M ú s i c a H U M A N “Amian” é o primeiro álbum de originais da banda Human Cycle. Depois do EP “Broken Hill” de 2002, a formação surgiu, no início deste ano, com novos acordes no panorama musical português. Oriundos de Vila Nova de Gaia, os Human Cycle pretendem ser uma referência na música portuguesa tanto a nível nacional como além fronteiras. Texto: Marta Almeida Carvalho 30 C Y C L E O “soul” e o “rock” E m 1999, Mário Dias (voz), José Barbosa (bateria), Álvaro Matos (baixo), Ruben Rebelo e Miguel Dias (guitarras) formaram a banda Human Cycle. A maior parte dos elementos já se conhecia e, em 1997, participavam juntos num outro projecto denominado “Divine Art”. A entrada de Ruben, em 1999, completou o line-up da banda que avançou definitivamente para Human Cycle. A ideia do nome surgiu da constatação das várias correntes ideológicas por que passou a Humanidade. “Inicialmente o Teocentrismo, em que Deus era o centro de tudo. No Renascimento surgiu o Antropocentrismo, com o Homem a tornar-ser o centro do Universo. Actualmente vivemos numa espécie de Egocentrismo (em que o “eu” prevalece) e foi para desmistificar esta ideia que escolhemos o nome, uma corrente de união para um novo ciclo da Humanidade que tem de emergir”, referem. E foi com esta denominação que a banda entrou no panorama da música nacional. O primeiro EP, intitulado “Broken Hill” surgiu no mercado em 2002, depois da banda ter encontrado o som próprio que a caracteriza. “Este trabalho teve um bom feed-back, quer a nível nacional quer internacional”, dizem. Os temas do EP passaram nas mais conceituadas rádios portuguesas mas também em algumas estrangeiras. “Fomos a primeira banda a passar na londrina XFM e estivemos em primeiro lugar no top da Low Radio, de Amsterdão”. Alemanha, Brasil e Canadá foram outros países que se renderam aos sons dos Human Cycle. O “soul-rock” é o género musical em que dizem inserir-se, um som “forte e melódico que vem directamente da alma”. Na música – dizem - não há fórmulas para atingir o sucesso. “Os sons têm de fluir o mais naturalmente possível, como algo que vem de dentro de nós”, explicam. O ambiente que os rodeia bem como as influências musicais dos elementos marcam toda a melodia Human Cycle. “Cada vez que compomos procuramos criar sons diferentes. É como se, de cada vez, procurássemos a música perfeita, ideal”. Mas será que a música perfeita 31 M ú s i c a H U M A N existe? “Pode ser um pensamento utópico mas é o que nos motiva e nos faz continuar”, referem. Embora alguns elementos tenham formação musical, a experiência como autodidactas é muito importante para as suas composições. “Amian”, concertos e francesinhas Depois do período de promoção do álbum - “Amian Tour” com concertos agendados um pouco por todo o país, o resultado foi muito positivo. “As pessoas têm reagido bem ao nosso som. Não podemos falar de um público-alvo uma vez que as manifestações positivas têm surgido de diversas faixas etárias”, contam. As letras e os acordes base dos temas são feitos, geralmente, pelo Mário e pelo Miguel. Essa base chega à sala de ensaios onde todos contri32 buem com as suas ideias, arranjos e estruturação final para cada tema. “Apesar de partirmos de uma ideia base o resultado final acaba por ser sempre diferente do inicial. Por isso a criação é de todos e tem o cunho de cada um”. A opção pela língua inglesa foi feita devido à origem anglo-saxónica do rock. “É como soa melhor”, asseguram. Mas a internacionalização da música dos Human Cycle não foi descurada. “É claro que pensamos na internacionalização da nossa música. Até hoje ainda nenhuma banda portuguesa conseguiu verdadeiramente alcançar o «mainstream». Os únicos que conseguiram chegar perto foram os Moonspeel e os Madredeus”. O Porto é uma inspiração? “Sem dúvida, principalmente o vinho do Porto”, dizem com humor. Todos os elementos adoram a cidade. “O espírito do Porto é o nosso espírito. Daí estar presente nas nossas músicas. É algo de inato”, explicam. A cidade, quer pela sua estrutura, quer pelos inúmeros espaços que proporciona às bandas para tocar ao vivo, traduz-se num espaço musical por excelência. “Isso deve-se um pouco à maneira de ser dos portuenses. Cá no Norte há mais calor humano até ao nível da competição e do mundo musical”, asseguram. E para revigorar das actuações mais cansativas nada melhor do que uma típica francesinha. “Também gostamos de tripas à moda do Porto”. A francesinha foi eleita por maioria mas não por unanimidade. “O Miguel é mais adepto de francesinhas «vegetarianas»”, contam. O Palácio de Cristal e os seus jardins, bem como a zona ribeirinha inspiram-nos e o rio Douro foi mencionado pelos elementos da banda como sendo um dos locais que melhor simboliza a cidade se bem que a poluição deste curso de água seja um factor que lhes desagrada. As recentes mudanças na Avenida dos Aliados desagradam-lhes particularmente. “Para além de terem destruído os jardins que davam vida e cor à avenida acabaram com a típica calçada portuguesa que nos habituamos a ver”. Dar mais valor à música portuguesa, bem como à cidade do Porto, são dois dos desejos que esperam ver realizados. Para saber mais sobre os sons da banda passe por www.humancycle.net. C Y C L E pub sotinco 33