Universidade Federal de São Carlos CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS- campus de Araras Prof. Dr. Rubismar Stolf - [email protected] Departamento de Recursos Naturais e Proteção Ambiental Via Anhanguera, km 174. Cx.Postal.153 CEP 13600-970 ARARAS SP BR Acervo técnico do Prof. Dr. Rubismar Stolf Acesso: http://www.cca.ufscar.br/~rubismar/ ou: http://www.cca.ufscar.br/drnpa/hprubismar.htm 93. SILVA, L.C.F.; MANIERO, M.A.; CASAGRANDE, J.C.; STOLF, R.; MARGARIDO, L.A.C. . Alternativas de nutrição. Cultivar Grandes Culturas, v. 11, n. 125, p. 12-14, 2009. Para visualizar o trabalho vá para a próxima página ↓ Nutrição Fotos Jose Francisco Garcia Alternativas de nutrição O Em um mercado bastante disputado e oneroso para os produtores, adubos de liberação lenta, biorreguladores, aminoácidos e biofertilizantes surgem como fontes alternativas para atender à demanda nutricional de cultivos no Brasil acentuado desenvolvimento da agricultura brasileira é evidenciado pelo consumo de fertilizantes. O país, atualmente, detém o posto de quarto consumidor do mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Índia. Porém, somos altamente dependentes do mercado externo e as importações representam aproximadamente 74% do suprimento atual de fertilizantes no país. Isso faz com que a indústria nacional adote preços elevados, comparáveis ao mercado internacional. A adubação, fator importantíssimo na cadeia de produção, é, portanto, prática bastante onerosa. Desse modo torna-se necessário que os fertilizantes sejam utilizados dentro da sua máxima eficiência. Com esse objetivo, nos últimos anos, novas tecnologias e fontes de nutrientes têm sido oferecidas ao meio agrícola. Adubos de liberação lenta, biorreguladores, aminoácidos e biofertilizantes encontramse atualmente em evidência, despertando o interesse e curiosidade dos produtores na busca de aumentos de produtividade e diminuição de custos. 12 Adubos de liberação lenta Existem vários grupos de fertilizantes de liberação lenta que são classificados como peletizados, quimicamente alterados e recobertos. Todos apresentam a mesma característica, que é a liberação gradativa dos nutrientes para a solução do solo, porém, com mecanismos distintos para tal. O primeiro grupo compreende os compostos de baixa solubilidade, na forma de “pellets”, cuja liberação dos nutrientes depende da ação microbiana. No segundo grupo estão incluídos os fertilizantes modificados de maneira a converter parte dos nutrientes em formas insolúveis em água, liberados ao meio de forma gradativa. Os fertilizantes recobertos, também chamados de encapsulados, incluem compostos solúveis envolvidos por diferentes substâncias orgânicas, inorgânicas ou resinas sintéticas, fazendo com que os nutrientes sejam liberados de maneira gradual. A liberação adequada dos nutrientes depende de diversos fatores como a espessura e natureza do material de recobrimento, quantidade de microfissuras na Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br sua superfície, tamanho dos grânulos do fertilizante, temperatura e umidade do solo, entre outros. As principais vantagens dos adubos de liberação lenta são fornecimento regular e contínuo dos nutrientes para as plantas, menor frequência de aplicação nos solos, redução de perdas de nutrientes e diminuição da poluição ambiental pelo NO3-. O fornecimento regular e contínuo de nutrientes é uma das vantagens dos adubos de liberação lenta vimento vegetal. Alguns hormônios vegetais encontram-se ligados a aminoácido (que têm papel fundamental na síntese, ativação e estimulação de enzimas vegetais). A mistura de dois ou mais reguladores vegetais com outras substâncias (aminoácidos, nutrientes e vitaminas) é designada de bioestimulante. Resultados de pesquisa comparativa do desempenho da adubação nitrogenada do milho com adubo de liberação lenta e com ureia, demonstraram que a redução da adubação nitrogenada pela metade com o adubo de lenta liberação não prejudicou o estado nutricional da planta e a produtividade. Diversos pesquisadores salientam que os fertilizantes de liberação controlada podem ter influência sobre o crescimento vegetal, principalmente ao reduzir a perda de nitrogênio (N) do solo ou substrato por lixiviação. Há relatos de que a perda de N por lixiviação foi aproximadamente 20 vezes maior com a utilização de fertilizantes prontamente solúveis quando comparada ao uso de fertilizantes de liberação controlada. Na cana-de-açúcar, a principal vantagem proporcionada pela utilização de adubos de liberação lenta refere-se ao maior aproveitamento do fertilizante, redução das doses por aplicação e possibilidade de oferta dos nutrientes durante toda a permanência da planta no campo. Biofertilizantes Biofertilizantes são definidos como materiais resultantes da biodigestão de compostos orgânicos de origem animal e vegetal. Biofertilizantes líquidos têm sido produzidos através de materiais diversos, como farelos de arroz e de trigo, restos de peixes, entre outros. Na variada composição dos biofertilizantes podem ser encontrados aminoácidos, enzimas, vitaminas e fito-hormônios. Apresentam, portanto, características de biorreguladores e bioestimulantes. São encontrados na literatura relatos de efeitos benéficos da utilização de biofertilizantes na produtividade de várias culturas como algodão, tomate, hortaliças. Na cana-de-açúcar os resultados de pesquisa são escassos. Recentemente foram realizados estudos no Centro de Ciências Agrárias/ UFSCar utilizando-se biofertilizante originado da fermentação de restos de pescado na complementação da adubação mineral da cana-de- Os biorreguladores ou reguladores vegetais são compostos orgânicos, naturais ou sintéticos, que aplicados em pequenas quantidades promovem ações semelhantes às dos hormônios vegetais (citoninas, giberilinas, auxinas, ácido abcísico e etileno). Através dessas substâncias pode-se interferir em processos fisiológicos como germinação, vigor das plantas, crescimento e desenvolvimento, desenvolvimento radicular e foliar e produção de compostos orgânicos. Para que essas substâncias possam atuar adequadamente é necessário que sejam absorvidas, apresentem-se em quantidades suficientes na célula e tenham seus efeitos ampliados, o que é realizado por alguns minerais, geralmente cálcio e fósforo. É, portanto, necessário o equilíbrio nutricional interagindo com o equilíbrio hormonal. t pol/ha 18,23 20,19 t pol/ha 16,41 18,00 açúcar, nos ciclos de cana-planta e 1ª soca. As doses do biofertilizantes estudadas foram 6l/ha, 8l/ha e 10l/ha na cana-planta e 4l/ha, 5l/ha e 6l/ha na 1ª soca. As médias gerais dos resultados obtidos foram as seguintes: Pelos resultados obtidos nas condições estudadas, o biofertilizante em complementação à adubação mineral demonstrou eficiência na fertilização da cana-de-açúcar. Esses resultados evidenciam, em função do potencial que esses novos produtos ofertados no mercado apresentam, a necessidade de novas pesquisas com a cana-de-açúcar para C comprovação de eficiência. Luiz Carlos Ferreira da Silva, Miguel Ângelo Maniero, José Carlos Casagrande, Rubismar Stolf e Luiz Antonio Correa Margarido, UFSCar Charles Echer Biorreguladores Cana-planta Tratamentos t cana/ha Adubação mineral 102,7 Adubação mineral+biofertilizantes 117,6 Cana-soca Tratamentos t cana/ha Adubação mineral 98,3 Adubação mineral+biofertilizantes 108,2 Aminoácidos Os aminoácidos são as unidades estruturais constituintes das proteínas. Na formação das proteínas, aminoácidos individuais são acoplados por ligações bioquímicas. As plantas sintetizam e usam aproximadamente 300 aminoácidos diferentes, dos quais apenas 20 são empregados para a produção das suas proteínas. Os benefícios promovidos pela aplicação de aminoácidos nas plantas já são conhecidos há alguns anos. A evolução dos processos para sua síntese em escala industrial permitiu a utilização na agricultura. Os aminoácidos estão relacionados com os mecanismos de crescimento e desenvol- 14 Na composição dos biofertilizantes podem ser encontrados aminoácidos, enzimas, vitaminas e fitohormônios que complementam a nutrição mineral e aumentam a produtividade das plantas Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br