Algumas observações sobre a concepção de significado no Livro Azul de Wittgenstein Joana Bortolini Franco. Orientadora: Profª. Drª. Evani Viotti. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP. Objetivos O objetivo da apresentação é discorrer sobre alguns dos principais tópicos discutidos no Livro Azul, de Ludwig Wittgenstein. A filosofia de Wittgenstein, ainda que bastante citada na linguística, é pouco articulada com a prática da reflexão nessa área. O objetivo geral do projeto, ainda a ser realizado, é fazer um comentário detalhado das concepções de linguagem e significado contidas no livro em questão, mapeando as reflexões mais relevantes para a linguística. Com isso, pretendo esclarecer esse importante quadro filosófico e abrir caminho para um diálogo mais intenso entre essas duas áreas de investigação. Métodos/Procedimentos O Livro Azul é considerado o primeiro livro da chamada segunda fase do pensamento de Wittgenstein, e foi escolhido porque contém as principais ideias sobre linguagem e significado que ele desenvolveria a partir de então. A pesquisa vem sendo conduzida com a leitura atenta do Livro Azul, em português e no seu idioma original, o inglês. Somado a isso, estão as leituras de importantes comentadores. A identificação dos principais tópicos presentes no Livro Azul e de importantes traços da filosofia tardia de Wittgenstein fornecerão as linhas gerais que devem orientar, a princípio, o comentário final a ser elaborado. Resultados Parciais Até o momento, fiz uma interpretação geral do Livro Azul, encontrando uma estrutura circular em que as questões mais gerais são encontradas no início e no fim do livro, enquanto os assuntos do miolo constituem instâncias dessas questões. Uma “confusão gramatical” da mesma natureza que a encontrada na concepção de significado da filosofia, um dos principais temas do livro, é também encontrada nos problemas filosóficos específicos discutidos no decorrer do livro. Em todos os casos, trata-se de um erro ligado à analogia entre “proposições empíricas” e “proposições gramaticais”, dois domínios gramaticais da linguagem cuja confusão gera o que Wittgenstein chama de “proposição metafísica”. Pude também compreender no que consiste o método característico da filosofia tardia de Wittgenstein, fundado nas ideias de jogos de linguagem e de semelhanças de família, método que se volta, principalmente, contra a prática de se aplicar a metodologia científica na filosofia. Conclusões Parciais No momento não é possível tirar alguma conclusão, mas posso sugerir alguns tópicos que poderão ser importantes no diálogo entra a filosofia de Wittgenstein e a linguística: a preocupação com o significado enquanto uso; a importância do aprendizado da linguagem; a distinção entre diferentes domínios linguísticos, o empírico e o conceitual; a concepção da confusão entre esses domínios como metáforas e analogias entre eles; e a crítica à concepção dualista de mente, que dialoga com as principais teorias linguísticas da atualidade. Referências Bibliográficas HANFLING, Oswald. Wittgenstein and the Human Form of Life. Oxon, New York: Routledge, 2002. PEARS, David. The False Prison: A study of the Development of Wittgenstein’s Philosophy. Oxford: Clarendon Press, 1988. WITTGENSTEIN, Ludwig. O Livro Azul. Lisboa: Edições 70, 1992. _______ The Blue and Brown Books: Preliminary Studies for the “Philosophical Investigation”. New York: Harper Perennial, 1965.