As lições da Nova Zelândia na produção de leite

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13/09/13
As lições da Nova Zelândia na produção de leite - Campo e Lavoura - Economia - Zero Hora
Zero Hora
Experiência compartilhada 12/09/2013 | 12h57
As lições da Nova Zelândia na produção de leite
Maior exportador de produtos lácteos do mundo, país investe em pesquisa e gestão
Com pesquisas genéticas, produtores conseguem animais menores, o que facilita a locomoção
Foto: NTZE / Divulgação
Leandro Becker
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Ao nascer, a vaca leiteira traz nos genes a garantia de que produzirá em alta qualidade. Para facilitar o manejo, uma só pessoa é capaz de
ordenhar até 400 animais por hora. Do leite produzido, 95% é processado para exportação, com preço atraente. É esse o retrato que se faz
da Nova Zelândia quando o tema é a produção láctea.
Ao unir genética, tecnologia e planejamento, o país criou um sistema eficiente, que permite gastar pouco e lucrar muito. E a fórmula do
sucesso não é secreta. O maior exportador de produtos lácteos do mundo quer compartilhar as lições, inclusive com o Rio Grande do Sul, às
voltas com um dos maiores escândalos de fraude no setor.
No país de 4,5 milhões de habitantes, o agronegócio é a espinha dorsal da economia. No caso do leite, o sistema produtivo tem o
cooperativismo como raiz. Com pecuária baseada em pastagem e propriedades de pequeno e médio portes, o lema é transformar alimento
em lucro. O primeiro passo foi padronizar e ordenar a produção. Lá, os animais pastam o ano inteiro, graças ao planejamento de intensidade
de lotação e rotação — associado a programas de renovação de pastagens. Os produtores são constantemente capacitados em gestão técnica
(para produzir mais) e estratégica (para aproveitar oportunidades de mercado).
A pesquisa também é permanente, e vai desde a criação de cultivares de pastagem mais resistentes até o melhoramento genético. O perfil
buscado é de animais menores (com mais facilidade de locomção) e mais longevos, com boas pernas e pés, além de úberes médios e fortes.
O leite, com alto percentual de sólidos (proteína e gordura), é mais valorizado. Os estudos incluem a identificação de vacas com maior
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potencial produtivo até a formatação do rebanho ideal. Graças a isso, o país dispõe de vacas mais saudáveis e férteis, e que, por
consequência, produzem mais.
— Enquanto no Brasil se obtém um quilo de sólidos a cada 15 litros de leite, na Nova Zelândia se consegue o mesmo com 11,4 litros — diz
Rejane Palmério, da Livestock Improvement Corporation, responsável por três em cada quatro vacas leiteiras neozelandesas.
A Nova Zelândia também é exemplo pelo modelo de boas práticas nas propriedades. Tudo é auditado, com integração entre governo,
indústria e produtores, o que traz reconhecimento internacional e novos negócios.
— Investimos em grandes mercados e precisamos de programas que garantam confiabilidade para toda a cadeia — ressalta Jeffrey
McAlister, embaixador do país no Brasil.
Ações eficientes também no controle sanitário
Definir um padrão mais rígido de controle sanitário, ampliar a fiscalização e fortalecer a integração entre produtores, governo e indústria.
Essa são as lições que a Nova Zelândia, líder mundial em exportação de leite, deixa para o Brasil recuperar a credibilidade do leite. Na
Expointer, a qualidade do produto foi um dos temas discutidos ontem em workshop promovido pela embaixada do país no Brasil e pela
agência para o fomento do comércio internacional do país.
— Qualidade e segurança são cruciais. O Brasil tem potencial, mas fatos como esse abalam a confiança na cadeia produtiva. Na Nova
Zelândia, por exemplo, as fazendas têm sistemas padronizados de boas práticas devidamente auditados — destacou Bernard Woodcock,
diretor-executivo da Qconz América Latina Consultoria e Treinamento, braço operacional da empresa neozelandesa.
A própria Nova Zelândia enfrentou, há um mês, suspeita de surto de botulismo — intoxicação grave que pode até matar — em produtos
lácteos da Fonterra. Após várias análises, no entanto, o governo garantiu que a bactéria encontrada era outra, e inofensiva. Mesmo assim,
países como China e Rússia decidiram retirar o leite do mercado, por precaução.
— Foi um alarme falso, mas reagimos rápido. Problemas na qualidade do leite acabam com a reputação do país. É por isso que investimos
tanto em rastreabilidade e segurança alimentar — destaca o embaixador do país no Brasil, Jeffrey McAlister.
Saiba mais
O país produz cerca de 2% do leite consumido no mundo, mas é a maior exportadora de lácteos: 95% da produção é transformada e
vendida ao Exterior.
Com 4,5 milhões de habitantes, tem 11,6 mil criações e 4,2 milhões de vacas (o número de animais é três vezes maior do que o do Estado).
Cada rebanho produz, em média, 1,4 milhão de litros de leite.
ZERO HORA
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