Panorama da Economia Mundial: uma Análise da Recuperação Americana e suas Fragilidades* A economia global continua apresentando forte dependência do desempenho da economia dos Estados Unidos. Essa opinião é compartilhada não apenas pelos principais analistas da economia mundial, mas também pelos governos americano, japonês e dos principais países da Europa. No último dia 25 de novembro, Paul ONeill, então secretário americano do Tesouro, falando na Confederação da Indústria Britânica, em Manchester (Reino Unido), afirmou que a condição exigida para que os EUA deixassem a situação de único motor da economia mundial seria a expansão da liberdade econômica praticada pelos demais países ao redor do mundo. Certamente, a principal preocupação do Sr. ONeill não está relacionada com o surgimento de novos impulsionadores para a economia global, estando centrada na eliminação das barreiras comerciais e tarifárias, cuja finalidade é o beneficio de seu próprio país. Entretanto, a sua declaração evidencia a constatação de que a economia do mundo ainda é extremamente dependente da economia dos EUA. Após a recessão vivida pela economia americana em 2001, que abalou toda a economia mundial e causou uma retração do comércio internacional, a utilização combinada das políticas monetária e fiscal contribuiu para a recuperação parcial dos EUA ao longo de 2002. Durante o ano de 2001, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) cortou a taxa básica de juros 11 vezes, deixando claro que, na sua visão, a política monetária poderia desempenhar um importante papel * CONJUNTURA& ANTÔNIO NEGROMONTE N. JÚNIOR * PAUL O BAL ANCO ** PAULO BALANCO na recuperação econômica. Enquanto isso, o governo federal foi responsável por uma política fiscal extremamente expansionista, cortando impostos e aumentando os gastos, principalmente os destinados à defesa nacional nos meses seguintes aos atentados terroristas de 11 de setembro. Através dessas medidas, um governo do Partido Republicano conseguiu, em seu primeiro ano, reverter a robustez fiscal conquistada pelo seu antecessor, que era do Partido Democrata. É interessante e curioso lembrar que, pelo menos no discurso, os republicanos foram, em muitos momentos da história recente, defensores do orçamento equilibrado, chegando a propor, em 1994, uma emenda constitucional que obrigava o governo de Washington a atuar estritamente em consonância com aquele critério. Contradições partidário-ideológicas à parte, o importante é que as políticas anticíclicas adotadas em Washington pareciam suficientes para tirar o país da recessão e dar início a um novo ciclo prolongado e consistente de crescimento econômico, em concordância com a teoria proposta por Keynes. Entretanto, alguns acontecimentos trouxeram grande incerteza sobre a economia americana, inibindo principalmente os investidores, tornando a recuperação econômica bastante inconsistente. Esse clima de incerteza teve início com os atentados de 11 de setembro, colocando os EUA na permanente iminência da guerra, e foi aprofundado após a revelação de práticas fraudulentas na contabilidade de grandes empresas do país. Todavia, a incerteza não afetou o comportamento dos consumidores da mesma forma que atingiu os investidores. O consumo privado, juntamente com os gastos do governo, tem garantido a pequena recuperação da economia, enquanto os investimentos privados oscilam bastante, mostrando, sobretudo, que os gastos com instalações foram fortemente contraídos nos últimos quatro trimestres, o que revela que os investidores ainda não estão confiantes em relação à recuperação da economia. Texto apresentado na reunião do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC), da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA. Conj. & Planej., Salvador: SEI, n.104, p.17-21, Jan. 2003 ANTÔNIO NEGROMONTE N. JÚNIOR /PAULO BALANCO 17 PANORAMA DA ECONOMIA MUNDIAL: UMA ANÁLISE DA RECUPERAÇÃO AMERICANA E SUAS FRAGILIDADES CONJUNTURA& 18 Após contrações consecutivas durante os três primeiros trimestres de 2001, o PIB apresentou um crescimento de 2,7% (taxa anualizada) no quarto trimestre daquele ano, dando início à recuperação. Naquele período, os gastos do governo tiveram uma expansão de 10,5% e o consumo privado teve uma expansão de 6%, ambos acima do crescimento médio do PIB. O consumidor foi motivado pelas políticas econômicas, mas, sobretudo, pelos apelos das autoridades governamentais, que tiraram proveito do forte sentimento patriótico presente entre os americanos após os atentados terroristas. Enquanto isso, os investimentos privados registraram uma contração de 17,3%, mostrando que os investidores são bem menos sensíveis a apelos governamentais, estando mais interessados em resultados concretos que lhes possibilitem confiar na recuperação econômica. No trimestre seguinte, o primeiro de 2002, a expansão foi mais expressiva, registrando um crescimento de 5% do PIB e dando a impressão de que a recuperação seria consistente. Entretanto, a maior parte desse crescimento deveu-se à variação de estoques, sendo que os gastos do governo e o consumo privado também colaboraram positivamente, ao contrário da formação bruta de capital fixo, que encolheu por mais um trimestre, fato que vem ocorrendo desde o terceiro trimestre do ano 2000. Portanto, através de uma observação detalhada dos componentes do PIB era possível perceber que a recuperação ainda era frágil, pois os investidores ainda não haviam retomado a confiança. Essa fragilidade da recuperação ficou comprovada no trimestre seguinte (o segundo de 2002), quando o PIB cresceu apenas 1,3%. Mais uma vez, o consumo e a variação de estoques sustentaram o crescimento, enquanto os investimentos em formação bruta de capital fixo continuaram encolhendo. Contudo, é importante observar que o forte crescimento de 28% das Apesar das perdas no mercado de ações, que atingem diretamente uma considerável parcela dos americanos comuns, o consumidor não se intimidou e continuou gastando, comprando principalmente bens duráveis. importações de bens ocorrido naquele trimestre colaborou bastante para que a taxa de expansão do produto fosse tão baixa, sendo responsável por uma redução de 2,74 pontos percentuais na taxa de variação do PIB. O final do segundo trimestre e o início do terceiro foram marcados pela grande quantidade de revelações de fraudes contábeis em grandes empresas americanas, mostrando que o caso da Enron, ocorrido no final de 2001, não se tratava de um fato isolado. Essas revelações derrubaram a confiança em uma sólida recuperação da economia, provocaram grandes perdas no mercado financeiro e trouxeram à tona repetidas comparações entre o que está ocorrendo nos EUA e o que ocorreu no Japão há 13 anos, após o estouro de uma bolha financeira, levantando a possibilidade de que a economia americana entre em um longo período de marasmo econômico, como tem ocorrido com a economia japonesa. Em relação às perdas do mercado financeiro, a OCDE mostrou em relatório recente que o preço das ações ao redor do mundo continuou caindo mesmo quando a maioria dos economistas tinha concluído que o pior já tinha passado. O relatório enfatiza que essa é a primeira vez nos EUA, desde 1912, que o preço das ações cai durante uma recuperação econômica (desde então já ocorreram 18 recuperações da economia). O terceiro trimestre de 2002 foi o pior trimestre de Wall Street dos últimos 15 anos. Apesar das perdas no mercado de ações, que atingem diretamente uma considerável parcela dos americanos comuns, o consumidor não se intimidou e continuou gastando no terceiro trimestre, comprando principalmente bens duráveis. Esse segmento registrou um crescimento de 23,1% no período, refletindo, principalmente, as sólidas vendas da indústria automobilística, que passou a financiar automóveis a taxas de juros praticamente iguais a zero. Portanto, novamente, o consumo sustentou a expansão trimestral daquela economia, desta vez à taxa de 4% no período. Deve-se destacar também no terceiro trimestre o crescimento de 6,6% nos investimentos em máquinas e equipamentos, o que sugere alguma melhora no nível de confiança dos investidores. Entretanto, esse nível de confiança ainda não é suficiente para levá-los a investir em novas plantas ou projetos que envolvam novos espaços físicos, o que ficou demonstrado pela queda de 20,6% dos investimentos em instalações. Essa foi a quarta forte queda consecutiva desse item, ou seja, desde que começou a recuperação econômica, os investidores vêm reduzindo fortemente os seus gastos com instalações. Conj. & Planej., Salvador: SEI, n.104, p.17-21, Jan. 2003 Essa queda colaborou para o oitavo trimestre consecutivo de contração nos investimentos fixos não residenciais. Já os gastos do governo continuaram crescendo nesse terceiro trimestre, com destaque para os gastos militares que foram expandidos em 7,1%, ratificando o perfil militarista do atual governo americano. Desde que o presidente Bush assumiu a Casa Branca, os gastos militares têm registrado consecutivas expansões, sempre com taxas superiores às taxas de variação do PIB1. Diante do exposto, percebe-se como as políticas monetária e fiscal têm desempenhado um papel importante no processo de recuperação da economia dos Estados Unidos. Porém, essa recuperação tem sido bastante inconsistente e apresenta muitas fragilidades, como as consecutivas contrações nos investimentos. As incertezas deixadas pelos ataques terroristas, a revelação de fraudes na contabilidade de grandes empresas e, atualmente, a expectativa de um ataque americano contra o Iraque colaboram para a formação de um quadro fortemente instável. Segundo o último relatório sobre a economia mundial divulgado pela OCDE, essas incertezas só devem diminuir no segundo semestre de 2003 e a expectativa daquele organismo é que somente em 2004 a economia americana terá novamente um crescimento consistente. Um aspecto que tem colaborado para a formação de condições propícias à recuperação da economia é a verificação de grande aumento da produtividade do trabalhador americano. No terceiro trimestre de 2002 este aumento foi de 4%, enquanto nos 12 meses encerrados em setembro o ganho foi de 5,3%. Em nenhum trimestre durante o boom da década de 90 foi constatado crescimento anual tão grande. Apenas em 1971 houve alta maior. Segundo o vice-presidente do Fed, Roger Ferguson, o crescimento forte da produtividade é inequivocamente positivo, pois com mais eficiência é possível elevar lucros e renda do trabalhador, mantendo baixos a inflação e os juros. A produtividade geralmente cresce no início de uma recuperação econômica, mas dessa vez ela está sendo, em média, duas vezes maior do que em recuperações passadas, o que sugere mudanças estruturais, como maior uso de tecnologia e de procedimentos empresariais mais eficientes. Conhecendo todos esses aspectos positivos que têm colaborado com a recuperação, mas ciente das incertezas e fragilidades que a envolve, o Fed decidiu, no início de novembro, cortar ainda mais a taxa básica de juros, fazendo-a recuar de 1,75% para 1,25% ao ano. Esse Conj. & Planej., Salvador: SEI, n.104, p.17-21, Jan. 2003 CONJUNTURA& corte, maior do que o esperado pelo mercado, deixa o Fed com pouca munição para futuras ações, mas pode alterar o comportamento do consumidor e do investidor de maneira mais contundente, restaurando de uma vez a confiança na recuperação da economia. Se a política monetária, pelo seu lado, não deve ter muito mais o que fazer pela recuperação econômica, a política fiscal ganhou fôlego novo com o resultado das eleições legislativas nos EUA que ocorreram no início de novembro. O Partido Republicano do presidente Bush conquistou a maioria nas duas casas do Congresso, o que deve proporcionar ao governo a aprovação de alguns de seus projetos, como a adoção definitiva do corte de impostos, aprovado em 2001, além da garantia de novos cortes de impostos para os investidores2. Os gastos públicos só devem ser contidos em algumas áreas não relacionadas à defesa nacional, pois nessa área o presidente Bush quer toda a liberdade para continuar suas aventuras bélicas pelo mundo. Já existe no país o temor de que o atual déficit orçamentário, relativamente modesto, se transforme em uma questão econômica e política importante, como aconteceu no final dos anos 80 e no começo dos anos 90. Enquanto isso, a Casa Branca afirma que não há argumentos que sustentem o benefício econômico alegado pelos proponentes da responsabilidade fiscal, visto que, segundo a sua formulação, é o crescimento econômico que conduz a uma melhor situação orçamentária e não o oposto. O problema, segundo alguns críticos, é que o governo está conduzindo o país a um déficit mais ou menos permanente, o que causará impactos negativos no longo prazo. Se o objetivo do Fed, ao cortar a taxa de juros, era mudar as expectativas em relação ao futuro da economia, parece que conseguiu, pelo menos em relação aos consumidores. O índice de confiança produzido pela Universidade do Michigan aumentou de 80,6 pontos em outubro para 84,2 pontos em novembro, o primeiro avanço desde maio. Essa tendência também foi apontada pelo índice de confiança do consumidor produzido pelo Conference Board de New York, que aumentou de 79,6 para 84,1 pontos. Esse aumento da confiança sugere que os consumidores ainda conseguirão sustentar por mais algum tempo a recuperação econômica, mas mesmo assim não o suficiente para evitar uma nova desaceleração no quarto trimestre, cujos dados, ainda não divulgados, devem registrar uma pequena expansão do PIB, algo em torno de 1,0% (taxa anualizada) segundo algumas estimativas. O mundo inteiro observa os acontecimentos nos EUA, ANTÔNIO NEGROMONTE N. JÚNIOR /PAULO BALANCO 19 PANORAMA DA ECONOMIA MUNDIAL: UMA ANÁLISE DA RECUPERAÇÃO AMERICANA E SUAS FRAGILIDADES CONJUNTURA& 20 pois o desempenho da economia global depende intimamente do que acontece com a sua principal locomotiva. Entretanto, segundo a OCDE, há divergências estruturais entre as principais economias do mundo e, na sua opinião, as demais não terão capacidade de acompanhar o mesmo ritmo de crescimento que deve ser observado nos Estados Unidos. O Japão está mergulhado em uma crise há mais de dez anos. O país não vislumbra, pelo menos no curto prazo, entrar em um período de crescimento econômico sólido e duradouro. Antes que isso venha a ocorrer, segundo alguns economistas, o país terá que passar por uma série de reformas estruturais, entre as quais a do sistema bancário e a tributária. No entanto, essas reformas não devem ocorrer imediatamente, pois elas enfrentam a resistência de alguns grupos políticos dentro do país. Enquanto isso, o país deve oscilar entre alguns períodos de recessão seguidos por curtos períodos de recuperação. No primeiro trimestre de 2002 deu-se início a mais um desses períodos de recuperação, que encontrou seqüência nos dois trimestres seguintes. O aumento das exportações exerceu um papel fundamental nos dois primeiros trimestres. Já no crescimento de 3% (taxa anualizada) do terceiro trimestre, o destaque ficou por conta da expansão de 3,5% da demanda interna, que refletiu, em sua maior parte, a grande variação de estoques do período. Os investimentos, por sua vez, têm apresentado consecutivas quedas, revelando a baixa confiança dos empresários. Torna-se difícil o aumento dos investimentos enquanto o país não demonstrar capacidade de sair do processo deflacionário, que corrói as margens de lucro das empresas. A Europa também não possui uma situação confortável. O continente foi afetado pela recessão dos Estados Unidos no ano passado, sofrendo uma considerável desaceleração econômica. Em 2000, o PIB da União Européia cresceu O Japão está mergulhado em uma crise há mais de dez anos. O país não vislumbra, pelo menos no curto prazo, entrar em um período de crescimento econômico sólido e duradouro. 3,5%, sendo seguido por um modesto crescimento de 1,6% em 2001. Diferentemente dos EUA, os países da União Européia não podem utilizar livremente as políticas monetária e fiscal para estimular a recuperação da economia. A política fiscal é engessada pela rigidez do Pacto de Estabilidade e Crescimento, firmado quando da criação do euro, que estabelece o limite máximo de 3% do PIB para déficits orçamentários. Romano Prodi, presidente da Comissão Européia, afirmou que a rigidez do pacto é estúpida, pois não considera as realidades econômicas dos países. As duas maiores economias da zona do euro estão ameaçadas de exceder o limite estabelecido, tornando-se sujeitas a sanções. A política monetária, por sua vez, foi abdicada individualmente por cada país da zona do euro para que fosse criada a moeda única. Contudo, o BC europeu poderia estimular o crescimento econômico através da redução da taxa de juros. Mas isso tem ocorrido de forma muito limitada, pois o BC europeu trabalha com a política de meta de inflação, a qual, como se sabe, tem na estabilidade dos preços a sua prioridade absoluta. No dia 7 de novembro último, um dia após o Fed divulgar um corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros americana, o BC europeu se reuniu e decidiu não alterar a taxa de 3,25% de juros. Após a reunião, Win Duisenberg, presidente do BCE, disse que, no encontro, foi discutida exaustivamente a possibilidade de um corte na taxa de juros; porém, eles preferiram deixá-la inalterada3. Segundo Duisenberg, ele está preocupado com o fraco crescimento na área do euro, mas afirmou que o BCE acredita que o estímulo do crescimento econômico não é uma função da política monetária. Essa opinião, certamente, não é compartilhada pelo Fed que, de acordo com o seu estatuto, tem a responsabilidade de promover o crescimento econômico e a geração de empregos enquanto mantém a estabilidade de preços. Diante de tantas dificuldades quanto à utilização de políticas econômicas com a finalidade de promover a expansão da economia, a União Européia deve experimentar um crescimento medíocre em 2002 em torno de 1%. Já os 30 países que fazem parte da OCDE apresentarão um crescimento em torno de 1,5% em 2002. O produto mundial, por sua vez, naquele mesmo ano, segundo previsão do FMI divulgada em setembro, crescerá cerca de 2,8%. Essa taxa é puxada pelos países emergentes, com destaque para China e Índia, que apresentam perspectivas de crescimento, respectivamente, de 7,5% e de 5%. Mas a boa notícia dada a conhecer em 2002 se refere à recuperação do comércio mundial, que deve Conj. & Planej., Salvador: SEI, n.104, p.17-21, Jan. 2003 CONJUNTURA& Tabela 1 PIB dos EUA: Variação Percentual em Relação ao Trimestre Anterior (taxas anualizadas) I 01 II 01 III 01 IV 01 I 02 II 02 III 02 PIB -0,6 -1,6 -0,3 2,7 5 1,3 4 Consumo Pessoal Bens duráveis Bens não-duráveis Serviços 2,4 11,5 2,3 0,6 1,4 5,3 -0,3 1,5 1,5 4,6 1,3 0,9 6 33,6 3,6 2,1 3,1 -6,3 7,9 2,9 1,8 2 -0,1 2,7 4,1 23,1 0,9 2,2 Investimento Investimento fixo Não residencial Instalações Máq. e equip. Residencial Var. de estoques -19,7 -2,2 -5,4 -3,1 -6,3 8,2 - -17,6 -11,1 -14,5 -8,4 -16,7 -0,5 - -5,2 -4,3 -6 2,9 -9,2 0,4 - -17,3 -8,9 -10,9 -30,1 -2,5 -3,5 - 18,2 -0,5 -5,8 -14,2 -2,7 14,2 - 7,9 -1 -2,4 -17,6 3,3 2,7 - 3,1 0,1 -0,7 -20,6 6,6 2,1 - Export. líquidas Exportações Bens Serviços Importações Bens Serviços -6 -6,1 -6 -7,9 -9,2 0,3 -12,4 -16,1 -2,5 -6,8 -9,4 8,5 -17,3 -18,6 -13,9 -11,8 -9,6 -23,2 -9,6 -7,9 -13,8 -5,3 -3,3 -16,5 3,5 -3,4 21,7 8,5 3,7 35,7 14,3 15,9 10,7 22,2 27,9 -2,1 3,3 4,3 1,1 2,3 4,1 -6,1 Gastos do governo Federal Defesa Outros Estadual e local 5,7 9,5 8,3 11,8 3,8 5,6 6 2,7 12 5,4 -1,1 1,2 4,6 -4,5 -2,3 10,5 13,5 14,3 12,1 8,9 5,6 7,4 11,6 0,4 4,6 1,4 7,5 7,8 6,9 -1,7 3,1 4,3 7,1 -0,7 2,4 Fonte: U.S. Department of Commerce ter uma expansão em torno de 2,5%. Essa taxa é comemorada porque no meio do ano chegou-se a cogitar a possibilidade de uma contração no comércio mundial pelo segundo ano consecutivo, o que seria inédito. Em 2003, o comércio mundial, possivelmente, terá um desempenho melhor ainda, podendo expandirse a uma taxa superior a 7%. Os tigres asiáticos, que foram extremamente abalados pela queda do comércio mundial no ano passado, podem voltar a experimentar um novo alento. Notas 1 Há, no final do texto, uma tabela detalhando a variação dos componentes do PIB por trimestre desde o primeiro trimestre de 2001. 2 No dia 7/1/03 o presidente Bush anunciou um polêmico pacote fiscal para estimular a economia americana. O pacote vai custar US$674 bilhões ao longo dos próximos dez anos. Entre as principais medidas estão a eliminação do imposto sobre a distribuição dos dividendos pagos por empresas a seus acionistas e a antecipação para 2003 dos cortes nos impostos de renda previstos para ocorrer entre 2004 e 2010. Os críticos afirmam que o pacote terá um impacto econômico muito pequeno e que ele é, na verdade, uma jogada política do presidente Bush, visando à sua reeleição no final de 2004 e aproveitando a oportunidade para cortar mais impostos dos ricos. O problema é que esse pacote vai aumentar ainda mais o déficit público americano, trazendo sérios prejuízos para a economia no longo prazo, afirmam os críticos. 3 No dia 5/12/2002, o BCE não resistiu à pressão e reduziu as taxas de juros em 0,5 ponto percentual, fixando-as em 2,75% ao ano. Esse foi o primeiro corte desde novembro de 2001. * Antônio Negromonte N. Júnior é estudante de Economia (FCE/UFBA), bolsista do setor de Economia Internacional do NEC. **Paulo Balanco é professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA e responsável pelo setor de economia internacional do NEC. Conj. & Planej., Salvador: SEI, n.104, p.17-21, Jan. 2003 ANTÔNIO NEGROMONTE N. JÚNIOR /PAULO BALANCO 21