A1 ID: 28976753 23-02-2010 | Universidades Tiragem: 23862 Pág: VI País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 26,79 x 36,39 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 ENSINO SUPERIOR Alunos sonham com uma carreira internacional Visitaram empresas em Nova Iorque, Londres e Madrid e já só pensam em trabalhar no estrangeiro. CARLA CASTRO [email protected] Terça-feira, 26 de Janeiro. Ainda não eram 9 da manhã e as ruas de Nova Iorque estavam geladas. Depois da visita à Bloomberg – uma das maiores agências de notícias financeiras do mundo –, Guilherme Conde decidiu que é lá que ambiciona trabalhar como analista. “Não fazia ideia que a Bloomberg pudesse ter um edifício daquela dimensão. É enorme e as salas têm vidros em vez de paredes para dar a ideia da transparência dos mercados financeiros. Vêemse obras de arte espalhadas por todo o lado”, entusiasma-se este aluno de 26 anos, do mestrado de Finanças. As visitas a empresas portuguesas e estrangeiras noutros países foram uma novidade introduzida este ano nos mestrados da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (UNL). As três primeiras realizaram-se em Janeiro, a Nova Iorque, Madrid e Londres. Seguir-se-ão, em Julho, São Paulo e Varsóvia. “Estas viagens fazem parte de um esforço dos nossos programas para abrir o mundo aos nossos alunos. A ideia é conhecer as oportunidades que existem lá fora em empresas portuguesas que se internacionalizarem e a realidade de grandes empresas mundiais”, explica Daniel Traça, subdirector da Faculdade de Economia da UNL para os programas pré-experiência. O sonho de construir uma carreira internacional é, cada vez mais, um denominador comum às novas gerações, que já interiorizaram o fenómeno da globalização. As suas ambições profissionais deixaram de passar por construir apenas uma carreira numa grande empresa em Portugal. Querem conquistar o mundo e trabalhar no estrangeiro. “A oportunidade de trabalhar em Londres permite dar um salto fantástico na carreira. Londres é o centro financeiro mais perto de Lisboa. É a Meca das finanças. Trabalhar na bolsa em Portugal é completamente diferente”, diz Afonso Januário, 23 anos, que já conclui o mestrado em Finanças e está agora a fazer outro em ‘Research’. Apaixonado pelos mercados fi- As visitas a empresas portuguesas e estrangeiras noutros países foram uma novidade introduzida este ano nos mestrados da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. nanceiros, trabalhar na banca de investimento na City londrina é o seu sonho. “Diria que 80% dos meus amigos fez Erasmus, a maioria deles duas vezes, na licenciatura e no mestrado. Temos uma ideia de mercado de trabalho completamente diferente. Somos capazes de ir trabalhar para qualquer sítio da Europa com uma facilidade completamente diferente das gerações anteriores”, acrescenta este estudante, um dos organizadores da viagem a Londres, a única das três que não partiu da iniciativa dos professores, mas sim do ‘ Nova Investment Club’, um grupo de estudantes de Finanças desta universidade. A troca de cartões nas empresas que visitaram – num esforço de networking que acaba por ser a grande mais valia destas visitas – foi uma constante e, em muitos casos, os alunos iniciaram mesmo processos de selecção para futuro recrutamento. “Temos várias pessoas do nosso grupo em processos de recrutamento no Barclays, HSBC e no BES”, sublinha Afonso Januário, garantindo que cada aluno do seu grupo candidatou-se pelo menos a metade das empresas que visitaram e alguns fizeram logo entrevistas. João Amaro de Matos, responsável palas relações internacionais da Faculdade de Economia da UNL, garante que “o objectivo destas viagens é ir a lugares onde o tecido empresarial e a possibilidade de colocação dos alunos é real e concreta e há empresas portuguesas interessadas em recrutar”. Estas viagens não só abrem os olhos aos alunos como lhes dão mais confiança. “A parte mais importante, para mim, foi a sensação de que, apesar de estarmos na ponta da Europa, há a globalização e tudo é possível ou pelo menos tudo parece acessível. Trabalhar em Nova Iorque parece complicado e é, mas falando com quem lá trabalha percebemos que com iniciativa a pessoa consegue. Fiquei vidrado em Nova Iorque e com vontade de lá trabalhar”, diz Guilherme Conde. “A exposição não apenas da instituição, mas da qualidade dos nossos alunos” é destacada por João Amaro de Matos como um dos grandes objectivos deste tipo de iniciativas da faculdade. Afonso Januário sublinha ainda que não só ficou a conhecer pessoas em Londres, como se conheceu melhor a si próprio. “Entrei a pensar que ‘investment banking’ era uma coisa e que estava muito mais virado para essa área e, no fim da semana, fiquei a achar que ‘trading’ tinha mais a ver comigo. Não temos a noção quando nos candidatamos”, confessa. Os relatos das experiências destas viagens permitem retratar os objectivos profissionais desta geração para quem Portugal é só o país onde nasceram. As oportunidades de trabalho procuramnas em todo o mundo. ■ Madrid foi um dos locais de visita dos estudantes. ID: 28976753 23-02-2010 | Universidades Tiragem: 23862 Pág: VII País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 26,46 x 35,24 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 D.R Happy Hour Os alunos garantem que o ‘networking’ entre os portugueses a trabalhar no estrangeiro é essencial e que, por serem portugueses, lhes facilitaram a vida durante a semana em que estiveram em Madrid, Londres e Nova Iorque. “Somos um lobby fora de Portugal”, defende Afonso Januário. Além das visitas a universidades estrangeiras e a museus, foi muito apreciada pelos alunos e promovida pelos professores a parte dos encontros informais destas viagens, ao final do dia, com os portugueses que trabalham lá fora, a ‘Happy Hour’. “Chamámos os portugueses para falarem da sua vida pessoal, porque consideramos que isso também é importante para os alunos perceberem o que devem esperar quando vão trabalhar para o estrangeiro”, explica Daniel Traça. “Essa parte foi muito gira. Porque uma coisa é ir a uma apresentação na empresa. As pessoas estão com pressa e em stress. Outra coisa é estar a conversar com eles fora da empresa. Estão mais à vontade para falar e nós podemos dar-nos a conhecer”, diz Guilherme Valente. No caso de Cláudia Figueiredo, aluna do mestrado de Gestão, a viagem a Madrid não lhe permitiu ficar a conhecer melhor a área em que quer trabalhar: o marketing. Por isso, do que mais gostou foi quando teve a oportunidade de conversar, num dos encontros informais, com um português que dirige o marketing da Johnson & Johnson, em Madrid. “Explicoume como era a vida dele, por onde já tinha passado antes de chegar ali e porque tinha ido trabalhar para fora e disse-nos: não fiquem em Portugal, vão para fora e depois voltem. Força, o mundo é grande, vocês podem ir para onde quiserem!”. Cláudia Figueiredo Afonso Januário Guilherme Conde ID: 28976753 23-02-2010 | Universidades Tiragem: 23862 Pág: I País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 6,77 x 2,53 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3 M EST RA D OS As viagens dos alunos da Nova a Madrid, Londres e Nova Iorque. P. VI E VII