6729 - UFRB

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Meningoencefalite granulomatosa por Halicephalobus gingivalis em
equinos
Hemckmeier, D., Borelli, V., Emmerich, T., Ogliari, D., Galindo, C. M., Traverso, S. D., Gava A.
Autor correspondente: [email protected] (Hemckmeier, D.). Laboratório de Patologia Animal,
UDESC, Centro de Ciências Agroveterinárias, Av. Luiz de Camões, 2090, Conta Dinheiro, Lages, SC, CEP: 88.520000.
PALAVRAS CHAVE: Doenças do sistema nervoso, Nematóides, Equinos.
INTRODUÇÃO: O Halicephalobus gingivalis é um nematóide rabditiforme de vida livre, encontrado no solo e em
material em decomposição [2]. Ocasionalmente infecta equinos e humanos [5] causando lesões granulomatosas
no sistema nervoso central, rins e ossos [1, 3]. O ciclo de vida, a patogênese e a rota de infecção são pouco
compreendidas. No entanto, foi proposto que os animais são infectados por via hematógena, em que as larvas
penetram a pele e membranas de mucosas com subseqüente invasão para os vasos sanguíneos [4]. Doença
neurológica associada a H. gingivalis em equinos foram relatas em várias regiões do mundo [1, 2, 3]. No Brasil, foi
descrita somente no Estado de São Paulo por Vasconcelos et al [7] em 2007 e em Goiás por Sant’Ana et al [6] em
2012. Os sinais clínicos descritos foram andar em círculo e paralisia do lado direito [7], cegueira, nistagmo,
ataxia, incoordenação, movimentos de pedalagem e decúbito [6]. Na microscopia as lesões se caracterizaram por
meningoencefalite granulomatosa multifocal, associados a nematódeos rabditiformes intralesionais, afetando
principalmente a região do cerebelo [6]. O objetivo deste trabalho é relatar dois casos de meningoencefalite
granulomatosa por Halicephalobus gingivalis em equinos no Estado de Santa Catarina.
MATERIAIS E MÉTODOS: Os dados epidemiológicos e clínicos da enfermidade foram obtidos com o proprietário
e com médico veterinário responsável mediante a visita as propriedades. Dois equinos com sintomatologia
nervosa foram avaliados clinicamente e posteriormente eutanasiados. Logo após a morte, foram necropsiados,
amostras de tecidos de sistema nervoso central, medula espinhal, fígado, rim, coração, pulmão, baço e linfonodos
foram coletadas, fixadas em formol a 10% por 48 horas e processadas rotineiramente para exame histológico no
Laboratório de Patologia Animal da Universidade do Estado de Santa Catarina.
RESULTADOS: Uma doença em equinos com sintomatologia nervosa foi observada em duas propriedades
vizinhas no município de Pouso Redondo no Estado de Santa Catarina. O primeiro caso ocorreu em fevereiro de
2011, em um eqüino (1) macho, 20 anos e o segundo caso em um eqüino (2), fêmea, oito anos de idade, em
setembro de 2013. Nos dois casos acompanhados os animais eram utilizados para tração de carroça,
permaneciam em campo nativo e esporadicamente recebiam suplementação com milho. Os sinais clínicos
observados no animal (1) foram dismetria, andar em círculos, apoiava a cabeça ou o corpo em obstáculos,
cegueira no olho direito, ptose labial e palpebral direita. No animal (2) observou-se andar cambaleante,
dificuldade de permanecer em estação, quedas freqüentes principalmente quando estimulado a se movimentar,
sudorese intensa e evolução para decúbito permanente. Os animais foram submetidos à eutanásia com evolução
clinica de seis e quatro dias respectivamente. Lesões macroscópicas foram observadas somente no eqüino (2), as
quais consistiram de discretas áreas amareladas de 0,2 a 0,5 cm na região do tronco encefálico. Na microscopia
no eqüino (1) observou-se na região da ponte, infiltrado de linfócitos, macrófagos e células gigantes, multifocal e
acentuado no neuropio e na meninge, infiltrado perivascular constituído por linfócitos, macrófagos e alguns
eosinófilos. No animal (2) as lesões foram observadas no cerebelo, onde além de infiltrado de linfócitos,
macrófagos e células gigantes, também foram visualizadas inúmeros ovos de parasitas, nematóides adultos
alguns com calcificação e larvas em diferentes estágios, circundados por macrófagos espumosos e células
gigantes. Demais órgão ausência de lesões.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O diagnóstico de meningoencefalite granulomatosa por H. gingivalis foi realizado
através dos sinais clínicos e principalmente através das lesões microscópicas. A manifestação aguda da doença,
os sinais clínicos neurológicos e as lesões microscópicas observadas neste relato são compatíveis com outras
descrições de infecção por H. gingivalis no sistema nervoso central de equinos [1, 2, 3, 6, 7]. Na microscopia, ovos
e larvas de nematóides foram observados apenas em um dos equinos acompanhados, no entanto, devido à
proximidade das duas propriedades, a similaridade dos sinais clínicos, o período de evolução e ao infiltrado
inflamatório granulomatoso no sistema nervoso central permitiram a realização do diagnóstico. Outros
nematóides que podem migrar para o sistema nervoso central de equinos devem ser levados em consideração
para realização do diagnóstico diferencial, como os Strongylus sp., Parelaphostrongylus sp. e Setaria digitata [2].
A diferenciação entre eles pode ser realizada com base na localização, gravidade das lesões e morfologia do
parasita. Neste relato, as localizações das lesões foram restritas a região do tronco encefálico e ao cerebelo,
sendo compatíveis com as descrições de outros autores [2, 6]. As características morfológicas do H. gengivalis se
caracterizam por um esôfago rabditiforme, ovário grande e uma cauda pontiaguda [2]. Este é o primeiro relato
de infecção por H. gingivalis no Estado de Santa Catarina. Apesar da infecção por H. gingivalis ser uma doença de
baixa ocorrência, a realização do diagnóstico definitivo é relevante, visto a ocorrência de dois casos na mesma
região de Santa Catarina e a importância para a saúde publica por se tratar de uma zoonose.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. Bröjer, JT. et al. Halicephalobus gingivalis encephalomyelitis in a horse. Can. Vet. J.41:559, 2000.
2. Hermosilla, C. et al. Fatal equine meningoencephalitis in the United Kingdom caused by the
panagrolaimid nematode Halicephalobus gingivalis: Case report and review of the literature. Equine Vet.
J. 43:759-63, 2011.
3. Kinde, H. et al. Halicephalobus gingivalis (H. deletrix) infection in two horses in southern California. J. Vet.
Diagn. Invest.12:162-5. 2000.
4. Mc. Gavin, M. D., Zachary, J. F. Bases da Patologia em Veterinária - 5ª Ed. Elsevier. 2013. 1324p.
5. Ondrejka, S.L. et al. Fatal parasitic meningoencephalomyelitis caused by Halicephalobus deletrix. Arch.
Pathol. Lab. Med. 134:625-629, 2010.
6. Sant’Ana, et al. Granulomatous meningoencephalitis due to Halicephalobus gingivalis in a horse. Braz. J.
Vet. Pathol. 5(1): 12-15, 2012.
7. Vasconcelos, R.O. et al. Halicephalobus gingivalis (H.deletrix) in the brain of a horse. Ciência Rural.
37:1185-7, 2007.
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