0 CLÁUDIA FRAGA FERRAZ DA SILVA RELATO DE EXPERIÊNCIA: PERCEPÇÃO DO PACIENTE PORTADOR DE HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA SOBRE O AUTO CUIDADO Dourados – MS 2012 1 CLÁUDIA FRAGA FERRAZ DA SILVA RELATO DE EXPERIENCIA: PERCEPÇÃO DO PACIENTE PORTADOR DE HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA SOBRE O AUTO CUIDADO Relato de Experiência apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador (a): Prof. Me. Elizandra de Queiroz Venancio. Dourados – MS 2012 2 RESUMO A hipertensão arterial caracteriza se com evolução clinica lenta, crônica e silenciosa dificultando a percepção do problema, tornando se assim “perversa” por sua invisibilidade e acaba por reduzir a qualidade de vida dos grupos sociais vulneráveis. Estudo que visou relatar a percepção do paciente hipertenso que já frequentavam grupos de atividades com apoio do NASF, para melhorar a qualidade de vida. O objetivo da atividade era conhecer as ações realizadas para o auto cuidado, identificar as condutas positivas e negativas de pacientes portadores de doenças crônicas como a hipertensão, as atividades proposta foram através de dinâmicas, sendo descrito o comportamento pela enfermeira, contemplando as ações e os depoimentos colhidos. Desta forma pode se observar que ações como alimentação exercício físico é de conhecimento, porem existem algumas dificuldade para o cumprimento destas ações, como ingestão de alimentos além das necessidades corporais, excesso de sódio, e ainda não tomar a medicação conforme orientações recebidas pela equipe. Existe uma lacuna entre o que os pacientes acreditam que podem fazer e o que realmente fazem como exemplos referem esquecer o horário de medicação, dificuldades para realizar exercício físico, preocupados com alimentação encontram dificuldades para diminuir a ingestão de sódio, porém referem procurar adaptar se ao novo estilo de vida após descoberta da hipertensão. É importante a capacitação do portador de hipertensão para o auto cuidado, pois estando consciente do valor do tratamento, utilizará corretamente a medicação. Palavras Chaves: Auto cuidado. Hipertensão. Estratégia de saúde da família . 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................... 04 METODOLOGIA..................................................................................................... 06 DISCUSSÃO E RESULTADOS............................................................................... 07 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 09 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................................... 10 4 INTRODUÇÃO A organização mundial de saúde refere que a doença cardiovascular é a primeira causa de morte, e a hipertensão arterial é considerada a terceira responsável. O crescimento das doenças cardiovasculares impõe a necessidade de desenvolver e implementar estratégia de prevenção dos múltiplos fatores de risco ( SOUZA, 2006). Toledo (2007), hipertensão arterial é uma doença de alta prevalência nacional e mundial. Considerando os valores para adultos hipertensos definidos pela pressão arterial sistólica entre 130 e 139 mmHG e a pressão arterial diastólica entre 85 e 89 mmHG. A doença caracteriza, com evolução clínica lenta, crônica e silenciosa dificultando a percepção do problema, tornando se assim “perversa” por sua invisibilidade e acaba por reduzir a qualidade de vida dos grupos sociais vulneráveis, possui múltiplos fatores e quando não tratada traz graves complicações, temporários ou permanentes. Sua ocorrência associada a agravos representa alto custo financeiro à sociedade, ocorrendo internações, procedimentos técnicos de alta complexidade, ausência no trabalho aposentadoria precoce e óbitos (TOLEDO, 2007). Dessa forma nota-se que o enfermeiro tem função fundamental na recuperação, adaptação à vivência de maneira crônica com a doença, com o intuito de que esses pacientes sejam auto-suficientes em diferentes graus (CASTRO et al.,1999). O inadequado controle terapêutico da hipertensão requer enfoque especial, pois as atitudes não devem ser somente do profissional de saúde, mas é essencial a aceitação do paciente em modificar estilo de vida e ajustar a medicação para que a terapia se torne efetiva (FREITAS, 2001). Lima (2004) refere que a relação entre conhecimento, atitudes e práticas é reconhecida por pesquisadores como fundamental para o planejamento de intervenções educativas junto ao paciente, porem é uma relação complexa que envolve fatores sociais, ambientais e emocionais. O mecanismo pelo qual o liquido extracelular eleva a pressão arterial são: elevação do volume extracelular, elevação do volume sanguíneo, aumento da pressa média de enchimento da circulação aumentando retorno venoso ao coração, elevando o debito cardíaco que aumenta a pressão arterial (GYTON, 2006). Smeltezer (2002) considera que à etiologia exata para a maioria dos casos de hipertensão são desconhecidas. Para que a hipertensão aconteça, deve haver um problema 5 com o sistema que regula a pressão acredita se que a maioria dos casos de pressão elevada, seja poligênico. Frequentemente a hipertensão resulta em complicações podendo, portanto evoluir para danos severos, agravos sociais, custos com internações de longo prazo, incapacitação por invalidez entre outros. Além disso, é um desafio para a equipe de saúde propor uma terapêutica á longo prazo, pois requer a cooperação do portador o qual tem dificuldade em alterar seu estilo de vida (REIS, 2001). A teoria fundamentada por Dorothy Orem em 1985 Aggleton (1990) define o auto cuidado como a “prática de atividades que o indivíduo inicia a realiza para benefício próprio para manter a vida, a saúde, e o bem estar”. Desta forma a responsabilidade do indivíduo com a saúde seria valorizada, pois, a pessoa é um ser funcional, integrado com o mundo a sua volta e motivado a atingir o auto cuidado (FIGUEIREDO, 2005). Sampaio e colaboradores (2008) definem que é necessário o paciente compreender a importância do auto cuidado, e os profissionais precisam entender hábitos de reflexão e o desenvolvimento do paciente, seus comportamentos em relação aos outros, sentimentos e emoções demonstrados em diferentes situações. Assim, o objetivo deste trabalho é relatar experiência de rodas de conversas desenvolvidas com hipertensos para conhecer e despertar do auto cuidado em saúde. 6 METODOLOGIA O plano de ação foi realizado, na unidade básica de saúde da família Piratininga em Dourados (MS). A ação foi realizada no dia do grupo de caminhada Hiperdia, participaram da pesquisa 20 pacientes, de ambos os sexos e idades variadas. O local foi organizado com cadeiras em círculos, e a medida que os pacientes chegavam eram recepcionados. De inicio, realizou se breve discussão com o grupo sobre o que é auto cuidado com interação dos participantes, conforme sua compreensão acerca do assunto. Aplicada dinâmicas de grupos adaptado do estudo de Maffacciolli, (2005), realizados dois encontros, sendo o primeiro para orientação e aplicação da dinâmica e em segunda oportunidade para avaliar as mudanças após orientações. As atividades, e as percepções foram escritas em diário para serem analisados posteriormente segundo o referencial da teoria do auto cuidado. Dinâmica I - após reunião do grupo, os pacientes revelam seus nomes e atribui a si uma qualidade, visando à memorização dos nomes. O grupo já possui certa afinidade facilitando a integração. A estratégia de dinâmica de grupos favorece a relação profissionalindivíduo, facilita a discussão com objetivos comuns, possibilita a troca de informações e o apoio (SILVA, 2004). Dinâmica II – após abordar o tema sobre auto cuidado, os participantes deveriam expressar em pedaços de papel duas certezas de ações que realizam em prol do auto cuidado e duas dúvidas de ações relacionado à hipertensão. Sendo uma proposta para avaliar as noções ao componente comportamental. Alguns encontram dificuldade e são auxiliados na grafia, após os pedaços de papel são colocados em uma espécie de urna. Então foi dada continuidade sobre o tema hipertensão, e as orientações de auto cuidado, após abordagens e discussão, a urna percorre por todos onde cada um retira aleatoriamente um dos bilhetes depositados e lê seu conteúdo, opinando sobre as duas certezas de ação e orientando sobre as duas dificuldades encontradas para realizar o auto cuidado 7 DISCUSSÃO E RESULTADOS No início do projeto pensou se realizar atividade com o grupo que frequentava o hiperdia, mas observou se certa dificuldade, em atrair a atenção do grupo com a presença da médica e outros profissionais. Assim, optou se por trabalhar com o grupo de pacientes formados entre duas equipes de saúde, apoiado pelo NASF, para realização de atividades físicas duas vezes na semana, durante o qual ocorre aferição de pressão arterial. Ao se avaliar a percepção desses pacientes sobre auto cuidado, observa se que manifestam essa prática, porém apresentando dificuldades em modificar estilo de vida principalmente em relação a atividade física. Para Brito (2008) um dos comprometimentos que interferem para a realização de atividade física é a “dor”, porém os clientes do estudo consideram se capazes de superar a mesma. O exercício físico torna a pessoa mais calma, traz benefícios para o sistema cardiovascular e auxilia no tratamento dos portadores de hipertensão. Observa se em alguns relatos isolamento social, principalmente em datas comemorativas para evitar a ingestão de alimentos considerados “inadequados”. A atividade propiciou uma avaliação clara sobre o que cada um realiza que apresentam preocupações com alimentação, relatam ingestão de frutas e verduras diariamente e evitam o consumo de carnes que apresentam gorduras, e a realização de atividades físicas. Observou se que ao opinar sobre a idéia do colega, o paciente demonstra versão contraria ao que respondeu sobre a sua ação de auto cuidado. Péres (2003) refere que existe uma lacuna entre o que os pacientes acreditam que podem fazer e o que realmente fazem como exemplos referem esquecer o horário de medicação, dificuldades para realizar exercício físico, preocupados com alimentação encontram dificuldades para diminuir a ingestão de sódio, porém referem procurar adaptar se ao novo estilo de vida após descoberta da hipertensão. É importante a capacitação do portador de hipertensão para o auto cuidado, pois estando consciente do valor do tratamento, utilizará corretamente a medicação, quando incluída (SILVA, 2004). Após essas observações foram orientados na preparação dos alimentos, alongamentos antes e após as caminhadas e ofereceu uma refeição com frutas, sendo uma alternativa para o café da manha ou sobremesa. Durante a consulta de enfermagem é comum a enfermeira orientar (ensinar) o cliente para seu auto cuidado. 8 Conforme Ramos et al.,(2007) para realizar a manutenção básica da vida, é necessário um bom nível de auto cuidado. Caso o indivíduo não realize as atividades básicas de vida, são necessárias intervenções, sendo importante a assistência ao paciente. O enfoque da teoria é desenvolver a capacidade de realizar ações de cuidado no seu ambiente, permitindo ao hipertenso realizar ações voltadas para seu auto cuidado (BORENSTEIN, 2004). 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final do plano de intervenção pode se verificar a importância do processo educativo direcionamento do auto cuidado como instrumento para fortalecer adesão do paciente ao tratamento assim como manutenção adequada dos valores pressóricos dos pacientes com hipertensão arterial. Inicialmente previa se resultado negativo, mas tal resultado decorre conforme relatado por Brito (2008), os pacientes encontram dentro da estratégia saúde da família, profissionais capacitados para acompanhamento, medicamentos, trabalhos desenvolvidos em grupos e acompanhamento domiciliar, refletindo a estratégia saúde da família no contexto social da população com melhoria da qualidade de vida. Os profissionais que trabalham com pacientes portador de hipertensão arterial reúnem condições para promover reflexão sobre comportamentos e soluções contribuindo para aumentar a percepção da doença e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida. Para tanto, é necessário o incentivo ao planejamento da educação em saúde, não apenas pelos enfermeiros, mas por todos os membros da equipe de saúde da família, visto que esta prática possibilita o fortalecimento do vinculo entre equipe de saúde e comunidade propiciando uma linha de cuidado organizada, acompanhamento e avaliação constante podendo-se assim reduzir complicações e melhorar qualidade de vida de pacientes portadores da hipertensão crônica. 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGGLETON, P. et al. Orem´s self-care modelo f nursing In: Aggleton P. et al. Nursing models and the nursing process.London: MacMillan Education; p. 59-70, 1990. BORENSTEIN, M. S. BASTOS D. S. Identificando os Déficits de Autocuidado de Clientes Hipertensos de um Centro Municipal de Saúde Texto Contexto Enferm 2004 Jan/Mar; 2004. BRITO, D. M. S. et al. Qualidade de vida e percepção da doença entre portadores de hipertensão arterial. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, abr, 2008. CASTRO, M. J. et al. 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