ISSN 1984-9354 DIAGNÓSTICO FUNCIONAL DE LOGÍSTICA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA NO HOSPITAL SANTA CASA DEMISERICÓRDIA DE GOIÂNIA Área temática: Logística Irene Reis [email protected] Taynara Guimarães Reis [email protected] Tereza Lima [email protected] Lucia Abrantes [email protected] Resumo: Este estudo tem como objetivo geral elaborar diagnóstico funcional na logística hospitalar com foco no setor de farmácia, além de apresentar sugestões de melhorias para o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Metodologicamente, utilizou-se de uma pesquisa descritiva exploratória e estudo de caso, com embasamento em análise de documentos, entrevistas com gerentes e funcionários do setor de farmácia. Os resultados indicaram a necessidade de treinamento e aperfeiçoamento do pessoal; elaboração das descrições e análise dos cargos, especificando as funções e os requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no arranjo físico do setor de logística; reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir custos e evitar desperdícios com medicamentos vencidos; implantação de uma gestão da qualidade no hospital, pois, através da gestão da qualidade, o hospital poderá efetuar resolução de problemas existentes, padronizar os processos críticos, fazer uma capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e ter reconhecimento da comunidade. Palavras-chaves: diagnóstico organizacional, administração, propostas de melhorias, logística hospitalar. XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 INTRODUÇÃO O estudo apresenta a elaboração do diagnóstico funcional no setor de logística hospitalar com foco no setor de farmácia do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, apresentando sugestões para implementação de melhorias. Segundo Bertazzo (2013, p. 9) “A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia (SCMG) é uma das maiores unidades hospitalares do Estado de Goiás no atendimento de média e alta complexidade médica em uma completa e ampla estrutura”. A SCMG tornou-se um hospital de referência na região Centro-Oeste e visa atender todas as pessoas que são carentes de seus serviços, sem fazer exceção de pacientes. Saúde é qualidade de vida. A saúde é um direito dos cidadãos e, por isso, todos devem ter acesso. O papel do hospital vai muito além de apenas prestar serviços de saúde uma vez que fica responsável indiretamente por fatores sociais da população, tornando-se reconhecido e com um diferencial de atendimento e preocupação com seus pacientes. Mezomo (1995, p. 17) diz que “administrar um hospital é como comandar um navio. O capitão planeja um roteiro, mas não sabe se vai encontrar tempestades. Se ele não for corajoso, não utilizar instrumentos de navegação, seu navio poderá afundar antes de chegar ao porto planejado”. Para administrar um hospital, é preciso ser um administrador dinâmico e proativo, que prevê os problemas futuros e soluções rápidas para sanar as necessidades gerais do hospital no dia a dia. Este trabalho tem como propósito contribuir com o processo de melhorias na logística de medicamentos, nas áreas de farmácia e centro cirúrgico, através da elaboração de um diagnóstico da realidade e apresentação de sugestões para implementação de melhorias. Justifica-se pela importância da logística hospitalar para um bom funcionamento do hospital, com métodos eficazes e rápidos, sanando problemas como custo alto e desperdícios de medicamentos. Busca, por meio de uma análise geral do hospital, destacar os atuais problemas verificados e propor sugestões de melhorias. Ainda nesse sentido, as informações apresentadas, mediante o diagnóstico realizado, visam colaborar também com a academia no sentido de servir como fonte para pesquisas futuras. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 As bases teóricas deste trabalho estão relacionadas aos estudos sobre administração, especialmente em logística. Apresenta o conceito de administração, suas funções e áreas funcionais, bem como trazemos o conceito de logística, logística hospitalar e logística hospitalar no setor de farmácia. ADMINISTRAÇÃO Entende-se que se torna necessário saber lidar não apenas com pessoas, mas, também, com recursos. Desse modo, para se ter uma boa administração não basta ser bom somente com papéis; a administração depende de pessoas qualificadas nas funções certas. Bateman (2006, p. 15) salienta que a “administração é o processo de trabalho com pessoas e recursos, que visa cumprir as metas de uma organização. Os bons administradores fazem isso tanto com eficácia quanto com eficiência”. Descreve sobre as quatro funções da administração que são planejar especificando os objetivos a serem atingidos; Liderar estimulando, coordenando e auxiliando pessoas e grupos para o alcance dos objetivos propostos; controlar implementando as mudanças necessárias e para se ter uma administração de competência é necessário trabalhar alinhando todas as funções da administração. O autor acima citado define as áreas funcionais da empresa como: “marketing (necessidades dos clientes); Recursos Humanos (pessoas da empresa); Compras (selecionar insumos); Logística (processo) e Finanças (financeiro da empresa)”. Todas essas áreas funcionais devem estar interligadas e trabalhando em um propósito único para que a organização tenha sucesso. (Bateman, 2006, p. 576 e 577). Importante reafirmar a partir dos estudos e pesquisa realizadas que as teorias administrativas apresentam diferentes abordagens para administração das organizações, refletindo os fenômenos históricos, sociais, culturais, tecnológicos e econômicos de sua época. Assim, as teorias administrativas decorrem do momento em que elas estão inseridas. Os estudos de Cobra (1992, p. 41 e 44) revelam que “a interação de uma organização com seus meios ambientes internos e externos se realiza através do composto de marketing. Essa interação se processa através dos chamados 4 Ps (produto, preço, promoção e praça que é a distribuição)”. Portanto, é preciso que o produto, o preço, a promoção e a praça estejam interligados para satisfazer as necessidades dos clientes. Na sequência, será apresentada a revisão teórica sobre logística. LOGÍSTICA Através da logística, as organizações desenvolvem atividades de suprimentos, transporte, estocagem e distribuição de produtos e essas atividades são desenvolvidas de forma integradas e 3 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 coordenadas. Ballou (1993, p. 23) comenta que “a logística empresarial associa estudo e administração dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em movimento. Vencer tempo e distância é a tarefa da logística”. A logística requer qualidade de seus serviços e produtos. Atualmente, a logística é conhecida como parte essencial nas empresas por ser um departamento responsável pela gestão de materiais de qualquer tipo. A logística tem como função sanar os problemas, tais como: falta de controle, demora na entrega de produtos e serviços, entre outros. Assim, Viana (2000, p. 46) afirma que: As atividades logísticas têm se concentrado em dois setores diferenciados, suprimentos e distribuição física. Cumpre destacar a significância dos custos logísticos na composição total dos custos da empresa. Kobayaschi (2000, p. 18) comenta que a logística é o “processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo e armazenagem de matérias-primas e estoque durante a produção e produtos acabados”. Para se ter uma logística com eficiência é necessário unir o planejamento com implementação e controle, ambos devem trabalhar em um foco comum que é o bom andamento da organização. De acordo com Martins (2006, p. 133), “a gestão do fluxo de materiais, serviços e informações, desde o fornecedor inicial até o consumo final, constitui a essência da logística”. A logística é uma atividade que oferece produtos e serviços com rapidez, qualidade e satisfação dos clientes. Complementando, Barbieri (2009, p.3) comenta que “as atividades voltadas para administrar o fluxo de materiais e de informações relacionadas com esse fluxo ao longo da cadeia de suprimento constituem o que genericamente se denomina logística”. A logística faz parte de um processo de planejamento do fluxo de materiais. Ainda nesse sentido, Silva (2010, p. 21) afirma que a “logística é um processo de gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de matérias-primas, partes e produtos acabados, de tal forma que a lucratividade atual e futura seja maximizada”. A logística tem o objetivo de aumentar a lucratividade da organização e organizar o processo dos materiais. A seguir, será apresentada a revisão sobre logística hospitalar. LOGISTÍCA HOSPITALAR Heleno (2008, p. 14) comenta que “quem atua na área de administração hospitalar se depara, continuamente, com dois cruciais desafios: o de obter os melhores resultados empresariais e, ao mesmo tempo, ter a capacidade de otimizar recursos”. Ao buscar alcançar um bom desempenho, os gestores oportunizam um tratamento ético e sustentável que afeta diretamente a vida das pessoas que 4 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 procuram assistência hospitalar. Conforme Laes & Haes (2009, p. 112): “a preocupação com a logística hospitalar vem crescendo e os hospitais são organizações complexas e resguardam diferenças em relação à indústria manufatureira”. A logística hospitalar é o processo de gerenciar estrategicamente e racionalmente a aquisição, movimentação e a armazenagem de medicamentos e instrumentos médicos. O papel da logística hospitalar deve ser o de preservar a vida e restaurar a saúde dos pacientes com ótima qualidade, custo baixo e retorno satisfatório para o hospital. Laes & Haes (2009, p.116) destacam que “a gestão de cadeia de suprimentos da saúde se inicia na saída de matéria prima dos fornecedores. Passa pela produção e distribuição dos itens acabados até chegar ao paciente”. O hospital deve prestar um bom atendimento para seus clientes ou pacientes desde a recepção até o atendimento final com o médico. Ruiz (2012, p. 87) comenta que “clientes não compram produtos ou serviços, mas sim expectativas, soluções para seus problemas e atendimento as suas necessidades”. Segundo Teixeira (2010, p. 97), “em saúde devemos ter sempre em mente que cada paciente ou cliente valoriza aspectos diferentes de forma também diferenciada”. Existem clientes ou pacientes que dão importância ao atendimento, desde a recepção, outros, por sua vez, observam com mais atenção o atendimento especifico do médico ou da enfermeira. No que se refere à saúde, um atendimento rápido é primordial para o hospital e a rapidez um dos objetivos de desempenho operacional. O papel do hospital é o de trabalhar com recursos de forma econômica e ao mesmo tendo atender os pacientes com qualidade. Os clientes/pacientes, mesmo se encontrando em hospital público, procuram atendimento com rapidez, pontualidade e qualidade. Os estudos desenvolvidos por Barbieri (2009, p. 33) afirma que: Atendimento, rapidez, pontualidade e qualidade das entregas, como dimensões do nível de serviço, são indicadores da satisfação dos clientes, constituindo-se, dessa forma, em importantes parâmetros de administração de materiais. Segundo Silva (2010, p. 27), “a logística tem cumprido papel fundamental na gestão hospitalar, seja na redução de custos, seja no aumento de confiabilidade do sistema de abastecimento hospitalar”. A logística tem sido extremamente importante nos hospitais para diminuir custos e aumentar a qualidade dos serviços. Barbieri (2009, p. 13) comenta que “uma gestão eficiente dos recursos materiais pode dar uma contribuição importante para melhorar os serviços hospitalares, na medida em que reduz os custos desses recursos ao mesmo tempo em que promove uma melhoria nos serviços prestados”. Atuar na 5 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 gestão hospitalar requer muita agilidade e qualidade. Uma má gestão pode gerar sérios riscos não apenas para o hospital como, também, para a sociedade que necessita dos serviços de saúde. A seguir, apresentamos o aporte teórico sobre logística hospitalar no setor de farmácia. LOGISTÍCA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA Toda e qualquer farmácia hospitalar deve seguir os padrões e normas do recebimento e da distribuição dos medicamentos. Kuhner e Oliveira (2010, p. 48) definem a logística hospitalar no setor de farmácia como sendo “boas práticas de distribuição das medidas para garantir que a qualidade do produto farmacêutico elaborado sob as diretrizes de boas práticas de fabricação chegue ao consumidor final”. Os medicamentos dentro da farmácia hospitalar devem ser armazenados em lugares apropriados e serem usados conforme seu período de vida útil. Silva (2010, p. 123) comenta que “cumpre duas funções fundamentais da logística hospitalar. A primeira é a responsabilidade de recebimento de medicamentos. A segunda consiste na preparação de medicamentos e materiais de consumo”. Além do recebimento dos medicamentos, a farmácia hospitalar também faz a preparação dos medicamentos e matérias de consumo. A farmácia hospitalar também exerce outro papel relevante que é o de controle total de seus medicamentos. Barbieri (2009, p. 11) comenta que “a qualidade dos serviços se relaciona de modo muito intenso com a qualidade de administração de materiais, pois para que um serviço seja bem feito é necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário”. A qualidade dos serviços é muito importante para um hospital no setor de farmácia, que deve ter os medicamentos certos quando solicitado. Segundo Silva (2010, p. 125), “todas as farmácias hospitalares são consideradas estabelecimentos assistenciais de saúde, devendo evidenciar a realização de atividades como recepção e inspeção de produtos farmacêuticos”. As farmácias hospitalares devem receber os medicamentos, registrar e conferir sua entrada e ter controle de sua distribuição conforme os medicamentos sejam solicitados. Ainda conforme Silva (2010, p.125), “usualmente, num hospital, os denominados postos de enfermagem requisitam medicamentos a serem supridos pela farmácia hospitalar”. A farmácia hospitalar deve ser bem organizada e realizar o controle de compra dos medicamentos, para que não corra o risco de receber pedidos de medicamentos pelos postos de enfermagem que não possam ser encontrados na farmácia. 6 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 METODOLOGIA ABORDAGEM METODOLÓGICA Este estudo tem caráter exploratório e descritivo, que visa elaborar um diagnóstico funcional na logística hospitalar com foco no setor de farmácia, e apresentar sugestões de melhorias para o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia A pesquisa descritivo-exploratória possibilita a descoberta de novas ideias e insights, permitindo que o pesquisador compreenda melhor os aspectos envolvidos na questão em foco. Segundo Collis e Hussey (2005, p. 24), “o objetivo desse tipo de estudo é procurar padrões, ideias e hipóteses, em vez de testar ou confirmar uma hipótese”. Assim, para o desenvolvimento deste estudo, elegeu-se o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia como objeto de análise. Yin (2005, p. 32) afirma que “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. SELEÇÃO DO CASO A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia se destaca como uma das maiores unidades hospitalares do Estado de Goiás por atender média e alta complexidade em uma completa e ampla estrutura. No setor de internação, a instituição disponibiliza uma excelente estrutura com 301 leitos, divididos em apartamentos e enfermarias. Possui Centro Cirúrgico com 12 salas, setor de hemodiálise e quimioterapia, e Banco de Sangue próprio, além de possuir 20 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto, toda a cobertura de exames diagnósticos e Pronto Atendimento 24 horas. COLETA DE DADOS Foi utilizada, como técnica de coleta de dados, a entrevista semiestruturada. O roteiro de entrevista abordou questões sobre planejamento e execução dos processos inerentes à logística hospitalar no setor de farmácia. Foram entrevistados os gerentes e os funcionários da farmácia. ANÁLISE DOS DADOS No processo de pesquisa, a análise de dados consiste em examinar as pressuposições iniciais de um estudo, analisando as evidências através dos dados coletados, combinados com a pesquisa teórica (Yin, 2005). A análise da pesquisa empírica em conjunto com a teórica proporciona um melhor entendimento do objeto em estudo. O caso foi analisado quanto ao referencial teórico, considerando-se o setor de logística, logística hospitalar e, por último, a logística no setor de farmácia hospitalar. 7 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 APRESENTAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE GOIÂNIA – GO A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia (SCMG) foi fundada em 1937 e em parceria com a Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), começa, no setor central da cidade a construção do prédio que abrigaria a SCMG. Em 1954, quando uma junta administrativa é formada devido à expansão técnico-físico do hospital, a SCMG já possuía Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mais de 150 leitos, Centro Médico onde começaram a se definir clínicas mais especializadas, como a de urologia e de cardiologia, o que contribui para que a Santa Casa deixasse de ser apenas um hospital municipal, passando a atender pacientes provenientes até do Distrito Federal. Em 1984, novo prédio da SCMG foi edificado na Vila Americano do Brasil, onde funciona até os dias atuais. No ano de 2003, a Sociedade Goiana de Cultura (SGC) se vinculou à Santa Casa de Misericórdia de Goiânia resultando na ampliação do potencial hospitalar e na melhoria de prestação de assistência à saúde. Isso significou consolidar a SCMG como hospital de referência na região CentroOeste, na área de assistência de saúde, bem como no ensino e na pesquisa. A Santa Casa desenvolve importante função na formação de profissionais de saúde com programas de internato, residência médica e convênio com curso na área da saúde da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Em 2010 a Santa Casa recebeu certificação e em 2012, a recertificação como Hospital de Ensino, junto aos Ministérios da Saúde e da Educação, tendo como visão: Garantir níveis de excelência na prestação de serviços de assistência à saúde, tendo em vista seu reconhecimento como instituição de referência na área, e colaborar com o fomento à pesquisa, ao ensino, à extensão e à assistência social. Sua missão é: Ser sujeito de transformação, de participação e de promoção social, pela prestação filantrópica de serviços em saúde, adotando, compartilhando e difundindo princípio da entidade mantenedora, contribuindo com a geração e a produção de conhecimentos sistemáticos, com estrutura organizacional moderna valorizando os colaboradores, com vistas ao efetivo acesso a bens e serviços de saúde. O organograma apresenta a estrutura organizacional do setor de logística hospitalar. Hoje, a Santa Casa conta com cerca de 1.200 colaboradores, sendo que sua estrutura organizacional, no setor de logística hospitalar no setor de farmácia, é composta por 39 colaboradores. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 8 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 O objetivo deste capítulo é apresentar uma análise dos dados coletados, considerando-se o embasamento da pesquisa teórica desenvolvida. Como técnica de coleta de dados, utilizou-se o método de observação, análise de documentos e a entrevista semiestruturada, composta por perguntas abertas desenvolvidas a partir de um referencial teórico, considerando os objetivos gerais e específicos. As questões foram divididas em três sessões: a primeira relacionada aos aspectos da logística geral, a segunda relacionada aos aspectos da logística hospitalar e a terceira relacionada à logística hospitalar no setor de farmácia. As entrevistas foram realizadas em outubro de 2014 com os gestores e com os funcionários do setor de farmácia. DIAGNÓSTICO DE ENTREVISTAS COM GESTORES SESSÃO 1: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA GERAL Abordou-se inicialmente se o setor de logística participa do planejamento estratégico da Santa Casa. Os gestores responderam que a Santa Casa não possui logística e que existe uma deficiência na atribuição de cargos dentro do hospital. Dando prosseguimento à entrevista, os gestores foram questionados a respeito da elaboração do planejamento e controle de fluxo e estocagem dos produtos hospitalares de uma forma geral. Os gestores responderam que, teoricamente, esse controle deveria ser feito exclusivamente pelo programa de gestão hospitalar “MV2000i”. Como esse programa não tem todos os dados devidos, existe uma diferença considerável entre o estoque físico e o virtual. Perguntou-se, a seguir, sobre qual a importância da logística para o sucesso da Santa Casa. Os gestores responderam que a logística poderia organizar toda a cadeia de suprimentos da instituição, auxiliar não somente as equipes assistenciais na hora de utilizar os insumos e administrar medicações, como também organizar as contas no momento da cobrança pelo departamento administrativofinanceiro e, principalmente, reduzir o desperdício com a má utilização dos materiais. Eles também afirmaram que, atualmente, a logística da Santa Casa se encontra um pouco mal planejada, e que seria de extrema importância melhorar o arranjo. Em relação à falta de medicamentos e produtos, nos foi relatado que isso acontece em função da dificuldade de gestão do estoque. Os procedimentos adotados pelo setor de farmácia para minimizar extravios de medicamentos é o fracionamento dos kits em três períodos distintos: dispensação dos kits de forma individualizada, devidamente identificados com os dados do paciente alvo e acompanhamento e conferência das devoluções com a finalidade de identificar falhas ou más condutas no manuseio dessas medicações. 9 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Indagou-se, ainda, a respeito do controle inerente às datas de vencimentos dos produtos e quais são os procedimentos adotados. Os gestores responderam que esse controle é feito no CAF (Central de Abastecimento Farmacêutico). O procedimento adotado é posicionar os produtos de menor data de validade à frente daqueles de maior data de validade. Eles responderam também que o controle é realizado através da checagem manual dos funcionários após essa conferência de produtos vencidos e, então, é dado baixo no sistema e preenchido o auto de inutilização de medicamentos, onde constam as assinaturas do farmacêutico e do responsável da Santa Casa que os encaminha para a empresa de incineração. Cavanha Filho (2001, p. 3) define a “logística como parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações relacionados, do ponto de origem ao ponto de consumo”. Portanto, mediante estudos realizados e dados coletados, entende-se que o setor de logística requer a elaboração da descrição e análise dos cargos, especificando suas funções e requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; a atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no arranjo físico do setor de logística e reformulação nos processos de compras para sanar os problemas com medicamentos vencidos, diminuindo o custo e evitando desperdícios. SESSÃO 2: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR Os entrevistados informaram que o principal desafio da administração hospitalar encontra-se em promover a distribuição dos restritos recursos de forma homogênea, pois o hospital funciona em cadeia onde um setor está direta ou indiretamente ligado ao outro. Responderam também que os desafios estão em corrigir falhas no departamento pessoal, analisar desvios de conduta e coordenar as funções e que o dever maior é a conscientização de quem trabalha no hospital. Nota-se que, na segunda questão, os gestores responderam que o objetivo principal da administração está em colocar o hospital em capacidade máxima para salvar vidas, sem ocasionar problemas posteriores. Eles afirmaram também que o objetivo principal está em coordenador processos de trabalho, identificando falhas e carências que possam comprometer o fluxo de funcionamento de cada setor primando pela vida do paciente. Entende-se que, mediante teorias estudadas, será necessário reformular os processos de trabalho de todos os setores do hospital para um melhor funcionamento de todas as áreas para que o paciente possa receber um atendimento de 10 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 qualidade, desde a sua chegada no hospital, na recepção, ou em casos de pacientes com extrema emergência que chegam em ambulâncias, até o momento da alta hospitalar. Perguntou-se aos gestores se a Santa Casa realiza pesquisa junto aos pacientes para mensurar seu nível de satisfação. Os gestores responderam que não, porém o hospital está implantando o “Núcleo de Segurança do Paciente”, de acordo com a Resolução - RDC Nº 36, de 25 de julho de 2013, e após esse processo, essa e outras medidas serão adotadas, priorizando o bem estar dos pacientes. Buscou-se saber se a Santa Casa trabalha com gestão da qualidade e quais são os resultados obtidos em relação à qualidade de uma forma geral. Os gestores responderam que atualmente não existe nenhuma comissão de gestão da qualidade no hospital. Diante das respostas obtidas, reforçamos as palavras de Ruiz (2012, p. 87) ao afirmar que “clientes não compram produtos ou serviços, mas sim expectativas, soluções para seus problemas e atendimento as suas necessidades”. Mediante os estudos realizados e os dados coletados, entende-se que se faz necessário implantar no hospital uma gestão de qualidade, efetuando pesquisa de satisfação para averiguar o nível de satisfação junto aos pacientes. Através da implantação da gestão da qualidade, o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia também poderá efetuar resolução de problemas, promover a padronização de processos críticos, verificar o desempenho da instituição, proporcionar a capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e garantir o reconhecimento da comunidade. SESSÃO 3: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA Inicialmente, perguntou-se sobre os procedimentos relativos aos controles dos medicamentos no setor de farmácia. Os entrevistados responderam que o controle é feito pelo programa de gestão hospitalar “MV2000i”. Como esse programa não é devidamente alimentado, não existe até o momento um controle eficaz. Portanto, encontramos em Barbieri (2009, p. 276) respaldo para esse dado quando o autor afirma que “a farmácia hospitalar tem duas funções básicas: (1) receber, armazenar e distribuir medicamentos aos usuários; e (2) preparar ou fabricar medicamentos, produtos químicos e de limpeza e materiais diversos”. Logo, mediante estudos realizados e dados coletados, entende-se que o software do hospital precisa ser alimentado de maneira correta para que se tenha um efetivo controle dos medicamentos do hospital. Os entrevistados nos relataram que há faltas dos produtos, prejudicando o tratamento dos pacientes. Não se pode deixar faltar insumos dentro do hospital, pois essa conduta pode colocar em 11 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 risco a vida do paciente. Eles responderam que a orientação é para que o setor de estoque (CAF) comunique ao setor de compras a previsão de falta com, pelo menos, 3 dias de antecedência. Para isso, a equipe da farmácia deve conhecer a fundo o consumo médio de cada produto. O sistema de gestão hospitalar “MV2000i”, se bem alimentado, pode oferecer essa previsão, basta saber operá-lo. Foi ainda ressaltado que quando acontece falta dos produtos, eles são solicitados em outros hospitais a fim de que seja garantido o pronto atendimento ao paciente. Para tanto, Barbieri (2009, p. 11) enfatiza que “a qualidade dos serviços se relaciona de modo muito intenso com a qualidade de administração de materiais, pois para que um serviço seja bem-feito é necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário”. Portanto, mediante estudos realizados e dados coletados, percebe-se a necessidade de uma reestruturação nas compras dos medicamentos para evitar que os mesmos faltem para os pacientes. Em relação à forma de controle relativo a entradas e saídas dos produtos, quando perguntamos se os medicamentos na farmácia são armazenados de forma correta, os gestores responderam que o controle de entrada é feito no CAF através da nota fiscal do produto ou outro documento que comprove sua origem; as saídas são feitas por solicitações via prescrições médicas, boletins cirúrgicos ou requisições; e os armazenamentos dos medicamentos são feitos respeitando as orientações em bula, de acordo com as características do ambiente, como: temperatura e luminosidade. Foi-nos relatado ainda que as saídas não são dadas corretamente devido à falta de instrução. Ainda nesse sentido, constatou-se a perda de medicamentos por vencimento, ocasionada por razões distintas: falta de gestão de estoque; compra mal sucedida, (compra de quantidade muito superior ao consumo) ou quando o medicamento deixa de ser usado no mercado (por possuir restrição na ANVISA ou propaganda discriminatória). A consequência principal de perda de medicamentos por vencimento é o prejuízo financeiro para a instituição. Em relação ao descarte dos produtos vencidos, os gestores responderam que o procedimento para descarte dos produtos vencidos e avariados é a incineração. Esse procedimento também gera prejuízo para a Santa Casa, pois o serviço de incineração é feito por empresa particular e não pela prefeitura. Dessa forma, Silva (2010, p.123) discute as funções da logística hospitalar: “A primeira é as responsabilidades de recebimento de medicamentos. A segunda consiste na preparação de medicamentos e materiais de consumo”. Em vista disso, mediante estudos realizados e dados coletados, entende-se que devem ser elaborados processos para diminuir a quantidade de 12 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 medicamentos vencidos no hospital, através do setor de compras e através das solicitações de compras desnecessárias. DIAGNÓSTICO DE ENTREVISTAS COM OS COLABORADORES SESSÃO 1: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA GERAL Inicialmente, abordou-se a elaboração da participação dos colaboradores no plano estratégico do setor de logística, sendo as respostas parecidas. Os colaboradores responderam que a participação deles no plano estratégico do setor de logística é inexistente, e que eles apenas são responsáveis pela execução do trabalho em si, cabendo ao coordenador do setor participa do plano estratégico. Responderam também que “não existe a participação, mas que seria importante se participassem do plano estratégico do setor de logística para que tivessem uma melhora no trabalho deles”, segundo palavras de Odirleia Franca Xavier e Jacileide Ferreira da Silva. Cavanha Filho (2001, p. 3) define a “logística como parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações relacionados, do ponto de origem ao ponto de consumo”. Verifica-se, mediante os estudos realizados e os dados coletados, a grande necessidade da participação dos funcionários no plano estratégico da logística para aumentar a produtividade e a satisfação dos mesmos. Foi abordado se a logística contribui para o sucesso da Santa Casa e de que forma isso acontece. Os colaboradores responderam que a logística é extremamente importante para que os medicamentos cheguem aos pacientes de forma correta, contribuindo para o bom funcionamento de todos os setores do hospital. Os colaboradores responderam também que “no hospital não tem logística e, por isso, existem muitas falhas de controle em vários setores”, conforme salienta Eunice Sousa Silva. Pozo (2007, p.13-14) destaca, então, que “a logística é vital para o sucesso de uma organização. Ela é uma nova visão empresarial que direciona o desempenho das empresas, tendo como meta reduzir o lead time entre o pedido, a produção e a demanda”. Consequentemente, após estudos realizados e dados coletados, entende-se a importância da implantação de uma logística no hospital que atualmente a fim de obter sucesso nos seus vários setores. Dando sequência à entrevista, perguntou-se sobre os procedimentos adotados no setor de logística para torná-la eficiente e eficaz e se os colaboradores são treinados nesse sentido. Os colaboradores responderam que adotam os procedimentos de controlar os medicamentos desde o recebimento até a chegada deles ao paciente. Todavia, responderam que eles não têm treinamento 13 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 quando começam a trabalhar no hospital, e que aprendem o serviço com outros colegas do setor. Responderam também que “deveriam ter treinamentos por pessoas qualificadas para aprenderem melhor a rotina dos seus serviços”, segundo relato de Angélica Fernandes da Costa. Já na quinta questão, foram abordadas quais as maiores dificuldades e facilidades encontradas para o desenvolvimento das suas atividades. Os colaboradores responderam que tiveram muita dificuldade no começo, quando entraram, devido ao fato de não terem recebido treinamentos, dificuldade em montar os kits que são encaminhados para as cirurgias e alguns tiveram facilidade na organização dos medicamentos no setor de farmácia. Pozo (2007, p.13-14) reforça que a “logística é vital para o sucesso de uma organização. Ela é uma nova visão empresarial que direciona o desempenho das empresas, tendo como meta reduzir o lead time entre o pedido, a produção e a demanda”. Mediante estudos realizados e dados coletados, entende-se a necessidade de treinamento dos funcionários após a admissão no hospital para capacitálos ao trabalho. SESSÃO 2: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR Os entrevistados informaram que boa parte dos clientes não manifesta satisfação em relação ao atendimento, pois disseram que há muitas coisas a serem melhoradas, como, por exemplo, o atendimento na recepção do hospital. Outros entrevistados responderam que boa parte dos clientes manifesta satisfação em relação ao atendimento, e que os pacientes recebem os medicamentos em tempo hábil. Outros funcionários responderam também não ter conhecimento sobre a pergunta, pois “não tem contato com pacientes e apenas fica no setor na parte interna e não sabe se os pacientes do hospital no geral estão satisfeitos com o atendimento”, conforme aponta Eunice Sousa Silva. Para Teixeira (2010, p. 97), “em saúde devemos ter sempre em mente que cada paciente ou cliente valoriza aspectos diferentes de forma também diferenciada”. Mediante estudos realizados e dados coletados, entende-se a necessidade de elaborar pesquisas contínuas com os pacientes do hospital para avaliar o nível de satisfação junto ao setor de atendimento. Nota-se que todos os colaboradores responderam que os serviços prestados pela Santa Casa são considerados serviços de qualidade, porque o hospital possui serviços diferenciados e médicos de várias especialidades. Todos os dias, o hospital recebe muitos pacientes provenientes de várias cidades e que vêm de longe e buscam a Santa Casa por ser um hospital de referência no estado de Goiás. No que se refere às deficiências no setor de atendimento, foi relatada a necessidade de melhorias, principalmente em relação aos pacientes, que precisam ser acolhidos de forma mais atenciosa, com 14 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 eficiência e rapidez. Responderam também que “pelo tamanho do hospital ele tem poucos leitos de UTI e muitos pacientes correm risco de morte esperando por uma vaga na UTI”, segundo relato de Eliane Fernandes Bion de Lima. Heleno (2008, p. 14) ressalta que “quem atua na área de administração hospitalar se depara, continuamente, com dois cruciais desafios: o de obter os melhores resultados empresariais e, ao mesmo tempo, ter a capacidade de otimizar recursos”. Em virtude dos estudos realizados e dos dados coletados, entende-se a que o hospital precisa elaborar uma comissão de gestão da qualidade para aumentar sua produtividade e, consequentemente, promover a satisfação de toda a comunidade. SESSÃO 3: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA Em relação às faltas de medicamentos para atendimento das prescrições médicas, perguntou-se se o fato acontece com frequência, quais são as consequências para os pacientes da Santa Casa e qual o motivo da falta de medicamentos. Os colaboradores responderam que existem faltas de medicamentos das prescrições médicas e que não acontecem com frequência. Responderam que as consequências para os pacientes são muito graves, pois muitos deles estão no hospital em caso de vida ou morte e precisam ser medicados. Sobre o motivo da falta de medicamentos responderam que ela acontece em virtude de falhas no setor de compras ou também de falhas no momento da armazenagem dos medicamentos no estoque, pois os medicamentos que estão próximos do vencimento devem ficar sempre na frente, para serem retirados primeiro, e os medicamentos com maior prazo de validade devem ficar atrás. Responderam também que “quando falta medicamentos, eles podem ser solicitados em outros hospitais quando for um caso de emergência para que o paciente não fique prejudicado”, conforme relato de Eunice Sousa Silva. Kuhner e Oliveira (2010, p. 48) destacam: “entende-se como boas práticas de distribuição das medidas para garantir que a qualidade do produto farmacêutico elaborado sob as diretrizes de boas práticas de fabricação chegue ao consumidor final”. Após estudos realizados e dados coletados, entende-se que precisam ser sanados os problemas com falta de medicamentos que ocorrem no hospital, através de uma reestruturação no setor de compras em relação aos setores que solicitam essas compras. Referente à questão sobre qual a forma de controle estabelecida para a fiscalização dos medicamentos e se existem falhas no processo e quais seriam, os colaboradores responderam que primeiramente o controle começa na Central de Abastecimento de Farmácia onde os funcionários recebem os medicamentos e verificam se estão corretos os pedidos, recebem as notas fiscais e dão 15 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 entrada no sistema. Depois que esses medicamentos são entregues no setor de farmácia para serem armazenados no estoque, eles são posteriormente entregues às enfermeiras quando os solicitam, sendo necessário que elas assinem certificando que estão retirando esses medicamentos para o controle do setor. Os colaboradores avaliaram que existem falhas no processo no momento das saídas dos medicamentos, pois eles são entregues às enfermeiras e também são entregues os kits para as cirurgias, porém não se sabe, de fato, se esses medicamentos foram utilizados nos pacientes. Foi destacado ainda que “alguns médicos ainda estão fazendo prescrições médicas manuais em vez de eletrônicas”, segundo Karina Rodrigues da Silva. Na questão seguinte abordou a forma de armazenagem dos medicamentos na farmácia hospitalar: se são armazenados de forma correta e se o armazenamento permite o manuseio satisfatório. Os colaboradores responderam que sim, os medicamentos são armazenados de forma correta, que todos são armazenados no estoque da farmácia, são etiquetados e que a temperatura do estoque é adequada. Informaram também que o manuseio é satisfatório, pois permite fácil acesso no momento de encontrar e retirar os medicamentos, pois todos são colocados nos lugares certos. “Os próprios funcionários do setor cuidam da organização dos medicamentos”, conforme Eliane Fernandes Bion de Lima. Foi questionado se havia perda de medicamentos devido ao prazo de validade e por que isso acontece. A metade dos colaboradores respondeu afirmativamente e a outra metade respondeu que não existem muitas perdas de medicamentos devido ao prazo de validade. A resposta para essa questão está vinculada ao momento de se retirar os medicamentos dos estoques, pois estão sendo retirados de formar errada: estão retirando os medicamentos novos e deixando os que estão perto de vencer. Responderam também que “o motivo de ter muitos medicamentos vencidos seja devido a falhas na hora de comprar os medicamentos, pois as compras são feitas de 15 em 15 dias e são comprados muitos medicados que usam pouco, e em menor quantidade os medicamentos que usam mais nos pacientes”, de acordo com Jacileide Fereira da Silva. Barbieri (2009, p. 11) comenta que: “a qualidade dos serviços se relaciona de modo muito intenso com a qualidade de administração de materiais, pois para que um serviço seja bem-feito é necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário”. Mediante estudos realizados e dados coletados, salienta-se a necessidade de que sejam revistos, dentro do hospital, os processos de compras e solicitações para sanar os problemas com faltas de medicamentos. Por último, perguntou-se sobre os procedimentos inerentes ao descarte dos produtos vencidos e avariados. Os colaboradores responderam que, primeiramente, esses medicamentos precisam ser 16 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 retirados do estoque e separados dos demais e, posteriormente, são entregues ao coordenador do setor para serem incinerados. Barbieri (2009, p. 276) diz que “a farmácia hospitalar tem duas funções básicas: (1) receber, armazenar e distribuir medicamentos aos usuários; e (2) preparar ou fabricar medicamentos, produtos químicos e de limpeza e materiais diversos”. Em conformidade com os estudos realizados e dados coletados, constata-se a necessidade de elaboração de um processo preciso para que se evite, ao máximo, medicamentos vencidos no hospital. Quadro 1 - Síntese Sugestões Para Implementação de Melhorais 01 Treinamento e aperfeiçoamento do pessoal; 02 Elaboração das descrições e análise dos cargos, especificando as funções e os requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; 03 Atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; 04 Melhorias no arranjo físico do setor de logística; 05 Reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir custos e evitar desperdícios com medicamentos vencidos; 06 Implantação de uma gestão da qualidade no hospital, pois através da gestão da qualidade o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia poderá efetuar a resolução de problemas existentes, padronizar os processos críticos, fazer uma capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e ter reconhecimento da comunidade. Fonte: A Autora. 2014. Segundo o Sebrae (2008), a técnica 5W2H é uma ferramenta prática que permite, a qualquer momento, identificar dados e rotinas mais importantes de um projeto ou de uma unidade de produção. Também possibilita identificar quem é quem dentro da organização, o que faz e porque realiza tais atividades. O método é constituído de sete perguntas utilizadas para implementar soluções. Quadro 2 - Plano de Ação para Sugestões da Implementação de Melhorias O quê ? (What) Por quê? ( Why) Treinamento e aperfeiçoame nto do pessoal Os funcionários estão despreparados Elaboração de análise dos cargos Para aumentar a produtividade dos funcionários Onde? Where Quem ? (Who) Setor de farmácia Contratar empresa de consultoria Setor de farmácia Recursos Humanos Quando? (When) Como? (How) 01/04/2015 Através de cursos, palestras e treinamentos específicos 01/09/2015 Elaborar análises, coletar informações e fazer revisão das descrições dos cargos Quanto Custa? (How Much) R$160,00 a hora R$ 1.500,00 17 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Software O sistema não está devidamente alimentado Em todo o sistema do hospital Coordenador de cada setor 01/12/2014 Arranjo físico Melhorar o espaço Setor de farmácia Coordenador Farmácia 01/01/2015 Controle de produtos inadequado Em todos os setores que solicita m compras Coordenador de Compras A Santa casa não tem No hospital todo Compras Gestão da qualidade Contratar empresa Treinando os funcionários para usar o sistema de maneira correta R$ 1,000,00 Organizar o que for necessário no setor R$ 3.000,00 01/03/2015 Reformulando os processos e solicitações de compra 01/08/2015 Promover melhoria contínua de todos os serviços R$ 2.000,00 R$180,00 Fonte: A Autora, 2014. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo apresentou como tema - Diagnóstico Funcional no setor de logística hospitalar do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e atendeu aos objetivos propostos na condução de um estudo de caso. Com os dados obtidos através das entrevistas, foi possível apresentar diagnóstico tendo por base a visão dos gestores e funcionários, a saber: melhorias em treinamento e aperfeicoamento do pessoal; elaboracao das descrições e análise dos cargos, especificando as funções e os requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no arranjo físico do setor de logística; reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir custos e evitar desperdícios com medicamentos vencidos; implantação de uma gestão da qualidade no hospital, pois através da gestão da qualidade o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia poderá efetuar a resolução de problemas existentes, padronizar os processos críticos, fazer uma capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e ter reconhecimento da comunidade. Com isso, os objetivos foram alcançados, através do confronto da teoria com a prática vivenciada no hospital. Diante do dinamismo do mercado é importante ressaltar que novos estudos devem ser desenvolvidos, a fim de permitir que o hospital atenda às exigências dos pacientes. Este trabalho limitou-se ao estudo sobre a logística hospitalar, com base na área de Farmácia do 18 XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015 Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Porém, a base teórica utilizada poderá servir como embasamento para os estudos de outros segmentos dentro do hospital. Os resultados apresentados sugerem oportunidades para a continuidade de pesquisa em relação aos procedimentos da logística hospitalar. Sugere também a continuidade dos estudos, buscando mais casos de sucesso na logística de hospitais, tema ainda considerado novo para muitos profissionais. Sugere-se ainda, como outra oportunidade para a continuidade deste trabalho, que os futuros pesquisadores realizem pesquisas sobre as dificuldades encontradas pelos funcionários da área de logística com relação à adequação dos procedimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR14724 Informação e documentação: trabalhos acadêmicos, apresentação. 2. Ed. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1993. BARBIERI, José Carlos. Logística Hospitalar. 2. ed. São Paulo, 2009. BATEMAN, Thomas S. Administração: novo cenário competitivo. Tradução Bazan Tecnologia e Linguística Ltda; revisão técnica Jose Ernesto Lima Goncalves. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BERTAZZO, Giuseppe. Santa Casa de Misericórdia de Goiânia 2003 a 2013. Goiânia: PUC Goiás, 2013. BURMESTER, Haino. Manual de Gestão Hospitalar. 1. ed. 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