja, conseqüências comportamentais da exposição a
estímulos aversivos. Isso sugere a necessidade da realização de intervenções psicológicas a
fim de diminuir o nível de estresse da criança exposta à situação odontológica. O objetivo
deste estudo foi investigar a eficiência da estratégia psicológica de introdução gradual ao
tratamento, com sessões planejadas para a adaptação da criança à situação, visando a
diminuição do nível de estresse, verificado pela variação do nível de cortisol salivar e pelo
aumento do grau de colaboração do paciente durante o tratamento preventivo. A amostra
foi composta por 10 crianças (40-52 meses) participantes dos programas oferecidos pelo
Cepae-FOP-Unicamp que manifestavam comportamentos de não colaboração durante os
procedimentos odontológicos preventivos. As sessões experimentais foram planejadas com
passos de aproximação sucessiva ao objetivo final, que era a realização de todos os
procedimentos preventivos com colaboração da criança. Os resultados mostraram
diferença significativa entre a média de comportamentos de não colaboração emitidos
pelas crianças nas sessões inicial (44,6 ± 16,72) e final (5,40 ± 3,92) e diminuição da
média da concentração de cortisol salivar entre a consulta inicial (0,65 ± 0,25 µg/dL) e
final (0,24 ± 0,10 µg/dL). Após as sessões de introdução gradual ao tratamento, houve
diminuição significativa dos comportamentos não colaboradores tais como movimentos de
corpo e recusa em sentar na cadeira ou abrir a boca, evidenciando a eficiência da
estratégia. Conclui-se que a atuação de um profissional de Odontologia, preparado para
lidar com questões comportamentais, pode contribuir para diminuir o grau de aversividade
relacionada à situação de tratamento, melhorando o comportamento da criança durante a
realização dos procedimentos clínicos e evitando a sua exposição à situações estressantes.
21
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: EXPERIÊNCIAS COM UM CASO DE
AUTISMO
Aline Terumi Bomura Maciel; Larissa de Menezes Modesto; Vânia Lúcia Pestana Sant’Ana
[email protected]
Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá
Acompanhamento Terapêutico é uma forma de atuação clínica realizada em
diferentes situações e contextos, visando principalmente o aumento do repertório
comportamental do cliente. Nesta concepção, no ano letivo de 2008 foi atendido em uma
universidade pública do estado do Paraná uma criança de 5 anos diagnosticada com
autismo, por um grupo de alunos do 3º ao 5º ano do curso de Psicologia. Tendo em vista a
necessidade de generalização, treinamento de novos comportamentos e extinção de
comportamentos previamente observados e descritos pela linha de base, optou-se por um
trabalho com acompanhantes terapêuticos em situações extra-consultório, buscando
diminuir a presença de comportamentos inadequados socialmente, melhorando a interação
do cliente com seus familiares e pessoas desconhecidas. Foram realizadas observações na
casa do cliente, em situações cotidianas (ida ao supermercado, shopping, parque) e no
próprio consultório. A partir desses dados, determinou-se os comportamentos a serem
extintos (gritar, chorar, espernear, se jogar no chão, agredir os outros, auto-lesão), os
comportamentos a serem mantidos (desviar de outras crianças para não esbarrar nelas,
andar de mãos dadas, lavar as mãos, sorrir, pedir o que quer com gestos) e os
comportamentos a serem instalados (permanecer de mãos dadas, aguardar na fila do caixa,
atender chamados, manter contato visual, pentear-se, vestir-se, verbalizar). Além disso foi
feita uma verificação de reforçadores, determinando tipos de alimentos favoritos, bem
como demonstrações de afeto (abraçar e acariciar a cabeça). Os atendimentos eram
gravados para que os vídeos fossem analisados, e os alunos recebiam supervisão
semanalmente. Com os atendimentos percebemos uma diminuição na freqüência dos
comportamentos de birra, agressão e auto-lesão, a manutenção dos comportamentos
adequados, e a instalação de comportamentos como atender chamados e manter contato
visual. Esses comportamentos foram generalizados para outras situações, demonstrando
que o acompanhamento terapêutico foi fundamental para o sucesso do atendimento.
22
APRENDIZAGEM DE VOCABULÁRIO POR EXCLUSÃO COM CRIANÇAS
COM TRANSTORNO FONOLÓGICO E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Aline Roberta Aceituno da Costa; Bruno Diehl dos Santos; Caroline M. Benedito; Gabriela G. Bagnato;
Mariana S. Floria; Nayára P. Oliveira; Paula P. Marola; Priscila Ambrózio; Thaís R. de Carvalho;
Deisy das Graças de Souza
[email protected]
Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos
O responder por exclusão tem sido amplamente replicado com relações nome-objeto.
Esse estudo, conduzido com quatro crianças com transtornos fonológicos e dificuldades de
aprendizagem, teve por objetivos verificar quantas exposições a tentativas de exclusão são
necessárias para que ocorra aprendizagem da relação nome-objeto, verificar a possibilidade
de extensão do responder por exclusão para pessoas com dificuldades articulatórias e
investigar a ocorrência de melhora na articulação de fonemas a partir de ensino por
exclusão. O procedimento constava de duas partes: treino de linha de base (eram ensinadas
três relações auditivo-visuais) e testes. Um primeiro bloco de tentativas de teste
apresentava duas tentativas de exclusão e, logo no bloco seguinte, as tentativas de sonda
investigavam a aprendizagem da relação entre os estímulos auditivos e visuais
apresentados na tentativa de exclusão do bloco anterior. Eram utilizadas palavras que
continham a dificuldade articulatória de cada participante. Todos os participantes
responderam por exclusão e aprenderam a relação entre estímulo auditivo e visual após
alguns blocos de tentativas de exclusão: um após quatro tentativas de treino, um após cinco
tentativas e dois após seis tentativas. Um dos participantes apresentou melhora
articulatória. Esses resultados confirmam achados da literatura quanto ao responder por
exclusão e apontam que são necessárias poucas exposições a tentativas de exclusão até que
haja aprendizagem da relação nome-referente.
23
AVALIAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE TESTE DE HABILIDADES PRÉARITMÉTICAS
Priscila Mara de Araujo; João dos Santos Carmo; Pedro Eugênio Pereira Aloi
[email protected]
Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos
Os estudos em Análise do Comportamento demonstram bons resultados em
pesquisas que utilizam o Paradigma de Equivalência para a avaliação e ensino de
habilidades de leitura e escrita. Na área da Matemática, tão importante quanto a
aprendizagem da língua portuguesa para o desenvolvimento integral da criança, alguns
estudos têm também exibido bons resultados em pesquisas que analisam o que comumente
se chama de “formação do conceito de número”. O presente trabalho tem como objetivo
avaliar, utilizando o Paradigma de Equivalência, um procedimento de teste de habilidades
pré-aritméticas, que envolvem comportamentos de identificar e sequenciar numerais,
identificar números iguais, maiores e menores, contar elementos de conjuntos e comparar
conjuntos, identificar tamanhos diferentes (relação maior e menor). Os participantes são
crianças que frequentam os três primeiros anos das séries iniciais do Ensino Fundamental,
estudantes de escolas públicas. Os estímulos são cartões com numerais impressos e figuras
familiares impressas (cachorros, canetas, carros, gatos, bolas e casas). O procedimento
envolve a apresentação de um estímulo como modelo e três estímulos como comparações,
em blocos de nove a 12 tentativas. As tentativas corretas ou incorretas não são
consequenciadas, uma vez que o objetivo do trabalho é desenvolver uma rotina de testes.
As crianças participam individualmente das sessões que duram cerca de 30 minutos cada.
O experimentador senta-se ao lado da criança para arranjar as tentativas sobre a mesa e
anota suas respostas num protocolo. Os dados são posteriormente analisados,
individualmente para cada participante, a fim de avaliar seu desempenho, e
comparativamente a fim de analisar a suficiência do procedimento para a avaliação das
habilidades pré-aritméticas. Os resultados parciais demonstram que o procedimento tem
sido eficaz para o mapeamento do repertório inicial do aluno e base para o planejamento de
ensino de novas habilidades matemáticas.
24
BEHAVIORISMO RADICAL E A SOCIEDADE: METACONTINGÊNCIA E
CULTURA ORGANIZACIONAL
Lucas Roberto Paulino Pedrão; Paula Daniele Ferraresi
[email protected]
Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento,
Universidade Estadual de Londrina
O presente trabalho teórico tratou o tema Behaviorismo Radical e sociedade, sob a
problemática da relação entre metacontingências e cultura organizacional. Defendeu que o
estudo de metacontingências permite ao analista do comportamento desenvolver
tecnologias para a mudança de padrões comportamentais nas organizações e na sociedade.
Cultura pode ser definida como o conjunto das variáveis, arranjadas por outras pessoas,
que contribuem ao controle das interações de um indivíduo. As contingências culturais
selecionam práticas que são responsáveis pela manutenção de uma cultura. Para facilitar o
estudo dessas contingências foi criado o conceito de metacontingência, que descreve
relações funcionais entre contingências específicas, que geram um produto cultural comum
aos indivíduos envolvidos. Na programação de metacontingências, os conceitos de
contingências tecnológicas e cerimoniais são de fundamental importância. Enquanto na
primeira as práticas geralmente envolvem um produto que beneficia grande parte dos
envolvidos, na segunda o produto beneficia apenas um ou alguns dos envolvidos. O arranjo
dessas contingências em uma organização informa sua cultura organizacional e repercute
em sua manutenção, desenvolvimento ou falência. A organização é estruturada em
sistemas, cada qual gerando um produto que contribui para o produto agregado final.
Nesses sistemas as relações entre os comportamentos, funcionalmente interligadas, são
chamadas de contingências culturais entrelaçadas, e são as unidades básicas de análise da
complexidade cultural. Essa complexidade envolve três conjuntos de variáveis que
controlam o desempenho da organização: 1) ambientais (exteriores à organização); 2) de
componentes (quantidade de funcionários); e 3) hierárquica (quantidade de sistemas).
Assim, esse trabalho teórico objetivou expor os conceitos fundamentais para a atuação do
analista do comportamento em contextos organizacionais. Discutiu-se que o estudo de
metacontingências pode ser uma ferramenta do analista do comportamento para a atuação
nas diversas organizações, como governamentais, sindicais, empresariais, entre outras.
25
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS EM ESTUDANTES DE 5ª. A 8ª. SÉRIE E A
INFLUÊNCIA CULTURAL
Ana Carina Stelko-Pereira; Érik Luca de Mello; Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
[email protected]
Universidade Federal de São Carlos
Os comportamentos agressivos de alunos devem ser entendidos de acordo com os
três níveis de seleção do comportamento, porém a maioria dos estudos visam contingências
individuais. Este estudo teve como objetivos investigar se há um perfil quanto aos
comportamentos agressivos de alunos em escolas de Curitiba e hipotetizar influências
culturais para tanto. Participaram da pesquisa 668 estudantes de 5ª a 8ª séries de três
escolas estaduais, com diferentes características quanto a status sócio-econômico e taxa de
homicídio do bairro estas se localizavam. Tais estudantes responderam ao Questionário de
Investigação de Prevalência de Violência na Escola (QIPVE), de autoria de Stelko-Pereira
e Williams. Verificou-se padrões quanto às categorias mais freqüentes de respostas
violentas, às condições antecedentes a tais respostas e conseqüentes a estas. Segundo os
alunos vítimas, nas três escolas, a forma de vitimização da qual mais sofreram foi, em
ordem decrescente: receber xingamentos, ser alvo de fofocas e receber ameaças. Ter o
material destruído propositalmente foi a forma de vitimização que menos ocorreu, seguido
por ser agredido fisicamente. Quanto às conseqüências de ter agido agressivamente, nas
três escolas, os alunos disseram que “nada aconteceu” por parte dos funcionários. Pela
análise do comportamento, o grupo do qual o indivíduo faz parte estabelece “bons” e
“maus” comportamentos, modelando o comportamento ético. E, conforme o indivíduo
segue um padrão de conduta de uma cultura, vem a apoiar tal padrão, ao classificar o
comportamento de outros igualmente. Portanto, os padrões encontrados, possivelmente,
são fruto de contingências dispostas por uma cultura, na qual agressão física acarreta em
maiores punições do que agressão psicológica, as brincadeiras são comumente associadas
com competição e agressão e não há contingências para que funcionários das escolas
consequenciem adequadamente os comportamentos dos estudantes. Tais contingências
devem ser melhor investigadas em estudos futuros.
26
EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS E ENSINO DE DISCRIMINAÇÃO DE
ACORDES TOCADOS NO VIOLÃO
Luis Fernando Toniollo Reis; Júlio César Coelho de Rose
[email protected]
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de São Carlos
A equivalência de estímulos é um modelo comportamental da função simbólica que
trata a relação entre símbolo e referente como uma relação de equivalência. O presente
estudo procurou aplicar este modelo à leitura musical, especificamente à relação entre
acordes tocados no violão, respectivas cifras e palavras que descrevem os acordes como
“maior”, “menor” e com “sétima”. Os participantes foram oito adultos sem treino musical
prévio. Diante de acordes “maiores”, “menores” e “com sétima”, os participantes foram
ensinados a discriminá-los, relacionando-os com as cifras correspondentes e com as
palavras “maior”, “menor” e “sétima”. Esse treino foi dividido em três etapas, e em cada
uma os acordes treinados tiveram uma nota fundamental diferente. No final de cada etapa
foi testado se os participantes fizeram as relações entre as cifras e as palavras, e se eles
conseguiam discriminar as propriedades “maior”, “menor” e “sétima” em acordes não
treinados. A pesquisa está concluída, e os resultados foram positivos em sua maior parte,
com os participantes formando relações de equivalência e acertando mais nos testes de
generalização conforme avançavam no treino. Os resultados, assim como as dificuldades
encontradas, serão discutidos, bem como suas possíveis implicações para pesquisas
futuras.
27
ESCOLHA E PREFERÊNCIA POR ALIMENTOS COM E SEM VALORES
CALÓRICOS EM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL E SOBREPESO
Marina Zanoni Macedo1; Ana Luiza Rocha Faria Duque3, Giovana Escobal2, Celso Goyos1,2
[email protected]
1
Programa de Pós-graduação em Psicologia; 2Programa de Pós-graduação em Educação Especial,
Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos; 3Departamento de Nutrição, Centro
Universitário Central Paulista
Obesidade e sobrepeso são vistos como uma das principais questões de saúde da
atualidade. Muito se conhece a respeito dos tipos de alimento que contribuem para isso,
porém, poucos resultados têm sido observados no controle da impulsividade envolvida no
comportamento de se alimentar. Este estudo investigou escolhas e preferências por
alimentos com e sem valores calóricos de quatro crianças entre seis e oito anos de idade,
com sobrepeso e deficiência mental. As crianças foram expostas a esquemas de
reforçamento concorrentes com encadeamento com valores de intervalo variável de 10s
(VI-10) não coincidentes em dois botões seguidos por FR-1. Os esquemas foram
controlados por um programa de computador. Respostas de escolha no Botão 1 foram
seguidas por uma goma não calórica no respectivo elo terminal e, respostas no Botão 2
foram seguidas de uma goma calórica no respectivo elo terminal. As gomas eram idênticas
com relação às características organolépticas, e diferiam apenas quanto às calorias contidas
nelas. A sessão era constituída de 12 apresentações dos esquemas. Os dados de interesse
foram as respostas nos elos iniciais dos esquemas concorrentes com encadeamento. Os
resultados mostraram distribuição semelhante de respostas nos elos iniciais, caracterizando
não preferência. O estudo, de natureza exploratória, mostrou que o valor calórico não
necessariamente controla o comportamento alimentar e permite introduzir, nos estudos
futuros, outras variáveis, isoladamente, para identificar determinantes da escolha alimentar
como, por exemplo, sabor, volume, odor, etc.
28
INFORMATIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE PSICOLOGIA
Oliver Zancul Prado1,2; Sérgio Henrique Moraes Durand1; Fernanda Pallone1; Juliana Donadone2
[email protected]
1
Instituto de Psicologia Comportamental de São Carlos; 2Universidade Paulista – UNIP
O projeto GestorPsi é apresentado e tem os objetivos de desenvolver um sistema
informatizado baseado em software livre que possibilite aos estabelecimentos de
psicologia ter maior controle sobre serviços prestados, utilizar os registros para realização
de pesquisas científicas e avaliar os benefícios obtidos com os serviços prestados a
população. Busca-se atender no projeto os principais requisitos normativos relativos à ética
e segurança das informações, a saber: resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP)
e o Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde, elaborado pela
Sociedade brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Atualmente o projeto encontra-se
em fase final de desenvolvimento e o presente trabalho apresenta um panorama geral do
projeto: sua idealização, início das coletas de dados, processamento dos dados, obtenção de
financiamento junto à FAPESP, desenvolvimento inicial do sistema, testes realizados e
implementações em estabelecimentos de psicologia. Também são descritas as principais
dificuldades enfrentadas pela equipe relacionadas à tecnologia, financiamento e a recursos
humanos. Por fim serão apresentados as funcionalidades que ainda serão desenvolvidas
como os módulos de atendimento via Internet e o módulo de relatórios, que será utilizado
principalmente para avaliação dos serviços prestados e para realização de pesquisas. Os
resultados demostram que o projeto tem se beneficiado com a economia de milhares de
reais em licenças de softwares, ampla documentação disponibilizada livremente na Internet
e a possibilidade de participação nas diversas comunidades ativas no desenvolvimento das
tecnologias adotadas no projeto. Também são apresentados resultados do desenvolvimento
em termos das características dos módulos do sistema, do seu funcionamento e de como as
informações estão relacionadas, o que permite ao mesmo gerenciar serviços de psicologia
de diversas áreas e locais distintos como por exemplo desde um consultório com apenas
um profissional até uma clínica-escola multiprofissional completa.
29
MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA COMO ESTRATÉGIA INICIAL PARA
OTIMIZAR O TEMPO DE EXECUÇÃO DE ATIVIDADES DE PORTUGUÊS EM
SALA DE AULA
Keika Inouye1; Elisete Silva Pedrazzani1; Maria Amélia Almeida2; Cristina Yoshie Toyoda3;
Enicéia Gonçalves Mendes2
[email protected]
1
Departamento de Educação Especial, 2Departamento de Psicologia, 3Departamento de Terapia
Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos
Existem pesquisas apontam que o estudante intrinsecamente motivado envolve-se em
suas tarefas pelo gosto de aprimorar conhecimentos e habilidades. Contrariamente, o aluno
extrinsecamente motivado, realiza uma atividade escolar por algum interesse além da
aquisição do saber, que geralmente se delata pelo anseio de notas boas, prêmios e elogios,
ou ainda, para apenas evitar punições. Estudos demonstram que o comportamento
extrinsecamente motivado pode não ser sempre negativo. O objetivo deste estudo foi
investigar o impacto de uma fonte de motivação extrínseca no desempenho dos alunos
medido por meio do tempo empregado para a realização de uma atividade acadêmica.
Participaram desta pesquisa alunos (n=16) com idade média de seis anos, matriculados em
uma classe de primeira série de uma escola municipal de educação básica. Foi solicitado a
todos os participantes que fizessem duas atividades de português diferentes, com graus de
dificuldade equivalentes cujo conteúdo já havia sido abordado anteriormente pela
professora. Foi explicado a todos os sujeitos que, ao término da primeira atividade (A1),
eles ganhariam o direito de pintá-la – uma prática cotidiana normal que significava que na
verdade eles não estavam ganhando nada; entretanto, ao término da segunda atividade
(A2), cada aluno teria o direito de escolher dois brindes. A1 e A2 somente foram aceitas
como concluídas se estivessem de acordo com o enunciado do exercício. Todos os brindes
eram diferentes e, portanto, quanto antes a atividade fosse concluída, maior seria a
diversidade de escolha do prêmio. Os resultados evidenciaram que o tempo dispensado
para fazer a A1 foi significativamente maior (µ = 42,94 minutos, dp = 11,77) quando
comparado com a A2 (µ = 37,13 minutos, dp = 10,26), t (15) = 9,685, p<0,001. Isso nos
permite supor que a possibilidade de escolha do prêmio ou o próprio prêmio incitaram os
alunos a realizarem A2 com maior rapidez. Desta forma, este estudo corrobora o papel
promissor do trabalho fundamentado na motivação extrínseca como estratégia inicial para
despertar interesse, curiosidade e estímulo para o aluno buscar novidades e desafios.
30
O CONFLITO ÉTICO E SUA POSSÍVEL SOLUÇÃO NO BEHAVIORISMO
RADICAL SKINNERIANO
Marina Souto Lopes Bezerra de Castro
[email protected]
Departamento de Filosofia, Universidade Federal de São Carlos
O objetivo deste trabalho é apresentar como o behaviorismo radical de B. F. Skinner
provê ferramentas conceituais para a análise de certos fenômenos que tradicionalmente são
considerados como pertencentes ao campo da Ética. O método utilizado foi o
epistemológico-hermenêutico e o resultado foi uma análise teórica detalhada de alguns
conceitos e argumentos presentes nos textos do autor publicados entre os anos de 1953 e
1989. Apresentaremos os fundamentos da filosofia da ciência do comportamento e como
ela pode interpretar esse tipo de fenômeno. Segundo B. F. Skinner, a filosofia de ciência do
comportamento é o behaviorismo radical. De acordo com ele, estabelecemos o nosso
objeto de estudo como sendo o próprio comportamento e o modo como esse objeto deve
ser abordado e explicado. O modelo explicativo que a teoria skinneriana elaborou para o
comportamento se fundamenta no modelo de seleção por conseqüências. Ao derivar o bem
da cultura de seu modelo explicativo, Skinner fundamenta sua Ética. O autor estabelece
que a sobrevivência da cultura deve ser o valor que norteia alguém que esteja na posição
de planejar práticas culturais. Nesse sentido, o bem da cultura pode ser incompatível com
alguns bens pessoais. Tal fato pode levar ao conflito entre suscetibilidades filogenéticas herdadas do processo de evolução da espécie - e necessidades culturais. A solução ética
para esse conflito dada por Skinner parece ser a escolha pelo bem da cultura. Segundo o
autor, uma cultura bem planejada garante a sua própria sobrevivência e, ao mesmo tempo,
garante o bem-estar dos indivíduos que a compõem.
31
O EFEITO DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA A ESTRESSORES MODERADOS
SOBRE O CONSUMO DE ETANOL EM RATOS
Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida;
Emileane Costa Assis de Oliveira
[email protected]
Curso de Psicologia, Centro Universitário de Votuporanga
Modelos animais tentam mimetizar psicopatologias como a depressão e a ansiedade
permitindo, posteriormente, a análise das contingências envolvidas. O Chronic Mild Stress
(CMS), proposto por Willner em 1987 é utilizado em pesquisas como forma de reproduzir,
em ambiente experimental, alguns sintomas da depressão. Consiste na exposição crônica
dos sujeitos a um protocolo de fatores estressores moderados, o “estresse do dia a dia”,
produzindo a anedonia (perda do prazer). A partir do modelo do CMS, o presente trabalho
teve como objetivo investigar os efeitos da exposição crônica a estressores moderados
sobre o consumo do etanol em ratos. Para tanto, foram utilizados 11 ratos machos, Wistar,
experimentalmente ingênuos e com aproximadamente 5 meses no início da pesquisa. O
experimento foi dividido em 3 etapas: 1º. teste de preferência (linha de base); exposição ao
protocolo de estressores e 2º. teste de preferência (pós-teste). Os testes consistiam em
privar os sujeitos de água por um período de 48 h, após o qual eram disponibilizados dois
bebedouros simultâneos, um contendo água pura e o outro uma solução de 10% de etanol.
Foram realizados 4 testes antes e depois da exposição ao protocolo de estressores. Os
sujeitos foram expostos semanalmente a 13 estressores apresentados de modo alternado:
inclinação de 30º da gaiola; gaiola com serragem suja e molhada; objeto estranho dentro da
gaiola; agrupamento de 2 sujeitos; luz estroboscópica; luz contínua; privação de água e
ração; barulho intermitente; apresentação de garrafa vazia após a privação de água;
diminuição da temperatura (15ºC); ração restrita após a privação e odor estranho na caixa.
A apresentação do protocolo durou 6 semanas ininterruptas, caracterizando exposição
crônica aos estímulos estressores. Na linha de base o consumo de água e etanol foi de 22,5
e 2,5 g e no pós-teste 29,9 e 2,7 g, respectivamente. Os dados obtidos apontam pouca
alteração no consumo do álcool em sujeitos com história de exposição crônica a estressores
moderados. A alta concentração de etanol da solução pode ter contribuído para que esta
fosse evitada pelos sujeitos, devido ao odor acentuado da substância.
32
O TOC NAS ABORDAGENS PSICANALÍTICA, COMPOTAMENTALISTA
RADICAL E DAS NEUROCIÊNCIAS
Caio Graco Simões Lopes; João Angelo Fantini
[email protected].
Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos
Neste trabalho realizou-se uma pesquisa bibliográfica e um estudo puramente
teórico, metodologicamente baseado em leitura e reflexão, visando cotejar os sistemas
teóricos representados pela psicanálise clássica de Sigmund Freud, pelo
comportamentalismo radical de Burrhus F. Skinner e pelas neurociências, com destaque
para a psicofarmacologia. Objetivou-se refletir sobre a possível compatibilidade entre eles
e buscar uma abordagem e uma linguagem que pudesse facilitar a compreensão destes
sistemas. Foi feito, complementarmente, um ensaio da aplicação das conclusões à
compreensão do transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Na comparação entre psicanálise
e comportamentalismo radical privilegiou-se o diálogo com a crítica de Skinner à
psicanálise, uma vez que Freud não comenta a obra de Skinner, devido à cronologia de
suas obras. Como resultado concluiu-se que a psicanálise e o comportamentalismo radical
são compatíveis e complementares num grau maior do que indica a crítica skinneriana.
Outro resultado foi que a argumentação desenvolvida neste sentido, ao questionar o núcleo
da divergência teórica abordada por Skinner, favorece pensar-se como o conhecimento da
psicanálise pode acrescentar novos elementos à teorização e à pesquisa no âmbito do
comportamentalismo radical e vice-versa e como desenvolvimentos neste sentido podem
melhorar a prática clínica. Os resultados da comparação entre psicanálise,
comportamentalismo radical e neurociências indicaram que Freud e Skinner, igualmente,
consideravam que não cabia utilizar-se de conceitos fisiológicos em suas teorias e que hoje
existem estudos neurológicos que tentam demonstrar a existência de estruturas do aparelho
nervoso envolvidas nas dinâmicas funcionais do comportamento que propuseram. Também
se pôde observar diferentes posturas de teóricos atuais de cada linha quanto à utilização de
psicofármacos, sendo os psicanalistas os que apresentam maiores restrições ao seu uso. O
resultado do trabalho demonstrou que este enfoque multidisciplinar evoca questões
interessantes que, provavelmente, não surgiriam em um outro contexto.
33
OS EFEITOS DE DIFERENTES CONSEQUÊNCIAS SOBRE O
COMPORTAMENTO DE SEGUIR REGRAS
Andréa Fonseca Farias; Carla Cristina Paiva Paracampo
[email protected]
Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará
Estudos têm mostrado que a manutenção ou abandono do comportamento de seguir
regras depende, em parte, do tipo de consequência que este comportamento produz. Será
apresentada uma breve descrição dos delineamentos utilizados e dos principais resultados
obtidos em um programa de pesquisa que tem investigado os efeitos de diferentes
consequências sobre a manutenção do comportamento de seguir regras de crianças, as
quais têm sido expostas a um delineamento que, de modo geral, consiste em apresentar aos
participantes regras correspondentes as contingências e observar se o comportamento de
seguir regras se mantém após mudanças nas contingências de reforço programadas, quando
diferentes consequências contingentes a manutenção, ou não, do comportamento de seguir
regras são manipuladas. Os resultados destas pesquisas têm mostrado que o seguir regra
tende a ser mantido quando este comportamento produz consequências como fichas,
bombons ou a verbalização “Certo”. Contudo, quando as regras tornam-se discrepantes,
pela mudança nas contingências de reforço programadas, o seguir regras sob algumas
condições tende a ser mantido e, sob outras, tende a deixar de ocorrer. O seguir regra tende
a ser mantido quando este comportamento apenas deixa de produzir reforçadores (fichas,
bombons ou a palavra “Certo”) e tende a deixar de ocorrer quando produz perda de
reforçadores (fichas ou bombons), um estímulo sonoro ou a verbalização “Errado”. Outros
resultados têm mostrado que quando após a mudança nas contingências são apresentadas
consequências concorrentes, sociais e não sociais, contingentes a manutenção do seguir
regras, o controle pelas conseqüências sociais tende a prevalecer. A análise dos efeitos de
consequências reforçadoras e aversivas, sociais e não sociais sobre o comportamento
governado por regras pode ser útil para profissionais que lidam diariamente com questões
relativas à aprendizagem e que necessitam manejar contingências de modo mais eficiente
em situações aplicadas.
34
OS EFEITOS DE REGRAS DESCRITIVAS PRESENTES EM HISTÓRIAS
INFANTIS SOBRE O COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS
Andréa Fonseca Farias; Cintia Caroline Prado Craveiro; Carla Cristina Paiva Paracampo;
Wandria de Andrade Mescouto.
[email protected]
Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento,Universidade Federal do Pará
A Histórias infantis têm sido utilizadas como recurso lúdico-didático na instalação de
comportamentos socialmente aceitos. Nestas histórias, estes comportamentos podem ser
aprendidos através de regras descritivas (regras que descrevem generalidades). Serão
apresentados dois estudos que investigaram os efeitos das regras descritivas presentes nas
histórias infantis sobre o comportamento de crianças. O Estudo 1 verificou se
o comportamento de doar se instalaria ou se alteraria após: a) ser lida uma história, que
continha uma regra descritiva sobre o comportamento de doar bombons, ou b) serem lidas
três histórias que continham regras descritivas sobre o comportamento de doar bombons,
doar brinquedos ou doar roupas e sapatos. O estudo 1 era composto, basicamente por três
fases. Na Fase 1, linha de base, os participantes eram expostos a um jogo
denominado “Parte-Reparte”, onde a tarefa era doar ou não doar bombons. Na Fase 2,
era lida uma, ou mais histórias infantis, que continham regras descritivas sobre o
comportamento de doar. Na Fase 3, o jogo “Parte-Reparte” era reapresentado. O
Estudo 2, avaliou o efeito da apresentação continuada de histórias infantis sobre a
instalação e/ou aumento da frequência de comportamentos de estudar. Inicialmente, foram
feitas entrevistas com professoras para coletar relatos sobre o desempenho dos
participantes (alunos) em atividades escolares. Em seguida, foram realizadas sessões de
registro cursivo dos comportamentos das crianças em sala de aula. Depois de categorizados
os comportamentos selecionados (copiar, fazer o exercício, entregar o exercício feito para
a professora), foram realizadas sessões de registro de ocorrência da emissão dos mesmos
(linha de base). Posteriormente, os participantes foram expostos a 13 Fases. Em todas as
fases, uma história contendo regras descritivas sobre o comportamento de estudar era
apresentada aos alunos e, logo após, registrava-se a ocorrência dos comportamentos
selecionados. Os resultados dos dois trabalhos sugerem que a apresentação continuada de
regras descritivas foi eficiente na instalação e/ou aumento da frequência dos
comportamentos de doar e dos comportamentos de estudar de crianças.
35
BREVE ESTUDO DA CRIATIVIDADE NA PERSPECTIVA
COMPORTAMENTAL
Marcelo Henrique Oliveira Henklain; Íria Stein Siena; Sílvia Cristina Murari
[email protected]
Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Universidade Estadual de Londrina
A criatividade não é um tema novo para a ciência. Em função de sua complexidade,
já foi investigada sob diferentes perspectivas teóricas e metodológicas. Nos últimos 20
anos novas contribuições teóricas surgiram e percebe-se que, paulatinamente, o foco deixa
de ser exclusivamente o delineamento da personalidade do indivíduo criativo e passa a ser
a investigação das variáveis do contexto sócio-histórico-cultural envolvidas no
comportamento criativo. Ainda assim, a proposta da Análise do Comportamento (AC)
parece ser desconsiderada, o que, provavelmente, indica que, mesmo por parte dos
pesquisadores que estudam criatividade, ela é pouco conhecida e mal compreendida. Nesse
sentido, o presente trabalho teve por objetivo apresentar uma análise introdutória de alguns
artigos que relacionam AC e criatividade. Esse estudo indicou que em AC, a definição de
criatividade é relativa a parâmetros sócio-histórico-culturais, o comportamento criativo é
entendido como produto de contingências de reforçamento e pode ser compreendido com
base em dois modelos: (1) Variabilidade Aprendida e (2) Recombinação de Repertórios. O
primeiro modelo enfatiza que todo o comportamento sofre variações constantes nas suas
diversas dimensões, de modo que sempre existe algum tipo de variação comportamental
ocorrendo, sendo o comportamento criativo aquela variação selecionada por seus efeitos
reforçadores. O segundo modelo supõe uma situação de conflito, em que o
comportamento-solução ou não foi aprendido ou simplesmente o contexto não o produz.
Nessa circunstância, pode ocorrer recombinação de repertórios previamente aprendidos,
que acontece, por exemplo, quando a combinação de múltiplos estímulos de controle cria
condições para a emergência de um comportamento-solução original. Diante dos artigos
analisados, verificou-se que a AC está afinada com as tendências mais recentes de pesquisa
sobre criatividade e que, portanto, faz-se necessária ampla divulgação da sua produção na
área.
36
CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AO ESTUDO DA
VIOLÊNCIA: PUBLICAÇÕES NO JABA E JEAB
Priscila Benitez; Ana Carina Stelko-Pereira
[email protected]
Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos
A violência é um dos maiores problemas brasileiros, provocando prejuízos
financeiros e humanos, é foco de preocupação de várias agências controladoras: governo e
lei, religião e educação. O Behaviorismo Radical busca basear práticas que intervenham
em comportamentos individuais que produzam sofrimento ao indivíduo, e/ou a outros
membros do grupo do qual ele faz parte, de modo a garantir a sobrevivência da cultura.
Diante do impacto negativo da violência, cabe-se perguntar: quais contribuições os
pesquisadores da análise do comportamento têm feito na compreensão do fenômeno da
violência? Para responder esta questão, esta pesquisa objetivou realizar uma análise
bibliográfica de estudos concernentes ao tema da violência publicados no Journal of
Applied Behavior Analysis e Journal of The Experimental Analysis, os quais foram
selecionados pelo sistema de palavras-chaves (“aggression” e “violence”) entre os anos de
1958 a 2009. Encontrou-se 118 pesquisas, as quais tiveram seus resumos lidos e
classificados conforme o objetivo do estudo, delineamento e participantes. Verificou-se
que 31% das investigações (n=37) estudaram conceitos básicos da análise do
comportamento, tais como efeitos de esquemas de reforçamento e punição, com pesquisas
experimentais de delineamento com sujeito único, envolvendo poucos participantes com
atrasos no desenvolvimento, os comportamentos-alvo eram auto-agressão e agressão a
outros. Já 35% (n=41) dos estudos foram realizados com infra-humanos que, também,
utilizavam delineamento de sujeito único e que analisaram os efeitos de determinadas
contingências nos comportamentos desses animais. E 3% (n=4) dos estudos abordaram
situações de violência discutidas socialmente, como violência contra a mulher, na escola e
maus-tratos infantis. Entende-se que são necessárias maiores aproximações da análise do
comportamento à temática da violência, em estudos que envolvam públicos diversos e
diferentes contextos. Sugere-se que sejam investigados outros periódicos da análise do
comportamento a fim de verificar contribuições para a prevenção da violência.
37
CONTRIBUIÇÕES DAS NOÇÕES SKINNERIANAS DE SELF PARA O
ENTENDIMENTO DO COMPORTAMENTO DE ALUCINAR
Angelo Bonateli Neto; Lisiane Schandler de Oliveira; Uliana Maria Zanin
[email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná
Tradicionalmente, os comportamentos tidos como psicóticos (e alucinar é um
exemplo) são entendidos enquanto perturbações relativas ao ego ou a um self
desestruturado; sendo comumente usado como uma causa hipotética de ação. O
behaviorismo radical de Skinner não poderia deixar de analisar essas questões. Então, o
que seria este chamado self desestruturado e quais as contribuições possíveis deste autor e
seus estudos para o entendimento do comportamento de alucinar? Com a finalidade de
entender e definir tal conceito, o presente trabalho busca estudar algumas publicações da
obra Skinneriana e verificar sua utilidade para a prática psicológica ao se analisar
comportamentos alucinatórios. Assim sendo, o que se pôde notar a partir de determinadas
leituras, é que, não se utilizando de explicações mentalistas, e abrindo-se mão da idéia da
existência de uma estrutura enquanto causa de comportamentos; a proposta behaviorista
radical de compreensão do self ou de fatos de natureza relativa ao self, entende tais
fenômenos enquanto resultado de processos de aprendizagem, de histórias de reforçamento
indiscutivelmente únicas, e mais, como um conjunto de sistemas de respostas
funcionalmente unificado. Torna-se, portanto imprescindível à compreensão dos
comportamentos alucinatórios, bem como dos demais, a análise das contingências
ambientais que lhe serviram de base.
38
DISCRIMINAÇÃO DE ESTÍMULOS EM SUJEITOS COM HISTÓRIA DE
CONSUMO CRÔNICO DE ETANOL
Aila Stefania de Almeida; Ana Letícia Simonato Barboza; Nicole Fortuneé Vieira Hadida; Emileane
Costa Assis de Oliveira
[email protected]
Curso de Psicologia, Centro Universitário de Votuporanga
O álcool é uma das substâncias psicoativas de maior consumo e alta capacidade de
dependência. As conseqüências psicológicas acusadas por sua utilização podem ser
advindas do uso agudo, gerando intoxicação, ou crônico, provocando distúrbio amnéstico
alcoólico. Estudos com ratos investigando os efeitos do etanol sobre a memória mostraram
que este não prejudicou o desempenho em tarefa operante possivelmente por requer
memória a um determinado estímulo. O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos do
consumo crônico de etanol na aquisição de controle de estímulos. Para tanto, 6 ratos
machos, Wistar, experimentalmente ingênuos foram divididos em 2 grupos (n=3): Grupo
Etanol (GE) tratado com solução de 8% de etanol e Grupo Controle (GC) tratado com água
pura. Os sujeitos do GE foram submetidos ao consumo de solução de etanol 8% por um
período de 21 dias antes do experimento, caracterizando consumo crônico enquanto os
sujeitos de GC foram mantidos com o consumo de água pura durante todo o período. Após
o período de tratamento crônico, os grupos foram privados das soluções por um período de
48 h e em seguida submetidos à sessão de modelagem da resposta de pressão à barra
seguida pelo fortalecimento desta resposta em CRF. O treino discriminativo consistiu em
cinco sessões de 50 minutos, duas em FR2/Ext e as demais em FR4/Ext. Nas sessões a luz
(SD) sinalizava reforço, sendo este a solução com a qual o grupo foi tratado e o escuro
(S∆), extinção. Considerou-se como indicativo de aprendizagem discriminativa o índice
discriminativo (ID) 0,8. Os dados mostraram que não houve diferença na aquisição
discriminativa entre os grupos, ambos atingindo um ID médio próximo a 0,8 na 3ª sessão.
Apontam, portanto, para semelhança na aprendizagem discriminativa em sujeitos com e
sem história de consumo crônico de etanol mostrando consistência com pesquisas
anteriores.
39
O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: NECESSIDADES DE
INTERVENÇÃO E TRABALHO DESENVOLVIDO
Paloma Pegolo de Albuquerque
[email protected]
Projeto Juventude e Esperança
No trabalho com adolescentes em conflito com a lei deve-se considerar a estrutura
familiar, o grupo social, e a influência da cultura para entendimento dos comportamentos
antissociais e assim delinear atendimentos adequados. O objetivo desse trabalho foi
caracterizar os adolescentes inseridos na medida socioeducativa de Liberdade Assistida de
uma cidade do interior de São Paulo atendidos num Projeto social durante o ano de 2008,
apresentando suas principais necessidades de intervenção. Participaram do estudo 76
adolescentes inseridos num Projeto social de um município de pequeno porte do interior de
São Paulo. Para obtenção dos dados foram consultados os protocolos de atendimento dos
adolescentes, bem como um instrumento de coleta de dados preenchido pela equipe
técnica. Dos adolescentes atendidos, 86% eram do sexo masculino e 14% do feminino; e a
idade variava de 13 a 20 anos, mas a maioria, 60%, tinham entre 15 e 17 anos. Quanto à
escolarização, 44% dos adolescentes não estavam estudando; 42% frequentavam o Ensino
Fundamental; e 14% o Ensino Médio. Em relação ao trabalho, 67% não trabalhavam; e,
dos 33% que trabalhavam, apenas 3% tinham registro em carteira assinada. Percebeu-se
que as principais dificuldades dos adolescentes eram o baixo desempenho escolar e/ou
evasão escolar, com consequente inserção deficitária no mercado de trabalho; e uma
socialização inadequada na família, com condições ambientais que reforçavam o
comportamento delinquente. O acompanhamento familiar mostrou-se imprescindível, e por
isso foram realizados em média 20 atendimentos por mês com os familiares, além de
visitas domiciliares. Tanto nos atendimentos individuais, quanto nas reuniões grupais com
os adolescentes, buscou-se a conscientização acerca dos seus comportamentos e as
consequências, principalmente em relação à evasão escolar. Percebeu-se que é necessário
um acompanhamento maior nos diversos contextos em que esses jovens estejam inseridos,
realizando encaminhamentos dentro da rede social. Deve-se possibilitar que eles aprendam
novas habilidades sociais e facilitar a manutenção destas habilidades no seu ambiente.
40
RECOMBINAÇÃO DE UNIDADES MÍNIMAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
COM NOTAS MUSICAIS
William Ferreira Perez1, 2; Júlio C. C. De Rose2
[email protected]
1
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo; 2Departamento de Psicologia, Universidade
Federal de São Carlos.
Na abordagem skinneriana do comportamento verbal, unidades mínimas de controle
podem ser recombinadas, gerando novos comportamentos. O presente estudo pretendeu
ensinar relações entre seqüências de duas notas tocadas no piano (estímulos auditivos) e a
sua notação correspondente na pauta (estímulos visuais) para, posteriormente, realizar
testes com base na recombinação das unidades mínimas ensinadas. O estudo contou com
uma participante, universitária, sem história de aprendizado de habilidades musicais,
submetida a tarefas auditivo-visuais de matching-to-sample realizadas no computador.
Nessa tarefa uma seqüência de duas notas tocadas no piano era apresentada como estímulo
modelo (por exemplo, “do-mi”) simultaneamente a estímulos de comparação, dos quais
somente um correspondia à notação musical da seqüência auditiva apresentada. O
procedimento era iniciado com um pré-teste de todas as relações que seriam ensinadas e
testadas. Na seqüência, era realizado o treino das unidades mínimas, ou seja, das seguintes
relações “seqüência de notas”– pauta: DO-MI, DO-SOL, MI-SOL, SOL-MI, SOL-DO e
MI-DO. Atingido o critério de aprendizagem, foram realizados testes nos quais novas
combinações de seqüências de notas eram apresentadas. Os estímulos apresentados nos
testes poderiam ser compostos por duas (DO-MI-SOL, DO-SOL-MI, MI-SOL-DO, MIDO-SOL, SOL-MI-DO e SOL-DO-MI) ou três seqüências de notas (DO-MI-SOL-MI,
DO-SOL-MI-SOL, MI-SOL-DO-MI, MI-DO-SOL-MI, SOL-MI-DO-MI e SOL-DO-MIDO). No pré-teste, a participante não apresentou em seu repertório as relações que seriam
ensinadas e testadas. Durante o treino, não foram necessárias mais do que duas sessões
para cada uma das relações ensinadas. Durante os testes, a participante respondeu
corretamente diante de todas as novas combinações apresentadas, exceto para a
combinação MI-DO-SOL. Tais resultados sugerem a possibilidade de recombinação de
unidades mínimas no ensino de notação musical. Estudos futuros deveriam estender os
testes para estímulos compostos por um número maior de seqüências.
41
SEDENTARISMO INFANTIL E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM APORTE
BASEADO NO CONCEITO DE METACONTINGÊNCIA
Natália Pinheiro Orti; Kester Carrara
[email protected]
Departamento de Psicologia, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho
O resumo apresenta um projeto de pesquisa de iniciação científica, pois a pesquisa
propriamente dita encontra-se, no presente momento, na fase de coleta de dados. Diante
das propostas de Skinner sobre planejamento cultural, a Análise do Comportamento tem
investido em pesquisas na direção de elucidar instrumentos de análise e demandas sociais
para elaboração de delineamentos culturais que visem propor soluções para problemas
sociais complexos. Dentre os desafios para o planejamento cultural, a literatura aponta que
o sedentarismo infantil é uma prática cultural que traz muitos prejuízos à saúde dos
indivíduos na infância e na vida adulta, além de trazer riscos para a sobrevivência da
cultura em longo prazo. Entende-se sedentarismo por falta ou grande redução de atividade
física, sendo que a literatura considera sedentária a criança que ocupa menos de trezentos
minutos por semana em atividades físicas no deslocamento ou lazer. Diante desse
contexto, o presente projeto tem por objetivo identificar e descrever, através do conceito de
metacontingência, se em alguma medida as práticas educativas existentes no contexto da
Educação Física Escolar determinam a prática cultural do sedentarismo infantil.
Participarão deste projeto três educadores físicos e três turmas de aproximadamente 25
alunos de escolas municipais de Ensino Fundamental de Bauru - SP. Os procedimentos
incluem aplicação de questionário com alunos para estimar a prevalência de sedentarismo
infantil, entrevista semi-estruturada com os educadores físicos sobre questões relacionadas
à prática profissional e observação seguida de registro de três aulas de Educação Física de
cada uma das três turmas, totalizando doze aulas. Essas observações serão traduzidas em
descrição das contingências e metacontingências que envolvem professores e alunos nas
aulas de Educação Física. Mediante a análise de resultados que identifiquem contingências
presentes na Educação Física que se relacionam com a prática cultural de sedentarismo
infantil, pretende-se elaborar um delineamento cultural visando sugerir soluções para a
prevenção e redução do sedentarismo infantil nesse contexto.
42
UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NO
CONTEXTO ESCOLAR
Annie Catharine Wielewicki Bueno; Naiara Fernanda Costa; Sílvia Cristiane Murari
[email protected]
Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Universidade Estadual de Londrina
Embora as possibilidades de contribuições da Análise do Comportamento para a
educação sejam inúmeras, poucos analistas do comportamento têm se dedicado a estudar e
atuar nesta área. Isto se torna bastante problemático, se considerarmos que ao atuar sobre a
educação formal o analista do comportamento pode alterar contingências compartilhadas
por um grande número de pessoas, contribuindo para potencializar e ampliar os efeitos na
cultura produzidos pela educação. Com o objetivo de contribuir para a ampliação do
alcance da Análise do Comportamento no contexto escolar e apresentar os pressupostos
desta ciência como um modo eficiente de compreender e intervir sobre o comportamento
dos alunos, realizou-se um curso de doze horas para seis professores, de uma escola
estadual de Londrina. Ao longo do curso, fez-se uso de atividades práticas que permitiram
aos professores vivenciarem algumas contingências com efeitos similares aos que ocorriam
em sala de aula e, a partir de então, foram discutidos alguns dos princípios de
aprendizagem e manutenção do comportamento. Foram abordados os seguintes temas: o
comportamento ocorre de acordo com o contexto; porque as pessoas se comportam; o que
é descrição do comportamento e qual sua importância em sala de aula; o que é descrição de
contingências e qual sua importância em sala de aula; o papel das conseqüências para o
comportamento; a diferença entre o fazer e o dizer e, por fim, alternativas para planejar um
ambiente favorável ao aprendizado e programar conseqüências para os comportamentos
dos alunos de maneira a diminuir a freqüência dos comportamentos incompatíveis com a
aprendizagem e aumentar a freqüência daqueles compatíveis. Acredita-se que por meio de
trabalhos como este é possível contribuir, ainda que minimamente, para que a educação
atinja o objetivo de preparar o indivíduo pra agir de maneira vantajosa para si e para a
cultura num tempo futuro e é a Análise do Comportamento é a ciência mais apta a
contribuir para este fim.
43
Download