Inoculação com Azospirillum brasiliense e nitrogênio em cobertura no trigo em região de cerrado João Paulo Ferreira1, Marcelo Andreotti2, Orivaldo Arf3, Flavio Hiroshi Kaneko4, Vagner Nascimento5 6 e Michelle Traete Sabundjian 1 Engenheiro agrônomo Msc, Doutorando em Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Engenharia rural e solos, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP), Ilha Solteira-SP, email: [email protected] 2Professor Doutor-Docente campus de UNESP Ilha Solteira, Departamento de Fitotecnia, Engenharia rural e solos Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP)[email protected] 3Professor Doutor-Docente campus de UNESP Ilha Solteira, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP)[email protected] 4Engenheiro agrônomo Dr, Pós-Doutorando em Agronomia na Universidade Federal de Goiás – Jatai, BR 364, km 192, nº 3800 - Parque Industrial, Jataí - GO, [email protected] 5Engenheiro agrônomo Msc, Doutorando, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP)[email protected] 6Engenheiro agrônomo Msc, Doutorando, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP). [email protected] Resumo - Em culturas como cereais e espécies forrageiras, tem sido alvo de pesquisa com inoculação de bactérias diazotróficas do gênero Azospirillum aplicado via semente e recentemente via foliar, com aplicação de nitrogênio em cobertura para avaliar possíveis incrementos na produtividade. Avaliaram-se os efeitos das doses de nitrogênio com a inoculação via foliar de Azospirillum no trigo. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com 4 repetições, em esquema fatorial 2 x 4 com dez tratamentos constituídos de adubação nitrogenada em cobertura (30 e 60 kg ha-1) com doses de inoculação foliar de Azospirillum (0; 0,200; 0,400 e 0,600 l ha-1). Os parâmetros analisados foram: teor de N nas folhas (g kg-1); altura de plantas (m); número de espigas por metro quadrado; número de grãos por espiga; massa de 100 grãos (g), massa hectolítrica (kg 100 L-1) e produtividade de grãos de trigo (kg ha-1). Não foram observadas diferenças significativas nos componentes de produção nas doses de 30 ou 60 kg ha-1 de nitrogênio e não houve ajuste de regressão para as doses via foliar de Azospirillum. Na dose de 30 kg ha-1 de nitrogênio verificou-se maior teor de nitrogênio foliar, mas que não refletiu no incremento da produtividade do trigo. Palavra-chave: Triticum aestivum, aplicação foliar, adubação nitrogenada. Inoculation with Azospirillum brasiliense and nitrogen topdressing in wheat in the Cerrado region Abstract - In crops such as cereals and forage species has been the subject of research of diazotrophs inoculation of Azospirillum applied via seed and foliar recently, under nitrogen topdressing to assess possible increases in productivity. We evaluated the effect of nitrogen with foliar application of Azospirilum in wheat. The experimental design was a randomized block with four replicates in a factorial 2 x 4 with ten treatments consisting of the nitrogen in cover (30 and 60 kg ha-1) with levels of Azospirillum foliar (0; 0,200; 0,400 and 0,600 l ha-1). The parameters analyzed were nitrogen content in leaves (g kg-1); plant height (m); number of ears per square meter; number of grains per spike; 1000 grain weight (g), hectoliter mass (100 kg L-1) and grain yield of wheat (kg ha-1) No significant differences were observed in yield components in doses of 30 or 60 kg ha-1 nitrogen and no regression adjustment for doses of foliar Azospirillum. At a dose of 30 kg N there was a higher leaf nitrogen content, but not reflected in the increase of wheat yield. Keywords: Triticum aestivum, foliar application, nitrogen fertilization. Introdução No Cerrado brasileiro, a área cultivada com trigo aumentou consideravelmente nos últimos anos, tendo em vista o desenvolvimento de cultivares especificamente para essas condições edafoclimáticas. Nessas áreas, no entanto, o manejo da cultura permanece como fator limitante para o incremento e estabilização da produtividade. Entretanto, novas tecnologias estão sendo adotadas para melhorar o aproveitamento do nitrogênio aplicado em culturas gramíneas, e umas dessas alternativas é a utilização de bactérias que melhoram a absorção e promovam um incremento de produtividade e qualidade fisiológica da planta. Segundo Radwan et al. (2004), o grupo de bactérias do gênero Azospirillum sp, sobretudo A. brasiliense, que tem afinidade simbiôntica com varias espécies gramíneas como o trigo, milho e forrageiras do gênero braquiária, esta sendo muito estudado recentemente, pelo seu elevado potencial de fixação de nitrogênio atmosférico, além da produção de hormônios, como a auxina, que interfere no crescimento da parte aérea e do sistema radicular do trigo. Esse aumento do sistema radicular possibilita, portanto, a exploração de um maior volume de solo (Bashan & Hoguin, 1997; Zaied et al., Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.8, n.3, p.27-32, set. 2014 27 2003). As bactérias do gênero Azospirillum tem a capacidade de promover o aumento dos processos da redução assimilatória de nitrato disponível no solo (Boddey et al., 1986) e a fixação biológica do nitrogênio (Iniguez et al., 2004), nutriente caracterizado como um dos principais promotores do crescimento e desenvolvimento de gramíneas. Em outras culturas, como o milho, há relatos de que a inoculação de sementes com Azospirillum brasilense vem ganhando destaque em função de algumas vantagens quando comparado à adubação mineral, principalmente por não existirem perdas do N fixado, como ocorre com fertilizantes minerais, isso gera melhor aproveitamento deste nitrogênio pelas plantas (Soares, 2009). No Brasil, esta técnica pode gerar uma economia de 30 a -1 50 kg ha de nitrogênio na forma de adubo sintético (Fancelli, 2010). De acordo com Hungria (2011), a -1 inoculação das sementes associada à adição de 24 kg ha de 1 N na semeadura e 30 kg ha- de N no estádio de florescimento, proporciona rendimentos médios em torno de 7000 kg ha-1 de milho, viabilizando a “safrinha” em regiões onde é possível produzir duas safras por ano. Contudo, para a cultura do trigo, existem relatos de respostas positivas da inoculação com Azospirillum brasilense (Dalla Santa et al., 2004; Roesch et al., 2005). Alguns autores reportam que a associação promove melhorias em parâmetros fotossintéticos das folhas, incluindo o teor de clorofila (Barassi et al., 2008), melhorias na absorção da água e minerais, aumento na tolerância a estresses como salinidade e seca e ao ataque de agentes patogênicos, maior vigor de plantas e maior produtividade (Dobbelaere et al., 2001; Bashan et al., 2004; Correa et al., 2008). No entanto, são escassos os trabalhos com inoculação via foliar nas culturas em geral, portanto, o trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho agronômico da cultura do trigo, em função da aplicação foliar com Azospirillum brasilense associada à aplicação de doses de nitrogênio em cobertura. Materiais e Métodos O experimento foi desenvolvido no ano agrícola 2012 em área experimental pertencente à Faculdade de Engenharia – UNESP, Campus de Ilha Solteira, na fazenda de extensão e pesquisa (FEPE) situada no município de Selvíria-MS, aproximadamente a 51º 22' de longitude Oeste de Greenwich e 20º 22' de Latitude Sul, com altitude de 335 m. O solo característico da área predominante é um Latossolo Vermelho Distrófico com textura argilosa (Embrapa, 2006) e precipitação média anual é de 1.370 mm, com temperatura média anual de 23,5ºC e a umidade relativa do ar entre 70 e 80% (média anual). Os valores por decêndio de precipitação pluvial, temperatura máxima e mínima do ar, registrados durante o período de condução do experimento de trigo estão apresentados na Figura 1. Antes da instalação do experimento foi coletada amostra 28 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.8, n.3, p.27-32, set. 2014 composta, originada de 20 amostras simples na área experimental na profundidade de 0 a 0,20 m para análise de acordo com a metodologia de Raij et al. (1996). A análise química da área experimental apresentou o seguinte resultado: P (resina) - 12 mg dm-3; Matéria orgânica - 15 g -3 -3 dm pH - (CaCl2): 5,1; K - 2,6 mmolc dm Ca - 26 mmolc dm 3 ; Mg - 13 mmolc dm-3; H+Al - 16 mmolc dm-3; S - 11 mg dm3 . O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 4 repetições em um esquema fatorial 4x2 com 8 tratamentos constituídos das doses de nitrogênio em -1 cobertura utilizando ureia como fonte (30 e 60 kg ha ) e aplicação via foliar com inoculante Masterfix Gramineas® com as estirpes AbV5 e AbV6 de A. brasilense (2x108 células viáveis mL-1) nas doses de 0; 0,200; 0,400 e 0,600 l ha1 . O trigo foi semeado em 08 de maio de 2012 com irrigação por pivô central. A dessecação da área foi efetuada com -1 glyphosate (1920 g ha de i.a). Utilizou-se a cultivar IAC 373 - Guaicuru, cujas sementes foram semeadas mecanicamente com uso de uma semeadora-adubadora para SPD no espaçamento de 0,17 m nas entrelinhas e densidade -2 de 400 sementes viáveis m . A parcela útil experimental utilizada para as avaliações fitotécnicas perfez uma área de 10,2 m2 em 12 linhas de plantio com 5 m de comprimento. Na -1 semeadura foram utilizados 250 kg ha da fórmula 04-30-10. A emergência das plântulas ocorreu uniformemente para todos os tratamentos no dia 13/05/2012, aos cinco dias após a semeadura. A adubação nitrogenada em cobertura foi realizada aproximadamente aos 25 DAE, utilizando 30 e 60 -1 kg ha de N (fonte ureia) distribuídos manualmente ao lado da linha da cultura, utilizando-se as diferentes fontes de nitrogênio. As aplicações foliares de Azospirillum ocorreram as 40 DAE após a aplicação dos tratamentos das doses de N em cobertura. No tratamento de sementes foram utilizados fungicidas compostos quimicamente de carbendazim + thiran (45 + 105 g i.a 100 kg-1 de sementes) e o inseticida imidacloprido + thiodicarb (45 + 135 g do i.a. 100 kg-1 de sementes) visando o controle de cupins e lagartas na fase inicial do desenvolvimento. O controle de plantas daninhas de folhas largas em pós-emergência foi realizado com o herbicida metsulfurom methyl (3 g ha-1 do i.a) do grupo químico das sulfoniluréias aos 9 dias após a emergência. A colheita foi realizada manualmente em 26/08/2012. O fornecimento de água à cultura, nos períodos de estiagem, foi realizado por sistema de irrigação do tipo pivô central, com lâmina de água de aproximadamente 13 mm e turno de rega de três dias. As características avaliadas durante o desenvolvimento da cultura foram: Teor de N nas folhas: Por ocasião do início do florescimento foram coletados os limbos foliares de 50 folhas bandeira por parcela que após a secagem foram moídas em moinho tipo Wiley para em seguida realizada a digestão sulfúrica conforme metodologia de Malavolta et al. (1997). Altura da planta: determinada na época de maturação como sendo à distância (m) do nível do solo ao ápice da espiga, excluindo as aristas e levando-se em consideração a média de diferentes pontos em cada parcela. Número de espigas: determinada pela contagem do número de espigas em um ponto de 1 m de fileira na área útil de cada parcela no momento da colheita e os resultados expressos em metro quadrado. Número de grãos por espiga: Antes da colheita foram coletadas vinte espigas na área útil de cada parcela, acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados e levadas para avaliação em laboratório. Foi realizada sua debulha e a separação dos grãos para a contagem eletrônica através do contador de grãos, obtendose o número de grãos totais por espiga. Massa de 1000 grãos: Foi determinada mediante a coleta, ao acaso, e pesagem de duas amostras de 1000 grãos em cada Temperatura média Temperatura mínima 40,0 40,0 35,0 35,0 30,0 30,0 25,0 25,0 20,0 20,0 15,0 15,0 10,0 10,0 5,0 5,0 0,0 0,0 1/5 11/5 21/5 31/5 10/6 20/6 30/6 10/7 20/7 30/7 9/8 19/8 Temperatura do ar (ºC) Precipitação pluvial (mm) Precipitação pluvial total Temperatura máxima parcela (13% base úmida). Massa hectolítrica: Foi pesada uma amostra de trigo na balança de 0,25 L, e, posteriormente, a massa foi corrigida -1 pra 13% de umidade e os valores convertidos para kg 100 L . Produtividade de grãos: as plantas da área útil de cada parcela foram colhidas manualmente e trilhadas mecanicamente. Em seguida determinada a massa dos grãos e os dados transformados em kg ha-1 (13% base úmida). Os resultados obtidos foram submetidos ao teste F da análise de variância. Nos fatores de variação, para as doses -1 de N (30 e 60 kg ha ) em cobertura foi realizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade e para as doses de Azospirillum via foliar, foi realizada análise de regressão. Na análise estatística deste estudo foi utilizado o software SISVAR (Ferreira, 2008). 29/8 Decêndios observados -1 Figura 1. Precipitação pluvial (mm dia ), temperatura máxima e mínima (ºC), obtidas em área experimental durante a época de cultivo do trigo em Selvíria MS, 2012. Resultados e Discussão Na Tabela 1 encontram-se os resultados da análise de variância dos dados e as médias referentes às variáveis: teor de N nas folhas, altura de plantas, número de espigas por metro quadrado, grão por espiga, massa hectolítrica, massa de 100 grãos e produtividade de trigo em função das fontes e manejo do nitrogênio em sistema plantio direto. Constata-se que não houve interação significativa entre doses de N em cobertura e aplicação foliar de Azospirillum para variáveis de altura de planta, espiga por metro quadrado, grão por espiga, massa hectolitrica, massa de 100 grãos e produtividade de grãos. Apenas houve diferença significativa a 0,05 em teor de N foliar na adubação de cobertura, onde se constatou maior teor de nitrogênio na dose de 30 kg ha-1. Em relação às inoculações foliares de Azospirillum, não foi verificado ajuste de regressão nas doses utilizadas neste experimento, evidenciando que tanto a dose zero (testemunha) aumentando até a aplicação da maior dose, que foi de 0,600 l -1 ha , não se obteve uma correlação de incremento dos componentes de produção e produtividade do trigo. Pode se observar que na dose 60 kg ha-1 o teor de N foliar foi menor -1 que na dose de 30 kg ha , mas que não interferiu nas respostas de produtividade da cultura. Talvez, isso se explica por duas hipóteses: o solo estando em teores adequados, e mesmo acusando um teor de N foliar menor na dose de 60 kg -1 ha em cobertura, se encontram em teores satisfatórios para o desenvolvimento da cultura. Em contrapartida, se fosse Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.8, n.3, p.27-32, set. 2014 29 excluído a aplicação de Azospirillum na dose zero, mas com -1 a dose de 60 kg ha , talvez explicasse uma inibição do funcionamento da bactéria na absorção de N, diminuindo o teor transportado para o interior da planta. No entanto na analise de regressão, não houve ajuste para as doses, e sem aplicação (dose zero) se mostrou com teor de N equiparados em relação às demais doses utilizadas. Tabela 1. Probabilidades da análise de variância e médias dos tratamentos para teor de N nas folhas, altura de plantas, número de espigas por metro quadrado, grão por espiga, massa hectolítrica, massa de 100 grãos e produtividade de trigo em função das fontes e manejo do nitrogênio em sistema plantio direto. Tratamentos Teor N foliar (g Kg-1) Doses N (kg ha-¹) 30 48,45a 60 44,91b DMS 1,29 Azospirillum foliar (L ha-1) 0 46,17 0,200 47,36 0,400 46,00 0,600 47,10 Altura de Planta (cm) Número de espiga por m2 Grão por espiga Massa Hectolítrica (kg 100 L-1) Massa 1000 grãos (g) 80,21 79,81 2,44 386,08 390,20 12,27 39,68 39,26 1,75 95,98 96,54 8,10 47,7 48,0 1,87 3.964,44 3.991,08 166,45 80,68 79,82 79,44 80,22 383,54 391,57 386,51 390,87 39,28 39,36 39,23 39,43 96,37 99,07 93,81 95,80 47,7 48,5 47,6 47,5 3.972,97 4.049,09 3.983,92 3.995,89 Produtividade (kg ha-1) Dose azosp. =DA Dose N = DA DA x DN Repetição 0,604 0,001 0,887 0,973 0,648 0,642 0,590 0,310 0,278 0,215 0,689 0,548 0,991 0,779 0,750 0,602 0,430 0,800 0,993 0,427 0,520 0,679 0,889 0,539 0,327 0,563 0,994 0,500 Média CV(%) 46,68 3,67 80,05 2,44 388,14 2,27 39,33 3,24 96,26 6,10 4,78 2,84 3.997,72 3,08 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DMS - Diferença mínima significativa. Em relação ao N em adubação de cobertura, estudos conduzidos por Costa & Oliveira (1998) e Zagonel et al. (2002) mostraram que a altura de planta foi significativamente influenciada pelas doses de nitrogênio aplicado em cobertura, sendo que o aumento da dose de N resultou em aumento da estatura de plantas de trigo. Em trabalho realizado por Marchetti et al. (2001), com o objetivo de estudar o efeito de diferentes níveis de N na cultura de trigo, verificou-se um acréscimo no número de espigas com a adição de níveis crescentes de nitrogênio. Por outro lado, já foram observados que na ausência de adubação nitrogenada a inoculação pode causar decréscimo na massa de matéria seca da parte aérea, por não suprir, sozinha, as demandas de nitrogênio da planta (Didonet et al., 2000). Segundo Saubidet et al. (2002), em plantas de trigo a inoculação com Azospirillum brasilense, apesar de promover a melhor absorção e utilização do nitrogênio disponível, não é capaz de substituir a adubação nitrogenada. Em trabalho realizado por Corassa et al.(2013) trabalhando com Inoculação e -1 adubação de 65 kg ha , com tratamento com inoculação (IN), Inoculação + Nitrogênio aplicado na base (IN + Nb), Inoculação + Nitrogênio aplicado em cobertura (IN + Nc), 30 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.8, n.3, p.27-32, set. 2014 Inoculação + Nitrogênio na base + Nitrogênio em cobertura (IN + Nb + Nc), Inoculação + Nitrogênio na base + ½ dose Nitrogênio em cobertura (IN + Nb + ½ Nc) e Nitrogênio na base + Nitrogênio em cobertura (Nb + Nc), a adubação nitrogenada em cobertura no trigo promoveu uma maior estatura de plantas enquanto que a inoculação de sementes de trigo com Azospirillum brasilense quando não associada à adubação nitrogenada, provocou declínio no rendimento de grãos. No entanto, há vários relatos de outras culturas como o milho que obtiveram resultados semelhantes quanto ao aproveitamento de N pela adição de Azospirillum. Portugal -1 et al. (2013) ao estudar a presença de 0,200 l ha do inoculante Masterfix Gramineas®, ou ausência de inoculação foliar de A.brasiliense em milho com adubação nitrogenada em cobertura nas doses de 0; 30; 60; e 90 kg ha-1, verificaram que as doses de nitrogênio aumentam de forma linear o índice de clorofila foliar e a massa de matéria seca respondeu de forma quadrática às doses de N e de forma negativa com a inoculação com A. brasilense, sendo que a inoculação com Azospirillum brasilense aumentou a produtividade de grãos do milho safrinha foi incrementada em 693 kg ha-1 em relação ao tratamento sem inoculação. Em relação à forma de inoculação, a maioria dos trabalhos com gramíneas como o milho, forrageiras e o trigo relata à combinação de Azospirillum inoculado a semente, em conjunto com doses de adubação nitrogenada. Ainda se encontra inconsistentes e escassos, trabalhos que evidenciam alguma interação simbiôntica via foliar em gramíneas, que possam evidenciar respostas significativas que mostrem a viabilidade ou tendência de a bactéria diazotrófica penetrar no tecido da planta e processar o nitrogênio em seu interior e obter incremento de produtividade. Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.1298, 2013. CORREA, O.S.; ROMERO, A.M.; SORIA, M.A.; DE ESTRADA, M. Azospirillum brasilense-plant genotype interactions modify tomato response to bacterial diseases, and root and foliar microbial communities. In: CASSÁN, F.D.; GARCIA DE SALAMONE, I. (Ed.) Azospirillum sp.: cell physiology, plant interactions and agronomic research in Argentina. Argentina: Asociación Argentina de Microbiologia, p.87-95, 2008. COSTA, J.M.; OLIVEIRA, E.F. Fertilidade do solo e nutrição de plantas. Campo Mourão, PR: COAMO/CODETEC, 1998. 89p. Conclusões 1. Não houve diferenças entre as doses de nitrogênio em cobertura nos componentes de produção e produtividade do trigo. 2. Não houve efeito de regressão em relação às inoculações foliares de Azospirillum e não houve efeito de interação com as doses de N em cobertura. 3. Houve apenas efeito significativo para teor de N foliar, com maior teor na dose de 30 kg ha-1. Referências BARASSI, C.A.; SUELDO, R.J.; CREUS, C.M.; CARROZZI, L.E.; CASANOVAS, W.M.; PEREYRA, M.A. Potencialidad de Azospirillum en optimizer el crecimiento vegetal bajo condiciones adversas. In: CASSÁN, F.D.; GARCIA DE SALAMONE, I. (Ed.) Azospirillum sp.: cell physiology, plant interactions and agronomic research in Argentina. Argentina: Asociación Argentina de Microbiologia, p.49-59, 2008. BASHAN, Y.; HOLGUIN, G; DE-BASHAN, L.E. Azospirillum-plant relations physiological, molecular, agricultural, and environmental advances (1997-2003). Canadian Journal of Microbiology, v.50, p.521-577, 2004. 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