Após oito mulheres confessarem ser “donas” dos répteis

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Após oito mulheres confessarem ser “donas” dos répteis
Escrito por António Marínguè
Segunda, 16 Fevereiro 2009 12:00 -
Habitantes de Malingapansi livres de ataques de crocodilos mágicos
Os habitantes de Malingapansi, posto administrativo que dista cerca de 62 quilómetros da vila
de Marromeu, em Sofala, estão desde há algum tempo a esta parte livres de ataques de
crocodilos, supostamente mágicos, que pululavam no rio Céu, um dos “braços” do rio
Zambeze, em virtude de oito mulheres terem confessado ser donas dos répteis, às autoridades
administrativas locais.
“Já acabámos com esses actos, na sequência dos encontros que mantivemos com as
comunidades, donde saíram oito mulheres que confessaram possuírem crocodilos mágicos,
que matavam pessoas para trabalharem nas machambas, e que superavam a produção,
comparativamente às outras pessoas sem esse poder supernatural” – contou o chefe do posto
administrativo de Malingapansi, região que possui 4.575 habitantes.
Raposo explicou que as mulheres mandavam, de forma mágica, os crocodilos para atacar as
pessoas, e as vítimas visadas, quando se dirigissem ao banho ou à pesca, no rio Céu, perdiam
a vida. Houve casos que, felizmente resultaram somente em ferimentos.
Sem mencionar os nomes das mulheres em referência, o nosso interlocutor disse que antes as
pessoas não pescavam, nem iam buscar água e tomar banho no rio Céu mas, depois de
resolvido o problema, já reina o sossego e as pessoas já se regozijam, porque este curso
natural de água já não constitui perigo para as suas vidas.
Pelas contas feitas e segundo os registos oficiais, devido a ataques de crocodilos, num ano
morreram oito pessoas, cinco das quais adultas e as restantes três jovens. Quatro das vítimas
são mulheres, que deixaram igual número de bebés, agora ao cuidado das autoridades
administrativas de Malingapansi, que providenciam leite e papas enriquecidas.
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Escrito por António Marínguè
Segunda, 16 Fevereiro 2009 12:00 -
Segundo a fonte, a questão de ataques de pessoas por crocodilos constituía um “alcanhares
de Aquiles” para os habitantes de Malingapansi. Acontecia que nessa região as famílias nunca
iam aos cemitérios para sepultar os seus entes queridos, porque os corpos desapareciam nas
águas do rio Céu.
“Mas depois deste ganho que tivemos, as pessoas já respiram de alívio, registam-se mortes
por doenças, mas de forma esporádica. Estamos num à vontade e eu próprio navego de canoa
livremente, facto que não se experimentava antes, quero dizer, nos primeiros meses da minha
chegada a Malingapansi” – afirmou Raposo, explicando que “antes inteirei-me da tradição local
e as comunidades explicaram-me que havia um problema que durava há séculos e daí reuni
com as várias comunidades, em que acabaram por aparecer aquelas mulheres confessas”.
Outro conflito homem-animal em Malingapansi envolve búfalos da Reserva Especial de
Marromeu.
No ano passado, uma criança foi atacada, tendo contraído inúmeros ferimentos. “Esses
animais inquietam também, mas o mais grave eram os crocodilos” – anotou Raposo a terminar.
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