COLÉGIO PEDRO II - CAMPUS HUMAITÁ II Disciplina: História Prof. Carla Nascimento, Lívia Farias e Cristiano Campos Material: Resumo - Independência das Treze colônias INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS INGLESAS Em muitos livros didáticos este assunto é chamado de Independência dos Estados Unidos. No entanto, nós estamos falando de Independência das Treze Colônias Inglesas. Por que optamos por falar em Treze Colônias e não em Estados Unidos? Quando as treze colônias se tornaram independentes do Reino Unido (Inglaterra), não existiam os Estados Unidos (o país que nós conhecemos hoje). As Treze Colônias ocupavam uma pequena parte do que é hoje os Estados Unidos. Foi após a Independência que os americanos aumentaram o seu território, através da compra, de anexação e guerras. Com isso queremos mostrar que a formação dos Estados Unidos foi um processo que não ocorreu de uma hora para outra e que ele não “nasceu” do tamanho que é hoje. A Independência foi o ponto de partida principal para a construção do país que conhecemos como Estados Unidos da América. OBS. O Alasca foi comprado em 1867 Colégio Pedro II - Resumo - Independência da Treze Colônias - Página 1 O que precisamos saber para entender como ocorreu Independência das Treze Colônias inglesas? Primeiro vamos fazer uma breve revisão sobre a colonização inglesa na América do Norte. A primeira característica da colonização inglesa é que a Inglaterra não possuiu um projeto colonial organizado como no caso português e espanhol. Quando comparamos a experiência colonial da Inglaterra com a experiência colonial de Portugal, uma das conclusões a que podemos chegar é que os portugueses foram mais organizados e sistemáticos na organização administrativa e política das colônias. Isso significa que os portugueses tinham um controle maior sobre as colônias do que os ingleses tiveram. Quando a Inglaterra iniciou seus contatos iniciais com alguns territórios na América, final do século XVI e no decorrer do XVII, ela estava passando por problemas de disputas entre o Rei e o Parlamento (Revolução Puritana e Gloriosa), além do perigo iminente de uma invasão espanhola. Suas atenções não estavam voltadas de forma tão forte para as Treze Colônias. Decorridos cem anos do início da colonização, caso comparássemos as duas Américas, constataríamos que a ibérica tornou-se muito mais urbana e possuía mais comércio, maior população e produções culturais e artísticas mais “desenvolvidas” que a inglesa. A falta de um efetivo projeto colonial aproximou os EUA de sua independência. As 13 colônias nascem sem a tutela direta do Estado. Por ter sido “fraca”, como veremos adiante, a colonização inglesa deu origem à primeira independência vitoriosa da América. A ocupação da colônia inglesa da América do Norte ocorreu pelos seguintes fatores: I) Fome, pobreza e aumento do custo de vida. Muitas famílias e indivíduos que migraram para a América estavam passando por dificuldades econômicas. Posteriormente, com o processo dos cercamento dos campos (enclousures), houve um aumento daqueles que decidiam reconstruir suas vidas nas colônias, pois não conseguiam se manter as cidades que se industrializavam. Muitos desses foram como “servos temporários”, pessoas que após chegar à América trabalhavam por um período de forma gratuita como forma de pagar as despesas Colégio Pedro II - Resumo - Independência da Treze Colônias - Página 2 daqueles que financiaram o custo do transporte até a colônia. Muitas crianças e órfãos foram raptadas e levadas às colônias, atém de mulheres que eram leiloadas aos colonos como forma de incentivar o povoamento. II) A perseguição religiosa também foi outro motivo. A Inglaterra era caracterizada por uma diversidade religiosa (inúmeras denominações protestantes, além de católicos e anglicanos). Esta diversidade não significava paz, pois em algumas situações grupos religiosos foram perseguidos, como os Quakers, que migraram em grande quantidade para as Colônias na América do Norte. III) O interesse pelo ouro. O interesse da coroa inglês não se diferenciava tanto dos interesses portugueses e espanhóis: o objetivo era encontrar ouro. Em documentos deste período, o governo inglês é enfático ao afirmar que caso seja encontrado ouro ou prata, deve-se ser pago o quinto (imposto cobrado também em Portugal). Quando os norte-americanos encontraram, enfim, ouro na Califórnia e no Alasca, o comportamento dos puritanos não ficou muito distante do dos católicos das Minas Gerais. A cobiça e a violência não parecem muito dependentes da religião ou da suposta “raça”. No entanto, esta experiência inicial de colonização foi um fracasso, em função de problemas como a fome, doenças e também dos frequentes ataques indígenas sobre os colonos, além da falta de apoio do Estado inglês, que por não ter condições de implementar a colonização com recursos próprios, delegou a particulares, como companhias de comércio (Companhia de Londres), nobres ingleses (Carolina do Sul) e demais colonos. Existiram, basicamente, três tipos de colônias: as criadas pelas Companhias de Navegação (Companhias de Londres); as fundadas por um “Senhor Proprietário” em que cidadãos escolhiam seus governadores; e as colônias reais, recebiam uma constituição escrita pelo poder real. De forma geral, as Treze Colônias apresentaram características distintas. Colônias do Norte: Predomínio da pequena propriedade; Trabalho livre; Atividades Manufatureiras; Mercado interno relativamente desenvolvido; Comércio triangular. Colégio Pedro II - Resumo - Independência da Treze Colônias - Página 3 Colônias do Sul: Predomínio do latifúndio; Exportação (Tabaco , índigo e cereais); Trabalho servil e escravo; Pouco desenvolvido quanto às manufaturas; Maior ligação com a Inglaterra. A autonomia das colônias era tanto política quanto econômica: Cada colônia tinha seu estatuto político, desta forma, podiam organizar reuniões para discutir problemas locais, orçamento e equipamento da milícia; poderiam enviar agentes para apresentar petições e pedidos de Londres; e possuíam autonomia relativa em função do tamanho do território e do afastamento entre eles. A autonomia econômica das colônias se refere à liberdade de comércio que elas tinham com outras regiões na América central, África e Europa. Essa situação era diferente das colônias espanholas e portuguesas, que eram proibidas e que sofriam grande controle e fiscalização. Vários livros chamam esta autonomia de “comércio triangular" funcionava da seguinte forma: I) Os ingleses vendiam pescado e cereais para as Antilhas e compravam o melaço para fabricar rum e também compravam açúcar; II) Vendiam rum na África e compravam escravos para vender na América Central; III) Vendiam açúcar na Europa e compravam manufaturados europeus. Vimos até aqui que o tipo de estrutura colonial que o Reino Unido (Inglaterra) construiu na América do Norte possibilitou às colônias terem autonomia (política e econômica) e um certo desenvolvimento econômico. Mas o que aconteceu para que a situação se modificasse e fossem construídas as condições para a independência? A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e a autonomia em risco. A Guerra dos Sete Anos foi entre a Inglaterra e a França. Havia entre estes dois países uma grande rivalidade econômica e colonial na América do Norte (lembrando que os franceses possuíam colônias no Canadá). A guerra envolveu ingleses e colonos que lutaram contra franceses e indígenas. Após sete anos de batalhas, sérios desdobramentos podem ser mencionados para ambos os lados. A França, que saiu como derrotada desta Guerra, perdeu a Índia, o Canadá, terras a oeste das Treze Colônias. A Inglaterra, por mais que tenha sido considerada vitoriosa, sua situação econômica era difícil: a Inglaterra estava com uma enorme dívida; manter o exército para a defesa das fronteiras demanda altos gastos; Colégio Pedro II - Resumo - Independência da Treze Colônias - Página 4 Neste contexto, a política inglesa em relação às Treze Colônias se modificou. O governo inglês decidiu centralizar a administração e reforçar o monopólio comercial colonial. Os objetivos foram: organizar a administração das colônias para elas se tornassem mais lucrativas e impedir o desenvolvimento de indústrias nas colônias. No quadro abaixo estão, por ordem cronológica, diversas leis que o governo inglês impôs às colônias. Estas leis obrigaram os colonos a pagarem impostos sobre vários dos produtos ou atividades que eram praticadas na colônias. Lembrem-se: o objetivo era que os ingleses aumentassem a arrecadação e conseguissem sanar suas dívidas. Lei do Açúcar (1764) e Lei do Selo (1765) - foram boicotados e abolidos Lei do Aquartelamento (1765) - Exigia dos colonos alojamento e transporte para as tropas enviadas à colônia; Atos de Townshend (1767) - Impostos sobre as importações de produtos básicos (chá, vidro, papel, tinta, chumbo) - Foram boicotados e abolidos Lei do Chá (1773) - Monopólio deste produto a Companhia das Índias Orientais - Como represália foi feita a chamada Boston Tea Party Leis Intoleráveis (1774) - Obrigava os colonos a sustentar as tropas inglesas residentes na colônia; - Impedia manifestações públicas; Ato de Quebec (1774) - Proibiu as colônias a ocupação de terras a oeste - Prejudicou a "fome de terras", desejo de ocupar os Apalaches e o Mississipi. Como vocês podem observar, os colonos não aceitaram os impostos e fizeram protestos e boicotes contra diversas leis, como contra as Leis do Açúcar, do Selo, de Townshend. O caso mais emblemático foram os protestos contra a Lei do Chá. Colonos de Boston fizeram um ato de protesto em que, vestidos de indígenas, invadiram navios ingleses, da Companhia das Índias Orientais, que eram responsáveis pela venda (tinham o monopólio), e jogaram os produtos ao mar. Como reação, os ingleses decretaram as Leis Intoleráveis, que permitiam a repressão de quaisquer Colégio Pedro II - Resumo - Independência da Treze Colônias - Página 5 manifestações. Além disso, tropas inglesas desembarcaram em Boston e ocuparam a cidade. O governador também foi destituído. Entre as colônias que se mobilizavam contra as políticas do governo inglês, podemos ressaltar duas: Boston e Filadélfia. Estas duas foram importantes “centros do iluminismo”, no sentido de serem publicadas diversos livros de pensadores iluministas e de existirem sociedades secretas em que seus membros realizavam discussões e estudos das ideias políticas do iluminismo, como a Sociedade Filosófica Americana, fundada por Benjamin Franklin. A presença das ideias iluministas levaram os colonos a questionar a política inglesa que naquele momento estava sendo opressiva e restringia liberdade política e comercial dos colonos. No entanto, é importante ressaltar que os colonos ingleses não decidiram se tornar independentes da Inglaterra. Muitos reivindicaram, em diversas tentativas, que o Parlamento inglês permitisse que os colonos tivessem assento e poder de decisão juntos aos ingleses. Mas estas reivindicações não foram aceitas. Em 1774 foi organizado o Primeiro Congresso da Filadélfia. Neste os colonos enviaram uma petição ao rei e ao parlamento britânico para que as leis fossem revogadas. Mas não obtiveram o resultado que queriam. Em abril de 1775 tropas britânicas se confrontaram com colonos. Essas batalhas deram início à Guerra de Independência das Treze Colônias. Em maio deste mesmo ano, teve início o Segundo Congresso da Filadelfia. Diferente do primeiro, este já teve um caráter separatista. Os colonos organizaram formas militares, sob o comando de George Washington e começaram a se preparar para a guerra. Após alguns meses e percebendo que a situar não iria se reverter e que o governo britânico iria manter a política de centralização administrativa, os colonos publicaram a Declaração de Independência (4 de julho de 1776), documento que marca o dia da independência. Entre 1776 e 1781 as Treze Colônias entraram em Guerra com o Reino Unido (Inglaterra), tendo o apoio da França e da Espanha. Em 1873 foi assinado o Tratado de paz com a Grã-Bretanha. Colégio Pedro II - Resumo - Independência da Treze Colônias - Página 6