Motivos para iniciar a TAR A TAR é altamente eficaz O tratamento antirretroviral eficaz está disponível nos países desenvolvidos desde 1996. Esta terapêutica tem demonstrado conduzir a enormes reduções do número de mortes e complicações associadas à infeção pelo VIH.1 No início da década de 90, os doentes esgotavam rapidamente as opções terapêuticas, visto estarem disponíveis menos medicamentos. Esse já não é o caso. Atualmente, é possível à maioria das pessoas iniciar a terapêutica com uma combinação de medicamentos que tenha o potencial, se tomada corretamente, para ser eficaz.2 Existe um elevado número de medicamentos alternativos que podem ser tomados, no caso de a terapêutica inicial não ser eficaz, quer devido aos efeitos secundários, quer devido à resistência.3 Iniciar a TAR Já não se aconselha o adiamento do início da toma da TAR (tal como recomendado pelas atuais linhas orientadoras) por receio de se “esgotar as opções”.1 São muitas as combinações terapêuticas disponíveis hoje em dia.2 Os regimes terapêuticos podem ser adaptados, até certo ponto, às necessidades de cada doente, incluindo a escolha de uma terapêutica que se consiga tolerar e que se considere relativamente fácil de tomar. Numa avaliação de 387 doentes, conduzida entre 2004 e 2005, estimava-se que a proporção de pessoas que morriam por terem esgotado as opções terapêuticas era de cerca de 3%.3 Algumas pessoas que estejam prestes a iniciar a TAR podem estar preocupadas com possíveis dificuldades na toma da medicação, como a possibilidade de esta interferir com atividades diárias, como o trabalho, socialização, alimentação e sono 4. Para quem tomava as primeiras combinações terapêuticas, há mais de uma década, não era raro ter de se tomar uma mão cheia de comprimidos diariamente, quatro a cinco vezes por dia. Graças aos avanços consideráveis no desenvolvimento dos medicamentos, esse já não é o caso. Atualmente existem várias combinações terapêuticas simples, incluindo co formulações de toma única que reúnem três ou mais componentes das combinações terapêuticas. Alguns médicos recomendam que, em algumas circunstâncias, as pessoas recém-infetadas com VIH iniciem imediatamente a TAR. O objetivo é proteger algumas respostas imunes que geralmente se perdem logo após a infeção.1 As linhas orientadoras nacionais fazem fortes recomendações sobre o melhor momento para iniciar a TAR. Estas discussões devem sempre ser tidas entre os profissionais de saúde e o doente, para que a decisão seja tomada por ambos e feita com confiança e apoio. Tomar a TAR tal como prescrita é a melhor forma de se conseguir uma resposta duradoura contra o vírus e manter-se vivo e saudável.4,5 Diagnóstico tardio Neste momento, há evidência substancial de que existe uma menor probabilidade de se morrer devido à infeção pelo VIH se o diagnostico é precoce (com contagem CD4 > 350) e se se iniciar a TAR nesse momento.1 Nesses valores o sistema imunitário ainda está a funcionar relativamente bem.2 Também há evidência que demonstra existir uma maior probabilidade de se atingir uma contagem de células CD4 “normal” sob TAR se se iniciar o tratamento com uma contagem mais elevada (superior a 350 CD4/mm3). As pessoas com contagem baixa de células CD4 poderão ver o seu sistema imunitário regressar a níveis normais, mas tal poderá levar muitos anos.3 VIH e cancro As pessoas que vivem com VIH têm uma maior probabilidade de desenvolver alguns tipos de cancros, sobretudo se não estiverem sob TAR e se tiverem um sistema imunitário danificado. Houve uma diminuição num grande número de cancros associados à infeção pelo VIH, mas também um aumento do número de cancros não relacionados com SIDA, mesmo após a introdução da TAR. É possível que o tempo passado com uma elevada carga viral e contagem baixa de células CD4 antes do início da terapêutica, bem como o tempo passado com uma contagem baixa de células CD4 durante a toma da TAR, possa aumentar o risco de se desenvolver cancro [1], pelo que este é mais um motivo para iniciar a TAR mais cedo. Efeitos secundários Nas décadas anteriores, a TAR não só era complicada de tomar como era muitas vezes acompanhada por um elevado número de efeitos secundários de curta e longa duração, como diarreia, anemia, dores de cabeça, danos a nível do sistema nervoso central e redistribuição de gordura.1 Embora os efeitos secundários da TAR possam ocorrer também nos dias de hoje, as atuais combinações terapêuticas são escolhidas tendo também o objetivo de os limitar e, se afetados, os doentes podem mudar de tratamento. Também o conhecimento sobre os efeitos secundários, quer em termos de prevenção, quer em termos da sua gestão, melhorou consideravelmente com o passar dos anos. É melhor falar-se sobre todos os possíveis efeitos secundários com um profissional de saúde especializado em infecciologia, pois são os profissionais que poderão aconselhar os doentes sobre como os gerir. É também possível obter conselhos e apoio de organizações locais de pessoas que vivem com VIH. Mulheres e a TAR A TAR resulta igualmente bem em mulheres e em homens (embora alguns afirmem resultar melhor nas primeiras)1,2, mas existem ligeiras diferenças na forma como os homens e as mulheres toleram a TAR.3,4 Ensaios clínicos demonstraram que a toma da TAR reduz drasticamente a probabilidade de uma mãe seropositiva para a infeção pelo VIH de transmitir a infeção ao feto (a chamada transmissão vertical) durante a gravidez e no parto.5,6 Interrupção do tratamento A TAR atual não elimina o VIH mas, se esta for tomada como prescrita, é possível suprimir a atividade do vírus e manter o VIH num nível “indetetável”.1 Quando se interrompe a terapêutica, o vírus volta a replica-se, conduzindo a um aumento da carga viral, a um aumento da probabilidade de existirem danos no sistema imunitário com a redução da contagem de células CD4 e à progressão da doença. Não se recomenda a interrupção da TAR.2 É melhor conversar previamente com um médico sobre a possibilidade de a interromper.3 Melhorias na esperança média de vida e perspetivas para o futuro A esperança média de vida das pessoas diagnosticadas com infeção pelo VIH que têm acesso à TAR aumentou drasticamente nos últimos dez a quinze anos 1 Deve-se ter em conta que, em comparação com há quinze anos, o cenário das pessoas a quem foi diagnosticada a infeção pelo VIH e que têm acesso à TAR melhorou significativamente. Podemos ter esperança na possibilidade de a ciência vir a desenvolver uma vacina e a cura. REFERENCIAS Primeiro parágrafo [1] AIDS Myths and Misunderstandings, AIDS InfoNet, downloaded from The Body. http://img.thebody.com/legacyAssets/60/73/myths.pdf Consultado em novembro de 2014 O básico: testes de monitorização [1] HIV i-base. Introduction to Combination Therapy.http://ibase.info/guides/files/2010/07/Starting-April 2014.pdf Consultado em novembro de 2014. A TAR é altamente eficaz [1]http://www.who.int/gho/hiv/epidemic_status/deaths_text/en/ . Accessed October 2014 [2] Expert opinion of author Robert Fieldhouse and Treat.info Directors. ; Concordado em novembro de 2014 [3] Avert. Starting Antiretroviral Treatment.http://www.avert.org/starting-monitoringswitching-hiv-treatment.htm Consultado em novembro de 2014 Iniciar a TAR [1] BHIVA guidelines 2012. Available at: http://www.bhiva.org/documents/Guidelines/Treatment/2012/120430TreatmentGuidelines.p df. Updated November 2013. Consultado em novembro de 2014 [2] Avert. Starting Antiretroviral Treatment.http://www.avert.org/starting-monitoringswitching-hiv-treatment.htm Consultado em novembro de 2014 3} Lucas SB. Clin Med 2008;8:250-252. [4] Expert opinion of author Robert Fieldhouseand Treat.info Directors. Concordado em novembro de 2014 Diagnóstico tardio [1] Chadborn TR. AIDS 2005;19:513-520. [2] Expert opinion of author Robert Fieldhouse and Treat.info Directors. Concordado em novembro de 2014 [3] Moore RD et al. Clin Infect Dis. 2007;44:441-446. VIH e cancro [1] Guiguet et al. The Lancet 2009;374(9696):1119-1212. Efeitos secundários [1] Opinião especializada de Juliet Bennett e acordada pelos diretores do Treat.inf, Novembro de 2014, setembro de 2009. [2] The SMART Study Group. N Engl J Med 2006;355:2283-2296. 3] Opinião especializada do autor Robert Fieldhouse e dos diretores do Treat.inf, concordado em novembro de 2014. Melhorias na esperança média de vida e perspetivas para o futuro [1] The Antiretroviral Therapy Cohort Collaboration. Lancet 2008;372:293-299.