2016 - Aula 06 - Independência dos Estados Unidos

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COLÉGIO PEDRO II - CAMPUS HUMAITÁ II
Disciplina: História
Prof. Carla Nascimento, Lívia Farias e Cristiano Campos
Material: Resumo - Independência das Treze colônias
INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS INGLESAS
Em muitos livros didáticos este assunto é chamado de Independência dos
Estados Unidos. No entanto, nós estamos falando de Independência das Treze
Colônias Inglesas. Por que optamos por falar em Treze Colônias e não em Estados
Unidos?
Quando as treze colônias se tornaram independentes do Reino Unido
(Inglaterra), não existiam os Estados Unidos (o país que nós conhecemos hoje). As
Treze Colônias ocupavam uma pequena parte do que é hoje os Estados Unidos. Foi
após a Independência que os americanos aumentaram o seu território, através da
compra, de anexação e guerras.
Com isso queremos mostrar que a formação dos Estados Unidos foi um
processo que não ocorreu de uma hora para outra e que ele não “nasceu” do
tamanho que é hoje. A Independência foi o ponto de partida principal para a
construção do país que conhecemos como Estados Unidos da América.
OBS. O Alasca foi
comprado em
1867
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O que precisamos saber para entender como ocorreu Independência das
Treze Colônias inglesas?
Primeiro vamos fazer uma breve revisão sobre a colonização inglesa na
América do Norte.
A primeira característica da colonização inglesa é que a Inglaterra não possuiu
um projeto colonial organizado como no caso português e espanhol. Quando
comparamos a experiência colonial da Inglaterra com a experiência colonial de
Portugal, uma das conclusões a que podemos chegar é que os portugueses foram
mais organizados e sistemáticos na organização administrativa e política das
colônias. Isso significa que os portugueses tinham um controle maior sobre as
colônias do que os ingleses tiveram.
Quando a Inglaterra iniciou seus contatos iniciais com alguns territórios na
América, final do século XVI e no decorrer do XVII, ela estava passando por
problemas de disputas entre o Rei e o Parlamento (Revolução Puritana e Gloriosa),
além do perigo iminente de uma invasão espanhola. Suas atenções não estavam
voltadas de forma tão forte para as Treze Colônias.
Decorridos cem anos do início da colonização, caso comparássemos as duas
Américas, constataríamos que a ibérica tornou-se muito mais urbana e possuía mais
comércio, maior população e produções culturais e artísticas mais “desenvolvidas”
que a inglesa.
A falta de um efetivo projeto colonial aproximou os EUA de sua
independência. As 13 colônias nascem sem a tutela direta do Estado. Por ter sido
“fraca”, como veremos adiante, a colonização inglesa deu origem à primeira
independência vitoriosa da América.
A ocupação da colônia inglesa da América do Norte ocorreu pelos
seguintes fatores:
I) Fome, pobreza e aumento do custo de vida. Muitas famílias e indivíduos que
migraram para a América estavam passando por dificuldades econômicas.
Posteriormente, com o processo dos cercamento dos campos (enclousures),
houve um aumento daqueles que decidiam reconstruir suas vidas nas colônias,
pois não conseguiam se manter as cidades que se industrializavam. Muitos
desses foram como “servos temporários”, pessoas que após chegar à América
trabalhavam por um período de forma gratuita como forma de pagar as despesas
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daqueles que financiaram o custo do transporte até a colônia. Muitas crianças e
órfãos foram raptadas e levadas às colônias, atém de mulheres que eram
leiloadas aos colonos como forma de incentivar o povoamento.
II) A perseguição religiosa também foi outro motivo. A Inglaterra era
caracterizada por uma diversidade religiosa (inúmeras denominações
protestantes, além de católicos e anglicanos). Esta diversidade não significava
paz, pois em algumas situações grupos religiosos foram perseguidos, como os
Quakers, que migraram em grande quantidade para as Colônias na América do
Norte.
III) O interesse pelo ouro. O interesse da coroa inglês não se diferenciava tanto dos
interesses portugueses e espanhóis: o objetivo era encontrar ouro. Em
documentos deste período, o governo inglês é enfático ao afirmar que caso seja
encontrado ouro ou prata, deve-se ser pago o quinto (imposto cobrado também
em Portugal). Quando os norte-americanos encontraram, enfim, ouro na
Califórnia e no Alasca, o comportamento dos puritanos não ficou muito distante
do dos católicos das Minas Gerais. A cobiça e a violência não parecem muito
dependentes da religião ou da suposta “raça”.
No entanto, esta experiência inicial de colonização foi um fracasso, em função
de problemas como a fome, doenças e também dos frequentes ataques indígenas
sobre os colonos, além da falta de apoio do Estado inglês, que por não ter condições
de implementar a colonização com recursos próprios, delegou a particulares, como
companhias de comércio (Companhia de Londres), nobres ingleses (Carolina do
Sul) e demais colonos.
Existiram, basicamente, três tipos de colônias: as criadas pelas Companhias de
Navegação (Companhias de Londres); as fundadas por um “Senhor Proprietário” em
que cidadãos escolhiam seus governadores; e as colônias reais, recebiam uma
constituição escrita pelo poder real.
De forma geral, as Treze Colônias apresentaram características distintas.
Colônias do Norte: Predomínio da pequena propriedade; Trabalho livre;
Atividades Manufatureiras; Mercado interno relativamente desenvolvido; Comércio
triangular.
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Colônias do Sul: Predomínio do latifúndio; Exportação (Tabaco , índigo e
cereais); Trabalho servil e escravo; Pouco desenvolvido quanto às manufaturas;
Maior ligação com a Inglaterra.
A autonomia das colônias era tanto política quanto econômica:
Cada colônia tinha seu estatuto político, desta forma, podiam organizar
reuniões para discutir problemas locais, orçamento e equipamento da milícia;
poderiam enviar agentes para apresentar petições e pedidos de Londres; e
possuíam autonomia relativa em função do tamanho do território e do afastamento
entre eles.
A autonomia econômica das colônias se refere à liberdade de comércio que
elas tinham com outras regiões na América central, África e Europa. Essa situação
era diferente das colônias espanholas e portuguesas, que eram proibidas e que
sofriam grande controle e fiscalização.
Vários livros chamam esta autonomia de “comércio triangular" funcionava da
seguinte forma: I) Os ingleses vendiam pescado e cereais para as Antilhas e
compravam o melaço para fabricar rum e também compravam açúcar; II) Vendiam
rum na África e compravam escravos para vender na América Central; III) Vendiam
açúcar na Europa e compravam manufaturados europeus.
Vimos até aqui que o tipo de estrutura colonial que o Reino Unido (Inglaterra)
construiu na América do Norte possibilitou às colônias terem autonomia (política e
econômica) e um certo desenvolvimento econômico. Mas o que aconteceu para que
a situação se modificasse e fossem construídas as condições para a independência?
A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e a autonomia em risco.
A Guerra dos Sete Anos foi entre a Inglaterra e a França. Havia entre estes
dois países uma grande rivalidade econômica e colonial na América do Norte
(lembrando que os franceses possuíam
colônias no Canadá). A guerra envolveu
ingleses e colonos que lutaram contra franceses e indígenas.
Após sete anos de batalhas, sérios desdobramentos podem ser mencionados
para ambos os lados. A França, que saiu como derrotada desta Guerra, perdeu a
Índia, o Canadá, terras a oeste das Treze Colônias. A Inglaterra, por mais que tenha
sido considerada vitoriosa, sua situação econômica era difícil: a Inglaterra estava
com uma enorme dívida; manter o exército para a defesa das fronteiras demanda
altos gastos;
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Neste contexto, a política inglesa em relação às Treze Colônias se modificou. O
governo inglês decidiu centralizar a administração e reforçar o monopólio
comercial colonial. Os objetivos foram: organizar a administração das colônias para
elas se tornassem mais lucrativas e impedir o desenvolvimento de indústrias nas
colônias.
No quadro abaixo estão, por ordem cronológica, diversas leis que o governo
inglês impôs às colônias. Estas leis obrigaram os colonos a pagarem impostos sobre
vários dos produtos ou atividades que eram praticadas na colônias. Lembrem-se: o
objetivo era que os ingleses aumentassem a arrecadação e conseguissem sanar suas
dívidas.
Lei do Açúcar (1764) e Lei do Selo (1765)
- foram boicotados e abolidos
Lei do Aquartelamento (1765)
- Exigia dos colonos alojamento e transporte para as tropas enviadas à colônia;
Atos de Townshend (1767)
- Impostos sobre as importações de produtos básicos (chá, vidro, papel, tinta, chumbo)
- Foram boicotados e abolidos
Lei do Chá (1773)
- Monopólio deste produto a Companhia das Índias Orientais
- Como represália foi feita a chamada Boston Tea Party
Leis Intoleráveis (1774)
- Obrigava os colonos a sustentar as tropas inglesas residentes na colônia;
- Impedia manifestações públicas;
Ato de Quebec (1774)
- Proibiu as colônias a ocupação de terras a oeste
- Prejudicou a "fome de terras", desejo de ocupar os Apalaches e o Mississipi.
Como vocês podem observar, os colonos não aceitaram os impostos e fizeram
protestos e boicotes contra diversas leis, como contra as Leis do Açúcar, do Selo, de
Townshend.
O caso mais emblemático foram os protestos contra a Lei do Chá. Colonos de
Boston fizeram um ato de protesto em que, vestidos de indígenas, invadiram navios
ingleses, da Companhia das Índias Orientais, que eram responsáveis pela venda
(tinham o monopólio), e jogaram os produtos ao mar. Como reação, os ingleses
decretaram as Leis Intoleráveis, que permitiam a repressão de quaisquer
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manifestações. Além disso, tropas inglesas desembarcaram em Boston e ocuparam
a cidade. O governador também foi destituído.
Entre as colônias que se mobilizavam contra as políticas do governo inglês,
podemos ressaltar duas: Boston e Filadélfia. Estas duas foram importantes “centros
do iluminismo”, no sentido de serem publicadas diversos livros de pensadores
iluministas e de existirem sociedades secretas em que seus membros realizavam
discussões e estudos das ideias políticas do iluminismo, como a Sociedade Filosófica
Americana, fundada por Benjamin Franklin.
A presença das ideias iluministas levaram os colonos a questionar a política
inglesa que naquele momento estava sendo opressiva e restringia liberdade política
e comercial dos colonos.
No entanto, é importante ressaltar que os colonos ingleses não decidiram se
tornar independentes da Inglaterra. Muitos reivindicaram, em diversas tentativas,
que o Parlamento inglês permitisse que os colonos tivessem assento e poder de
decisão juntos aos ingleses. Mas estas reivindicações não foram aceitas.
Em 1774 foi organizado o Primeiro Congresso da Filadélfia. Neste os colonos
enviaram uma petição ao rei e ao parlamento britânico para que as leis fossem
revogadas. Mas não obtiveram o resultado que queriam.
Em abril de 1775 tropas britânicas se confrontaram com colonos. Essas
batalhas deram início à Guerra de Independência das Treze Colônias. Em maio
deste mesmo ano, teve início o Segundo Congresso da Filadelfia. Diferente do
primeiro, este já teve um caráter separatista. Os colonos organizaram formas
militares, sob o comando de George Washington e começaram a se preparar para a
guerra.
Após alguns meses e percebendo que a situar não iria se reverter e que o
governo britânico iria manter a política de centralização administrativa, os colonos
publicaram a Declaração de Independência (4 de julho de 1776), documento que
marca o dia da independência.
Entre 1776 e 1781 as Treze Colônias entraram em Guerra com o Reino Unido
(Inglaterra), tendo o apoio da França e da Espanha. Em 1873 foi assinado o Tratado
de paz com a Grã-Bretanha.
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