XVII Encontro de Iniciação Científica XIII Mostra de Pós-graduação VII Seminário de Extensão IV Seminário de Docência Universitária 16 a 20 de outubro de 2012 INCLUSÃO VERDE: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável MPB0113 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SUBMETIDO A REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO: REVISÃO DE LITERATURA MARCELO DOS SANTOS FEITOSA RENATA CRISTINA DE BRITO KARINA ALVES VENTUROSO TERESA CELIA DE MATTOS MORAES DOS SANTOS [email protected] ONCOLOGIA PEDIATRICA CTFM/GACC SJC ORIENTADOR(A) ANA LUCIA DE FARIA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SUBMETIDO A REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO: revisão de literatura 1 Marcelo dos Santos Feitosa2 Renata Cristina de Brito3 Karina Alves Venturoso 4 Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos5 Ana Lucia De Faria6 Resumo: Objetivo: avaliar a produção científica sobre a revascularização do miocárdio produzida pelos profissionais de enfermagem nos últimos 20 anos (1991-2011). Método: revisão de literatura realizada em periódicos nacionais inseridos nas bases de dados digitais Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (Lilacs) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), no período 1991–2011. Do total de 34 artigos encontrados, 17 foram selecionados, por tratarem de: revascularização do miocárdio; perfil dos pacientes cardiopatas, seus conhecimentos prévios sobre a doença e os sintomas; fatores de riscos que causam o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM); necessidade de revascularização; e, assistência de enfermagem efetuada pelos enfermeiros. Resultados: o principal grupo acometido pelo IAM é composto de homens de etnia branca, com baixa escolaridade e com renda familiar de até três salários mínimos. Esses pacientes têm como fatores de risco quadro de doenças crônicas como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM), com histórico familiar de cardiopatia isquêmica, não conseguem diagnosticar e relatar os fatores sintomáticos da doença, chegando a confundi-la com outras patologias, bem como desconhecem os tratamentos, as profilaxias e as precauções quanto a esse quadro clínico. Conclusão: conclui-se que o conhecimento sobre a doença é restrito, portanto cabe à enfermagem prestar esclarecimentos e orientações aos pacientes que necessitam de revascularização do miocárdio. Palavras-chave: Enfermagem; Reabilitação; Mortalidade. NURSING CARE OF PATIENT SUBMITTED TO CORONARY ARTERY BYPASS GRAFTING: literature review1 1 XIII MPG - Mostra de pós graduação Enfermeiro, Coordenador do Ambulatório de Quimioterapia/Hospital-Dia CTFM/GACC - Grupo de Assistência a Criança com Câncer de São José dos Campos/SP. Hospital infanto-juvenil especializado em oncologia, Av. José Posidônio de Freitas, n° 1200, Urbanova, São José dos Campos – SP, CEP: 12244-010. Email - [email protected] 3 Enfermeira, Pós graduanda de Emergência Pré e Intra Hospitalar pela Universidade de Taubaté/UNITAU. Taubaté-SP. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira, Pós graduanda de Emergência Pré e Intra Hospitalar pela Universidade de Taubaté/UNITAU. Taubaté-SP. E-mail: [email protected] 5 Universidade de Taubaté / Departamento de Enfermagem. Profa Assistente II, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté-UNITAU, Doutoranda em Enfermagem pela Universidade de Campinas-UNICAMP. Av. Tiradentes, nº. 500, Bom Conselho, Taubaté, CEP: 12030180, Email - [email protected] 6 Universidade de Taubaté / Departamento de Enfermagem. Profa Assistente II, Mestre. Av. Tiradentes, nº. 500, Bom Conselho, Taubaté, CEP: 12030-180. Email - [email protected] 2 Abstract: Objective: to evaluate the scientific literature on coronary artery bypass grafting produced by nursing professionals in the last 20 years (1991-2011). Method: literature review carried out in national journals inserted into the Scientific and Technical Literature of Latin America and the Caribbean (LILACS) digital databases and Scientific Electronic Library Online (SciELO) during 1991-2011. Out of the total of 34 articles found, 17 were selected for dealing with: coronary artery bypass grafting; profile of cardiac patients, their previous knowledge about the disease and symptoms, risk factors that cause Acute Myocardial Infarction (AMI), need of revascularization, and nursing assistance performed by nurses. Results: the main group affected by AMI is composed of men of white ethnicity, low education level and family income of up to three minimum wages. These patients have risk factors for chronic diseases such as Hypertension (HBP), Diabetes Mellitus (DM), family history of ischemic heart disease. They can not diagnose and report on factors symptomatic of the disease, confusing it with other diseases, as well as being unaware of the treatments, prophylaxis and precautions regarding this clinical condition. Conclusion: we conclude that knowledge about the disease is restricted, so it is up to nursing to provide clarification and guidance to patients requiring CABG. Key words: Nursing; Rehabilitation; Mortality. 1 INTRODUÇÃO O IAM, popularmente conhecido como infarto do coração, é uma doença isquêmica em uma região do músculo cardíaco, ocasionando necrose nos tecidos devido à diminuição do aporte nutritivo. Essa diminuição pode ocorrer devido ao depósito de placas de ateromas nas artérias coronárias, ou pelo acúmulo de gordura nas paredes dos vasos, o que pode ser agravado pela agregação de células provenientes de alguma lesão, que formam uma rolha dentro da cavidade arterial. O desprendimento dessa formação pode causar uma embolia e entupir parcial ou totalmente a artéria, ocasionando o IAM (LOMBA; LOMBA, 2005). Os sintomas mais frequentes são a dor torácica localizada sobre a região inferior do esterno e abdome superior, por período superior a 30 minutos. Essa dor, que pode se irradiar para os ombros e braços (geralmente esquerdos), mandíbula e pescoço, é acompanhada de aumento da frequência respiratória, palidez, sudorese profusa, fria e pegajosa, tonteira e confusão mental e possibilidade de reflexo vagal, náuseas e vômitos (TOPOL; MARSO; GRIFFIN, 1999). O diagnóstico pode ser realizado por meio de um eletrocardiograma (ECG) e exame laboratorial. O ECG apresentará o quadro de arritmia dos batimentos cardíacos do paciente, a extensão e a localização do infarto. O exame laboratorial da creatinoquinase (CK) com sua isoenzima (CK-MB) é considerado o indicador mais sensível, especifico e confiável de todas as enzimas cardíacas, já que o aumento dessas enzimas na corrente sanguínea se dá quando há destruição dessa célula (LOMBA; LOMBA, 2005). O tratamento para o IAM visa diminuir as lesões nos tecidos afetados, buscando preservar a integridade do tecido miocárdico e evitar complicações fatais, como choques cardiogênicos e arritmias. Para isso, o paciente deve ser colocado em estado de descanso, numa unidade coronariana, com administração de trombolíticos, para que não ocorra a formação de coágulos e melhore o fluxo sanguíneo, além da administração de analgésicos endovenosos e laxantes, e do uso de oxigênio e monitoramento cardíaco. Durante o período de internação, o paciente receberá alimentação hipocalórica e hipossódica. Em alguns centros mais especializados, alguns médicos submetem os pacientes ao cateterismo cardíaco (BRICK et al., 2011). Dentre as complicações pós-infarto, as arritmias podem acontecer dentro do prazo de 24 horas. Outras complicações são a Comunicação Interventricular (CIV), Regurgitação Mitral Isquêmica, Ruptura Ventricular Esquerda (RVE), Choque Cardiogênico, Tromboembolismo Arterial, Tromboembolismo Venoso, Pericardite, Aneurisma do Ventrículo Esquerdo (LOMBA; LOMBA, 2005). Dentre os procedimentos utilizados, a cirurgia de revascularização do miocárdio busca oferecer ao paciente: alívio das dores causadas pela angina, prolongamento da vida e melhoria da qualidade de vida (FERNANDES; ALITI; SOUZA, 2009; LIMA, 2010). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma projeção para o ano 2020 aponta que cerca de 16,7 milhões de pessoas virão a óbito por causa de doenças arteriocoronárias (DAC), em todo o mundo (GALDEANO et al., 2005; ROCHA; MAIA; SILVA, 2006). Neste estudo, objetiva-se analisar as pesquisas efetuadas no Brasil, nos últimos 20 anos, sobre: o conhecimento dos pacientes quando diagnosticada a cardiopatia; a necessidade de revascularização cardíaca; fatores de riscos, modificáveis ou não, da revascularização cardíaca; procedimentos submetidos; precauções e readequações ao estilo de vida desses pacientes, do ponto de vista da enfermagem, considerando-se que o enfermeiro estará presente em toda a fase perioperatória do paciente. 2 OBJETIVO Avaliar a produção científica sobre a revascularização do miocárdio produzida pelos profissionais de enfermagem nos últimos 20 anos (1991-2011). 3 MÉTODOS Trata-se de uma revisão de literatura, com busca em periódicos nacionais, no período 1991-2011. Foram utilizados periódicos nacionais inseridos nas bases de dados digitais Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (Lilacs) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Para a busca dos artigos científicos foram utilizados os descritores: miocárdio, revascularização, atendimento e assistência de enfermagem. Foram encontrados 34 artigos, que posteriormente foram lidos e selecionados. Incluíram-se as pesquisas realizadas sobre revascularização do miocárdio que se relacionavam com o perfil dos pacientes cardiopatas, seus conhecimentos prévios sobre a doença e os sintomas, os fatores de riscos que causam o infarto agudo de miocárdio e a necessidade de revascularização, bem como a assistência de enfermagem efetuada pelos enfermeiros, no período estabelecido. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Da amostra de 17 artigos selecionados, todos abordam mais de um tópico ou assunto: 7 artigos mencionaram o perfil dos pacientes cardiopatas; 6, os conhecimentos prévios da doença cardíaca e os sintomas; 6, os fatores de riscos que causam o infarto agudo de miocárdio e a necessidade de revascularização; e, 6 artigos abordam a assistência de enfermagem efetuada pelos enfermeiros. Quadro 1. Relação conforme autor/título, periódico e ano de publicação dos artigos encontrados . Autores/títulos 1. Santos VEFA, Alves ERP, Sousa PJ, Souza MAO, Costa AM, França ISX, Oliveira RC. Infarto agudo do miocárdio em mulheres: uma revisão integrativa. 2. Lima FET, Araújo TL, Moreira TMM, Medeiros AM, Custódio IL, Melo EM. Consulta de enfermagem: espaço para criação e utilização de protocolo para pacientes após revascularização miocárdica. 3. Soares PA, Nascimento LFC. Análise espacial das internações por doenças do coração no vale do Paraíba. 4. Fernandes MVB, Aliti G, Souza EM. Perfil de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica: implicações para o cuidado de enfermagem. 5. Lima FET, Araújo TL, Moreira TMM, Lopes MVO, Medeiro AM. Características sócio-demográficas de pacientes submetidos a revascularização miocárdica em hospital de Fortaleza – CE. 6. Duarte NO, Stuchi RAG. Conhecimento dos pacientes sobre insuficiência cardíaca. 7. Rocha LA, Maia TF, Silva LF. Diagnósticos de enfermagem em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. 8. Yusuf S, Hawken S, Öunpuu S, Dans T, Avezum A, Lanas F, McQueen M et al; Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries. 9. Mussi FC. O infarto e a ruptura com o cotidiano: possível atuação da enfermagem na prevenção. 10. Galdeano LE, Rossi LA, Nobre LF, Ignácio DS. Diagnósticos de enfermagem de pacientes no período transoperatório de cirurgia cardíaca. 11. Villacorta H, Guimarães MAP, Mesquita ET. Clínicas de insuficiência cardíaca: tratamento e prevenção focados na educação do paciente. 12. Dantas RAS, Aguillar OM. Problemas na recuperação de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio: o acompanhamento pelo enfermeiro durante o primeiro mês após a alta hospitalar. 13. Silva MAD, Sousa AGMR, Schargodsky H. Fatores de risco para infarto do miocárdio no Brasil. 14. Colombo RCR, Aguillar OM. Estilo de vida e fatores de risco de pacientes com primeiro episódio de infarto agudo do miocárdio. Periódicos Ano Rev enferm UFPE on line 2011 Rev gaúch enferm. 2010 Arq bras card. 2010 Rev eletrônica enferm. 2009 Rev RENE 2009 Cuidarte enferm. Rev bras enferm. 2008 2006 Lancet 2004 Rev latinoam enferm. 2004 Rev latinoam enferm. 2003 Rev bras cardiol (Impr). 2002 Rev latinoam enferm. 2001 Arq bras card. 1998 Rev latinoam enferm. 1997 15. Lima JAC, Nussbacher A. O coração da mulher é diferente? 16. Cunningham S. The epidemiologic basis of coronary disease prevention. 17. Guerra GM, Silva CG, Ferreira FG, Pierin AMG, Secaf V. Programa de orientação de enfermagem ao paciente portador de miocardiopatia, baseado na caracterização biossocial, conhecimentos e expectativas quanto à doença e ao tratamento. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. Crit care nurs clin North Am. Acta paul enferm. 1996 1992 1991 A maioria dos artigos teve uma abordagem quantitativa, e foi utilizado um questionário semiestruturado, nas entrevistas com os pacientes, para elucidar as questões que se pretendia analisar. 4.1 Perfil dos pacientes com cardiopatias e que foram submetidos a revascularização do miocárdio Em uma pesquisa realizada na Unidade Coronária do Hospital das Clínicas − Unicamp, em Campinas-SP, com 78 pacientes infartados, no período de maio a dezembro de 1994, prevaleceu o sexo masculino em 56,4% e etnia branca em 82%. Quanto ao estado civil, obteve-se o predomínio de casados, com 65,4%. Grau de instrução: analfabeto ou ensino fundamental incompleto prevaleceu em 84,6%. Com relação à renda familiar, 53,9% percebiam entre um e três salários mínimos (COLOMBO; AGUILLAR, 1997). Na pesquisa realizada em dois hospitais filantrópicos do interior de Minas Gerais, foram entrevistados 33 pacientes, entre junho e setembro de 2006. Os resultados encontrados foram: 60,6% do sexo masculino, com idade média de 61 anos; etnia branca, 54,5%; 13% analfabetos; 60,6% com ensino fundamental incompleto; com renda salarial de 1 salário mínimo, 57,5%, e 33,3% não possuíam renda salarial (DUARTE; STUCHI, 2008). Na pesquisa realizada num hospital de Fortaleza-CE, entre setembro de 2005 e setembro de 2006, com 146 pacientes, obtiveram-se estes resultados: 62,8% do sexo masculino; 73,1% analfabetos, contra 7,7% com nível superior; 55,1% com renda salarial de 1 salário mínimo; 75,6% moravam com um companheiro; 82,1% tinham como religião a católica romana e 17,9% eram protestantes (LIMA et al., 2009). Em estudo realizado em dois hospitais de São Paulo, com 13 pacientes do sexo masculino, a idade variou entre 45 e 74 anos; 92,3% eram do estado de São Paulo; 46,3% possuíam ensino fundamental incompleto; 26,3% tinham ensino médio ou superior completo; 84,61% eram casados ou moravam com filhos; 76,92% eram católicos, e 23,08%, evangélicos; 84,61% eram aposentados e exerciam atividade variada, e 15,38% não exerciam qualquer atividade (MUSSI, 2004). Entre maio e junho de 2006, foi realizada uma pesquisa no hospital de referência na cidade de Porto Alegre-RS, junto a 58 pacientes submetidos a revascularização do miocárdio: 70,7% eram homens com idade média de 65,3%; etnia branca, 95,7%. Não foram mencionadas, nesse estudo, a religião, a escolaridade e a renda salarial (FERNANDES; ALITI; SOUZA, 2009). Pesquisa realizada no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, com 246 pacientes, entre janeiro de 1993 e julho de 1996, mostra que, quanto a mulheres com angina instável ou submetidas a revascularização do miocárdio, há uma série de fatores que compromete o sucesso dos resultados. Isso porque essas pacientes apresentam quadros de cardiopatia agravadas em idades mais avançadas, ou seja, após o início da menopausa (LIMA; NUSSBACHER, 1996). Um estudo de revisão integrativo da literatura realizado no ano 2010 mostrou que o IAM, em mulheres, é um tema ainda escasso, mesmo sendo relevante para a saúde da mulher, tanto para a prevenção, quanto para a melhoria da qualidade de vida (SANTOS et al., 2011). As pesquisas demonstraram que o maior número de incidências de pacientes com infarto agudo do miocárdio e que foram submetidos a revascularização refere-se ao sexo masculino, com idade média superior a 50 anos, etnia branca, com baixa instrução educacional, estado civil - casado, com renda salarial entre um e três salários mínimos, e de religião católica. 4.2 Fatores de riscos mencionados pelos pacientes Em estudo realizado com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimento a pacientes cardiopatas, foram definidos os fatores de risco em modificáveis e não modificáveis. Os modificáveis constituem o grupo de doenças crônicas, como DM, HAS, dislipidemia, que podem ser controlados pelo paciente e pelos agentes de saúde, como também o sedentarismo, tabagismo, etilismo e má alimentação. Já os não modificáveis são: sexo, idade, raça, histórico familiar de doenças ateroescleróticas (CUNNINGHAM, 1992). Num estudo realizado em Porto Alegre-RS, os fatores de risco encontrados nos prontuários dos 58 pacientes foram: hipertensão arterial sistêmica, 86,2%; DM, 36,2%; IAM prévio, 34,5%; tabagismo, 27,6%; e, histórico familiar de cardiopatias isquêmicas, 20,7% (FERNANDES; ALITI; SOUZA, 2009). No período 1994-1995 foi realizado um estudo com 299 pacientes, em 20 centros médicos do Brasil. Os resultados foram: 53,4% dos pacientes infartados sofriam de HAS; 41,69% eram fumantes, com histórico familiar de doenças cardíacas, pai ou mãe; 42,14%, ex-fumantes, 54%; com quadro de DM, 19,7%; e, a prática de esporte esteve ausente em 91,19% dos entrevistados. Nessa pesquisa, questionou-se sobre os hábitos alimentares, e constatou-se consumo habitual de embutidos (55,19%), carne de porco (45,15%), carne bovina (94,65%), vísceras (28,43%), frituras (70,57%), queijo integral (55,19%), leite (70,57%), aves (90,64%), peixes (51,84%), vegetais e legumes (90,64%), frutas frescas (78,5%). Não consumiam azeite, 39,13%, e 32,2% consumiam outros tipos de gordura até quatro vezes por semana. Constatou-se, também, que 52,94% não consumiam manteiga, contra 29,55% que ingeriam margarina até 4 vezes por semana. O consumo de chás foi de 27,7%, e o de café, 90,69% (SILVA; SOUSA; SCHARGODSKY, 1998). Em pesquisa realizada em uma Unidade Coronária do Hospital das Clínicas – Unicamp, em Campinas-SP, com 78 pacientes infartados, no período de maio a dezembro de 1994. Quanto às doenças associadas ao quadro de doenças cardíacas, a hipertensão apareceu em 69,2%; o tabagismo, em 44,9%; diabetes, em 29,5%; acidente vascular cerebral (AVC) e doenças vasculares periféricas (DVP), em 6,4%. Nesse grupo, foram avaliados os antecedentes familiares: 50% possuíam HAS; 34,6%, IAM; 32%, morte súbita; 38% DM; 29,5%, AVC; dislipidemia, em 11,5% dos casos. Não tinham atividade física regular, 76,9 (COLOMBO; AGUILLAR, 1997). Em um estudo de casos de 299 pacientes com IAM, realizado entre janeiro/94 e março/95, em 20 centros médicos no Brasil, ressaltou-se que não há estudos que relacionem o IAM a atividades profissionais e/ou ao estresse ocupacional, já que seria necessário dissociar outros fatores de risco para a comprovação científica dessa relação (SILVA; SOUSA; SCHARGODSKY, 1998). Uma pesquisa foi realizada com 24.767 pessoas de 52 países com desenvolvimento social e econômico dos mais variados, entre fevereiro de 1999 e março de 2003. Constatou-se estresse psicoemocional como um fator de risco para o IAM, aumentando em quase três vezes a ocorrência de um infarto do miocárdio, quase a mesma relação encontrada com o fumo e o colesterol alto, e inclusive superior ao encontrado para o DM. Estudos clínicos demonstram que o estresse emocional pode desencadear o IAM, e até hoje não se conseguiram explicações e provas convincentes em relação a causa e efeito no modelo fisiopatológico representado pela teoria trombogênica (YUSUF et al., 2004). Os resultados aqui apresentados demonstram que os pacientes com incidências de um IAM ou submetidos a revascularização têm, além de fatores de riscos não modificáveis, outros que fortalecem ainda mais a ocorrência desses agravantes, como dietas de consumos superlativos de açúcares, lipídios, sódio, além de hábitos como tabagismo, etilismo, ausência de atividades físicas. Esses fatores podem ser minimizados com uma dieta balanceada, prática de exercícios físicos, como caminhada regular de 45 minutos três vezes por semana, e abstinência de tabaco e de álcool. Entre os novos fatores de risco do universo contemporâneo, o estresse psicoemocional pode potencializar alguns quadros de infarto do miocárdio, apesar de a sua constatação fisiológica ainda ser questionada. 4.3 Conhecimento dos pacientes sobre a doença e seus sintomas No estudo realizado em um hospital especializado em cardiologia, da cidade de São Paulo, com a finalidade de elaborar um programa de orientação de enfermagem ao paciente portador de miocardiopatia, os sintomas relatados pelos pacientes foram: cansaço, 16,81%; dispnéia; 14,6%; palpitação, 14,16%; edema, 11,95%; dor no peito, 7,96%; alterações gastrointestinais, 7,96%; cefaléia, 5,76%; dor no corpo, 5,31%; tontura, 4,87%; claudicação de membros inferiores, 2,66%; síncope, 1,33%; nervosismo, 1,33%; e, outros, 5,31%. Esses dados comprovam que 60% dos pacientes entrevistados não sabiam dar explicações sobre a doença (GUERRA et al., 1991). Em estudo realizado em uma Unidade Coronária do Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas-SP, com 78 pacientes infartados, o resultado foi que 53,9% dos entrevistados tinham algum conhecimento sobre a doença, dos quais 47,7% sabiam somente o seu nome ou relataram alguma fisiopatologia, como “veia entupida”, e 19%, além do nome, descreviam alguma fisiopatologia, simultaneamente. Os 46,1% restantes não tinham conhecimento de seu diagnóstico, em sua maioria, e 63,9% relacionavam a sua internação a outras sintomatologias e outras patologias, como “doença do pulmão”, “gastrite” e “derrame” (COLOMBO; AGUILLAR, 1997). Já em outro estudo, realizado em dois hospitais filantrópicos do interior de Minas Gerais, foram entrevistados 33 pacientes entre junho e setembro de 2006. Obteve-se que, dentre os pacientes entrevistados, todos emitiram as mesmas descrições sobre a doença; porém, 21,2% relataram sintomas como palpitação, dor no peito, canseira e edema nos membros inferiores; 11% não conseguiram sequer dar um sintoma específico sem relacioná-lo a um conceito, como “toda vida fui muito nervosa, que faz meu coração bater mais forte”, “cheguei aqui no hospital cansado e com as pernas inchadas”; 36,3% fizeram associação da doença com suas características, como “veia do coração entupida por causa do cigarro”, “exames deram que vai ter que fazer cirurgia, porque a veia que circula sangue do corpo está entupida”; e, 9% achavam que a doença era causada por outra patologia, como a Doença de Chagas (DUARTE; STUCHI, 2008). Ainda na pesquisa acima citada, quando questionada a causa da doença, 42,4% não souberam definir uma causa; 15,1% relacionaram os hábitos inadequados, como o consumo de cigarro e bebidas alcoólicas (esse número se repetiu quanto à região de moradia e a profissão, que exigia muito esforço); 9,2% apontaram a causa em problemas familiares e afetivos; e, somente 3,1% apontaram herança familiar (DUARTE; STUCHI, 2008). Quando questionados sobre o interesse sobre outras informações, 55,1% dos pacientes desejaram obtê-las, e 32,5% queriam mais dados sobre os diagnósticos, porém: 14,1% não compreendiam o seu significado; 18,6% queriam conhecer sobre os meios de prevenção e 16,3%, as causas do IAM; 9,3% buscavam orientação sobre a relação de reabilitação; 4,6% tinham dúvida quanto ao tratamento e os outros 4,6%, sobre a reincidência de um infarto (COLOMBO; AGUILLAR, 1997). Pesquisa realizada em um hospital escola do interior de São Paulo, no período de janeiro a junho de 1998, apontou que somente 66,6% pacientes tiveram orientações quanto a alimentação adequada, mudanças de hábito e a respeito da doença (DANTAS; AGUILLAR, 2001). Em um hospital especializado em cardiologia da cidade de São Paulo foi realizado um estudo quanto à orientação aos pacientes cardiopatas atendidos em nível ambulatorial. O interesse em saber o que estava ocorrendo foi de 76,6,%, dos quais 28,17% queriam saber do prognóstico; 28,31%, da definição da doença; 16,9%, das manifestações, número que se repetiu quanto aos interessados no tratamento e na evolução da doença (GUERRA et al., 1991). Em outro estudo, após saberem o diagnóstico, 75% dos pacientes relataram alterações no trabalho realizado anteriormente, e 18,1% relataram alterações quanto a alimentação e atividades básicas. Quanto ao regime alimentar, a maioria relatou o consumo diminuído de sal e gordura, no entanto sem orientações a respeito disso. As atividades físicas foram mencionadas por 21,2% como hábito; 14,84% praticavam, mas tiveram que suspender por fadigas e dispnéia; e, 24,1% realizavam caminhadas. Quanto aos problemas físicos diários, 65,5% mencionaram fadiga e dispnéia em atividades habituais; 52,1%, edemas nos membros inferiores; e, 2,3% não tiveram dificuldades físicas (DUARTE; STUCHI, 2008). Como descrito anteriormente, a maioria dos pacientes em que é diagnosticado o quadro de IAM, ou seus agravantes, tem baixa escolaridade, portanto a constatação desse cenário é dada quando boa parte não consegue descrever o quadro sintomático ou o confunde com outra patologia. No entanto, quando informados, muitos ainda desconhecem o problema, tratamento, profilaxia e precaução, mas tendem, por meio do relacionamento com o enfermeiro, a se inteirar um pouco dessa nova realidade. 4.4 Assistência do enfermeiro durante a fase perioperatória Na pesquisa realizada em um hospital especializado em cardiologia, da cidade de São Paulo, propôs-se um programa de orientação de enfermagem individual com o intuito de assistir o paciente em seu atendimento ambulatorial, nas necessidades básicas, por meio de orientação sistemática, para que, ao fim desse processo, ele pudesse identificar os sintomas, as dietas, medicamentos, os fatores de riscos causadores, a necessidade de adaptação ao seu novo estilo de vida e a prevenção de complicações causadas por hipertensão e demais sintomas (GUERRA et al., 1991). Já em pesquisa no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto–USP, com o corpo de enfermagem, para avaliar 17 pacientes durante o período pré-operatório e transoperatório, foram apontados os sintomas e as intercorrências, no período, e dentre eles estavam riscos de infecção, desequilíbrio volumétrico de líquidos, troca de gases prejudicada, risco de aspiração, disfunção neurovascular periférica, lesão perioperatória de posicionamento, alteração da temperatura do corpo e ansiedade (GALDEANO et al., 2005). Durante a recuperação hospitalar, cabe à enfermagem acompanhar os riscos e atender às intervenções que possibilitam melhor recuperação do paciente que apresenta algumas debilidades, por exemplo, precariedade de algumas ações, como alimentar-se, vestir-se, fazer a higiene pessoal (MUSSI, 2004). Após o período hospitalar, o paciente ainda precisa de uma fase de recuperação domiciliar, durante a qual é submetido a cuidados de terceiros, responsáveis pela administração das medicações, pelos curativos, alimentação, ajuda no ato de vestir-se, assim como na higiene. Porém, durante esse processo é necessário o acompanhamento de um agente de enfermagem, para centrar esses cuidados, além da educação visando a sua recuperação e detecção de problemas (VILLACORTA; GUIMARÃES; MESQUITA, 2000). Ainda na pesquisa acima citada, os problemas tornam-se presente durante esse primeiro estágio de recuperação do paciente, como a ferida cirúrgica, a terapia medicamentosa, a presença de outras patologias, alteração de humor, padrão do sono, queixas cardiovasculares e alteração de sensibilidade, motricidade, memória, acuidade visual, força muscular e apetite (VILLACORTA; GUIMARÃES; MESQUITA, 2000). Hoje em dia, vários estudos defendem o acompanhamento multiprofissional, para que ocorra uma assistência de melhor qualidade ao paciente, ao mesmo tempo em que haja educação, tanto do paciente, quanto de seus entes, para a prevenção e o diagnóstico precoce de sintomas que possam se tornar ou não determinante para a ocorrência do IAM e, consequentemente, da revascularização. Ou seja, esse atendimento é passível de promover redução das taxas de admissão ou readmissão, prolongamento do período de internação, melhoria da qualidade de vida, capacidade funcional, conhecimento da doença, melhor adesão às medidas dietéticas e do regime terapêutico e, consequentemente, redução dos custos com a doença (SOARES; NASCIMENTO, 2010). Nesse cenário, a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é composta de coleta de dados, planejamento, diagnósticos, avaliação e implementação, ou seja, a SAE não se constitui somente de uma listagem de problemas, mas de uma etapa dinâmica e sistêmica que envolve avaliação crítica e tomada de novas decisões. Além da avaliação e do acompanhamento no período pré, trans e pós-operatório, cabe à enfermagem ajudar na recuperação física do paciente, bem como na reestruturação de sua integridade, inclusive moral, já que nesse período sua debilitação não se restringe somente ao quadro clínico. O enfermeiro é o profissional que deve atuar na reabilitação, prevenção e promoção de ações que minimizem as incidências desse quadro. 5 CONCLUSÃO Esta pesquisa permite apresentar a importância do enfermeiro, que promoverá aos pacientes cardiopatas o conhecimento sobre a doença cardíaca e a revascularização. Verificou-se que as maiores vítimas são homens brancos em faixa de idade superior a 50 anos, com baixa escolaridade e com pouca qualidade de vida. Alimentam-se mal e consomem excessivamente substâncias que potencializam alguns fatores de riscos, como a HAS, o DM. Cabe ao enfermeiro a intermediação entre o linguajar técnico do médico e o do paciente, o esclarecimento dos diagnósticos, a avaliação de sintomas e queixas, e a interpretação desses dados. Cabe a ele também o acompanhamento pré, trans e pósoperatório. Para instruir esse acompanhamento pelo enfermeiro, é relevante apontar que, nesta pesquisa, constatou-se que muitos pacientes desconhecem, tanto a sua enfermidade, quanto os seus sintomas, procedimentos e cuidados, sendo necessários esclarecimentos e assistência pós-hospitalar, para que voltem a sua integridade, nos aspectos relativos à saúde e à individualidade. REFERÊNCIAS BRICK, A. V., et al. 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