1 ADRIANA DE MORAES BARBOSA ASCOLI ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – DIFICULDADES E PERSPECTIVAS. Cassilândia – MS 2011 2 ADRIANA DE MORAES BARBOSA ASCOLI ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – DIFICULDADES E PERSPECTIVAS. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação em nível de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador: Prof. Dr. Alessandro Diogo de Carli Cassilândia – MS 2011 3 Sumário 123456- Introdução ............................................................... 4 Objetivo ................................................................... 7 Método .................................................................... 8 Resultados ............................................................... 9 Discussão ................................................................ 11 Conclusões .............................................................. 18 7- Referências .............................................................. 19 4 ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – DIFICULDADES E PERSPECTIVAS Resumo A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença crônica que tem se destacado por causar impoderáveis repercussões ao organismo e a qualidade de vida de seus portadores. Por ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e tratamento são muitas vezes descuidados pelos seus portadores, elevando assim a morbimortalidade desse agravo. O presente estudo objetivou identificar as dificuldades de adesão dos portadores de hipertensão arterial ao programa HIPERDIA, cadastrados na UBSF- Jd. Laranjeiras (Cassilândia, MS). Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, no qual participaram 326 hipertensos cadastrados em uma UBSF. Para tal, foi realizada a coleta de dados através de consultas aos prontuários dos usuários e das fichas de cadastro HIPERDIA, análises dos registros da equipe e entrevistas individuais, compostas por perguntas simples, diretas e de fácil compreensão para avaliar a adesão ao tratamento da HAS. A partir dos resultados encontrados percebeu-se que a falta de adesão dos pacientes ao tratamento da hipertensão arterial ainda atinge níveis moderados, sendo identificada também, uma parcela considerável de indivíduos que seguem o tratamento de forma irregular, contribuindo assim para a elevação do percentual de pessoas com dificuldades na adesão ao tratamento. Para reverter esses fatores identificados, faz-se necessário incrementar ações de educação em saúde, no sentido de sensibilizar os pacientes, auxiliando-os a perceber as suas próprias necessidades, despertando para o autocuidado e nós enquanto profissionais de saúde, devemos estar atentos para as dificuldades encontradas na adesão ao tratamento e estimular os portadores de agravos crônicos a aderirem ao tratamento. Nesse estudo foi possível identificar que as principais dificuldades na adesão ao tratamento dos portadores de hipertensão arterial estão relacionadas às mudanças de domicílio e a resistência ao acompanhamento do agravo. Palavras chave: Adesão ao tratamento, Hipertensão Arterial, Educação em saúde 5 1 INTRODUÇÃO A Hipertensão Arterial ocorre quando a pressão que o sangue exerce na parede das artérias é muito forte, resultando em um valor igual ou maior que 140/90 mmhg¹. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É caracterizada como uma doença crônica, de origem multifatorial, responsável por expressivas taxas de internações, custos elevados com a morbimortalidade e sua evolução compromete a qualidade de vida dos portadores dessa patologia. Apresenta um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por 40% das mortes por acidente vascular cerebral, 25% das mortes por doença arterial coronariana e 50% dos casos de insuficiência renal. No Brasil, existem cerca de 17 milhões de portadores de hipertensão arterial, representando 35% da população acima de 40 anos. A prevalência da doença nos idosos é superior a 60%². A hipertensão causa um elevado impacto social e econômico devido aos afastamentos e aposentadorias precoces, tempo de internação, custo do tratamento, além de altos índices de controle insatisfatórios. Por ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e tratamento é freqüentemente negligenciado, somando-se a isso a baixa adesão, por parte do paciente, ao tratamento prescrito. Apesar dos progressos expressivos da indústria farmacêutica na produção de medicamentos cada vez mais eficazes para o tratamento da hipertensão arterial, associado à adoção de um estilo de vida saudável e dos benefícios comprovados na redução da mortalidade e morbidade relacionadas a 6 eventos cardiovasculares, ainda há um número elevado de indivíduos hipertensos não tratados ou tratados inadequadamente³. A identificação dos fatores que interferem na adesão ao tratamento se inicia no reconhecimento das características dos pacientes como idade, sexo, escolaridade, estado civil, hábitos de vida, culturais e crenças na saúde, podendo também, ser influenciados pelo conhecimento da doença e ausência de sintomatologia³. A hipertensão arterial tem se destacado por causar imponderáveis repercussões ao organismo e à qualidade de vida de seus portadores, sendo influenciados por fatores de risco que estão relacionados ao estilo de vida, como a alimentação não balanceada (hipercalórica, hiperlipídica e com poucas fibras), os vícios do tabagismo e etilismo, complementados pelo sedentarismo⁴. Os profissionais de saúde da atenção primária têm importância primordial nas estratégias de controle da hipertensão arterial, tanto na definição do diagnóstico clínico, quanto na conduta terapêutica e também nos esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso para estimulá-lo a seguir o tratamento⁵. As doenças do aparelho circulatório ocupam o primeiro lugar como causa mais freqüente de óbito no município de Cassilândia (MS), sendo que muitos destes óbitos são decorrentes de quadros de hipertensão arterial não diagnosticado ou inadequadamente tratado. Nesse município, embora o número de internações decorrentes de complicações cardiovasculares na população acima de 40 anos, venha diminuindo na série histórica (tendência decrescente do indicador), 7 observam-se dificuldades em relação à adesão dos pacientes ao sistema de informação. Desse modo, faz-se necessário observar e intervir, uma vez que a HAS é crônica e implica complicações (quando não tratada e acompanhada adequadamente), podendo novamente elevar a frequência das taxas de internações e dos óbitos decorrentes das complicações desse agravo. O objetivo desse estudo foi de identificar as dificuldades de adesão dos portadores de hipertensão arterial ao programa HIPERDIA, cadastrados na UBSF- Jd. Laranjeiras (Cassilândia, MS). 8 2 OBJETIVO 2.1 GERAL Identificar as dificuldades de adesão dos portadores de hipertensão arterial ao programa HIPERDIA, cadastrados na UBSF- Jd. Laranjeiras (Cassilândia, MS). 2.2 ESPECÍFICO Propor ações de educação em saúde para melhorar a adesão ao HIPERDIA, promovendo o autocuidado, hábitos de vida saudáveis e redução das complicações da HAS. 9 3 MÉTODO Foi realizado um estudo exploratório, descritivo, de caráter quantitativo com os portadores de HAS cadastrados no sistema de informação HIPERDIA da UBSF Jd. Laranjeiras, localizado na cidade de Cassilândia-MS. A amostra foi constituída por hipertensos (n=326), os quais representam o total de portadores desta patologia cadastrados nessa área de atuação. A coleta de dados foi realizada no ano de 2010, através de consultas aos prontuários de usuários, análises dos registros da equipe, coletas de informações da ficha de cadastro HIPERDIA e entrevistas individuais, compostas por perguntas simples, diretas e de fácil compreensão para avaliar a adesão ao tratamento da HAS. Os dados obtidos foram tabulados e posteriormente submetidos à análise estatística descritiva. 10 4 RESULTADOS A caracterização sociodemográfica da população estudada está apresentada na Tabela 1. Tabela 1 – Características sociodemográficas dos hipertensos cadastrados na ESF Laranjeiras. Cassilândia – MS, 2010. Faixa etária < 30 anos 40 ǀ--ǀ 49 anos 50 ǀ--ǀ 59 anos 60 ǀ--ǀ 69 anos 70 ǀ--ǀ 79 anos 80 ǀ--ǀ 89 anos 90 ǀ--ǀ 99 anos 100 anos Total Gênero Feminino Masculino Total Escolaridade Analfabeto Alfabetizado 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau completo 3º grau completo Total Situação Conjugal Vive com companheiros e filhos Vive com companheiros e sem filhos Vive com familiares Vive só Total N 31 59 93 79 49 10 04 01 326 % 9,5 18,0 28,5 24,3 15,0 3,1 1,3 0,3 100 189 137 326 58,0 42,0 100 103 39 140 19 17 08 326 31,5 11,9 43,0 6,0 5,2 2,4 100 99 91 88 48 326 30,3 28,0 27,0 14,7 100 Os dados relativos ao tipo de tratamento para a hipertensão e à adesão a este estão dispostos na Tabela 2. A Tabela 3 ilustra os motivos da não adesão e do tratamento irregular, elencados pelos participantes. 11 Tabela 2 – Distribuição dos hipertensos segundo o tipo de tratamento, adesão e formas de adesão. Cassilândia – MS, 2010. Tipos de tratamentos Não medicamentoso Medicamentoso Total Adesão ao tratamento Aderiram Não aderiram Total Formas de tratamento na adesão Tratamento regular Tratamento irregular Total N 16 310 326 % 5,0 95,0 100 246 80 326 76,0 24,0 100 133 113 326 54,0 46,0 100 Tabela 3 – Motivos da não adesão e do tratamento irregular, informados pelos participantes. Cassilândia – MS, 2010. Motivo da não adesão ao tratamento N % Óbito Mudança de domicílio Resistência ao acompanhamento da doença Acompanhamento da doença com médico particular 05 35 24 16 6,3 43,7 30,0 20,0 Total 80 100 Motivos do Tratamento Irregular Dificuldade de acesso Trabalho Preferência por acompanhamento particular/domiciliar Viagens 22 13 18 06 19,5 11,5 16,0 5,3 Total 113 100 12 5 DISCUSSÃO A partir da análise dos dados da Tabela 1, identificou-se que 58% dos participantes pertencem ao gênero feminino e 42% ao masculino. Assim como Mousinho e Moura2 evidenciaram, as mulheres percebem e relatam seus problemas de saúde mais do que os homens e procuram mais as unidades de saúde, daí a maior proporção destas. Quanto à faixa etária, observaram-se algumas variações entre as idades da população pesquisada, prevalecendo à faixa etária entre 50 e 59 anos (28,5%); entre 60 e 69 anos (24,3%); entre 40 e 49 anos (18%) e entre 70 e 79 anos (15%). Resultado similar foi encontrado por Mascarenhas et al.10 em relação à faixa etária dos hipertensos estudados, os quais apresentaram uma média de idade de 58,9 anos, revelando a prevalência de hipertensão arterial nas faixas etárias mais avançadas. Dentre os determinantes sociais de saúde analisados, o nível de escolaridade mostrou-se baixo, sendo que 43% dos indivíduos apresentaram 1º grau incompleto; 31,5% relataram ser analfabetos e 11,9% alfabetizados. Estudo realizado por Plaster⁶ identificou resultado semelhante com 34,5% de analfabetos e 27,5% com o ensino fundamental incompleto. Nesse sentido, Reza e Nogueira⁷ evidenciou predomínio de analfabetos funcionais (não conseguem ler e escrever inteiramente). A baixa escolaridade tem sido apontada como um dos fatores que compromete os níveis de adesão ao tratamento, uma vez que a dificuldade de ler e de seguir as orientações sobre o tratamento leva a pouca interação entre a educação e saúde, podendo interferir na 13 compreensão das orientações da equipe da ESF, o que também é observado em nossa prática diária na ESF. Em relação à situação conjugal, os participantes apresentaram o seguinte perfil: 30,3% têm companheiro e filhos; 28% vivem com companheiro e sem filhos; 27% convivem com familiares e 14,7% vivem sozinhos. Apesar da última variável representar a minoria da amostra, ressalta-se que a falta de apoio domiciliar (ausência de companheiro ou conviveres) interfere nos cuidados com a patologia, contribuindo para a não- adesão ao tratamento⁸, o que foi demonstrado em outro estudo2 que avaliou a situação conjugal de hipertensos: identificou-se que 37,5% eram casados e que o envolvimento de um membro familiar é considerado como facilitador para a adesão ao tratamento. Na Tabela 2, verifica-se que em relação ao tipo de tratamento, 95% fazem uso de medicações e 5% seguem o tratamento não medicamentoso. O tratamento na HAS visa contribuir para o controle dos níveis tensionais, baseando-se em medidas farmacológicas, comportamentais e na ação de equipe multidisciplinar; isso pode ser obtido por meio do uso diário da medicação e pelas mudanças de hábitos de vida (redução da ingestão de sal e do consumo de bebidas alcoólicas, consumo de alimentação saudável, controle do peso, inclusão de práticas de atividades físicas freqüentes e redução do estresse)⁶. O uso de drogas efetivas tem mostrado suas finalidades sobre a redução da morbimortalidade da doença, porém a falta de adesão ao tratamento aparece como uma grande barreira para alcançar a redução⁹, o que confere com os dados encontrados nesse trabalho. A adesão ao tratamento foi identificada em 76% da amostra, enquanto que 24% não aderiram. Em estudo anterior10, mencionou-se que 14 58,7% dos informantes relataram acompanhar o tratamento e 41,3% destes abandonaram o tratamento proposto. Percebe-se que a adesão ao tratamento pode ser influenciada por vários fatores, tais como: condições socioeconômicas, hábitos culturais e de vida, crenças, autoestima, desconhecimento sobre a doença. Dos pacientes que afirmaram seguir o tratamento, 54% admitiram fazê-lo de forma regular, enquanto que 46% informaram estar em tratamento irregular. Sabe-se que para um tratamento adequado da doença, é fundamental obter a adesão continuada dos pacientes às medidas recomendadas para o controle efetivo da pressão arterial. O tratamento de patologias crônicas implica em manutenção contínua e prolongada do agravo (controle da doença), e a não obtenção da cura torna-se como um dos fatores predisponentes para a não adesão ao tratamento¹⁰ ou para a realização deste de forma irregular. Pela análise da Tabela 3, os principais motivos elencados para a não adesão ao tratamento foram relacionados às mudanças de domicílio (43,7%), resistência ao acompanhamento do agravo (30%) e o acompanhamento da doença com médico particular (20%). A não adesão ao tratamento justificada pela mudança de domicílio raramente foi evidenciada em pesquisas, sendo marcante nessa área adscrita devido às precárias características socioeconômicas da população, que geralmente não possui casa própria, ficando dependentes de aluguéis e, portanto apresentando alta rotatividade em relação à habitação. A resistência ao acompanhamento da doença está relacionada ao tempo prolongado da patologia, característico das doenças crônicas, quando a ausência de sintomas leva os indivíduos a acharem que estão curados, pois costuma associar os vários sintomas da HAS à doença, 15 resultando assim em abandono ou em seguimento irregular ao tratamento proposto, o que concorda com o estudo feito por Plaster (2006)⁶. Bossay et al.¹¹ identificaram motivos diferentes dos encontrados nessa pesquisa em relação a não adesão ao tratamento, sendo que: 54% alegaram dificuldade em conseguir medicamentos, 29% esquecimento, 13% acha que já se curou e 4% relataram não seguir o tratamento pelo efeito indesejável da medicação. No estudo de Santos et al.¹², cerca de 61,4% dos portadores de HA possuíam convênio médico particular utilizando este para o acompanhamento da doença e faziam uso do SUS quando necessário, como direito de cidadão. Tal fato concorda com os achados desse estudo, embora em menor proporção. Quanto ao tratamento irregular, 30% não fazem o acompanhamento regularmente devido à falta de sintomas; 19,5% referiram dificuldade de acesso, seguidos por 16% que preferem o acompanhamento particular/domiciliar; 11,5% justificaram a irregularidade devido à indisponibilidade de tempo ocasionada pela carga horária exaustiva de trabalho e 5,3% devido às viagens. Motivos semelhantes para o não seguimento ao tratamento como a ausência de sintomas (37%); falta de medicamentos (25,4%) e a dificuldade de acesso aos sistemas de saúde (15,3%) foram destacados por Mascarenhas et al.10. O acompanhamento ocasional da hipertensão arterial foi relatado por pacientes, devido à assintomatologia e à cronicidade da doença, o que aponta para a necessidade de um controle adequado do agravo, pois a hipertensão descontrolada e prolongada favorece a complicações da 16 doença, aumentando o risco de Acidente Vascular Encefálico, Infarto Agudo do Miocárdio, insuficiência cardíaca e renal⁹. A dificuldade de acesso nesse caso ocorre devido aos portadores de HA trabalharem na área rural, e por isto, referem dificuldades para se deslocar e fazer o acompanhamento da doença. Apesar disso, de forma geral, percebe-se que houve melhoria de acesso aos serviços de saúde com a implantação das ESF nessa área adscrita, assim como a distribuição gratuita de medicamentos pelos serviços públicos, concordando com Lucas et al.⁹. Assim sendo, destacamos a importância de uma análise criteriosa do grupo hipertensos, a fim de que as tendências de adesão/seguimento ao tratamento sejam identificadas, para que ações específicas possam ser planejadas nesse sentido. Para isso, ações de educação em saúde são necessárias, lembrando que estas, em pacientes com doenças crônico-degenerativas, caracterizam-se por ser um processo lento e a adoção de novas estratégias e métodos de sensibilização auxiliam sua efetiva participação, como sujeito da ação, permitindo a escolha de uma vida mais saudável¹³. Para que possa ser viabilizada a adesão ao tratamento, é preciso possibilitar e incentivar os portadores da patologia para que conheçam seu perfil e a importância do tratamento, a fim de que sejam sensibilizados a respeito de suas responsabilidades, principalmente em relação ao autocuidado, para que juntos, profissionais e pacientes lutem pela mesma causa, a favor da vida. Nessa perspectiva, o diálogo deve permear as ações de educação em saúde, configurando um dos fatores mais importantes para a efetivação de mudanças, pois incentiva a autonomia nas escolhas dos 17 pacientes, as mudanças de hábitos e a transformação no modo de viver. Porém, cabe ressaltar, que as adoções de medidas que levam às mudanças dos costumes e comportamentos, não são consideradas tarefas fáceis para os hipertensos e devem ser estimuladas possibilitando a aceitação desse processo, de forma natural¹⁰. Enquanto profissionais de saúde, ao propormos um tratamento, devemos permanecer atentos às dificuldades a serem encontradas e lembrar que a educação em saúde não é mais vista como uma fonte de informação exclusiva dos profissionais dessa área. O diálogo, nesse caso pode ser considerado como uma forma apropriada para estimular os portadores de agravos crônicos a aderirem o tratamento¹⁵. Para que haja o despertar para o autocuidado, é necessário que as pessoas percebam suas próprias necessidades e, a partir da identificação da problemática a ser enfrentada, possam influenciar na reação para a busca de melhorias da qualidade de vida, permitindo o encontro entre a saúde e o viver do cotidiano⁷. Nesse aspecto, a existência de vínculo entre os pacientes e membros da equipe de saúde, é de real importância nesse processo de adesão ao tratamento. Para tanto, precisamos compreender os indivíduos, conhecer as suas condições de vida, ouvir as suas opiniões antes de lhes impor algo, realizando assim o acolhimento. E atuar mais, incentivando-os a repensar seus hábitos inadequados de vida e trazê-los para uma realidade que inclua atitudes saudáveis e preventivas, favorecendo, assim as ações de promoção à saúde⁶. Dessa forma, a adesão ao tratamento pode ser facilitada e minimizada as complicações da patologia que são onerosas aos cofres 18 públicos e ao paciente, reduzindo a morbimortalidade e promovendo a qualidade de vida¹¹. 19 6 CONCLUSÕES Ao avaliar as dificuldades de adesão no grupo estudado, foram identificados que 24% da amostra pesquisada não aderiram ao tratamento e os principais motivos averiguados foram à mudança de domicílio (43,7%) e a resistência ao acompanhamento do agravo (30%). Nesse estudo, foi possível observar que dentre os portadores que aderiram ao tratamento 46% informaram segui-lo de forma irregular, e os principais motivos apontados foram a assintomatologia da doença (30%) e as dificuldades de acesso (19,5%); a identificação destes fatores foi relevante para o estudo, pois também contribuíram para as dificuldades de adesão ao tratamento. Ações de educação em saúde (individuais e coletivas) como estratégias de sensibilização, associadas ao acolhimento e a formação do vínculo entre equipe/paciente, são essenciais para estimular responsabilidades e incentivar o autocuidado. Talvez, dessa forma, maior autonomia e mudanças de hábitos serão possibilitadas, visto que estas são tão necessárias para a melhora da adesão dos pacientes ao tratamento e conseqüente redução das complicações da HAS. 20 7 Referências 1. Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel. Brasil 2009: Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico/Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/vigitel_2009_prelim inar_web_20_8_10.pdf. Acesso em: 15 jan. 2011. 2. Mousinho PLM, Moura MES. Hipertensão Arterial: fatores relacionados à adesão do cliente ao tratamento medicamentoso. Rev. saúde coletiva. n.5 ed. 25 pg. 212-216 nov/dez, 2008. 3. Sarquis LMM et al. Adesão ao tratamento na hipertensão arterial: análise da produção científica. Rev. Esc. Enferm. USP [online]. v.32 n.4 p.335-353, dez.1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080- 62341998000400007&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 12 jan.2011. 4. Silva RCC, Lima EJB, Evangelista RA. Adesão ao tratamento de hipertensão arterial no PSF Alvorada – Equipe 13. Rev. Nuc. Interdisc. pesq. e extens. do UNIPAM. Patos de Minas. n.6 p.118 125, out.2009. Disponível em: <http://www.unipam.edu.br/perquirere/file/file/2009/Adesao_ao_ tratamento_de_hipertensão_arterial.pdf.> Acesso em: 12 jan.2011. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica 21 para o Sistema único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 58p. 6. Plaster W. Adesão ao tratamento da hipertensão arterial por idosos usuários da UBS Princesa Isabel em Cacoal – RO. Goiânia; 2006. Mestrado [Dissertação em Ciências da Saúde] – Programa Multiinstitucional de Pós Graduação em ciências da Saúde, Convênio Rede Centro Oeste (UNB – UFG – UFMS). Disponível em: <http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/3387/1/Dissert%W ilson%plaster.pdf.> Acesso em 20 mar. 2011. 7. Reza CG, Nogueira MS. O estilo de vida de pacientes de um programa de exercícios aeróbicos: Estudo na cidade de Toluca, México. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. Rio de Janeiro. v.12 n.2 p.265 – 70. Jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414- 81452008000200010&script=sci_arttext.>. Acesso em 15 jan. 2011. 8. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddart: Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. cap.29, p. 690-700. 9. Lucas AP, Nativo RO, Silva VA. Percepção dos pacientes com hipertensão arterial em relação à assistência prestada após a implantação do Programa de Saúde da Família – PSF. Rev. Saúde Coletiva. 07 (43) p.223 – 26. Set. 2010. 22 10. Mascarenhas CHM, Oliveira MML, Souza MS. Adesão ao tratamento no grupo de hipertensos do bairro Joaquim Romão – Jequié/BA. Rev. Saúde com. 2 (1). P.30-38, 2006. Disponível em : <http://researchgate.net/publication/26440418_Adeso_ao_tratam ento_no_grupo_de_hipertensoa_do_bairro_Joaquim_Romo_JequiBA.>. Acesso em 22 fev. 2011. 11. Bossay D, Rondon ER, Goldoni F, Oliveira GSM, Vendas JP, Cheade LM, et al. Fatores associados à não adesão ao tratamento da hipertensão arterial. Ensaios e ci., Campo grande. v. 10, n.3, p. 7382. Dez.2006. Disponível em: <http://uniderp.brensaiosciencia/pdf/dez0607.pdf.>. Acesso em: 12 mar. 2011. 12. Santos AJM, Rosa C, Oliveira EL, Almeida JR, Scheider RM, Rocha SSL et al. A não adesão de pacientes hipertensos ao tratamento em UBS. Rev.Inst. Cienc. Saúde. 27 (4). P.330-337, 2009. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/0104-1894/2009/v27n4/a1629.pdf.>. Acesso em 12 jul. 2011. 13. Neto OLM, Castro AM. Promoção da saúde na Atenção Básica. Rev. Bras. Saúde Fam. Ministério da Saúde. Ano IX. p. 6-9. Jan/mar, 2008. 14. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Rev.brasileira de hipertensão. São Paulo. v. 17,n. 1, jan/mar, 2010. Disponível em: <http://scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2010001700001.> Acesso em 20 fev. 2011. 23 15. Souza ERM, Oliveira LC, Malaggi N, Palasson RR. Contribuição da enfermagem na educação em saúde de pacientes hipertensos com enfoque na prevenção da insuficiência renal crônica. Rev. Nursing. 12 (137). p. 471-478, out. 2009. 16. HIPERDIA: banco de dados. Disponível em: <http://hiperdia.datasus.gov.br.>. Acesso em: 10 mar. 2011. 17. Freiria A, Santos ZV, Silva SS, Oliveira CT. O acolhimento na perspectiva da equipe de enfermagem de uma unidade de saúde da família. Rev. Nursing. 13 (146). P. 348-353, jul. 2010.