ADRIANA DE MORAES BARBOSA ASCOLI_279_63514

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ADRIANA DE MORAES BARBOSA ASCOLI
ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA – DIFICULDADES E PERSPECTIVAS.
Cassilândia – MS
2011
2
ADRIANA DE MORAES BARBOSA ASCOLI
ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA – DIFICULDADES E PERSPECTIVAS.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
como requisito para conclusão do curso de
Pós Graduação em nível de Especialização em
Atenção Básica em Saúde da Família.
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Diogo de Carli
Cassilândia – MS
2011
3
Sumário
123456-
Introdução ............................................................... 4
Objetivo ................................................................... 7
Método .................................................................... 8
Resultados ............................................................... 9
Discussão ................................................................ 11
Conclusões .............................................................. 18
7- Referências .............................................................. 19
4
ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA –
DIFICULDADES E PERSPECTIVAS
Resumo
A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença crônica que tem se destacado
por causar impoderáveis repercussões ao organismo e a qualidade de vida de seus
portadores. Por ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e
tratamento são muitas vezes descuidados pelos seus portadores, elevando assim a
morbimortalidade desse agravo. O presente estudo objetivou identificar as
dificuldades de adesão dos portadores de hipertensão arterial ao programa HIPERDIA,
cadastrados na UBSF- Jd. Laranjeiras (Cassilândia, MS). Trata-se de um estudo
exploratório, descritivo, no qual participaram 326 hipertensos cadastrados em uma
UBSF. Para tal, foi realizada a coleta de dados através de consultas aos prontuários dos
usuários e das fichas de cadastro HIPERDIA, análises dos registros da equipe e
entrevistas individuais, compostas por perguntas simples, diretas e de fácil
compreensão para avaliar a adesão ao tratamento da HAS. A partir dos resultados
encontrados percebeu-se que a falta de adesão dos pacientes ao tratamento da
hipertensão arterial ainda atinge níveis moderados, sendo identificada também, uma
parcela considerável de indivíduos que seguem o tratamento de forma irregular,
contribuindo assim para a elevação do percentual de pessoas com dificuldades na
adesão ao tratamento. Para reverter esses fatores identificados, faz-se necessário
incrementar ações de educação em saúde, no sentido de sensibilizar os pacientes,
auxiliando-os a perceber as suas próprias necessidades, despertando para o
autocuidado e nós enquanto profissionais de saúde, devemos estar atentos para as
dificuldades encontradas na adesão ao tratamento e estimular os portadores de
agravos crônicos a aderirem ao tratamento. Nesse estudo foi possível identificar que
as principais dificuldades na adesão ao tratamento dos portadores de hipertensão
arterial estão relacionadas às mudanças de domicílio e a resistência ao
acompanhamento do agravo.
Palavras chave: Adesão ao tratamento, Hipertensão Arterial, Educação em saúde
5
1 INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial ocorre quando a pressão que o sangue
exerce na parede das artérias é muito forte, resultando em um valor igual
ou maior que 140/90 mmhg¹. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um
grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É caracterizada
como uma doença crônica, de origem multifatorial, responsável por
expressivas taxas de internações, custos elevados com a morbimortalidade e sua evolução compromete a qualidade de vida dos
portadores dessa patologia. Apresenta um dos fatores de risco mais
importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares,
cerebrovasculares e renais, sendo responsável por 40% das mortes por
acidente vascular cerebral, 25% das mortes por doença arterial
coronariana e 50% dos casos de insuficiência renal.
No Brasil, existem cerca de 17 milhões de portadores de
hipertensão arterial, representando 35% da população acima de 40 anos.
A prevalência da doença nos idosos é superior a 60%². A hipertensão
causa um elevado impacto social e econômico devido aos afastamentos e
aposentadorias precoces, tempo de internação, custo do tratamento,
além de altos índices de controle insatisfatórios.
Por ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e
tratamento é freqüentemente negligenciado, somando-se a isso a baixa
adesão, por parte do paciente, ao tratamento prescrito. Apesar dos
progressos expressivos da indústria farmacêutica na produção de
medicamentos cada vez mais eficazes para o tratamento da hipertensão
arterial, associado à adoção de um estilo de vida saudável e dos benefícios
comprovados na redução da mortalidade e morbidade relacionadas a
6
eventos cardiovasculares, ainda há um número elevado de indivíduos
hipertensos não tratados ou tratados inadequadamente³.
A identificação dos fatores que interferem na adesão ao tratamento
se inicia no reconhecimento das características dos pacientes como idade,
sexo, escolaridade, estado civil, hábitos de vida, culturais e crenças na
saúde, podendo também, ser influenciados pelo conhecimento da doença
e ausência de sintomatologia³.
A hipertensão arterial tem se destacado por causar imponderáveis
repercussões ao organismo e à qualidade de vida de seus portadores,
sendo influenciados por fatores de risco que estão relacionados ao estilo
de vida, como a alimentação não balanceada (hipercalórica, hiperlipídica e
com poucas fibras), os vícios do tabagismo e etilismo, complementados
pelo sedentarismo⁴.
Os profissionais de saúde da atenção primária têm importância
primordial nas estratégias de controle da hipertensão arterial, tanto na
definição do diagnóstico clínico, quanto na conduta terapêutica e também
nos esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso
para estimulá-lo a seguir o tratamento⁵.
As doenças do aparelho circulatório ocupam o primeiro lugar como
causa mais freqüente de óbito no município de Cassilândia (MS), sendo
que muitos destes óbitos são decorrentes de quadros de hipertensão
arterial não diagnosticado ou inadequadamente tratado.
Nesse município, embora o número de internações decorrentes de
complicações cardiovasculares na população acima de 40 anos, venha
diminuindo na série histórica (tendência decrescente do indicador),
7
observam-se dificuldades em relação à adesão dos pacientes ao sistema
de informação.
Desse modo, faz-se necessário observar e intervir, uma vez que a
HAS é crônica e implica complicações (quando não tratada e
acompanhada adequadamente), podendo novamente elevar a frequência
das taxas de internações e dos óbitos decorrentes das complicações desse
agravo.
O objetivo desse estudo foi de identificar as dificuldades de adesão
dos portadores de hipertensão arterial ao programa HIPERDIA,
cadastrados na UBSF- Jd. Laranjeiras (Cassilândia, MS).
8
2 OBJETIVO
2.1 GERAL
Identificar as dificuldades de adesão dos portadores de hipertensão
arterial ao programa HIPERDIA, cadastrados na UBSF- Jd. Laranjeiras
(Cassilândia, MS).
2.2 ESPECÍFICO
Propor ações de educação em saúde para melhorar a adesão ao
HIPERDIA, promovendo o autocuidado, hábitos de vida saudáveis e
redução das complicações da HAS.
9
3 MÉTODO
Foi realizado um estudo exploratório, descritivo, de caráter
quantitativo com os portadores de HAS cadastrados no sistema de
informação HIPERDIA da UBSF Jd. Laranjeiras, localizado na cidade de
Cassilândia-MS.
A amostra foi constituída por hipertensos (n=326), os quais
representam o total de portadores desta patologia cadastrados nessa área
de atuação.
A coleta de dados foi realizada no ano de 2010, através de consultas
aos prontuários de usuários, análises dos registros da equipe, coletas de
informações da ficha de cadastro HIPERDIA e entrevistas individuais,
compostas por perguntas simples, diretas e de fácil compreensão para
avaliar a adesão ao tratamento da HAS.
Os dados obtidos foram tabulados e posteriormente submetidos à
análise estatística descritiva.
10
4 RESULTADOS
A caracterização sociodemográfica da população estudada está apresentada
na Tabela 1.
Tabela 1 – Características sociodemográficas dos hipertensos cadastrados
na ESF Laranjeiras. Cassilândia – MS, 2010.
Faixa etária
< 30 anos
40 ǀ--ǀ 49 anos
50 ǀ--ǀ 59 anos
60 ǀ--ǀ 69 anos
70 ǀ--ǀ 79 anos
80 ǀ--ǀ 89 anos
90 ǀ--ǀ 99 anos
100 anos
Total
Gênero
Feminino
Masculino
Total
Escolaridade
Analfabeto
Alfabetizado
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau completo
3º grau completo
Total
Situação Conjugal
Vive com companheiros e filhos
Vive com companheiros e sem filhos
Vive com familiares
Vive só
Total
N
31
59
93
79
49
10
04
01
326
%
9,5
18,0
28,5
24,3
15,0
3,1
1,3
0,3
100
189
137
326
58,0
42,0
100
103
39
140
19
17
08
326
31,5
11,9
43,0
6,0
5,2
2,4
100
99
91
88
48
326
30,3
28,0
27,0
14,7
100
Os dados relativos ao tipo de tratamento para a hipertensão e à
adesão a este estão dispostos na Tabela 2. A Tabela 3 ilustra os motivos da
não adesão e do tratamento irregular, elencados pelos participantes.
11
Tabela 2 – Distribuição dos hipertensos segundo o tipo de tratamento,
adesão e formas de adesão. Cassilândia – MS, 2010.
Tipos de tratamentos
Não medicamentoso
Medicamentoso
Total
Adesão ao tratamento
Aderiram
Não aderiram
Total
Formas de tratamento na adesão
Tratamento regular
Tratamento irregular
Total
N
16
310
326
%
5,0
95,0
100
246
80
326
76,0
24,0
100
133
113
326
54,0
46,0
100
Tabela 3 – Motivos da não adesão e do tratamento irregular, informados
pelos participantes. Cassilândia – MS, 2010.
Motivo da não adesão ao tratamento
N
%
Óbito
Mudança de domicílio
Resistência ao acompanhamento da doença
Acompanhamento da doença com médico particular
05
35
24
16
6,3
43,7
30,0
20,0
Total
80
100
Motivos do Tratamento Irregular
Dificuldade de acesso
Trabalho
Preferência por acompanhamento particular/domiciliar
Viagens
22
13
18
06
19,5
11,5
16,0
5,3
Total
113
100
12
5 DISCUSSÃO
A partir da análise dos dados da Tabela 1, identificou-se que 58%
dos participantes pertencem ao gênero feminino e 42% ao masculino.
Assim como Mousinho e Moura2 evidenciaram, as mulheres percebem e
relatam seus problemas de saúde mais do que os homens e procuram
mais as unidades de saúde, daí a maior proporção destas.
Quanto à faixa etária, observaram-se algumas variações entre as
idades da população pesquisada, prevalecendo à faixa etária entre 50 e 59
anos (28,5%); entre 60 e 69 anos (24,3%); entre 40 e 49 anos (18%) e
entre 70 e 79 anos (15%). Resultado similar foi encontrado por
Mascarenhas et al.10 em relação à faixa etária dos hipertensos estudados,
os quais apresentaram uma média de idade de 58,9 anos, revelando a
prevalência de hipertensão arterial nas faixas etárias mais avançadas.
Dentre os determinantes sociais de saúde analisados, o nível de
escolaridade mostrou-se baixo, sendo que 43% dos indivíduos
apresentaram 1º grau incompleto; 31,5% relataram ser analfabetos e
11,9% alfabetizados. Estudo realizado por Plaster⁶ identificou resultado
semelhante com 34,5% de analfabetos e 27,5% com o ensino fundamental
incompleto.
Nesse sentido, Reza e Nogueira⁷ evidenciou predomínio de
analfabetos funcionais (não conseguem ler e escrever inteiramente). A
baixa escolaridade tem sido apontada como um dos fatores que
compromete os níveis de adesão ao tratamento, uma vez que a
dificuldade de ler e de seguir as orientações sobre o tratamento leva a
pouca interação entre a educação e saúde, podendo interferir na
13
compreensão das orientações da equipe da ESF, o que também é
observado em nossa prática diária na ESF.
Em relação à situação conjugal, os participantes apresentaram o
seguinte perfil: 30,3% têm companheiro e filhos; 28% vivem com
companheiro e sem filhos; 27% convivem com familiares e 14,7% vivem
sozinhos. Apesar da última variável representar a minoria da amostra,
ressalta-se que a falta de apoio domiciliar (ausência de companheiro ou
conviveres) interfere nos cuidados com a patologia, contribuindo para a
não- adesão ao tratamento⁸, o que foi demonstrado em outro estudo2 que
avaliou a situação conjugal de hipertensos: identificou-se que 37,5% eram
casados e que o envolvimento de um membro familiar é considerado
como facilitador para a adesão ao tratamento.
Na Tabela 2, verifica-se que em relação ao tipo de tratamento, 95%
fazem uso
de medicações
e 5% seguem o
tratamento
não
medicamentoso. O tratamento na HAS visa contribuir para o controle dos
níveis
tensionais,
baseando-se
em
medidas
farmacológicas,
comportamentais e na ação de equipe multidisciplinar; isso pode ser
obtido por meio do uso diário da medicação e pelas mudanças de hábitos
de vida (redução da ingestão de sal e do consumo de bebidas alcoólicas,
consumo de alimentação saudável, controle do peso, inclusão de práticas
de atividades físicas freqüentes e redução do estresse)⁶.
O uso de drogas efetivas tem mostrado suas finalidades sobre a
redução da morbimortalidade da doença, porém a falta de adesão ao
tratamento aparece como uma grande barreira para alcançar a redução⁹,
o que confere com os dados encontrados nesse trabalho.
A adesão ao tratamento foi identificada em 76% da amostra,
enquanto que 24% não aderiram. Em estudo anterior10, mencionou-se que
14
58,7% dos informantes relataram acompanhar o tratamento e 41,3%
destes abandonaram o tratamento proposto. Percebe-se que a adesão ao
tratamento pode ser influenciada por vários fatores, tais como: condições
socioeconômicas, hábitos culturais e de vida, crenças, autoestima,
desconhecimento sobre a doença.
Dos pacientes que afirmaram seguir o tratamento, 54% admitiram
fazê-lo de forma regular, enquanto que 46% informaram estar em
tratamento irregular. Sabe-se que para um tratamento adequado da
doença, é fundamental obter a adesão continuada dos pacientes às
medidas recomendadas para o controle efetivo da pressão arterial. O
tratamento de patologias crônicas implica em manutenção contínua e
prolongada do agravo (controle da doença), e a não obtenção da cura
torna-se como um dos fatores predisponentes para a não adesão ao
tratamento¹⁰ ou para a realização deste de forma irregular.
Pela análise da Tabela 3, os principais motivos elencados para a não
adesão ao tratamento foram relacionados às mudanças de domicílio
(43,7%), resistência ao acompanhamento do agravo (30%) e o
acompanhamento da doença com médico particular (20%).
A não adesão ao tratamento justificada pela mudança de domicílio
raramente foi evidenciada em pesquisas, sendo marcante nessa área
adscrita devido às precárias características socioeconômicas da população,
que geralmente não possui casa própria, ficando dependentes de aluguéis
e, portanto apresentando alta rotatividade em relação à habitação.
A resistência ao acompanhamento da doença está relacionada ao
tempo prolongado da patologia, característico das doenças crônicas,
quando a ausência de sintomas leva os indivíduos a acharem que estão
curados, pois costuma associar os vários sintomas da HAS à doença,
15
resultando assim em abandono ou em seguimento irregular ao
tratamento proposto, o que concorda com o estudo feito por Plaster
(2006)⁶.
Bossay et al.¹¹ identificaram motivos diferentes dos encontrados
nessa pesquisa em relação a não adesão ao tratamento, sendo que: 54%
alegaram dificuldade em conseguir medicamentos, 29% esquecimento,
13% acha que já se curou e 4% relataram não seguir o tratamento pelo
efeito indesejável da medicação.
No estudo de Santos et al.¹², cerca de 61,4% dos portadores de HA
possuíam
convênio
médico
particular
utilizando
este
para
o
acompanhamento da doença e faziam uso do SUS quando necessário,
como direito de cidadão. Tal fato concorda com os achados desse estudo,
embora em menor proporção.
Quanto
ao
tratamento
irregular,
30%
não
fazem
o
acompanhamento regularmente devido à falta de sintomas; 19,5%
referiram dificuldade de acesso, seguidos por 16% que preferem o
acompanhamento
particular/domiciliar;
11,5%
justificaram
a
irregularidade devido à indisponibilidade de tempo ocasionada pela carga
horária exaustiva de trabalho e 5,3% devido às viagens. Motivos
semelhantes para o não seguimento ao tratamento como a ausência de
sintomas (37%); falta de medicamentos (25,4%) e a dificuldade de acesso
aos sistemas de saúde (15,3%) foram destacados por Mascarenhas et al.10.
O acompanhamento ocasional da hipertensão arterial foi relatado
por pacientes, devido à assintomatologia e à cronicidade da doença, o que
aponta para a necessidade de um controle adequado do agravo, pois a
hipertensão descontrolada e prolongada favorece a complicações da
16
doença, aumentando o risco de Acidente Vascular Encefálico, Infarto
Agudo do Miocárdio, insuficiência cardíaca e renal⁹.
A dificuldade de acesso nesse caso ocorre devido aos portadores de
HA trabalharem na área rural, e por isto, referem dificuldades para se
deslocar e fazer o acompanhamento da doença. Apesar disso, de forma
geral, percebe-se que houve melhoria de acesso aos serviços de saúde
com a implantação das ESF nessa área adscrita, assim como a distribuição
gratuita de medicamentos pelos serviços públicos, concordando com
Lucas et al.⁹.
Assim sendo, destacamos a importância de uma análise criteriosa
do grupo hipertensos, a fim de que as tendências de adesão/seguimento
ao tratamento sejam identificadas, para que ações específicas possam ser
planejadas nesse sentido.
Para isso, ações de educação em saúde são necessárias, lembrando
que
estas,
em
pacientes
com
doenças
crônico-degenerativas,
caracterizam-se por ser um processo lento e a adoção de novas
estratégias e métodos de sensibilização auxiliam sua efetiva participação,
como sujeito da ação, permitindo a escolha de uma vida mais saudável¹³.
Para que possa ser viabilizada a adesão ao tratamento, é preciso
possibilitar e incentivar os portadores da patologia para que conheçam
seu perfil e a importância do tratamento, a fim de que sejam
sensibilizados a respeito de suas responsabilidades, principalmente em
relação ao autocuidado, para que juntos, profissionais e pacientes lutem
pela mesma causa, a favor da vida.
Nessa perspectiva, o diálogo deve permear as ações de educação
em saúde, configurando um dos fatores mais importantes para a
efetivação de mudanças, pois incentiva a autonomia nas escolhas dos
17
pacientes, as mudanças de hábitos e a transformação no modo de viver.
Porém, cabe ressaltar, que as adoções de medidas que levam às
mudanças dos costumes e comportamentos, não são consideradas tarefas
fáceis para os hipertensos e devem ser estimuladas possibilitando a
aceitação desse processo, de forma natural¹⁰.
Enquanto profissionais de saúde, ao propormos um tratamento,
devemos permanecer atentos às dificuldades a serem encontradas e
lembrar que a educação em saúde não é mais vista como uma fonte de
informação exclusiva dos profissionais dessa área. O diálogo, nesse caso
pode ser considerado como uma forma apropriada para estimular os
portadores de agravos crônicos a aderirem o tratamento¹⁵.
Para que haja o despertar para o autocuidado, é necessário que as
pessoas percebam suas próprias necessidades e, a partir da identificação
da problemática a ser enfrentada, possam influenciar na reação para a
busca de melhorias da qualidade de vida, permitindo o encontro entre a
saúde e o viver do cotidiano⁷.
Nesse aspecto, a existência de vínculo entre os pacientes e
membros da equipe de saúde, é de real importância nesse processo de
adesão ao tratamento. Para tanto, precisamos compreender os indivíduos,
conhecer as suas condições de vida, ouvir as suas opiniões antes de lhes
impor algo, realizando assim o acolhimento. E atuar mais, incentivando-os
a repensar seus hábitos inadequados de vida e trazê-los para uma
realidade que inclua atitudes saudáveis e preventivas, favorecendo, assim
as ações de promoção à saúde⁶.
Dessa forma, a adesão ao tratamento pode ser facilitada e
minimizada as complicações da patologia que são onerosas aos cofres
18
públicos e ao paciente, reduzindo a morbimortalidade e promovendo a
qualidade de vida¹¹.
19
6 CONCLUSÕES
Ao avaliar as dificuldades de adesão no grupo estudado, foram
identificados que 24% da amostra pesquisada não aderiram ao
tratamento e os principais motivos averiguados foram à mudança de
domicílio (43,7%) e a resistência ao acompanhamento do agravo (30%).
Nesse estudo, foi possível observar que dentre os portadores que
aderiram ao tratamento 46% informaram segui-lo de forma irregular, e os
principais motivos apontados foram a assintomatologia da doença (30%) e
as dificuldades de acesso (19,5%); a identificação destes fatores foi
relevante para o estudo, pois também contribuíram para as dificuldades
de adesão ao tratamento.
Ações de educação em saúde (individuais e coletivas) como
estratégias de sensibilização, associadas ao acolhimento e a formação do
vínculo
entre
equipe/paciente,
são
essenciais
para
estimular
responsabilidades e incentivar o autocuidado. Talvez, dessa forma, maior
autonomia e mudanças de hábitos serão possibilitadas, visto que estas são
tão necessárias para a melhora da adesão dos pacientes ao tratamento e
conseqüente redução das complicações da HAS.
20
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