Sociedade Brasileira de Química ( SBQ) O conhecimento físico-químico na compreensão do comportamento dos CFCs no ambiente: proposta para uma abordagem integrada. Hélio Elael Bonini Viana*(PG), Paola Corio (PQ), Paulo Alves Porto (PQ). [email protected] Instituto de Química – Universidade de São Paulo – CP 26077 - CEP 05513-970 - São Paulo - SP. Palavras Chave: físico-química, CFC, meio ambiente, contextualização, cinética. Introdução Segundo Gilbert1, a abordagem contextualizada do conhecimento químico pode auxiliar os estudantes a superar problemas como a aprendizagem de fatos isolados sem compreender suas inter-relações; a dificuldade de transferir conceitos e habilidades para situações diferentes daquelas em que foram aprendidas; e ainda a incompreensão acerca da relevância dos conceitos aprendidos. Este trabalho procura mostrar como certos conceitos de físicoquímica e de química ambiental podem ser tratados conjuntamente, visando aprendizagem mais significativa. Desenvolveu-se um estudo de caso sobre o processo de compreensão do perigo ambiental representado pelos clorofluorocarbonos (CFCs), e o papel dos conceitos de cinética química nesse processo. Resultados e Discussão Para realizar uma abordagem contextualizada para o ensino de determinados conteúdos, faz-se necessário criar situações de ensino nas quais o contexto seja relevante para o aluno. Neste trabalho, mostramos como conceitos de cinética química podem ser efetivamente trabalhados sob uma perspectiva ambiental. A mudança da concepção da comunidade científica acerca dos CFCs pode ser representada pelo mapa conceitual da Figura 1. Modelo eddy difusion 1950 Hidroxilas Requisitou a elaboração de Teorias envolvendo radicais 1970 Óxidos de nitrogênio CFC´s Década de 70 Molina e Rowland(1974) Radicais com cloro Fig. 1 – Mapa Conceitual ilustrando os fatores que afetam o ozônio estratosférico. Apesar de a teoria de Chapman (1930) ter sido bem sucedida na descrição do comportamento temporal e espacial brutos do ozônio atmosférico, a determinação dos coeficientes de velocidades apontou para a necessidade de se considerar outros a onde PX , DX = velocidades de produção ou destruição fotoquímica da espécie química X (molécula cm-3 s-1); z = altitude; [m] = concentração de moléculas de ar; e µX = [X]/[m] (razão de mistura das partículas da espécie X); e Este exemplo ilustra como o reconhecimento das perturbações ambientais causadas pelos CFCs não resultou apenas do acúmulo de resultados de análises, mas que os estudos em cinética química foram fundamentais para a compreensão da complexidade do problema. Conclusões Teoria de Chapman (1930) Testar confiabilidade processos que levariam à destruição do ozônio atmosférico2. Assim, processos catalíticos passaram a ser considerados, como os que envolvem radicais contendo cloro produzidos pela decomposição dos CFCs pela radiação UV3. A confiabilidade dos modelos para processos fotoquímicos que ocorrem na estratosfera e na mesosfera pôde ser averiguada a partir da comparação dos valores experimentais com os cálculos das distribuições dos constituintes químicos. O modelo2 usado para esta finalidade é unidimensional, de modo que a troca de matéria é simulada pelo conceito de difusão turbilhonária (eddy diffusion), que descreve a concentração no estado estacionário de qualquer constituinte químico X pela equação 32 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química Ao determinar parâmetros de reações e propor modelos plausíveis, a cinética química se destacou no processo de compreensão das transformações sofridas por poluentes na atmosfera. Assim, os CFCs deixaram de ser considerados inócuos e se reconheceu seu risco ambiental. A apresentação integrada de conteúdos de cinética e de química ambiental, enfocando a trajetória histórica dos CFCs, pode assim propiciar aprendizagem mais significativa para os estudantes de química. Agradecimentos Ao CNPq e à FAPESP. ____________________ 1 Gilbert, J. K. Int. J. Sci. Edu. 2006, 28, 957. Crutzen, P. J. Am. Chem. Soc. 1974, 62, 1570. 3 Molina, M. J.; Rowland, F.S. Nature 1974, 249, 810. 2